Buscar

DIREITO ELEITORAL

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 63 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 63 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 63 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Direito
Eleitoral
Conteúdo Programático:
A origem do Direito Eleitoral Direitos Fundamentais (gênero) Direitos Políticos
Elegibilidade: Condições e Conceitos
Sistemas Eleitorais, Partidos Políticos e Sistemas Partidários
Ação de Impugnação de Pedido de Registro de Candidatura
Recurso contra a Diplomação Bibliografia/Links Recomendados
A origem do Direito Eleitoral
A origem do Direito Eleitoral está no Direito Constitucional. Por isso a primeira matéria que deve ser vista, quando começamos a
	estudar
	Dt.Eleitoral,
	é
	
	um
	tema
	de
	Direito
	Constitucional.
	Temos
	que
	iniciar,
	dentro
	do
	Dt.Constitucional,com
	osdireitos
	fundamentais,para
	só
depois estudar um tipo de direito fundamental, que a CF estabelece, o direito eleitoral.
O Direito Eleitoral dedica-se ao estudo das normas e procedimentos que organizam e disciplinam o funcionamento do poder de sufrágio popular, de modo que se estabeleça a precisa equação entre a vontade do povo e a atividade governamental.
A lei eleitoral é exclusivamente federal por disposição constitucional (Art. 22, I, da CF), não podendo, desta forma, os estados e municípios disporem sobre regras de cunho eleitoral, nem mesmo supletivamente.
As Medidas Provisórias não podem conter disposições com conteúdo eleitoral e/ou partidário (Art. 62, I, “a”, da CF).
Vigora no Direito Eleitoral o Princípio da Anterioridade, ou seja, embora entrando em vigor na data de sua publicação, a lei somente será aplicada se a eleição acontecer após 1 (um) ano da data de sua vigência (Art. 16, da CF).
Direitos Fundamentais (gênero)
I) Direitos Fundamentais (gênero):
1) Conceito:
São direitos da pessoa humana. São direitos inerentes à condição de pessoa humana.
Na CF brasileira esse direito da pessoa humana se subdividem em 5 espécies:
1ª)	Direitos	Individuais	► Concentrados no art. 5º da CF (mas não exauridos nesse
artigo).
	2ª) Direitos Coletivos ► Concentradosno art.5º da CF
	( " " "
	""
	"
	"
	")
	3ª)DireitosSociais►Concentrados no art.7º daCF
	(há
	outros
	
	arts.
	sobreo
	assunto).
	
	
	
	
	
Existia uma dúvida se esses Direitos Sociais seriam direitos Fundamentais; em algumas constituições como a Portuguesa não o são.
4ª) Direito à Nacionalidade ► Exauridos no art.12 da CF 5ª) Direitos Políticos ► Concentrados no art.14 da CF
Obs.: Alguns autores como o Alexandre de Morais colocam uma 6ª espécie que são os Partidos Políticos. O professor não concorda com essa classificação, porque partidos políticos não são direitos, são apenas instrumentos para que os direitos políticos sejam executados.
(1) Direitos Individuais:
São os direitos da pessoa individualmente considerada. Ex: Liberdade, Vida, Propriedade, Igualdade, etc.
Considerar a pessoa como indivíduo é o que diferencia os direitos individuais dos direitos coletivos, embora o fundamento constitucional seja o mesmo, ou seja, art.5º.
(2) Direitos Coletivos:
São os direitos das pessoas, coletivamente consideradas. Direitos de uma classe, de um grupo, de uma categoria.
Ex: Liberdade de Associação; Liberdade de Reunião.
Seja o direito do homem tomado individualmente (dt. individual), seja o direito do homem parte de um grupo (direito coletivo), e por isso estão juntos no artigo 5º da CF, são direitos primordialmente negativos; porque, em regra, são cumpridos através de uma obrigação de não fazer – “non facere” (de abstenção). Em regra, o Estado e o particular (porque hoje se fala muito em obrigação horizontal) atendem aos direitos individuais ou coletivos quando não fazem alguma coisa.
Ex: Estado atende meu direito a liberdade quando não me prende de modo ilegal.
Estado atende meu direito de igualdade quando não faz discriminação (racial, religiosa, etc.).
Estado e Particular atendem ao meu direito de propriedade quando não a invadem e a tomam.
Estado atende ao meu direito a reunião quando me permite que me reúna com meus pares com finalidade pacífica.
(3) Direito Social:
O Direito Social é, ao contrário do individual e coletivo, direito primordialmente positivo, ou seja, é atendido por uma obrigação de fazer – “facere”. O Estado e o particular atendem o Direito Social quando prestam alguma coisa.
Ex: Direito à Cultura → quando o Estado disponibiliza meios de cultura Direito à Educação → quando o Estado disponibiliza meios de educação
Direito à Previdência Social → quando o Estado fornece um regime de previdência (Geral, Especial, etc.).
(4) Direito à Nacionalidade:
Nacionalidade ► Vínculo que une a pessoa ao Estado
Portanto, direito à nacionalidade é o vínculo jurídico que une a pessoa ao Estado. Esse vínculo pode variar de Estado para Estado, ou seja,
ser	ius	solis,	ius sanguinis, etc.
(5) Direito Eleitoral:
Importa em espécie de direitos políticos.
Direito Político ► Direito de participação na vida política do Estado.
Uma das formas pela qual a pessoa participa, ativamente e passivamente, da vida política do Estado é através do Direito Eleitoral.
2) Distinção entre Nacionalidade X Cidadania:
Poucos autores fazem essa distinção e atrelam erroneamente um conceito a outro.
Verificaremos em todos os livros a seguinte afirmação, que não é de todo correta: “Cidadania é qualificação política da Nacionalidade”; isso é afirmado pelos autores porque todos dizem que cidadão é o nacional que exerce Direitos Políticos. Portanto, para esses autores cidadania seria um “plus” ao conceito de nacionalidade. Essa afirmação não está de todo correta. Podemos apenas dizer que cidadão é, em regra, o nacional que exerce direitos políticos –
em regra, a cidadania decorre da nacionalidade. No entanto, pode haver situações onde há nacionalidade sem haver cidadania e, situações em que há cidadania sem nacionalidade.
Nacionalidade ► Vínculo jurídico que une a pessoa ao Estado.
≠
Cidadania ►Em regra, é a qualificação política da Nacionalidade. Cidadão► Em regra, é o nacional que exerce Direitos Políticos.
Uma questão de prova frequente é se pode haver nacionalidade sem cidadania e vice-versa; e a resposta é que pode haver ambas as situações, embora, em regra, os dois conceitos estejam atrelados.
Exceções:
■ Nacionalidade sem cidadania
(Nacional que não é cidadão, porque não exerce Dts. Políticos - não vota e não
é votado)
Menor de 16 anos (nacional que não é cidadão)
Pessoas (> 16 anos) que tem os Dts. Políticos suspensos ou perdidos com base no art. 15 da CF, enquanto vigorar a suspensão ou perda.
Obs.: AIncapacidade,ouentracomomenor(incapacidadeporidade)oupor
perda dos Direitos Políticos (interdição), como no caso do doente mental. O preso tem duas hipóteses diferentes, que devem ser analisadas:
Prisão Provisória → não há qualquer restrição aos seus direitos políticos. Esse preso continua a ser cidadão. Mesmo, que já esteja cumprindo pena, se couberem recursos, isto é, se a sentença condenatória não tiver transitado em julgado, ele é cidadão ainda; pode votar e pode inclusive ser eleito.
Prisão Definitiva→ é causa de suspensão dos Dts. Políticos – art.15, III da CF – após o trânsito em julgado da sentença condenatória (sentença definitiva, enquanto durarem seus efeitos).
■ Cidadania Brasileira sem Nacionalidade Brasileira:
Só existe em um caso previsto na CF, art. 12, § 1º ► Portugueses Equiparados. Portanto, por esse artigo, salvo algumas exceções previstas na CF, o português equiparado aos brasileiros, tem direitos políticos análogos aos dos brasileiros natos; podem votar e ser votados.
Isso só é concedido ao Português (nato ou não – ex: francês naturalizado português) e não a pessoas nacionais de países que falam idioma português como Angolanos, Moçambicano, etc. Porque em Portugal existe a equiparação com relação aos brasileiros que lá residem, também, há 1 ano. Podem votar e ser votados, inclusive podem fazer parte de cargos europeus do Mercado Comum. E bom deixar claro,que não é, como se falava erroneamente, um caso de dupla nacionalidade, porque para o Brasil ele tem nacionalidade portuguesa, ele apenas tem a cidadania brasileira.
A Constituição Argentina e Uruguaia tem dispositivo de equiparação com a Espanha igual a esse que existe entre Brasil e Portugal - práxis comum entre colonizadores e colônias. Portugal, no entanto, só tem essa disposição em relação a nos, não tem com relação a Angola, Moçambique, etc.
Direitos Políticos
1) Conceito:
Os Direitos Políticos são os direitos de participação na vida política do Estado. E essa participação pode ocorrer de duas formas, compreendendo, portan to, dois direitos primordiais:
■ Direito de Participação na vida política do Estado de forma ativa (“ius sufragii”)
= Direito de Votar
■ Direito de Participação na vida política do Estado de forma passiva (“ius honorum”)
= Direito de ser votado
Cada um desses direitos está correlato a algum tema:
Direito de votar está correlato ao tema da Alistabilidade (só vota quem e stá alistado) ou Cidadania Ativa ou Capacidade Eleitoral Ativa.
Direito de ser votado está correlato ao tema da Elegibilidade (só é eleito quem
	é elegível) ou Cidadania Passiva ou Capacidade Eleitoral Passiva.
	
	PorissooDireitoEleitoraltemque
	serdivididoem
	3
	partes:
	estudo
	da Alistabilidade (quem
	se
	alista,
	como
	se
	alista,
	quando
	se
	alista),
	estudo
	da Elegibilidade (quem
	se
	elege,
	como
	se
	elege,
	quando
	se
	elege)
	e,por
último,	o estudo sobre oProcesso Eleitoral, a parte processual do direito eleitoral
(como se vai levar uma questão de alistabilidade ou de eventual inelegibilidade à apreciação do poder judiciário).
2) Diferença entre Sufrágio e Voto:
Pergunta frequente de provas, até porque a CF se equivocou com relação a isso.
Sufrágio► É o direito político em si (de votar). Por isso chamamos o direito de votar de “ius sufragii”.
Voto►é o modo pelo qual esse direito político (sufrágio) vai ser exercitado na
Democracia Indireta (obs.: o voto é direto; instrumento da Democracia Indireta).
Esse mecanismo da Democracia Indireta, não exclui outros mecanismos próprios da Democracia Direta; temos 3 desses mecanismos na CF no art.14: Plebiscito (I), Referendo (II) e Iniciativa do Povo ou Iniciativa Popular (III).
Portanto, a nossa Democracia, apesar de usar o voto como principal instrumento, não é Indireta e sim Semi-direta, porque tem também instrumentos próprios de uma Democracia Direta. Nossa Democracia é, portanto, em regra Indireta, através do voto, mas possui mecanismos, e pode
	lançar mão deles, de Democracia Direta; por isso Semi-Direta.
	
	A
	CFcometeu
	um
	equívoco
	emseuart.60,§4º,II:“Não será objeto
	d
	e
	deliberação
	a
	proposta
	deemendatendenteaabolir:
	II-
	o
	votodireto,
	secreto, universal e periódico;” que foi corrigido pelo art.82 do
Cód. Eleitoral: ”O sufrágio é universal e direto; o voto, obrigatório e secreto”. Esse artigo do CE deixa claro, que as 4 qualidades dadas para o voto na CF, não são todas do voto, duas delas são do sufrágio, cujo único mecanismo é o voto (instrumento de excelência do sufrágio).
Obs.: Existe o Sistema eleitoral de voto direto e o sistema eleitoral de voto indireto. Isso é diferente de Democracia direta, que se trata do povo exercendo o poder de forma direta (através do plebiscito, referendo e iniciativa popular) e
	DemocraciaIndireta,queé
	opovoexercendoopoderatravésde
	seusrepresentantes,portanto,
	deformaindireta.AnossaCF,viaderegra,
	prevê
	quenossaDemocraciaéexercidaatravésdosistemaeleitoraldevoto
	direto
	(DemocraciaIndireta).Masprevêtambém,que
	possaser
	exercida,excepcionalmente, atravésdovotoindireto(art.81, §
	1º, quando o
Congresso Nacional elege o Presidente do Brasil, ocorrendo vacância nos últimos dois anos).
3) Alistabilidade (cidadania ativa ou capacidade eleitoral ativa):
Temos como primeira premissa desse estudo entender o que é Alistamento Eleitoral:
Alistamento Eleitoral ► significa Procedimento Administrativo (assim como o é a licitação, o
tombamento,	o	concurso	público,	etc.)	de	qualificação e	inscrição do próprio eleitor,	com	a
consequente atribuição de um título (título eleitoral).
Esse conjunto de atos administrativos tem, portanto, dupla função: primeiro qualificar e depois inscrever; para materializar esses atos de qualificação
de inscrição a Administração lhe confere um título. Todo esse procedimento
o Alistamento Eleitoral.
Uma forma de conceituar Alistamento de forma mais sintética é dizer que se trata da primeira fase do Processo Eleitoral. O Processo Eleitoral “latus sensu”, a rigor, é composto de 4 fases: (1) Alistamento; (2) Votação; (3) Apuração; e (4) Diplomação (ato que declara que alguém conseguiu um mandato eletivo, ou seja, que foi eleito).
Vamos dividir o estudo de alistamento em 4 subitens: (1º) Alistamento Obrigatório; (2º) Alistamento Facultativo; (3º) Alistamento Proibido; e (4º) Suspensão e perda dos Direitos Políticos.
3.1) Alistamento Obrigatório:
Está previsto no art. 14, § 1º, I, da CF e nos art.4º (inteiro) e 8º caput do Código Eleitoral. O restante dos dispositivos do Cód. Eleitoral que falam de alistamento não foram recepcionados pela CF.
A CF prevê em seu artigo 14 § 1º duas regras para o alistamento eleitoral obrigatório: inciso I “O alistamento eleitoral e o voto são obrigatórios para os maiores de 18 anos” e inciso II “b” a contrário senso: “para os menores de 70 anos”.
Faixa etária: ≥ 18 e ≤ 70 anos
Prazo Para Alistamento Eleitoral: 1 (um) ano após aquisição da capacidade Eleitoral.
Termo inicial seria a data da aquisição da capacidade e não maioridade eleitoral (que hoje coincide com a maioridade civil = 18 anos), porque esse termo inicial só valeria para brasileiros natos; no caso de brasileiros naturalizados o termo inicial do prazo de um ano seria a data da naturalização.
Obs.: O parágrafo único do art.8º do CE, que prevê um prazo de 100 dias antes do dia anterior a eleição subsequente à data que completar 19 anos, não foi recepcionado pela CF/88, segundo a justiça eleitoral.
Ser ano eleitoral, não tem importância para fins de alistamento, mas terá importância para outras fixações como fixação de domicílio para concorrer numa determinada localidade.
3.2) Alistamento Facultativo:
Está previsto no art. 14, § 1º, II da CF/88 c.c o Cód. Eleitoral, art.6º, I, “b” (só essa alínea foi recepcionada pela CF/88).
Temos 3 regras previstas na CF:
Analfabetos;
Maiores de 70 anos;
Maiores de 16 e menores de 18 anos ( ≥ 16 e < 18). Reflexões sobre o tema:
Não há identidade entre a data que a pessoa adquire a capacidade eleitoral, com a data em que a pessoa adquire a capacidade civil plena, porque aos 16 anos a pessoa é relativamente incapaz na esfera civil, mas já pode ser capaz na esfera eleitoral; tendo, é claro, a capacidade de votar, porque a capacidade de ser votado só é obtida, hoje, aos 18 anos.
Os analfabetos são, portanto, alistáveis, mas não são, em hipótese al guma, elegíveis (não podem ser eleitos para cargo nenhum, mas podem votar). Porque é condição de elegibilidade saber ler e escrever.
Questões de prova:
1) A parte legitimada para ação popular é o cidadão. E acabamos de ver que o maior de 16 anos pode se alistar, tendo, portanto, direitos políticos, e sendo consequentemente cidadão. Esse menor, alistado, se quiser promover ação popular, deve estar assistido em juízo ou não? Para efeito de direito público é cidadão (cidadania ativa), mas para efeito de direito privado é relativamente incapaz; e diz o Cód. Civil, que os relativamente incapazes devem ser assistidos. Como se resolve essa questão; esse menor tem assistência necessária ou não? Porque se analisássemos a questão sob o ponto de vista do direito público, essa assistência seria dispensável, por já se tratar de um cidadão; mas se analisarmos sob o ponto de vista dodireito privado, essa assistência seria necessária.
R: Existe controvérsia em doutrina com relação a essa questão (quando existe controvérsia é de bom tom dizer nome do autor, seu fundamento e sua posição):
■1ª Posição: Rodolfo de Camargo Mancuso (grande autor, hoje).
A Assistência é imprescindível, sob pena, até, de nulidade do processo, ou, seja o maior de 16 e menor de 18 anos tem que ser assistido na promoção de ação popular.
Fundamento: Porque sob o ângulo do Dt. Privado, trata-se de uma pessoa relativamente incapaz. E se não for assistida há nulidade do processo.
■ 2ª Posição: Mario Bento Martins Soares A Assistência é dispensável.
Fundamento: Porque, sob ponto de vista do Dt. Público trata-se de um cidadão. Para ele não há necessidade de assistência para exercer um direito político. Essa questão nunca chegou aos tribunais, por isso ainda não temos jurisprudência. Mas pela posição que o STF de hoje adota e pelo peso de seu defensor
(prof. Mancuso), a tendência é que siga a 1ª posição. Há uma tendência jurisprudencial que a assistência seja indispensável.
Obs.: A emancipação civil não afeta o Direito Eleitoral. A idade de 16 anos tem que ser atingida para que haja possibilidade de alistamento.
2) A atual jurisprudência admite que o juiz eleitoral (de ofício) aplique teste de verificação de alfabetização do candidato para efeito de elegibilidade?
	R:
	Épossíveltestedeverificaçãodealfabetização,aplicadodeofíciopel
	o
	juízoeleitoral,paraefeitodeelegibilidade.Seojuízoeleitoraltiverclara
suspeita que o postulante a candidato seja analfabeto pode executar o teste e segundo seu resultado, se ficar comprovado o analfabetismo, indeferir o pedido de candidatura. O ideal é que o juízo aplique o mesmo teste para todos os candidatos suspeitos, a fim de manter um critério mais objetivo de avaliação. Para que esse teste seja aplicado, é preciso que se avalie antes, a razoabilidade de sua aplicação, ou seja, só deve ser aplicado se a pessoa não traz documentos públicos de escolaridade; juntado documento de escolaridade mínima (basta ser alfabetizado), o pedido de candidatura de ve ser deferido (isso, no entanto, não impede que em caso de possível fraude documental, o MP eleitoral a investigue e responsabilize criminalmente quem a praticou).
Fundamento: Acórdão do TSE n° 12.510 de 15/02/1993.
3.3) Alistamento Proibido:
Previsto no art. 14, § 2º da CF c/c art. 5º, III e art. 6º, I, “a” do Cód. Eleitoral.
Analisando estes artigos extraímos 4 regras para o alistamento proibido:
Menor de 16 anos;
Estrangeiros (salvo situação do Português Equiparado – art. 12 §1º da CF);
Conscrito (quem está em serviço militar obrigatório – durante esse período);
Pessoas que tenham seus direitos políticos suspensos ou perdidos.
Obs¹: Os inválidos descritos no art. 6º, I, “a” seriam casos de pessoas com seus direitos políticos suspensos.
Obs²: Quando acaba a causa da suspensão, se já tiver se alistado antes, não precisa se realistar, mas se ainda não tiver se alistado, terá que se alistar (alistamento nunca é automático).
No caso do jovem de 18 anos que ainda não fez seu alistamento eleitoral e vai servir ao exército, passando, portanto, a ser conscrito, quando sair das f orças armadas, aos 19 anos, tem o prazo de alistabilidade obrigatória postergado em um ano, ou seja, até os 20 anos.
Questões Sobre o Tema:
(1)	O	estrangeiro	não	pode	se	alistar,	salvo	o	Português	Equiparado.	Não	estamos
falando em pessoas naturalizadas, porque essas são consideradas brasileiras, para fins do alistamento e elegibilidade (naturalizado deixa de ser estrangeiro e, portanto não esta incluída nesse rol).
(2) Como ficam as pessoas menores de 16 anos emancipadas pelo CC (por ex.: pelo casamento, pela instalação de negócio próprio)? A emancipação do direito civil repercute no direito eleitoral ou não?
R: Assunto	pacífico	na	doutrina	e	na	jurisprudência: Causas	que	cessem	a
incapacidade civil (emancipação) não se aplicam ao direito eleitoral, ou seja, tem aplicação restrita ao direito civil. Para fim de direito eleitoral só vale o critério biológico
(idade), ou seja, ter pelo menos 16 anos. Essa diferença de tratamento é explicada, porque o direito civil nessa parte de emancipação tutela direito patrimonial e direito eleitoral tutela direito público. Não se pode estender norma de direito patrimonial a direito que envolve política pública. Porque tutelam bens completamente diferentes (dt. civil tutela direito patrimonial e dt. eleitoral tutela direito político).
Portanto, pessoa de 15 anos casada pode exercer todos os atos da vida civil (comprar, vender, etc.), mas não pode votar ainda.
(3) Indivíduo se alista aos 16 anos e aos 18 anos ingressa no serviço militar obrigatório. Como já possui título eleitoral, esse indivíduo pode votar durante o serviço militar ou não? Se votar, esse voto é válido?
R: O indivíduo em serviço militar obrigatório portador de título que vota, é fato atípico, porque a vedação constitucional é que essa pessoa (conscrito) se aliste eleitoralmente, mas não
que vote. O art. 14 § 1º fala que são obrigatórios o alistamento e o voto, mas o § 2º não fala em
vedação a votar. Não teria nenhuma sanção, para fins de direito privado e direito público (eleitoral), se votasse. Isso não quer dizer que não possa ser aplicada a ele uma punição disciplinar militar, se abandonar seu posto de trabalho para votar, porque o serviço militar não tem que conceder a esses indivíduos prazo durante o dia para votar, como outros servidores fariam jus.
3.4) Perda e Suspensão dos Direitos Políticos:
As causas de perda e suspensão são tratadas juntas no art. 15 da CF.
Perda► Privação Definitiva de Direitos Políticos
Suspensão► Privação Temporária de Direitos Políticos
Questões sobre o Tema:
(1) Existe algum efeito secundário ou acessório da Perda ou Suspensão dos direitos políticos? Se existir, qual será?
Suponhamos que um prefeito municipal tenha os seus direitos políticos suspensos, ele perderia seu mandato também?
R: Existe um efeito secundário importantíssimo, em regra, tanto na perda como na suspensão dos direitos políticos, que é a perda do mandato eletivo. Esse efeito acessório é, em regra, automático Se o suposto prefeito, durante o seu mandato, sofrer perda ou suspensão de seus direitos políticos, ele automaticamente perde o mandato.
Falamos que ocorre em regra, porque no executivo ocorre sempre e automaticamente (presidente da república, governador e prefeito sempre perdem seus mandatos). Mas no caso do poder legislativo, em casos de condenação criminal transitada em julgado, principal causa de suspensão, essa perda não é automática. Tanto com relação a senadores e deputados federais e estaduais essa suspensão depende de um juízo político das casas as quais pertencem. Nessas situações específicas o senado, a câmara e assembléia
1ª Posição:
respectivamente vão deliberar sobre a perda dos mandatos dos condenados criminalmente em definitivo.
Fundamentos: Em relação aos deputados federais e senadores podemos citar o art.55, § 2º da CF. O fato de não ser automática a perda do mandato é porque nem todo o crime pode ser compatível com a perda do mandato eletivo. Por exemplo, um deputado que foi condenado por crime de lesão corporal culposa no trânsito, transitada em julgado, não precisaria perder seu mandato, porque é um delito que qualquer um de nós está sujeita e não torna a pessoa incompatível com o cargo que ocupa.
Obs.: Esse mesmo dispositivo da CF (art. 55 § 2º) é o aplicado para perda de mandato por falta de decoro parlamentar. O § 2º, tanto faz referência ao inciso VI, que fala em sentença penal transitada em julgado - caso citado acima, como se refere ao inciso II, que trata da perda do mandato, quando o procedimento for declarado incompatível com o decoro parlamentar. Em ambos os casos, a CF exige maioria absoluta dos votos, portanto só se perde o mandato por 277 votos na Câmara (513 membros) e41 votos no Senado (80 senadores), exige voto secreto e defesa ampla.
O § 1º do mesmo artigo define o que seria a quebra de decoro parlamentar: “É incompatível com o decoro parlamentar, além dos casos definidos no regimento
interno, o abuso das prerrogativas asseguradas aos membros do Congresso Nacional ou a percepção de vantagens indevidas”.
É importante, reparar que a CF só fala em uma sanção para a quebra do decoro, que é a perda do mandato. A nossa legislação vai mais longe, prevendo também a inelegibilidade do candidato (perda do registro).
O art. 27 § 1º da CF estende essa possibilidade de perda de mandato aos deputados estaduais, nos mesmos casos previstos para os deputados federais e senadores e nos mesmos moldes do artigo 55, ou seja, dependendo, também de juízo da casa a qual pertencem (Assembléia Legislativa).
Poderíamos afirmar que nesse rol constitucional faltou tratar dos vereadores; isso implica que para eles deve haver juízo político da casa ou não? Se um vereador do RJ foi condenado por sentença definitiva, transitada em julgado, pela pratica de crime de homicídio, o que se pergunta é se ele deixa de ser vereador automaticamente com a sentença definitiva ou tem que ser submetido
	a
	juízo
	político
	da
	Câmara
	Municipal
	do
	RJ?
	Asimetria
	entredeputado
	estadual
	evereador
	ounão?Esse
	silênci
o Constitucional é uma lacuna técnica, que permitiria a analogia com os deputados estaduais, ou se trata de silêncio eloqüente?
R: No Brasil encontraremos duas posições sobre essa controvérsia (só dois autores tratam do assunto):
Alexandre de Moraes.
Não existe juízo político; se o vereador for condenado como trânsito em julgado, ele perde o mandato automaticamente. Porque, para esse autor, não há simetria entre deputado estadual e vereador. Portanto, o silêncio
	constitucional foi um silêncio
	eloqüente.Seoconstituinte quisesse estender
	omesmo
	tratamentoaosvereadores,oteriafeitode formaexpressa,como
	fez para o deputado estadual no art. 27 § 1º.
	2ª Posição: Pedro Henrique Távora Niess.
	Hájuízo
	político.Seodeputadoforcondenadodefinitivamente,sua
	perda de
	mandatonãoé
	automática,podendo,inclusive,serafastada
pelo julgamento político de seus pares da Câmara Municipal. Para esse autor existe simetria entre deputado estadual e vereador e como a CF apresenta essa lacuna técnica, ela deve ser suprida com a analogia.
Já há jurisprudência do STF sobre o tema, em acórdão recentíssimo (RE 225019) no qual o STF excluiu o juízo político. Portanto, para a corte suprema a perda do mandato do vereador deve ser automática devido ao silêncio eloqüente da CF.
Temos inclusive vários dispositivos em que a CF não deu o mesmo tratamento aos vereadores que deu aos deputados estaduais. O grande exemplo é a imunidade
parlamentar (a dos vereadores é completamente diferente da dos deputa dos estaduais). O vereador só tem a imunidade material no limite do município, se a lei orgânica for expressa; enquanto que o deputado estadual tem imunidade formal e material, sem qualquer limitação espacial, mesmo nos estados em que não atua.
É importante gravar para provas/concursos: Presidente da República, Governador e Prefeito (Executivo) e Vereador (Legislativo Municipal) a perda do mandato é automática, após sentença penal condenatória transitada em julgado. Deputados Federais e Senadores (Legislativo Federal) e Deputados Estaduais (Legislativo Estadual) é necessário que suas respectivas casas deliberem sobre a perda do mandato, por votação secreta, por maioria absoluta, facultada ampla defesa.
(2) A quem cumpre decretar perda ou suspensão dos direitos políticos? Pertence ao judiciário ou executivo? É uma questão de competência (Judiciário) ou atribuição (Executivo)?
Obs: Quando falamos em poder judiciário, não estamos nos referindo só à justiça eleitoral. Porque no caso de uma sentença criminal transitada em julgado, pode ser que o juízo criminal (estadual comum ou federal comum) a aplique.
R: Já há hoje um consenso no Brasil, que é uma função do Judiciário, salvo uma única
exceção. Ou seja, cabe ao poder Judiciário, pela justiça competente para o caso concreto, que pode não ser a justiça eleitoral, decretar perda ou suspensão dos direitos políticos.
Só há a discussão dessa competência em uma situação, que está prevista no art. 15, IV da CF/88: “recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa, nos termos do art. 5º , VIII:”. Esse artigo trata do que chamamos
deEscusa	de	Consciência.	A	escusa	de	consciência	é	um	direito	fundamental
	individual
	que
	todo
	indivíduo
	tem
	de
	não
	cumprir
	obrigação
	atodos
	imposta,pormotivaçãode
	ordem
	religiosa,
filosófica ou política. O caso que mais acontece, hoje, de escusa de consciência é das testemunhas de Jeová que se recusam a prestar serviço militar obrigatório, por ferir sua convicção religiosa ao pegar em armas.
Obs.: É importante colocar, que o art. 15 em todos os seus incisos tem erro técnico, inclusive no próprio inciso IV, quando fala de recusa de cumprir obrigação ou prestação alternativa. A conjunção presente deveria ser e e não ou. O exercício de um direito fundamental (escusa de consciência – art. 5º, VIII e o próprio art. 15, IV da CF) não poderia ser causa de perda dos direitos políticos; o que provoca a perda é o exercício da escusa de consciência e o descumprimento da prestação alternativa prescrita (ex: serviço civil alternativo – serviço à comunidade carente).
Essa situação da escusa de consciência somada ao descumprimento a prestação alternativa (IV) é a única controvérsia na doutrina, com relação a quem cumpre a decretação de perda ou suspensão de direitos políticos. Porque essa questão envolve as forças armadas, e, eventualmente, o chefe das forças armadas em guerra é o chefe supremo do Poder Executivo (Presidente da República). Existem duas posições:
1ª Posição: José Afonso da Silva.
Deveria ser competência do Judiciário, a decretação de perda ou suspens ão dos direitos políticos, também nessa situação, porque não há exceção. Qualquer decretação de perda e suspensão dos direitos políticos deve ser feita pelo Poder Judiciário.
2ª Posição: Fávila Ribeiro.
A Atribuição deveria ser do Poder Executivo porque esse caso seria uma exceção à competência do Judiciário. Como esse caso envolve as Forças Armadas cabe ao Presidente da República (chefe das Forças Armadas) a decretação da perda ou suspensão dos direitos políticos.
Para esse autor, qualquer situação que envolva escusa de consciência + descumprimento da prestação alternativa, não só as situações envolvendo as forças armadas (por ser a situação mais freqüente), a decretação de perda ou suspensão dos direitos políticos é atribuição do Presidente da República, através de uma decisão administrativa (sem necessidade de homologação).
Obs.: Essa função é exclusiva do Presidente da República, sendo, portanto, indelegável? (pergunta em aula)
R: Se trata de uma função indelegável, por ele se tratar do chefe das Forças armadas. As funções que o Presidente pode delegar e a quem podem ser delegadas estão descritas no art. 84 parágrafo único da CF.
A Jurisprudência do TSE é acorde com a 2ª posição, ou seja, cabe nesse caso do inciso IV, ao presidente da república a decretação da perda ou suspensão dos direitos políticos (ato administrativo), todas as outras situações são de competência do poder Judiciário – Acórdão 14.012 de 10/10/2001 do TSE.
Obs.: Por ser decisão administrativa – ato administrativo, pode haver da parte do “lesado” pela decisão, recurso administrativo (como o Presidente é autoridade máxima cabe apenas recurso próprio) ou questionamento judicial (mandato de segurança ao STF – porque se trata de ato do Presidente da República), nunca questionando a competência, mas apenas questionando algum vício dessa decisão.
Obs.: Como ficaria a situação da Imunidade do Presidente da República, com relação a essa possibilidadede condenação criminal?
R:	Existem	duas	Imunidades	processuais	penais	do	Presidente	da	República:
(1) Não pode ser preso durante o seu mandato; e (2) não pode ser responsabilizado, durante o seu mandato, por atos estranhos ao exercício de suas funções (art.86, § 4º da CF). Portanto, podemos visualizar pela 2ª imunidade, que o Presidente da República pode ser responsabilizado por atos coerentes com sua função; pode responder por prevaricação, mas não pode responder por seqüestro, roubo, etc. Nesse caso poderia responder a processo de crime comum (prevaricação) junto ao STF e perderia o seu cargo de Presidente automaticamente se fosse condenado em definitivo. Isso é diferente de “Impeachment” (impossibilidade de exercer a função pública por 8 anos) em que a Câmara admite que o Presidente seja julgamento pelo Senado, porque aqui não se trata de condenação penal, seria uma condenação administrativa.
Os governadores e prefeitos têm tratamento idêntico, pelo princípio da Simetria (a CF estende a eles vários tratamentos que dá ao chefe do executivo).
3.4.1) Perda dos Direitos Políticos:
► Privação definitiva de direitos políticos que poderão vir a ser readquiridos no futuro por provocação do interessado (provocar o Judiciário ou o Executivo, dependendo de quem seja a “competência”).
Está prevista no artigo 15, I e IV da CF: (I) Cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado; e (IV) Recusa de cumprir obrigação a todos imposta “ou” (e) prestação alternativa, nos termos do art.5º, VIII. Para a doutrina dominante, apesar de não serem pacíficos, esse dois incisos se referem à perda de direitos políticos.
O inciso primeiro é extremamente mal redigido, porque por ele dessa forma escrito, parece que estão excluídos dessa perda os brasileiros natos, o que não
ocorre. Esse inciso deveria ser lido da seguinte forma: perda da nacionalidade brasileira e aquisição de outra nacionalidade. Exemplo disso: se um brasileiro nato, se naturaliza hoje espanhol, ele perde a nacionalidade brasileira.
Obs.: Pergunta que aparece freqüentemente em provas: Se a naturalização fosse condição para permanência naquele país, esse indivíduo teria que perder a nacionalidade brasileira?
R: Não; assunto claramente tratado no art. 12 § 4º, II “b” da CF/88. Esse artigo exclui a perda da nacionalidade nesta condição, afastando, portanto, o art.15, I da CF.
3.4.2) Suspensão de direitos políticos:
► Privação temporária de direitos políticos, que poderão vir a ser readquiridos no futuro,
automaticamente,	cessadas	às	causas	que	deram	ensejo	à	suspensão.
Ex: Condenado que já cumpriu sua pena, deixa de ter seus dts. políticos suspensos.
Interditado, cessada a causa da interdição, deixa de ter, automaticamente, seus dts. políticos suspensos.
Prevista no art. 15, II, III e V da CF/88 (para a corrente majoritária):
(II) Incapacidade civil absoluta. Aqui temos que ler, na verdade, interdição, com consequente incapacidade civil absoluta. Porque a pessoa que tem
incapacidade civil	absoluta	desde	o	início,	sequer	adquiriu	dts	políticos,
	portanto,
	não
	os
	poderia
	ter
	suspensos.
	Nãopodemos
	confundirum
	estado–interdição
	–
	comum
	fato, incapacidadecivilabsoluta.Cessadaacausadainterdição
(cessado o estado), cessa a causa da suspensão de direitos políticos, que são readquiridos, automaticamente.
Pularemos o inciso III, indo direto para o V.
(V) Improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º: “Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da função
pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível”. Nesse artigo
temos que ler: Sentença que condena o réu com trânsito em julgado por prática de ato
de improbidade administrativa. Porque, segundo a nossa CF, a pessoa presume-se inocente, até a sua condenação definitiva. E até porque improbidade administrativa é apenas uma imputação, sentença transitada em julgado é um fato.
Obs.: Alguns autores, inclusive, o Prof. Ramaiana, indicam que esse inciso V seria uma situação de perda. Mas o professor Guilherme discorda totalmente dessa posição. Para ele esse inciso não deixa qualquer dúvida de se tratar de causa de suspensão, porque o próprio art. 37, § 4º, a que se refere o inciso V, fala em suspensão de direitos políticos.
O inciso III foi deixado para o final, porque é o mais perigoso. E todas as questões formuladas em prova, quando falam e suspensão de direitos políticos, falam desse inciso:
(III) Condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos.
Nós já tocamos nesse assunto quando discutimos a perda de mandato eletivo, que para deputado federal e estadual e senador, essa perda não é automática. Esse inciso dá ensejo a 5(cinco) questões, que iremos discutir a seguir:
(1ª) A CF fala em condenação criminal, qual seria, então, a natureza jurídica da infração penal? Trata apenas de condenação penal por crime ou pode ser condenação por
contravenção penal, também? Pois sabemos que a infração penal é gênero que compreende duas espécies:
(1) Crime e (2) Contravenção Penal.
Se caísse, por exemplo, numa prova a seguinte questão: João da Silva foi condenado, com sentença transitada em julgado, pela contravenção penal de jogo do bicho; ele teria os seus direitos políticos suspensos? Aqui, não temos uma condenação criminal, teríamos, na verdade uma condenação contravencional.
E se for condenação por crime, que não seja apenado com prisão, seja apenado com pena restritiva de direitos ou multa, teria seus direitos políticos suspensos?
R: Embora a CF/88 diga infração penal, se considera qualquer infração penal, seja crime ou contravenção penal. A partir do momento que sai uma sentença penal condenatória transitada em julgado há a suspensão dos direitos políticos. Seja aplicada pena privativa
de liberdade ou não. Mesmo que se aplique pena restritiva de direitos ou pena de multa, há a suspensão dos direitos políticos.
Uma pessoa foi condenada por uma contravenção penal de jogo do bicho a pagar pena de multa; no momento que essa sentença transita em julgado tem seus direitos políticos suspensos. A questão que avém daí é até quando dura essa suspensão, no caso da pena de multa, por exemplo.
(2ª) O que a CF quer dizer com a expressão: “enquanto durarem seus efeitos”?
Até porque o termo inicial dessa suspensão é bem tranqüilo, data em que a sentença transitou em julgado. Por isso, como já mencionamos anteriormente, presos provisórios (prisão em flagrante, preventiva, provisória, ou por sentença recorrível) têm seus direitos políticos plenos (ativos=votar; passivos= ser votado). Há inclusive, um projeto de lei, de levar a possibilidade de votar a esses presos, ou seja, sessões eleitorais em estabelecimentos penais. Porque o preso só não vota por impossibilidade física; e não pode exigir votar fora da prisão, porque esse direito não é assegurado na CF como direito líquido e certo.
Recentemente o TRE do RJ indeferiu pedido de candidaturas, no último pleito, de pessoas acusadas em crimes; isso não poderia ser feito com base na
CF/88. Pela CF até pessoas condenadas em crimes hediondos com sentença recorrível devem ter seus pedidos de candidatura deferidos.
R: Quanto a isso a Jurisprudência é pacífica; enquanto durarem seus efeitos significa até a data da declaração extintiva de punibilidade ou, se houver cumprimento, até a data
da declaração de extinção da pena. Se o réu cumpriu a pena, a suspensão dos direitos políticos dura até a declaração de extinção da pena; se o réu não chegou a cumprir a pena, não podemos falar em pena e por isso tem seus direitos políticos suspensos até a declaração de extinção da punibilidade. Pouco
importando,	para	essa	suspensão	os	fatos	anteriores,	como	a	declaração
	de
	reabilitação
	do
	condenado,
	ou
	indenização
	totaldo
	dano,ouestabelecimento de relaçãocom a família (casamento com
a estuprada). É necessária para reaquisição dos direitos políticos a declaração de extinção da punibilidade ou da pena, nenhum fato anterior tem qualquer importância sobre isso.
O intervalo de tempo da suspensão vai da sentença de condenação transitada m julgado até a sentença declaratória extintiva da punibilidade ou da pena. Por exemplo,
no caso de multa, no momento do pagamento integral da multa está extinta a pena e faz jus a reaquisição de seus direitos políticos. Se o pagamento da multa for parcelado, com o pagamento da última parcela, volta a fazer jus de seus direitos políticos. Em relação à pena restritiva de direitos, a suspensão dura enquanto durar a pena. Quando extinguir a pena extingue também a suspensão.
(3ª)	Se	houver,	eventualmente,	uma	medida	de	despenalização (os	dois	principais
exemplos de medidas despenalizadoras, hoje, seriam: (1) Transação penal; (2) Suspensão Condicional do Processo (sursis processual)), como a transação penal
ou o sursis processual, ocorre suspensão dos direitos políticos dessa pessoa que transacionou ou teve seu sursis processual?
R: Qualquer medida de despenalização (não há pena) importa em não condenação (não
se discute culpa); e como não há condenação, não há, também, suspensão de direitos políticos.
(4ª)	Um	incidente	de	execução	penal (e	não,	como	na	hipótese	anterior,	uma
medida	de	despenalização),	como	o	caso	do	livramento	condicional	ou
da	suspensão	condicional	da	pena	(sursis	penal),	afeta	a	suspensão	dos	direitos
políticos do condenado? Por exemplo, uma pessoa condenada que está cumprindo pena, em regime fechado, é beneficiada com o livramento condicional ou com o sursis penal; como isso afeta a suspensão de seus direitos políticos?
R: Não, qualquer incidente de execução penal não afeta a suspensão de direitos políticos, que perdura enquanto durar a pena. Esses incidentes não implicam em extinção da punibilidade ou da pena.
Obs¹: Há uma declaração de extinção de punibilidade ou de extinção da pena, que é comunicada (por ato administrativo mínimo para dar ciência) à justiça eleitoral e às juntas eleitorais, havendo automaticamente a cessação da suspensão dos direitos políticos.
Obs²: A condenação civil, por não se tratar de condenação criminal, funciona como a prisão provisória em relação aos direitos políticos, o preso pode votar e ser votado, só não vota porque há uma impossibilidade física de sair da cadeia para isso.
(5ª) O que significa Inelegibilidade legal? E quais seus efeitos?
R: Temos que fazer menção a Lei Complementar 64/90 (Lei das Inelegibilidades) art.1º, I, “e”: “São inelegíveis: os que forem condenados criminalmente, com sentença transitada
	m
	julgado,
	pela
	prática
	de
	crime
	contra
	a
	economia
	popular,
	a
	fépública,
	aadministração
	pública,
	opatrimônio
	público,
	omercado financeiro,
pelo tráfico de entorpecentes e por crimes eleitorais (todos os crimes eleitorais), pelo prazo de 3 (três) anos, após o cumprimento da pena;”. Porque sempre que houver uma condenação criminal, temos que ver se é por um dos crimes previstos nesse artigo. Se for, quando for declarada extinta a punibilidade ou declarada extinta a pena, ele só vai readquirir parte de seus direitos políticos – direito de votar (capacidade eleitoral ativa) – porque seu direito de ser votado (capacidade eleitoral
	passiva)
	fica
	obstado
	por
	mais
	3
	(três)
	anos.
	Nesses
	crimes,
	ocondenadosóvoltaaser
	cidadãoemsua
	plenitude,3anosapóso cumprimento da pena.
Obs.: “Impeachment”: Fica impedido durante 8 anos de ocupar qualquer função pública, não só mandato eleitoral.
Elegibilidade: Condições e Conceitos
4) Elegibilidade (cidadania passiva ou capacidade eleitoral passiva):
4.1) Condições de Elegibilidade:
As condições para alguém ser eleito para um cargo eletivo (elegibilidade) estão enumeradas exaustivamente (taxativamente) no art. 14, §3º da CF/88. Estudaremos, portanto, esse parágrafo, inciso por inciso:
I- a Nacionalidade Brasileira;
Sobre esta condição devemos frisar que o inciso fala apenas de nacionalidade brasileira, ou seja, brasileiro nato ou não (apenas nacionalizado).
Já	estudamos	anteriormente,	uma	situação,	prevista	na	CF,	que	pode	ser exceção a
essa regra: a prevista no art. 12, § 1º - do Português Equiparado (fazer remissão). O português equiparado pode ser eleito no Brasil, sem ser brasileiro (português equiparado não é sequer naturalizado, continua sendo nacional de Portugal).
Devemos também com relação a esse inciso fazer outra remissão ao art. 12, § 3º, porque traz como condição para ser eleito para determinados cargos (Presidente da República e Vice-Presidente; Presidente da Câmara dos Deputados; Presidente do Senado; Ministro do STF; carreira diplomática; oficial das forças armadas, Ministro do Estado de Defesa) a necessidade de ser brasileiro nato (cargos privativos de brasileiros natos); portanto esses cargos não podem ser exercidos nem por naturalizados nem portugueses equiparados.
Obs.: A Constituição Americana tem norma igual, exigindo que para ser Presidente e
Vice-Presidente americano a pessoa tenha que ser americano nato. Só que o Bush acabou de apresentar uma proposta de emenda querendo acabar com isso. Só que o prazo para emendar a Constituição Americana é o de aprovação em todas as assembléias estaduais. A última emenda à C. Americana, Emenda 21 começou a ser votada em 1898 e acabou de ser votada em 2001 (demorou 103 anos).
Notas Importantes sobre esse artigo (CF- art. 12, § 3º):
É importante ressaltar que não é cargo privativo de brasileiro nato, cargo de deputado federal ou senador. O brasileiro naturalizado e até o português equiparado podem ser deputados e senadores, só não podem ser Presidentes dessas casas legislativas. Essa exigência é feita, porque o Presidente do Senado e o Presidente da Câmara são eventuais substitutos do Presidente da República, cargo de brasileiro nato por excelência.
Há exigência de ser brasileiro nato para ser Ministro do STF; não existe essa exigência para ser Ministro do STJ. Tanto é que temos um Ministro no STJ que é alemão naturalizado brasileiro. A exigência de ser nato o Ministro do STF é, também, porque o Presidente do STF pode ter que substituir o Presidente da República.
Obs.:	O	Fernando	Henrique,	quando	nomeou	a	Ellen	Grace,	na	verdade	queria
nomear	para	ser	a primeira ministra do STF, a Ada Grinover, mas não pode fazê-lo porque ela é
italiana.
Com relação aos diplomatas, todos os países fazem essa exigência que sejam natos. Com relação aos militares a exigência de ser brasileiro nato se restringe aos oficiais. Poderíamos, portanto, ter cabos, soldados e sargentos, naturalizados ou portugueses equiparados.
Com relação ao Ministro de Estado da Defesa é a primeira vez que a CF se reporta a um cargo de ministro específico. Porque sempre que ela se refere a ministros, fala de ministros e ministérios genericamente. Portanto, o único ministro que tem que ser brasileiro nato, é o Ministro da Defesa. Essa exigência é porque, pela nossa CF, é o ministro da Defesa quem coordena os comandos militares; e se os oficiais militares têm que ser natos é evidente que o Ministro Civil que os coordena, tenha, também, que ser nato.
II) o Pleno Exercício dos direitos políticos;
Isso significa que nenhum direito político tenha sido suspenso ou perdido (vide tópicos de suspensão e perda de direitos políticos). Temos que combinar esse artigo, portanto,
com o art.15 da CF/88.
III) o Alistamento Eleitoral;
Vide o tópico de Alistamento Eleitoral. Combinar com os art. 14, § 1º, I (alistamento obrigatório) e II (alistamento facultativo) e art.14, § 2º (alistamento proibido).
IV) o Domicílio Eleitoral na Circunscrição;
Com relação a esse inciso temos que colocar 3 questões:
(1ª)	Conceito	de	Domicílio	Eleitoral.	O	Domicílio	Eleitoral	se	confunde	como Domicílio Civil?
R: Domicílio Eleitoral é um conceito distinto de Domicílio Civil.
Domicílio Civil (do CC) ►Local onde se estabelece residência com ânimo de adjudicar (permanecer).
Domicílio Eleitoral ► Segundo o art.42, parágrafo único do CE”: “ Para o efeito
da inscrição, é domicílio eleitoral o lugar de residência ou moradia do requerente, e, verificado ter o alistando mais de uma, considerar-se-á domicílio qualquer delas”. A Interpretação que é dada a esse artigo, hoje pela doutrina e pela jurisprudência (TRE
	do
	RJ
	–
	Acórdão
	26.014de12/04/04(eleiçãodeNova
	Iguaçu)eAcórdão 26.587(eleição
de Conceição de Macabú) são a seguinte: Para se ter um domicílio eleitoral é necessário que se verifique, pelo menos, um de três vínculos (vínculos alternativos e não cumulativos):
1º) Vínculo Patrimonial → demonstrar que a pessoa tem patrimônio no local;
2º) Vínculo Laborativo → demonstrar que a pessoa preste trabalho no local; 3º) Vínculo Social → demonstrar que a pessoa tenha vida social no local.
Se a pessoa demonstrar apenas um desses três vínculos, ela demonstra que tem domicílio eleitoral no local. Se não demonstrar pelo menos um desses vínculos, não demonstra que tem domicílio eleitoral no local. Devemos reparar que o conceito é muito mais elástico que o conceito de domicílio civil.
1 ano para as eleições que ele pretende concorrer (exigência de estar filiado há 1 ano).
Antigamente	se	discutia	se	o	vínculo	afetivo	era	suficiente	para	demonstrar
domicílio eleitoral. Hoje não se considera o vínculo afetivo, tem que ter pelo menos vínculo social, isto é, previamente antes da inscrição para o pleito, frequentar o local com habitualidade, ter amigos lá, etc.
Obs.: Foi por não ter quaisquer desses vínculos que a inscrição de candidatura do Lindeberg Farias para prefeito de Nova Iguaçu foi indeferida, houve recurso para o TRE que indeferiu também. Agora, a questão está e, julgamento pelo STE; mas teoricamente ele não tem domicilio eleitoral em Nova Iguaçu e não poderia ter sido eleito prefeito de lá. Provavelmente essa candidatura vai ser deferida porque logo que assumiu como prefeito já ganhou o título de cidadão honorário de Nova Iguaçu, para tentar demonstrar o vínculo social pretérito (discutível, até porque é posterior a ação, mas provavelmente uma manobra que dará certo).
(2ª) O que seria Circunscrição? A Circunscrição pode variar conforme o tipo de eleição (ex: eleição local, a circunscrição é menor, regional é maior e nacional é maior ainda? Ou é um conceito só?)?
R: A atual jurisprudência entende que a circunscrição muda conforme o tipo de
	eleição:
	
	
	
	
	
	
	1)
	EleiçãoLocal(PrefeitoouVereador)► Circunscrição
	significa
	território
	do Município (tem que provar o domicílio eleitoral naquele Município).
	
	
	
	2)
	Eleição
	Regional
	(sendo
	eleitos
	por
	um
	Estado:
(a) Governador; (b) Deputado estadual; (c) Deputado Federal ou(d) Senador da República) ►
Circunscrição significa o território do Estado (tem que provar o domicílio eleitoral naquele Estado).
3)	Eleição	Nacional	(Presidente	da	República)	►Circunscrição	significa
território brasileiro (tem que provar domicílio eleitoral no Brasil). È possível, através dessa interpretação, que um magnata nato no Brasil, que viva no exterior, não tenha qualquer patrimônio aqui, mas por ter família ou até amigos aqui, vir a ser Presidente do Brasil.
(3º) Há um Prazo mínimo para que se prove esse Domicílio Eleitoral? Até quando antes do pleito pode-se mudar o domicílio eleitoral?
R: Esse prazo existe e está fixado no art. 9º “caput” da Lei 9.504/97 (Lei Eleitoral): “Para concorrer ás eleições, o candidato deverá possuir domicílio eleitoral na respectiva circunscrição pelo prazo de, pelo menos, um ano antes do pleito e estar com a filiação deferida pelo partido no mesmo prazo”.
É	importante,	ressaltar	que	não	é	um	ano	antes	da	inscrição	e	sim	um	ano	antes da
eleição, o que significa dizer, que o prazo contado da sua inscrição eleitoral é muito menor (6 meses). O individuo tem que ter seu domicílio eleitoral fixado um ano antes da eleição. Esse é o mesmo prazo exigido para a filiação á partido político. Ele tem que ter, há um ano do pleito, seu domicílio
eleitoral fixado e	sua	filiação partidária deferida.
Obs.: Por essa exigência legal, soa estanho que o Presidente do STJ, deixe de ser desembargador e já concorra ás eleições para governador de seu Estado (Piauí); porque o Presidente do STJ não pode estar filiado a partidos políticos e falta menos
de
A mesma surpresa nos acomete ao ver o Ministro do STF querer concorrer a Presidência da República há menos de 1 ano do pleito, se ele não pode sequer estar filiado a partido político enquanto for Ministro.
V – a Filiação Partidária;
Aqui surgem duas situações interessantes:
1ª) Filiação Partidária é proibida pela CF para membros da Magistratura (art.95, parágrafo único, III) e do Ministério Público (art.128, § 5º, II, “e”). E sses membros, portanto, não dão satisfação a todas às condições de elegibilidade.
Obs.: Com relação ao MP, havia exceções (podia ter filiação com o ônus de não poder
exercer atividades eleitorais como MP, mas não podia ter atividade partidária), que foram abolidas pela Emenda 45. Antes da Emenda a alínea “e” desse artigo era assim: “exercer atividades político-partidárias salvo exceções previstas em lei” (poderia estar filiado por lei do próprio MP). Hoje o membro do MP não pode sequer se filiar, e quando é aprovado no concurso, se filiado, tem que se desfiliar. O membro do MP ou Magistratura aposentado ou exonerado, por estarem afastados de suas funções, podem se filiar. Porque o objetivo da norma é que a pessoa prejudique sua atividade judicante por sua atividade partidária.
Isso não quer dizer que magistrados e membros do MP sejam inelegíveis, embora na prática a consequência seja a mesma, eles não satisfazem a todas as condições de elegibilidade existentes. Ser inelegível e não dar satisfação a todas as condições de elegibilidade são coisas distintas, esse último caso é muito menos grave, porque passando a satisfazer a condição podem ser eleitos.
2ª) O art. 14, §3º, V, da CF enseja um dos conflitos mais graves entre normas constitucionais. Porque esse inciso exige, como condição de elegibilidade, que a pessoa esteja filiada a partido político. Se conflitarmos esse artigo com o art. 142, §3º,
V da CF: “o militar, enquanto em serviço ativo, não pode estar filiado a partidos políticos;”. Combinando esses artigos chegamos à conclusão que o militar por não poder se filiar, não preenche todas as condições de elegibilidade, não podendo, portanto, ser eleito. Mas se formos ler o art.14, § 8º: “O militar alistável é elegível, atendendo as seguintes condições: I- se contar menos de dez anos de serviço, deverá afastar-se da atividade; II- se contar mais de dez anos de serviço, será agregado pela autoridade superior e, se eleito, passará automaticamente, no ato de diplomação, para a inatividade”, vemos que o militar é alistável e elegível , sob algumas condições. A solução do conflito, formulada pelo STF, entre as três normas constitucionais é a seguinte:
Temos como vimos no esquema, dois momentos cruciais: data do registro da candidatura e data da diplomação. Até a data que tiver seu pedido de registro de candidatura deferido, até esse momento, o militar não pode e não deve estar filiado a nenhum Partido Político. Nesse primeiro intervalo se aplica o art.142, § 3º, V da CF.
Na data em que o militar registrar a sua candidatura, isto é, na data em que tiver o seu pedido de candidatura deferido, ele toma duas providencias: (1ª) se filia ao Partido Político (portanto, é dispensado aquele prazo de filiação 1 ano antes do pleito) e (2ª) se afasta da sua atividade. Esse afastamento vai ter duas qualidades: (1ª) Se tiver menos de 10 anos de serviço militar, ele só se afasta da atividade (termo técnico= afastamentoda atividade = sem soldo); (2ª) se tiver mais de 10 anos, ele ficara agregado pela autoridade superior (termo técnico= agregamento ou agregação; que é, também, afastamento, só que com o pagamento de soldo). Nesse intervalo de tempo se aplica, a rigor, o art. 14 § 8º, I e II parte inicial. Enquanto durar a campanha eleitoral, ele está afastado de suas atividades militares.
Se o militar perder a eleição, ele retorna à sua atividade como militar, cancelando (dando baixa) a sua filiação partidária, porque o art. 14, § 3º, V diz que o militar não pode estar filiado a partido.
Se o militar ganha a eleição, ele é diplomado no cargo, e a partir dessa data se aplica o art. 14, § 8º, II (parte final), que diz que, uma vez diplomado, o militar passa para a inatividade, ou seja, tecnicamente ele passa a ser reformado. Basta que o militar exerça um cargo para que seja reformado, ou seja, passe para a inatividade perpétua. Tendo menos ou mais de 10 anos de serviço militar, ele será reformado, fazendo diferença o tempo que permanecer nas Forças Armadas para o cálculo do valor do seu provento como reformado (“aposentado”).
Isso é importante para que percebamos que uma condição inafastável (condição “sine qua non”) para a elegibilidade é a filiação a Partidos Políticos, não se afastando essa condição nem de militares. O que existe, no caso dos militares, é uma mitigação da exigência do prazo de 1 ano de filiação antes do pleito.
Obs.: O que a CF veda é a acumulação de cargos, não a acumulação de proventos; o militar, portanto, pode acumular seus proventos como reformado, com proventos de aposentadoria como civil.
Precisa de 8 anos de atividade legislativa federal para se aposentar, bastando apenas um mandato para Senador (e dois mandatos para Deputado Federal), isso é possível porque o regime de previdência é específico e pode estipular suas regras.
VI – a Idade mínima de:
35 anos para Presidente e Vice-Presidente da República e Senador;
30 anos para Governador e Vice-Governador de Estado e do DF;
21 anos para Deputado Federal, Estadual ou Distrital, Prefeito e Vice- Prefeito, e Juiz de Paz;
18 anos para Vereador.
Há, portanto uma idade mínima exigida que varia dos 18 aos 35 anos. É importante perceber que a pessoa só adquire seus direitos políticos em toda plenitude (capacidade eleitoral plena) aos 35 anos, quando pode ser eleita para qualquer cargo.
Sobre esse inciso temos algumas questões a serem colocadas:
1ª) Quando se verifica essa idade mínima exigida: no registro de candidatura ou na posse? Menor de idade (menor de 18 anos), assistido, pode registrar candidatura para vereador, provando que na data da posse terá 18 anos?
R: Atualmente o termo de verificação da idade é a data da posse. Isso está previsto no art.11, § 2º da Lei 9.504/97(Lei Eleitoral): “A idade mínima consti
tucionalmente	estabelecida	como	condição	de	elegibilidade	é	verificada	tendo	por	referência	a
data da posse”. É entendido, dessa forma porque a idade mínima é condição para exercício do cargo, e
não para concorrer a ele, e exercício do cargo só passa a haver com a posse.
Portanto, o menor de 18 anos, assistido, pode formular pedido de registro de candidatura
para vereador, se provar que, se eleito, na posse terá 18 anos.
2ª) Em casos de substituição temporária, há alguma peculiaridade com relação à idade do substituto?
R:	O	único	autor	que	fala	de	idade	mínima	de	substituído	e	idade	mínima
de substituto é o prof. Joel Cândido. Esse autor afirma que na situação de substituição, a idade
mínima do substituto deve corresponder à idade mínima do substituído.
Por exemplo, para ser Presidente da República há a exigência que a pessoa tenha idade mínima de 35 anos. O Presidente tem como seu potencial substituto o Presidente da Câmara dos Deputados. Só que para ser deputado a idade mínima é
de 21 anos; portanto, poderia um deputado federal qualquer, maior de 21 anos, vir a ser Presidente da Câmara e tornar-se substituto do Presidente da República? Para esse autor, para ser Presidente da Câmara o deputado federal tem que ter no mínimo 35 anos, para não correr-se o risco do Presidente da República vir a ser substituído por alguém com idade menor que a exigida para seu cargo. O mesmo raciocínio deve ser empregado em nível estadual: para ser governador é preciso ter no mínimo 30 anos, portanto, o Presidente da Assembléia Legislativa, que pode vir a substituir o Governador tem que ter no mínimo 30 anos (sabendo-se que pode ser deputado estadual com 21 anos). E também deve ser
empregado em nível municipal, para ser presidente da Câmara dos Vereadores tem que ter no mínimo 21
anos (sabendo-se que pode ser vereador a partir dos 18 anos).
4.2) Causas de Inelegibilidade: (analise do tópico anterior sob o ponto de vista negativo)
(ausência de Elegibilidade)
Diz a doutrina hoje, que inelegibilidade é um gênero que se divide em duas grandes espécies: (1) Inelegibilidade Absoluta e (2) Inelegibilidade Relativa (Reflexa para alguns autores). A Inelegibilidade absoluta ocorre em duas situações: (1) na situação dos inalistáveis (por motivo óbvio, se a pessoa é inalistável, consequentemente é inelegível – se não pode ter direitos políticos ativos, não pode ter direitos políticos passivos); e (2) no caso dos analfabetos (como já vimos, analfabeto não é inalistável, não entrando na primeira situação, porque seu alistamento não é proibido, e sim facultativo; não obstante a isso ele é sempre inelegível).
A inelegibilidade Relativa ocorre em 4 hipóteses: (1) Mandato Eletivo (quando a pessoa já é titular de mandato eletivo, não se discutindo a possibilidade de ser
eleito para outro mandato ao mesmo tempo); (2) Vínculo de Afinidade, Casamento, e Parentesco (causa mais discutida nos dias de hoje); (3) Serviço Militar (o militar na ativa é inelegível); (4) Causas Legais (previstas em lei).
Basicamente são três as diferenças entre inelegibilidade absoluta e relativa:
1ª)	Inelegibilidade	Absoluta	se	refere	a	qualquer	cargo	eletivo,	não	podendo
ser flexibilizada, ou seja, não podendo ser relativizada (ex: é inelegível para tal cargo, mas é elegível
para outro).
2ª) Essa Inelegibilidade Absoluta decorre de uma característica do candidato, o candidato é que inelegível (é inalistável ou é analfabeto).
3ª) A Inelegibilidade Absoluta está enumerada exaustivamente na Constituição (não
existem, como na Relativa, as causas legais; porque as causas são todas constitucionais).
Portanto a Inelegibilidade Absoluta se refere a qualquer cargo eletivo, decorre de uma característica do candidato e está enumerada taxativamente na Constituição.
A contrario senso, Inelegibilidade Relativa (1ª) é relativa a apenas alguns cargos eletivos; (2ª) decorre de uma circunstância da eleição (ex: naquela eleição a pessoa
tem um vínculo de parentesco, naquela eleição a pessoa já tem um mandato ou está na ativa no serviço
militar); (3ª) está enumerada exemplificativamente	na CF, tanto é que existem causas legais(causas
que as leis fazem menção).
Os fundamentos constitucionais para essas espécies de inelegibilidade são:
Inelegibilidade Absoluta, tanto a por ser o candidato inalistável, quanto por ser analfabeto → art.14 § 4º.
Inelegibilidade Relativa: = Mandato Eletivo → art. 14 § 5º. §7º.
Vínculo de Afinidade, Parentesco ou casamento → art.14
Serviço Militar → art. 14 § 8º
Causas Legais → art. 14 § 9º c/c LC. 64/90.
Anteriormente já falamos sobre as situações de inelegibilidade absoluta (inalistáveis e analfabetos), sobre a inelegibilidade relativa com relação aos militares e com relação às causas legais (inelegibilidade legal). Agora falaremos sobre as duas questões pendentes, muito perguntadas em concursos: Inelegibilidade por vínculo e inelegibilidade durante mandatos eletivos. As questões jurisprudências mais modernas englobam essas situações.
Teríamos que analisar casos concretos, como o do GovernadorAlckmin, que substitui o Gov. Mario Covas, quando ficou doente, o sucedendo, depois de sua morte e depois foi eleito Governador de São Paulo (3 mandatos consecutivos?). Teríamos que analisar também, o caso da Rosinha, esposa do ex-governador Garotinho. E outros casos concretos.
4.2.1) Mandato Eletivo:
Segundo o art. 14, § 5º: “O Presidente da República, os Governadores de Estado e do
Distrito Federal, os Prefeitos e quem os houver sucedido ou substituído no curso dos mandatos poderão ser reeleitos para um único período subseqüente”, chefes do Poder Executivo Federal, Estadual, do DF e Municipal, não só os titulares, como aqueles que os houver substituído ou sucedido poderão ser reeleitos uma vez só. Esse art. 14 § 5º é um dos belos exemplos na Constituição de Ponderação do legislador constitucional: porque a Constituição permite reeleição, mas permite reeleição uma vez só. Parece ter havido nessa norma a Ponderação de dois princípios: de um lado o Princípio Republicano (todo o poder político é temporário) e de outro lado o Princípio da Eficiência da Administração Pública (para a Administração ter eficiência, é necessário uma certa continuidade, e talvez 4 anos seja pouco tempo para se alcançar às metas de eficiência pretendidas). Uma reeleição só permite que o poder continue temporário, mas com tempo suficiente para ser eficiente e cumprir suas metas.
Existem 3 questões importantes sobre esse tópico:
1ª Questão – O próprio artigo faz uma diferença entre Substituição e Sucessão:
■ Sucessão ► É sempre definitiva (só os vices são sucessores do Presidente, do Governador e do Prefeito).
■ Substituição ► É sempre temporária (no caso do Presidente são substitutos o Vice- Presidente, o Presidente da Câmara, do Senado e do STF; no caso Governador são substitutos o seu vice, o Presidente da Assembléia e o Presidente do STJ; com relação ao Prefeito são substitutos o seu vice e o Presidente da Câmara e até o Presidente do Tribunal de Contas no RJ também o é).
Obs.: Toda a prova oral pergunta o rol de sucessores de Presidente da República. Mas não existe rol, porque sucessor do Presidente, só o Vice-Presidente. O que existe é rol de substitutos (Vice-Presidente, Presidente da Câmara, do senado e do STF).
2ª Questão: O STF acabou de julgar o Caso do Alckmin:
	1º Mandato (?)
	2º Mandato
	3º Mandato
	4 anos
	4 anos
	4 anos
	----------------------------------------
	---------------
	------------------------------
	-
	----------------
	-
	Substituição do Covas em seu 1º Mandato
	-------Sucessão
	Eleito Governador de SP
	(alguns dias quando Covas fazia
	do Covas em seu
	(titular)
	tratamento)
	2º Mandato
	
	
	(como
	
	
	seu Vice, quand
	
	
	o Covas
	
	
	morreu)
	
	
	
	
A questão que chegou ao STF foi a seguinte: Alckmin, como vice de Covas, o substitui em seu primeiro em vários momentos, porque foi quando Covas se descobriu doente e começou a fazer tratamento. Depois o sucedeu, em seu segundo mandato, quando Covas, veio a falecer. Poderia Alckmin ter sido eleito para Governador ou essa eleição não poderia ocorrer por se tratar de seu 3º mandado consecutivo?
R: No RE 366.488 (Caso Alckmin) o STF entendeu que embora a CF em seu art.14 § 5º fale em substituição e sucessão, deve ser entendido apenas como
sucessão. Não se computa qualquer intervalo de tempo como substituto, para fins de mandato
para impedir reeleição, ou seja, só o período em que foi sucessor é contado como mandato.
Essa interpretação da CF não foi literal; o STF usou o princípio da razoabilidade para interpretar, porque não seria razoável, que quem substitui o outro em apenas alguns momentos, não podendo nessas esparsas ocasiões implementar o seu modo de governo, não possa ter direito, se eleito, a manter sua administração por um período de 8 anos, o que assegurado a qualquer candidato.
Portanto, o Alckmin poderia ter assumido o mandato como Governador de SP porque o 1º Mandato em que substitui Covas não se conta. Teria, portanto, com esse último,
apenas dois mandatos consecutivos, o que é permitido pela CF. Agora, ele não pode ser candidato ao Governo de SP (nem qualquer pleito estadual, como deputado estadual, deputado federal ou senador), por isso quer se eleger Presidente da República (pleito nacional). Poderia se candidatar também a Prefeito de SP (pleito municipal).
Obs.: Se o Governador morrer assume o Vice, mas se o Vice morrer, logo após, é realizada nova eleição (eleição indireta).
Em Niterói o Prefeito atual inicialmente sucedeu o Prefeito anterior e foi eleito, posteriormente como titular. Nesse caso considera-se o período de Sucessão como 1º mandato e a eleição como titular como reeleição, portanto 2º mandato (e último consecutivo).
3ª Questão: Se exige desincompatibilização (renuncia 6 meses antes do pleito) para fins de reeleição? O Lula se quiser ser reeleito tem que se desincompatibilizar do cargo de Presidente 6 meses antes do novo pleito? O Alckmin teria que ter se desincompatibilizado do cargo de Governador, para concorrer a Presidência da República?
R: Segundo	o art. 14 § 6º: “Para concorrerem a outros cargos, O presidente da
República, os Governadores de Estado e do Df e os Prefeitos devem renunciar aos respectivos mandatos até seis meses antes do pleito”. Portanto, chefes do executivo, se visam reeleição (para o mesmo cargo) não precisam abandoná-lo 6 meses antes do pleito, mas se visam ser eleitos para outro cargo, tem que renunciar ao anterior pelo menos 6 meses antes do pleito. O Alckmin que era Governador de São Paulo e agora vai concorrer a outro cargo (presidência da República) tem que renunciar seis meses antes do pleito. Já o Lula que é candidato à reeleição não precisa renunciar antes do pleito (desincopatibilização).
Em relação ao legislativo não se exige desincompatibilização como no executivo.
Os membros do legislativo (deputado ou senador), apenas se licenciam do seu cargo, concorre a um cargo do executivo e, se não for eleito, volta para seu cargo no legislativo e cumpre o resto do seu mandato (ex: a Senadora Heloisa Helena concorrendo à Presidência da República).
Com relação ao § 5º do art. 14 é interessante fazermos uma menção ao direito comparado americano, que tem uma norma semelhante a essa, com uma importante diferença. Pela Constituição Americana, o Presidente Americano só pode se reeleito uma única vez. Depois dessa reeleição, ele nunca mais pode ser eleito para a Presidência da República, ou seja, ele é vitaliciamente inelegível. No Brasil O Presidente depois de reeleito, não pode ser novamente reeleito para mandato subseqüente, mas pode ser eleito saltando uma eleição. Podemos ter um Presidente da República no Brasil eleito 10, 15, 20 vezes. Isso acontece com qualquer chefe do executivo (ex: Prefeito do RJ já foi eleito 3 x).
antes do
4.2.2) Vínculo de Afinidade, Casamento ou Parentesco:
Previsto no art.14 § 7º da CF: São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o cônjuge e os parentes consangüíneos ou afins, até o segundo grau ou por adoção, do Presidente da República, de Governador de Estado ou Território, do DF, de Prefeito ou de quem os haja substituído dentro dos sei meses anteriores ao pleito, salvo se já titular de mandato eletivo e candidato à reeleição.
Obs.: onde está escrito substituído leia-se também sucedido.
Território de Jurisdição não significa território físico. A interpretação que a Jurisprudência dá hoje a território de jurisdição é território para o mesmo tipo de pleito (para o mesmo tipo de pleito nacional, estadual e municipal). Mesmo que esse pleito se realize num mesmo território físico. Ou seja, um filho de um Governador de Estado pode se candidatar a prefeito de um município do mesmo Estado (o município pertence ao mesmo Estado, mas o pleito é outro, um é estadual e o outro é municipal). Esse parágrafo engloba três casos concretos:
1º Caso: Caso Garotinho► A cônjuge do ex-governador do Estado, Garotinho,concorreu ao mesmo cargo do marido no mandato imediatamente posterior ao dele. Ela poderia ter sido eleita? Ela poderia ser candidata a sua própria reeleição?
Porque o STJ entendeu que a Rosinha era elegível, e no mesmo pleito entendeu que o
deputado Jorge Murad, cunhado do governador do Maranhão era inelegível?
R: Pelo acórdão do TSE, o cônjuge, consangüíneo ou afim pode ser candidato para o mesmo cargo na eleição subseqüente a do cônjuge, consangüíneo ou afim, desde que atendidas duas condições cumulativas: (1) Que o titular tenha deixado o cargo seis meses antes do pleito (tenha havido desincompatibilização = renúncia); (2) Que o
titular esteja no seu primeiro mandato.
No Rio o Garotinho estava no seu primeiro mandato e renunciou a ele 6 meses
	pleito;
	entãoa
	suacônjugefoiconsideradaelegível.
	No
	Maranhãoagovernadorarenunciou
	6meses
	antes dopleito,masjáestava noseu
	segundo mandato, pois havia sido reeleita; portanto
	seu cunhado foi considerado inelegível.
	
	
	
	Vai
	ser
	feito
	umaconsultaaoTSE
	este
	mês
	demarço,paraversea
Governadora Rosinha é elegível para reeleição e se seus parentes consangüíneos ou afins também o seriam. Se seguirmos o raciocínio do TSE no acórdão previamente citado, podemos deduzir que ele negará a possibilidade da reeleição da Rosinha e de qualquer parente seu ou afim. A única interpretação possível para o acórdão é que a Rosinha foi eleita como se o Garotinho tivesse sido reeleito. Se ele for eleito agora nesse pleito teríamos três mandatos consecutivos desse núcleo familiar, o que é vedado
constitucionalmente – perpetuação não pode. Portanto, agora, ela ele e toda a família e afins são inelegíveis para o pleito estadual, poderiam se candidatar para o pleito municipal ou federal.
Obs.: D. Marisa poderia se candidatar a pleito estadual ou municipal, mesmo Lula sendo candidato à reeleição a Presidência; porque se tratam de pleitos diversos.
2º Caso: Caso Vizeu ► Vizeu é um Município do Pará, onde a prefeita que havia sido eleita e reeleita tinha união homo afetiva (ou homo erótica) com outra senhora, que por sua vez, foi candidata à eleição de deputada. Poderia ter sido candidata ou não, já que a vedação para o mesmo pleito, no caso estadual, fala em cônjuge, não citando união estável (companheiro) e muito menos união homo afetiva (parceiro)? Qual é a extensão dessa inelegibilidade? Poderia ser estendida tanto para a União estável quanto homo afetivo (interpretação extensiva da Constituição)? A norma pretende impedir que apenas a família se mantenha no poder ou que pessoas que possuam relação de afeto permaneçam no poder?
Obs.: O STJ, na opinião do professor Guilherme, falhou ao tratar a união homo afetiva como união estável, porque a CF em seu art. 226 § 3º fala de “união estável entre homem e mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento”. Nos parece que a união afetiva merece a mesma tutela constitucional que a união estável, só que a única falha do STJ foi atribuir a união afetiva a qualidade de união estável, por serem ,como a própria constituição prova, coisas diversas. Não é união estável, porque a CF fala entre homem e mulher e essa união não tem diversidade de sexos; e a união homo afetiva não pode ser convertida em casamento, objetivo do § 3º, porque o código civil impede.
É interessante que se a esposa morre o marido continua tendo vínculo parental com os sogros. Essa relação não se rompe com a morte do elo entre os dois, a esposa.
R: Segundo o STF estende-se o conceito de cônjuge compreende também o companheiro da união estável e o parceiro da união homo afetiva. A vedação estende-se a todos. Interpretou o § 7º como união afetiva, mesmo que essa união afetiva não gere vínculo familiar.
Politicamente	a	interpretação	do	STF	foi	perfeita,	porque	o	que	se	quer	impedir	é
a perpetuação do poder de determinado núcleo de pessoas, que mantêm uma relação afetiva. Mas juridicamente a interpretação foi horrorosa (absurdo jurídico), porque normas que restringem direitos (norma que restringe direito político – participar de pleito) só podem ser interpretadas restritivamente e nunca extensivamente. E mais extensiva que essa interpretação do STF impossível!
3º Caso: Caso de Ipubi: Ipubi é um município em que a prefeita eleita e reeleita. Em seu segundo mandato houve separação judicial do marido, e o ex-marido passa a concorrer como candidato a prefeito; isso é fraude? Havendo separação judicial ou divórcio no segundo mandato, trata-se de fraude eleitoral? Porque no segundo mandato o cônjuge já é inelegível, salvo se o vínculo de casamento for desfeito. A presunção de fraude nesse caso é absoluta ou relativa (admite prova em contrário)?
Obs.: O STF considerou inconstitucional a aplicação da Emenda 52 art.2º (fim da verticalização) para esse pleito. O texto da Emenda é tão ruim que nela está disposto
que a emenda se aplica a eleição de 2002. Portanto nessa atual eleição é obrigatório a verticalização: as Alianças federais devem ser repetidas em Estados e Municípios. Isso prejudicou o Garotinho que queria sair como candidato a Presidência da República pelo PMDB, porque se o PMDB
de
fraude
à
eleição
é
relativa,
podendo
ser
elidida
por
provas
em
tiver	candidatura	própria	para	Presidente	terá	que	ter	candidato	próprio	para	todos	os	estados	e
municípios, prejudicando as alianças nesses locais.
Imaginemos que o Garotinho, por não poder ser mais candidato a Presidente, queira se candidatar ao Governo do Rio, mas casado com Rosinha ele é inelegível. Então 6 meses antes do pleito eles se separam judicialmente. Ele poderia se candidato. A presunção de fraude seria absoluta e relativa?
R: O STF quando julgou o caso Ipubi manteve sua jurisprudência numa parte e modificou em outra. Manteve a seguinte parte: Separação de fato não rompe essa impossibilidade de elegibilidade, ou seja, os separados de fato se mantêm
inelegíveis, como se ainda casados fossem. Essa inelegibilidade continua até que haja separação judicial ou divorcio. Não basta ter rompido o vínculo conjugal (separação de fato), e necessário o
rompimento da sociedade conjugal.
Para	o	STF	havendo	separação	judicial	ou	divorcio	no	2º
mandato, a presunção
contrário.
No caso de Ipubi a fraude foi elidida por dois motivos:
(1º) Havia prova nos autos que já havia separação de fato no fim do primeiro mandato da prefeita; portanto, fica claro, que não era intenção deles separarem-se para viabilizar eleição (ela tinha naturalmente direito a reeleição e ele a eleição), ou seja, a separação não tinha intenção de prejudicar o pleito;
(2º) O ex-marido concorreu à eleição com o sogro (que era inelegível por ser pai da prefeita reeleita, mas só foi candidato porque sua candidatura não foi impugnada), eram os dois únicos candidatos à prefeitura de Ipubi, caracterizando que a separação não foi para favorecer o ex-marido, já que prejudicaria o próprio pai, e que o núcleo familiar não estava disputando o pleito, posto que estivesse dividido. Quem ganhou foi o sogro.
Sistemas Eleitorais, Partidos Políticos e Sistemas Partidários
4.3) Sistemas Eleitorais existentes no Brasil:
■ Sistema Eleitoral Majoritário ► É aquele em que o cargo eletivo é alcançado pelo número de votos obtidos pelo candidato. O número de votos obtidos pelo candidato
é o fator determinante para saber se o candidato foi eleito ou não. É aquele sistema então, em que o candidato mais votado está eleito.
Esse sistema e adequado, apesar de não ser exclusivo (existe uma exceção no Poder Legislativo que usa esse sistema*), ao Poder Executivo. Porque é no Poder Executivo que se leva em consideração os votos que o candidato pessoalmente tenha obtido.
Esse sistema pode ser decomposto em maioria simples ou maioria absoluta, conforme seja exigível ou não a maioria absoluta dos votos válidos, que se traduz no segundo turno.
A)	Sistema	Eleitoral	Majoritário	de	Maioria

Outros materiais