Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 Sec¸o˜es Coˆnicas Uma equac¸a˜o quadra´tica e´ uma equac¸a˜o em x e y da seguinte forma ax2 + 2bxy + cy2 + dx+ ey + f = 0, (1) sendo a, b, c, d, e e f nu´meros reais. Exemplo: Considere a equac¸a˜o quadra´tica 5x2 + 10bxy + 2y2 + x− y − 3 = 0 neste caso, a = 5, b = 5, c = 2, d = 1, e = −1 e f = 3. Chamamos de coˆnicas ou sec¸o˜es coˆnicas os gra´ficos de equac¸o˜es quadra´ticas em x e y. As princı´pais coˆnicas sa˜o as elipses, as hipe´rboles e as para´bolas. Um ponto e pares de retas sa˜o coˆnicas degeneradas. Uma coˆnica na˜o-degenerada esta´ na posic¸a˜o padra˜o relativas aos eixos coor- denados se sua equac¸a˜o podem ser expressa como: Elipse x2 a2 + y2 b2 = 1, a, b > 0 (2) Um cı´rculo e´ uma elipse cujos valores de a e b e´ 1. Hipe´rbole x2 a2 − y 2 b2 = 1, ou y2 b2 − x 2 a2 = 1 a, b > 0 (3) Para´bola y2 = 2px ou x2 = 2py (4) Uma maneira de visulizar a obtenc¸a˜o de uma coˆnica e´ atrave´s da intersec¸a˜o de um plano a` um cone Figura 1. Figura 1: Cone curtado por planos em diferentes aˆngulos formando as diferentes coˆnicas. Uma coˆnica na posic¸a˜o padra˜o na˜o possui termo xy, chamado de termo misto ou termo produto cruzado, em sua equac¸a˜o. O termo misto aparece quando a coˆnica for rotacionada (veja Figura 1). Ale´m disso, se uma coˆnica apresenta simultaneamente, os termos x2 e x ou os termos y2 e y e´ porque a mesma saiu da posic¸a˜o padra˜o devido a uma translac¸a˜o. Figura 2: Elipse rotacionada. Os exemplos que se seguem apresentac¸a˜o respectivamente os dois casos: Exemplo: A equac¸a˜o abaixo representa uma elipse que sofreu rotac¸a˜o 5x2 − 4xy + 8y2 − 36 = 0 Exemplo: A equac¸a˜o abaixo representa uma elipse que sofreu uma translac¸a˜o 2x2 + 2y2 − 12x− 4y + 18 = 0 Uma equac¸a˜o na forma completa como a equac¸a˜o (1), representa uma coˆnica que foi transla- dada e rotacionada. Com por exemplo a elipse do exemplo abaixo. Exemplo: A equac¸a˜o abaixo representa uma elipse que sofreu uma translac¸a˜o e uma rotac¸a˜o 5x2 − 4xy + 8y2 + 20√ 5 x− 80√ 5 y + 4 = 0 1.1 Classificac¸a˜o de uma coˆnica Considere a equac¸a˜o geral das coˆnica ax2 + 2bxy + cy2 + dx+ ey + f = 0, sendo a, b, c, d, e e f nu´meros reais. Quando a2 + b2 + c2 6= 0, podemos classificar a coˆnica como uma elipse, uma para´bola ou uma hipe´rbole, e isto depende do discriminante ∆, ou outras curvas degeneradas. Lembre-se que ∆ = b2 − 4ac. A coˆnica sera´ uma Page 2 Hiperbole se ∆ > 0 Elı´pse se ∆ < 0 Para´bola se ∆ = 0. Obs: Situac¸o˜es degeneradas: A hipe´rbole pode ser transformada em duas retas concorrentes. A elı´pse pode se transformar em um ponto. A para´bola pode se transformar em uma u´nica reta ou em duas retas paralelas. 1.2 A para´bola Em poucas palavras para´bola e´ o lugar geome´trico dos pontos do plano que sa˜o equidistantes de F (foco) e d reta diretriz. Abaixo vamos apresentar a definic¸a˜o precisa da mesma. Temos duas formas ba´sica de uma para´bola na posic¸a˜o padra˜o, a saber: Equac¸a˜o da para´bola com foco no eixo x do sistema de coordenadas - posic¸a˜o padra˜o: x2 = 2py Equac¸a˜o da para´bola com foco no eixo y do sistema de coordenadas - posic¸a˜o padra˜o: y2 = 2px Definic¸a˜o 1.1. Uma para´bola e´ o conjunto de pontos em um plano, equidistantes de um ponto e de uma reta fixa. O ponto fixo e´ chamado de foco e a reta fixa e´ chamada de diretriz. Page 3 Vamos usar a definic¸a˜o de para´bola para obter a equac¸a˜o que a descreve. Chamamos F de foco, V ve´rtice da para´bola, considere P um ponto pertencente a para´bola, de P baixamos uma reta ate´ a reta diretriz de modo que esta´ reta seja perpendicular a` reta diretriz, temos um ponto de intersec¸a˜o entre estas duas retas que chamaremos de P ′. Assim temos que um ponto qualquer P = (x, y) pertece a uma para´bola de foco F = (0, p/2) e ve´rtice V = (0, 0), se e somente se, d(P, F ) = d(P, P ′) Ou seja, ‖−→PF‖ = ‖−−→PP ′‖ ou ‖−→FP‖ = ‖−−→P ′P‖ com P ′ = (x,−p/2). Do que foi dito, podemos escrever ‖(x− 0, y − p 2 )‖ = ‖(x− x, y + p 2 )‖√ x2 + (y − p 2 )2 = √ (y + p 2 )2 elevando ao quadrado toda a expressa˜o acima temos x2 + y2 − py + p 2 4 = y2 + py + p2 4 Com poucas simplificac¸o˜es chegamos a equac¸a˜o reduzida da para´bola, sendo p o paraˆmentro da para´bola x2 = 2py O sinal de p e y sa˜o sempre iguais, assim se p > 0 temos uma para´bola com concavidade para cima e se p < 0 temos uma para´bola com concavidade para baixo. De modo ana´logo do que foi feito acima, podemos deduzir a equac¸a˜o da para´bola cuja diretriz e´ paralela ao eixo y e obtemos a equac¸a˜o y2 = 2px. Se p > 0, a para´bola tem concavidade para a` direita e se p < 0, a para´bola tem concavidade para a` esquerda. Page 4 1.2.1 Equac¸a˜o da para´bola de ve´rtice fora da origem do sistema cartesiano Abaixo temos equac¸o˜es de para´bolas transladadas, ou seja, o ve´rtice dela na˜o esta´ mais na origem, sendo V = (h, k). Novamente temos dois casos, a saber, para´bolas com concavidades para (cima - baixo) ou para´bolas com concavidades a` (direita - esquerda). A equac¸a˜o (x− h)2 = 2p(y − k) esta´ forma padra˜o da equac¸a˜o de uma para´bola de ve´rtice V (h, k) cuja diretiz e´ paralela ao eixo dos x. Exemplo: A equac¸a˜o (x− 3)2 = 2(−4)(y + 1) tem ve´rtices V = (3,−1). A equac¸a˜o (y − k)2 = 2p(x− h) esta´ forma padra˜o da equac¸a˜o de uma para´bola de ve´rtice V (h, k) cuja diretiz e´ paralela ao eixo dos y. Exemplo: A equac¸a˜o (y − 2)2 = 2(−4)(x− 3) tem ve´rtices V = (2, 3). 1.3 A elipse Elipse e´ o lugar geome´trico dos pontos de um plano cuja soma das distaˆncias a dois pontos fixos desse plano e´ constante. A seguir veremos a definic¸a˜o precisa de uma elipse e a partir de tal definic¸a˜o encontraremos a equac¸a˜o que a descreve. Uma elipse na forma padra˜o pode conter seu eixo maior em cima do eixo x (a > b) ou em cima do eixo y (a < b). Equac¸a˜o da elipse com focos no eixo x do sistema de coordenadas - posic¸a˜o padra˜o: x2 a2 + y2 b2 = 1 Page 5 Figura 3: Elipse com focos no eixo x do sistema de coordenadas. Equac¸a˜o da elipse com focos no eixo y do sistema de coordenadas - posic¸a˜o padra˜o: y2 b2 − x 2 a2 = 1 Figura 4: Elipse com focos no eixo y do sistema de coordenadas. Algumas caracterı´sticas da elipse: 1. Eixo maior: o eixo que conte´m os focos F1 e F2, os ve´rtices do eixo maior sa˜o A1 e A2 e o segmento A1A2 possue comprimento 2a. 2. Eixo menor: eixo perpendicular ao eixo maior, os ve´rtices do eixo menor sa˜o B1 e B2 e o segmento B1B2 possue comprimento 2b. 3. Excentricidade: e = c a sendo e < 1. Observamos o seguinte, se F2 esta´ bem pro´ximo de F1 enta˜o nossa elipse se assemelha a uma circunfereˆncia e se F1 = F2 temos exatamente uma circunfereˆncia. Quanto mais pro´ximo de zero a excentricidade for mais pro´xima de uma circunfeˆrencia a elipse e´. Toda elipse obedece a seguinte relac¸a˜o a2 = b2 + c2 relac¸a˜o de Pita´goras Page 6 Definic¸a˜o: Elipse e´ o conjunto dos pontos de um plano cuja soma das distaˆncias a dois pontos fixos e´ constante. Os pontos fixo sa˜o chamados de focos. Da definic¸a˜o de elipse podemos obter a equac¸a˜o que a descreve. Seja P = (x, y) um ponto qualquer da elipse de focos F1 = (−c, 0) e F2 = (c, 0), da definic¸a˜o temos ‖−−→F1P‖+ ‖−−→F2P‖ = 2a ou seja, √ (x+ c)2 + (y − 0)2 + √ (x− c)2 + (y − 0)2 = 2a√ x2 + 2xc+ c2 + y2 = 2a− √ x2 − 2xc+ c2 + y2 elevando ao quadrado ambos os lados da expressa˜o x2 + 2xc+ c2 + y2 = 4a2 − 4a √ x2 − 2xc+ c2 + y2 + x2 − 2xc+ c2 + y2 fazendo simplificac¸o˜es 4a √ x2 − 2xc+ c2 + y2 = 4a2 − 4xc elevando ao quadrado a expressa˜o acima a2(x2 − 2xc+ c2 + y2) = a4 − 2a2xc+ x2c2 novamente fazendo simplificac¸o˜es chegamos (a2 − c2)x2 + a2y2 = a2(a2 − c2) mas a2 − c2 = b2b2x2 + a2y2 = a2b2 dividindo por a2b2 temos x2 a2 + y2 b2 = 1 Exemplo: A equac¸a˜o da elipse x2 25 + y2 9 = 1, tem a = 5 e b = 3. De modo ana´logo do que foi feito acima, podemos deduzir a equac¸a˜o da elipse cujo eixo maior esta´ sobre o eixo dos y x2 b2 + y2 a2 = 1 Exemplo: A equac¸a˜o da elipse x2 2 + y2 9 = 1, tem a = √ 7 e b = √ 2. O maior dos denominadores na equac¸a˜o reduzida sempre representa o nu´mero a2, onde a e´ a medida do semi-eixo maior. Page 7 1.4 A hipe´rbole Hipe´rbole e´ o lugar geome´trico dos pontos de um plano cuja diferenc¸a das distaˆncias, em valor absoluto, a dois pontos fixos desse plano e´ constante. Equac¸a˜o da hipe´rbole com centro no origem do sistema de coordenadas - posic¸a˜o padra˜o: 1. A equac¸a˜o da hipe´rbole e´: x2 a2 − y 2 b2 = 1 quando o eixo real esta´ sobre o eixo dos x e seu centro e´ a origem do sistema coordenado. As retas y = b a x e y = − b a x sa˜o chamadas assı´ntotas dessa hipe´rbole e os pontos A2(a, 0) e A1(−a, 0) sa˜o chamados ve´rtices dessa hipe´rbole. Exemplo: x2 9 − y2 4 = 1 2. A equac¸a˜o da hipe´rbole e´: y2 b2 − x 2 a2 = 1 quando o eixo real esta´ sobre o eixo dos y e seu centro e´ a origem do sistema coordenado. As retas y = b a x e y = − b a x sa˜o as assı´ntotas dessa hipe´rbole e os pontoA2(0, b) eA1(0,−b) sa˜o os ve´rtices. Page 8 Exemplos: (a) y 2 4 − x2 9 = 1. (b) 9x2 − 7y2 − 63 = 0. Definic¸a˜o 1.2. Uma hipe´rbole e´ o conjunto de pontos no plano, cujo valor absoluto da diferenc¸a das distaˆncias a dois pontos fixos e´ uma constante. Os dois pontos fixos sa˜o denomindados focos. Em outras palavras, consideremos no plano dois pontos distintos F1 e F2 tal que a distaˆncia d(F1, F2) = 2c. Seja um nu´mero real a tal que 2a < 2c. Ao conjunto de todos os pontos P do plano tais que: |d(P, F1)− d(P, F2)| = 2a ou d(P, F1)− d(P, F2) = ±2a da´-se o nome de hipe´rbole. Assim, com F1 = (−c, 0), F2 = (c, 0) e P = (x, y) um ponto qualquer da hipe´rbole temos√ (x− c)2 + y2 − √ (x+ c)2 + y2 = ±2a√ (x− c)2 + y2 = ±2a+ √ (x+ c)2 + y2 x2 − 2cx+ c2 + y2 = 4a2 ± 4a √ (x+ c)2 + y2 + x2 + 2cx+ c2 + y2 ±4a √ (x+ c)2 + y2 = 4a2 + 4cx ± √ (x+ c)2 + y2 = a+ c c x elevando os dois membros ao quadrado x2 + 2cx+ c2 + y2 = a2 + 2cx+ c2 a2 x2 x2 ( c2 a2 − 1)− y2 = c2 − a2 Page 9 (c2 − a2)x2 − a2y2 = a2(c2 − a2) finalmente x2 a2 − y 2 c2 − a2 = 1 como c > a, existe um nu´mero positivo (b2) que e´ a diferenc¸a dos quadrados do maior para o menor, isto e´, b2 = c2 − a2. Substituindo este valor na equac¸a˜o acima temos x2 a2 − y 2 b2 = 1 Exemplo: A equac¸a˜o da hipe´rbole x2 9 − y 2 4 = 1, tem a = 3 e b = 2. Podemos fazer o mesmo para o caso da hipe´rbole com eixo real sobre o eixo dos y e obtemos a equac¸a˜o y2 a2 − x 2 b2 = 1 Algumas caracterı´sticas da hipe´rbole: (a) Eixo real ou transverso: e´ o segmento A1A2 de comprimento 2a. (b) Eixo imagina´rio ou conjugado: e´ o segmento B1B2 de comprimento 2b. Onde b e´ encontrado atrave´s da relac¸a˜o c2 = a2 + b2. (c) Excentricidade: e = c a sendo e > 1. Exemplo: A equac¸a˜o da hipe´rbole x2 4 − y 2 9 = 1, tem a = 2 e b = 3. 1.5 Aplicac¸o˜es Sa˜o va´rios os campos onde podemos encontrar aplicac¸o˜es dos estudos das coˆnicas, seja na fı´sica, astronomia, na medicina, nas engenharias, na arquitetura, na industria automobilı´stica, etc. Usa- mos as formas coˆnicas, na construc¸a˜o de candeeiros, lanternas, caixas de som, espelhos refletores, antenas parabo´licas, faro´is de carros e ate´ mesmo na construc¸a˜o civil, o grande arquiteto Oscar Niemeyer abusou e muito das formas coˆnicas, em cada estado podemos encontrar uma construc¸a˜o que serve de carta˜o postal. Um bom exemplo em nosso estado e´ a Igrejinha da Pampulha. Page 10 Teorema: Considere a equac¸a˜o ax2 + 2bxy + cy2 + dx+ ey + f = 0 (5) com a, b, c, d, e, f ∈ R, sendo a, b e c na˜o simultaneamente nulos. Enta˜o existe um sistema de coordenadas ortogonais x′y′, em que a equac¸a˜o (1.5) tem a forma λ1x ′2 + λ2y′2 + d′x′ + e′y′ + f = 0 em que λ1, λ2 sa˜o os autovalores de A = [ a b b c ] Mais ainda, X = PX ′ em que X ′ = [ x′ y′ ] , X ′ = [ x y ] e P e´ uma matriz ortogonal (P−1 = P T ). Page 11 Coˆnicas 1. a) Determinar o centro, os ve´rtices, os focos, o esboc¸o do gra´fico e a excentricidade da 4x2 + 9y2 − 24x+ 18y + 9 = 0. b) Determinar o ve´rtice o foco, o esboc¸o do gra´fico e a equac¸a˜o da diretriz da x2 − 2x− 20y − 39 = 0 2. No texto foram apresentados alguns gra´ficos para descrever/ilustrar trechos do texto. Existe(m) alguma(s) parte(s) do texto onde ha´ necessidade de um gra´fico para a melhor compreensa˜o. Leia o texto e identifique tal(is) necessidade(s), escreva o(s) trecho(s) do texto e fac¸a a(s) figura(s). 3. A excentricidade da elipse e´ menor que 1, justifique. 4. A excentricidade da hipe´rbole e´ menor que 1, justifique. 5. Considere x 2 9 − y2 4 = 1, fac¸a o gra´fico da coˆnica correspondente a equac¸a˜o. 6. Fazer o desenho da hipe´rbole 9x2 − 7y2 − 63 = 0 indicando os elementos (exemplo: focos, ve´rtices, assinto´tas, etc.) Page 12
Compartilhar