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DIREITO INTERNACIONAL

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Direito
Internacional
Conteúdo Programático:
Fontes do Direito Internacional
Sujeitos de Direito Internacional Público Tribunal Penal Internacional
Domínio Público Internacional
Nacionalidade
Aspectos Gerais do Direito Internacional Privado Competência Internacional
Homologação de Sentenças Estrangeiras Direito Penal
Pessoas Jurídicas
Direito de Família Internacional Bibliográficas
Fontes do Direito Internacional
O direito internacional público, também conhecido como direito das gentes, é o ramo do direito que normatiza as relações externas entre componentes da sociedade internacional. Os principais sujeitos de direito internacional são os Estados e as organizações internacionais.
Conforme a doutrina de Francisco Rezek, “no plano internacional não existe autoridade superior nem milícia permanente. Os Estados se organizam horizontalmente, e dispõem-se a proceder de acordo com normas jurídicas na exata medida em que estas tenham constituído objeto de seu consentimento. A criação das normas é, assim, obra direta de seus destinatários” (2010, p. 1).
O direito internacional possui fontes formais e materiais. Fontes formais são as criações normativas para aplicação em caráter geral. Esse caráter geral, em relação ao direito internacional, significa que as espécies normativas tem aplicabilidade apenas aqueles Estados que concordarem e ratificarem a respectiva fonte normativa, e não a todos os Estados do mundo, pois cada um possui a sua soberania e situam-se em plano horizontal. Já as fontes materiais são acontecimentos econômicos, políticos ou sociais que motivam a elaboração de normas sobre o assunto ou a ele relacionados.
São fontes formais do direito internacional:
os tratados;
os costumes;
os princípios gerais de direito;
a doutrina;
a jurisprudência;
a equidade;
os atos unilaterais; e
as decisões tomadas pelas organizações internacionais.
Tratados
Antes, os tratados eram elaborados apenas com base nos costumes internacionais, dentro das margens da boa-fé e do pacta sunt servanda.
Hoje, no entanto, já existem normas elaboradas em âmbito internacional com o específico propósito de disciplinar essa matéria. Nesse contexto, é importante conhecer o preâmbulo da Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados, de 23 de maio de 1969:
Os Estados Partes na presente Convenção, Considerando o papel fundamental dos tratados na história das relações internacionais.
Reconhecendo a importância cada vez maior dos tratados como fonte do Direito Internacional e como meio de desenvolver a cooperação pacífica entre as nações, quaisquer que sejam seus sistemas constitucionais e sociais.
Constatando que os princípios do livre consentimento e da boa fé e a regra pacta sunt servanda são universalmente reconhecidos.
Afirmando que as controvérsias relativas aos tratados, tais como outras controvérsias internacionais, devem ser solucionadas por meios pacíficos e de conformidade com os princípios da Justiça e do Direito Internacional.
Recordando a determinação dos povos das Nações Unidas de criar condições necessárias à manutenção da Justiça e do respeito às obrigações decorrentes dos tratados.
Conscientes dos princípios de Direito Internacional incorporados na Carta das Nações Unidas, tais como os princípios da igualdade de direitos e da autodeterminação dos povos, da igualdade soberana e
da independência de todos os Estados, da não-intervenção nos assuntos internos dos Estados, da proibição da ameaça ou do emprego da força e do respeito universal e observância dos direitos humanos e das liberdades fundamentais para todos, Acreditando que a codificação e o desenvolvimento progressivo do direito dos tratados alcançados na presente Convenção promoverão os propósitos das Nações Unidas enunciados na Carta, que são a manutenção da paz e da segurança internacionais, o desenvolvimento das relações amistosas e a consecução da cooperação entre as nações, Afirmando que as regras do Direito Internacional consuetudinário continuarão a reger as questões não reguladas pelas disposições da presente Convenção,
Convieram no seguinte: […]
Segundo a mencionada Convenção, tratado significa um acordo internacional concluído por escrito entre Estados e regido pelo Direito Internacional, quer conste de um instrumento único, quer de dois ou mais instrumentos conexos, qualquer que seja sua denominação específica (art. 1º, alínea “a”, da Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados – CVDT).
A Convenção de Viena de 1969 não previa como pessoas jurídicas de direito internacional as organizações internacionais, motivo pelo qual a Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados entre Estados e Organizações Internacionais ou entre Organizações Internacionais, de 1986, cuidou do assunto praticamente reproduzindo a Convenção de 1969, apenas para incluir na regulamentação dos tratados as organizações internacionais.
Nesse contexto, veja-se a conceituação de tratado pelo artigo 2º da
Convenção de Viena, de 1986:
Art. 2º – Termos empregados:
1. Para efeitos da presente Convenção:
a) Por “tratado” entende-se um acordo internacional regido pelo direito internacional e celebrado por escrito:
Entre um ou várias Estados e uma ou várias organizações internacionais; ou
Entre organizações internacionais, quer esse acordo conste de um instrumento único ou de dois ou mais instrumentos conexos e qualquer que seja a sua denominação particular.
Os diversos instrumentos normativos internacionais demonstram que “acordo” e “convenção” são expressões que tem sido utilizadas como sinônimas de tratado.
Requisitos de validade
São requisitos que condicionam a validade dos tratados:
a capacidade das partes;
a habilitação dos agentes signatários;
o consentimento mútuo; e
o objeto lícito e possível.
A capacidade dos Estados consta expressamente do artigo 6º da Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados, de 1969, que prevê que todo Estado tem capacidade para concluir tratados. Já a capacidade das organizações internacionais está contida no artigo 6º da Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados entre Estados e Organizações Internacionais ou entre Organizações Internacionais, de 1986, que dispõe que as organizações internacionais tem capacidade para concluir tratados, e que essa capacidade rege-se pelas regras das respectivas organizações.
A habilitação se traduz na entrega de plenos poderes aos representantes dos sujeitos internacionais, também conhecidos como plenipotenciários. Veja-se o conceito de plenos poderes segundo o artigo 2º da Convenção de Viena de 1986:
Art. 2º – Termos empregados:
1. Para efeitos da presente Convenção:
[…]
c) Por “plenos poderes” entende-se um documento que emana da autoridade competente de um Estado ou do órgão competente de uma organização internacional e pelo qual se designa uma ou várias pessoas para representar o Estado ou a organização na negociação, na adoção ou na autenticação do texto de um tratado,
para expressar o consentimento do Estado ou da organização em obrigar-se por um tratado, ou para executar qualquer outro ato relativamente a um tratado.
O consentimento mútuo indica a necessidade de concordância recíproca entre as partes contratantes, de forma volitiva. Segundo a Convenção de Viena, tanto a de 1969 como a de 1986, o vício de consentimento gera a nulidade do tratado e pode se manifestar sob a forma de erro, dolo, corrupção e coação. No caso de coação, ela pode ocorrer tanto por meio de um representante do Estado, como através de um Estado ou de uma organização internacional, pela ameaça ou pelo emprego de força. Acerca do tema, veja-se a redação dos artigos 46 a 52 da Convenção de Viena de 1969:
Artigo 46 - Disposições do Direito Interno sobre Competência para Concluir Tratados:
1. Um Estado não pode invocar o fato de que seu consentimento em obrigar-se por um tratado foi expresso em violaçãode uma disposição de seu direito interno sobre competência para concluir tratados, a não ser que essa violação fosse manifesta e dissesse respeito a uma norma de seu direito interno de importância fundamental.
2. Uma violação é manifesta se for objetivamente evidente para qualquer Estado que proceda, na matéria, de conformidade com a prática normal e de boa fé.
Artigo 47 - Restrições Específicas ao Poder de Manifestar o Consentimento de um Estado: Se o poder conferido a um representante de manifestar o consentimento de um Estado em obrigar-se por um determinado tratado tiver sido objeto de restrição específica, o fato de o representante não respeitar a restrição não pode ser invocado como invalidando o consentimento expresso, a não ser que a restrição tenha sido notificada aos outros Estados negociadores antes da manifestação do consentimento.
Artigo 48 – Erro:
Um Estado pode invocar erro no tratado como tendo invalidado o seu consentimento em obrigar-se pelo tratado se o erro se referir a um fato ou situação que esse Estado supunha existir no momento em que o tratado foi concluído e que constituía uma base essencial de seu consentimento em obrigar-se pelo tratado.
O parágrafo 1 não se aplica se o referido Estado contribui para tal erro pela sua conduta ou se as circunstâncias foram tais que o Estado devia ter-se apercebido da possibilidade de erro.
Um erro relativo à redação do texto de um tratado não prejudicará sua validade; neste caso, aplicar-se-á o artigo 79.
Artigo 49 – Dolo:
Se um Estado foi levado a concluir um tratado pela conduta fraudulenta de outro Estado negociador, o Estado pode invocar a fraude como tendo invalidado o seu consentimento em obrigar-se pelo tratado.
Artigo 50 - Corrupção de Representante de um Estado:
Se a manifestação do consentimento de um Estado em obrigar-se por um tratado foi obtida por meio da corrupção de seu representante, pela ação direta ou indireta de outro Estado negociador, o Estado pode alegar tal corrupção como tendo invalidado o seu consentimento em obrigar-se pelo tratado.
Artigo 51 - Coação de Representante de um Estado:
Não produzirá qualquer efeito jurídico a manifestação do consentimento de um Estado em obrigar-se por um tratado que tenha sido obtida pela coação de seu representante, por meio de atos ou ameaças dirigidas contra ele.
Artigo 52 - Coação de um Estado pela Ameaça ou Emprego da Força:
É nulo um tratado cuja conclusão foi obtida pela ameaça ou o emprego da força em violação dos princípios de Direito Internacional incorporados na Carta das Nações Unidas.
Por fim, último requisito de validade dos tratados é o objeto lícito e possível, isto é, o objeto contratual não pode ser contraposto às normas de direito internacional público e deve ser materialmente executável. Acerca do tema, veja-se a redação do artigo 53 da Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados:
Artigo 53 - Tratado em Conflito com uma Norma Imperativa de Direito Internacional Geral (jus cogens):
É nulo um tratado que, no momento de sua conclusão, conflite com uma norma imperativa de Direito Internacional geral. Para os fins da presente Convenção, uma norma imperativa de Direito Internacional geral é uma norma aceita e reconhecida pela comunidade internacional dos Estados como um todo, como norma da qual nenhuma derrogação é permitida e que só pode ser modificada por norma ulterior de Direito Internacional geral da mesma natureza.
Processo de formação dos tratados
O processo de formação dos tratados possui dois âmbitos, um externo e outro interno. No âmbito externo, são fases do processo de formação dos tratados:
a negociação, a adoção e a assinatura (1ª fase);
a ratificação (3ª fase);
Já no âmbito interno, são fases do processo de formação dos
tratados:
o referendo parlamentar (2ª fase); e
a promulgação e a publicação (4ª fase).
Essas fases, no entanto, não são sucessivas, mas interligadas. O referendo parlamentar (em âmbito interno), ocorre após a negociação, adoção e assinatura (em âmbito externo), ao passo que a promulgação e publicação (em âmbito interno) ocorre após a ratificação (em âmbito externo).
Negociação, adoção e assinatura (1ª fase)
Após a fase de discussões e negociações, aos Estados é apresentado um texto escrito finalmente elaborado. Conforme prevê o artigo 9º da Convenção de Viena, a adoção do texto de um tratado far-se-á por consentimento de todos os Estados e de todas as organizações internacionais, salvo no caso de conferência internacional, caso em que essa adoção pode depender de quórum diferente, a depender do que fora acordado entre os participantes da mesma. Nesse caso, se não se conseguir um acordo sobre tal procedimento, a adoção do texto far-se-á por 2/3 (dois terços) dos participantes presentes e votantes, a menos que esses participantes decidam por igual maioria aplicar regra diferente.
Ato contínuo, passa-se a fase de autenticação do tratado. Sobre o assunto, veja-se o procedimento por meio da análise do artigo 10 da Convenção de Viena, de 1986:
Artigo 10 - Autenticação do Texto:
1. O texto de um tratado entre um ou vários Estados e uma ou várias organizações internacionais ficará estabelecido como autêntico e definitivo:
a) Mediante o procedimento que nele se prescrever ou que seja acordado entre os Estados e as organizações que tenham participado na sua elaboração; ou
b) Na falta de tal procedimento, mediante a sua assinatura, assinatura ad referendum ou a rubrica pelos representantes desses
Estados e dessas organizações, do texto do tratado ou do ato final de uma conferência em que o texto tenha sido incluído.
2. O texto de um tratado entre organizações internacionais ficará estabelecido como autêntico e definitivo:
Mediante o procedimento que nele se prescreva ou que seja acordado pelas organizações que tenham participado na sua elaboração;
Na falta de tal procedimento, mediante a sua assinatura, assinatura ad referendum ou a rubrica pelos representantes dessas organizações, do texto do tratado ou do ato final de uma conferência em que o texto tenha sido incluído.
Como se vê, portanto, a assinatura não tem o caráter de aceite definitivo do tratado. Embora seja etapa relevante, tem caráter de provisoriedade. No caso do representante do Estado ou organização internacional não possuir autorização regular, ele deve apenas rubricar o texto, que posteriormente deve ser assinado por quem tenha poderes de representação regular do Estado ou organização internacional.
Referendo parlamentar (2ª fase)
Após a assinatura, a segunda fase para aprovação de um tratado não é internacional, mas interna. Tão logo seja concluída a primeira fase, o texto do tratado deve ser remetido ao Congresso Nacional, que deve sobre ele deliberar.
São 4 (quatro) as condutas passíveis de serem adotadas pelo Congresso Nacional:
aprovação integral;
aprovação com reservas;
aprovação com declaração de discordância às reservas do Poder Executivo; ou
rejeição integral.
Caso o Congresso Nacional rejeite integralmente o texto do tratado, a decisão tem caráter definitivo. Nos demais casos, há continuação do procedimento relativo a aprovação e aplicação do respectivo tratado.
Acerca das reservas, é importante conhecer o teor do artigos 19 20 da Convenção de Viena de 1969:
Um Estado pode, ao assinar, ratificar, aceitar ou aprovar um tratado, ou a ele aderir, formular uma reserva, a não ser que:
a reserva seja proibida pelo tratado;
o tratado disponha que só possam ser formuladas determinadas reservas, entre as quais não figure a reserva em questão; ou
nos casos não previstos nas alíneas a e b, a reserva seja incompatível com o objeto e a finalidade do tratado.
Artigo 20 - Aceitação de Reservas e Objeções às Reservas:
Uma reserva expressamente autorizada por um tratado não requer qualquer aceitação posterior pelos outros Estados contratantes, a não ser que o tratado assim disponha.
Quando se inferedo número limitado dos Estados negociadores, assim como do objeto e da finalidade do tratado, que a aplicação do tratado na íntegra entre todas as partes é condição essencial para o consentimento de cada uma delas em obrigar-se pelo tratado, uma reserva requer a aceitação de todas as partes.
Quando o tratado é um ato constitutivo de uma organização internacional, a reserva exige a aceitação do órgão competente da organização, a não ser que o tratado disponha diversamente.
Nos casos não previstos nos parágrafos precedentes e a menos que o tratado disponha de outra forma:
a aceitação de uma reserva por outro Estado contratante torna o Estado autor da reserva parte no tratado em relação àquele outro Estado, se o tratado está em vigor ou quando entrar em vigor para esses Estados;
a objeção feita a uma reserva por outro Estado contratante não impede que o tratado entre em vigor entre o Estado que formulou a objeção e o Estado autor da reserva, a não ser que uma intenção contrária tenha sido expressamente manifestada pelo Estado que formulou a objeção;
um ato que manifestar o consentimento de um Estado em obrigar-se por um tratado e que contiver uma reserva produzirá efeito logo que pelo menos outro Estado contratante aceitar a reserva.
5. Para os fins dos parágrafos 2 e 4, e a não ser que o tratado disponha diversamente, uma reserva é tida como aceita por um Estado se este não formulou objeção à reserva quer no decurso do prazo de doze meses que se seguir à data em que recebeu a notificação, quer na data em que manifestou o seu consentimento em obrigar-se pelo tratado, se esta for posterior.
Naturalmente, não pode ser alvo de reserva o próprio objeto ou finalidade do tratado.
Por derradeiro, quanto a retirada de reservas e de objeções feitas às reservas, veja-se o artigo 22 da Convenção de Viena de 1969:
Artigo 22 - Retirada de Reservas e de Objeções às Reservas:
1. A não ser que o tratado disponha de outra forma, uma reserva pode ser retirada a qualquer momento, sem que o consentimento do Estado que a aceitou seja necessário para sua retirada.
A não ser que o tratado disponha de outra forma, uma objeção a uma reserva pode ser retirada a qualquer momento.
A não ser que o tratado disponha ou fique acordado de outra forma:
a retirada de uma reserva só produzirá efeito em relação a outro Estado contratante quando este Estado receber a correspondente notificação;
a retirada de uma objeção a uma reserva só produzirá efeito quando o Estado que formulou a reserva receber notificação dessa retirada.
Ratificação (3ª fase)
Após a manifestação do Congresso Nacional, desde que não tenha sido pela rejeição integral do tratado, o texto do mesmo segue para o Presidente da República, que pode ou não ratificar a assinatura nele proferida.
Como se havia mencionado, note-se o caráter precário da assinatura, pois o Presidente da República, em ato discricionário, pode ou não ratificá-la.
Realizada a ratificação, pelo Presidente da República, o tratado se torna obrigatório para o Estado, e este se vincula definitivamente com os demais Estados-Partes.
Promulgação (4ª fase)
Se o Presidente da República ratificar, ele deve também promulgar o respectivo tratado e publicá-lo no Diário Oficial da União, com o que ele adquire relevância jurídica externa e interna.
Interpretação dos tratados
A interpretação dos tratados não pode se afastar da boa-fé, tãomenos da finalidade que motivou a celebração do mesmo.
Acerca do assunto, é necessário conhecer os artigos 31 e 32 daConvenção de Viena, de 1969:
Artigo 31 - Regra Geral de Interpretação:
Um tratado deve ser interpretado de boa fé segundo o sentido comum atribuível aos termos do tratado em seu contexto e à luz de seu objetivo e finalidade.
Para os fins de interpretação de um tratado, o contexto compreenderá, além do texto, seu preâmbulo e anexos:
qualquer acordo relativo ao tratado e feito entre todas as partes em conexão com a conclusão do tratado;
qualquer instrumento estabelecido por uma ou várias partes em conexão com a conclusão do tratado e aceito pelas outras partes como instrumento relativo ao tratado.
Serão levados em consideração, juntamente com o contexto:
qualquer acordo posterior entre as partes relativo à interpretação do tratado ou à aplicação de suas disposições;
qualquer prática seguida posteriormente na aplicação do tratado, pela qual se estabeleça o acordo das partes relativo à sua interpretação;
quaisquer regras pertinentes de Direito Internacional aplicáveis às relações entre as partes.
4. Um termo será entendido em sentido especial se estiver estabelecido que essa era a intenção das partes.
Artigo 32 - Meios Suplementares de Interpretação:
Pode-se recorrer a meios suplementares interpretação, inclusive aos trabalhos preparatórios tratado e às circunstâncias de sua conclusão, a fim confirmar o sentido resultante da aplicação do artigo ou de determinar o sentido quando a interpretação, de conformidade com o artigo 31:
deixa o sentido ambíguo ou obscuro; ou
conduz a um resultado que é manifestamente absurdo ou desarrazoado.
Tratados e terceiros Estados
Os tratados, via de regra, não produzem efeitos em relação aos Estados que não tenham figurado como partes, sob pena de lesão à soberania dos mesmos.
Há, no entanto, relevantes ressalvas, consoante se faz citação os seguintes dispositivos da Convenção de Viena:
Artigo 34 - Regra Geral com Relação a Terceiros Estados:
Um tratado não cria obrigações nem direitos para um terceiro Estado sem o seu consentimento.
Artigo 35 - Tratados que Criam Obrigações para Terceiros Estados:
Uma obrigação nasce para um terceiro Estado de uma disposição de um tratado se as partes no tratado tiverem a intenção de criar a obrigação por meio dessa disposição e o terceiro Estado aceitar expressamente, por escrito, essa obrigação.
Artigo 36 - Tratados que Criam Direitos para Terceiros Estados:
1. Um direito nasce para um terceiro Estado de uma disposição de um tratado se as partes no tratado tiverem a intenção de conferir,
por meio dessa disposição, esse direito quer a um terceiro Estado, quer a um grupo de Estados a que pertença, quer a todos os Estados, e o terceiro Estado nisso consentir. Presume-se o seu consentimento até indicação em contrário, a menos que o tratado disponha diversamente.
2. Um Estado que exerce um direito nos termos do parágrafo 1 deve respeitar, para o exercício desse direito, as condições previstas no tratado ou estabelecidas de acordo com o tratado.
Artigo 37 - Revogação ou Modificação de Obrigações ou Direitos de Terceiros Estados:
Qualquer obrigação que tiver nascido para um terceiro Estado nos termos do artigo 35 só poderá ser revogada ou modificada com o consentimento das partes no tratado e do terceiro Estado, salvo se ficar estabelecido que elas haviam acordado diversamente.
Qualquer direito que tiver nascido para um terceiro Estado nos termos do artigo 36 não poderá ser revogado ou modificado pelas partes, se ficar estabelecido ter havido a intenção de que o direito não fosse revogável ou sujeito a modificação sem o consentimento do terceiro Estado.
Artigo 38 - Regras de um Tratado Tornadas Obrigatórias para Terceiros Estados por Força do Costume Internacional:
Nada nos artigos 34 a 37 impede que uma regra prevista em um tratado se torne obrigatória para terceiros Estados como regra consuetudinária de Direito Internacional, reconhecida como tal.
Extinção dos tratados
A extinção de um tratado ou a retirada de uma das partes pode ocorrer de conformidade com as disposições do tratado ou a qualquer momento, pelo consentimento de todas as partes, após a
consulta com os outros Estados contratantes (art. 54 da Convenção de Viena).
São formas de extinção dos tratados:
a execução completa;
o consentimento mútuo;
o termo ou a condiçãoresolutória;
a ruptura das relações diplomáticas;
a impossibilidade de execução;
a inexecução por uma das partes;
a caducidade; ou
a denúncia.
A extinção do tratado pela execução completa ocorre quando todas as partes cumprem o pactuado, de modo que resta exaurido o objeto do tratado.
Um tratado também pode ser extinto quando, por consentimento de todas as partes, decide-se colocar fim ao mesmo.
Ultrapassado o prazo previsto para ocorrência do evento previsto (termo), sem que este tenha se verificado e sendo o tratado por tempo determinado, este reputa-se extinto. Do mesmo modo, extingue-se o tratado quando se constata a ocorrência de evento futuro e incerto, de modo a revelar a ocorrência da condição resolutória nele prevista.
A ruptura das relações diplomáticas, via de regra, verifica-se pela iminência ou efetivo início de uma guerra. Com ela quebram-se as relações entre os envolvidos e, consequentemente, extinguem-se os tratados celebrados. Embora seja frequente, nada impede que determinados tratados sejam mantidos durante uma guerra. O próprio artigo 63 da Convenção de Viena dispõe que o rompimento de relações diplomáticas ou consulares entre partes em um tratado não afeta as relações jurídicas estabelecidas entre elas pelo
tratado, salvo na medida em que a existência de relações diplomáticas ou consulares for indispensável à aplicação do tratado.
Conforme prevê o artigo 61 da Convenção de Viena, uma parte pode invocar a impossibilidade de cumprir um tratado como causa para extingui-lo ou para dele retirar-se, se esta possibilidade resultar da destruição ou do desaparecimento definitivo de um objeto indispensável ao cumprimento do tratado. Caso a impossibilidade seja temporária, só poderá ser invocada como causa para suspender a execução do tratado.
Quando uma das partes não cumprir o tratado, e este for de natureza bilateral, a outra parte pode optar pela suspensão ou extinção do mesmo. E caso o tratado seja de natureza multilateral, a inexecução por uma das partes confere às demais o direito de não executar o tratado em relação a todas as partes, apenas em relação ao Estado infrator, ou apenas entre o Estado infrator e o Estado afetado pela inexecução.
Um tratado se extingue pela caducidade quando deixa de ser aplicado com o decorrer do tempo, ou quando práticas opostas a ele surgem no tempo, de modo a torná-lo inexecutável.
Por fim, a denúncia, ou declaração unilateral de extinção, é o meio pelo qual um Estado declara sua vontade de não fazer mais parte do tratado, o que gera a extinção do mesmo em relação, apenas, ao Estado denunciante.
Costume internacional
O costume foi, durante muito tempo, a principal base do direito internacional público. Embora não tenha desaparecido, sucumbiu ante uma tendência moderna de codificação das normas. Se diz que não desapareceu, pois em inúmeros casos essa codificação nada mais faz do que formalizar, através de tratados, os costumes internacionalmente reconhecidos.
Conforme dispõe o artigo 38, parágrafo primeiro, alínea “b”, do
Estatuto da Corte Internacional de Justiça, os costumes são práticas gerais aceitas como direito.
Por derradeiro, cumpre mencionar, conforme a doutrina de Francisco Rezek, que não há hierarquia entre os tratados e os costumes internacionais, sendo comum que um seja causa de derrogação do outro.
Princípios gerais de direito
Um princípio geral de direito é aquele reconhecido como tal por vários Estados civilizados, nos termos em que dispõe o artigo 38, parágrafo primeiro, alínea “c” do Estatuto da Corte Internacional de
Justiça.
Dentre os principais, pode-se citar os seguintes princípios gerais de direito, todos consagrados através do artigo 4º da Constituição Federal de 1988:
independência nacional;
prevalência dos direitos humanos;
autodeterminação dos povos;
não-intervenção;
igualdade entre os Estados;
defesa da paz;
solução pacífica dos conflitos;
repúdio ao terrorismo e ao racismo;
cooperação entre os povos para o progresso da humanidade;
concessão de asilo político.
Doutrina e jurisprudência
A doutrina e a jurisprudência mostram-se segundo a melhor doutrina, como instrumento de interpretação da norma de direito internacional público, e não propriamente como fonte do mesmo.
A doutrina, consabido, é o estudo de reconhecidos especialistas em direito internacional, enquanto a jurisprudência internacional forma-se pelo conjunto de decisões judiciais proferidas em âmbito internacional.
É importante frisar que as decisões judiciais nacionais não constituem jurisprudência, apta a ser utilizada em âmbito internacional.
Equidade e analogia
A equidade e a analogia são instrumentos que conduzem ao melhor raciocínio acerca da aplicação das normas. Não são, portanto, propriamente fontes do direito internacional.
Por meio desses dois instrumentos busca-se a correta e mais adequada interpretação a determinados casos concretos.
Em relação a equidade, conforme salienta Francisco Rezek, “parece generalizada a convicção de que a equidade pode operar tanto na hipótese de insuficiência da norma de direito positivo aplicável quanto naquela em que a norma, embora bastante, traz ao caso concreto uma solução inaceitável pelo senso de justiça do intérprete” (2010, p. 148).
Atos unilaterais
Os atos unilaterais não foram incluídos no rol do artigo 38 do Estatuto da Corte Internacional de Justiça, motivo pelo qual é controverso o reconhecimento deles como fonte do direito internacional público.
O ato unilateral é aquele praticado por apenas um sujeito de direito internacional público. A denúncia de um tratado ou a reserva em relação a parte dele constituem, pois, atos unilaterais.
Decisões das organizações internacionais
As decisões das organizações internacionais, da mesma forma que os atos unilaterais, por não constarem do rol do artigo 38 do Estatuto da Corte Internacional de Justiça também tem questionado seu caráter de fonte do direito internacional público.
Uma resolução editada por uma organização internacional, como a Organização das Nações Unidas por exemplo, embora não vincule, convida os diversos Estados que dela fazem parte a observarem suas recomendações.
Sujeitos de Direito Internacional Público
Os sujeitos de direito internacional, também chamados de sujeitos em direito das gentes, ou simplesmente de pessoas jurídicas de direito internacional público, são os Estados soberanos e as organizações internacionais. A Santa Sé, é importante salientar, equipara-se aos Estados soberanos.
É originária a personalidade jurídica de direito internacional público dos Estados soberanos, enquanto é derivada a das organizações internacionais.
As empresas, sejam públicas ou privadas, não são consideradas sujeitos de direito internacional público, assim como as Organizações Não-Governamentais (ONG's). Exceção em relação as ONG's seja feita em relação ao Comitê Internacional da Cruz Vermelha, ao qual se reconhece a personalidade jurídica de direito internacional.
Em relação as pessoas, individualmente consideradas, há divergência doutrinária sobre o reconhecimento da sua personalidade jurídica de direito internacional. Parece mais adequada a posição de Francisco Rezek (2010, p. 154), por meio
da qual não se consideram os indivíduos como sujeitos de direito internacional. Os que filiam-se à teoria que atribuiu essa personalidade aos indivíduos, utilizam o argumento de que eles são os destinatários das normas e, portanto, também gozam dessa personalidade de direito internacional público.
Todo sujeito de direito internacional público é sujeito de direitos e também de deveres.
Conforme apontado pela melhor doutrina, os sujeitos de direito internacional podem ser classificados em:
Estados;
Organizações internacionais; e
Coletividades não estatais.
Estados
Para que se fale em Estado, há que se falar na reunião de 4 (quatro) elementos:território;
povo;
governo; e
soberania.
Território é o elemento material (ou físico) do Estado. Compreende, grosso modo, a superfície, o subsolo e o espaço aéreo que o território ocupa.
Povo é o elemento pessoal do Estado. Note-se que a expressão “povo” é mais precisa que “população” quando se fala de elementos do Estado, pois enquanto população compreende todos aqueles que estejam em território nacional, sejam nacionais ou não, estejam de maneira permanente ou temporária, povo compreende apenas as pessoas que possuem vínculo jurídico com o respectivo Estado.
Governo é a medida de organização necessária ao exercício e à manutenção do poder político.
Soberania é o poder do Estado que o autoriza a não se submeter à nenhuma autoridade exterior, permitindo-lhe reger-se de acordo com os sistemas que adotar.
Não se pode deixar de mencionar que segundo Dalmo de Abreu Dallari, em sua clássica obra “Elementos de Teoria Geral do Estado”, fala-se em um quinto elemento para que se possa falar na existência de um Estado, que é a finalidade. O elemento finalidade delimita a forma de atuação do Estado, que deve direcionar suas atividades com o objetivo de satisfazer suas finalidades.
Reconhecimento do Estado
O reconhecimento de um Estado é feito por parte dos demais, com o que o primeiro adquire personalidade jurídica de direito internacional público.
Para que esse reconhecimento ocorra exige-se o pedido do Estado interessado, que se formaliza por meio do instrumento chamado notificação.
É controversa a natureza jurídica do ato de reconhecimento da
personalidade estatal a um Estado, existindo, pois, as seguintes teorias:
teoria constitutiva;
teoria declarativa; e
teoria mista.
A teoria constitutiva informa que o Estado adquire personalidade estatal após com o ato de reconhecimento, pelos demais Estados.
Pela teoria declarativa, diferentemente, reconhece-se que o Estado adquire personalidade estatal tão logo preencha os 4 (quatro) elementos necessários (supra mencionados), caso em que o ato dos demais Estados apenas atestam a personalidade que o Estado já possuiu. Essa teoria é majoritária no cenário internacional.
Já pela teoria mista entende-se que o reconhecimento do novo Estado pelos demais atesta a personalidade deste e constitui entre os Estados que reconheceram e o Estado reconhecido, uma relação de direitos e de obrigações.
Reconhecimento de governo
Se fala em reconhecimento de governo quando, presumivelmente, já ocorreu o reconhecimento do Estado, e mais, que esse Estado que já era reconhecido suportou uma alteração em sua ordem política.
Quando houver a instalação de um novo governo em um Estado, há que se operacionalizar o reconhecimento desse governo. Não haverá reconhecimento quando, por exemplo, houver golpe de Estado.
Acerca do reconhecimento de governo, duas são as teorias internacionalmente difundidas:
doutrina Tobar; e
doutrina Estrada.
Por meio da doutrina Tobar, os demais Estados só devem reconhecer o Estado que esteja sob um governo provisório quando ficar demonstrado que esse governo conta com apoio e aprovação popular.
A doutrina Estrada, por sua vez, informa que os demais Estados não devem se pronunciar acerca do reconhecimento ou não do governo provisório de um Estado, pois esse reconhecimento
fere a soberania desse Estado, já que os outros não devem assumir posturas críticas, favoráveis ou desfavoráveis, em relação a capacidade desse novo regime.
Por derradeiro, há que se salientar que não há que se falar na necessidade de reconhecimento quando a alteração da ordem política ocorrer de maneira legitima, por meio de eleições democráticas, por exemplo.
Coletividades não estatais
Algumas pessoas jurídicas de direito internacional público não se encaixam no conceito de Estado, tão menos no de organização internacional. Inobstante, são reconhecidas pelos demais Estados.
Beligerantes
Beligerantes são os movimentos revolucionários de grupos armados que comandam parte de um território estatal e objetivam sua independência.
Se houver reconhecimento de uma coletividade como beligerante, ela passará a gozar de direitos e deveres em relação aos demais Estados, os quais se relacionam exclusivamente à guerra. Do mesmo modo que os grupos beligerantes podem receber ajuda humanitária, podem sofrer restrições das mais variadas órbitas.
É importante frisar que para que se fale em coletividade beligerante há que se falar em movimento armado de grandes proporções e que aparentam possuir força para exercer poderes similares ao do Estado.
Insurgentes
Se o movimento armado não tem grandes proporções, não pode ser chamado de beligerante, mas pode ser classificado como insurgente.
Os movimentos insurgentes assumem motivação política e não alcançam características palpáveis de guerra civil.
Também pode haver o reconhecimento de coletividades insurgentes por outros Estados, mas os direitos e deveres decorrentes desse reconhecimento são mais restritos do que os decorrentes do reconhecimento dos movimentos beligerantes.
Movimentos de libertação nacional
Como é sugestiva a expressão, os movimentos de libertação nacional tem por objetivo alcançar a liberdade de um determinado povo.
Reconhecida a personalidade jurídica de direito internacional público ao movimento de libertação nacional, ela se manifesta sob três âmbitos:
nas relações internacionais;
nos direitos dos tratados; e
no direito humanitário.
Santa Sé
O Estado da Cidade do Vaticano foi reconhecido como Estado pelos acordos de Latrão, em 1929, entre a Santa Sé e a Itália. O tratado de Latrão foi incorporado à Constituição Italiana em 1947.
A Santa Sé, apesar de não se identificar como um Estado comum, possui personalidade jurídica de direito internacional (REZEK, 2010, p. 250 e 251). Isso ocorre pois embora o Estado da Cidade do Vaticano tenha todos os elementos de um Estado (território, povo, governo e soberania), sua finalidade é a de
governo da Igreja Católica, e não apenas de governo do Estado da Cidade do Vaticano.
Considerada como detentora de soberania originária, a Santa Sé, pois, equipara-se aos demais Estados.
Comitê Internacional da Cruz Vermelha
Dentre os vários órgãos que formam a Cruz Vermelha, é apenas o Comitê Internacional que possui personalidade jurídica de direito internacional público. Com sede em Genebra, na Suíça, o Comitê é uma organização humanitária, independente e neutra.
A missão do Comitê Internacional da Cruz Vermelha é a de restar assistência às vítimas de conflitos armados e demais situações de violência.
Organizações internacionais
Organizações internacionais, ou entidades interestatais são o resultado da associação volitiva de sujeitos de direito internacional público, constituídas mediante um tratado, composta por órgãos próprios e voltada para a finalidade comum estabelecida pelos seus membros.
A personalidade jurídica de direito internacional público é conferida às organizações internacionais em razão da vontade dos Estados que participam de seus atos constitutivos.
Quanto a composição, “dois órgãos, pelo menos, têm parecido indispensáveis na estrutura de toda organização internacional, independentemente de seu alcance e finalidade: uma assembléia geral – onde todos os Estados-membros tenham voz e voto, em condições igualitárias, e que configure o centro de uma possível competência 'legislativa' da entidade – e uma secretaria, órgão de administração, de funcionamento permanente, integrado por servidores neutros em relação à política dos Estados-membros –
particularmente à de seus próprios Estados patriais” (REZEK, 2010, p. 259).
Organização das Nações Unidas
A Organização das Nações Unidas (ONU) foi criada em 26 de junho de 1945, por meio da Conferência de São Francisco. O objetivo de criação da ONU foi substituir a “Liga das Nações”, que havia sido criada em1919, na França, por meio do Tratado de Versalhes. Enquanto a Liga das Nações foi uma criação pós Primeira Guerra Mundial, a ONU é uma criação pós Segunda Guerra Mundial.
O ato constitutivo da ONU é a Carta das Nações Unidas, e o início das suas atividades ocorreu em 24 de outubro de 1945. No total, 51 (cinquenta e um) países foram signatários da Carta das Nações Unidas, dentre os quais estava o Brasil.
A sede da ONU é em Nova Iorque, nos Estados Unidos, e a sede européia fica situada em Genebra, na Suíça.
Os idiomas oficiais da ONU são:
o inglês;
o francês;
o chinês;
o russo;
o espanhol; e
o árabe.
O financiamento da ONU se dá por meio de contribuições voluntárias de seus membros. O maior contribuinte são os Estados
Unidos, seguidos do Japão, da Alemanha, do Reino Unido e da França.
O artigo 2º da Carta das Nações Unidas aponta os seguintes princípios adotados pela Organização das Nações Unidas:
igualdade: a Organização é baseada no princípio da igualdade de todos os seus Membros;
boa-fé: todos os Membros, a fim de assegurarem para todos em geral os direitos e vantagens resultantes de sua qualidade de Membros, deverão cumprir de boa-fé as obrigações por eles assumidas de acordo com a presente Carta;
solução pacífica dos conflitos: todos os Membros deverão resolver suas controvérsias internacionais por meios pacíficos, de modo que não sejam ameaçadas a paz, a segurança e a justiça internacionais;
não agir contra os propósitos da ONU: todos os Membros deverão evitar em suas relações internacionais a ameaça ou o uso da força contra a integridade territorial ou a dependência política de qualquer Estado, ou qualquer outra ação incompatível com os Propósitos das Nações Unidas;
prestação de auxílio material: todos os Membros darão às Nações toda assistência em qualquer ação a que elas recorrerem de acordo com a presente Carta e se absterão de dar auxílio a qual Estado contra o qual as Nações Unidas agirem de modo preventivo ou coercitivo;
observar os princípios da ONU: a Organização fará com que os Estados que não são Membros das Nações Unidas ajam de acordo com esses Princípios em tudo quanto for necessário à manutenção da paz e da segurança internacionais; e
não-intervenção: nenhum dispositivo da presente Carta autorizará as Nações Unidas a intervirem em assuntos que dependam essencialmente da jurisdição de qualquer Estado ou
obrigará os Membros a submeterem tais assuntos a uma solução, nos termos da presente Carta; este princípio, porém, não
prejudicará a aplicação das medidas coercitivas constantes do Capitulo VII da Carta das Nações Unidas.
Objetivos
Os principais objetivos da Organização das Nações Unidas são:
a) manter a paz e a segurança internacionais e, para esse fim: tomar, coletivamente, medidas efetivas para evitar ameaças à paz e reprimir os atos de agressão ou outra qualquer ruptura da paz e chegar, por meios pacíficos e de conformidade com os princípios da justiça e do direito internacional, a um ajuste ou solução das controvérsias ou situações que possam levar a uma perturbação da paz;
b) desenvolver relações amistosas entre as nações, baseadas no respeito ao princípio de igualdade de direitos e de autodeterminação dos povos, e tomar outras medidas apropriadas ao fortalecimento da paz universal;
conseguir uma cooperação internacional para resolver os problemas internacionais de caráter econômico, social, cultural ou humanitário, e para promover e estimular o respeito aos direitos humanos e às liberdades fundamentais para todos, sem distinção de raça, sexo, língua ou religião; e
ser um centro destinado a harmonizar a ação das nações para a consecução desses objetivos comuns.
Órgãos
São os principais órgãos das Nações Unidas:
a Assembléia Geral;
o Conselho de Segurança;
o Conselho Econômico e Social;
o Conselho de Tutela;
o Tribunal Internacional de Justiça; e
o Secretariado.
Todos os órgãos supra mencionados possuem sede em Nova Iorque (EUA), exceto o Tribunal Internacional de Justiça, que está situado em Haia, Países Baixos.
Assembléia Geral
A Assembléia Geral pode discutir quaisquer questões ou assuntos que estejam incluídos nas finalidades da Carta da Nações Unidas, ou que se relacionem com as atribuições e funções de qualquer dos órgãos nela previstos e, com exceção do estipulado no seu artigo 12 (quando o Conselho de Segurança estiver exercendo, em relação a qualquer controvérsia ou situação, as funções que lhe são atribuídas na Carta das Nações Unidas, a Assembléia Geral não deve fazer nenhuma recomendação a respeito dessa controvérsia ou situação, exceto se solicitado pelo próprio Conselho de Segurança) poderá fazer recomendações aos Membros das Nações Unidas ou ao Conselho de Segurança ou a este e àqueles, conjuntamente, com referência a qualquer daquelas questões ou assuntos.
A Assembléia Geral pode considerar os princípios gerais de cooperação na manutenção da paz e da segurança internacionais, inclusive os princípios que disponham sobre o desarmamento e a regulamentação dos armamentos, e pode fazer recomendações relativas a tais princípios aos Membros ou ao Conselho de Segurança, ou a este e àqueles conjuntamente (art. 11, da Carta das Nações Unidas).
À Assembléia Geral é conferida a possibilidade de discutir quaisquer questões relativas à manutenção da paz e da segurança internacionais, que a ela forem submetidas por qualquer Membro das Nações Unidas, ou pelo Conselho de Segurança, ou por um
Estado que não seja Membro das Nações unidas, de acordo com o Artigo 35, parágrafo segundo, e, com exceção do estipulado no Artigo 12, poderá fazer recomendações relativas a quaisquer destas questões ao Estado ou Estados interessados, ou ao Conselho de Segurança ou a ambos. Qualquer destas questões, para cuja solução for necessária uma ação, deve ser submetida ao Conselho de Segurança pela Assembléia Geral, antes ou depois da discussão.
Sempre que necessário, a Assembléia Geral pode solicitar a atenção do Conselho de Segurança para situações que possam constituir ameaça à paz e à segurança internacionais.
Conforme estipula o artigo 13 da Carta das Nações Unidas, a Assembléia Geral deve realizar estudos e fazer recomendações, destinados a:
promover cooperação internacional no terreno político e incentivar o desenvolvimento progressivo do direito internacional e a sua codificação;
promover cooperação internacional nos terrenos econômico, social, cultural, educacional e sanitário e favorecer o pleno gozo dos direitos humanos e das liberdades fundamentais, por parte de todos os povos, sem distinção de raça, sexo, língua ou religião.
Também é incumbência da Assembléia Geral receber e examinar os relatórios anuais e especiais do Conselho de Segurança. Esses relatórios devem incluir uma relação das medidas que o Conselho de Segurança tenha adotado ou aplicado com a finalidade manter a paz e a segurança internacionais.
Além dos relatórios do Conselho de Segurança, a Assembléia Geral tem a atribuição de receber e examinar os relatórios de outros órgãos das Nações Unidas.
Compete a Assembléia Geral, conforme prevê o artigo 17 da Carta das Nações Unidas, considerar e aprovar o orçamento da organização.
Votação
Casa Membro da Assembléia Geral tem direito a um voto.
As decisões da Assembléia Geral, em questões importantes, serão tomadas por quórum qualificado, de maioria de 2/3 (dois terços) dos Membros presentes e votantes. Essas questões compreendem:
recomendações relativas à manutenção da paz e da segurança internacionais;
à eleição dos Membros não permanentes do Conselho de Segurança;
à eleição dos Membros do Conselho Econômico e Social;
à eleição dos Membros dos Conselho de Tutela, de acordo com o parágrafo primeiro, alínea “c”, do Artigo 86 da Carta das
Nações Unidas;
à admissão de novos Membros das Nações Unidas; à suspensão dos direitos e privilégios de Membros;
à expulsão dos Membros;questões referentes o funcionamento do sistema de tutela; e
questões orçamentárias.
As decisões sobre outras questões exigem apenas a maioria dos membros presentes e que votem.
O Membro das Nações Unidas que esteja em atraso no pagamento de sua contribuição financeira à Organização não terá direito à voto na Assembléia Geral, se o total de suas contribuições atrasadas igualar ou exceder a soma das contribuições correspondentes aos dois anos anteriores completos. A Assembléia Geral pode entretanto, permitir que o referido Membro vote, se ficar provado que a falta de pagamento é devida a condições independentes de sua vontade.
Sessões
A Assembléia Geral reunir-se-á:
em sessões anuais regulares; e
em sessões especiais, exigidas pelas circunstâncias.
As sessões especiais devem ser convocadas pelo Secretário-Geral, a pedido do Conselho de Segurança ou da maioria dos Membros das Nações Unidas.
Conselho de Segurança
O Conselho de Segurança é composto de 15 (quinze) Membros das Nações Unidas, dos quais são membros permanentes :
a China;
a França;
a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas;
o Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte; e
os Estados Unidos da América.
A Assembléia Geral deve eleger, ainda, 10 (dez) outros Membros das Nações Unidas para serem Membros não permanentes do Conselho de Segurança, tendo especialmente em vista, em primeiro lugar, a contribuição dos Membros das Nações Unidas para a manutenção da paz e da segurança internacionais e para os outros propósitos da Organização e também a distribuição geográfica equitativa. Esses membros não permanentes serão eleitos por um período de 2 (dois) anos.
Cada membro do Conselho de Segurança deve ter um representante.
Basicamente, a função do Conselho de Segurança é a manutenção da paz e da segurança internacionais. Com essa finalidade, o Conselho de Segurança deve estabelecer um sistema de regulamentação dos armamentos, desviando para estes o menos possível dos recursos humanos e econômicos do mundo.
Como mencionado, o Conselho de Segurança deve submeter relatórios anuais e, quando necessário, especiais à Assembléia Geral para sua consideração.
Conforme estipula o artigo 25 da Carta das Nações Unidas, os membros das Nações Unidas devem concordar sobre a aceitação e execução das decisões do Conselho de Segurança.
O Conselho de Segurança tem funcionamento contínuo e cada membro do Conselho deve ser, em todos os momentos, representado na sede da Organização.
As reuniões do Conselho de Segurança são periódicas, nas quais cada um de seus membros pode, se assim o desejar, ser representado por um membro do governo ou por outro representante especialmente designado. Admite-se que o Conselho de Segurança reúna-se em outros lugares, fora da sede da Organização, desde que para facilitar o seu trabalho.
Sempre que qualquer membro das Nações Unidas, que não seja membro do Conselho de Segurança, ou qualquer Estado que não seja membro das Nações Unidas for parte em uma controvérsia submetida ao Conselho de Segurança, será convidado a participar da discussão dessa controvérsia, mas sem direito a voto, naturalmente. Nesse caso, o Conselho de Segurança deve determinar as condições que lhe parecerem justas para a participação de um Estado que não seja membro das Nações Unidas.
Solução pacífica das controvérsias
As partes de uma controvérsia, que possa vir a constituir uma ameaça à paz e à segurança internacionais, devem procurar, antes
de tudo, chegar a uma solução por negociação, inquérito, mediação, conciliação, arbitragem, solução judicial, recurso a entidades ou acordos regionais, ou a qualquer outro meio pacífico à sua escolha. Quando julgar necessário, o Conselho de Segurança deve convidar as partes envolvidas em conflito a resolver, por tais meios, suas controvérsias.
O Conselho de Segurança pode investigar qualquer controvérsia ou situação suscetível de provocar atritos entre as Nações ou dar origem a uma controvérsia, com a finalidade de determinar se a continuação de tal controvérsia ou situação pode constituir ameaça à manutenção da paz e da segurança internacionais.
Conforme salienta o artigo 35 da Carta das Nações Unidas, qualquer membro pode solicitar a atenção do Conselho de Segurança ou da Assembléia Geral para qualquer controvérsia, ou qualquer situação capaz de constituir ameaça à paz e à segurança internacionais.
Também o Estado que não for membro das Nações Unidas pode solicitar a atenção do Conselho de Segurança ou da Assembléia Geral para qualquer controvérsia em que seja parte, uma vez que aceite, previamente, em relação a essa controvérsia, as obrigações de solução previstas na Carta das Nações Unidas.
Ação relativa a ameaças à paz, ruptura da paz e atos de agressão
Sempre que o Conselho identificar a existência de qualquer ameaça à paz, ruptura da paz ou ato de agressão, deve fazer recomendações ou decidir que medidas devem ser tomadas, com a finalidade de manter ou restabelecer a paz e a segurança internacionais.
Com o objetivo de evitar que a situação se agrave, o Conselho de Segurança pode, antes de fazer quaisquer recomendações ou decidir a respeito das medidas que devem ser tomadas, convidar as partes interessadas a que aceitem as medidas provisórias que lhe pareçam necessárias ou aconselháveis. Tais medidas provisórias
não prejudicarão os direitos ou pretensões, nem a situação das partes interessadas.
Compete ao Conselho de Segurança decidir sobre as medidas que, sem envolver o emprego de forças armadas, deverão ser tomadas para tornar efetivas suas decisões e poderá convidar os Membros das Nações Unidas a aplicarem tais medidas. Estas poderão incluir a interrupção completa ou parcial:
das relações econômicas;
dos meios de comunicação: b.1) ferroviários;
b.2) marítimos;
b.3) aéreos;
b.4) postais;
b.5) telegráficos;
b.6) radiofônicos; ou
b.7) de outra qualquer espécie;
Outra medida que pode ser adotada é o rompimento das relações diplomáticas, conforme prevê o artigo 41 da Carta das Nações Unidas.
No entanto, caso o Conselho de Segurança considere que as medidas supra mencionadas sejam inadequadas, poderá ser levada a efeito, por meio de forças aéreas, navais ou terrestres, a ação que for julgada necessária para manter ou restabelecer a paz e a segurança internacionais.
Tal ação poderá compreender demonstrações, bloqueios e outras operações, por parte das forças aéreas, navais ou terrestres dos Membros das Nações Unidas.
Quando o Conselho de Segurança decidir pelo emprego de força, deverá, antes de solicitar a um Membro nele não representado, o fornecimento de forças armadas em cumprimento das obrigações assumidas, e convidar o referido Membro, se este assim o desejar, a participar das decisões do Conselho de Segurança relativas ao emprego de contingentes das forças armadas do dito Membro.
Prevê o artigo 49 da Carta das Nações Unidas que os membros das Nações Unidas prestar-se-ão assistência mútua para a execução das medidas determinadas pelo Conselho de Segurança.
Acordos regionais
Prevê o artigo 52 da Carta das Nações Unidas que, nada impede a existência de acordos ou de entidades regionais, destinadas a tratar dos assuntos relativos à manutenção da paz e da segurança internacionais que forem suscetíveis de uma ação regional, desde que tais acordos ou entidades regionais e suas atividades sejam compatíveis com os Propósitos e Princípios das Nações Unidas.
Sendo parte em tais acordos ou constituindo tais entidades, os membros das Nações Unidas devem empregar todo o esforço para chegar a uma solução pacífica das controvérsias locais por meio desses acordos e entidades regionais, antes de as submeter ao Conselho de Segurança.
Cooperação internacional econômica e social
Com a finalidade de criar condições de estabilidade e bem estar, necessárias às relações pacíficas e amistosas entre as Nações, baseadas no respeito ao princípioda igualdade de direitos e da autodeterminação dos povos, as Nações Unidas devem favorecer:
níveis mais altos de vida, trabalho efetivo e condições de progresso e desenvolvimento econômico e social;
a solução dos problemas internacionais econômicos, sociais, sanitários e conexos; a cooperação internacional, de caráter cultural e educacional; e
o respeito universal e efetivo dos direitos humanos e das liberdades fundamentais para todos, sem distinção de raça, sexo, língua ou religião.
Para a realização desses propósitos, todos os membros da Organização das Nações Unidas se comprometeram a agir com esta, em conjunto ou separadamente, conforme previsão do artigo 56 da Carta das Nações Unidas.
Conselho Econômico e Social
O Conselho Econômico e Social compõe-se por 54 (cinquenta e quatro) membros das Nações Unidas eleitos pela Assembléia Geral. A função do Conselho Econômico e Social é realizar ou indicar estudos e elaborar relatórios sobre assuntos internacionais de caráter econômico, social, cultural, educacional, sanitário e conexos. Poderá, igualmente, fazer recomendações destinadas a promover o respeito e a observância dos direitos humanos e das liberdades fundamentais para todos.
Também no Conselho Econômico e Social cada membro tem direito a um voto, sendo que as decisões são tomadas pelo voto da maioria dos membros presentes e votantes.
Declaração relativa a territórios sem governo próprio
Prevê o artigo 73 da Carta das Nações Unidas, que qualquer membro das Nações Unidas, que assuma responsabilidades pela administração de territórios cujos povos não tenham atingido a plena capacidade de se autogovernarem, devem reconhecer o princípio de que os interesses dos habitantes desses territórios são
da mais alta importância, e deve aceitar, como missão sagrada, a obrigação de promover no mais alto grau, dentro do sistema de paz e segurança internacionais estabelecido na Carta das Nações Unidas, o bem-estar dos habitantes desses territórios e, para tal fim, se obrigam a:
assegurar, com o devido respeito à cultura dos povos interessados, o seu progresso político, econômico, social e educacional, o seu tratamento equitativo e a sua proteção contra todo abuso;
desenvolver sua capacidade de governo próprio, tomar devida nota das aspirações políticas dos povos e auxiliá-los no desenvolvimento progressivo de suas instituições políticas livres, de acordo com as circunstâncias peculiares a cada território e seus habitantes e os diferentes graus de seu adiantamento;
consolidar a paz e a segurança internacionais;
promover medidas construtivas de desenvolvimento, estimular pesquisas, cooperar uns com os outros e, quando for o caso, com entidades internacionais especializadas, com vistas à realização prática dos propósitos de ordem social, econômica ou científica enumerados neste artigo; e
transmitir regularmente ao Secretário-Geral, para fins de informação, sujeitas às reservas impostas por considerações de segurança e de ordem constitucional, informações estatísticas ou de outro caráter técnico, relativas às condições econômicas, sociais e educacionais dos territórios pelos quais são respectivamente responsáveis e que não estejam compreendido entre aqueles a que se referem os Capítulos XII e XIII da Carta.
Os membros das Nações Unidas que venham a atuar nessas condições também devem embasar sua atuação com vistas à política seguida nos respectivos territórios metropolitanos, no princípio geral de boa vizinhança, tendo sempre em vista os interesses e o bem-estar do resto do mundo no que se refere às questões sociais, econômicas e comerciais.
Conselho de Tutela
A função do Conselho de Tutela é administrar e fiscalizar os territórios que estejam sem um governo próprio.
A finalidade do Conselho é assegurar e garantir a paz e a segurança internacionais, fomentar o progresso econômico, social, político e educacional dos habitantes dos territórios tutelados, estimular o respeito dos direitos humanos e às liberdades fundamentais e garantir o respeito à igualdade.
Cada membro do Conselho de Tutela tem direito a um voto. As decisões do Conselho serão tomadas pela maioria dos membros presentes e votantes, conforme prevê o artigo 89 da Carta das Nações Unidas.
Corte Internacional de Justiça
A Corte Internacional de Justiça é o principal órgão judiciário das Nações Unidas e tem sede em Haia, Países Baixos.
O funcionamento da Corte Internacional de Justiça, também chamada de Tribunal Internacional de Justiça é disciplinado por estatuto.
A composição da Corte Internacional de Justiça é feita por todos os membros da Organização das Nações Unidas. Ademais, prevê o artigo 93 da Carta das Nações Unidas, que um Estado que não for Membro das Nações Unidas poderá tornar-se parte no Estatuto da Corte Internacional de Justiça, em condições que serão determinadas, em cada caso, pela Assembléia Geral, mediante recomendação do Conselho de Segurança.
É importante conhecer a redação do artigo 94 da Carta das Nações Unidas: “1. cada Membro das Nações Unidas se compromete a conformar-se com a decisão da Corte Internacional de Justiça em qualquer caso em que for parte. 2. Se uma das partes num caso deixar de cumprir as obrigações que lhe incumbem
em virtude de sentença proferida pela Corte, a outra terá direito de recorrer ao Conselho de Segurança que poderá, se julgar necessário, fazer recomendações ou decidir sobre medidas a serem tomadas para o cumprimento da sentença”.
A Carta das Nações Unidas não impede, contudo, que os membros das Nações Unidas confiem a solução de suas divergências a outros tribunais, seja em razão de acordos vigentes em momento anterior ou posterior à Carta.
Por derradeiro, é também importante mencionar que a Assembléia Geral e o Conselho de Segurança podem solicitar parecer consultivo da Corte Internacional de Justiça, sobre qualquer questão de ordem jurídica.
Mas não apenas, já que outros órgãos das Nações Unidas e entidades especializadas, que forem em qualquer época devidamente autorizados pela Assembléia Geral, poderão também solicitar pareceres consultivos da Corte sobre questões jurídicas surgidas dentro da esfera de suas atividades.
É importante, ainda, não confundir a Corte Internacional de Justiça com o Tribunal Penal Internacional, estabelecido em 2002, também em Haia, Países Baixos. O objetivo do Tribunal Penal Internacional (ou Corte Penal Internacional) é julgar indivíduos e não Estados, como a Corte Internacional de Justiça. O Tribunal Penal Internacional é competente para processar e julgar crimes como genocídios, crimes de guerra e crimes contra a humanidade, conforme definição do Estatuto de Roma.
Entrada – Tribunal Penal Internacional
Haia – Países Baixos
Corte Internacional de Justiça
Haia – Países Baixos
Secretariado
O Secretariado é composto de um Secretário-Geral e do pessoal exigido pela Organização. Esse Secretário-Geral deve ser indicado pela Assembléia Geral mediante a recomendação do Conselho de Segurança.
O Secretário-Geral, conforme dispõe o artigo 97 da Carta das Nações Unidas, é o principal funcionário administrativo da Organização.
Incumbe ao Secretário-Geral atuar em todas as reuniões da Assembléia Geral, do Conselho de Segurança, do Conselho Econômico e Social e do Conselho de Tutela e desempenhar outras funções que lhe forem atribuídas por estes órgãos. O Secretário-Geral deve elaborar, ainda, um relatório anual à Assembléia Geral sobre os trabalhos da Organização.
O Secretário-Geral tem autonomia para chamar a atenção do Conselho de Segurança para qualquer assunto que em sua opinião possa ameaçar a manutenção da paz e da segurança internacionais (art. 99 da Carta das Nações Unidas).
Para o desempenho de seus deveres, o Secretário-Geral e o pessoal do Secretariado não podem solicitar nem receber instruções de qualquer governo ou de qualquer autoridade estranha à Organização. Eles também tem o dever de se abster de qualqueração que seja incompatível com a sua posição de funcionários internacionais responsáveis somente perante a Organização.
Cada membro das Nações Unidas tem o dever de respeitar o caráter exclusivamente internacional das atribuições do Secretário-Geral e do pessoal do Secretariado e não deve procurar exercer qualquer influência sobre eles, no desempenho de suas funções.
Conforme previsão do artigo 101 da Carta das Nações Unidas, o pessoal do Secretariado deve ser nomeado pelo Secretário Geral, de acordo com as regras estabelecidas pela Assembléia Geral. Também deve ser nomeado, em caráter permanente, o pessoal adequado para o Conselho Econômico e Social, o Conselho de Tutela e, quando for necessário, para outros órgãos das Nações Unidas. Esses funcionários, conforme estipulação do mencionado
artigo, farão parte do Secretariado. A consideração principal que deve prevalecer na escolha do pessoal e na determinação das condições de serviço será a da necessidade de assegurar o mais alto grau de eficiência, competência e integridade.
Organizações regionais
As organizações regionais, como é sugestiva a expressão, atuam em âmbito regional, cujo objetivo é de cooperação nesse âmbito. As organizações regionais também são organizações internacionais. São exemplos de organizações regionais:
o MERCOSUL (Mercado Comum do Sul), na América do Sul;
a União Africana, na África;
a União Européia, na Europa;
a OEA (Organização dos Estados Americanos).
Naquilo que interessa ao presente estudo, passa-se à análise do
Mercado Comum do Sul.
Mercosul
O Mercado Comum do Sul foi criado pelo Tratado de Assunção, em 26 de março de 1991. O Objetivo foi de integrar economicamente a Argentina, o Brasil, o Paraguai e o Uruguai, de modo a acelerar o desenvolvimento econômico com justiça social para esses países e entendendo que esse objetivo deve ser alcançado mediante o aproveitamento mais eficaz dos recursos disponíveis, a preservação do meio ambiente, o melhoramento das interconexões físicas, a coordenação de políticas macroeconômicas e a complementação dos diferentes setores da economia, com base nos princípios da gradualidade, flexibilidade e equilíbrio.
Em dezembro de 1994, na cidade mineira de Ouro Preto foi assinado um protocolo adicional ao Tratado de Assunção, que
estabeleceu a estrutura institucional do Mercosul e lhe atribuiu personalidade jurídica internacional.
Além disso, esse protocolo adicional cuidou de adotar instrumentos de política comercial que caracterizam a União Aduaneira.
O Mercosul tem como países membros:
o Brasil;
a Argentina;
o Paraguai; e
o Uruguai.
E são Estados associados:
a Bolívia;
o Chile;
o Peru; e
a Venezuela.
Em relação à Bolívia, ela foi admitida após aprovação de um protocolo em 4 de junho de 2006.
Dispõe o artigo 1º do Tratado de Assunção, que o Mercado Comum do Sul implica:
a livre circulação de bens, serviços e fatores produtivos entre os países, através, entre outros, da eliminação dos direitos alfandegários e restrições não tarifárias à circulação de mercadorias e de qualquer outra medida de efeito equivalente;
o estabelecimento de uma tarifa externa comum e a adoção de uma política comercial comum e relação a terceiros Estados ou agrupamentos de Estados e a coordenação de posições em foros econômico-comerciais regionais e internacionais;
a coordenação de políticas macroeconômicas e setoriais entre os Estados Partes – de comércio exterior, agrícola, industrial, fiscal, monetária, cambial e de capitais, de outras que se acordem -, a fim de assegurar condições adequadas de concorrência entre os Estados Partes, e
o compromisso dos Estados Partes de harmonizar suas legislações, nas áreas pertinentes, para lograr o fortalecimento do processo de integração.
E consoante expõe o artigo 2º do mencionado Tratado, o Mercado comum está fundado na reciprocidade de direitos e obrigações entre os Estados Partes.
Estrutura do Mercosul
A estrutura institucional do Mercosul conta com os seguintes órgãos:
o Conselho do Mercado Comum (CMC);
o Grupo Mercado Comum (GMC);
a Comissão de Comércio do Mercosul (CCM);
a Comissão Parlamentar Conjunta (CPC);
o Foro Consultivo Econômico-Social (FCES);
a Secretaria Administrativa do Mercosul (SAM).
Além destes, o artigo 1º, parágrafo único do Protocolo Adicional ao Tratado de Assunção sobre a Estrutura Institucional do Mercosul, conhecido como Protocolo de Ouro Preto, previu a possibilidade de criação de órgãos auxiliares que se mostrem necessários à consecução dos objetivos do processo de integração.
Dentre os órgãos mencionados, possuem capacidade decisória, de natureza intergovernamental:
o Conselho do Mercado Comum (CMC);
o Grupo Mercado Comum (GMC); e
Comissão de Comércio do Mercosul (CCM).
A seguir serão abordados individualmente cada um dos órgãos do Mercosul, para melhor estudo das suas respectivas peculiaridades.
Conselho do Mercado Comum (CMC)
O Conselho do Mercado Comum (CMC) é o órgão superior do Mercosul, ao qual incumbe a condução política do processo de integração e a tomada de decisões para assegurar o cumprimento dos objetivos estabelecidos pelo Tratado de Assunção e para lograr a constituição final do mercado comum, conforme dispõe o artigo 3º do Protocolo de Ouro Preto.
Prevê o artigo 4º do Protocolo de Ouro Preto, que o Conselho do Mercado Comum é integrado pelos Ministros das Relações Exteriores e pelos Ministros da Economia, ou seus equivalentes, dos Estados Partes.
A presidência do Conselho do Mercado Comum deve ser exercida por rotação dos Estados Partes, em ordem alfabética, pelo período de 6 (seis) meses cada, (art. 5º do Protocolo de Ouro Preto).
Quanto às reuniões, o Conselho do Mercado Comum pode se reunir quantas vezes estime oportuno, devendo fazê-lo ao menos uma vez por semestre com a participação dos Presidentes dos Estados Partes. As reuniões do Conselho do Mercado Comum devem ser coordenadas pelos Ministérios das Relações Exteriores e podem ser convidados a delas participar outros Ministros ou autoridades de nível ministerial.
Conforme determina o artigo 8º do Protocolo de Ouro Preto, são funções e atribuições do Conselho do Mercado Comum:
velar pelo cumprimento do Tratado de Assunção, de seus Protocolos e dos acordos firmados em seu âmbito;
formular políticas e promover as ações necessárias à conformação do mercado comum;
exercer a titularidade da personalidade jurídica do Mercosul.
negociar e assinar acordos em nome do Mercosul com terceiros países, grupos de países e organizações internacionais. Estas funções podem ser delegadas ao Grupo Mercado Comum por mandato expresso, nas condições estipuladas no inciso VII do artigo 14;
manifestar-se sobre as propostas que lhe sejam elevadas pelo Grupo Mercado Comum;
criar reuniões de ministros e pronunciar-se sobre os acordos que lhe sejam remetidos pelas mesmas;
criar os órgãos que estime pertinentes, assim como modificá-los ou extingui-los;
esclarecer, quando estime necessário, o conteúdo e o alcance de suas Decisões;
designar o Diretor da Secretaria Administrativa do Mercosul.
adotar Decisões em matéria financeira e orçamentária; e
homologar o Regimento Interno do Grupo Mercado Comum.
A manifestação do Conselho do Mercado Comum ocorre mediante a prolação de decisões, as quais assumem o caráter de obrigatoriedade para os Estados Partes, consoante previsão do artigo 9º do Protocolo de Ouro Preto.
Grupo Mercado Comum (GMC)
O Grupo Mercado Comum (GMC) é o órgão executivo do Mercosul. Ele é integrado por 4 (quatro) membros titulares e 4 (quatro) membros alternos por país, designados pelos respectivos Governos, dentre os quais devem constar necessariamente representantes dos Ministérios das Relações Exteriores, dos Ministérios da Economia (ou equivalentes) e dos Bancos Centrais. A coordenação do Grupo Mercado Comum é exercida pelos Ministériosdas Relações Exteriores (art. 11 do Protocolo de Ouro Preto).
Quando o Grupo Mercado Comum elaborar e propor medidas concretas no desenvolvimento de seus trabalhos, ele pode convocar, se julgar conveniente, representantes de outros órgãos da Administração Pública ou da estrutura institucional do Mercosul.
As reuniões do Grupo Mercado Comum são ordinárias ou extraordinárias, quantas vezes forem necessárias, nas condições em que estipuladas por seu Regimento Interno (art. 13 do Protocolo de Ouro Preto).
Conforme dispõe o artigo 14 do Protocolo de Ouro Preto, são funções e atribuições do Grupo Mercado Comum:
velar, nos limites de suas competências, pelo cumprimento do Tratado de Assunção, de seus Protocolos e dos acordos firmados em seu âmbito;
propor projetos de Decisão ao Conselho do Mercado Comum;
tomar as medidas necessárias ao cumprimento das Decisões adotadas pelo Conselho do Mercado Comum;
fixar programas de trabalho que assegurem avanços para o estabelecimento do mercado comum;
criar, modificar ou extinguir órgãos tais como subgrupos de trabalho e reuniões especializadas, para o cumprimento de seus objetivos;
manifestar-se sobre as propostas ou recomendações que lhe forem submetidas pelos demais órgãos do Mercosul no âmbito de suas competências;
negociar, com a participação de representantes de todos os Estados Partes, por delegação expressa do Conselho do Mercado Comum e dentro dos limites estabelecidos em mandatos específicos concedidos para esse fim, acordos em nome do Mercosul com terceiros países, grupos de países e organismos internacionais. O Grupo Mercado Comum, quando dispuser de mandato para tal fim, procederá à assinatura dos mencionados acordos. O Grupo Mercado Comum, quando autorizado pelo Conselho do Mercado Comum, poderá delegar os referidos poderes
Comissão de Comércio do Mercosul;
aprovar o orçamento e a prestação de contas anual apresentada pela Secretaria Administrativa do Mercosul;
adotar Resoluções em matéria financeira e orçamentária, com base nas orientações emanadas do Conselho do Mercado Comum;
submeter ao Conselho do Mercado Comum seu Regimento Interno;
organizar as reuniões do Conselho do Mercado Comum e preparar os relatórios e estudos que este lhe solicitar.
eleger o Diretor da Secretaria Administrativa do Mercosul;
supervisionar as atividades da Secretaria Administrativa do Mercosul; e
homologar os Regimentos Internos da Comissão de Comércio e do Foro Consultivo Econômico-Social.
A manifestação do Grupo de Mercado Comum ocorre mediante resoluções, as quais assumem caráter de obrigatoriedade para os Estados Partes, conforme previsão do artigo 15 do Protocolo de Ouro Preto.
Comissão de Comércio do Mercosul (CCM)
A Comissão de Comércio do Mercosul (CCM) é o órgão incumbido de assistir o Grupo Mercado Comum (GMC), e a ela compete velar pela aplicação dos instrumentos de política comercial comum acordados pelos Estados Partes para o funcionamento da união aduaneira, bem como acompanhar e revisar os temas e matérias relacionados com as políticas comerciais comuns, com o comércio intra-Mercosul e com terceiros países (art. 16 do Protocolo de Ouro Preto).
A Comissão de Comércio do Mercosul é integrada por 4 (quatro) membros titulares e 4 (quatro) membros alternos por Estado Parte e é coordenada pelos Ministérios das Relações Exteriores.
A Comissão de Comércio do Mercosul deve se reunir pelo menos uma vez por mês ou sempre que solicitado pelo Grupo Mercado Comum (GMC) ou por qualquer dos Estados Partes (art. 18 do Protocolo de Ouro Preto).
Conforme prevê o artigo 19 do Protocolo de Ouro Preto, são funções e atribuições da Comissão de Comércio do Mercosul:
velar pela aplicação dos instrumentos comuns de política comercial intra-Mercosul e com terceiros países, organismos internacionais e acordos de comércio;
considerar e pronunciar-se sobre as solicitações apresentadas pelos Estados Partes com respeito à aplicação e ao cumprimento da tarifa externa comum e dos demais instrumentos de política comercial comum;
acompanhar a aplicação dos instrumentos de política comercial comum nos Estados Partes;
analisar a evolução dos instrumentos de política comercial comum para o funcionamento da união aduaneira e formular Propostas a respeito ao Grupo Mercado Comum;
tomar as decisões vinculadas à administração e à aplicação da tarifa externa comum e dos instrumentos de política comercial comum acordados pelos Estados Partes;
informar ao Grupo Mercado Comum sobre a evolução e a aplicação dos instrumentos de política comercial comum, sobre o trâmite das solicitações recebidas e sobre as decisões adotadas a respeito delas;
propor ao Grupo Mercado Comum novas normas ou modificações às normas existentes referentes à matéria comercial e aduaneira do Mercosul;
propor a revisão das alíquotas tarifárias de itens específicos da tarifa externa comum, inclusive para contemplar casos referentes a novas atividades produtivas no âmbito do Mercosul;
estabelecer os comitês técnicos necessários ao adequado cumprimento de suas funções, bem como dirigir e supervisionar as atividades dos mesmos;
desempenhar as tarefas vinculadas à política comercial comum que lhe solicite o Grupo Mercado Comum; e
adotar o Regimento Interno, que submeterá ao Grupo Mercado Comum para sua homologação.
As manifestações da Comissão de Comércio do Mercosul ocorrem por meio de diretrizes ou propostas. Enquanto as diretrizes tem caráter de obrigatoriedade para os Estados Partes, as propostas não assumem esse caráter.
Além das já mencionadas funções e atribuições da Comissão de Comércio do Mercosul, a ela compete, também, considerar reclamações apresentadas pelas Seções Nacionais da Comissão de Comércio do Mercosul, originadas pelos Estados Partes ou em demandas de particulares - pessoas físicas ou jurídicas -, relacionadas com as situações previstas nos artigos 1 ou 25 do Protocolo de Brasília, quando estiverem em sua área de competência. Para esclarecer, o artigo 1º do Protocolo de Brasília trata das controvérsias sobre a interpretação, a aplicação ou o não
cumprimento das disposições contidas no Tratado de Assunção, dos acordos celebrados no âmbito do mesmo, bem como das decisões do Conselho do Mercado Comum e das resoluções do Grupo Mercado Comum. Por sua vez, o artigo 25 do mesmo protocolo trata das reclamações efetuadas por particulares, sejam pessoas físicas ou jurídicas, em razão da sanção ou aplicação, por qualquer dos Estados Partes, de medidas legais ou administrativas de efeito restritivo, discriminatórias ou de concorrência desleal, em violação do Tratado de Assunção, dos acordos celebrados no âmbito do mesmo, das decisões do Conselho do Mercado Comum ou das resoluções do Grupo Mercado Comum.
E conforme prevê o parágrafo primeiro do artigo 21 do Protocolo de Ouro Preto, o exame das referidas reclamações no âmbito da Comissão de Comércio do Mercosul não obsta a ação do Estado Parte que efetuou a reclamação ao amparo do Protocolo de Brasília para Solução de Controvérsias.
Comissão Parlamentar Conjunta (CPC)
A Comissão Parlamentar Conjunta (CPC) é o órgão representativo dos parlamentos dos Estados partes no âmbito do Mercosul, conforme estipula o artigo 22 do Protocolo de Ouro Preto.
A Comissão Parlamentar Conjunta é integrada por igual número de parlamentares representantes dos Estados Partes. Os integrantes da Comissão Parlamentar Conjunta devem ser designados pelos respectivos Parlamentos nacionais, de acordo com seus procedimentos internos.
Consoante previsão o artigo 25 do Protocolo de Ouro Preto, a Comissão Parlamentar Conjunta deve procurar acelerar os procedimentos internos correspondentes nos Estados Partes para a pronta entrada em vigor das normas emanadas dos órgãos do Mercosul. Da mesma forma, deve coadjuvar na harmonização de legislações, tal como requerido pelo avanço do processo de integração. Quando necessário, o Conselho do Mercado Comum
deve solicitar

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