Buscar

APOSTILA MICOLOGIA CLÍNICA - PAULO MURILLO NEUFELD

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 100 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 100 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 100 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE FEDERALUNIVERSIDADE FEDERALUNIVERSIDADE FEDERALUNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRODO RIO DE JANEIRODO RIO DE JANEIRODO RIO DE JANEIRO 
FACULDADE DE FARMÁCIFACULDADE DE FARMÁCIFACULDADE DE FARMÁCIFACULDADE DE FARMÁCIAAAA 
LABORATÓRIO DE MICOLLABORATÓRIO DE MICOLLABORATÓRIO DE MICOLLABORATÓRIO DE MICOLOGIA CLÍNICAOGIA CLÍNICAOGIA CLÍNICAOGIA CLÍNICA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 MICOLOGIA CLÍNICAMICOLOGIA CLÍNICAMICOLOGIA CLÍNICAMICOLOGIA CLÍNICA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PROF. PAULO MURILLO PROF. PAULO MURILLO PROF. PAULO MURILLO PROF. PAULO MURILLO NEUFELDNEUFELDNEUFELDNEUFELD 
[[[[pneufeld@pharma.ufrj.brpneufeld@pharma.ufrj.brpneufeld@pharma.ufrj.brpneufeld@pharma.ufrj.br 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2003200320032003 
 
ÍNDICE 
 
MICOLOGIA GERAL 01 
MICOLOGIA CLÍNICA 14 
PROCEDIMENTOS LABORATORIAIS 24 
ASPERGILOSE 48 
BLASTOMICOSE NORTE-AMERICANA 50 
BLASTOMICOSE QUELOIDIANA [LOBOMICOSE] 52 
CANDIDÍASE 53 
COCCIDIOIDOMICOSE 55 
CRIPTOCOCOSE 57 
CROMOMICOSE 59 
DERMATOFITOSE 61 
ESPOROTRICOSE 63 
FEOHIFOMICOSE 65 
HIALOHIFOMICOSE 66 
HISTOPLASMOSE AMERICANA 67 
HISTOPLASMOSE AFRICANA 69 
MICETOMA 71 
PARACOCCIDIOIDOMICOSE 73 
PITIRÍASE VERSICOLOR 75 
RINOSPORIDIOSE 77 
ZIGOMICOSE 78 
BIOSSEGURANÇA NO LABORATÓRIO DE MICOLOGIA 82 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 94 
ANEXO: MODELO DE LAUDO MICOLÓGICO 98 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 1
MICOLOGIA GERAL 
 
 
1. CONCEITO 
 
Micologia é o ramo da microbiologia que estuda os fungos, organismos enquadrados em um 
reino bem definido, denominado de reino Fungi. 
 
1. IMPORTÂNCIA GERAL DOS FUNGOS 
 
Os fungos têm existência bastante difusa. Eles são considerados ubiquitários por estarem 
presentes no solo, na água e no ar e cosmopolitas por serem encontrados em todas as partes do 
planeta. 
Estes microrganismos necessitam de matéria orgânica para a obtenção de carbono e de 
energia para o seu metabolismo, por isso, estarão sempre associados ao material orgânico 
como sapróbios ou decompositores, simbiontes, comensais e parasitas. São os efeitos 
decorrentes destas manifestações que, dependendo do sentido, poderão ser considerados úteis 
ou prejudiciais. 
 
1.1. Ação benéfica 
 
• Decomposição: a decomposição da matéria orgânica resulta na produção de húmus e 
auxilia na eliminação de resíduos orgânicos. Os fungos, como decompositores, são 
importantes na reciclagem de elementos contidos em material orgânico de origem vegetal e 
animal. 
 
• Líquens: os líquens são resultantes da associação de fungos com algas. São importantes 
na colonização da rocha núa, transformando-a em solo aproveitável. Elaboram enzimas e 
ácidos que são liberados sobre a rocha, quebrando-a em suas estruturas formadoras e 
produzindo uma espécie de solo que permitirá a implantação dos vegetais. 
 
• Micorrizas: são estruturas formadas pela associação de raízes não lenhosas de vegetais 
superiores e fungos especializados do solo. As micorrizas aumentam a absorção de água e 
nutrientes; fornecem proteção contra ataques de pragas; aumentam a tolerância dos vegetais a 
excessos de metais, a condições extremas de acidez, aridez e temperatura do solo. 
 
 
 2
• Controle biológico de vetores: muitos fungos parasitam e matam diversos insetos que 
constituem verdadeiras pragas de culturas, dentre eles: Metharizium anisopliae que parasita 
a cigarrinha da cana-de-açúcar, Beauveria bassiana que parasita a broca da cana-de-açúcar, a 
broca da batata doce e a broca do coqueiro. 
 
• Alimentação: os fungos podem ser consumidos como alimentos, os cogumelos dos 
gêneros Agaricus campestris, Morchella hortensis, Clavaria fava, Cantharellus cibarius, 
Lactarius deliciosus, Russula alutalea, Psalliota arvensis, Amanita caesarea, Boletus sp, 
e Helvellae sp. e trufas do gênero Tuber sp., são os mais frequentemente utilizados. Podem 
ainda ser empregados no preparo de numerosos alimentos como: pão (Saccharomyces 
cerevisiae); bebidas alcoólicas: cervejas, vinhos, uísques, rum, gim e saquê (Saccharomyces 
cerevisiae, Saccharomyces carlsbergensis, Aspergillus oryzae); queijos: roquefort e 
gorgonzola (Penicillium roquefortii), camembert (Penicillium camembertii); molhos e 
pastas: shoyu (Aspergillus oryzae, Aspergillus soye), missó (Aspergillus oryzae). 
 
• Indústria: os fungos são empregados em processos industriais de importância indiscutível. 
Podem produzir: álcool (etanol e glicerol); vitaminas ( complexo B e vitamina D); antibióticos 
(penicilina e griseofulvina); esteróides (progesterona); corticóides (cortisona). 
 
1.1. Ação prejudicial 
 
• Fitopatógenos: os fungos podem devastar culturas inteiras ou determinar alterações na 
taxa de crescimento dos vegetais de interesse agronômico. 
 
• Deterioração de madeira e derivados: atacam madeiras de construção, dormentes de 
ferrovia, postes de luz e telegráficos, móveis e utensílios em geral, molduras e telas de 
quadros, papel e etc. 
 
• Deterioração de alimentos e intoxicações alimentares: são agentes de deterioração de 
alimentos, produzindo alterações organolépticas, ou seja, alterações na aparência, na 
consistência, no sabor e no aroma. Crescem sobre grãos, carnes, leites, ovos, mel, produtos 
enlatados, além de frutas, legumes e hortaliças. Podem produzir também toxinas exógenas 
(micotoxinas) e toxinas endógenas que quando ingeridas desencadeiam quadros de 
intoxicação alimentar, denominados de micotoxicoses e micetismos respectivamente. As 
micotoxinas são elaboradas e liberadas para o meio ambiente durante o crescimento dos 
fungos. Para que ocorra intoxicação (micotoxicose) é necessário a ingestão de alimentos 
contaminados com estas toxinas. Os gêneros mais comumente implicados na produção 
 
 3
micotoxicoses são: Aspergillus spp., Penicillium spp. e Fusarium spp. As endotoxinas 
fazem parte da própria estrutura dos fungos, não sendo liberadas para o meio ambiente. Para 
que ocorra intoxicação (micetismo) é necessário a ingestão do próprio fungo e não apenas da 
toxina, como no caso das micotoxicoses. Os fungos incriminados como produtores de 
micetismos são os chamados cogumelos venenosos: Amanita verna, Amanita muscaria, 
Amanita phalloides, Amanita pantherina, Coprinus atramentarius, Cantharellus 
auratialus, Lactarius tormentosum, Russula emetica, Lepiota helveola, Entoloma 
lividum, Gyromitra esculenta, Cortinarius orelanus, Psilocybe sp., Stropharia sp., 
Conocybe sp. e Tricholona sp. A ingestão de ambos os tipos de toxinas leva à produção de 
variado quadro anátomo-patológico como: vômitos, tremores, diarréias, hemorragias e 
neoplasias. 
 
• Micoses e alergias: estes microganismos podem causar diversos processos patológicos no 
homem e nos animais. Muitos são agentes de enfermidades conhecidas como micoses 
(esporotricose, causada pelo fungo Sporothrix schenckii; histoplasmose, causada pelo 
Histoplasma capsulatum; blastomicose, causada pelo Blastomyces dermatitidis; 
paracoccidioidomicose, causada pelo Paracoccidioides brasiliensis) ou agentes de processos 
alérgicos em indivíduos imunologicamente sensíveis, devido a inalação de elementos fúngicos 
em suspensão no ar. 
 
• Outros: os fungos podem se desenvolver em combustíveis (petróleo e derivados: gasolina, 
óleo diesel e querosene; álcool) causando enormes problemas para refinarias e para a aviação. 
Os aviões abastecidos com querosene podem apresentar crescimento de fungos em seu 
tanque de combustível, o que pode levar a entupimentos do sistema de condução do 
combustível ou ainda podem causar corrosão microbiológica, atacando a camada interna de 
poliesteruretano e as chapas de duralumínio dos tanques de querosene dosaviões. 
 
3. CITOLOGIA DOS FUNGOS 
 
A célula fúngica é menor e mais simples do que a célula dos vegetais e animais, porém 
apresenta basicamente os mesmos componentes encontrados nestas células eucariontes: 
• Parede Celular: pode ser fundamentalmente de quitina, celulose ou composta de uma 
mistura das duas substâcias. Alguns fungos durante um período de seu ciclo de vida perdem a 
parede (esporos dos fungos aquáticos). 
• Lomassoma: estrutura formada a partir da membrana celular e que se localiza entre a 
parede e a membrana plasmática. Apresenta as seguintes funções: 
 
 4
� Secreção e formação de parede celular. 
� Proliferação de citomembranas. 
� Micropinocitose. 
� Síntese de glicogênio. 
� Manutenção do turgor celular. 
� Funções de complexo de Golgi. 
� Estrutura de resposta a tensões, sendo produzida em momentos de parasitismo ou 
traumatismo. 
• Membrana Celular : apresenta permeabilidade seletiva, segue o modelo do mosaico 
fluido e, em alguns fungos que perdem a parede durante parte de seu ciclo biológico, dá a 
forma e protege a célula. 
• Núcleo: com membrana nuclear e fuso acromático intra-nuclear (durante a divisão celular 
por mitose não há desorganização da membrana nuclear). 
• Vacúolos: existem basicamente dois tipos, o de reserva que contém glicogênio e o 
digestivo que contém enzimas digestivas, semelhantemente ao lisossoma. 
• Septos: são projeções da parede celular que divide transversalmente a hifa. Os septos 
podem ser falsos ou verdadeiros. Os septos falsos são aqueles que apresentam um poro central 
que permite a passagem do citoplasma de um compartimento para o outro da hifa. Os septos 
verdadeiros não apresentam poro e são formados em dois momentos: no traumatismo para 
evitar o estravasamento do material citoplasmático para o meio ambiente e na reprodução 
quando um septo é formado para isolar a área reprodutiva do restante do corpo vegetativo. 
• Flagelo: nas células móveis (esporos de fungos aquáticos) encontram-se dois tipos, o 
Tinsil ou Penado que apresenta um diâmetro uniforme ornamentado externamente por fibrilas 
e o Whiplash ou Chicote que afila progressivamente para a extremidade livre e não é 
ornamentado. 
 
4. MORFOLOGIA DOS FUNGOS. 
 
4.1. Morfologia vegetativa: 
 
Os fungos podem ser divididos de acordo com a sua morfologia vegetativa em: 
• Filamentosos: as células têm forma de filamentos tubulares denominados de hifas e o seu 
conjunto é chamado de micélio. As hifas ou o micélio, segundo a coloração que apresentem 
em sua parede celular, podem ser classificadas em hialinas quando apresentam cores claras 
 
 5
ou são transparentes e demáceas quando apresentam cores escuras. Também podem ser 
divididas em septadas e asseptadas. 
• Leveduriformes: as células têm formato arredondado ou ovalado e são chamadas de 
leveduras. 
 
4.1. Morfologia reprodutiva: 
 
Os esporos são as unidades reprodutivas dos fungos e se caracterizam por também apresentar 
formas e colorações variadas. Os principais tipos de esporos são: 
 
• Basidiosporos: esporos sexuados exógenos, formados no exterior de células chamadas 
basídias. 
• Ascosporos: esporos sexuados endógenos, formados no interior de hifas em forma de 
saco denominadas de asco. 
• Conídios: esporos assexuados exógenos, formados sobre hifas reprodutivas chamadas de 
células conidiogênicas. 
• Esporângiosporos: esporos assexuados endógenos, formados dentro de hifas 
reprodutivas chamadas de esporângios. 
• Zoosporos: esporos assexuados endógenos, formados no interior de hifas reprodutivas 
chamadas de zoosporângios. 
• Blastosporos: esporos assexuados, representados pelas gêmulas ou brotos das leveduras. 
As estruturas que formam e dão sustentação aos esporos são genericamente conhecidas como 
esporóforos. Estas estruturas apresentam denominações específicas de acordo com o tipo de 
esporos que produzem. Assim, quando produzem conídios, são denominados de conidióforos; 
quando produzem esporângios com esporângiosporos, são denominados de esporângióforos; 
quando produzem zoosporângios com zoosporos, são chamados de zoosporângióforos. Os 
esporóforos podem ser ainda simples ou compostos. Conidióforos e esporangiosporos 
exemplos de esporóforos simples que dão origem a esporos assexuados, enquanto que 
sinêmios, esporodóquios, soros e acérvulos e picnídios são exemplos de esporóforos 
compostos e que também dão origem a esporos assexuados (conídios). Os esporóforos 
compostos que dão origem a esporos sexuados são chamados de ascocarpos quando ascos e 
ascosporos são produzidos em seu interior e de basidiocarpos (basidióforos) quando 
basidiosporos são produzidos sobre as suas estruturas (basídias). Os ascocarpos podem ser 
divididos em peritécios, apotécios, cleistotécios e gmnotécios de acordo com seu modo de 
comunicação com o meio exterior. 
 
 
 6
5. FISIOLOGIA DOS FUNGOS 
 
5.1 Nutrição 
• Heterotróficos para carbono. 
• Tomada de nutrientes feita por absorção. 
• Produção de exoenzimas e enzimas adaptativas. 
 
5.1. Respiração 
• Aeróbios. 
• Respiração celular: Ciclo de Krebs, Cadeia Respiratória e Fosforilação Oxidativa. 
 
5.3. Fermentação 
• Oxidação parcial do substrato com produção de álcool e dióxido de carbono. 
 
5.4. Dimorfismo 
• Alguns fungos apresentam duas morfologias que variam principalmente em função da 
temperatura: filamentosos a 15o C e leveduriformes a 37o C. 
 
5.5. Reprodução 
O ciclo biológico dos fungos começa e termina no esporo, que pode ser oriundo de 
reprodução sexuada e/ou assexuada e ainda pode ser endógeno (quando produzido no interior 
de células ou hifas especializadas) e exógeno (quando produzido no exterior de células ou 
hifas especializadas). As formas conhecidas de reproduções nos fungos são: 
 
• Assexuada (Imperfeita ou Anamórfica): divisão nuclear por mitose. Ocorre puramente por 
transformações do sistema vegetativo. É importante para a propagação da espécie porque 
produz grande número de esporos, porém, a variabilidade genética é baixa e dependente de 
mutações. 
 
• Sexuada (Perfeita ou Teleomórfica): divisão nuclear por meiose. É derivada da união de 
núcleos compatíveis. É composta de três fases: Plasmogamia: fusão ou anastomose de hifas; 
Cariogamia: união de dois núcleos haplóides compatíveis (formação de núcleo diplóide); 
meiose: divisão nuclear por meiose, retornando à condição haplóide (crossing-over 
meiótico). 
 
 
 7
Esta reprodução produz baixo número de esporos (ocorrendo apenas após um período de 
“stress” ambiental), mas com grande variabilidade genética. 
 
• Ciclo Parassexuado: divisão nuclear por mitose. Não ocorre em um período ou ponto 
específico do ciclo biológico do fungo e não há formação de estruturas de reprodução. É 
composto pelas seguintes fases: plasmogamia; cariogamia.; mitose (com eventual crossing-
over mitótico). 
 
Este ciclo fornece algumas vantagens que só seriam obtidas no ciclo sexuado. Desta forma, 
um certo grau de variabilidade genética é conseguido. O Ciclo Parassexuado é muito 
importante para aqueles fungos que não se reproduzem sexuadamente e que dependem 
exclusivamente de mutações para que haja alguma variação em seu código genético. O 
homem utiliza este ciclo, aliado a mutações artificiais, fazer melhoramento genético, ou seja , 
obtenção de novas linhagens em fungos de interesse comercial, industrial e médico cuja 
reprodução sexuada não se conhece. 
 
6. CARACTERIZAÇÃO DOS FUNGOS 
 
Os fungos estão enquadrados no reino FUNGI, sendo suas principais características: 
• Eucariontes: possuem membrana nuclear, o que caracteriza os núcleos verdadeiros. No 
interior de seus núcleos, o número de cromossomos é variável, mas sempre diferente de um. 
• Unicelular ou Filamentoso; 
• Parede Celular: quitinosa e/ou celulósica; 
• Aeróbios;• Aclorofilados (não fazem fotossíntese); 
• Nutrição heterotrófica por absorção; 
• Armazenam glicogênio e não armazenam amido; 
• Reproduzem-se por esporos oriundos de reprodução assexuada ou sexuada. 
 
7. TAXONOMIA DOS FUNGOS 
A exata posição dos fungos com relação aos outros organismos tem sido motivo de muita 
discussão. Inicialmente, os fungos foram tratados como pertencentes ao reino vegetal. 
Todavia, quando comparadas, as características dos fungos se chocavam com as 
características dos demais representantes deste reino. Somado a isso, algumas características 
observadas nas células animais eram compartilhadas pelos fungos. Com o objetivo de 
minimizar as diferenças, os fungos foram então separados em um reino particular. 
 
 8
Tradicionalmente, o reino Fungi tem sido dividido em dois filos (ou divisões): o 
Myxomycota, para as forma plasmodiais, e o Eumycota (fungos verdadeiros), para as forma 
não plasmodiais que são usualmente miceliais ou leveduriformes. Os fungos verdadeiros, por 
sua vez, têm sido classificados a partir de suas relações filogenéticas e estruturas de 
reprodução sexuada nos subfilos (ou subdivisões): Basidiomycotina, Ascomycotina, 
Zygomycotina e Mastigomycotina. A exceção fica por conta do subfilo (ou subdivisão) 
Deuteromycotina que não é formada a partir de graus de parentesco e nem a partir de formas 
sexuadas de reprodução. Nele são colocados todos aqueles fungos cuja reprodução sexuada é 
inexistente ou desconhecida, independentemente de sua origem filogenética (evolutiva). Na 
maioria das vezes, os deuteromicetos são formas assexuadas de ascomicetos ou 
basidiomicetos. 
 
 
Classificação tradicional dos fungos 
 
FILO EUMYCOTA 
 
EUCARIONTES, UNICELULARES OU FILAMENTOSOS, PAREDE 
CELULAR COM QUITINA E / OU CELULOSE, AERÓBIOS, 
ACLOROFILADOS, NUTRIÇÃO HETEROTRÓFICA POR ABSORÇÃO, 
GLICOGÊNIO COMO RESERVA GLICÍDICA, REPRODUÇÃO POR 
ESPOROS PRODUZIDOS ASSEXUADA E / OU SEXUADAMENTE. 
 
 
SUBFILOFILO BASIDIOMYCOTINA MICÉLIO SEPTADO OU CÉLULAS DE LEVEDURA E ESPORO 
SEXUADO (BASIDIOSPORO) FORMADO SOBRE BASÍDIAS. 
 
 
SUBFILO ASCOMYCOTINA MICÉLIO SEPTADO OU CÉLULAS DE LEVEDURA E ESPORO 
SEXUADO (ASCOSPORO) FORMADO DENTRO DE ASCOS. 
 
 
UBFILO ZYGOMYCCOTINA MICÉLIO ASSEPTADO E ESPORO SEXUADO (ZIGOSPORO) E 
ASSEXUADO (ESPORANGIOSPORO) FORMADOS DENTRO DE 
ESPORÂNGIOS. 
 
 
SUBFILO MASTIGOMYCOTINA MICÉLIO ASSEPTADO OU FORMA UNICELULAR E ESPORO 
ASSEXUADO FLAGELADO (ZOOSPORO). 
 
 
SUBFILO DEUTEROMYCOTINA MICÉLIO SEPTADO OU CÉLULAS DE LEVEDURA E ESPORO 
ASSEXUADO NÃO FORMADO EM ESPORÂNGIOS (CONÍDIO). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 9
Com o avanço das técnicas de estudo, muitos organismos anteriormente considerados fungos 
foram retirados do reino Fungi por apresentarem características que conflitiam com aquelas 
reconhecidas para este grupo. Assim, o reino Fungi foi reestruturado e atualmente passou a 
conter os Filo Basidiomycota, Ascomycota, Zygomycota e Chytridiomycota. O antigo 
Sbufilo Mastigomycotina foi retirado do reino Fungi, pois muitos organismos considerados 
neste taxon tinha pouca relação com os fungos verdadeiros, ficando apenas a antiga classe 
dos Chytridiomycetes como filo Chytridiomycota. O subfilo Deuteromycotina foi extinto por 
não ser uma unidade monofilética e seus componentes passaram a ser designados como 
“fungos mitospóricos”. Recentemente, o termo “fungo mitospórico” foi substituído pelo o 
termo “fungo anamórfico”. É importante ressaltar que estes termos não correspondem a uma 
classificação taxonômica, mas sim, apenas a uma designação sob a qual estão agrupadas as 
formas assexuadas de alguns fungos. 
 
 
Classificação moderna dos fungos 
 
REINO FUNGI 
 
EUCARIONTES, UNICELULARES OU FILAMENTOSOS, PAREDE 
CELULAR COM QUITINA, AERÓBIOS, ACLOROFILADOS, NUTRIÇÃO 
HETEROTRÓFICA POR ABSORÇÃO, GLICOGÊNIO COMO RESERVA 
GLICÍDICA, REPRODUÇÃO POR ESPOROS PRODUZIDOS 
ASSEXUADA E / OU SEXUADAMENTE. 
 
 
FILO BASIDIOMYCOTA MICÉLIO SEPTADO OU CÉLULAS DE LEVEDURA E ESPORO 
SEXUADO (BASIDIOSPORO) FORMADO SOBRE BASÍDIAS. 
 
 
FILO ASCOMYCOTA MICÉLIO SEPTADO OU CÉLULAS DE LEVEDURA E ESPORO 
SEXUADO (ASCOSPORO) FORMADO DENTRO DE ASCOS. 
 
 
 
FILO ZYGOMYCOTA 
 
MICÉLIO ASSEPTADO E ESPORO SEXUADO (ZIGOSPORO) E 
ASSEXUADO (ESPORANGIOSPORO) FORMADOS DENTRO DE 
ESPORÂNGIOS. 
 
 
FILO CHYTRIDIOMYCOTA MICÉLIO ASSEPTADO OU FORMA UNICELULAR E ESPORO 
ASSEXUADO FLAGELADO (ZOOSPORO). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 10
Outra classificação proposta inclui os filos Basidiomycota, Ascomycota, Zygomycota e 
Deuteromycota. Nesta, nenhum dos membros do antigo subfilo Mastigomycotina é 
considerado fungo verdadeiro e, mesmo não sendo uma unidade monofilética, o antigo subfilo 
Deuteromycotina foi mantido como filo Deuteromycota. 
 
 
Classificação moderna dos fungos 
 
REINO FUNGI 
 
EUCARIONTES, UNICELULARES OU FILAMENTOSOS, PAREDE 
CELULAR COM QUITINA, AERÓBIOS, ACLOROFILADOS, NUTRIÇÃO 
HETEROTRÓFICA POR ABSORÇÃO, GLICOGÊNIO COMO RESERVA 
GLICÍDICA, REPRODUÇÃO POR ESPOROS PRODUZIDOS 
ASSEXUADA E / OU SEXUADAMENTE. 
 
 
FILO BASIDIOMYCOTA MICÉLIO SEPTADO OU CÉLULAS DE LEVEDURA E ESPORO 
SEXUADO (BASIDIOSPORO) FORMADO SOBRE BASÍDIAS. 
 
 
FILO ASCOMYCOTA MICÉLIO SEPTADO OU CÉLULAS DE LEVEDURA E ESPORO 
SEXUADO (ASCOSPORO) FORMADO DENTRO DE ASCOS. 
 
 
FILO ZYGOMYCOTA MICÉLIO ASSEPTADO E ESPORO SEXUADO (ZIGOSPORO) E 
ASSEXUADO (ESPORANGIOSPORO) FORMADOS DENTRO DE 
ESPORÂNGIOS. 
 
 
FILO DEUTEROMYCOTA MICÉLIO SEPTADO E ESPORO ASSEXUADO (CONÍDIO) NÃO 
FORMADO EM ESPORÂNGIOS OU CÉLULAS DE LEVEDURA 
GEMULANTES (BLASTOSPORO) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 11
Esquema taxonômico dos principais grupos de fungos 
 
Filo 
 
Classe 
 
 
Ordem 
 
Família 
 
Gênero 
Zygomycota 
Zygomycetes 
 
Entomophthorales 
 
Mucorales 
 
 
Entomophthoraceae 
 
Mucoraceae 
 
 
 
 
Cunninghamellaceae 
Syncephalastraceae 
 
 
Basidiobolus 
Conidiobolus 
Absidia 
Mortierella 
Mucor 
Rhizomucor 
Rhizopus 
Cunnighamella 
Syncephalastrum 
Ascomycota Hemiascomycetes Endomycetales Endomycetaceae 
Saccharomycetaceae 
 
 
Endomyces 
Lodderomyces 
Kluyveromyces 
Pichia 
Saccharomyces 
 
 Loculoascomycetes 
 
Myriangiales 
Pleosporales 
 
Saccardinulaceae 
Microascaceae 
 
Piedraia 
Pseudoallecheria boydii 
 Plectomycetes Eurothiales Gymnoascaceae Ajellomyces 
Arthroderma 
Nannizzia 
 
Basidiomycota Teliomycetes 
 
Ustilaginales Filobasidiaceae Filobasidiella 
 Hymenomycetes 
 
Aphyllophorales Schyzophillaceae Schyzophillum 
 Blastomycetes Aureobasidium 
Cryptococcus 
Candida/Torulopsis 
Malazzesia/Pityrosporum 
Rhodotorula 
Trichosporon 
Sporobolomyces 
 
Deuteromycota 
Hyphomycetes 
 
Moniliales 
 
Moniliaceae 
 
Acremonium/Cephalosporium 
Aspergillus 
Blastomyces 
Chrysosporium 
Coccidioides 
Epidermophyton 
Geotrichum 
Gliocladium 
Histoplasma 
Microsporum 
Paecilomyces 
Paracoccidioides 
Penicillium 
 
 
 
 
 
Dematiaceae 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Tuberculariaceae 
 
Sepedonium 
Scopulariopsis 
Sporothrix 
Trichoderma 
Trichophyton 
Alternaria 
Cladosporium 
Curvularia 
Drechslera 
Exophiala 
Fonsecaea 
Helmintosporium 
Madurella 
Nigrospora 
Phialophora 
Rhinocladiella 
Ulocladium 
Wangiella 
Epicoccum 
Fusarium 
 
 Ceolomycetes Sphaeropsidales Phoma 
 
 12 
A classificação dos fungos está apoiada na micromorfologia das estruturas reprodutivas. 
Como alguns fungos podem se reproduzir tanto sexuada quanto assexuadamente, estes 
irão apresentar duas denominações, uma em função da morfologiasexuada e outra em 
função da morfologia assexuada. Isto ocorre por que as estruturas de reprodução 
sexuada e assexuada são morfologicamente diferentes. Assim, um mesmo fungo poderá 
ser conhecido pelo seu nome sexuado (perfeito ou teleomórfico) ou pelo seu nome 
assexuado (imperfeito ou anamórfico). Taxonomicamente, quando a reprodução 
sexuada for conhecida, deve se dar preferência de uso para o nome teleomórfico. 
Contudo, na prática, os fungos são tratados por seu nome anamórfico, já que as culturas 
são manipuladas, no laboratório clínico, na fase assexuada. 
 
 
Nomenclatura anamórfica e teleomórfica de alguns fungos de interesse médico 
 
Anamorfo 
 
Teleomorfo 
 
Anamorfo 
 
 
Teleomorfo 
 
Alternaria 
 
Clathrospora 
Leptosphaeria 
Pleospora 
 
Penicillium 
 
Eupenicillium 
Penicilliops 
Talaromyces 
Aspergillus Emericella 
Eurotium 
Sartorya 
Phialophora Gaeumannomyces 
Mollisia 
Blastomyces Ajellomyces Rhodotorula Rhodosporidium 
Candida Hansenula 
Kluyveromyces 
Leucosporidium 
Lodderomyces 
Pichia 
Saccharomyces 
Scedosporium Petrielle 
Petriellidium 
Pseudoallescheria 
Chrysosporium Arthroderma 
 
Scopulariopsis Chaetonium 
Kernia 
Microascus 
Petriella 
 
Cryptococcus Filobasidiella 
Filobasidium 
Scytallidium Handersonula 
Curvularia Cochliobolus Sepedonium Corynoascus 
Hypomyces 
Peckiella 
Thielavia 
 
Dreschslera Cochliobolus 
Pyrenophora 
Sporobolomyces Aessosporon 
 
Fusarium Calonectria 
Giberella 
Micronetriella 
Nectria 
Sporothrix Ceratocystis 
 
Geotrichum Dipodascus 
Endomyces 
Stachybotrys Melanopsamma 
 
 
 
 
 
 
 
 
 13 
Continuação 
 
Anamorfo 
 
Teleomorfo 
 
Anamorfo 
 
 
Teleomorfo 
 
Histoplasma 
 
Ajellomyces 
 
Torulopsis 
 
Debaryomyces 
Hansenula 
Kluyveromyces 
Saccharomyces 
Filobasidium 
 
Microsporum Arthroderma Trichoderma Hypocrea 
Podostroma 
Paecyllomyces Byssochlamyces 
Cephalotheca 
Thermoascus 
 
 
Em micologia médica, uma classificação (não taxonômica) orientada segundo a 
enfermidade causada por esses organismos, pode ser útil. Neste esquema, os fungos são 
agrupados em três grandes categorias: micoses superficiais (pele, pêlos e unhas), 
micoses subcutâneas (músculos, ossos e tercido conectivo) e micoses profundas ou 
sistêmicas (diversos órgãos ou tecidos: pulmões, sistema linfático e sangüineo). 
 
Classificação clínica dos agentes fúngicos 
 
Superficiais 
 
Subcutânea 
 
Sistêmica 
 
Piedra Branca 
Trichosporon beigelii 
Piedra Preta 
Piedraia hortae 
Tinea Nigra 
Exophiala werneckii 
Candidíase 
Candida spp. 
Dermatofitose 
Epidermophytom floccosum 
Microsporum spp. 
Trichophyton spp. 
Pitiríase Versicolor 
Malassezia furfur 
 
Cromoblastomicose 
Cladosporium carrionii 
Fonsecaea compacta 
Fonsecaea pedrosoi 
Phialophora verrucosa 
Rhinocladiella aquaspersa 
Esporotricose 
Sporothrix schenckii 
Micetoma Eumicótico 
Acremonium spp. 
Aspergillus nidulans 
Curvularia spp. 
Exophiala jeanselmei 
Fusarium spp. 
Madurella spp. 
Pseudallescheria boydii 
Feohifomicose 
Alternaria spp. 
Cladosporium spp. 
Curvularia spp. 
Exophiala spp. 
Phialophora spp. 
 
 
Aspergilose 
Aspergillus spp. 
Blastomicose 
Blastomyces dermatititdis 
Candidíase 
Candida spp. 
Coccidioidomicose 
Coccidioides immitis 
Cryptococcose 
Cryptococcus neoformans 
Hialohifomicose 
Acremonium spp. 
Fusarium spp. 
Paecilomyces spp. 
Penicillium spp. 
Scopulariopsis spp. 
Histoplasmose 
Histoplasma capsulatum 
Paracoccidioidomicose 
Paracoccidioides brasiliensis 
Zigomicose 
Absidia spp. 
Cunninghamella spp. 
Mucor spp. 
Rhizopus spp. 
Syncephalastrum spp. 
Basidiobolus sp. 
Conidiobolus sp. 
 
 
 
 14 
MICOLOGIA CLÍNICA 
 
 
 
1. DEFINIÇÃO: MICOSE 
A patogenicidade dos fungos tem sido relacionada com a sua capacidade de 
desenvolvimento nos tecidos do hospedeiro. A ação espoliativa dos fungos patogênicos 
pode levar a um variado quadro mórbido, genericamente, denominado de micose. 
 
1. TERMINOLOGIA 
1.1. Localização Anátomo-clínica: segundo o sítio anatômico, as micoses podem ser 
denominadas como dermatomicose (micoses da pele), otomicose (micoses do conducto 
auditivo), oftalmomicose (micoses dos olhos), onicomicose (micoses das unhas) e 
pneumomicose (micoses dos pulmões). 
 
1.1. Agente etiológico: segundo o fungo responsável, as micoses podem ser 
denominadas como aspergilose (micoses produzidas por fungos do genêro Aspergillus), 
paracoccidioidomicose (micose produzida pelo Paracoccidioides brasiliensis), 
esporotricose (micose produzida pelo Sporothrix schenckii) e etc. 
 
3. CLASSIFICAÇÃO 
3.1. Localização do processo: superficial, subcutânea e profunda 
 
3.1. Origem do processo: primária, secundária e associadas 
 
4. FATORES PRÉ-DISPONENTES 
 
4.1. Fatores biológicos 
• Hospedeiro: raça (fatores genéticos); idade (imaturidade ou degeneração do sistema 
imunológico); sexo (alterações fisiológicas: gravidez, lactação e ciclo menstrual); 
Patologias (processos infecciosos, processos metabólicos, processos neoplásicos, 
desnutrição e estados imunossupressivos). 
 
 
 15 
• Fungo: fatores indutores de fase tecidual (dimorfismo); Afinidade tecidual 
(equipamento enzimático); presença de cápsula; parasitismo intracelular; toxicidade 
(exo e endotoxinas); poder invasor (orgãos perfurantes: ação mecânica) 
 
4.1. Fatores ecológicos 
• Clima: de maneira geral as micoses são mais freqüentes em climas quentes do que 
em climas temperados e frios. Há, porém, algumas micoses em que a influência 
climática é predominante. Neste casos, o fungo só sobrevive no ambiente em condições 
climáticas estritas. 
 
• Solo: a influência da natureza do terreno sobre o desenvolvimento sapróbio dos 
fungos patogênicos, em geral, é mal estudada. Entretanto, parece haver certa relação 
entre algumas áreas de maior prevalência de micoses e a constituição do solo 
(histoplasmose ou coccidioidomicose). 
 
4.3. Fatores sociológicos 
 
• Meio Social: considera-se o solo e os vegetais como sendo o principal habitat dos 
fungos patogênicos, assim, compreende-se que a incidência das micoses seja maior no 
meio rural do que no meio urbano. 
 
• Hábitos e Costumes: podem ser um fator de predisposição ou proteção contra 
determinadas micoses. Alguns desses fatores estão ligados, por exemplo, ao vestuário, à 
segregação e à migração. 
 
• Profissão: médicos, veterinários, laboratoristas, espeleologistas, entre outros, estão 
mais expostos aos fungos patogênicos. 
 
• Higiene: é importante para a prevenção de muitas micoses, porém, pode ser um 
tanto quanto ineficaz para as doenças produzidas por fungos da microbiota. 
 
 
 
 
 
 
 16 
5. DINÂMICA DAS MICOSES 
 
5.1. Fontes de infecção e reservatórios 
• Solo 
• Vegetais 
• Animais 
• Homem. 
 
5.1. Vias de infecção 
• Inalação de elementos fúngicos em suspensão no ar 
• Traumatismo 
• Ingestão 
 
5.3. Vias de disseminação 
• Hematogênica 
• Linfática 
• Contiguidade 
 
Epidemiologia das micoses 
 
Fonte 
 
 
Porta de Entrada 
 
Micoses 
 
Sapróbica (solo, matéria 
orgânica em decomposição) 
 
Pulmão 
 
Histoplasmose 
Blastomicose 
Coccidioidomicose 
Paracoccidioidomicose 
Criptococcose 
Aspergilose 
Mucormicose 
Pseudoallescheriose 
Esporotricose 
Adiaspiromicose 
Hialohifomicose 
Feohifomicose 
 
 Epiderme e fio de cabelo 
 
Dermatofitose por fungos 
geofílicos 
 Pele e tecido subcutâneo Micetoma 
Esporotricose 
Cromoblastomicose 
Feohifomicose 
Rinosporidiose 
Entomoftoromicose 
Hialohifomicose 
Tinea nigra17 
Continuação 
 
Fonte 
 
 
Porta de Entrada 
 
Micoses 
 
Seios paranasais 
 
Mucormicose 
Aspergilose 
Feohifomicose 
Entomoftoromicose 
 
Aquática Pele e tecido subcutâneo, mucosa 
nasal e conjuntiva 
 
Rinosporidiose 
Animal Pele e pêlos 
 
Dermatofitose por fungos 
zoofílicos 
Humana Epiderme e pêlos Dermatofitose por fungos 
antropofílicos e pitiríase 
versicolor 
 
 Pele, membranas mucosas e trato 
gastrointestinal 
 
Candidíase 
 
6. TRANSMISSÃO 
6.1. Micoses superficiais: a transferência de agentes fúngicos ocorre por contacto direto 
entre indivíduos. 
 
6.1. Micoses subcutâneas e profundas: a doença adquirida por contacto direto é pouco 
freqüente. Na realidade, nestas o agente fúngico é transmitido de maneira indireta, ou 
seja, pelo contacto com solo, ambientes e objetos contaminados. 
 
7. SINTOMATOLOGIA DAS MICOSES 
7.1. Micoses pulmonares 
• Geral: sindrome gripal passageira ou pneumonia localizada em um dos lobos ou 
espalhada. Considerado como infecção inicial; 
 
• Tosse: produção mínima de escarro, dispnéia, taquipnéia e hemoptíase. A dor no 
peito é freqüentemente de natureza pleural. Roncos e fricção pleural podem ser 
detectados pela auscultação. Radiografias podem revelar pequeno infiltrado pulmonar e 
adenopatia hilar ou opacidade difusa e confluente; 
 
• Alergia broncopulamonar: sintomas característicos de asma e tosse não produtiva. 
Broncoespasmo episódico. Atalectasia causada por tampões mucóides nos bronquíolos. 
Cristais de “Charcot-Leyden” e eosinófilos no escarro. Eosinofilia do sangue periférico 
 
 18 
e reação de hipersensibilidade cutânaea aos antígenos do Aspergillus spp. Elevada 
concentração sérica de Ig G anti-Aspergillus; 
 
• Aspergiloma (bola fúngica): crescimento de uma colônia dentro de uma cavidade 
pré-formada. Hemoptíase pode ocorrer a despeito de pouca ou nenhuma invasão da 
parede da cavidade. A disseminação é rara mesmo em pacientes submetidos a terapia 
com corticóides; 
 
• Invasiva: sintomas de pneumonia aguda, febre baixa e inconstante, tosse produtiva 
ou não produtiva, dor no peito usualmente presente e dispnéia progressiva com 
respiração difícil. A ocorrência de hemoptíase pode indicar enfarto e necrose do 
parênquima pulmonar. Radiografias do tórax podem revelar um infiltrado difuso na 
região hilar, fibrose finamente nodular, abscessos multifocais ou cavitários, dependendo 
da espécie fúngica: fibrose com pontos difusos: histoplasmose; lesão periférica tipo 
moeda: coccidioidomicose; lesão cavitária: histoplasmose e coccidioidomicose; bola 
fúngica: aspergilose, pseudoallescheriose e zigomicose; alergia: Aspergillus fumigatus 
e Aspergillus flavus 
 
7.1. Micoses superficiais 
• Lesões com descamação superficial, variando no tamanho forma e coloração 
(acromia, hipopigmentação ou hiperpigmentação) na região do tórax e costas: infecção 
por Malassezia furfur (pitiríase versicolor); 
 
• Lesões descamativas, pruriginosas, eritematosas com bordos elevados e conhecidas 
com impigem: Epidermophyton floccosum, Micropsporum spp. e Trichophyton spp. 
(dermatofitoses); 
 
• Lesões descamativas, hiperqueratose, crostas, formação de escútulas: 
Trichophyton schoenleinii (tinea favosa); 
 
• Lesões descamativas ou crostosas confinadas em áreas úmidas e intertriginosas da 
pele: Candida albicans (leveduroses); 
 
 
 19 
• Lesão nodular subcutânea no sítio de infecção com espalhamento ascendente e 
evolução secundária de úlceras cutâneas no trajeto dos vasos linfáticos: Sporotrix 
schenckii; 
 
• Lesões tumefeitas subcutâneas, pustulares, ulcerosas com tratos sinuosos drenantes 
e produção de grãos: micetoma; 
 
• Lesões tumefeitas subcutâneas, verrucosas, descoloradas e hemorrágicas: 
cromoblastomicose; 
 
• Lesões purpuráceas e cistos subcutâneas: feohifomicose; 
 
7.3. Micoses do sistema nervoso central 
• Cefaléia de início insidioso que aumenta em freqüência e severidade, aconpanhada 
de náusea, irritabilidade e instabilidade mental e emocional: criptococcose; 
 
• Meningite e meningoencefalite: zigomicose em diabéticos descompensados em 
acidose; 
 
7.4. Micoses do trato urinário 
• Pielonefrites associadas com terapia de longa duração com corticóides, antibióticos, 
imunossupressores e drogas antineoplásicas ou uso prolongado de cateteres para 
drenagem urinária: candidíase; 
 
• Piúria: dor no baixo ventre, ato de urinar freqüente, cistite: candidíase; 
 
7.5. Micose ocular 
• infecção da cónea, da conjuntiva e do globo ocular após traumatismo ou interveção 
cirúrgica: aspergilose e hialohifomicose; 
 
7.6. Micoses cardíacas 
• Febre baixa, murmúreo cardíaco, ecograma positivo: candidíase, aspergilose e 
hialohifomicose; 
 
 
 
 
 20 
7.7. Micoses dos seios paranasais 
• Dor facial e hiperemia cutânea, cefaléia, febre baixa, evidência radiográfica de 
preenchimento dos seios paranasais: aspergilose, hialohifomicose e pseudoalescheriose. 
 
8. HISTOPATOLOGIA DAS MICOSES 
A resposta tecidual à agressão dos patógenos fúngicos é tão variada quanto a 
diversidade dos agentes. Nas infecções dos tecidos queratinizados (pele, pêlos e unhas), 
geralmente, a lesão é resultado de uma resposta irritativa à presença dos fungos ou de 
seus metabólitos. No caso dos organismos que invadem os tecidos vivos, como aqueles 
que causam enfermidades subcutâneas ou profundas, se produz uma resposta piogênica 
uniforme. 
 
8.1. Reações inflamatórias crônicas 
• Linfócitos, células plasmáticas, neutrófilos, fibroblastos e ocasionalmente células: 
zigomicose crônica, histoplasmose crônica e rinosporidiose 
 
8.1. Reações piogênicas 
• Agudas ou crônicas, infiltrado neutrofílico supurativo: Actinomyces israelii 
(grânulos de enxofre e histiócitos saturados de lipídios na periferia), Nocardia 
asteroides e aspergilose aguda e outras infecções oportunistas 
 
8.3. Reações piogênicas e reações granulomatosas mistas 
• Infiltrado neutrofílico e reação granulomatosa, linfócitos e células plasmáticas: 
Blastomyces dermatitidis, Paracoccidioides brasiliensis, Coccidioides immitis 
(neutrófilos ao redor de esférulas rompidas), Sporothrix schenckii (raros nos tecidos), 
cromoblastomicose (reação piogênica crônica, nódulos de células epitelióides e células 
gigante tipo corpo estranho), micetoma; além disso, podem ocorrer células gigantes 
espumosas semelhantes às do xantoma 
 
8.4. Hiperplasia pseudoepiteilomatosa (após inflamação crônica da pele) 
• Hiperplasia das células epidérmicas, hiperqueratose e alongamento das cristas 
reticulares: Blastomyces dermatitidis, Paracoccidioides brasiliensis, Coccidioides 
immitis, cromoblastomicose 
 
 21 
8.5. Granuloma histiocítico 
• Histiócitos com microrganismo intracelulares, podendo se transformar em células 
gigantes: Histoplasma capsulatum e Cryptococcus neoformans nas meninges 
 
8.6. Granuloma com caseificação 
• Reação granulomatosa, célula gigante de Langhans e necrose central: Histoplasma 
capsulatum e Coccidioides immitis 
 
8.7. Granuloma tipo sarcóide 
• Não necrosante: Cryptococcus neoformans, Histoplasma capsulatum 
 
8.8. Granuloma pulmonar fibro-caseoso 
• Parede fibrosa espessa envolvida por células epitelióides, micorganismos dentro das 
células gigantes de Langhans localizadas no centro da lesão, frequentemente ocorre 
calcificação: Histoplasma capsulatum 
 
• Parede fibrosa delgada, raramente calcificada: Coccidioides immitis 
 
• Pobremente definida: Cryptococcus neoformans 
 
8.9. Arterite trombótica 
• Trombose, necrose coagulativa purulenta, invasão dos vasos: aspergilose e 
zigomicose aguda: Aspergillus spp., zigomicose aguda 
 
8.10. Fibrose 
• Proliferação de fibroblastos, depósito de colágenos semelhante a quelóides: 
Paracoccidioideloboi 
 
8.11. Granuloma esclerosante por corpo estranho (em seios paranasais ou após 
infecção viral) 
 
• Hifas atípicas em células gigantes: Aspergillus spp. 
 
 
 
 
 22 
9. IMUNOLOGIA DAS MICOSES 
A imunidade natural contra as micoses é muito elevada, por isso, a infecção fúngica 
depende da exposição maciça de microrganismos e da resistência geral do hospedeiro. 
Esta situação está bem demonstrada por duas categorias principais de enfermidade 
micótica. A primeira, infecção por fungos patogênicos verdadeiros, ocorre em pacientes 
que se encontram em áreas endêmicas particulares e que inalam uma quantidade 
elevada de elementos fúngicos em suspensão no ar. A maior parte dessas infecções são 
assintomáticas ou resolvem com rapidez e normalmente ocorre resitência à reinfeção. 
Somente em raras ocasiões, a enfermidade chega ser grave. Por outro lado, as infecções 
oportunistas são causadas por microrganismos presentes de maneira universal que 
possuem virulência muita baixa. O estabelecimento de uma enfermidade depende 
exclusivamente da resistência do hospedeiro. Neste casos, se o paciente se recupera 
desta situação, incluindo a infecção fúngica, se observa a ocorrência de resistência não 
específica à reinfecção. 
Na atualidade, até onde se sabe, os anticorpos desempenham um papel muito pequeno 
na defesa frente as infeções micóticas. A imunidade celular parece ser a única 
resistência eficaz contra a invasão dos fungos. Esta situação está bem ilustrada pelos 
dois tipos de infecção que ocorrem em pacientes portadores de enfermidades 
linfomatosas ou que apresentam defeitos genéticos da função linfocitária. Em pacientes 
que apresentam discrasias ou defeitos da função do linfócito T são freqüentes as 
infecções fúngicas oportunistas. Se o defeito só ocorre em células B, raramente ocorrem 
enfermidades causadas por fungos, todavia, são comuns as infecções bacterianas, em 
particular, as causadas por cocos Gram positivos. A importância dos mecanismos 
celulares de defesa também se refletem nas manifestações histológicas. No hospedeiro 
normal, os fungos patogênicos produzem reações piogênicas seguidas de reação 
granulomatosas. A resposta gerada por organismos oportunistas se traduz por necrose e 
supuração e o hospedeiro não é capaz de conter os microrganismos. 
Os fungos são fracamente antigênicos. Por esta razão, na maior parte dos casos, a 
sorologia não é um bom auxílio diagnóstico ou prognóstico. Além disso, a ocorrência de 
reações cruzadas e a falta de padronização dos antígenos tornam os procedimentos 
sorológicos de emprego limitado. 
A hipersensibilidade e alergia aos fungos se manifestam de diversas formas. Uma 
alergia intensa pode ser devido a inalação de conídios. Estes podem provocar asma, 
 
 23 
enfermidades asmatiformes, fibrose e consolidação pulmonar. Os estados alérgicos 
também podem manifestar-se como processos secundários (“micedes” ou “ides”) à 
focos de infecção cutânea por dermatófitos (dermatofítides) ou candida (levedurídes). 
As lesões de “ide” ocorrem pela liberação de alérgenos fúngicos circulantes, os quais, 
em pessoas sensíveis, são capazes de provocar erupções cutâneas distantes do foco 
primário. As reações alérgicas como eritema nodoso podem ser parte da infecção 
primária de alguma enfermidade sistêmica como histoplasmose e coccidioidomicose. 
Com freqüência, a hipersensibilidade, segundo se tem demonstrado por reações 
cutâneas positivas, está relacionada a uma boa resistência à infecção ou reinfecção. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 24 
PROCEDIMENTOS LABORATORIAIS 
 
 
1. COLETA E TRANSPORTE DO ESPÉCIMEN CLÍNICO 
 
1.1. Escarro: três amostras matutinas devem ser coletadas após levantar, mas antes do 
café da manhã. Os pacientes são instruidos para lavar a cavidade bucal com água 
imediatamente antes da obtenção do escarro. A produção de escarro pode ser induzida 
por nebuliação com salina se um adequado espécimen não for produzido. O espécimen 
de escarro deve ser colocado em um frasco estéril e enviado ao laboratório no máximo 
até duas horas após coletado. Se demoras são inevitáveis, o espécimen clínico deve ser 
refrigerado a 4o C. 
 
1.1. Broncoscopia: escovamento brônqüico, lavagem broncoalveolar ou biópsia devem 
ser transportados prontamente para o laboratório em frasco fechados e estéreis. O 
escarro pós-broncoscopia deve ser coletado quando possível. 
 
1.3. Fluido cerebroespinhal: fluido cerebroespinhal deve ser coletado sempre que se 
suspeita de infecções do sistema nervoso central. Se o processamento não for imediato, 
a amostra deve ser deixada a temperatura ambiente e não refrigerada, já que o fluido 
cerebroespinhal é um adequado meio de cultura no qual os elementos fúngicos podem 
sobreviver até serem subcultivados. 
 
1.4. Urina: amostras matutinas são preferidas. Estas devem ser coletadas em frascos 
estéreis e transportadas imediatamente para o laboratório. Demoras no processamento 
não devem exceder 1 horas, todavia, se atrasos forem inevitáveis, a amotra deve ser 
mantida a temperatura de 4o C. 
 
1.5. Secreções prostáticas: algumas micoses profundas, notadamente a blastomicose e 
menos comumente a histoplasmose e coccidioidomicose, podem ser diagnosticadas pela 
coleta do líqüido prostático. A bexiga é primeiro esvasiada, em seguida, processasse 
uma massagem prostática. as secreções devem ser inoculadas diretamente em 
apropriado meio de cultura; também 5-10ml de urina devem ser coletados em um 
recipiente a parte. 
 
 
 25 
1.6. Exudatos: a pele sobre as lesões pustulares deve ser desinfectada e o exudato 
aspirado, usando uma seringa e agulha estéreis. A seringa pode servir com recipiente de 
transporte. Biópsias das lesões podem ser necessárias, se o aspirado falhar na 
recuperação dos fungos. 
 
1.7. Pele, pêlos e unhas: a lesão deve ser higienizada com gaze embebida em álcool 
70% para remover as bactérias contaminantes. As amostras de pele devem ser obtidas 
por raspados das margens das lesões com uma lâmina de bisturi ou com bordo cortante 
da lâmina de microscopia. O material de unhas infectadas deve ser coletado por 
raspagem profunda das áreas quebradiças, distróficas e descoloradas da lâmina ungueal 
e/ou dos depósitos subungueais. Os espécimens de cabelo devem ser coletados por 
arrancamento com pinça, já que o foco infeccioso se encontra no bulbo piloso, técnica 
da escova de cabelo, técnica do quadro de cabelo ou lampada de Wood. 
 
1.8. Tecidos: biópsias de sítios suspeitos devem ser transportadas em gaze estéril 
umedecida em salina ou em frasco estéril contendo salina. Os espécimens de biópsia 
devem apresentar uma área de tecido são e lesado. O material não deve estar congelado, 
desidratado ou formolisado. 
 
1.9. Sangue: coleta de sangue venoso feita por punção com seringa e agulha estéreis. 
Frasco de hemocultura bifásico (agar BHI-caldo BHI) ventilados devem ser empregados 
para cultura. 
 
Fungos patogênicos mais comuns e principais sítios anatômicos 
 
Sangue 
 
LCR 
 
Trato 
Genitourinário 
 
 
Trato 
Respiratório 
 
Pele e Anexos 
 
C. immitis 
H. capsulatum 
S. schenckii 
Candida spp. 
C. neoformans 
P. brasiliensis 
 
B. dermatitidis 
C. immitis 
H. capsulatum 
Aspergillus spp. 
Candida spp. 
C. neoformans 
S. schenckii 
 
B. dermatitidis 
C. immitis 
H. capsulatum 
Candida spp. 
C. neoformans 
 
B. dermatitidis 
C. immitis 
H. capsulatum 
P. brasiliensis 
S. schenckii 
Aspergillus spp. 
Candida spp. 
C. neoformans 
Zigomicetes 
 
 
B. dermatitidis 
C. immitis 
Dermatófitos 
H. capsulatum 
P. brasiliensis 
S. schenckii 
Aspergillus spp. 
Candida spp. 
C. neoformans 
Zigomicetes 
 
 26Critérios de recusa de amostras clínicas para cultivo micológico 
 
Critério para recusa 
 
Ação 
 
Sem identificação no recipiente que contém o 
material clínico ou discrepância de informação 
sobre o paciente na requisição do exame e na 
etiqueta de identificação do material clínico 
 
 
Devolver a quem enviou para esclarecimentos 
 
Esfregaço de escarro corados pelo Gram com 15 
células epiteliais por campo microscópico 
 
Quando se suspeita de uma infecção de trato 
respiratório baixo, a presença de grande quantidade de 
células epiteliais em amostras de escarro indica 
contaminação com secreções orais; isto não é 
necessariamente um critério de recusa já que se pode 
recuperar fungos patogênicos particularmente se são 
empregados meios seletivos; cada caso deve ser 
analisado individualmente 
 
 
Swab seco ou material insuficiente 
 
Pedir uma nova amostra se a condição clínica justifica; 
se uma nova amostra é viável, mas não é possível obtê-
la por e técnicas não invasivas, pode ser necessário a 
coleta por biópsias 
 
 
Amostras de urina ou escarros de 14 horas 
 
Notificar que as amostras de 14 horas são inaceitáveis e 
pedir o envia de amostras matinas com no máximo 1 
horas de colhidas 
 
 
Material adequado remetido em recipiente 
inapropriado; falta de esterilidade, presença de 
vasamentos, não refrigeração 
 
 
Pedir o reenvio de amostras em frascos apropriados 
 
1. PROCESSAMENTO DO ESPÉCIMEN CLÍNICO 
 
1.1. Pré-tratamento 
 
a. Secreções Respiratórias: lise com agentes mucolíticos (N-acetil-l-cisteína, pancreatina 
0,5%, fluimicil). É um procedimento opcional, pode melhorar a recuperação dos 
microganismos patogênicos, mas fungos contaminates também são benificiados. 
 
b. Fluidos Corporais (líquido céfalo-raquidiano, líquido sinovial): filtração (filtro de 
0,11µm) ou centrifugação (1500 a 1500g). É necessário para uma ótima recuperação, 
dev ser procedida em espécimens com volume maior que 1-1ml. 
 
c. Urina: centrifugação(1500 a 1500g). É necessária para uma ótima recuperação, 
especialmente quando se tratar de agentes de micoses profundas. 
 
 
 27 
d. Tecido: trituração com gral e pistilo ou cortes em pequenos fragmentos (zigomicetos) 
com bisturi ou tesoura estéreis. É necessário para melhorar a recuperação dos fungos 
agentes de micoses profundas. 
 
e. Unhas: macaração prolongada (pernoites) com hidróxido de potássio. É necessário 
para uma ótima recuperação de dermatófitos e outros agentes (hifomicetos e leveduras). 
 
1.1. Exame microscópico direto dos espécimens clínicos 
 
a. Azul de Alciano 
Uso: detecção de Cryptococcus neoformans 
Tempo requerido: 1 minutos 
Vantagem: quando positivo em LCR é diagnóstico 
Desvantagem: não é comumente empregado, como a tinta da china não detecta todos os 
casos 
 
b. Álcool-ácido resistência 
Uso: detecção de Mycobacteria e Nocardia spp. 
Tempo requerido: 11 minutos 
Vantagem: cora Nocardia spp e Blastomyces dermatitidis 
Desvantagem: espécimens de tecido são difíceis de interpretar poe causa da forte 
coloração de fundo 
 
c. Branco de Calcoflúor 
Uso: detecção específica de fungos 
Tempo requerido: 1 minuto 
Vantagem: pode ser misturado ao KOH; detecta fungos rapidamente como resutado de 
fluorescência brillhante (reação específica com a quitina da parede fúngica) 
Desvantagem: requer microscópio de fluorescência; prominente fundo 
fluorescente’porém o fungo apresenta uma fluorescencia mais intensa; secreções 
vaginais são difíceis de interpretar 
 
d. Giemsa 
Uso: exame de medula óssea ou esfregaço de sangue periférico 
Tempo requerido: 15 minutos 
 
 28 
Vantagem: detecção de Histoplasma capsulatum intracelular 
Desvantagem: detecção usualmente limitada ao Histoplasma capsulatum 
 
e. Gram 
Uso: detecção de bactérias 
Tempo requerido: 3 minutos 
Vantagem: empregado no exame bacterioscópico do espécimen clínico; permite a 
identificação da maioria dos fungos 
Desvantagem: alguns fungos se coram bem, outros, por exemplo o Cryptococcus 
neoformans, coram-se fracamente e exibem apenas um aspecto pontilhado. Alumas 
Nocardia isoladas falham em corar ou coram fracamente. Artefatos mimetizam as 
leveduras 
 
f. Tinta da China 
Uso: detecção de Cryptococcus neoformans 
Tempo requerido: 1 minuto 
Vantagem: quando positivo no LCR é diagnóstico de meningite 
Desvantagem: negativo em muitos casos de meningite, não confiável 
 
g. Hidróxido de Potássio 
Uso: detecção clarear o espécimen para tornar o fungo mais visível 
Tempo requerido: 5 minutos, se o clareamento não é completo, um tempo maior é 
necessário (10 minutos) 
Vantagem: rápida detecção de elementos fúngicos 
Desvantagem: requer experiência, já que os artefatos podem confundir o analista. O 
clareamento de alguns espécimens pode ser demorado (unha) 
 
h. Azul de Metileno 
Uso: detecçãodetecção do fungo em escamas de pele 
Tempo requerido: 1 minutos 
Vantagem: usualmente adicionado ao KOH, fornece contraste para a detecção dos 
elementos fúngicos 
Desvantagem: o contraste das células pode ser difícil 
 
 
 29 
l. Gromori Metanamina Silver (impregnação pela prata) 
Uso: detecção detecção de fungos em cortes histológicos 
Tempo requerido: 1 hora 
Vantagem: cora especificvamente os elementos fúngicos 
Desvantagem: método de coloração fúngica que não está usualmente disponível no 
laboratório de micologia clínica 
 
m. Papanicolaou 
Uso: exame de secreção vaginal para a presença de células malígnas 
Tempo requerido: 30 minutos 
Vantagem: citotécnico pode identificar elementos fúngicos 
Desvantagem: requer coloração especializada e analista familiarizado com essa 
coloração 
 
n. Ácido periódico de Schiff (PAS) 
Uso: detecção específica de fungos 
Tempo requerido: 10 minutos, 5 minutos adicionais se coloração com contraste for 
empregada 
Vantagem: cora elementos fúngicos bastante bem, hifas e leveduras podem ser 
prontamente distingüidos 
Desvantagem: Nocardia spp. não se coram bem, Blastomyces dermatitidis aparece 
pleomorfisado, artefatos PAS positivos podem aparecer com células de levedura 
 
o. Wright 
Uso: exame de medula óssea ou esfregaço de sangue periférico 
Tempo requerido: 7 minutos 
Vantagem: detecta Histoplasma capsulatum 
Desvantagem: detecção limitada ao Histoplasma capsulatum 
 
 
 
 
 
 
 
 
 30 
Característica dos elementos fúngicos vistos em exame direto dos espécimens clínicos 
 
 
Morfologia em 
Tecido 
 
 
Organismos 
 
Tamaho 
(µm) 
 
Aspectos Característicos 
 
Leveduras 
 
Histoplasma capsulatum 
 
1-5 
 
pequenas, ovaladas a arredondadas; 
gemulantes; frequentemente 
encontradas em cachos dentro de 
histiócitos; detecção difícil quando 
em pequenas quantidades, 
normalmente intracelulares 
 
 Sporothrix schenckii 1-6 pequenas, ovais a arredondadas ou 
em forma de charuto; gemulação 
simples ou múltipla; raramente 
vistas em espécimens clínicos 
 
 Cryptococcus neoformans 1-15 as células variam de tamanho, 
usualmente são esféricas, mas 
podem ter a forma de uma “bola de 
football americano”; gêmulas são 
normalmente simples; cápsulas 
podem ser ou não evidentes; 
raramente pseudohifas são formadas 
 
 Blsatomyces dermatitidis 8-15 as células são comumente grandes e 
esféricas, com paredes duplas e 
refratárias; gemulação normalmente 
simples, gêmulas podem manter-se 
ligadas à célula mãe, a ligação entre 
célula mãe e célula filha é estreita 
 
 Paracoccidioides 
brasiliensis 
5-60 as células são normalmente grandes 
e envolvidas por pequenas leveduras 
periféricas (leme de navio, chapéu 
de Mickey); pequenas células podem 
estar presentes e lembrar as de H. 
capsulatum 
 
Esférulas Coccidioides immitis 10-100 as esférulas variam muito notamnho, algumas contêm 
endosporos, outras estão vazias; 
duas esférulas juntas podem lembrar 
células de B. dermatitidis 
gemulantes; endosporos podem 
lembrar as células de H. capsulatum, 
mas não mostram evidências de 
gemulação; as eférulas podem 
produzir múltiplos tubos 
germinativos, se a preparação direta 
for mantida em câma úmida por 
mais de 14h.; hifas podem ser 
encontradas em lesões cavitárias 
 
Esporângios Rhinosporidium seeberi 6-300 grandes com paredes espessas e 
contendo endosporos; maduros 
esporângios são maiores do que as 
esférulas de C. immitis 
 
 
 31 
Continuação 
 
Morfologia em 
Tecido 
 
 
Organismos 
 
Tamaho 
(µm) 
 
Aspectos Característicos 
 
Leveduras, 
pseudohifas ou hifas 
vedadeiras 
 
Candida spp. 
 
Levedura: 3- 
4 
Pseudohifa: 
5-10 
 
as células usualmente exibem 
simples gemulação; pseudohifas 
quando presentes apresentam 
constricções nos pntos de 
constricções e matêm-se unidas com 
“cordão de salsichas”; hifas 
verdadeiras quando presentes têm 
paredes paralelas e são septadas 
 
Leveduras e hifas Malassezia furfur Levedura: 3- 
8 
Hifa: 1,5-4 
elementos hifálicos curtos e 
encurvados estão presentes com 
cachos de células de leveduras 
esféricas 
 
Hifas septadas 
largas 
Zygomycetes 10-30 hifas são grandes, em forma de fita, 
freqüentemente encurvadas, 
ocasionalmente septadas e com 
ramificações em ângulo reto; 
pequenas hifas podem ser 
confundidas com as do Aspergillus 
spp., particularmente A. flavus 
 
Hifas septadas 
hialinas 
Dermatófitos: 
Pele e unhas 
 
 
 
 
Pêlos 
 
 
3-15 
 
 
 
 
3-5 
 
hifas hialinas septadas são 
comumente vistas; cadeias de 
artrosporos podem estar presentes 
 
artrosporos na periferia do fio de 
cabelo, produzindo uma bainha que 
indica infecção ectotrix; artropsoros 
formados pela fragmentação de hifas 
dentro do fio de cabelo são 
indicativos de infecção endotrix; 
filamentos hialinos longos ou canais 
dentro dos pêlos são indicativos de 
favus 
 
 Aspergillus spp. 3-11 as hifas são septadas e exibem 
ramificação dicotômica com ângulo 
de 45o; grandes hifas atípicas podem 
lembrar as de zigomicetos 
 
 Geotricchum spp. 4-11 hifas e artrosporos retangulares 
estão presentes; formas irrregulares 
podem ser observadas 
 
 Trichospporon spp. 1-4/8 hifas e artrosporos retangulares a 
ovalados estão presentes; 
blastosporos podem ser difíceis de 
ser em observados 
 
 
 
 
 32 
Continuação 
 
Morfologia em 
Tecido 
 
 
Organismos 
 
Tamaho 
(µm) 
 
Aspectos Característicos 
 
 
Penicillium spp. 
Scopulariopsis spp. 
Paecilomyces spp. 
Fusarium spp. 
Pseuallescheria boydii 
 
 
 
hifas são septadas e impossíveis de 
distingüir das outras dos demais 
fungos hialinos, p.ex. Aspergillus 
spp. 
 
 
Hifas septadas 
demáceas 
 
Alternaria spp. 
Bipolaris spp. 
Cladosporium spp. 
Curvularisa spp. 
Drechslera spp. 
Exophiala spp. 
Phialophora spp. 
Wangiella dermatitidis 
 
1-6 
 
hifas demáceas polimórficas são 
vistas; células gemulantes com 
septos simples e cadeias de células 
arredondadas e entumescidas podem 
estar presentes; ocasionalmente 
agragados podem ser encontrados 
em infecção por Phialophora e 
Exophiala 
 
 
Corpúsculos 
Muriformes 
 
Cladosporium carrionii 
Fonsecaea compacta 
Fonsecaea pedrosoi 
Phialophora verrucosa 
Rhinocladiella aquaspersa 
 
5-10 
 
células de paredes marrom e 
espessas, arredondadas e 
pleomórficas asseptadas, unissetadas 
e septadas em dois planos; 
comumente as células contêm duas 
divisões que formam 4 células; 
ocasionalmente hifas septadas 
ramificadas podem ser encontradas 
além dos corpúsculos muriformes 
 
Grânulos Acremonium falciforme 
Acremonium kiliensi 
Acremonium recifei 
 
Curvularia geniculata 
Curvularia lunata 
 
Aspergillus nidulans 
 
 
Exophiala jeanselmei 
 
 
 
 
 
 
100-300 
 
 
 
500-1000 
 
 
65-160 
 
 
100-300 
 
 
 
 
 
 
grânulos brancos, macios sem matriz 
cementada 
 
 
grânulos negros, duros com matriz 
cementada na periferia 
 
grânulos negros, macios, sem matriz 
cementada 
 
grânulos negros, macios, 
vacuolados, sem matriz cementada, 
formados a partir de hifas escuras e 
células entumescidas 
 
 
 Fusarium moniliforme 
Fusarium solani 
 
Leptosphaeria senegalensis 
Leptosphaeria tompkinsii 
100-500 
300-600 
 
400-600 
500-1000 
grânulos brancos e macios, sem 
matriz cementada 
 
grânulos negfros, duros, com matriz 
cementada; periferia composta de 
células poligonais; centro formado 
por rede de hifas 
 
 
 
 
 
 33 
Continuação 
 
Morfologia em 
Tecido 
 
 
Organismos 
 
 
Tamaho 
(µm) 
 
Aspectos Característicos 
 
 
Madurella grisea 
 
 
 
 
 
50-500 
 
 
 
 
 
grânulos negros e macios, sem 
matriz cementada; periferia 
composta de células poligonais 
entumescidas; centro formado por 
rede de hifas 
 
 
 
Madurella mycetomatis 
 
100-
900 
 
grânulos negros a marrons-escuros, 
duros que podem ser de dois tipos: 
marrom ferrugem, compacto e 
preenchido com matriz cementada 
marrom escuro e preenchido 
com numerosas vesículas (6-
14µm), matriz cementada na 
periferia e área central de hifas 
claras 
 
 
Neotestudina rosatii 
 
300-600 
 
grânulos brancos com matriz 
cementada presente na periferia 
 
 Pseudoallescheria boydii 100-300 grânulos brancos, macios, 
compostos de hifas e células 
entumescidas na periferia dentro de 
uma matriz cementada 
 
 Pyrenochaeta romeroi 300-600 grânulos negros, macios, compostos 
de células poligonais entumescidas 
na periferia; centro formado por rede 
de hifas; sem matriz cementada 
 
 
3. CULTURA 
 
3.1. Meios de cultura 
a. Isolamento primário 
• Agar de Sabouraud 1% (SDA): recuperação primária de fungos sapróbios e 
patogênicos (não aconselhável) 
• Agar infusão de cérebro-coração (BHIA): recuperação primária de fungos sapróbios 
e patogênicos 
• Agar infusão de cérebro-coração com cloranfenicol e cicloheximida: recuperação 
primária de fungos sapróbios e patogênicos, excluindo-se os dermatófitos 
• Agar de Sabouraud e Agar BHI (SABHI): recuperação primária de fungos 
sapróbios e patogêncios 
• Agar mycosel: principal meio de recuperação primária de dermatofitos 
 
 34 
• Frasco de hemocultura bifásico (agar BHI e caldo BHI): recuperação primária de 
fungos do sangue 
 
Meios de cultivo para recuperação de fungos de amostras clínicas 
 
Sangue medula óssea 
 
• agar infusão de cérebro-coração com ou sem sangue de 
carneiro 
 
 
LCR 
 
• agar infusão de cérebro-coração com ou sem sangue de 
carneiro 
 
 
Pele, pêlos e unhas 
 
• agar mycosel 
 
 
Membranas mucosas 
 
• agar de Sabouraud com infusão de cérebro-coração; 
• agar infusão de cérebro-coração com ou sem sangue de 
carneiro, gentamicina e cloranfenicol; 
• agar infusão de cérebro coração com ou sem sangue de 
carneiro, gentamicina, cloranfenicol e cicloheximida. 
 
 
Abscessos, úlceras e lesões subcutâneas 
 
• agar de Sabouraud com infusão de cérebro-coração; 
• agar infusão de cérebro-coração com ou sem sangue de 
carneiro, gentamicina e cloranfenicol; 
• agar infusão de cérebro-coração com ou sem sangue de 
carneiro, gentamicina, cloranfenicol e cicloheximida. 
 
 
Escarro e secreções pulmonares 
 
• agar de Sabouraud com infusão de cérebro-coração; 
• agar infusão de cérebro-coração com ou sem sangue de 
carneiro e gentamicina e cloranfenicol; 
• agar infusão de cérebro-coraçãocom ou sem sangue de 
carneiro, gentamicina, cloranfenicol e cicloheximida; 
• agar semente de niger. 
 
 
Estomatite 
 
• agar de Sabouraud com infusão de cérebro-coração; 
• agar infusão de cérebro-coração com ou sem sangue de 
carneiro, gentamicina e cloranfenicol; 
• agar infusão de cérebro-coração com ou sem sangue de 
carneiro, gentamicina, cloranfenicol e cicloheximida. 
 
 
Biópsia 
 
• agar de Sabouraud com infusão de cérebro-coração; 
• agar infusão de cérebro-coração com ou sem sangue de 
carneiro, gentamicina e cloranfenicol; 
• agar infusão de cérebro-coração com ou sem sangue de 
carneiro, gentamicina, cloranfenicol e cicloheximida. 
 
 
Urina 
 
• agar de Sabouraud com infusão de cérebro-coração; 
• agar infusão de cérebro-coração com ou sem sangue de 
carneiro, gentamicina e cloranfenicol; 
• agar infusão de cérebro-coração com ou sem sangue de 
carneiro, gentamicina, cloranfenicol e cicloheximida; 
• agar semente de niger. 
 
 
 
 
 35 
Antimicrobianos adicionados aos meios micológicos 
 
ANTIMICROBIANOS 
 
CONCENTRAÇÃO NO MEIO 
 
Antibacterianos 
 
Cloranfenicol 16µg/ml 
Gentamincina 5µg/ml 
Antifúngico 
Cicloheximida 500µg/ml 
 
b. Isolamento secundário 
• Agar milho com tween 80: identificação de Candida albicans por produção de 
clamidosporos; identificação de outras leveduras por micromorfologia 
• Agar base nitrogênio-leveduras (YNB): identificação de leveduras por 
determinação de assimilação de açúcares 
• Agar base carbono-leveduras (YCB): identificação de espécies de Cryptococcus 
pela redução de nitratos 
• Agar semente de niger: recuperação e identificação de Cryptococcus neoformans 
• Agar ascosporos: detecção de ascosporos em leveduras ascosporogênicas 
• Agar uréia: detecção de espécies de Cryptococcus neoformans; diferenciação de 
Trichophyton mentagrophytes e Trichophyton rubrum; detecção das espécies de 
Trichosporon 
• Agar batata dextrosado: demontração da produção de pigmentos por Trichophyton 
rubrum 
• Meio de arroz: identificação de Microsporum audoiunii 
• Agares “tricofitons” 1-7: identificação dos membros do gênero Trichophyton 
• Agar Czapeck: recuperação e identificação diferencial de espécies de Aspergillus e 
Penicillium 
 
 
 
 
 
 
 
 
 36 
Meios aconselháveis para subcultura de fungos 
 
Grupo 
 
 
Meios de cultivo 
 
Zygomycetes 
 
agar milho 
agar de Sabouraud 1% 
 
 
Fungos hialinos 
 
agar milho 
agar de Sabouraud 
 
 
Aspergillus spp. 
 
agar Czapec-Dox 
 
 
Dermatófitos 
 
agar de Sabouraud 
 
 
Fungos demáceos 
 
agar milho 
 
 
Fungos dimórficos 
 
agar infusão de cérebro-coração 
 
 
 
Comparação: Placas x Tubos 
 
Característica 
 
Placa 
 
Tubo 
 
Área superficial 
 
grande (aproximadamente 
7500mm1 para 100mm de 
placa) 
 
pequena (aproximadamente 
1500mm1 por tubo de 
15x115mm) 
 
Suprimento de oxigênio 
 
bom 
 
pobre 
 
Taxa de desidratação do 
meio 
 
rápida 
 
lenta 
 
Segurança no manuseio 
 
pobre 
 
boa 
 
Possibilidade de 
disseninação de fungos 
 
grande 
 
pequena 
 
Detecção de culturas mistas 
 
fácil 
 
difícil 
 
Taxa de Crescimento 
 
Grupo 
 
Taxa de crescimento (dias) 
 
Fungos 
 
Crescimento rápido 
 
<5 
 
sapróbios, oportunistas e leveduras 
 
Crescimento intermediário 
 
6-10 
 
oportunistas, subcutâneos e 
dermetófitos 
 
Crescimento lento 
 
>11 
 
sistêmicos e subcutâneos 
 
 
 37 
Distinção entre fungos contaminantes e patogênicos 
 
São os sintomas da infecção consistentes com os sintomas de uma infecção fúngica ? 
 
Os elemtos fúngicos foram visualizados no tecido ou em outro material obtido da lesão ? 
 
Houve crescimento fúngico a partir da cultura do material clínico ? 
 
Houve mais de uma cultura positiva para a mesma espécie fúngica ? 
 
O fungo isolado é capaz de causar os sintomas observados na infecção sob investigação ? 
 
3.1. Inoculação nos meios de cultura 
 
a. Equipamentos 
• Alça em “L” (dobrada em ângulo reto): fungos filamentosos 
• Alça em “gota” (bacteriológica): fungos leveduriformes 
• Alça de Drigalski: espalhamento sobre o meio de cultura 
• Alça de Hockey: espalhamento sobre o meio de cultura 
 
b. Técnicas de inoculação 
• Esgotamento sobre a superfície do meio: fungos leveduriformes 
• Perfuração do meio: fungos filamentosas 
 
3.4. Tempo de incubação 
• Uma semana para fungos sapróbios e oportunistas 
• Duas semanas para os dermatófitos 
• Quatro semanas até 11 semanas para os fungos patogêncios (dimórficos) 
 
3.5. Temperatura de incubação 
• Temperatura ambiente ou 30o C para isolamento primário 
• Trinta e sete graus para obtenção do dimorfismo 
 
4. PROCEDIMENTOS GERAIS 
 
4.1. Escarro e secreções respiratórias: selecione as partes mais purulentas, 
sanguinolentas, caseosas e necróticas. Se a amostra é muito viscosa, deve-se 
 
 38 
homogeneizar pela adição de NALC; NAOH e outros agentes de digestão química, 
usados para o processamento de espécimens suspeitos de tuberculose, não devem ser 
empregados. Prepare uma montagem úmida da amostra para realização de exame direto 
e inocule 0,5ml no meio de cultura empregado; como as secreções são freqüentemente 
contaminada com bactérias, meios contendo antibióticos devem ser empregados; uma 
cobinação de meios seletivos, tal como BHIA com cloranfenicol e cicloheximida, e não 
seletivos, tal como SABHI, devem ser utilizada. 
 
4.1. LCR: as amostras podem ser centrifugadas a 1500-100g por 10 minutos e o 
sedimento inoculado sobre a superfície do meio de cultura não seletivo (SABHI); 
havendo pouca quantidade disponível, inocule no meio 3-4 gotas de espécimen clínico; 
montagens com tinta da china (nigrosina) devem ser preparadas quando o C. 
neoformans for suspeito; para preparar a montagem microscópica tanto uma gota do 
sedimento centrifugado quanto uma alíquota do material in natura devem ser 
misturadas a uma gota de tinta china sobre a lâmina; uma lamínula é aplicada e a 
preparação microscópica e examinada para a presença de leveduras gemulantes com 
cápsulas. 
 
4.3. Urina: entorno de 10 ml de urina deve ser centrifugado e 0,5 ml de sedimento deve 
ser inoculado tanto em agar não seletivo (SABHI) quanto em meios seletivos (BHIA 
com cloranfenicol e cicloheximida); montagens diretas podem ser preparadas e 
examinadas microscopicamente para a presença de leveduras e hifas. 
 
4.4. Pele, pêlos e unhas: escamas de pele, fragmentos de unha e fios de cabelos 
arrancados podem ser examinados em preparações microscópicas com KOH; o 
propósito do KOH é clarear ou macerar as estruturas proteináceas e escleróticas que 
podem dificultar a visualização dos elementos fúngicos (a maceração pode ser acelerada 
pelo rápido aquecimento da lâmina sobre a chama do bico de Bunsen); uma lamínula é 
aplicada e os espécimens são examinados para a presença de hifas estreitas e regulares 
que caracteristicamente se quebram em artrosporos; a visualização da hifa é melhorada 
pela adição de calcoflúor ao KOH (microscópio de fluorescência); em pêlos o arranjo 
dos esporos na superfície do pêlo (ectotrix) e intrapilarmente (endotrix) podem ser 
vistos; fragmentos de hifas podem ser também encontrados dentro dos pêlos; escamas 
de pele, fragmentos de unha e pêlo devem ser colacados diretamente sobre a superfície e 
dentro do agar mycosel com uma alça em “L”; as áreas inoculadas devem ser 
 
 39 
examinadas em intervalos freqüentes para o desenvolvimento de colônias; as culturas 
devem ser mantidas por pelo menos 30 dias antes de descartar como negativas. 
 
4.5. Tecido:o processamento dos espécimens de tecido pode ser feito a partir da 
trituração com gral e pistilo (não recomendável) ou a partir de cortes com tesoura ou 
bisturi estéreis; os fragmentos (1mm3) devem ser inoculados diretamente sobre o meio 
de cultura e abaixo de sua superfície; homogeneizados de tecido, medula óssea ou 
centrifugados de espécimens clínicos (5-10 ml) devem ser depositados sobre meios não 
seletivos (SABHI), já que esses espécimens são normalmente estéreis e meios com 
antimicrobianos não são necessários. 
 
4.6. Sangue: frascos de hemocultura bifásicos (agar BHI e caldo BHI. 
 
5. IDENTIFICAÇÃO DOS FUNGOS 
 
5.1. Fungos filamentosos 
 
a. Exame Macroscópico: 
A morfologia colonial deve ser interpretada com cautela, pois fatores como tipo de meio 
de cultura, temperatura de incubação e tempo de incubação interferem no aspecto 
macroscópico das culturas fúngicas. As características a serem investigadas são: 
 
• Textura: algodonosa; velutina; granular; pulverulenta ou glabrosa 
• Topografia: rugosa; umbeliforme; umbilicada ou verrucosa 
• Coloração: negra; cinza; branca; marrom; amarela; creme; laranja; verde; violeta ou 
vermelha 
 
b. Exame microscópico 
A observação da micromorfologia reprodutiva dos fungos filamentosos é a base do 
diagnóstico micológico. 
• Exame microscópico direto: um fragmento de cultura é retirado da colônia em tubo 
ou placa e montado sobre lâmina e lamínula com líquido de montagem apropriado 
(lactofenol de Aman ou lactofenol com azul de algodão) e observado em microscópio 
óptico com objetivas de 10x e 40x e luz de baixa intensidade. O exame microscópico 
 
 40 
direto é de preparação fácil e rápida e normalmente é suficiente para a identificação de 
muitos fungos isolados no laboratório. A principal desvantagem do método é a 
desorganização das estruturas morfológicas durante a preparação da montagem 
microscópica. 
 
• Microcultivo em lâmina: o cultivo de fungos em meios sólidos (agar de Sabouraud) 
ou líquidos (caldo de Sabouraud) depositados diretamente sobre lâminas e/ou lamínulas 
preservam as estruturas morfológicas, já que não se manipula diretamente os elementos 
fúngicos. A principal desvantagem do método é a demora no diagnóstico, pois há a 
necessidade de se esperar o crescimento da microcultura. A observação microscópica é 
feita como no exame direto. 
 
• Corantes: lactofenol com azul de algodão: fungos hialinos; lactofenol de Aman: 
fungos demáceos 
 
Métodos complementares para a identificação de fungos filamentosos 
 
Teste ou Procedimento 
 
Aplicação 
 
Fungos 
 
Dimorfismo 
 
Permite diferenciar os fungos dimórfico 
pela obtenção de sua fase leveduriforme 
ou de esférulas quando cultivados à 
tempratura de 37o C 
 
 
Blatomyces dermatitidis 
Coccidioides immitis 
Histoplasma capsulatum 
Paracoccidioides brasiliensis 
Sporothrix schenckii 
 
 
Exoantígeno 
 
Permite a identificação específica de 
vários fungos por imunodifusão 
 
 
Blastomyces dermatitidis 
Coccidioides immitis 
Histoplasma capsulatum 
 
 
Taxa de Crescimento 
 
Permite diferenciar os fungos pela 
velocidade des crescimento que 
apresentem 
 
Fungos oportunistas: rápido 
Dermatófitos: intermediário 
Fungos sistêmicos: intermediário a 
lento 
 
 
Termo-tolerância 
 
Permite diferenciar as espécies 
patogênicas que apresentam habilidade 
de crescimento em temperaturas 
elevadas 
 
Absidia corymbifera: 45-50o C 
Aspergillus fumigatus: 48-50o C 
Cladosporium batianum: 41-43o C 
Cladosporium trichoides: 37-41o C 
Cunnighamella bertholletie: 41o C 
Cunnighamella elegans: 40o C 
Rhizomucor pusillus: 50-55o C 
Rhizopus microsporus: 45o C 
Rhizopus oryzae: 45o C 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 41 
Continuação 
 
Teste ou Procedimento 
 
Aplicação 
 
Fungos 
 
Resistência à Cicloheximida 
 
Permite diferenciar as espécies 
patogênicas a partir da capacidade de 
crescimento em agar mycosel a 30o C 
 
 
Epidermophyton floccosum 
Microsporum spp. 
Trichophyton spp. 
Blatomyces dermatitidis 
Coccidioides immitis 
Histoplasma capsulatum 
Paracoccidioides brasiliensis 
Sporothrix schenckii 
 
 
Demonstração de Balistosporos 
 
Permite diferenciar alguns fungos da 
classe dos Zygomycetes pela produção 
de esporos que são lançados 
violentamente e aderem na parede do 
tubo ou placa 
 
 
Basidiobolus ranarun 
Conidiobolus coronatus 
 
Perfuração do Fio de Cabelo 
 
Permite diferenciar o Trichophyton 
mentagrophytes e o Trichophyton 
rubrum quando cultivados em fios de 
cabelo esterilizados por autoclavação em 
tubo ou placa 
 
 
T. mentagrophytes: perfurações 
cônicas no fio de cabelo, observadas 
em microscópio óptico 
T. rubrum: não produz perfurações 
no pêlo 
 
 
Urease 
 
Permite diferenciar o Trichophyton 
mentagrophytes e o Trichophyton 
rubrum quando cultivados em agar uréia 
de Christensen 
 
 
T. mentagrophytes: urease positivo 
T. rubrum: urease negativo 
 
Agares “Tricofitons” 1-7 
 
Permite diferenciar nutricionalmente 
alguns membros do gênero Trichophyton 
quando cultivados em uma série de 
meios com ou sem nutrientes agregados 
 
 
T. tonsurans e T. violaceum: tiamina 
T. equinum: ácido nicotínico 
M. megninii: histidina 
 
Crescimento em Arroz 
 
Permite diferenciar o Microsporum canis 
e o Microsporum audouinii quando 
cultivados em meios de arroz a 30o C 
 
 
M. canis: crescimento 
M. audouinii: sem crescimento 
 
Produção de Pigmentos 
 
Permite diferenciar o Trichophyton 
rubrum do Trichophyton mentagrophytes 
quando cultivados em agar batata 
dextrosado ou agar milho com 1% de 
glicose e o Microsporum persicolor do 
Trichophyton mentagrophytes quando 
cultivados em agar peptona 1% 
 
 
T. rubrum: pigmento cor de vinho 
M. persicolor: pigmento cor de rosa 
T. mentagrophytes: sem pigmentos 
 
 
Assimilação de Nitrato 
 
Permite diferenciar a Wangiella spp. das 
outras espécies de fungos dematiáceos 
 
 
Wangiella dermatitidis: negativo 
Exophiala jeanselmei: positivo 
 
Proteólise 
 
Permite diferenciar alguns patógenos 
dematiáceos de sapróbios quando 
cultivados em caldo contendo gelatina a 
11% 
 
 
Fonsecaea spp.: negativo 
Cladosporium spp.: positivo 
 
Tolerância ao Cloreto de Sódio 
 
Permite diferenciar alguns fungos 
dematiáceos quando cultivados na 
presença de 15% de NaCl 
 
 
Exophiala werneckii: positivo 
Exophiala jeanselmei: negativo 
 
 
 
 42 
5.1. Identificação dos fungos leveduriformes 
 
a. Exame Macroscópico 
É menos distintivo para as espécies de levedura. Também aqui a morfologia colonial 
deve ser interpretada com cautela, pois os mesmos fatores (tipo de meio de cultura, 
temperatura de incubação e tempo de incubação) que interferem no aspecto 
macroscópico das culturas filamentosas influenciam as características 
macromorfológicas das colônias levedudriformes. Normalmente, essas colônias têm 
uma aparência mucóide ou pastosa e uma topografia lisa ou rugosa. Como nas colônias 
filamentosas, diversas cores podem ser descritas, todavia, as colônias de coloração 
esbranquiçadas são as mais frequentemente encontradas. 
 
b. Exame Microscópico 
Por terem poucas estruturas micromorfológicas que permitam a identificação das 
espécies, o exame microscópico deve ser acompanhado de estudo do pefil biquímico. 
Empregando-se microscópico óptico, objetivas de 10x e 40x e luz de baixa intensidade, 
a observação microscópica pode ser procedida em preparações diretas e/ou em 
microcultivos corados com azul de algodão. Células de levedura, blastosporos, 
pseudohifas, clamidosporos, artrosporos e hifas vedadeiras são as estruturas 
visualizadas. 
 
Métodos de

Outros materiais