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Apesar do design e da arte publicitária apresentarem um processo de evolução sempre próximo ao dos movimentos artísticos, há diferenças entre as áreas: 1. Arte X Design 1.1. Definições de Arte Arte é um objeto estético feito para ser visto e apreciado pelo seu valor intrínseco. A arte tem a liberdade de reordenar a sintaxe e o léxico convencionais, de modo a transmitir novos e múltiplos significados e estados de espírito. Uma obra de arte sugere muito mais do que diz. A arte exige do público quase o mesmo esforço que exigiu do seu criador. Há um “diálogo visual”, em que é indispensável uma participação ativa do público, interrogando e reagindo à obra de arte. Pode haver um abismo entre a intenção do autor e a interpretação do público. O “significado” da obra pode ser diferente para o autor, para o leigo e para o especialista. Na verdade, a obra de arte possibilita infinitas interpretações, sendo que não existe uma interpretação “certa”. Para ser compreendida em um nível mais profundo, a arte exige que conheçamos o estilo e as concepções de um país, de um período e de um artista, para a sua apreciação plena. Arte X reprodução da realidade: nossa tendência é esperar da arte a reprodução exata da realidade, mas o que é a verdade? Não se trata apenas do que os nossos olhos vêem, mas também dos conceitos através dos quais as nossas percepções são filtradas. A imitação da natureza é apenas um dos recursos para dar expressão à percepção que o artista tem da realidade. Não há, pois, qualquer razão para se valorizar o realismo por si só. Apesar de, à primeira vista, ser mais fácil de ser compreendida, a arte representativa fica limitada pelo seu significado literal e pela aparência do mundo cotidiano. Na elaboração de uma obra de arte, o artista não prevê com clareza o resultado final até que a mesma esteja acabada. “É um jogo de esconde-esconde em que apenas se sabe o que se procura quando se chega a encontrá-lo.” Segundo o autor, “a verdadeira essência do trabalho criador é a necessidade de arriscar”. E ainda: “Enquanto o artífice apenas irá fazer o que já sabe que é possível, o artista é sempre levado a tentar o impossível – ou pelo menos, o improvável ou o inimaginável.” O público da obra de arte pode ser crítico, volúvel, receptivo ou não. Tem liberdade de aceitar ou não a obra, daí que o artista nunca sabe de antemão como será acolhida. O público do artista não se qualifica pela quantidade e sim pela qualidade. Podem bastar algumas pessoas cujas opiniões sejam relevantes para ele. Não é o grande público, os méritos de uma obra de arte não se contam pela sua popularidade. A dimensão e a composição desse público variam com o tempo e as circunstâncias. Uma obra de arte influi sempre em nossa visão do mundo, resistindo à passagem do tempo. Isso não quer dizer que todos sejam sensíveis a ela, pois as nossas próprias limitações, em matéria de personalidade, experiência e compreensão nos impedem, por vezes, de apreciá-la. O que distingue a arte do artesanato é a originalidade. Há a chamada “arte pura” ou superior e, no final dessa “escala”, o artesanato. Entre esses dois extremos estão as chamadas “artes aplicadas”, exemplificadas pelo trabalho de ilustradores, decoradores, desenhistas industriais, etc. 1.2. Artes Aplicadas O design, como arte aplicada, tem sua existência atrelada às necessidades de mercado. Seu valor não se limita à sua qualidade artística, dependendo, também, de sua eficiência como objeto de utilidade. A publicidade acompanha as tendências de comportamento de sua época e, portanto, tem “prazo de validade”. Peças publicitárias do passado não surtem mais o mesmo efeito se forem veiculadas hoje. De forma alguma a publicidade pode suscitar interpretações diferentes do que foi planejado por seus autores. Mesmo ao inovar em sua concepção criativa, uma peça publicitária deve manter certos limites em sua produção de significados, limites esses moldados pelos hábitos, comportamentos, modos de vida e percepção de seu público-alvo. Uma peça publicitária deve ser concebida com a intenção de ser entendida e aceita sem restrições pela maior parte do público a que se destina. Não pode se dar ao luxo de ser entendida por poucos.
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