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( Psicologia) - Varios Autores - Artigos Diversos 01

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PSICOLOGIA -- ARTIGOS DIVERSOS
PRIMEIRO VOLUME
 
 Dessensibilização Sistemática
 
 Victor Silva; Bruno Silva
 
 História
 
 Para Wolpe (1958) a dessensibilização obedece ao principio do
 contracondicionamento. Um dos primeiros exemplos divulgados da
 utilização do procedimento de contracondicionamento para superar uma
 resposta de ansiedade foi relatada por Mary Cover Jones que conseguiu
 eliminar o medo de coelhos numa criança, utilizando uma técnica que
 envolvia entre outras coisas emparelhar o alimento com o coelho.
 Contudo não ficou completamente evidente quais eram os factores
 responsáveis pela reduzão do medo. Esta tarefa foi realizada três
 décadas depois por Wolpe.
 
 Dessensibilização sistemática
 
 A dessensibilização sistemática desenvolvida por Joseph Wolpe
 destina‑se ao alívio da ansiedade mal adaptada.. Consiste em reduzir
 uma resposta condicionada (ansiedade) através do emparelhamento do
 estímulo causador da ansiedade com um estímulo que evoque uma resposta
 antagónica à ansiedade, por exemplo, o relaxamento.
 
 Relaxamento e Dessensibilização Sistemática
 
 Apesar de alguns autores como Richardson afirmarem que o relaxamento é
 melhor utilizado dentro do contexto da auto‑administração, Rimm e
 Masters, (1983) sugerem que é útil apresentá‑lo inicialmente como algo
 que o psicoterapeuta está a fazer pelo e para o cliente como maneira
 eficaz de estabelecer um relacionamento e sentido de confiança nas
 competências do psicoterapeuta. O cliente deve sentar‑se numa cadeira
 confortável e o psicoterapeuta geralmente começa com uma explicação
 dos fundamentos (fornecimento do racional teórico subjacente à técnica
 de dessensibilização sistemática e do relaxamento) numa linguagem
 acessível aos conhecimentos e caracteristicas do cliente, como por
 exemplo da seguinte maneira: "Vamos utilizar uma técnica que tem muito
 bons resultados em problemas como o seu. No incio do tratamento
 faremos com que voçê se sinta relaxado. Depois, vai imaginar cenas
 relacionadas com o seu medo começando com aquelas que só causam um
 pouco de medo e assim gradualmente. Uma vez que vou introduzir as
 cenas de uma maneira gradual e porque você estará relaxado ao
 imaginá‑las, em pouco tempo será capaz de imaginar situações cada vez
 mais fortes e ao mesmo tempo sentir‑se confortável. Se ao conseguir
 imaginá‑las e mesmo assim não sentir medo, verá que mais tarde, ao se
 deparar com essas situações na vida real, descobrirá que já não tem
 medo. É muito importante que perceba como esta técnica funciona. Tem
 alguma dúvida?".
 
 Posteriormente passar‑se‑ia à metodologia de indução de relaxamento e
 depois poder‑se‑á começar com a dessensibilização propriamente dita
 (construção de hierarquia de estímulos ansiogénicos e consequente
 emparelhamento com o relaxamento).
 
 As cenas ansiogénicas são apresentadas gradualmente conforme uma
�
 hierarquia construida pelo cliente e posteriormente discutida com o
 psicologo, emparelhadas sempre com o relaxamento. Normalmente, numa
 das primeiras consultas, o psicologo pede ao cliente para descrever 3
 cenas ansiogénicas, uma com pouca intensidade, outra com intensidade
 intermédia e outra com grande intensidade, com grande detalhe de
 pormenores, de forma a que o psicologo possa depois aplicar essas
 cenas o mais realisticamente possível, possibilitando ainda ao cliente
 algum conhecimento e capacidade para em casa trabalhar numa hierarquia
 de estímulos com pelo menos 8 itens, uniformemente graduada, para ser
 utilizada nas sessões seguintes. As hierarquias podem ser temáticas,
 espácio‑temporais ou místicas.
 
 Antes de iniciar a dessensibilização deve‑se pedir ao cliente que
 pense numa ou duas cenas que evoquem sensações agradáveis, de
 relaxamento. Durante a dessensibilização pode‑se pedir ao cliente para
 imaginar essas cenas afim de facilitar o relaxamento. Este pedido deve
 realizar‑se entre a apresentação dos itens da hierarquia. Quando o
 cliente indica que está no nível 1 de ansiedade, e o psicologo
 verifica que não há nenhum sinal de ansiedade o cliente está preparado
 para a primeira cena da hierarquia. Quando isto se verifica:
 
 * Os clientes são informados que serão solicitados a imaginar as cenas
 o mais nitidamente possível.
 
 * Os clientes são também informados de que se a cena começar a mudar
 deve trazê‑la à forma original
 
 * Os clientes são instruídos para fazer um sinal, erguendo um dedo
 quando obtêm uma imagem nítida da cena
 
 * Os clientes são instruídos para fazerem um sinal quando sentem
 alguma ansiedade.
 
 Se o cliente não revela ansiedade após três apresentações imaginadas
 de um item, este pode ser considerado dessensibilizado.
 
 As cenas deverão ser imaginadas durante até 30 segundos. A primeira
 aplicação da cena deverá durar 10 segundo. A segunda até ao máxiimo de
 30 segundos, já que mais do que isso poderá levar a uma mudança no
 conteúdo da cena ou dificuldade de imaginação da cena. O nível de
 ansiedade deve ser avaliado mesmo na ausência de qualquer sinal.
 Quando o cliente dá sinal de ansiedade, a imaginação da cena é
 interompida imediatamente, voltando o cliente à situação de
 relaxamento, através da sua indução através de uma das imagens
 agradáveis trabalhadas anteriormente. Se a ansiedade se manter, e for
 necessário, deve‑se retomar os exercicios de relaxamento.
 
 No caso da ansiedade não ser reduzida nos três primeiros ensaios, no
 caso de um item intermédio, o psicopsicoterapeuta deverá, depois de
 induzir o relaxamento, repetir o último item onde houve sucesso. Só
 isso, na maior parte das vezes é suficiente para atingir o sucesso
 posteriormente.
 
 Possíveis dificuldades
 
 Pode acontecer que o cliente pura e simplesmente não consiga superar a
 ansiedade num item. Neste caso deverá estudar‑se se o item não estará
 deslocado em termos de hierarquia de ansiedade ou então, se não será
�
 necessário introduzir um item adicional e intermédio na hierarquia.
 
 Requisitos básicos do cliente
 
 Antes do psicoterapeuta decidir‑se pela dessensibilização sistemática
 deve verificar se:
 1 ‑ O cliente sofre de relativamente poucas fobias
 2 ‑ As fobias apresentadas pelo cliente reflectem uma ansiedade
 irracional, isto é, verificar se o cliente possui habilidades para
 dominar aquilo que teme (convém salientar que a ansiedade pode ser
 racional, isto é, falta ao cliente habilidades para dominar aquilo que
 teme. Por exemplo: sujeitos que desejam interacção social mas não a
 obtêm. O psicoterapeuta pode sentir‑se tentado a usar a
 dessensibilização sistemática, por pensar que o cliente é inibido pela
 ansiedade que surge na situação de interacção. No entanto, o cliente
 pode ficar ansioso porque lhe faltam as habilidades sociais
 necessárias ‑ saber conversar, marcar um encontro, etc.)
 3 ‑ O cliente possui capacidade imagética
 4 ‑ O relaxamento muscular profundo consegue induzir o relaxamento
 
 Transição de uma sessão para a outra
 
 * Deve‑se iniciar a dessensibilização com o último item completado
 satisfatoriamente. Isto por duas razões: por uma questão de
 continuidade natural entre as sessões e possibilitar verificar se
 houve alguma recaída
 * Não se deve apresentar novos itens da hierarquia durante os útimos
 minutos da consulta de forma a evitar acabar a consulta com alguns
 sinaisde ansiedade
 
 Duração da dessensibilização sistemática
 
 A duração da dessensibilização sistemática é variável, mas não deve
 exceder os noventa minutos por consulta. Na maioria dos casos, 20 a 30
 minutos é o limite razoável. Considerando o periodo de tempo padrão de
 duração de cada consulta (50 minutos) o resto do tempo deve ser
 utilizado para discutir o curso da psicoterapia, as experiências
 relevantes vividas, etc.
 
 Dessensibilização "In Vivo"
 
 Alguns autores acreditam que os contactos na vida real com os
 estímulos fóbicos são beneficos. No entanto, uma palavra de precaução
 é necessária. É uma imprudência total encorajar os clientes a se
 colocarem em situações correspondentes a itens ainda não
 dessensibilizados. É muito importante que o sujeito não seja
 confrontado com um insucesso, pois, pelo processo de generalização,
 poderia fazer com que cenas anteriormente dessensibilizadas causassem
 novamente ansiedade. Deve‑se levar o paciente a experientar in vivo as
 situações fóbicas, inicialmente acompanhado pelo psicologo, sendo
 muito provavelmente necessário retomar o sistema de itens
 hierarquizados na exposição.
 
 Eficácia da técnica
 
 Há evidências de que a dessensibilização sistemática é mais eficaz com
 as fobias simples (medo de alturas, cães, etc) do que com fobias
 sociais, incluindo a agorafobia, em parte talvez porque os meios
�
 sociais, podem reflectir dificiências nas habilidades sociais.
 No entanto, a ténica foi utilizada com sucesso num grande número de
 perturbações comportamentais envolvendo uma certa "carga ansiosa",
 como todas as fobias, as dificuldades de contactos sociais, a angústia
 do fracasso em certas disfunções sexuais, a angústia "existencial",
 certas formas de obsessão e de compulsões de repetição (gaguez).
 Num grande número de casos a dessensibilização sistemática é utilizada
 juntamente com outras técnicas: por exemplo, numa psicoterapia
 conjugal, paralelamente a técnicas como o treino de comunicação ou
 como o contrato terapeutico instaurado para resolver uma
 atitude‑problema num dos conjugues, pode‑se utilizar a
 dessensibilização sistemática num dos parceiros, que se mostre
 demasiado ansioso para participar de um modo adequado nna
 psicoterapia. Noutros casos, a dessensibilização sistemática será por
 vezes a introdução a uma psicoterapia que seguirá por uma abordagem
 cognitiva. Este pode ser o caso no tratamento de certas pessoas que
 sofrem de "incompetência social"; após uma dessensibilização
 sistemática das principais situações ansiogénicas em relação com o
 contacto com os outros, estabelece‑se uma psicoterapia visando
 modificar as distorções cognitivas que o individuo tem sobre si
 próprio.
 
 Victor Silva e Bruno Silva
�
 
 Consulta Psicológica e Desenvolvimento
 
 Considerações acerca da sua aplicabilidade aos domínios de intervenção
 da Psicologia Social, do Trabalho e das Empresas
 
 Por:
 
 Alexandre M. Campos
 
 Psicólogo, Universidade do Porto
 
Porto, Agosto de 1994
 
 INTRODUÇÃO
 
 Este trabalho tenta fazer uma exploração sobre a perspectiva
 preventiva, social e comunitária da intervenção psicológica e, mais
 especificamente, reflectir sobre a aplicabilidade deste tipo de
 intervenção psicológica, na perspectiva de um modelo desenvolvimental
 ‑ ecológico, a problemas, populações, e contextos específicos dos
 domínios de intervenção da Psicologia Social, do Trabalho e das
 Empresas.
 
 Atenta‑se ainda a um conjunto de modalidades de actuação do exercício
 profissional da consulta psicológica, tanto às formas tradicionais
 como o aconselhamento e a psicoterapia, visando alcançar objectivos
 mais remediativos, como às modalidades mais recentes, nomeadamente, os
 grupos de desenvolvimento e diversos tipos de consultadoria tendo como
 objectivos a prevenção e promoção ao nível do pessoal e do
 transpessoal.
 
 CONSIDERAÇÕES
 
 Ao falar‑se no modelo desenvolvimental‑ecológico estamos a
 debruçarmo‑nos sobre o desenvolvimento humano, e sua inserção nos
 vários contextos de vida.
 
 O desenvolvimento humano é considerado como uma variável dependente
 das interacções ocorridas nos vários contextos em que as pessoas
 vivem. Assim, há que conhecer o processo de desenvolvimento do
 indivíduo nos vários sistemas em que ele se insere, sistemas como a
 sua família, a escola, o local de trabalho, etc., assim como o seu
 processo de desenvolvimento relativamente aos diversos papéis que
 desempenha em cada um, nomeadamente pai, mãe, filho, cônjuge,
 professor, aluno, trabalhador, cidadão, etc...(Campos,1985).
 
 A Psicologia Comunitária vai então enquadrar‑se nesta pesrpectiva, o
 que obriga a uma reflexão posterior. "Não é apenas o desenvolvimento
 dos indivíduos ou das pessoas significativas dos meios em que vivem
 que está em questão: é também o dos próprios grupos em que os
 indivíduos se inserem e das redes de relações comunitárias de que
 fazem parte"(Campos,1988).
 
 É de acordo com este pressuposto que a perspectiva ecológica se
 organiza, isto é, há que, além de considerar os sistemas pessoais,
 abranger também os sistemas transpessoais. O desenvolvimento
 psicológico é importante, mas ele não é nem deve ser a única dimensão
�
 do desenvolvimento humano a ser considerada, nem se poderá de modo
 algum reduzir este desenvolvimento humano a um desenvolvimento baseado
 unicamente no psicológico.
 
 Deste modo, o psicólogo, se pretende intervir, deverá estar preparado,
 para adoptar uma abordagem multidimensional dos problemas humanos
 (Coimbra,1991), para observar todas as facetas de cada problema de
 cada cliente, mantendo‑se sempre presente uma posição holística uma
 vez que vai actuar não só no desenvolvimento do indivíduo, mas também
 no desenvolvimento de pessoas significativas do cliente, e ainda no
 conjunto de relações em que ele se insere. Todas estas "dimensões"
 convergirão para o todo que o indivíduo é, mas não deverão ser
 observadas segundo uma perspectiva estanque ou determinista.
 
 Como já foi dito, a actuação do psicólogo está grandemente orientada
 para as relações que os indivíduos têm com os outros e com os diversos
 contextos de vida à sua volta. Nesta linha, há que actuar para
 transformar tanto os microssistemas como os mesossistemas do cliente.
 Os primeiros porque constituem, de acordo com Bronfenbrenner,
 conjuntos estruturados de relações interpessoais, actividades e papéis
 que o indivíduo em desenvolvimento experiencía (por exemplo, o grupo
 de amigos, de colegas de trabalho, ou mesmo o casal, etc.). Os
 segundos pois definem as relações que existem entre o pares de
 microssistemas (e. g.: a relação entre o emprego e a família).
 
 Portanto, ao nível da intervenção, além de uma actuação no sistema
 pessoal ela deve orientar‑se para os vários ecossistemas em que o
 cliente se enquadra, assim como todos os outros sistemas
 transpessoais.
 
 De acordo com a perspectiva que se tem estado a desenvolver, a
 intervenção poderá ter diferentes objectivos, consoante a situação
 específica em que o cliente se encontre.
 
 Em situações de crise, nas quais o cliente está em pleno desequilíbriopsicológico, o indivíduo está a enfrentar uma situação que constitue
 um problema, e não consegue resolvê‑la com os recursos que lhe estão
 disponíveis no momento, e que ele normalmente utiliza para as outras
 situações. Neste tipo de situações, o objectivo é Remediar a situação,
 identificando e tratando o problema. Trata‑se de um processo reactivo,
 visto ele ser ocasionado pela crise.
 
 Em situações de crise potencial, já se visa Prevenir o aparecimento da
 crise. Há que actuar, não quando a crise está a manifestar‑se, mas sim
 previamente, quando é provável que ela surja. Tanto neste caso como no
 seguinte, os sujeitos estão em posição de adquirirem competências e
 capacidades nas várias áreas de vida. Deste modo, há agora uma atitude
 proactiva.
 
 Nas situações fora da crise o objectivo é Promover as competências do
 sujeito.
 
 Assim, a intervenção tanto pode ocorrer quando os sujeitos se
 encontram em situação de crise (e. g.: a morte de um outro
 significativo), de transição (e. g.: o divórcio), de confusão (e. g.:
 o sentido de auto‑competência), como quando estão disponíveis para
 adquirirem capacidades cada vez mais complexas de expressão e criação,
 nos vários domínios da existência (Campos,1985).
�
 
 Se na perspectiva remediativa a atitude é claramente reactiva, na
 perspectiva preventiva e de promoção a atitude é proactiva. E se
 relacionarmos esta última atitude com a nossa tentativa de evitar que
 algo aconteça, nomeadamente uma situação negativa, a crise, temos que
 falar na prevenção. A prevenção primária deve ser a detentora de
 primazia uma vez que está dirigida para o evitamento da crise em
 populações de risco e para os processos de promoção de capacidades
 (perspectiva do prevenir e do promover).
 
 A recessividade das prevenções secundária e terciária deveria
 justificar‑se, a meu ver, pelo facto de a primeira apenas tentar
 evitar que uma dada situação se agrave, e de a segunda ser um processo
 de prevenção discutível, pois enquadra‑se numa linha remediativa,
 especificamente na cura.
 
 Nesta perspectiva, os alvos da intervenção psicológica encontram‑se
 não só ao nível dos indivíduos (clientes e outros significativos) mas
 também os vários grupos, comunidades e organizações. Segundo o modelo
 desenvolvimental‑ecológico, para haver mudança há que intervir nos
 sistemas pessoais, interpessoais e transpessoais, isto é, nos domínios
 da realidade intrapsíquica, das relações entre os indivíduos, e dos
 muitos e variados contextos de vida.
 
 A promoção do desenvolvimento humano, enquanto intervenção
 psicológica, deverá ainda contar com todos os contingentes
 sócio‑económicos do momento. Assim, ela será melhor efectuada se
 enquadrada nos projectos de desenvolvimento sócio‑económico da
 comunidade (Campos,1988). O macrossistema (Bronfenbrenner,1979) (as
 crenças, as ideologias vigentes num dado momento histórico‑social) que
 envolve o indivíduo influencia tanto este como todos os outros
 sujeitos e os contextos de vida (e naturalmente a orientação
 sócio‑económica da comunidade).
 
 Relativamente às estratégias utilizadas para alcamçar os objectivos
 desejados junto dos alvos, elas podem ser directas (efectuam‑se junto
 do sujeito), nomeadamente o Aconselhamento Psicológico, a
 Psicoterapia, a Educação Psicológica ou Grupos de Desenvolvimento,
 (intervenção fora da situação de crise) e indirectas (efectuam‑se
 juntos do meio, no transpessoal, embora se vise a promoção do
 sujeito), como é o caso da Consultadoria (seja ele triádica, de grupo,
 organizacional ou comunitária).
 
 A perspectiva desenvolvimental‑ecológica privilegia os grupos de
 desenvolvimento ou de educação psicológica e a consultadoria e dá
 menos importância ao aconselhamento psicológico e à psicoterapia.
 
 Assim, os Grupos de Desenvolvimento ou de Educação Psicológica
 tratam‑se de uma estratégia de intervenção directa, consistem em
 intervenções realizadas a grupos, fora das situações de crise, que
 visam desenvolver, capacitar ou educar o indivíduo. Trata‑se de, mais
 do que ensinar e instruir, desenvolver e construir.
 
 A Consultadoria já se trata de uma estratégia indirecta de intervenção
 psicológica, visto efectuar‑se não directamente no sujeito, mas nos
 indivíduos com que ele contacta, como outros significativos ou
 profissionais que têm alguma ligação com o cliente. Deste modo, estes
 vão exercer, consequentemente, influência e pressão no sentido
�
 positivo junto do cliente. Ao consulente cabe a responsabilidade da
 implementação das soluções resultantes do processo. É um tipo de
 intervenção que tenta actuar nas redes sociais do cliente e deste modo
 ajudar a sua vida. Por e. g.:, o psicólogo pode intervir no professor
 (o consulente), prevendo a intervenção futura deste no aluno (o
 sujeito, alvo de mudança). Fornece‑se serviços directos ao consulente,
 capacitando‑se este e logo agindo‑se indirectamente no cliente.
 
 Esistem vários modelos históricos de consultadoria; a
 Consultadoria‑Diagnóstico que prevê o recurso a um especialista para
 produzir um diagnóstico e uma prescrição quanto a um problema; na
 Consultadoria de Formação faz‑se a actualização e formação de
 profissionais e disseminação de competências, tendo sempre em vista
 que a aprendizagem acontece ao longo de todo o ciclo vital. O
 planeamento destas acções de formação propiciará melhores resultados
 se for colaborativo, incluindo indivíduos presentes nas várias áreas
 envolvidas. A Consultadoria centrada no Desenvolvimento Profissional
 do consulente está mais orientada para o desenvolvimento deste e a
 aquisição de competências por parte do mesmo, do que propriamente em
 formar e treinar profissionais na área técnica. Em colaboração com o
 consultor, o consulente deve, no final do processo, ser capaz de
 resolver os seus problemas autonomamente, em virtude das "coping
 skills" que adquiriu. Na Consultadoria Organizacional, faz‑se
 sobretudo uma análise da organização, atentando a aspectos da sua
 estrutura e do seu funcionamento, e incidindo em temas como estilos de
 liderança, estratégias para negociação e resolução de conflitos, ou a
 participação dos trabalhadores nas tomadas de decisão.
 
 As intervenções preventivas, sociais e comunitárias podem, ora
 centrar‑se na competência do sistema pessoal e/ou na qualidade dos
 contextos de vida, ora serem especificamente psicológicas ou
 integradas em projectos de desenvolvimento humano e social. No
 primeiro caso, tenta‑se intervir no sistema pessoal do indivíduo (o
 intrapessoal), ao nível interpessoal (nomeadamente as redes sociais de
 apoio) ou nos sistemas transpessoais, visando modificar os contextos
 de vida (o desenvolvimento dos indivíduos acontece nos vários
 microssistemas, e a qualidade destes tem repercussões naquele mesmo
 desenvolvimento). Para o segundo caso, conta‑se com o facto de os
 projectos de desenvolvimento muitas vezes não serem especificamente
 psicológicos. Deste modo, estando presentes outros profissonais
 integrados numa equipa, teremos que actuar a outros níveis que não só
 o psicológico. Assim, "o psicólogo apercebe‑se rapidamente de que é
 ilusório trabalhar em termos individuais quando se desejam resultados
 positivos e que, em trabalho de grupo, o modelo mais eficaz é o
 colaborativo" (Coimbra,1991).
 
 O modelo do especialista (tradicional), devido às consequências que
 acarreta, não vai ser muito desenvolvido.Ele conduz a uma
 estanquicidade da área de actuação, uma excessiva valorização das
 competências, técnicas e instrumentos de acção do psicólogo, e a uma
 errada legitimação das práticas de intervenção baseada na pretensa
 "cientificidade" das técnicas. "O modelo de especialista instaura,
 efectivamente, uma relação de poder e dependência" (Coimbra,1991).
 
 O modelo colaborativo, alternativo ao anterior, baseia‑se na
 colaboração, na interdisciplinaridade e numa abordagem global dos
 problemas. Por um lado, "o psicólogo é percepcionado como um recurso,
 envolvido na prossecução de objectivos gerais, para os quais a sua
�
 acção concorre..." (Coimbra,1991). Ao mesmo tempo, ele é "um
 profissional...cuja intervenção ocorre a par da de outros
 profissionais" (Dinkmeyer & Dinkmeyer,1984; citados por Coimbra,
 1991). Esta abordagem permite observar com maior nitidez todas as
 dimensões que, para além da psicológica, constroem a grande
 complexidade dos problemas de cada indivíduo (as dimensões social,
 económica, cultural, etc.). Além da partilha de responsabilidades e
 negociação conjunta das decisões, há ainda a partilha dos
 conhecimentos, experiências e competências que cada interveniente tem,
 e que são úteis para se atingir o fim proposto.
 
 "O apoio psicológico ao desenvolvimento psicológico dos alunos e à sua
 orientação escolar e profissional bem como o apoio psicopedagógico às
 actividades educativas e ao sistema de relações da comunidade escolar
 " (artº 26º e 24º da Lei de Bases do Sistema Educativo) são objectivos
 que os psicólogos devem ter quando estiverem a intervir no contexto
 escolar.E que intervenção cumpre melhor estes fins que não a
 intervenção ecológica ou comunitária, nomeadamente a Consultadoria
 Ecológica? Cleto (1989) considera que o psicólogo a exercer na escola
 deve dar resposta à diversidade de pedidos e problemáticos de
 adolescentes e jovens quer os que se ligam directamente à dimensão
 escolar em sentido estrito... quer os que se prendem com outras
 dimensões, papéis e contextos de vida do adolesente (Coimbra,1991).
 Assim, e em virtude do papel que os psicólogos têm na promoção do
 desenvolvimento pessoal e social dos alunos, foi implementada a área
 curricular de formação pessoal e social, visando tanto a capacitação
 para a resolução de vida, como a promoção do desenvolvimento
 psicológico, e mesmo uma educação para os valores.
 
 Neste contexto, a intervenção deve efectuar‑se tanto através de
 programas de intervenção exclusivamente psicológicos, como através de
 estratégias de consultadoria. No 1º caso, as intervenções de "educação
 psicológica deliberada " destinam‑se a desenvolver nos alunos
 capacidades psicológicas de preparação para as várias tarefas. No 2º
 caso, pode‑se falar em "consultadoria‑formação psicológica junto de
 professores" (Alpert & Ass. ,1982; Campos, 1987; Cole & Siegel, 1990;
 Vandenplas‑Holper, 1991), tratando‑se de um processo destinado ao
 desenvolvimento de programas, ou à inovação pedagógica, ou mesmo de
 integração, em termos de igualdade numa equipe de projecto (Campos,
 1990). Assim, a consulta para o desenvolvimento humano do aluno deve
 estender‑se à colaboração com os professores, para os apoiar no seu
 papel de profissionais do desenvolvimento. Deve‑se ainda alargar a
 intervenção a todo o sistema organizacional da escola, pois "o
 desenvolvimento das competências de vida e da respectiva dimensão
 psicológica resulta ainda do impacto que neles tem o sistema ecológico
 constituído, nomeadamente pela estrutura e organização da instituição
 escolar e do processo de ensino/aprendizagem, bem como das relações
 que aquelas mantém com os outros contextos directos de vida" (Campos,
 1990). É necessária assim uma intervenção ecológica que se dedique
 tanto às actividades e relações interpessoais dos alunos
 (microssistema) como as relações das escolas com a família e a
 comunidade (mesossistema), no fundo uma Consultadoria Ecológica
 (Campos, 1990). Felizmente, a reforma curricular em curso abre
 perspectivas para o incremento de um modelo desenvolvimental‑ecológico
 (Campos, 1990; Christenson, Abery & Weinberg, 1988).
 
 
 Ao nível do desenvolvimento do sistema pessoal do indivíduo, a acção
�
 do psicólogo pode passar pela criação de competências para lidar com a
 vida, com as transições e tarefas desenvolvimentais, fornecendo às
 pessoas capacidades para agirem na interacção com o meio, promovendo a
 sua capacitação comunitária e social. Os sujeitos devem obter
 autonomia para conseguirem inplementar os seus projectos e ao mesmo
 tempo ultrapassarem os obstáculos que se lhes deparam, especialmente
 originados por um confronto com os projectos sociais.
 
 Segundo a perspectiva desenvolvimental do "life‑span" ou ciclo vital,
 a intervenção deve estar orientada para tornar o indivíduo mais
 autónomo, promovendo assim o desenvolvimento de capacidades para lidar
 com momentos importantes como os que já foram referidos: tarefas
 desenvolvimentais, transições e tarefas de vida. Segundo Havighurst
 (1972) uma "developmental task" é uma tarefa que aparece em
 determinado momento da vida e, caso ela seja resolvida, o indivíduo
 adquire capacidade para resolver situações futuras, assim como
 satisfação. A não resolução origina infelicidade e incapacidade de
 resolver tarefas que o indivíduo venha a ter que ultrapassar. Ainda
 para Hopson & Adams (1976), uma transição consiste numa
 "descontinuidade consciente no espaço de vida de uma pessoa, que vai
 exigir novas respostas comportamentais". Transições como o divórcio,
 mudança de emprego, etc. podem activar crises nas quais as pessoas
 veem os seus recursos de coping a serem totalmente esmagados. No
 geral, uma crise é um desiquílibrio psicológico numa pessoa que
 enfrenta uma situação perigosa e que constitui um problema importante
 do qual não consegue escapar, e nem o consegue resolver com os seus
 habituais recursos de resolução de problemas (Caplan, citado por
 Sandoval, 1988).
 
 As noções de tarefas desenvolvimentais e transições relacionam‑se
 nitidamente com o modelo do ciclo vital. Esta perspectiva, visto
 considerar um desenvolvimento ao longo da vida do indivíduo, assume
 que existe uma continuidade temporal, marcada por mudanças activas e
 sistemáticas, e que os indivíduos, em todo este processo, interactuam
 com os contextos de vida (perspectiva ecológica do desenvolvimento).
 Essas mudanças e acontecimentos de vida podem estar associados à idade
 do indivíduo ou ao momento histórico geracional que ele atravessa
 (normativos), mas podem ser ainda acontecimentos idiossincráticos (não
 normativos). Devem abranger ainda uma das dimensões de vida do sujeito
 (psicológica, social, cultural), e serem ou não esperados por este.
 
 As transições, períodos de conflito de papéis, obrigam a um
 questionamento pessoal e a um iniciar de novos estilos de vida, e têm
 implicações aos níveis da percepção de si próprio, da percepção da
 relação do indivíduo com os outros, ou da percepção da acção que ele
 desenvolve nas várias áreas. Algumas perspectivas referem também o
 conceito de Crise, situações de excessiva carga assumida.
 
 Ao nível da intervenção, há que evitar a ocorrência destes
 acontecimentos, ou preparar os sujeitos para aqueles, bastando muitas
 vezes o fornecimento, ou melhor ainda, a promoção de competências para
 lidar com estas situações negativas. Não nos podemos esquecer,
 contudo,que, apesar das suas consequências negativas, estes
 acontecimentos são frequentemente promotores potenciais do
 desenvolvimento do indivíduo. Ao porem "em crise estrutural, funcional
 ou emocional o sistema pessoal, e lhe exigirem mudanças, constituindo
 assim tarefas de desenvolvimento ..." (Campos, 1990), vão permitir que
 se construa um sistema pessoal mais auto‑organizado e mais integrado.
�
 
 Quando pensamos em intervir para desenvolver as capacidades para lidar
 com as tarefas de vida e com as transições desenvolvimentais, devemos
 estudar e definir as dificuldades, exigências das situações para, de
 seguida, identificar competências específicas. Vai ser necessário
 desenvolver métodos sistemáticos para ensinar aquelas competências,
 assim como elaborar programas para a sua disseminação. Os programas
 devem estar elaborados de acordo com as necessidades concretas e reais
 dos indivíduos, assim como permitirem a estes a transformação das
 situações problemáticas em oportunidades de desenvolvimento
 psicológico. A intervenção deve focar‑se em três diferentes áreas onde
 a promoção e o desenvolvimento de competências é de extrema
 importância: O indivíduo deve adquirir competências relativamente a si
 próprio (e. g.: competências de estudo, ou de tomada de decisão,
 etc.), relativamente à relação com os outros (e. g.: competências de
 emissão de feed‑back), e competências mais específicas relacionadas
 com contextos específicos e mais previsíveis que ocorrem ao longo da
 vida, como o emprego, a família, ou a comunidade (e. g.: competência
 para manter o emprego, ou ser um(a) pai/mãe eficaz). Nelson‑Jones
 (1984) apresenta a terapia da responsabilização pessoal, na qual a
 noção de "tarefas individuais" se liga com a ideia de que as pessoas
 criam as suas vidas através das escolhas diárias. Em suma, a terapia e
 consulta da responsabilização pessoal foca‑se sobretudo sobre os
 desejos e tarefas que fazem parte da vida de todos nós.
 
 Segundo Moos & Schaffer (1987), e de acordo com a teoria das crises,
 um indivíduo está especialmente receptivo à influência externa no
 tempo de mudança. Esta acessibilidade oferece aos psicólogos uma
 preciosa oportunidade de provocar um impacto construtivo. Há que
 transformar as situações de crise em oportunidades de desenvolvimento
 psicológico. Sandoval (1988) apoia esta perspectiva, e afirma que o
 objectivo não é propriamente reorganizar completamente as dimensões da
 personalidade do indivíduo, mas sim restaurá‑lo para que ele tenha um
 resolver criativo dos problemas. O sucesso na resolução de uma crise
 leva provavelmente à aquisição de novas capacidades para lidar com
 situações problemáticas, e à adopção de um melhor funcionamento.
 
 As mudanças de residência, mudanças de emprego e de estatuto
 ocupacionais, assim como a grande mobilidade em diferentes relações
 interpessoais, ou mesmo a situação de desemprego são momentos de vida
 importantes, que ocorrem, no presente, com uma maior frequência do que
 em gerações anteriores (Felner et al., 1983) e que constituem
 acontecimentos de vida stressantes e de crise.
 
 E são ainda muitas outras as problemáticas que os indivíduos
 apresentam, consoante o seu periodo desenvolvimental. (Wortley &
 Amatea, 1982, citados por Costa & Menezes, 1991), nomeadamente as
 fases universitária, de jovem adulto, da vida adulta e de idosidade.
 Na fase adulta, por ex:, são comuns problemas relacionais e de
 comunicação (com os colegas, com a família), problemas de realização
 (dificuldades escolares, de tomada de decisões, etc.), e problemas de
 identidade (ou auto‑organização, como por ex: dificuldades ao nível da
 auto‑definição e da consciencialização dos sentimentos (Costa &
 Menezes, 1991).
 
 Visto o modo como as pessoas lidam com situações de crise, transições
 e problemas vários estr sujeito a vários constrangimentos que têm a
 vêr com as características do próprio indivíduo e do acontecimento
�
 como também com as características do contexto de vida (Brammer &
 Abrego, 1981; Hopson, 1985; citados por Costa e Menezes, 1991), que
 contextos de intervenção psicológica a este nível são mais apropriados
 que os centros comunitários. Estes constituem un contexto privilegiado
 para a operacionalização da perspectiva ecológica da consulta
 psicológica, visto, em virtude da sua própria inserção, poder
 mobilizar com mais facilidade os recursos ao nível dos microssistemas
 e mesossistemas, o que é muito relevante na intervenção para a
 promoção do desenvolvimento humano (Soares, 1991). Além disso, a
 intervenção não deve assentar num "psicocentrismo do exercício
 profissional"(Soares,1991), pois o psicólogo não é o único a
 contribuir para o desenvolvimento, devendo‑se trabalhar em conjunto
 com professores, família, pares, e outros. Os centros comunitários têm
 realmente uma efectiva integração comunitária (através das estruturas
 aí inseridas, com os centros sociais, as autarquias, etc.),
 trabalhando assim em sintonia com os problemas e recursos que a
 comunidade possui. (Campos 1989; citado por Costa & Menezes, 1991).
 
 
 A situação de desemprego trata‑se de um momento de crise para o
 indivíduo. O trabalho representa, para as pessoas o seu contexto de
 ligação com a realidade, o meio que lhe confere uma identidade de
 pertença a uma determinada colectividade, além de ser uma fonte de
 estruturação das relações humanas. No fundo, ele é fornecedor de
 auto‑estima e ponto de referência. Além disso, o não ter emprego tem,
 a nível social,*/* uma conotação negativa. O desempregado é visto como um
 indivíduo diferente.
 
 Uma situação deste tipo pode provocar reacções como a agressividade.
 desânimo, desespero, ansiedade, inibição, apatia, culpabilidade, perda
 de identidade, abaixamento da auto‑estima, desorientação, ..."
 (Kaufman, 1982; citado por Rodrigues & Rodrigues, 1987). São assim,
 aspectos com que o psicólogo terá de lidar ao nível da intervenção
 (Rodrigues & Rodrigues, 1987).
 
 Uma vez que o problema do desemprego é claramente um problema social,
 económico e político, a intervenção não deverá situar‑se apenas no
 domínio do psicológico, mas deverá obedecer ao já referido e
 desenvolvido modelo desenvolvimental‑ecológico da intervenção
 psicológica, isto é, além de atentar ao pessoal e ao interpessoal,
 deve incidir também no transpessoal.
 
 A consulta psicológica na situação de desemprego deve tentar, em
 primeiro lugar "estimular a procura de emprego". Para tal dever‑se‑ão
 manter sessões de grupo com objectivos vários, visando sobretudo a
 aquisição de informação e competências de competitividade no mercado
 de trabalho. Claro que se estas iniciativas forem complementadas com
 medidas sociais, económicas e políticas tomadas conjuntamente, as
 probabilidades de sucesso serão maiores (Pombo, 1985; citado por
 Rodrigues & Rodrigues, 1987). Em segundo lugar há que "capacitar para
 viver com o desemprego", pois nem todas as situações de desemprego
 poderão ser solucionadas. Assim, os indivíduos têm direito e
 necessidade que lhes sejam fornecidas capacidades e condições para
 lidarem de um modo saudável com a situação.
 
 Aqui a intervenção deve tanto apoiar directamente ao nível individual,
 como promover encontros entre desempregados, intervir em contextos
 como a família ou a sociedade (promoção social da mentalidade que
�
 tende a vêr o desempregado como algo mau), e mesmo criar alternativas
 deocupação que criem os benefícios de "ter emprego" (Rodrigues &
 Rodrigues, 1987).
 
 A intervenção psicológica para o desenvolvimento do sistema pessoal do
 indivíduo pode incidir também nas estruturas cognitivas da acção
 humana. Segundo Kohlberg, o indivíduo constrói uma nova estrutura em
 função do desiquilíbrio na acção, sendo este provocado pelo conflito
 cognitivo, ou então para Coimbra (1991) o desenvolvimento do cliente
 ocorre a partir de um processo de transformação do seu sistema
 pessoal, integrando níveis anteriores (mais simples) em níveis mais
 complexos de compreensão da realidade. A intervenção visa então
 promover a facilitação do processo de transição, ou seja desenvolver
 competência(s) no indivíduo. Está‑se assim a falar de estratégias.
 cognitivo‑desenvolvimentais. As estratégias que vão ser desenvolvidas
 são para se‑ rem aplicadas em situações de ausência de crise. São
 assim essencialmente educativas.
 
 A intervenção pode ser ora sectorial, ora global. Uma técnica de
 desenvolvimento sectorial das estruturas cognitivas é a "Discussão de
 Dilemas", a qual visa desenvolver o raciocínio moral e promover o
 desenvolvimento interpessoal. Esta técnica baseia‑se no pressuposto de
 que a apresentação de problemáticas com um conflito de interesses (o
 que vai levar à consideração de vários pontos de vista ‑Tomada de
 Perspectiva Social‑), conduz ao conflito cognitivo, e a consequente
 resolução deste último leva ao desenvolvimento do indivíduo, mais
 concretamente à ou às estrutura(s) cognitiva(s) abrangida(s). O
 cliente vai passar assim para um nível mais complexo de compreensão da
 realidade. Em virtude de a discussão de dilemas não intencionalizar
 mudanças de comportamento, Kohlberg começa a desenvolver a sua
 "Abordagem da Comunidade Justa", visando a mudança do sistema
 interpessoal.
 
 A Educação Psicológica Deliberada é uma intervenção que já tem como
 ambição o desenvolvimento global das estruturas cognitivas, tem por
 base uma "orientação holistica da intervenção" Coimbra, 1991). Aqui,
 Sprinthall apoia o princípio de que o desenvolvimento do indivíduo
 (passagem para estádios de desenvolvimento mais complexos) ocorre
 quando este vive experiências significativas, desafiantes e mais
 complexas do que o permitido pelo seu desenvolvimento actual, o que
 vai provocar um desiquilíbrio. Esse desiquilíbrio não deve ser
 demasiado, ou o indivíduo não conseguirá evoluir e sucumbirá.
 
 Segundo Coimbra (1991), "na educação psicológica deliberada, o
 processo de intervenção organiza‑se no sentido de melhorar a própria
 qualidade de vida psicológica do cliente, proporcionando‑lhe a
 oportunidade de viver e integrar experiências reais de vida em
 contextos genuinos". Assim, e como se pode observar, esta é uma
 estratégia que incide não só nos recursos do próprio sujeito mas
 também nos recursos dos vários contextos, o que faz dela uma
 intervenção não exclusiva e somente centrada no indivíduo mas tambem
 orientada para a psicologia ecológica.
 
�
 
 As estruturas idiossincráticas são as regras a partir dos quais o
 indivíduo organiza e atribui significado à realidade. São dimensões
 tácitas, quer do auto‑conhecimento, quer das teorias do sujeito e da
 sua relação com o mundo. São no fundo regras abstratas que o indivíduo
 não consegue enunciar mas que organizam a sua acção. Como no fundo o
 processo de construção dos significados é um percurso de
 auto‑reconhecimento, para o psicólogo produzir mudança e logo intervir
 nas estruturas indiossincráticos ele deve, segundo Marcia, antes de
 mais, desenvolver uma relação segura com o cliente (assim como em
 qualquer outra intervenção), criar condições para o investimento do
 indivíduo e propiciar possibilidades de exploração de alternativas.
 
 Analisando‑se a lógica actual do funcionamento do indivíduo,
 consegue‑se saber o que é que o perturba, e pode‑se então desafiar a
 estrutura do cliente, fazendo‑se perguntas desiquilibrantes (mas
 emparelhando‑as com o apoio), que desafiem a estrutura tácita cliente
 tendo como objectivo a progressão de uma dimensão explícita
 (acontecimento) para uma dimensão tácita (regras, estruturas).
 
 O apoio social é, segundo Vaux (1988), um processo transaccional
 complexo que envolve um intercâmbio activo entre o indivíduo e a rede
 social de apoio. Esse apoio social tem, na opinião de Cobb, uma grande
 importância em relação ao stress e ao bem estar, pois o indivíduo
 necessita ser querido, respeitado e protegido de muitos acontecimentos
 frustrantes. A família, os amigos, os serviços sociais, os vizinhos,
 etc, são, para Caplan, sistemas de apoio muito importantes que
 desempenham um papel crucial no resultado das crises e transições
 desenvolvimentais das pessoas. As redes de apoio ao fornecerem apoio
 social, podem ter funções instrumentais (dando resposta a necessidades
 materiais) e/ou funções expressivas (dando resposta a necessidades de
 amor, afecto, amizade, etc.). O indivíduo tem assim necessidade de
 possuir redes sociais de apoio que consigam abranger todas as suas
 carências. A ajuda deve ser efectiva, surgindo frequentemente
 situações em que as redes de apoio são vistas como tal, mas
 efectivamente são fonte de perturbação, ou por outro lado, as redes
 fornecem apoio concreto mas o indivíduo não percebe ou sente esse
 apoio. Há que intervir nomeadamente ao nível da percepção de apoio que
 o indíviduo tem, ou orientá‑lo para o apoio (avaliação da necessidade
 de apoio pelo indivíduo e mobilização das suas redes).
 
 As redes sociais apresentam mais vantagens se forem grandes (maior
 distribuição dos pedidos de apoio), e se tiverem uma maior diversidade
 da sua composição. A densidade da rede deverá ser idealmente alta em
 questões emocionais, e baixa em actividades instrumentais. A densidade
 pode ser positiva ou negativa, conforme as situações, isto é, pode ser
 que a partilha da mesma perspectiva ou problemática para muitas
 pessoas diminua o conflito ou a confusão, mas por outro lado, diminua
 a disponibilidade dos membros da rede. Redes com relações complexas e
 recíprocas são muito importantes e indispensáveis, preenchendo muitas
 necessidades de apoio, mas são também muito dispendiosas em termos de
 tempo e esforço. Há que não ter apenas "amigos íntimos". A família,
 por ex:, envolve afecto e assistência, é uma grande fonte de apoio,
 mas é um sistema que como qualquer outro, poderá não saber responder a
 todo o tipo de exigências.
 
 O processo de apoio é influênciável por um conjunto de factores. As
 características pessoais como a empatia, a extroversão, etc.
�
 condicionam a quantidade e qualidade de apoio que o indivíduo recebe.
 Também existem influências do contexto social em que o sujeito se
 insere.
 
 A profissão exercida, a comunidade em que o sujeito vive, e mesmo a
 família da qual o indivíduo tem origem são factores determinantes das
 redes de apoio. Por ex:, quando eventualmente um indivíduo muda de
 casa, a sua rede pode ser quebrada, mantendo‑se algumas relações e
 construindo‑se outras. A apreciação não só da influência do indivíduo
 nas suas redes e o apoio individual dos elementos ao sujeito, mas
 também dos vários contextos sociais em interacção com o indivíduo e
 entre si, faz vislumbrar um modelo ecológico de todo o processo de
 apoio social. Também o sexo ou o momento do ciclo vital em que o
 indivíduo se encontra são variáveis que condicionam o apoiosocial.
 Geralmente os homens tem redes de apoio maiores que as mulheres, visto
 muitas destas últimas serem "donas de casa". Assim, o fenómeno de
 diferenciação do apoio social em função do género tem muito a ver com
 os papeis sexuais e a sua socialização. Por outro lado, ao longo do
 ciclo vital o sujeito sofre mudanças, nomeadamente na sua capacidade
 de envolver outros como figuras de apoio, na sua disponibilidade para
 investir nas redes sociais, ou ainda ao nível da mutabilidade das suas
 necessidades, o que obriga à constante actualização e renovação das
 redes. Também os contextos de vida do indivíduo mudam o que acarreta
 constrangimentos à capacidade do sujeito criar, manter, e inovar as
 redes sociais de apoio que necessita.
 
 Segundo Gottlieb (1988), o apoio social é um recurso que é mais
 acessível, é culturalmente válido e aceite, do que os serviços
 oferecidos pelos profissionais de saúde mental. Não só com base nisto
 mas também em função da importância que o apoio social tem para o
 indivíduo há que assegurar que as pessoas tenham apoio suficiente e
 adequado sempre que ele seja necessário, e que estejam cientes dessa
 situação. É este o objectivo das intervenções de apoio social.
 
 A intervenção visa assim em primeiro lugar fazer com que a pessoa
 utilize mais eficazmente a rede de apoio existente. Em segundo lugar,
 há que, determinar se é necessário desenvolver novas redes de
 relações, e se se deve manter a(s) rede(s) de apoio actual(ais). Além
 da promoção da oferta e aceitação de comportamentos de apoio, deve‑se
 alterar as apreciações subjectivas que o indivíduo faz do apoio
 recebido. Na avaliação da sua rede, o indivíduo pode ter percepções
 irrealistas que urgem serem tornadas realistas.
 
 As intervenções podem ser efectuadas a vários níveis: no indivíduo
 (permitindo que seja feita uma avaliação profunda e clara da rede do
 indivíduo), na família, nos grupos (não nos grupos já existentes, mas
 na criação de novos grupos, como por ex: os grupos de inter‑ajuda),
 nas organizações (a escola, o contexto de trabalho, etc.), na
 comunidade (o bairro, a freguesia em que se vive) e mesmo na sociedade
 em si. O local de trabalho, por ex:, apresenta, segundo Price (1985),
 oportunidades para projectos de apoio social. O contexto de trabalho
 oferece frequentemente uma população segmentada pela idade, sexo,
 nível educacional, no fundo grupos de pessoas que partilham situações
 e responsabilidades e enfrentam problemas comuns. O clima deste
 contexto pode ou não facilitar o estabelecimento de relações entre os
 vários funcionários, mas este último "constitui sem dúvida uma
 importante fonte de ligações sociais potenciais, para adultos e
 jovens". (Vaux, 1988). Não se está a falar apenas de relações de
�
 trabalho, mas também de relações sociais que surjem daqueles momentos
 de interacção não relacionados com o trabalho, e que poderão ter um
 efeito positivo no bem estar das pessoas no próprio contexto de
 trabalho, e no quotidiano. A política da organização em que se insere
 o posto de trabalho pode incrementar a cooperação ou por outro lado
 instigar à competição. Ainda ao nível do local do trabalho, este pode
 conter factores importantes de stress (House, 1981), como ambiguidade
 e conflito de papeis, ou trabalho repetitivo, entre outros. Segundo
 Vaux (1988), são os próprios colegas de trabalho que melhor respondem
 a muitos dos problemas neste contexto, em virtude de estarem por
 dentro das restrições e constrangimentos que ele impõe. A família
 apenas poderá dar algum apoio emocional, e estando ela envolvida com a
 pessoa em crise (especialmente os membros mais próximos) não poderá
 deixar de se envolver demasiado emocionalmente, e provavelmente acabar
 por ficar psicologicamente afectada e desenvolver críticas e
 comportamentos hostis à pessoa em crise (Gottlieb, 1988).
 
 A intervenção ao nível das redes de apoio previligia estratégias como
 a Construção de Competências, orientada para a comunidade em geral e
 não para um grupo específico. Esta estratégia tem como princípio o
 facto de todos os indivíduos deverem possuir competências que mais
 cedo ou mais tarde virão a precisar. É uma estratégia que dirige as
 atenções não para a resolução de perturbações, mas para a obtenção do
 bem estar (Vaux, 1988). Outra estratégia é o "Empowerment" dos
 indivíduos. Profissionais e membros da comunidade colaboram em
 esforços para capacitar, fornecer mestria, aos indivíduos para eles
 resolverem as suas dificuldades e atingirem os seus objectivos
 (Rappoport referido por Vaux, 1988), mestria essa aplicável ao nível
 individual mas também ao nível comunitário.
 
 As técnicas de mudança social reflectem três processos de intervenção
 distintos: informar, persuadir e exercer coerção. A informação
 baseia‑se na crença de que as pessoas agem com base em interesses
 próprios clarificados, enquanto que o uso da coerção assenta na
 necessidade do seu emprego alcançar e eliminar conflitos de interesses
 e/ou atitudes que estão enraizadas no indivíduo. Mas é a persuasão
 que, segundo Vaux (1988) se mostra como sendo a estratégia mais
 promissora para as intervenções de apoio social. Os processos de
 intervenção que se enquadrem nesta área de estratégia são, por um
 lado, mais eficazes do que se se orientassem para o fornecimento de
 informação. Por outro lado, as tácticas persuasivas são bastante menos
 propensas em gerarem oposição ou problemas éticos do que a coerção
 para a mudança. Por outro lado, como Vaux afirma, a influência social
 persuasiva é mais vista como ferramenta legítima dos profissionais da
 psicologia e outros afins da elaboração dos programas de apoio social.
 
 Assim, as intervenções são multiplas, por ex:, a Terapia da Rede visa,
 segundo Schoenfeld et al. (1985) restabelecer a rede do indivíduo como
 uma unidade funcional, com o propósito de aumentar a proximidade e
 capacidade de apoio e ajuda dos membros do grupo, entre si. Esta
 estratégia envolve o trabalho directo do psicólogo com a totalidade ou
 segmentos da rede do indivíduo, como vizinhos, família, amigos etc. Há
 que reunir a rede, juntar os membros, alterar a responsabilidade,
 através da mobilização da rede ao nível da sua energia, cuidados,
 comportamentos de apoio, tudo para ajudar o indivíduo em crise.
 
 Outro exemplo é o caso dos Grupos de Inter‑ajuda e de Apoio, que
 pretendem sobretudo aumentar o apoio social através do suplemento ou
�
 substutuição dos recursos das redes actuais do indivíduo. De acordo
 com Gottlieb (1988), as pessoas têm o direito absoluto de definir
 aquilo que para elas, constitui apoio e de determinar os seus níveis
 ideais de participação num grupo. Este é um princípio muito importante
 ao qual os grupos de apoio obedecem. Esta modalidade de intervenção
 propicia a solidariedade, o apoio emocional e o corte do isolamento
 dos indivíduos, mas poderá criar uma dependência entre os vários
 elementos do grupo, o que conduzirá a dificuldades quando a separação
 se torna necessária.
 
 
 Não se pode isolar as pessoas dos contextos em que elas vivem. O
 conceito de "pessoa‑‑em‑contexto" é assim importante para
 compreendermos a interacção que existe ao longo do tempo entre o
 indivíduo em desenvolvimento e os seus contextos de vida, e para nos
 apercebermos que é por causa dessa mesma interacção que surgem muitos
 problemas. Orford (1992) afirma que os indivíduos estão num estado de
 "transacção"contínua com os vários contextos em que vivem, num
 processo de influência recíproca. Assim, o objectivo da intervenção
 para a mudança dos contextos institucionais de vida é presisamente
 essa "interface" entre a pessoa e os contextos sociais.
 
 Orford, propõe assim uma perspectiva centrada na noção de Contexto, a
 qual enfatiza a referida transacção contínua entre os indivíduos e os
 vários contextos, e uma outra perspectiva mais abrangente que a
 anterior, centrada na noção de Sistema. Atenta‑se nesta última à
 interrelação que existe entre os vários contextos, sempre numa
 tentativa de integração e de relação dos diversos contextos de vida.
 
 Ao abrigo das metodologias centradas na noção de Contexto estão o
 Modelo de Barker e os seus "contextos comportamentais". Estes "padrões
 estáveis de comportamento e ambiente", fenómenos naturais, muitas
 vezes criados para servir interesses e necessidades humanas, têm,
 segundo Barker (citado por Orford, 1992), um poder quase coersivo
 sobre o comportamento das pessoas, levando à perda da individualidade
 das pessoas nesses contextos comportamentais. Este "condicionamento"
 acaba por ser excessivo e logo nefasto para o indivíduo.
 
 Como Moos, e a sua "Ecologia Social", surge o conceito de "atmosfera"
 ou "clima" social, que consiste, em traços gerais, na percepção que o
 indivíduo tem do ambiente num determinado contexto. Esta perspectiva
 tenta assim compreender o impacto que o ambiente tem no indivíduo
 (enfatizando a percepção individual do ambiente), ambiente esse com
 duas vertentes intimamente ligadas, igualmente contributivos para a
 experiência individual e, deste modo, dignas de estudo: o ambiente
 físico e o ambiente social. Ao nível da intervenção, há que descobrir
 os diferentes aspectos de organização dos ambientes para que se possa
 maximizar o desenvolvimento pessoal dos seus habitantes. Só após
 recolha de informação que permita um conhecimento estruturado do
 ambiente pelos indivíduos, eles poderão ter o controlo ambiental de
 que necessitam para melhor serem capazes de proceder à transformação
 desse mesmo ambiente, de forma a torná‑lo mais adequado. Em função da
 relação directa entre complexidade do indivíduo e capacidade de
 transformação e adaptação, será útil promover o desenvolvimento do
 sujeito através de outro tipo de intervenções.
 
 Já no domínio das perspectivas orientadas para a noção de Sistema
 surgem‑nos modelos que se preocupam mais com as conexões que existem
�
 entre os muitos e diferentes contextos de vida do indivíduo. É o caso
 da Teoria do Comportamento Interpessoal, com a sua perspectiva base da
 complementaridade da açcão, tão importante quando pensamos num bom
 funcionamento das relações interpessoais, por exemplo, nos contextos
 de trabalho. Pode‑se referir também o interaccionismo (interacção
 entre o indivíduo e o contexto) e a congruência pessoa‑ambiente.Aqui,
 e segundo Holland, é importante que o ambiente corresponda ao tipo de
 personalidade do sujeito( ex: se o indivíduo é compe‑titivo, o
 ambiente também o deve ser) .
 
 
 Há então que melhorar a qualidade psico‑social dos contextos de vida
 recorrendo à modalidade de intervenção indirecta ‑ consultadoria ‑, e
 utilizando uma estratégia colaborativa.
 
 A colaboração ou cooperação entre psicólogos e profissionais propicia
 um maior investimento, por parte destes últimos, nas mudanças que
 forem necessárias implementar, assim como aumenta a probabilidade da
 intervenção se situar no campo do possível. Além disso, é sempre útil
 obter novas perspectivas e experiências e trabalhar com um leque maior
 de percepções e competências, se bem que a cientificidade do processo
 possa ser abalada em virtude de os próprios profissionais estarem
 envolvidos na mudança.
 
 No caso concreto da situação de trabalho, e da intervenção na
 organização, Jetton (1984) alerta‑nos para a utilidade de intervir
 junto dos líderes quando produzir mudança é o nosso objectivo.
 Poder‑se‑à mudar o funcionamento organizacional ?...Provavelmente não,
 mas talvez se consiga, em vez de de mudar a estrutura da organização
 ao menos permitir a partipação dos trabalhadores nas tomadas de
 decisão. Tal será positivo para a empresa (maior informação a dar
 entrada no processo de tomada de decisão e maior eficácia
 organizacional) e ao mesmo tempo para os trabalhadores (aumento da
 motivação e investimento e maior sentimento de gratificação).
 
 
 No fundo, tratemos de actuar nos problemas do quotidiano e no modo de
 lidar com esses problemas, através da intervenção nos vários e
 diferentes níveis de análise que o permitam (psicológico, social,
 profissional), sem perder de vista todos os recursos que a comunidade
 nos oferece.
 
 
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 (caps. 1, 3, 7, 9 e 10). N.Y.: Praeger.
 
 
 Por:
 
 Alexandre M. Campos
 
 Psicólogo, Universidade do Porto
 
 Porto
 , Agosto de 1994
�
 
 Análise de um Posto de Trabalho na Indústria Gráfica Portuguesa
 
 e seu enquadramento no
 
 Envelhecimento Diferencial da População Activa
 
 
 
 Por: 
 
 Alexandre M. Campos
 
 Ana Maria Diogo
 
 Psicólogos, Universidade do Porto
 
 Porto
 , Junho de 1994
 _________________________________________________________________
 
 INTRODUÇÃO
 
 
 O objectivo deste estudo foi o de enquadrar um determinado posto de
 trabalho no envelhecimento diferencial da população activa
 determinando o conteúdo e a organização do trabalho na indústria
 gráfica.
 
 Este processo de envelhecimento tem em especial relevância se o
 inserirmos no contexto da gestão previsional dos empregos, mais
 concretamente uma gestão para alcançar a harmonia entre o que é humano
 e o que é material (o homem com as suas afecções, desenvolvimento e
 envelhecimento, e o meio material, com as suas características
 específicas e o seu constante desenvolvimento tecnológico).
 Pretende‑se portanto, trabalhar no domínio de interacção entre o
 envelhecimento do trabalhador, um envelhecimento biológico e as
 condições de trabalho. Trata‑se, no entanto, de uma interacção que
 actua efectivamente nos dois sentidos: as condições de trabalho têm
 grande peso no envelhecimento biológico do indivíduo trabalhador e o
 envelhecimento biológico condiciona o relacionamento com o emprego.
 
 Como ilustração podemos referir por exemplo, que determinado factor
 agressivo no meio do trabalho pode, além de ser fisicamente incómodo e
 mesmo pôr em risco a sua integridade física, afectar o seu campo
 motivacional ou mesmo prejudicar as suas redes sociais no emprego.
 
 As diferentes categorias profissionais condicionam diferencialmente o
 envelhecimento dos seus trabalhadores. Assim, será interessante
 observar a evolução do trabalho e as transformações de um trabalhador,
 num posto de trabalho, ao longo da sua vida para, posteriormente,
 relacioná‑las com a forma como executa o seu trabalho.
 
 Tentamos assim, atentar a todos os processos pelos quais os
 trabalhadores passam, e as suas implicações, tanto ao nível mental
 como físico.
 
 Assim, o trabalhador está constantemente submetido a um conjunto de
�
 condições de trabalho. Dominando‑as é possível influenciar
 positivamente o relacionamento do trabalhador com o seu posto de
 trabalho e reduzir ou eliminar factores negativos a incrementarem o
 seu envelhecimento.
 
 As características do meio de trabalho são as que constituem aquilo a
 que correntemente se chama condições de trabalho (...) As várias
 características do meio de trabalho são: a) A organização do trabalho.
 Pode caracterizar‑se, antes de mais, pelas modalidades da repartição
 das funções entre os operadores e entre os operadores e as máquinas: é
 o problema da "divisão" do trabalho. A organização define‑se também
 pelas "regras" que regem o funcionamento da estrutura assim definida
 (...) b) A tecnologia da produção. Tem um efeito duplo nas condições
 de trabalho: um efeito directo, através da modificação dos postos de
 trabalho, e um efeito indirecto, através da modificação da organização
 que determina.
 
 A mudança das condições de trabalho com a evolução dos materiais é
 evidente: basta pensar na transformação do trabalho operário, no
 sector da mecânica, com a introdução das máquinas, o seu
 aperfeiçoamento e, recentemente, a sua programação. Com a evolução
 tecnológica, as profissões alteram‑se, as qualificações exigidas são
 diferentes. Estas modificações produzem‑se, actualmente, a um ritmo
 mais rápido que no passado, sendo os trabalhadores levados a mudar
 cada vez mais de profissão ao longo da sua carreira (...) c) Uma
 empresa, uma administrativa ou comercial está, ela própria, inserida
 num sistema mais vasto, que se pode considerar o seu contexto ou o seu
 meio ambiente. Este determina, por um lado, muitas vezes de maneira
 bem importante, as suas regras de organização e de funcionamento e,
 mais geralmente, as condições de trabalho locais (...) As
 características socio‑económicas da sociedade global desempenham aqui
 um papel importante, na medida em que impõem às unidades consideradas
 e, por elas, aos trabalhadores, modalidades de funcionamento
 determinadas: repartição do poder, forma e montante da remuneração,
 duração do trabalho, legislações sociais, legislação sobre a
 segurança, etc. (...)
 
 O meio ambiente é também constituído por condições locais mais
 específicas, quer socio‑económicas (estado do emprego e da mão‑de‑obra
 na região), quer geográficas (tipo de clima, de habitat) (Leplat &
 Cuny, 1977).
 
 
 O trabalhador submete‑se àquelas condições de trabalho em virtude da
 interacção que tem com o seu posto de trabalho. Assim, quando
 atentamos a esta relação, não nos podemos esquecer que em primeiro
 lugar, o trabalhador tem determinada condição física e psicológica, e
 presta diferentes contributos ao modelo do seu posto. Em segundo
 lugar, este trabalhador executa um trabalho que não depende apenas do
 trabalhador em si, não é independente, mas depende também de um
 cinjunto de especificações e restrições oriundas de um nível mais
 alto, isto é, as estratégias da organização. E em terceiro lugar, as
 características do trabalho previstas pela organização podem não ser
 as mesmas do trabalho efectivamente executado pelo trabalhador.
 Trata‑se, portanto, do estudo das discrepâncias entre o que é previsto
 pela organização (as "regras de produção") e o que é realmente
 efectuado pelo trabalhador.
 
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 A organização da informação neste relatório obedece a uma lógica
 bastante simples. Se a introdução tem como função actualizar rápida e
 objectivamente o leitor acerca das principais questões deste trabalho,
 o segundo capítulo já é de extrema utilidade para se conseguir inserir
 este estudo numa realidade histórica e actual que é a da indústria
 gráfica em Portugal.
 
 Chegamos ao capítulo 3, onde nos debruçaremos sobre a empresa deste
 estudo proriamente dita. Podemos agora falar do grosso do nosso
 trabalho, referindo objectivos, metodologia, actualização global
 acerca da empresa, a análise de um posto de trabalho em si.
 
 Por último, no capítulo 4, não poderíamos deixar de fazer uma
 avaliação final do trabalho, ou apresentar as nossas conclusões e
 elaborar sugestões para o futuro.
 
 
 A Indústria das Artes Gráficas em Portugal
 
 
 Iremos neste capítulo expôr um conjunto de dados históricos e
 informações do presente da indústria das artes gráficas no contexto
 português, que achamos serem bastante úteis paramelhor compreendermos
 onde o tema do nosso trabalho se insere, e qual a sua situação a um
 nível mais global.
 
 
 História
 
 
 A par do desenvolvimento tecnológico que atingiu as indústrias durante
 todo o século XX e obviamente de todas as mudanças que tal implicou
 (nomeadamente de novos materiais e novas tecnologias), começou a
 dar‑se grande importância ao processo de formação dos trabalhadores,
 para fazerem face àquelas novas tecnologias.
 
 Pode‑se assim considerar que esta relação materiais/tecnologia =
 indivíduo/formação (para a tecnologia funcionar precisa de mão‑de‑obra
 especializada, e a mão‑de‑obra necessita de formação para poder
 trabalhar com essa mesma tecnologia) explica de certo modo a
 relevância da actuação nos trabalhadores de que o nosso estudo trata,
 mais concretamente no domínio das artes gráficas.
 
 
 A Actualidade
 
 
 O sector das artes gráficas, domínio de estudo no nosso trabalho, tem
 denotado um certo desenvolvimento, mais especificamente no contexto
 português, nesta fase final do século XX.
 
 Tal pode ser constatado quando atentamos ao aumento do número de
 empresas gráficas, estas fundamentalmente pequenas e médias empresas,
 na década de 80 que ronda os 30%, ou um aumento, ainda que ligeiro, do
 número de trabalhadores nesta área (entre os 3 e os 4 pontos
 percentuais).
 
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 Ainda, com o volume de vendas aumentado em cerca de 47% das empresas,
 como resultado de, por um lado, uma melhoria da qualidade dos produtos
 gráficos, e por outro lado, uma intensificação da procura interna, as
 empresas passaram a dispôr de uma situação económica mais propícia
 para investirem no seu desenvolvimento, tanto no domínio comercial
 como no domínio da aquisição de novos equipamentos. Isto só veio
 contribuir para toda uma evolução maciça das tecnologias das artes
 gráficas. Podemos agora dizer que o presente estudo é de grande
 importância se pensarmos nas consequências do desenvolvimento dessas
 tecnologias: capacidade de resposta da mão‑de‑obra, competências,
 adaptação a diferentes exigências, actualização de conhecimentos,
 etc.. Por outro lado, podemos concluir que a situação dos
 trabalhadores nas artes gráficas é difícil na sua capacidade de
 resposta às inovações tecnológicas se nos debruçarmos sobre alguns
 traços importantes desses mesmos trabalhadores, ou seja, de um modo
 geral, um baixo nível socio‑económico a quando da altura da entrada
 para a empresa acrescido de uma fraca formação humana e cultural e
 baixas competências técnicas.
 
 No entanto, os trabalhadores parecem estar cientes de que têm de obter
 formação para conseguirem responder às funções que lhes são exigidas,
 se bem que, a maior parte da formação a que têm acesso é obtida
 através do contacto com os técnicos de assistência dos equipamentos
 que são adquiridos pela empresa. Como se irá verificar à frente,
 pudemos observar este facto no caso concreto do nosso estudo.
 
 Todos estes factores obrigam a uma reestruturação das várias formas de
 organização do trabalho, indo aquela ter uma forte acção sobre os
 "indivíduos" (trabalhadores) da empresa, entidades passíveis não só de
 produzir "índices de produção" e exibir competências específicas, mas
 também de serem afectadas nas suas identidades biopsicossociais.
 
 
 A INVESTIGAÇÃO
 
 
 Objectivos
 
 
 Pretende‑se através de um processo estruturado de recolha e exploração
 de dados e sua interpretação e integração com dados teóricos, num
 contexto real, estudar o problema do envelhecimento na empresa, ora
 identificando os factores actuais de trabalho que contribuam para o
 aparecimento de problemas nos trabalhadores, ora o estudo da
 interacção entre a história profissional dos trabalhadores e toda uma
 organização do trabalho.
 
 A um nível instrumental, perspectivamos fazer uma análise das
 condições de trabalho e do sujeito no seu posto de trabalho
 
 
 Metodologia
 
 
 Inicialmente, fez‑se um contacto pessoal com o indivíduo que nos foi
 indicado na empresa (pelo Director Administrativo). Neste primeiro
 momento, identificamo‑nos e explicamos o âmbito do nosso trabalho.
 Posteriormente, tendo a empresa mostrado estar receptiva ao nosso
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 estudo, foi enviada por correio uma carta com a descrição da nossa
 intervenção na empresa (anexo 1). Esta carta, além de descrever o
 processo com rigor, serviu também para satisfazer o pedido do Director
 Administrativo de receber especificações por escrito. Ficou assim a
 decisão de aceder ou não à nossa participação à consideração do D.A..
 
 Procedeu‑se então execução de 4 entrevistas semi‑estruturadas ao D.A.
 (anexo 2), com a duração média de hora e meia meia, com as quais
 obtivemos dados acerca da história e evolução da empresa, dinâmica de
 funcionamento, estratégias, relações com o meio, etc.. Estes dados
 mostraram‑se de grande importância para melhor entender os aspectos da
 dinâmica da empresa que influenciam os trabalhadores e condicionam o
 envelhecimento destes.
 
 
 Na última entrevista com o D.A:, foi‑nos sugerido um trabalhador
 disponível, para a seguinte fase do nosso trabalho, trabalhador esse
 que correspondia às nossas exigências de antguidade na empresa e um
 bom conhecimento geral do funcionamento e organização daquela.
 
 Escolheu‑se um trabalhador com mais de 10 anos de serviço para nos
 darmos conta da evoluçãao do seu trabalho ao longo dos anos e sua
 influência no desenvolvimento do trabalhador. No fundo tratou‑se de
 verificar se se tinham vindo a reunir situações que contribuiam
 negativamente para a saúde e logo estimulando o envelhecimento.
 Quisemos assim recolher dados sobre o posto de trabalho (história,
 transformações, etc.), sobre o trabalhador (idade, cargo, história
 profissional, etc.), e sobre as condições de trabalho do trabalhador
 no seu posto.
 
 
 Para obtermos todas estas informações procedemos à construção de
 entrevistas semi‑estruturadas (anexo 3) aplicadas em 3 administrações,
 com uma média de 90 minutos cada.
 
 Grande parte das questões que constituiam as entrevistas eram
 perguntas abertas, formuladas deste modo para que o sujeito dissesse
 tudo o que desejasse e pudessemos assim obter o máximo de informação
 possível (diminuindo possiveis perdas de informação).
 
 As directrizes que nos guiaram no planeamento das entrevistas foram
 retiradas da Grelha de Lest (uma grelha de análise das condições de
 trabalho) e de informações adquiridas na aula.
 
 O apoio nesta grelha é legitimado pelo facto de ela avaliar as
 "contraintes" e as "astraintes" dos diferentes tipos de exigências que
 aparecem num posto de trabalho. Tenta assim definir para cada factor o
 limiar de constrangimento acima do qual o trabalhador compromete o seu
 equilíbrio psicofisiológico (Freitas, 1993).
 
 O estabelecimento desse limiar é de grande importância para verificar,
 caso existam, até que ponto características prejudiciais do trabalho
 afectam a integridade dos trabalhadores.
 
 As "contraintes" referem‑se aos limites das variáveis de trabalho que
 se ultrapassadas podem conduzir a perturbações no trabalho (...) As
 "astraintes" referem‑se ao modo como o trabalhador vai viver, sentir o
 constrangimento, e que depende nomeadamente das suas características
�
 pessoais (Freitas, 1993).
 
 Esta grelha, ao avaliar

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