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PATOLOGIA MÓDULO 3 5ª ETAPA MARINA GIOVANNA EMANUELA DELMONDES PROBLEMA 1 H35 INTESTINO DELGADO INTESTINO DELGADO MUSCULAR CIRCULAR INTERNA VILOSIDADES CÉLULA CALICIFORME CÉLULA CALICIFORME CÉLULA ABSORTIVA MUSCULAR CIRCULAR INTERNA H36 INTESTINO GROSSO INTESTINO GROSSO COLITE AMEBIANA TGI 25B Peça TGI-25B. Colite amebiana As amebas (Entamoeba histolytica) formam lesões subminadas, isto é, a entrada é estreita e a parte profunda é mais larga. Por isto é chamada úlcera em botão de camisa. As úlceras são geralmente pequenas e numerosas (1 a 2 mm), aparecendo à inspeção da mucosa como múltiplos e diminutos orifícios. Nos casos graves podem confluir dando lesões com contornos geográficos. A localização preferencial é no ceco e colo ascendente, seguindo-se o reto e o sigmóide. RELEMBRANDO…..AMEBÍASE Este protozoário que causa a amebíase é espalhado pela transmissão fecal-oral. Os cistos de E. histolytica, os quais apresentam uma parede de quitina e quatro núcleos, são resistentes ao ácido gástrico, uma característica que permite que eles passem através do estômago sem danos. Os cistos então colonizam a superfície epitelial do cólon e liberam trofozoítos, formas ameboides que se reproduzem sob condições anaeróbicas. amebíase é vista mais frequentemente no ceco e cólon ascendente, embora o cólon sigmoide, reto e apêndice também possam estar envolvidos. A disenteria se desenvolve quando a ameba se conecta ao epitélio colônico, induz a apoptose, invade as criptas e se esconde lateralmente na lâmina própria. Com isso, recruta neutrófilos, causa danos tissulares e cria uma úlcera em forma de cantil com entrada estreita e base larga. ÚLCERAS Colite aguda pseudomembranosa (exemplo de inflamação aguda pseudomembranosa crostosa) Peça TGI-47. Colite pseudomembranosa ou necrosante. Segmento de intestino grosso gravemente acometido por uma infecção bacteriana que causou necrose extensa da mucosa e submucosa intestinais. As camadas necróticas ainda estão, em grande parte, in situ, e aparecem como regiões amareladas e salientes, que constituem pseudomembranas. Estas, no caso, são constituidas por exsudato (fibrinoso ou fibrino-purulento) mais a mucosa e submucosa necróticas. Isto define as pseudomembranas como do tipo crostoso e a infecção como aguda pseudomembranosa crostosa (porque a necrose ultrapassa a mucosa, chegando à camada muscular). A outra parte das pseudomembranas já descamou para a luz, deixando grandes áreas ulceradas (cor mais acinzentada), onde a camada muscular interna está exposta. LEMBRAR… ÚLCERA É QUANDO AFETA A MUSCULAR INTERNA As camadas necróticas ainda estão, em grande parte, in situ, e aparecem como regiões amareladas e salientes, que constituem pseudomembranas. Disenteria bacilar: inflamação aguda pseudomembranosa crostosa Lam. A. 47 Lâm. A. 47. Disenteria bacilar, um exemplo de inflamação aguda pseudomembranosa crostosa. O corte de intestino grosso mostra uma úlcera bem delimitada. Na região ulcerada houve destruição do epitélio, da submucosa e de boa parte da camada muscular interna, a qual está infiltrada por neutrófilos. Fibras musculares lisas necróticas em corte transversal aparecem como corpúsculos hialinos e anucleados. A camada muscular externa também apresenta neutrófilos mas não há necrose. A superfície necrótica está recoberta por colônias de bactérias (tonalidade basófila). Este é um exemplo de inflamação aguda pseudomembranosa crostosa.A causa da úlcera foi infecção por bactérias que invadem a mucosa, como as do gênero Shigella, causadoras da disenteria bacilar. Clinicamente, há diarréia com muco e sangue (DISENTERIA) intensas cólicas, puxo e tenesmo. Apesar do grau de destruição da mucosa, há regeneração completa após o término da infecção. NEUTRÓFILOS DEGENERADOS FLEGMONOSA: NÃO HÁ FORMAÇÃO DE CAVIDADE Enterite aguda pseudomembranosa TGI 44 Peça TGI-44. Enterite aguda pseudomembranosa. As pseudomembranas esbranquiçadas são constituídas de fibrina e células necróticas. As áreas de mucosa não recobertas por pseudomembranas estão edemaciadas e com aspecto suculento, ou são escuras, devido à forte hiperemia e, provavelmente, hemorragias. Isto se deve à alteração da permeabilidade vascular pelo processo inflamatório. Grande número de bactérias pode produzir enterites e colites graves, como a Escherichia coli (cepas enteroinvasivas), espécies de Salmonella, Shigella, o Campylobacter jejuni e o Clostridium difficile, este último associado a antibioticoterapia de largo espectro. PSEUDOMEMBRANA A colite pseudomembranosa, geralmente causada pelo Clostridium difficile, também é conhecida como colite associada a antibióticos ou diarreia associada a antibióticos. É provável que o rompimento da flora microbiana normal por antibióticos permita que o C. difficile cresça em excesso. Embora quase todos os antibióticos possam ser responsáveis, a terceira geração de cefalosporinas está implicada mais frequentemente. Este microrganismo produz citotoxinas que provocam as lesões epiteliais (perda de junções íntimas, alterações no citoesqueleto e apoptose). Macroscopicamente, surgem áreas de necrose da mucosa, que fica recoberta por placas (pseudomembranas). Ao microscópio, encontra-se infiltrado purulento na lâmina própria. O exsudato pode fazer erupção na superfície da mucosa, formando a típica lesão em vulcão, muito característica da doença. O acúmulo do exsudato e de células destruídas na superfície forma as pseudomembranas. COLITE PSEUDOMEMBRANOSA POR C. DIFFICILE PSEUDOMEMBRANA D05 Strongyloides (nematelminto) RELEMBRANDO….ESTRONGILOIDÍASE As larvas de Strongyloides vivem em solos contaminados com fezes e podem penetrar na pele intacta. Elas migram através dos pulmões, onde induzem infiltrados inflamatórios, e então residem no intestino enquanto amadurecem até tornarem-se vermes adultos. Diferentemente de outros vermes intestinais, os quais requerem um ovo ou estágio larval fora do humano, os ovos do Strongyloides podem eclodir dentro do intestino e liberar larvas que penetram na mucosa, causando autoinfecção. Por isso, a infecção por Strongyloides pode persistir por toda a vida, e indivíduos imunocomprometidos podem desenvolver uma autoinfecção esmagadora. O Strongyloides estimula uma forte reação tecidual e induz eosinofilia periférica A maioria dos indivíduos infectados é assintomática. Manifestações: dor abdominal, náuseas, vômitos e diarreia. . REAÇÃO DE CORPO ESTRANHO AO VERME D06 Entamoeba (protozoário) D07 cryptosporidium protozoário RELEMBRANDO…. Trata-se de uma das infecções intestinais mais comuns em crianças e que se tornou conhecida com a pandemia da AIDS, uma vez que nesses pacientes o parasito induz enterocolite grave e potencialmente fatal. O Cryptosporidium sp. é um protozoário identificado em humanos em 1976 em um paciente imunossuprimido com enterocolite aguda. A mucosa do íleo é o local de colonização do protozoário, que adere à superfície das células epiteliais mas não invade a mucosa. A infecção pode disseminar-se por todo o trato gastrointestinal, especialmente em indivíduos imunossuprimidos. O quadro clínico em imunocompetentes é de diarreia aquosa, de evolução autolimitada; em imunodeprimidos, a diarreia é prolongada e pode ser a primeira pista da doença de base, a AIDS A criptosporidiose causa a diarreia do viajante, assim como a diarreia persistente em residentes dos países de desenvolvimento. Os organismos estão presentes em todo o mundo, com exceção da Antártida, porque os oocistos são mortospor congelamento. Os oocistos são resistentes ao cloro e podem, portanto, persistir em água tratada, porém não filtrada. A água potável contaminada continua a ser o meio mais comum de transmissão. cryptosporidium PROBLEMA 2 TGI-65 Megacólon e megaesôfago chagásicos Peças TGI-65 e TGI-68. Megacólon e megaesôfago chagásicos. Dilatação crônica destas vísceras ocas por destruição dos plexos mioentéricos na doença de Chagas. A lesão autonômica leva à perda de peristaltismo e dificuldade na abertura dos esfíncteres, resultando na retenção do bolo alimentar ou fecal. No caso do esôfago, a falta de abertura do cárdia é chamada acalásia. Há também raros casos de acalásia de origem idiopática (não associados à doença de Chagas). Peças TGI-65 e TGI-68. Megacólon e megaesôfago chagásicos. Dilatação crônica destas vísceras ocas por destruição dos plexos mioentéricos na doença de Chagas. A lesão autonômica leva à perda de peristaltismo e dificuldade na abertura dos esfíncteres, resultando na retenção do bolo alimentar ou fecal. No caso do esôfago, a falta de abertura do cárdia é chamada acalásia. D24 INFARTO VERMELHO RELEMBRANDO…. INFARTOS Um infarto é uma área de necrose isquêmica causada pela oclusão do suprimento arterial ou da drenagem venosa. O infarto nos tecidos é um evento comum e uma causa extremamente importante de doença clínica. Quase todos os infartos resultam da oclusão arterial trombótica ou embólica. Infartos vermelhos (1) com oclusões venosas (p. ex., ovário), (2) em tecidos frouxos (p. ex., pulmão) onde o sangue pode acumular-se na zona infartada, (3) em tecidos com circulação dupla (p. ex., pulmão e intestino delgado) que permite o fluxo sanguíneo de um vaso paralelo desobstruído, na zona necrótica, (4) em tecidos previamente congestionados congestionados pelo fluxo venoso lento e (5) quando o fluxo é restabelecido ao local prévio de oclusão e necrose arteriais (p. ex., após angioplastia de uma obstrução arterial). Infartos brancos Ocorrem com oclusões arteriais em órgãos sólidos com circulação arterial terminal (p. ex., coração, baço e rim) e onde a densidade do tecido limita a penetração de sangue dos leitos capilares adjacentes para a área necrótica. PROBLEMA 3 Panoramic P 60 Baço - Esplenomegalia Congestiva BAÇO BAÇO COM ESPLENOMEGALIA BAÇO NORMAL Panoramic P 34 Fígado - Pseudolóbulos PSEUDOLÓBULOS: TENTATIVA DE REGENERAÇÃO DOS HEPATÓCITOS Panoramic P 70 Fígado - Pseudolóbulos F23 Cirrose alcoólica RELEMBRANDO…. CIRROSE Peça F-23. Cirrose hepática alcoólica. Notar a cor amarelada e o aspecto noduloso da superfície do fígado. A cor amarela se deve a esteatose. Os nódulos resultam da perda de arquitetura do parênquima hepático, com desaparecimento do padrão lobular normal e formação de traves de fibrose que recortam o fígado de forma irregular. Os hepatócitos entre as faixas de tecido fibroso não têm mais a organização radiada normal e, como se regeneram, formam nódulos irregulares, que constituem as áreas salientes na superfície. As áreas deprimidas são devidas à fibrose. A cirrose pode ter várias causas. Entre as mais comuns estão o alcoolismo crônico e algumas formas de hepatite por virus. Em muitos casos não é possível determinar a etiologia. NÓDULOS (MACROSCOPICAMENTE) PSEUDOLÓBULOS (MICROSCÓPICAMENTE) F11 Cirrose hepática micronodular Peças F-11 e F-1. Cirrose hepática micronodular. Aqui temos duas peças de cirrose micronodular, sendo F-11 um fígado inteiro e F-1 em corte. A superfície externa de F-11 mostra fina nodulação, que em áreas torna-se um pouco maior, como na superfície inferior. Há moderada redução de volume e aumento da consistência, devido à fibrose. A cor é semelhante à de um fígado normal, não sugerindo esteatose ou colestase. Os pequenos nódulos são regenerativos, isto é, constituídos por hepatócitos regenerados. As depressões entre eles são dadas por traves de tecido fibroso. Na peça embaixo, a cirrose micronodular é vista na superfície de corte. O volume deste fígado é maior que o do anterior e a cor é amarelada, ambas observações podendo ser atribuídas a esteatose. O baço que acompanha está um pouco aumentado de volume, o que pode indicar hipertensão portal pela cirrose. Como a esplenomegalia é pequena, fala a favor de que a hipertensão portal não deve ser intensa nem de longa duração. A293-B Degeneração hialina de Mallory em hepatocarcinoma Esteatose hepática. Após ingesta mesmo que moderada de álcool, gotículas lipídicas acumulam-se nos hepatócitos (esteatose microgoticular). Se a ingesta se torna crônica, o lípide agrega-se em glóbulos maiores (esteatose macrogoticular), que deslocam o núcleo para a periferia. A alteração é inicialmente centrolobular, depois progride para o lóbulo inteiro. Macroscopicamente, um fígado com esteatose pode chegar a 4-6 kg, com aspecto amarelado e amolecido. A esteatose é totalmente reversível se a ingesta de álcool for suspensa. Hepatite alcoólica. Esta se caracteriza pelas seguintes feições a) Tumefação e necrose dos hepatócitos. Focos de células sofrem aumento de volume (balonização) e necrose. O aumento de volume se deve ao acúmulo de gordura, água e proteínas que são normalmente exportadas. Pode ainda haver colestase (retenção de pigmento biliar) e deposição de hemossiderina (pigmento de ferro) em hepatócitos e células de Kupffer. b) Corpúsculos de Mallory. São acúmulos grumosos ou filamentosos eosinófilos no citoplasma de parte dos hepatócitos, constituídos principalmente por citoqueratinas e outras proteínas. As queratinas acumuladas são do tipo CK8-CK18 (ambas são citoqueratinas de baixo peso molecular, sendo CK8 uma citoqueratina básica e CK18 ácida). Outras proteínas incluem a proteína de choque térmico p62 e a ubiquitina. Os corpúsculos de Mallory, incluídos como exemplo de degenerações hialinas celulares, são considerados característicos da hepatite alcoólica, mas não são patognomônicos, podendo ocorrer em outras doenças do fígado, como a cirrose biliar primária, doença de Wilson, síndromes colestáticas crônicas e tumores hepatocelulares. c) Reação neutrofílica. Neutrófilos permeiam os lóbulos e se acumulam em torno de hepatócitos degenerados, particularmente os que contêm corpúsculos de Mallory. Linfócitos e macrófagos entram pelos espaços portais e penetram nos lóbulos. d) Fibrose. Hepatite alcoólica quase sempre se acompanha de ativação dos fibroblastos dos espaços portais levando à fibrose, que evolui gradualmente para cirrose. Alterações hepáticas causadas pelo álcool etílico. Este fragmento de fígado cirrótico contendo um nódulo de hepatocarcinoma demonstra corpúsculos de Mallory nas células do tumor. Nos hepatócitos não neoplásicos, estes não são encontrados. Cirrose hepática. Esta parte do fragmento mostra as alterações clássicas da cirrose hepática, com pseudolóbulos separados por traves de tecido fibroso denso. Os hepatócitos nos pseudolóbulos têm morfologia virtualmente normal, sem esteatose e sem corpos de Mallory. Estão arranjados em trabéculas, como hepatócitos normais. A diferença é que no fígado normal as trabéculas têm organização radiada, com o trajeto do sangue ocorrendo da periferia para o centro do lóbulo. Nos pseudolóbulos esta arquitetura se perdeu, as trabéculas são desorganizadas e os hepatócitos regeneram-se segundo padrão anárquico. TRAVE FIBROSA PSEUDOLÓBULO TRAVE FIBROSA PSEUDOLÓBULOS INFILTRADO INFLAMATÓRIO FIBROSE Cirrose. Os hepatócitos fora da área do tumor podem ter aspecto granuloso do citoplasma,que é inespecífico. Geralmente se deve à entrada de água no citoplasma por anóxia. Esta leva à parada de funcionamento das bombas de membrana, que dependem de ATP. Quando intensa, como no estado de choque, esta deficiência pode levar à chamada alteração vacuolar, que pode ser reversível com o restabelecimento da oxigenação. HEPATÓCITO BALONIZADO HEPATÓCITO BALONIZADO A entrada de água se deve a distúrbios metabólicos da célula, especialmente da bomba de sódio da membrana plasmática, por efeito direto do vírus ou de ataque de células imunes. Presumivelmente são células gravemente lesadas e destinadas a morrer. BILIRRUBINA PROLIFERAÇÃO DE DUCTOS FÍGADO CIRRÓTICOHEPATOCARCINOMA Hepatocarcinoma. O tumor maligno originado em hepatócitos mostra desorganização da arquitetura ainda mais acentuada que na cirrose. Os hepatócitos neoplásicos distribuem-se aleatoriamente, sem formar trabéculas. Traves irregulares de fibrose atravessam o tumor. Apesar de se tratar de um tumor maligno, não se observam figuras de mitose ou áreas de necrose neste espécime. Corpúsculos de Mallory São acúmulos grumosos ou filamentosos eosinófilos no citoplasma de parte dos hepatócitos, constituídos principalmente por citoqueratinas e outras proteínas. As queratinas acumuladas são do tipo CK8-CK18 (ambas são citoqueratinas de baixo peso molecular, sendo CK8 uma citoqueratina básica e CK18 ácida). Outras proteínas incluem a proteína de choque térmico p62 e a ubiquitina. Os corpúsculos de Mallory, incluídos como exemplo de degenerações hialinas celulares, são considerados característicos da hepatite alcoólica, mas não são patognomônicos, podendo ocorrer em outras doenças do fígado, como a cirrose biliar primária, doença de Wilson, síndromes colestáticas crônicas e tumores hepatocelulares. Alteração hialina de Mallory. Em aumento mais forte, numerosas células do tumor apresentam no citoplasma material róseo e homogêneo (portanto, hialino), na maioria em forma de grumos densos e grosseiros que se destacam do citoplasma finamente granuloso em torno. Estes corpúsculos são acúmulos de proteínas do grupo das citoqueratinas, associadas a outras. CORPÚSCULO DE MALLORY A182/69 Hepatite crônica por vírus B RELEMBRANDO HEPATITE B…. Doença hepática causada por vírus de RNA. O HBV tem um período de incubação prolongado (4 a 26 semanas). Ao contrário do HAV, o HBV permanece no sangue até e durante episódios ativos de hepatite aguda e crônica. Neste caso de hepatite crônica a etiologia pelo virus B pode ser diagnosticada pelos hepatócitos em vidro fosco Como na lâmina anterior, há evolução para cirrose: pseudolóbulos separados por septos fibrosos com infiltrado inflamatório crônico inespecífico. Septos finos avançam a partir dos maiores e penetram nos pseudolóbulos. traves fibrosas septos fibrosos Abaixo, exemplos de agressão à placa limitante por células inflamatórias provenientes dos septos. Há também focos inflamatórios no interior dos pseudolóbulos. O infiltrado é linfomonocitário, com alguns neutrófilos. Hepatócitos necróticos isolados podem ser vistos entre células inflamatórias. agressão a placa limitante HEPATÓCITOS EM VIDRO FOSCO. Os chamados hepatócitos 'em vidro fosco' são característicos, embora não patognomônicos*, da hepatite crônica pelo vírus B. Vários hepatócitos mostram no citoplasma uma área homogênea rósea, geralmente com halo claro na periferia, que é constituída por acúmulo do antígeno de superfície do vírus (HbSAg). O restante do citoplasma tem aspecto granuloso, constituído pelas organelas, como mitocôndrias e retículo endoplasmático. O virus tem a capacidade de estimular a síntese de abundantes quantidades desta proteína, parte da qual é secretada no plasma, e parte fica retida na célula. Exceto pela inclusão citoplasmática, o aspecto morfológico das células parasitadas é normal. vidro fosco vidro fosco F34 Cirrose irregular e cirrose macronodular Peças F-34 e F-39. Cirrose hepática irregular e macronodular. O tamanho dos nódulos regenerativos pode variar consideravelmente. Na peça F-34 predominam nódulos pequenos, mas há alguns maiores, daí o termo cirrose irregular (ou macro- e micronodular). Já na F-39 chamam a atenção nódulos grosseiros. Em linhas gerais, a cirrose macronodular sugere etiologia pós-necrótica, e a micronodular é mais própria da etiologia alcoólica. Contudo é preciso salientar que, a rigor, não é possível definir a causa da cirrose pelo aspecto macroscópico do fígado, e que em cerca de 15% das cirroses a etiologia permanece desconhecida (cirrose criptogênica). É MAIS ASSOCIADA COM CIRROSE PÓS NECRÓTICA F51 Varizes do esôfago RELEMBRANDO… VARIZES ESOFÂGICAS A hipertensão portal resulta no desenvolvimento de canais colaterais nos locais onde os sistemas portal e caval se comunicam. Embora estas veias colaterais permitam que alguma drenagem ocorra, elas levam ao desenvolvimento de um plexo venoso congestionado subepitelial e submucoso dentro do esôfago distal. Estas veias, chamadas de varizes, se desenvolvem em 90% dos pacientes cirróticos, mais comumente associadas a doença hepática alcoólica. Por todo o mundo, a esquistossomose hepática é a segunda maior causa de varizes. As varizes podem ser detectadas pelo venograma e aparecem como veias dilatadas tortuosas localizadas principalmente na submucosa do esôfago distal e do estômago proximal. Os canais venosos diretamente abaixo do epitélio esofágico também podem se tornar massivamente dilatados. As varizes podem não ser claramente óbvias em amostras cirúrgicas ou pós-morte, porque elas colapsam na ausência de fluxo sanguíneo e, quando elas não estão rompidas, a mucosa sobrejacente está intacta. A ruptura das varizes resulta em hemorragia para o lúmen ou para a parede esofágica, caso em que a mucosa sobrejacente aparece ulcerada e necrótica. Se a ruptura ocorreu no passado, trombose venosa, inflamação e vestígios de uma terapia anterior também podem estar presentes. Peça F-51. Varizes esofágicas em um paciente com cirrose hepática. Na cirrose, a hipertensão portal leva à dilatação de anastomoses entre o sistema porta e o sistema da veia cava superior, a nível da submucosa do terço inferior do esôfago. O ramo da veia porta diretamente responsável é a veia gástrica esquerda. Aqui as varizes aparecem como vasos de cor escura e levemente salientes na superfície da mucosa. Uma delas rompeu-se causando hemorragia digestiva alta, que foi a causa do óbito. TGI 42 Congestão passiva crônica no território da veia porta (cirrose hepática e varizes esofágicas) A cirrose hepática desorganiza a arquitetura lobular do fígado pela formação de traves de fibrose e nódulos de hepatócitos regenerados. Há compressão dos ramos intrahepáticos da veia porta, dificultando a circulação pelo fígado e aumentando a pressão em todo o território portal. Com isto, todas as veias tributárias da V. porta ficam congestas (ou hiperemiadas) e estabelece-se circulação colateral com as veias cavas. O circuito mais importante localiza-se na submucosa do terço distal do esôfago, onde ocorrem (já normalmente) anastomoses entre ramos da veia gástrica E (tributária da porta) com ramos da veia ázigos (tributária da veia cava superior). Nesta peça, o esôfago visto pela face da mucosa (lado oposto ao rótulo) mostra pequenas veias dilatadas na submucosa. Uma delas é calibrosa e sofreu ruptura (variz rota), causando copiosa hemorragia digestiva alta, que causou o óbito. F13 Esplenomegalia na cirrosepós-necrótica RELEMBRANDO… ESPLENOMEGALIA CONGESTIVA A obstrução crônica do fluxo de saída venosa causa uma forma de dilatação esplênica referida como esplenomegalia congestiva. A obstrução venosa pode ser causada por desordens intra-hepáticas que retardam a drenagem da veia porta ou pode originar-se a partir de doenças extra-hepáticas que prejudicam diretamente as veias porta e esplênica. Todas essas desordens resultam em hipertensão da veia porta ou esplênica. A cirrose do fígado é a principal causa da intensa esplenomegalia congestiva. A fibrose hepática em “haste de cachimbo” na esquistossomose causa particularmente uma esplenomegalia congestiva grave, enquanto a cicatrização fibrosa difusa na cirrose alcoólica e na cirrose pigmentar também provoca dilatação profunda. Outras formas de cirrose têm menor envolvimento. A esplenomegalia congestiva é causada também por obstrução da veia porta extra-hepática ou da veia esplênica. Isto pode ser resultado da trombose espontânea da veia porta, que geralmente está associada a alguma doença intra-hepática obstrutiva, ou da inflamação da veia porta (piloflebite), tal como as infecções intraperitoneais que se sucedem. A trombose da veia esplênica pode ser causada pela infiltração de tumores provenientes de órgãos vizinhos, tais como carcinomas do estômago ou pâncreas. Peça F-13. Esplenomegalia na cirrose hepática pós-necrótica. A moderada esplenomegalia provavelmente decorre da hipertensão portal associada à cirrose hepática. A superfície de corte é homogênea e há hiperemia e hiperplasia da polpa vermelha. O caráter irregular da cirrose, com nódulos de vários tamanhos, sugere etiologia pós-necrótica. CIRROSE PÓS -NECRÓTICA A285 Esplenomegalia esclerocongestiva na esquistossomose NÓDULOS DE GAMNA-GANDY. São hemorragias visíveis já macroscopicamente na superfície de corte do baço como áreas acastanhadas. São conseqüência da hipertensão portal de longa duração, que causa congestão passiva e hiperplasia da polpa vermelha. Microscopicamente, observa-se na área hemorrágica, além das hemácias, depósitos de hemossiderina (pigmento marrom granuloso) e cristais alongados de cor esverdeada, que são constituidos por impregnação de sais de ferro e de cálcio em fibras colágenas e elásticas. A293 Hepatite crônica em evolução para cirrose Lâm. A. 293, corte maior. Hepatite crônica em evolução para cirrose. Os virus B e C da hepatite, além de causar hepatite aguda, podem persistir indefinidamente nos hepatócitos causando hepatite crônica. A lesão hepatocelular é produzida em parte por linfócitos T citotóxicos, que reconhecem proteínas virais na membrana externa dos hepatócitos infectados. A inflamação é multifocal e produz septos fibrosos ligando um espaço portal a outro (septos porta-porta) ou um espaço portal a uma veia centrolobular (septos porta-centro). O processo vai desorganizando a arquitetura lobular do fígado e, após meses a anos, resulta em cirrose, dita pós-necrótica. ➔ Macroscopicamente, a cirrose pós-necrótica se caracteriza por um padrão macronodular ou irregular. ➔ Microscopicamente, é difícil definir o agente em muitos casos (como no exemplo acima). O virus B pode produzir o aspecto 'em vidro fosco' .No virus C é descrita maior associação com agregados linfóides no espaço portal e com esteatose dos hepatócitos. Este corte de fígado mostra cirrose, caracterizada por perda da arquitetura lobular normal e aparecimento de pseudolóbulos, separados por septos de tecido fibroso com infiltrado inflamatório crônico inespecífico (linfócitos, monócitos, plasmócitos), e proliferação de ductos biliares. A causa da cirrose aqui é uma hepatite viral crônica. A reação inflamatória agride os hepatócitos levando à necrose destes e estabelecendo novos septos fibrosos que vão subdividindo os pseudolóbulos já existentes. O termo pseudolóbulo é usado para diferenciar dos lóbulos hepáticos normais, que têm arquitetura radiada, o sangue fluindo da periferia para o centro. Nos pseudolóbulos a arquitetura é distorcida pela necrose e regeneração dos hepatócitos e a organização funcional do lóbulo hepático é perdida. Chama-se placa limitante à interface entre o pseudolóbulo e o tecido fibroso circunjacente. Na hepatite crônica é característica a agressão à placa limitante por infiltrado inflamatório proveniente dos septos. Células inflamatórias penetram entre os hepatócitos da periferia, alguns dos quais sofrem necrose. O aspecto é também conhecido como necrose em saca bocado (piecemeal necrosis). agressão por células inflamatórias vindo do septo infiltrado inflamatório causando dano a placa limitante Abaixo, foco inflamatório isolado no interior do pseudolóbulo, afastado da placa limitante. Há neutrófilos entre as células inflamatórias. Os hepatócitos na região sofrem necrose, à qual se segue formação de novos septos fibrosos. Esses focos intralobulares são chamados de atividade intraparenquimatosa. A necrose parenquimatosa difere da atividade periportal ou periseptal, que é a agressão à placa limitante. Esteatohepatite alcoólica Lam. A. 293, corte médio Lâm. A. 293, corte médio. Esteatohepatite alcoólica. A esteatohepatite é uma das manifestações do alcoolismo crônico e, geralmente, ocorre após um episódio de ingesta excessiva de álcool. O termo hepatite alcoólica é empregado em parte por motivos clínicos, pois o quadro lembra uma hepatite viral, com icterícia, mas também porque costuma haver reação inflamatória no parênquima hepático. O mecanismo seria a toxicidade aguda do etanol, que lesa diretamente as células hepáticas, provocando a alteração balonizante e a alteração hialina de Mallory. A morte de hepatócitos induz reação inflamatória focal com neutrófilos. Surtos repetidos de hepatite alcoólica terminam por evoluir à cirrose em cerca de um terço dos casos. Mesmo após uma ingestão moderada de álcool, gotículas lipídicas microvesiculares se acumulam nos hepatócitos. Com a ingestão crônica de álcool, os lípides se acumulam, criando glóbulos macrovesiculares grandes e claros, que comprimem e deslocam o núcleo do hepatócito para a periferia da célula. Macroscopicamente, o fígado gorduroso do alcoolismo crônico é um órgão grande e mole (chegando a pesar 4 a 6 kg), que é amarelo e untuoso. Embora exista pouca ou nenhuma fibrose no início, com a ingestão continuada de álcool, um tecido fibroso se desenvolve ao redor das veias hepáticas terminais, estendendo-se para os sinusoides adjacentes. A alteração gordurosa é completamente reversível, se houver abstinência da ingestão de álcool subsequente. RELEMBRANDO ESTEATOSE… Este caso mostra efeitos do consumo prolongado de álcool no fígado. Há esteatose difusa, fibrose e infiltrado inflamatório nos espaços portais. Notam-se também delicados septos fibrosos separando lóbulos e indicando progressão para cirrose. Há proeminentes corpúsculos hialinos de Mallory no citoplasma de muitos hepatócitos, característicos, mas não patognomônicos, da hepatite alcoólica. ALTERAÇÃO HIALINA DE MALLORY . Abaixo, exemplos de alteração hialina de Mallory, material grumoso avermelhado no citoplasma de hepatócitos, geralmente visualisável em hepatócitos balonizados, e/ou em meio aos vacúolos lipídicos. Resulta da condensação de filamentos do citoesqueleto por ação tóxica do álcool. A alteração hialina de Mallory geralmente se acompanha de necrose de hepatócitos, que atrai neutrófilos. CORPÚSCULO DE MALLORY LIPÍDIO CORPÚSCULO DE MALLORY Hepatite aguda viral Lam. A. 345 Houve necrose extensa dos hepatócitos, resultando em perda do padrão lobular dofígado. Observam-se agrupamentos de hepatócitos (pseudolóbulos) separados por tecido conjuntivo com infiltrado inflamatório crônico inespecífico e ductos biliares proliferados. O tecido conjuntivo deriva em grande parte de colapso do arcabouço reticulínico dos lóbulos hepáticos após necrose (ou apoptose) dos hepatócitos. Há também marcada colestase intra e extrahepatocítica. HEPATÓCITOS BALONIZADOS. Muitos hepatócitos na hepatite aguda mostram citoplasma abundante e claro por entrada de água, com dispersão das organelas. Os grânulos pardacentos no citoplasma são de pigmento biliar (bilirrubina). A entrada de água se deve a distúrbios metabólicos da célula, especialmente da bomba de sódio da membrana plasmática, por efeito direto do virus ou de ataque de células imunes. Presumivelmente são células gravemente lesadas e destinadas a morrer. COLESTASE RELEMBRANDO… COLESTASE Uma das conseqüências da hepatite aguda é o acúmulo de bilirrubina dentro e fora dos hepatócitos (colestase intra-e extrahepatocítica), bem como sua passagem para a circulação sanguínea, dando icterícia. A célula não é capaz de excretar a bilirrubina que conjuga, acumulando-a no citoplasma. A retenção nos canalículos e ductos biliares é explicada em parte por tumefação dos hepatócitos e edema intersticial. A necrose de hepatócitos desestrutura os canalículos biliares, que não têm parede própria, sendo constituídos por segmentos especializados da membrana externa dos próprios hepatócitos. A perda de hepatócitos leva ao extravasamento da bile para o interstício e daí para o sangue. No sangue, predomina a bilirrubina conjugada. se está no citoplasma: colestase intra-hepatocítica ATIVIDADE REGENERATIVA. Hepatócitos normais raramente se dividem, mas conservam esta capacidade por toda vida. Após uma agressão, como numa hepatite viral, observa-se intensa atividade regenerativa, com mitoses e células bi- ou trinucleadas. Os núcleos são volumosos, com nucléolos evidentes, indicando elevada síntese proteica. Há também marcada proliferação dos ductos biliares, pois as células em regeneração podem se diferenciar tanto em hepatócitos quanto em células ductais. FIBRAS RETICULÍNICAS. A impregnação pela prata para fibras reticulínicas é uma técnica muito usada para avaliar a arquitetura do fígado. Em aumento fraco, os pseudolóbulos de hepatócitos remanescentes destacam-se em tom marrom escuro contra o fundo claro do tecido conjuntivo, dando idéia da proporção de parênquima hepático perdido. Normalmente, as fibras reticulínicas acompanham os hepatócitos e delimitam os sinusóides. Onde houve necrose recente os restos de hepatócitos são ainda visíveis entre as fibras. Depois, são eliminados e as fibras aproximam-se (colapso do arcabouço reticulínico). No caso aqui apresentado, a desorganização da arquitetura foi intensa demais para permitir regeneração ordenada dos hepatócitos e reconstituição do parênquima à integridade. TABELA COMPARATIVA HEPATITE B Podem exibir um citoplasma preenchido com esferas e túbulos de HBsAg, produzindo um citoplasma finamente granular (“hepatócitos com aspecto de vidro despolido”). Geralmente é mais associada a hepatites agudas. HEPATITE C Os fígados infectados por HCV frequentemente exibem agregados linfóides no tratos portais e nas regiões lobulares focais de esteatose macrovesicular de hepatócitos, que deve ser distinguida da extensa esteatose microvesicular e macrovesicular panlobular observada em muitas formas de hepatite tóxica (p. ex., induzida por álcool). DOENÇA HEPÁTICA ALCOÓLICA Existem três formas distintas, embora com alguma sobreposição, de doença hepática alcoólica: (1) esteatose hepática (doença hepática gordurosa), (2) hepatite alcoólica e (3) cirrose A exposição ao álcool causa esteatose, disfunção das membranas mitocondriais e celulares, hipóxia e estresse oxidativo. Podem ser encontrados tumefação e necrose dos hepatócitos corpos de mallory reação neutrofílica fibrose DOENÇA HEPÁTICA GORDUROSA NÃO ALCOÓLICA indivíduos DHGNA é um grupo de condições que têm em comum a presença de esteatose hepática (fígado gorduroso) em que não consomem álcool ou o fazem em quantidades muito pequenas (menos de 20 g de etanol/semana). Os principais componentes da EHNA são tumefação de hepatócitos, inflamação lobular e esteatose. Fibrose ocorre na doença progressiva. A EHNA afeta homens e mulheres igualmente, e a condição está fortemente associada a obesidade e outros componentes da síndrome metabólica, como dislipidemia, hiperinsulinemia e resistência à insulina PROBLEMA 4 Úlcera duodenal TGI 70 RELEMBRANDO…. ÚLCERAS As úlceras agudas são redondas e com menos de 1 cm de diâmetro. A base da úlcera é frequentemente corada de marrom a preto pela digestão ácida do sangue extravasado e pode estar associada a inflamação transmural e serosite local . Diferentemente das úlceras pépticas, as quais surgem na condição de injúria crônica, as úlceras de estresse agudas são encontradas em qualquer parte do estômago. As pregas rugosas gástricas são essencialmente normais, e as margens e a base das úlceras não são endurecidas. Embora elas possam ocorrer isoladamente, existem mais frequentemente múltiplas úlceras por todo o estômago e o duodeno. Microscopicamente, as úlceras de estresse agudas são nitidamente demarcadas, com uma mucosa adjacente normal, essencialmente. Dependendo da duração da ulceração, pode haver um espalhamento de sangue dentro da mucosa e da submucosa e algumas reações inflamatórias. Estão conspicuamente ausentes a cicatrização e o espessamento dos vasos que caracterizam as úlceras pépticas crônicas. A cura com a completa re-epitelialização ocorre após os fatores injuriosos serem removidos. O tempo necessário para a cura varia de dias a várias semanas Peça TGI-70. Hemorragia gastrointestinal por úlcera péptica (exemplo de hemorragia por diabrose) causando choque hemorrágico. Úlceras de stress na mucosa gástrica. A peça mostra parte do estômago e do duodeno. Neste último, há uma grande úlcera péptica. No fundo dela observa-se uma artéria calibrosa rota, que causou profusa hemorragia digestiva (exemplo de hemorragia por diabrose) levando a um estado de choque fatal. Na mucosa gástrica há múltiplas pequenas hemorragias (úlceras de stress) cujo mecanismo é o seguinte: o choque causa vasoconstrição generalizada, que leva a isquemia focal da mucosa gástrica com necrose da mesma. Há digestão destes pequenos focos pelo suco gástrico, e hemorragia por diabrose de vasos da submucosa. Essas úlceras de stress, embora pequenas e superficiais, contribuem significativamente para a hemorragia digestiva, agravando o choque. Úlcera péptica Lam. A. 208 DOENÇA ULCEROSA PÉPTICA A doença ulcerosa péptica (DUP) está mais frequentemente associada à gastrite crônica hiperclorídrica induzida por H. pylori, a qual está presente em 85% a 100% dos indivíduos com úlceras duodenais e em 65% com úlceras gástricas. A presença da gastrite crônica pode ajudar a distinguir as úlceras pépticas da gastrite erosiva aguda ou úlceras de estresse, já que a mucosa adjacente à úlcera é geralmente normal nas duas últimas condições. A DUP pode ocorrer em qualquer porção do trato GI exposto aos sucos acídicos gástricos, mas é mais comum no antro gástrico e na primeira porção do duodeno. A DUP pode ocorrer também no esôfago como resultado da DRGE ou da secreção de ácido gástrico pela mucosa gástrica ectópica. A mucosa gástrica no divertículo de Meckel pode resultar em ulceração péptica da mucosa adjacente. muscular da mucosa ÚLCERAS PÉPTICAS gástricas ou duodenais, caracterizam-se pelaparede perpendicular ao plano da mucosa. A transição entre a mucosa e a área ulcerada é abrupta. No fundo da úlcera há exsudato fibrinoso ou fibrino-purulento, tecido de granulação e tecido fibroso, nesta ordem. A quantidade de tecido fibroso na profundidade da úlcera é proporcional à duração da mesma. A úlcera pode perfurar para peritônio livre (úlcera perfurante) ou ser bloqueada por epíploo ou por outra víscera. Quando se aprofunda em um órgão como o pâncreas é dita úlcera terebrante. MUCOSA EXSUDATO CAMADAS DO FUNDO DE UMA ÚLCERA PÉPTICA A superfície da úlcera é revestida por exsudato fibrino-purulento originado do tecido de granulação logo abaixo. Deste derivam fibroblastos que produzem colágeno, resultando na fibrose do fundo da úlcera. A quantidade de células inflamatórias no tecido fibroso diminui da superfície para a profundidade, enquanto que a quantidade de fibras colágenas aumenta O tecido de granulação tem dois constituintes básicos ➔ capilares neoformados ➔ infiltrado inflamatório crônico inespecífico. Os capilares são jovens, de paredes finas e células endoteliais com núcleos tumefeitos. O infiltrado mostra os quatro tipos de células da inflamação crônica: linfócitos, plasmócitos, macrófagos e fibroblastos . As células inflamatórias (linfócitos e plasmócitos) ajudam a combater o agente inflamatório através da imunidade humoral (anticorpos) e celular. Os macrófagos fagocitam os germes e os restos celulares resultantes da inflamação. Os fibroblastos produzem colágeno. Com o passar do tempo, as células inflamatórias vão diminuindo em número e a quantidade de colágeno vai aumentando, até constituir-se uma cicatriz de tecido fibroso denso. 1ª. Camada: Exsudato fibrino-purulento. 2ª Camada: Tecido de granulação. 3ª Camada: Tecido fibroso frouxo com infiltrado inflamatório crônico. 4ª Camada: Tecido fibroso denso com pouco infiltrado inflamatório GASTRITE CRÔNICA A mucosa nas proximidades da úlcera pode apresentar gastrite crônica, chegando à formação de folículos linfóides. Atualmente atribui-se ao Helicobacter pylori o principal papel na gênese das gastrites crônicas e úlceras pépticas. FOLÍCULOS LINFÓIDES TGI 111 ÚLCERAS DE STRESS Peça TGI-111. Erosões agudas da mucosa gástrica, ou úlceras de stress. As úlceras de stress são a expressão macroscópica da lesão da mucosa gástrica no estado de choque. A vasoconstrição generalizada na área esplâncnica na fase progressiva do choque leva a múltiplos pequenos focos de necrose na mucosa gástrica. Esta é prontamente digerida pelo suco gástrico, expondo a submucosa. Os vasos da submucosa produzem sangramento para a luz, que pode ser abundante e contribuir para o agravamento do choque. O sangue digerido libera hematina (metaheme livre) de cor negra, que impregna as áreas ulceradas, destacando-as contra a mucosa normal. HEMATINA PROBLEMA 5 Panoramic P 03 COLECISTITE LEMBRAR QUE O EPITÉLIO DA VESÍCULA É COLUNAR E NÃO APRESENTA SUBMUCOSA DEVIDO AO CÁLCULO (90%) HÁ IRRITAÇÃO MECÂNICA NA PAREDE DA VESÍCULA RESULTANDO EM INFLAMAÇÃO E EDEMA LOGO HÁ HIPEREMIA HIPEREMIA INFILTRADO INFLAMATÓRIO Panoramic P 51 Esteatonecrose há o aspecto de “adipócitos apagados” há necrose coagulativa F19 Cálculos mistos A formação de cálculos de colesterol envolve quatro condições simultâneas: (1) A bile deve estar supersaturada com colesterol; (2) a hipomotilidade da vesícula biliar promove a nucleação; (3) a nucleação de colesterol na bile é acelerada; (4) a hipersecreção de muco na vesícula biliar aprisiona os cristais nucleados, levando a sua agregação em cálculos. Os cálculos pigmentares são trivialmente classificados como “negros” e “marrons”. Glicoproteínas de mucina constituem o esqueleto e o cimento entre as partículas de todos os cálculos, tanto de pigmentos quanto de colesterol. Cálculos de pigmento negro São encontrados na bile da vesícula biliar estéril,.Cálculos marrons São encontrados nos ductos intra-hepáticos ou extra-hepáticos infectados. CÁLCULOS DE COLESTEROL CÁLCULOS PIGMENTARES Peças F-17, TGI-59, F-18, F-19. Tipos de cálculos biliares. Exemplos dos três principais tipos de cálculos das vias biliares. ➔ Os cálculos de colesterol são de cor amarelada clara e forma arredondada ou ovalada; geralmente são únicos. ➔ Os cálculos de pigmento biliar (bilirrubina) são pequenos, irregulares e de cor negra. São muito friáveis e se fragmentam facilmente, dando um pó lembrando borra de café. ➔ Os cálculos mais comuns são mistos, isto é, compostos por colesterol e pigmento biliar. São geralmente múltiplos e, como atritam uns contra os outros, tendem a tomar forma poliédrica ou facetada. Sua cor varia conforme o componente predominante. A261 Colecistite crônica A colecistite crônica pode ser uma sequela de surtos repetidos de colecistite aguda leve a severa, mas, em muitos casos, se desenvolve na ausência aparente de ataques antecedentes. Uma vez que está associada a colelitíase em mais de 90% dos casos, as populações de pacientes são as mesmas observadas para os cálculos de vesícula. A evolução da colecistite crônica é obscura, uma vez que não está claro se os cálculos desempenham um papel direto no início da inflamação ou no desenvolvimento de dor, particularmente porque a colecistite acalculosa crônica exibe sintomas e histologia semelhantes aos da forma calculosa. A serosa geralmente é lisa e brilhante, mas pode estar apagada por fibrose subserosa. Aderências fibrosas densas podem permanecer como sequelas de uma inflamação aguda preexistente. LEMBRAR: NA COLECISTITE CRONICA HÁ FIBROSE E OS SEIOS DE Rokitansky-Aschoff) Colecistite crônica com seio de Rokitansky-Aschoff. A, A mucosa da vesícula biliar está infiltrada por células inflamatórias. B, A saculação da mucosa pelas paredes forma o seio de Rokitansky-Aschoff (contendo bile). Colecistite crônica Na colecistite crônica, a vesícula biliar mostra fibrose da parede, aqui melhor notada na serosa. Há infiltrado inflamatório crônico inespecífico em todas as camadas, aqui visível na lâmina própria* e na serosa. Quando há agudização do processo inflamatório (por exemplo, por nova infecção bacteriana), aparece exsudato de fibrina e neutrófilos, que pode ser francamente purulento e evoluir para necrose da parede (fala-se em gangrena da vesícula). Uma feição característica da colecistite crônica são os seios de Rokitansky-Aschoff, prolongamentos do epitélio de revestimento que penetram entre os feixes de fibras musculares lisas. São achado comum em colecistites crônicas e não devem ser confundidos com carcinoma. * lâmina própria = córion da mucosa. Notar que a vesícula biliar não tem submucosa. SEIOS DE ROKITANSKY RELEMBRANDO…. O pâncreas é uma glândula mista, com parte exócrina e endócrina. A porção exócrina, onde são produzidas enzimas digestivas, é uma glândula acinosa composta. O pâncreas é revestido externamente por uma cápsula de tecido conjuntivo denso, que envia septos para o seu interior e dividi-lo em lóbulos, contendo vasos sanguíneos, vasos linfáticos e nervos. O estroma é constituído pelos septos interlobulares e pelas fibras reticulares que servem de sustentação ao órgão. A unidade morfofuncional do pâncreas exócrino é o ácino seroso. Cada ácino pancreático é formado por células piramidais com núcleos arredondados localizados na base da célula. A parte endócrina, onde são secretados hormônios, é formada pelas ilhotas pancreáticas (Ilhotas de Langerhans). Estas são grupos arredondados de células, dispostas em cordões, emvolta dos quais existe uma abundante rede de capilares sanguíneos com células endoteliais fenestradas, situados entre os ácinos secretores. Pancreatite crônica esclerosante Lam. A. 187 RELEMBRANDO…. PANCREATITE CRÔNICA A pancreatite crônica é caracterizada por fibrose parenquimatosa, pelo reduzido número e tamanho dos ácinos, pelo relativo acometimento das ilhotas de Langerhans e pela variável dilatação dos ductos pancreáticos . Estas alterações são normalmente acompanhadas por um infiltrado inflamatório crônico em torno dos lóbulos e dos ductos. Os ductos interlobulares e intralobulares se encontram frequentemente dilatados e contêm proteínas aderidas em seu lúmen. O epitélio ductal pode estar atrofiado ou hiperplásico ou pode ainda apresentar uma metaplasia escamosa e as concreções ductais podem ser evidentes A destruição acinar é uma característica constante. As ilhotas de Langerhans remanescentes são incorporadas no tecido esclerótico e podem se fundir parecendo ampliadas. Eventualmente, elas também desaparecem. Macroscopicamente, a glândula é rígida, por vezes com ductos extremamente dilatados e visíveis concreções calcificadas. Lâm. A. 187. Pancreatite crônica esclerosante Corte de pâncreas mostrando intensa fibrose inter- e intralobular, com grande redução do parênquima exócrino. Em alguns lóbulos, os ácinos estão reduzidos em número e volume, deixando as ilhotas de Langerhans mais facilmente visíveis. Em meio à fibrose, observa-se leve infiltrado inflamatório crônico inespecífico. No interior de alguns ductos há cálculos que às vezes se calcificam. ÁCINOS TGI 45 Pancreatite crônica esclerosante Pancreatite crônica esclerosante. Cortes transversais pelo pâncreas mostram atrofia dos lóbulos pancreáticos (de cor amarelada), separados por traves de tecido fibroso denso. No corte pela cauda do pâncreas observa-se a artéria esplênica. A pancreatite crônica está freqüentemente associada a alcoolismo crônico ou a calculose das vias biliares. ➔ No alcoolismo, o padrão de envolvimento tende a ser difuso, como no presente caso. ➔ Na calculose de vias biliares, predomina o padrão segmentar. Histologicamente, há reação inflamatória crônica inespecífica e proliferação de tecido fibroso, que gradualmente substitui o parênquima pancreático. atrofia dos lóbulos FIM FÉRIAS DE PATO
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