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Página - 1 - RESUMO A manutenção centrada em confiabilidade (MCC) é uma metodologia consolidada em ambientes onde a confiabilidade dos sistemas é de fundamental importância para preservar vidas e em processos onde uma falha pode representar danos gravíssimos ao meio ambiente ou ao patrimônio. A implantação deste método é cara e trabalhosa, por isto não é comum vê-lo em ambientes cujos processos não representam danos catastróficos. O que se pretende com este artigo é mostrar como foi feita a adaptação deste método para utilização em uma laminação. Buscou-se utilizar a MCC para analisar e solucionar problemas, para eliminar falhas recorrentes e prevenir as potenciais sem onerar o processo com os elevados custos inerentes a um processo altamente confiável. O resultado pretendido foi aumentar a confiabilidade, a mantenabilidade e a disponibilidade do sistema mais crítico da Laminação. Palavra chave: Manutenção, Confiabilidade, FTA, FMEA, exploração da idade, distribuição estatística. ABSTRACT The Reliability Centred Maintenance (RCM) is a consolidated methodology in environments where equipment reliability is of paramount importance to preserve life and in cases where a failure could be very serious damage to the environment or property. The implementation of this method is expensive and, for this is not common to see it in environments whose cases do not represent serious or catastrophic. The aim of this article is to show adapt the method for RCM in an Lamination. Looking to use its RCM of analysis and troubleshooting, to rectify the fault occurred and the potential without burdening the process with the high costs a highly reliable process. The target is to eliminate the losses of the process, enhancing reliability, maintainability and availability of equipment more critical area of Lamination. Words key: Reliability Centred Maintenance, Fault Tree Analysis, Failure Modes, Effects and Analysis, Age Exploration, Statistical distribution. IMPLANTAÇÃO DE MANUTENÇÃO CENTRADA EM CONFIABILIDADE EM SISTEMA CRÍTICO DE UMA LAMINAÇÃO. Página - 2 - 1. SUMÁRIO E PRÓSITO As equipes de manutenção de qualquer processo produtivo vem enfrentando grandes desafios em função da crescente demanda por produtos que são fabricados pelos sistemas sob suas responsabilidades. O atendimento às exigência dos clientes por lead time reduzido, custo competitivo e alta qualidade está fortemente relacionado a sistemas com alta confiabilidade. Isto vem provocando desconforto nos mantenedores, pois os meios utilizados pela manutenção tradicional não possibilitam os resultados almejados. Uma análise preliminar realizada pelo autor deste artigo mostrou que vários sistemas da Laminação apresentaram altas taxas de falhas e elevados tempos de interrupções. Este artigo trará um breve resumo de como foi a adaptação e implantação da Manutenção Centrada em Confiabilidade (MCC) na solução dos problemas apresentados pelo sistema mais crítico. 2. INTRODUÇÃO Uma análise preliminar realizada pelo autor deste artigo mostrou que vários sistemas da área Laminação apresentaram alta frequência de falhas e elevado tempo de interrupção. A manutenção na área apresentava a visão tradicional da manutenção em que métodos como Análises do Modo e Efeito da Falha (Failure Mode and Effect Analysis – FMEA), Análise da Árvore de Falhas (Fault Tree Analysis – FTA), Exploração da Idade (Age Exploration – AE) e análise do histórico de falhas não eram utilizados impossibilitando a solução rápida ou a eliminação proativa das falhas. Dessa forma, os responsáveis pela manutenção desta área exerciam um esforço reativo para eliminação das causas das falhas, reunindo-se sempre após ocorrencia de alguma falha para tratá-la, buscando evitar apenas a recorrência das mesmas. 3. DESENVOLVIMENTO O capítulo 3 trata da adaptação e aplicação da Manutenção Centrada em Confiabilidade (MCC) no sistema crítico e da aplicação de algumas das ferramentas da MCC nos demais sistemas do processo produtivo. O capítulo está dividido de forma a possibilitar uma visão geral da adaptação e implantação da metodologia MCC. Sua divisão está compreendida da seguinte forma: mapeamento do perfil de perdas da área; eleição do sistema crítico; definição das fronteiras do sistema; aplicação da Fault Tree Analysis (FTA); aplicação da Failure Modes, Effects and Analysis (FMEA); aplicação da Age Exploration (EA); alteração do método e dos padrões de manutenção; verificação dos resultados obtidos e lições aprendidas durante este projeto. 3.1 Mapeamento do perfil de perdas Com a crise mundial de 2008/2009 o cenário dentro da indústria mudou. A busca por competitividade tornou-se evidente e a manutenção deveria aumentar a confiabilidade dos sistemas sem onerar o processo produtivo. Não dava para melhorar pensando e agindo como antes. Nesta oportunidade iniciou-se o processo da engenharia de confiabilidade nesta área. A implantação da confiabilidade em todos os sistemas de um processo produtivo é trabalhosa, porém, tecnicamente possível, contudo não é economicamente viável. Tendo em vista esta dificuldade, é necessário mapear o processo e identificar o sistema crítico (vital), os que demandam atenção e os que estão sob controle estatístico. Possibilitando a otimização dos recursos, possibilitando focar esforços e obter o melhor resultado com o mínimo de recurso e esforço. Os sistemas que demandam atenção também devem ser contemplados por Página - 3 - algumas das ferramentas do método Manutenção Centrada em Confiabilidade (MCC). É comum a utilização do gráfico de Pareto para identificar os subsistemas ou sistemas que mais contribuíram para o bom ou mau desempenho do processo produtivo. Apesar desta ferramenta ser muito valiosa e contribuir de forma significativa para esta identificação ela não consegue atender a necessidade da confiabilidade. Outras ferramentas tais como o Gráfico de Bolhas que mede os sistemas sob perspectiva tridimensional ou o Gráfico de Dispersão que mede os sistemas sob perspectiva bidimencional podem contribuir de forma mais significativa. O autor optou por utilizar o Gráfico de Dispersão cruzando as variáveis Frequência de falhas (quantidade) e Tempo de interrupção (minutos), esta perspectiva bidimensional possibilitou o mapeamento do perfil de perdas do processo produtivo, conforme exemplificado no Gráfico 3.1.1. Gráfico 3.1.1: Mapeamento do perfil de perdas ANÁLISE DO PERFIL DE PERDAS DA ÁREA Os pontos distribuidos nos quatro quadrantes representam os sistemas que compõe o processo produtivo, suas localizações são dadas pelo cruzamento dos valores contidos nos eixos X e Y, sendo Frequência de interrupção e Tempo de interrupção, respectivamente. Sendo a MCC estocástica é importante ressaltar a necessidade de dados confiáveis para evitar a priorização de sistemas que não são críticos. 3.2 Eleição do sistema crítico O mapeamento gerou uma nuvem de dados dispersos dentro da área de plotagem do gráfico, mas qual daqueles sistemas era realmente crítico? Esta questão levou o autor a buscar no controle estatístico da qualidade o recurso para que a tomada de decisão fosse técnica, deixando de lado empirismo. A área de plotagem do gráfico foi dividida em 4 quadrantes, cujas áreas (indicadas pelos números maiores grifados) foram calculadas levando em consideração os resultados obtidos por meio da equação 3.2.a para cálculo de limitesde controles estatístico da qualidade extraída de Montgomery (2004, p.142). n XLC σ3±= (3.2.a) Onde LC e o limite de controle, o parâmetro X indica a média das médias da amostra, σ o desvio padrão da amostra e n o tamanho da amostra. O primeiro quadrante do gráfico representa uma região crítica, nele estão os sistemas que apresentam, de acordo com a área calculada pela equação 3.1.a, alto tempo de interrupção e alta frequência de falhas. No segundo e no quarto quadrantes estão os sistemas que necessitam de atenção, estes possuem alto tempo de interrupção ou alta frequência de falhas. Os sistemas localizados no terceiro quadrante possuem tempo de interrupção e frequência de falhas aceitáveis e não comprometem a estabilidade do processo produtivo. No canto superior do primeiro quadrante do gráfico 3.1.1 temos a localização do sistema mais crítico (indicado pela seta). Comparado com os demais sistemas, este é o que apresenta a maior perda em tempo Página - 4 - de interrupção e também a maior frequência de falhas para o processo produtivo. 3.3 Definição das fronteiras do sistema crítico Conhecendo o sistema crítico passou-se a identificar a interação entre este sistema e os demais que o rodeavam. Foram identificados vários subsistemas, suas fronteiras, a forma de interação e a contribuição destes para o desempenho da função do sistema crítico. A definição das fronteiras dos sistemas se faz necessária para evitar que a implantação da Manutenção Centrada em Confiabilidade (MCC) saia fora do foco abrangendo outros sistemas paralelos com o crítico. A figura 3.3.1 exemplifica a interação dos subsistemas com o sistema crítico. Observa-se que existem muitos subsistemas que contribuem para que o sistema crítico execute sua função e caso algum destes falhe o sistema crítico não será capaz de desempenhar sua função. Portanto, as descrições destes subsistemas, suas contribuições e fronteiras são de muita importância. O estudo do desempenho da função do sistema crítico foi feito a fim de que se possa definir a abrangência da aplicação. Figura 3.3.1: Diagrama esquemático do sistema crítico e seus subsistemas. 3.4 Aplicação da Fault Tree Analysis (FTA) Após definir as fronteiras e a interação dos subsistemas com o sistema crítico o autor investigou a sequência lógica dos eventos (falhas) que levariam o sistema crítico a perda de função. Para alcançar os resultados almejados foi empregado a metodologia Fault Tree Analysis (Análise da Árvore de Falhas – FTA). Para a elaboração foi necessário o envolvimento dos mantenedores seniores, pois os mesmos possuem em suas mentes, de forma fragmentada, a sequência lógica das falhas. O FTA é uma técnica analítica que é utilizada normalmente em sistemas críticos para segurança e/ou confiabilidade. Esta técnica busca encontrar os modos de falhas do evento topo analisando o sistema no contexto do seu ambiente e operações (NASA, 2002). Outra função é priorizar os fatores que mais contribuem para a ocorrência do evento topo, executando medidas diferentes para cada evento reduzindo assim os custos. Somente de 10% a 20% dos eventos básicos contribuem significativamente para probabilidade de ocorrência do evento topo. Esta priorização é uma base importante para redução de gastos e custos sem causar impactos negativos na probabilidade de falha do sistema (NASA, 2002). O FTA é um método proativo que permite uma visão global e sistemática de monitoramento para prevenção da perda da função do sistema. Este método possibilita a visualização das áreas vulneráveis do sistema e possibilita as correções ou melhorias para que a probabilidade de ocorrência fique menor. Esta visão possibilita a identificação dos eventos importantes (vitais) como os sem importância (triviais) cujos impactos são desprezíveis para ocorrência do evento topo (NASA, 2002). Página - 5 - Segundo NASA (2002) o FTA possibilita a redução de até 40% dos recursos em prevenção de falhas ao identificar os eventos sem importância ao evento topo. Para elaboração de um FTA e como conseqüência uma boa análise são necessários seguir 8 passos, sendo do 1º passo ao 5º passo a elaboração do diagrama, os demais passos são para construção e análise (NASA, 2002). Estes passos são: 1. Identifique o objetivo do FTA; 2. Defina o evento de topo; 3. Defina a extensão do FTA; 4. Defina a resolução do FTA; 5. Defina regras de básicas para o FTA; 6. Construa as ramificações; 7. Avalie as ramificações; 8. Interprete e apresente os resultados. A figura 3.4.1 mostra a aplicação deste método – seguindo os procedimentos sugeridos pela NASA (2002) – no sistema crítico do proceso produtivo da Laminação. A sua aplicação possibilitou a rápida identificação do caminho da falha até a perda da função do sistema, possibilitou a diferenciação das falhas vitais das triviais e a concepção de ações para mitigar a probabilidade de ocorrência das falhas vitais. Figura 3.4.1: Análise da Árvore de falhas do equipamento crítico O autor optou por não calcular as probalidades de falhas dos eventos, esta decisão foi em função do nível não tão profundo que os registros representavam. Porém, a identificação do FTA do sistema crítico possibilitou a redução do Mean Time To Repair (Tempo Médio Para Reparo - MTTR)1 e do Mean Time Between Failures (Tempo Médio Entre Falhas - MTBF)2. Reduzindo também a diferença do conhecimento entre mantenedores seniores e juniores. 3.5 Aplicação da Failure Mode and Effect Analysis (FMEA) O FTA forneceu o caminho lógico da falha até a perda da função do sistema, mas quais falhas teriam o maior potencial de perdas? Na busca da resposta o autor empregou o método Failure Mode and Effect Analysis (Análise do Modo e Efetio da Falha – FMEA), passando a medir cada evento (falha) sob uma perspectiva tridimensional. Na aplicação deste método o autor observou os passos indicado pela NASA (2000). O FMEA é uma metodologia com extensa aplicação nas áreas aeroespacial, defesa, geração de energia, transporte e medicina. Com tantos campos a utilizar este método não foi surpresa que a indústria passasse a utilizá-lo para garantir que falhas potenciais sejam descobertas ainda na fase de projeto de um sistema ou durante o desempenho de suas funções. Muitos engenheiros têm trabalhado neste tema para garantir a confiança de seus projetos (NASA, 2000). O método exige a listagem dos modos potenciais de falhas para cada componente e os efeitos dela no sistema, para alcançar o seu objetivo é necessário seguir alguns passos (NASA, 2000): 1. Definição do sistema; 2. Estabelecimento das regras básicas; 3. Descrever os componentes do sistema; 4. Descrever os blocos funcionais; 5. Identificar modos de falhas e os seus efeitos; 6. Analisar modos críticos; 1 O Mean Time To Repair (Tempo Médio Para Reparo – MTTR) é a média dos tempos gastos para restaurar a função de um sistema. 2 Mean Time Between Failures (Tempo Médio Entre Falhas – MTBF) é a media do tempo decorrido entre duas falhas no mesmo sistema. Página - 6 - 7. Documentar. Para cada função do sistema em análise pode haver modos de falhas múltiplos, mas freqüentemente os efeitos são os mesmos, ou seja, qualquer que seja o componente a falharo resultado pode ser o mesmo, a perda de função do sistema (NASA, 2000). Com relação a máquinas semelhantes, os modos das falhas e seus efeitos poderão ser os mesmos, mas a freqüência de ocorrência e a causa pode não ser as mesmas (NASA, 2000). Conforme Vasconcelos (2009) a metodologia do FMEA utiliza 3 dimensões - severidade, ocorrência e detecção - para medir os modos de falhas dos sistemas. Na figura 3.5.1 observa-se que ao medir um equipamento este pode ser enquadrado em algum ponto numa perspectiva tridimencional. Na figura os equipamentos estão representados por cubos coloridos, sendo que o cubo verde representa um equipamento cuja falha tem baixa severidade, baixa ocorrência e alta (fácil) detecção; o cubo amarelo no centro representa um equipamento cuja falha tem média severidade, média ocorrência e média facilidade de detecção e cujas falhas podem causar alguma perda. O cubo vermelho representa um equipamento cujas falhas têm alta severidade, alta ocorrência e baixa (difícil) detecção, estes possuem grande potencial de perdas. Figura 3.5.1: FMEA – Equipamento medido em três dimensões Fonte: Vasconcelos (2009) Severidade Detecção Ocorrência Como resultado da aplicação do FMEA o autor identificou falhas com grande potencial de perdas, falhas com médio potencial e falhas que não representaval grandes riscos à função do sistema crítico. 3.6 Age Exploration (AE) O método Age Exploration foi aplicado a todos os sistemas e subsistemas do processo produtivo. Com o conhecimento gerado sobre o sistema crítico e os demais sistemas e subsistemas do processo produtivo através da aplicação do FMEA o próximo passo foi identificar a idade dos sistemas. Esta análise é importânte para possibilitar a utilização do recurso certo no lugar certo, otimizando assim os recursos de manutenção. Para definir a idade dos sistemas foi necessário identificar a distribuição estatística que descrevesse o comportamento das falhas dos sistemas, para isto foi utilizado o método Age Exploration (AE). Neste artigo o autor se restringirá a comentar apenas as ações referentes ao equipamento crítico. Segundo NASA (2000) o método Age Exploration (Exploração da idade) é uma boa técnica para definir a freqüência de atuação da manutenção. Este método consiste em abrir o equipamento para fazer inspeção durante intervenções de manutenção. Esta inspeção visa verificar o estado de conservação dos componentes e a partir deste diagnóstico a freqüência entre manutenções pode aumentar ou reduzir (NASA, 2000). A avaliação não deve ser baseada apenas no julgamento do responsável, mas sua experiência dever ser correlacionada com outros parâmetros, tais como análise de vibração, análise de óleo lubrificante, análise termográfica, técnicas preditivas e análise estatísitica (NASA, 2000). Página - 7 - Este método, além de estimar a freqüência correta entre manutenções, permite a revisão do conteúdo técnico do manual do fabricante e possibilita o agrupamento das atividades com data aproximada de execução (NASA, 2000). O software BestFit (versão 4.5.2 para estudantes) é um recurso computacional que possibilita a verificação das distribuições estatísticas que mais se adaptam aos dados fornecidos. O período analisado ficou compreendido de janeiro de 2006 a setembro de 2009 possibilitando a análise de uma amostra com tamanho de 41 falhas. O resultado obtido por meio do software BestFit está demostrado no Gráfico 3.6.1. Gráfico 3.61: Análise do ciclo de vida do equipamento crítico Jan /06 Ag o/0 6 Fe v/0 7 Ab r/0 8 Jan /09 Se t/0 9 Ou t/0 7 Análise do ciclo de vida do equipamento crítico De acordo com o Gráfico 3.6.1 a distribuição que mais se aproximou dos dados é a distribuição exponencial negativa (equação 3.6.a). Podemos observar que o sistema crítico passou pela fase da mortalidade infantil (fase β < 1, representada na figura 3.6.1) e entrou na fase de vida útil (fase β = 1, representada na figura 3.6.1), onde as falhas são aleatórias em função do término do ajustamento de seus componentes e subsistemas. tetf λλ −=)( (3.6.a) para t ≥ 0, λ > 0 Onde f(t) é a função de densidade de probabilidade, o parâmetro t é tempo e λ é a taxa de falhas. Comparando o resultado obtidos por meio da análise do ciclo de vida com a curva da banheira, exemplificada na figura 3.6.1, observamos a fase β = 1 também conhecida como fase da vida útil na qual a taxa de falhas é constante e aleatória. Nesta fase o comportamento pode ser explicado pela distribuição estatística Normal, equação 3.6.b. 2 1)( 2 2 2 )( σ µ piσ −− = x eXf (3.6.b) para -∞ < x < ∞ Onde f(x) é a função de densidade de probabilidade, o parâmetro µ representa a média da população e σ o desvio padrão. Na distribuição estatística Nomal as falhas estão relacionadas com cargas aleatórias maiores que as esperadas, defeitos abaixo do limite de sensibilidade dos ensaios, erros humanos, causas inexplicáveis, fenômenos naturais imprevisíveis, além de outros. Na fase de falhas aleatoria a substituição de componentes não altera a probabilidade de falhas, mas desde que sejam bem feitas e utilize componentes de alta qualidade, geralmente recomendados pelo fabricante ou resultado de análises prévias. Portanto aqui devem ser empregadas inspeções, reaperto, lubrificação, trocas preventivas e análises preditivas de vibração e/ou de lubrificantes. β<1 β=1 β>1 Figura 3.6.1 – Curva da banheira. Fonte: Souza (2008) Página - 8 - 3.7 Alteração do método e dos padrões de manutenção Com base nos resultados das análises feitas durante a realização deste projeto foram revisados os padrõe utilizados para manutenções preventivas e inspeções. Foram feitas alterações nos procedimentos de mantutenção e inspeção, a frequência de realização foi alterada baseando-se no MTBF real dos sistema / subsistemas e foram criados novos padrões para os subsistemas que antes não eram contemplados. O sistema crítico apresenta estar em fase de vida útil. Nesta fase devem ser empregadas as manutenções: • Inspeções; • Reaperto; • Lubrificação; • Substituição preventivas de componentes ; • Análises preditivas de vibração e/ou de lubrificantes; 3.8 Verificação dos resultados obtidos O projeto teve como foco aumentar disponibilidade, mantenabilidade e confiabilidade do sistema crítico e seus subsistemas, porém estendeu-se aos sistemas que demandam atenção gerando expressivos ganhos em produtividade. No período compreendido entre janeiro de 2009 até novembro de 2009 obteve-se um ganho real de aproximadamente 140 horas (em relação ao ano de 2008) em função do aumento da disponibilidade, mantenabilidade e confiabilidade dos sistemas que compõem o processo produtivo. O projeto de engenharia da confiabilidade também cooperou na estabilização do processo produtivo. O Gráfico Box Plot que pode ser utilizado para medir a evolução da estabilidade (quanto menor a área do box maior será o nível de estabilidade) de um processo ao longo do tempo. É possível verificar no gráfico 3.8.1 que a área dos box’s sofrem significativa redução ao longo dos anos sendo mais significativa nos anos de 2008 (início do projeto) e 2009. A média percentual de interrupção, indicada pelo ponto no centro do box, mostra significativa queda.Ganho em estabilidade Interrupções de manutenção (%) Gráfico 3.8.1 – Análise de estabilidade da interrupção de manutenção. Análise de estabilidade Evolução dos índices de interrupção (%) Da mesma forma é possível verificar no gráfico 3.8.2 que a área dos box’s sofrem variação ao longo dos anos. Em 2008 a alta dos preços de componentes para manutenção reduziu o nível de estabilidade, porém em 2009 a estabilidade retorna com grande evolução. A média do custo de manutenção, indicada pelo ponto no centro do box, mostra-se próxima ao menor valor praticado. Gráfico 3.8.2 – Análise de estabilidade do custo de manutenção. Ganho em estabilidade Custo de manutenção (R$/t) Análise de estabilidade Evolução do Custo de manutenção (R$/t) 4. LIÇÕES APRENDIDAS Em se tratando da implantação do método Manutenção Centrada em Confiabilidade (MCC) deve-se esperar resistência, desconfiança e às vezes desânimo das pessoas envolvidas e até mesmo do responsável pelo projeto. Isto se dá em Página - 9 - função da quebra de paradigma e mudança radical na maneira de pensar. Porém a perseverança deve permanecer mesmo quando tudo parecer que não vai dar em nada, nestes momentos deve-se renovar o ânimo e multiplicar os esforços. Por ser estocástica, a MCC depende totalmente de uma boa base de dados e, se ela não existe, deve-se primeiro formá-la, pois dados não confiáveis influenciam os resultados e favorecem a tomada de decisão errada, levando o método ao descrédito. Saber transmitir o método de modo claro e objetivo, convencer os envolvidos são apenas alguns dos grandes desafios da engenharia da confiabilidade. A complexidade está intrínseca ao método MCC, cabendo ao engenheiro adaptá-lo ao projeto sob sua responsabilidade. A pura implantação do método sem as devidas adaptações pode acentuar a sua rejeição e fadar o projeto ao fracasso, mesmo antes de iniciar-se. 5. REFERÊNCIAS 1. BILLINTON, et al. RELIABILITY EVALUATION OF ENGINEERING SYSTEMS. CONCEPTS AND TECHNIQUES. New York, Plenum Press, 1992. 2. DHILLON B.S. MAINTAINABILITY, MAINTENANCE, AND RELIABILITY FOR ENGINEERS; Broken Sound Parkway NW: Taylor & Francis Group, 2006. 3. HIGGINS, Lindley R. MAINTENANCE ENGINEERING HANDBOOK. New York: McGraw-Hill Companies, 2002. 4. MONTGOMERY, Douglas C. APPLIED STATISTICS AND PROBABILITY FOR ENGINEERS. New York. John Wiley & Sons, Inc.2002 5. MONTGOMERY, Douglas C. INTRODUÇÃO AO CONTROLE ESTATÍSTICO DA QUALIDADE. Rio de Janeiro, RJ. LTC, 2004, p.142. 6. NASA – National Aeronautics And Space Administration. FAULT TREE HANDBOOK WITH AEROSPACE APPLICATIONS. 2002. Disponível em: <http://www.hq.nasa.gov/office/codeq/do ctree/fthb.pdf>. Acesso em: 12 Abril 2009. 7. NASA – National Aeronautics And Space Administration. RELIABILITY CENTERED MAINTENANCE GUIDE FOR FACILITIES AND COLLATERAL EQUIPMENT. 2000. Disponível em: <http://www.hq.nasa.gov/office/codej/cod ejx/Assets/Docs/RCMGuideMar2000.pdf >. Acesso em: 12 Abril 2009. 8. PHAM, Hoang. HANDBOOK OF RELIABILITY ENGINEERING. New Jersey, Rutgers University, 2003. 9. SOUZA, Carlos Roberto de Oliveira. CONFIABILIDADE. In: AULA DE MANUTENÇÃO E CONFIABILIDADE, 2008, Universidade de Itaúna. 10. U. S. Department of Defense. MILITARY STANDARD – PROCEDURES FOR PERFORMING A FAILURE MODE, EFFECTS AND CRITICALITY ANALYSIS. Washington. U. S. Department of Defense. 1980. 11. U. S. Nuclear Regulatory Commission. FAULT TREE HANDBOOK. Washington. U. S. Nuclear Regulatory Commission. 1981. 12. VASCONCELOS, Vandereley. FMEA. In: AULA DE CONFIABILIDADE, 2009, Universidade de Itaúna. Engenheiro responsável: Eduardo Rodrigo de Oliveira. Contatos: eduardorodoli@gmail.com
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