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Cultivo e produção de grãos Curso 2018. Serviço Nacional de Aprendizagem Rural de Goiás - SENAR/AR-GO INFORMAÇÕES E CONTATO Serviço Nacional de Aprendizagem Rural de Goiás - SENAR/AR-GO Rua 87, nº 662, Ed. Faeg,1º Andar: Setor Sul, Goiânia/GO, CEP: 74.093-300 (62) 3412-2700 / 3412-2701 E-mail: senar@senargo.org.br http://www.senargo.org.br/ http://ead.senargo.org.br/ PROGRAMA PRODUÇÃO VEGETAL CURSO CULTIVO E PRODUÇÃO DE GRÃOS PRESIDENTE DO CONSELHO ADMINISTRATIVO DO SENAR/AR-GO José Mário Schreiner TITULARES DO CONSELHO ADMINISTRATIVO Daniel Kluppel Carrara, Alair Luiz dos Santos, Osvaldo Moreira Guimarães e Tiago Freitas Mendonça. SUPLENTES DO CONSELHO ADMINISTRATIVO Wanderley Rodrigues de Siqueira, Marcos Epaminondas Roriz de Moraes, Rogério Azeredo Cardoso D’Avila, Flávio Roberto de Arruda Costa e Eleandro Borges da Silva. SUPERINTENDENTE DO SENAR/AR-GO Antônio Carlos de Souza Lima Neto GESTOR DO DEPARTAMENTO TÉCNICO DO SENAR/AR-GO Marcelo Lessa Medeiros Bezerra GERENTE DE EDUCAÇÃO FORMAL DO SENAR/AR-GO Fernando Couto de Araújo COORDENAÇÃO TÉCNICA Fernando Couto de Araújo e Sílvia Romano Ribeiro IEA - INSTITUTO DE ESTUDOS AVANÇADOS S/S Conteudista: Juliana Lourenço Nunes Guimarães TRATAMENTO DE LINGUAGEM E REVISÃO IEA: Instituto de Estudos Avançados S/S DIAGRAMAÇÃO E PROJETO GRÁFICO IEA: Instituto de Estudos Avançados S/S MÓDULO 02 Nutrição e adubação MÓDULO 02 | Nutrição e adubação 4 Pronto para iniciar o segundo módulo do curso? Veja o que você aprenderá em cada aula: Aula 1: Calagem e gessagem Você conhecerá as técnicas de amostragem de solo e identificará as recomendações de uso de corretivos e condicionadores de solo. Aula 2: Exigências nutri- cionais de culturas de soja e milho Você conhecerá as funções dos nutrientes na planta e compreen- derá as exigências nutricionais das culturas de soja e milho. Aula 3: Adubações de correção e manutenção Você compreenderá os critérios de recomendação de adubações de correção e manutenção. Antes de avançar, acesse o ambiente de estudos e assista ao vídeo que preparamos para você. Nele, você saberá mais sobre o Módulo 2. MÓDULO 02 | Nutrição e adubação 5 Para o sucesso do cultivo de lavouras produtoras de grãos, a correção da acidez é fundamental, pelos efeitos que causa na neutralização de elementos tóxicos, como o alumínio, no aumento da dis- ponibilidade de nutrientes e na melhoria do ambiente radicular para o desenvolvimento de micror- ganismos, como os fungos micorrízicos, que se desenvolve em raízes de algumas plantas. A sensibili- dade aos efeitos prejudiciais da acidez do solo vai variar de acordo com a cultura e as variedades e híbridos em cada uma delas, o que pode influenciar o planejamento da correção do solo. Objetivo da aula: Demonstrar as técnicas de amostragem de solo e identificar as re- comendações de uso de corretivos e condicionadores de solo. Calagem A calagem é definida como a prática de manejo que corresponde à utilização de calcário ou produtos equivalentes, que atuam como agentes corretivos da acidez do solo e como fonte de cálcio e magnésio para as plantas, com a finalidade de proporcionar um ambiente de crescimento radicular adequado. Além de fornecer nutrientes, a calagem eleva o pH e a saturação por bases do solo. A elevação do pH tem influência direta na redu- ção da toxidez causada pelo alumínio e melhora a disponibilidade de nutrientes no solo. A calagem ainda é uma das práticas com bai- xo custo e alta efetividade. Em regiões do Cerrado é essencial para a correção e o condicionamento do solo que será cultivado, além da vantagem de que existem várias reservas de calcário distribuídas por Goiás e pelo Brasil. AULA 1 Calagem e gessagem MÓDULO 02 | Nutrição e adubação 6 A exigência em fertilidade de solo e de correção da acidez vai variar de acordo com a cultura e com o híbrido ou variedade de cada uma delas. Veja alguns exemplos a seguir. O milho é uma cultura altamente sensível aos efeitos prejudiciais da acidez do solo e da toxidez de alumínio, portanto necessita de um solo bem corrigido, normalmente com alguns anos de cultivo (em solos do Cerrado), para proporcionar uma boa produtividade. Já a cultura da soja, embora seja bastante responsiva à correção e à fertilidade do solo, é menos exigente em comparação com o milho. Em alguns casos, pode ser cultivada no primeiro ano de plantio em áreas do Cerrado, após uma boa correção e adubação do solo. Em geral, avalia-se a necessidade de calagem a partir da interpretação dos resultados da análise da camada de solo de 0 a 20 cm de profundidade. A estimativa da quantidade de calcário a ser aplicada num determinado solo pode ser calculada com os seguintes métodos: método de neutralização do alumínio e fornecimento de cálcio e magnésio e método de saturação por bases. Para se realizar a análise química do solo, deve-se realizar previamente a amostragem do solo. A coleta de solo deve ser realizada na camada de 0 a 20 cm para análise da necessidade de calagem e na camada de 20 a 40 cm para análise da necessidade de gessagem. MÓDULO 02 | Nutrição e adubação 7 Tome nota Para a coleta das amostras de solo deve-se dividir o terreno em ta- lhões de características homogêneas e, em cada um deles, retirar um número aceitável de amostras. Normalmente, a quantidade deve ser a maior possível, para produzir um resultado estatisticamente repre- sentativo da área e, ao mesmo tempo, a menor possível, para ser ope- racionalmente executável. Considera-se que 20 pontos de coleta por talhão seja um número adequado. Os pontos de coleta devem ser de- finidos de forma aleatória ou por uma forma de deslocamento prede- finida, bem distribuídos por toda a área. Após a coleta das amostras simples de solo em todos os pontos, elas devem ser homogeneizadas e enviadas para o laboratório de análises. A recomendação da quantidade de calcário a ser aplicada deve partir de um técnico responsável, que levará em consideração o equilíbrio de nutrientes no solo e a composição do calcário a ser aplicado. No sistema de preparo convencional do solo, após a aplicação deve-se proceder à incorporação do calcário ao solo, com aração e gradagem. Em sistema de plantio direto na palha a recomendação de calagem deve ser criteriosa, as doses de calcário devem ser menores do que as do sistema convencional, de modo a evitar a supercalagem em superfície. A aplicação é feita mediante a distribuição do calcário em superfície, sem incorpora- ção. O uso de altas doses, a supercalagem, pode ocasionar redução na absorção de Zn e de Mn em decorrência do aumento do pH nas camadas superficiais do solo. MÓDULO 02 | Nutrição e adubação 8 No decorrer do tempo, após a acidificação do solo, deve-se proceder à calagem, com aplicações em superfície em pequenas do- ses. Como princípio, a calagem no sistema de plantio direto deve ser feita em peque- nas doses anuais, em vez de altas doses a cada três ou quatro anos, como no sistema convencional. Em áreas em que se planeja iniciar o plantio direto na palha, indica- se uma boa correção da acidez na camada de solo arável, pois essa etapa é fundamental para a adequação do solo ao novo sistema. Gessagem A maioria dos solos brasileiros apresenta, na camada subsuperficial, baixos teores de cálcio. Muitos deles são pobres em enxofre e com ele- vada saturação de alumínio no perfil do solo na profundidade de desenvolvimento do sistema radicular das principais culturas de produção de grãos. Por meio da prática da calagem, é difícil atingir as camadas mais profundas de solo, que pode- rão ficar com excesso de alumínio e com pou- co cálcio. Comoconsequência, a cultura terá o sistema radicular restrito à camada superficial, com menor resistência à seca e menor aprovei- tamento dos fertilizantes minerais e de nutrien- tes do solo. MÓDULO 02 | Nutrição e adubação 9 Saiba mais O gesso agrícola é também denominado fosfogesso. As indústrias de fertilizantes, durante o processo de fabricação de superfosfa- tos, simples e triplos, e fosfatos de amônio, MAP e DAP, usam como matéria-prima a rocha fosfática, geralmente a fluorapatita. Esta, ao ser atacada com ácido sulfúrico na presença de água, forma como subprodutos sulfato de cálcio, ácido fosfórico e ácido fluorídrico. Nas áreas agrícolas, o emprego do fosfogesso tem sido justificado principalmente em duas situações: • quando se requer fornecimento de cálcio e de enxofre; • na diminuição de concentrações tóxicas do alumínio trocável nas camadas subsuperficiais, com consequente aumento de cálcio nessas camadas, com o objetivo de “melhorar” o am- biente para o crescimento radicular. A tomada de decisão sobre o uso do gesso agrícola deve sempre ser feita com base no conhecimento de algumas características químicas e na textura das camadas subsuperficiais do solo (20 cm a 40 cm). Haverá maior probabilidade de resposta ao gesso quando a saturação por alumínio for maior que 30% (m = 30%) ou o teor de cálcio menor que 0,4 cmolcdm-3 de solo. Uma vez definida a necessidade de gesso, recomenda-se aplicar as doses de acordo com o teor de argila do solo. Solos de textura arenosa Solos de textura média Solos argilosos Solos muito argilosos < 15% de argila = 0,5 t/ha 15% a 35% de argila = 1,0 t/ha 36% a 60% de argila = 1,5 t/ha > 60% de argila = 2,0 t/ha A aplicação de gesso agrícola deve ser feita a lanço em área total, na mesma época em que se re- aliza a adubação fosfatada corretiva. Também pode ocorrer de forma isolada, se a área total não for receber essa aplicação e não houver a necessidade de incorporação. O efeito residual esperado deve durar, no mínimo, cinco anos. Como fonte de cálcio e enxofre, doses em torno de 200 kg ha-1 ano-1 de gesso são suficientes. A aplicação de calcário numa área pode ser realizada segundo duas formas de amostragem, reco- mendação e aplicação: a agricultura convencional e a agricultura de precisão. Veja quais são: MÓDULO 02 | Nutrição e adubação 10 Agricultura convencional Na agricultura convencional é realizada apenas uma amostragem de solo em toda a área do talhão. Portanto, a recomendação de calagem e a distribuição do calcário são em dose única para todo o talhão, conforme a fertilidade média da área. Assim, algumas subáreas dentro do talhão recebem uma dose acima e outras abaixo da necessidade de calcário, de acordo com a variabilidade natural da fertilidade do talhão. Agricultura de precisão Na agricultura de precisão a amostragem é feita em grids, uma subdivisão do talhão em áreas menores que proporciona uma amostragem detalhada da área. Com isso, é possível elaborar o mapa de variabilidade da fertilidade do solo e o mapa de variabilidade de recomendação do calcário. Máquinas equipadas com piloto automático e receptor GNSS (popularmente chamado de GPS) realizam a aplicação de calcário em doses variáveis, de acordo com a necessidade de cada subárea do talhão. Isso evita a perda de insumos e possibilita um aumento na produtividade de grãos. Informação extra O portal EAD Senar Goiás disponibiliza o Programa Agricultura de Precisão e você pode aprofundar mais o seu conhecimento sobre este assunto no curso Agricultura de precisão no uso de corretivos e fertilizantes. Veja os detalhes do curso em: http://ead.senargo.org.br/ cursos/agricultura-de-precisao-no-uso-de-corretivos-e-fertilizantes. Síntese da aula A correção do solo tem por objetivo o aumento do pH, a redução do alumínio tóxico e o fornecimen- to de cálcio e magnésio. A necessidade de calagem deve ser calculada de acordo com o resultado da análise química do solo e sua aplicação deve ser feita em superfície com incorporação ao solo em sistemas de preparo convencional e sem incorporação em sistemas de plantio direto. A gessagem destina-se a fornecer nutrientes em subsuperfície e estimula o enraizamento mais profundo das plantas. A aplicação em superfície ocorre sem incorporação, com doses que variam de acordo com a textura do solo. MÓDULO 02 | Nutrição e adubação 11 Atividade de aprendizagem Conforme o conteúdo sobre calagem e gessagem estudado durante a aula, analise as alternativas a seguir e marque a correta. a. A cultura da soja é mais exigente do que a do milho em correção da acidez do solo. b. Para a amostragem de solo, deve-se coletar sempre cinco pontos em linha reta no talhão. c. A aplicação do calcário tem por objetivo a correção da acidez do solo, a neutralização do alumínio tóxico e o fornecimento de cálcio e magnésio. d. A necessidade de gessagem é definida com a interpretação do resultado da análise de solo na camada de 0 a 20 cm. MÓDULO 02 | Nutrição e adubação 12 A busca por altas produtividades é uma demanda diária e crescente no meio agrícola brasileiro. Existem 52 fatores que interferem na planta e influenciam a produtividade (TISDALE et al., 1985). A nutrição é, sem dúvida, um dos principais fatores de produção de uma planta. Por isso, necessitamos proporcionar uma nutrição equilibrada e ajustada, considerarmos a quantidade de nutrientes absor- vidos pela cultura e o correto uso dessas informações. Objetivo da aula: Descrever as funções dos nutrientes na planta e compreender as exigências nutricionais das culturas de soja e milho. Para que um elemento seja considerado nutriente essencial para a planta, devem ser observados três critérios: Na sua ausência, a planta não completa o ciclo de vida. A deficiência é específica para o elemento em questão e só é corri- gida mediante o seu fornecimento. O elemento está diretamente envolvido na nutrição da planta. As necessidades nutricionais de qualquer planta são determinadas pela quantidade de nutrientes que ela extrai durante o seu ciclo. A extração total dependerá, portanto, do rendimento obtido e da concentração de nutrientes nos grãos e na palhada. Agora conheça um pouco sobre macronutrien- tes e micronutrientes. AULA 2 Exigências nutricionais de culturas de soja e milho MÓDULO 02 | Nutrição e adubação 13 Macronutrientes Os nutrientes absorvidos em maior quantidade pela planta são denominados macronutrientes. Exemplos: carbono, oxigênio, hidrogênio, nitrogênio, fósfo- ro, potássio, cálcio, magnésio e enxofre. Micronutrientes Em contrapartida, as plantas exigem alguns nutrientes em menor quantidade, que são denominados micronutrientes. Exemplos: boro, cloro, cobre, zinco, ferro, manganês, molibdênio, cobalto e níquel. A seguir, serão destacadas as exigências das principais culturas produtoras de grãos no es- tado de Goiás. Cada cultura exige esses nutrientes em quantidades diferentes, que também variam entre cultivares e híbridos. Soja A absorção de nutrientes pela soja é influencia- da por diversos fatores, entre eles as condições climáticas, como chuva e temperatura, as di- ferenças genéticas entre as variedades, o teor de nutrientes no solo e os diversos tratos cultu- rais. Contudo, é possível estimar as quantidades médias de nutrientes que estão presentes nos restos culturais e nos grãos da soja para cada tonelada de produção de grãos. MÓDULO 02 | Nutrição e adubação 14 Acompanhe os dados apresentados na tabela abaixo: N P K S Ca Mg B Cl Mo Cu Fe Mn Zn Al kg em cada tonelada g em cada tonelada Restos culturais1 31 2,5 7,5 10 9,2 4,7 - 23 2 - - - - 172 Grãos51 5,0 17 5,4 3,0 2,0 2,0 237 5 10 70 30 40 15 1 - Folhas, pecíolos e caules que são restituídos ao solo. Quantidade de nutrientes absorvida e exportada nos grãos pela cultura da soja, em cada tonelada produzida. Fonte: Embrapa. O elemento mais requerido pela soja é o nitrogênio. Portanto, para uma produção de 3.000 kg/ha, há a necessidade de 246 kg de nitro- gênio, que são obtidos, em pequena parte, do solo (25% a 35%) e, na maior parte, pela fixação simbiótica do nitrogênio (65% a 85%). Informação extra A simbiose é praticamente restrita às leguminosas e se caracteriza pela formação de estruturas especializadas nas raízes, chamadas nódulos, nos quais ocorre o processo de fixação biológica de nitro- gênio. Após a formação de nódulos nas raízes, a bactéria passa a fixar o nitrogênio atmosférico em compostos orgânicos que são uti- lizados pelas plantas, o que permite eliminar ou diminuir a necessi- dade de uso de adubos nitrogenados. Por esses dados pode-se avaliar a importância de uma inoculação bem-feita, com inoculante de boa qualidade, para ter eficiência na fixação simbiótica do nitrogênio do ar a custo zero, por meio das bactérias nos nódulos das raízes da soja. Por isso, deve-se evitar a adubação com nitrogênio mineral, pois além de causar a inibição da nodulação e reduzir a eficiência da fixação simbiótica do nitrogê- nio atmosférico não aumenta a produtividade da soja. Processo por meio do qual bactérias fixadoras de nitrogênio são adicionadas às sementes das plan- tas antes da semeadura. A inoculação é feita com um produto chamado inoculante. MÓDULO 02 | Nutrição e adubação 15 Quando a adubação for feita com adubo formulado, cuja fórmula possua nitrogênio e tenha menor custo que a mesma fórmula sem nitrogênio, pode-se utilizá-la na semeadura, desde que não ultra- passe 20 kg de N/ha. Para que a fixação simbiótica seja eficiente, há a necessidade de corrigir a aci- dez do solo e fornecer os nutrientes que estejam em quantidades limitantes. Na sequência, os mais exigidos são o potássio, o enxofre e o fósforo. Tome nota Em relação aos micronutrientes, é importante observar as pequenas quantidades necessárias para suprir a cultura da soja, porém não se deve deixar faltar nenhum deles, pois todos são essenciais. Com a falta de apenas um deles não haverá bom desenvolvimento nem ren- dimento de grãos (lei do mínimo). Milho No cultivo de milho, tanto na produção de grãos como na de silagem será necessário co- locar à disposição da planta a quantidade total de nutrientes que ela extrai, que devem ser for- necidos pelo solo e pelas adubações. Na tabela abaixo são apresentados os dados da extração média de nutrientes pelo milho, cultivado para produção de grãos e silagem. Observa-se que a extração de nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio e magnésio aumenta linearmen- te com o aumento na produção e que a maior exigência do milho refere-se a nitrogênio e po- tássio, seguidos de cálcio, magnésio e fósforo. MÓDULO 02 | Nutrição e adubação 16 Acompanhe a tabela: Tipo de exploração Produtividade Nutrientes extraídos N P K Ca Mg t/ha - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - kg/ha - - - - - - - -- - - - - - - - - - - - - - - - Grãos 3,65 77 9 83 10 10 5,80 100 19 95 17 17 7,87 167 33 113 27 25 9,17 187 34 143 30 28 10,15 217 42 157 32 33 Silagem (matéria seca) 11,60 115 15 69 35 26 15,31 181 21 213 41 28 17,13 230 23 271 52 31 18,65 231 26 259 58 32 Fonte: COELHO et al. (dados não publicados). Extração média de nutrientes pela cultura do milho destinada à produção de grãos e silagem em diferentes níveis de produtividade. Saiba mais Com relação aos micronutrientes, as quantidades requeridas pelas plantas de milho são muito pequenas. Por exemplo, para uma pro- dução de 9 t de grãos/ha, são extraídos: 2.100 g de ferro, 340 g de manganês, 110 g de cobre, 400 g de zinco, 170 g de boro e 9 g de molibdênio. Entretanto, a deficiência de um deles pode causar efei- tos tanto na desorganização de processos metabólicos quanto na deficiência de um macronutriente, como o nitrogênio, e limitar a produtividade da cultura. Entre os nutrientes, a importância do nitrogênio e do potássio sobressai quando o sistema de produ- ção agrícola passa de extrativa, com baixas produções por unidade de área (baixa produtividade), para uma agricultura intensiva e tecnificada, com o uso de irrigação e em busca de altas produtivi- dades. Em condições de baixa produtividade, em que as exigências nutricionais são menores, mesmo uma modesta contribuição do nitrogênio e do potássio suprida pelo solo pode ser suficiente para eliminar o efeito da adubação com estes nutrientes. MÓDULO 02 | Nutrição e adubação 17 No que se refere à exportação dos nutrientes nos grãos, o fósforo é quase todo translocado para as sementes (80%-90%), seguindo-se o nitrogênio (75%), o enxofre (60%), o magnésio (50%), o potássio (20- 30%) e o cálcio (10-15%). Isso significa que a incorporação dos res- tos culturais do milho devolve ao solo grande parte dos nutrientes, principalmente potássio e cálcio, contidos na palhada. Quando o milho é colhido para silagem, além dos grãos, a parte vegetativa também é remo- vida. Consequentemente, a extração e a expor- tação de nutrientes são elevadas. Os problemas de fertilidade do solo se manifestarão mais cedo na produção de silagem do que na produ- ção de grãos, principalmente se a primeira for obtida de uma mesma área por vários anos con- secutivos e se não for adotado um sistema de manejo de solo e adubações adequadas. Um programa de calagem e adubação para a manutenção de altas produtividades requer um monitoramento periódico do índice de fertilida- de do solo. É necessário realizar análises quí- micas e foliares periódicas, para evitar o empo- brecimento e/ou o desequilíbrio de nutrientes no solo. Depois de analisar e determinar a necessidade e a quantidade de fer- tilizantes que deverão ser aplicados no milho, o passo seguinte no manejo é o conhecimento da exigência da planta nas diferentes fases de desenvolvimento. Até os 20 dias de emergência (estádio V4) a quantidade de nutrientes absorvida por ha por dia é pequena. No entanto, a taxa de absorção de nutrientes por unidade de raiz é bastante alta, devido à pequena extensão do sistema radicular que tenta suportar o rápido crescimento da planta. MÓDULO 02 | Nutrição e adubação 18 Tome nota O nitrogênio é importante no estádio inicial de desenvolvimento da planta, quando ela está com quatro folhas totalmente expandidas (estádio V4), pois essa é a fase em que são originados os primórdios da panícula e da espiga. Isso mostra a necessidade do nitrogênio como arranque, de forma a não limitar esse evento fisiológico e a produtividade da cultura, visto que seu fornecimento em quantidade insuficiente nesta fase pode provocar perdas irreversíveis na produ- tividade da cultura. Com relação ao acúmulo de cálcio e de enxofre, a tendência de ritmo é semelhante à do nitrogênio, enquanto para o potássio a exigência cresce mais acentuadamente. Para o fósforo, o ritmo de absor- ção é mais lento. Os micronutrientes tendem a apresentar o pico de demanda mais tarde em relação aos macronutrientes, demonstrativo de uma concentração mais elevada na espiga. Síntese da aula Os nutrientes são elementos essenciais para o desenvolvimento e produção das plantas. As extra- ções e exportações por meio dos grãos variam de acordo com a cultura; a taxa de absorção varia de acordo com a fase fenológica das plantas. Os macronutrientes são absorvidos em maiores quantida- des e os micronutrientes em menores quantidades, porém ambos são igualmente importantes, pois na falta de qualquer um deles o desenvolvimentoda cultura é prejudicado e a produção reduzida. Fase do crescimento e desenvolvimento das plantas, tanto a vegetativa (germinação, emergência, crescimento da parte aérea e das raízes) como a reprodutiva (florescimento, frutificação e matura- ção), que demarca as épocas de ocorrência. MÓDULO 02 | Nutrição e adubação 19 Atividade de aprendizagem De acordo com o conteúdo abordado na aula de exigências nutricionais das culturas de soja e milho, analise as alternativas a seguir e marque a correta. a. Na ausência de um nutriente essencial, a planta completa seu ciclo de vida e reduz sua produção. b. Para o correto fornecimento de nutrientes para a cultura, deve-se considerar a quantidade de nutrientes exigida pela planta e o balanço da cultura anterior, entre a quantidade de nu- trientes retirada através da colheita e o que retorna ao solo pelo restante da palhada. c. Os nutrientes que a planta de milho extraem em maior quantidade durante seu ciclo são, em ordem decrescente, ferro, manganês, cobre, zinco, boro e molibdênio. d. A absorção de nutrientes pela soja não é dependente das condições do clima e da umidade do solo. MÓDULO 02 | Nutrição e adubação 20 São vários os fatores que interferem na produtividade de lavouras de grãos e, entre eles, a nutrição se destaca como uma prática essencial para se obter elevadas produtividades. As adubações devem ser elaboradas com critério técnico, de forma a aplicar a dose correta, no momento ideal, de acordo com as necessidades da cultura, de forma a reduzir os custos de produção e evitar a contaminação ambiental por fertilizantes. Objetivo da aula: Compreender os critérios de recomendação de adubações de cor- reção e manutenção. Adubação de correção fosfatada AULA 3 Adubações de correção e manutenção A adubação de correção fosfatada é conside- rada aquela adubação necessária para elevar o teor de fósforo no solo acima do nível crítico exigido pelas culturas, de forma a possibilitar a condução da lavoura e o planejamento da adubação de manutenção para alcançar altas produtividades. Na região do Cerrado Goiano, o método utili- zado pelos laboratórios para a extração de fósforo do solo é o Mehlich 1. Na tabela abaixo são apresentados os teores de fósforo extraível, obtidos pelo método Mehlich I, e a correspon- dente interpretação, que varia em função dos A recomendação da quantidade de nutrientes, principalmente quando se trata de adubação corretiva, é feita com base nos resultados da análise do solo. MÓDULO 02 | Nutrição e adubação 21 teores de argila. Os níveis críticos de P correspondem a 3, 8, 14 e 18 ppm para os solos com teores de argila de 61% a 80%, 41% a 60%, 21% a 40% e menos de 20%, respectivamente. Em solos com menos de 15% de argila é recomendável praticar agricultura intensiva, com muito cuidado quanto às práti- cas conservacionistas do solo, pois isso é um limitante para seu cultivo. Teor de argila (%) Teor de P (ppm) Muito baixo Baixo Médio Bom 61 a 80 0 a 1,1 1,1 a 2,0 2,0 a 3,0 >3,0 41 a 60 0 a 3,0 3,1 a 6,0 6,1 a 8,0 >8,0 21 a 40 0 a 5,0 5,1 a 10,0 10,1 a 14,0 >14,0 <20 0 a 6,0 6,1 a 12,0 12,1 a 18,0 >18,0 Fonte: EMBRAPA-CPAC (SOUZA et al., 1987) Interpretação da análise de solo para recomendação de adubação fosfatada (fósforo extraído pelo método Mehlich 1). Duas proposições são apresentadas para a recomendação de adubação fosfatada corretiva: Correção do solo de uma só vez Feita com posterior manutenção do nível de fertilidade atingido. Correção gradativa Feita com aplicações anuais no sulco de semeadura, conforme doses recomendadas. No primeira caso, recomenda-se aplicar a adubação corretiva total a lanço e incorporar o adubo à camada arável para corrigir um maior volume de solo, a fim de que as raízes das plantas absorvam água e nutrientes. Doses inferiores a 100 kg de P 2O5/ha, no entanto, devem ser aplicadas no sulco de semeadura, à semelhança da adubação corretiva gradual. MÓDULO 02 | Nutrição e adubação 22 Veja a tabela a seguir com as doses recomendadas: Teor de argila (%) Adubação fosfatada (kg de P2O5/ha) 1 Corretiva total Corretiva gradual P muito baixo P baixo2 P muito baixo P baixo2 61 a 80 240 120 100 90 41 a 60 180 90 90 80 21 a 40 120 60 80 70 <20 100 50 70 60 1 - Fósforo solúvel em citrato de amônio neutro mais água, para os fosfatos acidulados; solúvel em ácido cítrico 2% (relação 1:100), para termofosfa- tos e escórias. Recomendação fosfatada corretiva, a lanço, e adubação fosfatada corretiva gradual, no sulco de semeadura, de acordo com a classe de disponibili- dade de P e o teor de argila. Tome nota A adubação corretiva gradual pode ser utilizada quando não há a possibilidade de fazer a correção do solo de uma só vez. A prática consiste em aplicar, no sulco de semeadura, uma quantidade de fós- foro superior à indicada para a adubação de manutenção. Com o passar do tempo, o excedente se acumula e, após alguns anos, a dis- ponibilidade de fósforo atinge o nível desejado. Ao utilizar as doses de adubo fosfatado sugeridas na tabela acima é esperado que, num período máximo de seis anos, o solo apresente teores de fósforo em torno do nível crítico. Adubação de correção potássica Em solos com baixos teores de potássio extraí- vel com teor de argila superior a 20%, sugere-se a adoção da adubação corretiva com potássio, a lanço, com o objetivo de elevar a percenta- gem de potássio na CTC potencial do solo para um valor entre 3% e 5%, conforme análise e re- comendações de um técnico responsável. MÓDULO 02 | Nutrição e adubação 23 Adubações de cobertura As adubações de cobertura são altamente variáveis de acordo com as culturas implantadas na área, o nível de produtividade esperado e a forma de aplicação. De forma geral, deve-se buscar um equilíbrio entre os nutrientes du- rante as operações de calagem, adubação de correção e adubação de manutenção. Para isso, busca-se estabelecer uma percentagem em torno de 45% de cálcio, 15% de magnésio e 3 a 5% de potássio na CTC potencial do solo. Na situação de solo corrigido e equilibrado, o nível o cálcio e magnésio fornecido através da calagem é suficiente para fornecer as quantidades necessárias para a cultura. Em áreas em que se realizou a gessagem, também já é fornecido enxofre em volume suficiente para suprir a necessidade das plantas. Para recomendação das doses de nitrogênio, fósforo e potássio que serão aplicadas deve-se consultar um técnico responsável, o qual, com o resultado da análise de solo e a previsão de produtividade, vai elaborar a recomendação de acordo com a cultura e o histórico da área. Para avaliar a necessidade de aplicação de mi- cronutrientes deve-se interpretar a análise de solo e a análise foliar da cultura, para se ter um diagnóstico da quantidade disponível no solo e que está sendo absorvida pela planta. Para a prevenção da deficiência em micronutrientes em solos do Cerrado, recomenda-se a aplicação das seguintes dosagens: 4 a 6 kg/ha de zinco; 0,5 a 1,0 kg/ha de boro; 0,5 a 2,0 kg/ha de cobre; 2,5 a 6,0 kg/ha de magnésio; 50 a 250 g/ha de molibdênio e 50 a 250 g/ ha de cobalto. MÓDULO 02 | Nutrição e adubação 24 Síntese da aula As adubações em culturas de grãos podem ser divididas em adubações de correção e de manu- tenção. As adubações de correção buscam elevar o teor de determinados nutrientes acima do nível crítico para a produção. Para o fósforo, a dose a ser aplicada é baseada no seu teor atual e na textura do solo, já a quantidade de potássio é calculada de forma a elevar seu teor para 3% a 5% da CTC potencial do solo. As adubações de cobertura são altamente variáveis de acordo com acultura, a produtividade esperada, o teor do nutriente no solo, o histórico de uso da área e a forma de aplicação. A CTC potencial reflete a quantidade de cátions adsorvida a pH 7,0. Seria o máximo de cargas ne- gativas liberadas a pH 7,0 e que seriam ocupadas por cátions. Atividade de aprendizagem Sobre os conteúdos de adubação de manutenção e correção relacionados à aula, analise as alterna- tivas a seguir e marque a correta. a. A adubação nitrogenada deve ser padronizada para todas as culturas na produção de grãos. b. A adubação de correção potássica pode ser calculada de forma a elevar o teor de potássio no solo para 3% a 5% da CTC potencial. c. A adubação de correção fosfatada é feita com base no teor de matéria orgânica do solo. d. Não é necessária adubação nitrogenada na cultura do milho. MÓDULO 02 | Nutrição e adubação 25 Gabarito Módulo 2 Aula 1 Resposta correta: C O calcário aumenta o pH, corrige a toxidez do alumínio do solo e fornece cálcio e magnésio, deixando o ambiente favorável para o crescimento de raízes e desenvolvimento das plantas. A alternativa A está errada pois o milho é uma cultura altamente exigente em solo sem acidez e sem alumínio tóxico para seu bom desenvolvimento e produtividade, bem mais do que a soja. A alternativa B está errada pois durante a amostragem de solo deve-se coletar em torno de 20 pontos distribuídos por toda a área do talhão. A alternativa D está errada pois a necessidade de gessagem é definida através da interpretação do resultado da análise de solo na camada de 20 a 40 cm. Aula 2 Resposta correta: B Para planejar o balanço nutricional de uma planta é necessário conhecer a quantidade de nutrientes que ela extrai durante seu ciclo, a quantidade que é exportada através da colheita e o que retorna ao solo pela palhada. A alternativa A está errada pois na ausência de um nutriente essencial a planta não completa seu ciclo de vida e, consequentemente, não produz. A alternativa C está errada pois contém micronutrientes, portanto, extraídos em quantidades menores que os macronutrientes. A alternativa D está errada pois a absorção de nutrientes pela soja é influenciada por diversos fatores, entre eles as condições climáticas, como chuva e temperatura, as diferenças genéticas entre as variedades, o teor de nutrientes no solo e os diversos tratos culturais. Aula 3 Resposta correta: B Teores de 3% a 5% de potássio da CTC potencial representam valores ideais. Além disso, deve-se buscar um equilíbrio nos teores de cálcio, magnésio e potássio. A alternativa A está errada, pois a adubação nitrogenada é determinada com a análise de vários fatores, entre eles o tipo de cultura, a produtividade esperada e o histórico de uso da área. A alternativa C está errada, pois a adubação de correção fosfa- tada é feita com base no teor atual de fósforo no solo e na textura do solo. Por fim, a alternativa D, está errada, pois a cultura do milho é bastante exigente em adubação nitrogenada, ao contrário da soja, por exemplo, ou de outras culturas de plantas leguminosas, capazes de fixar o nitrogênio do ar. MÓDULO 02 | Nutrição e adubação 26
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