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UM PANORAMA DOS 
ÚLTIMOS 30 ANOS
CONSTITUIÇÃO, 
DEMOCRACIA 
E JURISDIÇÃO
RODOLFO VIANA PEREIRA
BERNARDO GONÇALVES FERNANDES
COORDENADORES 
LUCAS AZEVEDO PAULINO
ORGANIZADOR
JUNIOR, Ernane Salles da Costa. Entre o projeto constituinte e a intervenção federal no Rio de Janeiro: o que ela tem revelado 
sobre nós? In: PEREIRA, Rodolfo Viana; FERNANDES, Bernardo Gonçalves (coord.). PAULINO, Lucas Azevedo (org.). Constituição, 
democracia e jurisdição: um panorama dos últimos 30 anos. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 117-136. Disponível em: https://doi.
org/10.32445/97885671340866
ENTRE O PROJETO CONSTITUINTE E 
A INTERVENÇÃO FEDERAL NO RIO DE 
JANEIRO: o que ela tem revelado 
sobre nós?
Ernane Salles da Costa Junior1
Resumo
A pesquisa propõe uma investigação sobre os contornos (in)constitu-
cionais do decreto n. 9288/2018 do presidente Michel Temer que instaurou 
a intervenção federal no Rio de Janeiro à luz do sentido performativo do 
projeto constituinte. Busca-se, primeiramente, mostrar a falta de legitimidade 
do ato normativo com base na necessidade de explicitação do alcance e das 
condições da intervenção, segundo o art. 36 § 1º da CR88 e o princípio da 
motivação e da transparência. Feito isso, é analisada a atribuição da natureza 
militar conferida à intervenção federal, demonstrando sua impossibilidade 
frente à compreensão constitucionalmente adequada do instituto e do 
papel atribuído às Forças Armadas. Por fim, conclui-se que tal intervenção 
tem evidenciado a banalização de medidas de urgência e de exceção que 
desvelam, no Brasil, uma crise constitucional.
Introdução
No dia 16 de fevereiro de 2017, o Presidente da República, Michel Temer, deter-
minou o decreto n. 9288, de 16 de fevereiro de 2018, que instaura “intervenção federal 
1 Pós-doutorando em Direito Constitucional pela UFMG, doutor em Direito pela mesma instituição e mestre 
em Teoria do Direito pela PUC-MG com a distinção magna cum laude. Realizou estágio doutoral com 
bolsa sanduíche da CAPES no instituto Fonds Ricoeur, vinculado a École des Hautes Études en Sciences 
Sociales (EHESS). Professor de Filosofia do Direito e Direito Constitucional.
118 Ernane Salles da Costa Junior
no Estado do Rio de Janeiro com o objetivo de pôr termo ao grave comprometimento 
da ordem pública”.
Pelo ato administrativo do atual presidente, a área de segurança pública do 
Rio não fica mais sob comando do governador Luiz Fernando Pezão (MDB), mas do 
interventor escolhido, o general do Exército Walter Braga Netto. A alegação seria a de 
que a segurança no Rio está à beira de um colapso, o que autorizaria uma espécie de 
intervenção parcial, por meio da suspensão provisória do pacto federativo e, portanto, 
da autonomia de tal ente federativo especificamente nessa área.
Após completar um mês de vigência desse decreto, no dia 16 de março, o PSOL 
ajuizou ação direta de inconstitucionalidade com pedido de suspensão liminar da 
intervenção federal decretada. O Supremo Tribunal ainda não definiu data para julgar 
a suspensão dos efeitos do decreto.
O artigo em questão propõe, com isso, uma investigação sobre os contornos 
(in)constitucionais da intervenção federal decretada à luz do sentido performativo do 
projeto constituinte. Justifica-se o presente empreendimento frente a preocupação com 
a discussão científica e fundamentada acerca de um tema capturado pelo senso comum 
e pelo debate superficial que, muitas vezes, revela-se na polarização pró e contra.
Sabe-se muito pouco sobre a Intervenção Federal para além da análise ideologi-
camente direcionada e pouco atenta com a profundidade e conhecimento técnico dos 
casos em questão empreendida pelos grandes meios de comunicação. No campo da 
discussão crítica e metódica, pouco se produziu sobre as possibilidades e limites da 
Intervenção Federal numa concepção constitucionalmente adequada.
Busca-se aqui, primeiramente, mostrar a falta de legitimidade do ato normativo 
com base na necessidade de explicitação do alcance e das condições da intervenção, 
segundo o art. 36 § 1º da CR88 e o princípio da motivação e da transparência.
Feito isso, é analisada a atribuição da natureza militar conferida à intervenção 
federal, demonstrando sua impossibilidade frente à compreensão constitucional do 
instituto e do papel atribuído às Forças Armadas.
Por fim, é feito um diagnóstico com base na questão do que a intervenção federal 
tal como decretada no atual governo tem dito sobre os caminhos que o projeto cons-
tituinte tem trilhado hoje, após 30 anos de sua fundação.
119ENTRE O PROJETO CONSTITUINTE E A INTERVENÇÃO 
FEDERAL NO RIO DE JANEIRO
Os limites da Intervenção e o sentido performativo da 
Constituição de 1988
De forma inédita, desde a promulgação da Constituição de 1988, decretou-se 
no Brasil o instituto da intervenção federal por meio do decreto n. 9288, efetivado 
pelo então presidente Michel Temer, em fevereiro desse ano. Esse ineditismo suscita 
questionamentos relevantes, especialmente no que se refere à sua correspondência 
diante do sentido performativo do projeto constituinte inaugurado em 1988.
A Constituição brasileira, em sua fundação, representou um corte na história 
institucional2, uma ruptura em relação aos atos de força e de intervenção praticados na 
Ditadura Militar, por meio da promessa intersubjetivamente firmada de sujeitos livres e 
iguais que se determinam a si mesmos3 num espaço público permeado pela supremacia 
da lei e pela prevalência dos direitos fundamentais (art. 4 da CR88).
Esse momento instituidor definiu o pacto federativo como núcleo fundamental de 
organização do Estado (art.1 caput), constituindo-se, inclusive, como cláusula pétrea, 
(art. 60, parágrafo 4, I) e, portanto, previu a intervenção federal apenas como medida 
excepcional e de alto potencial de gravidade (art 34-36). Sua decretação, portanto, exige 
justificativa clara da existência de situação gravosa e ainda adequação precisa em 
relação à Constituição, de modo a evitar que outros direitos e princípios sejam violados.
Em sentido contrário, o decreto de Temer foi efetivado sob o argumento abstrato 
de “se pôr termo ao grave comprometimento da ordem pública” sem, contudo, oferecer 
maiores esclarecimentos ou explicações acerca do que venha a ser essa ofensa grave. 
O decreto limitou-se a enunciar o requisito da Constituição, como se essa mera enun-
ciação fosse, por si só, fundamentação adequada para a constitucionalidade do ato. 
Porém, é preciso afirmar, talvez, o óbvio: sem a demonstração da situação fática capaz 
de embasar a medida, falta justamente o requisito constitucional que conferiria validade 
à intervenção federal decretada.
2 COSTA JUNIOR, Ernane Salles; GALUPPO, Marcelo Campos. A democracia como promessa: entre 
a imprescindibilidade do cálculo e a experiência aporética da justiça. In: CATTONI DE OLIVEIRA, 
Marcelo Andrade; MACHADO, Felipe Daniel Amorim (org). Constituição e Processo: a resposta do 
constitucionalismo à banalização do terror. Belo Horizonte: Del Rey, 2009.
3 CATTONI DE OLIVEIRA, Marcelo Andrade. Da Constitucionalização do Processo à Procedimentalização 
da Constituição: Uma Reflexão no Marco da Teoria Discursiva do Direito.In: SARMENTO, Daniel; SOUZA 
NETO, Cláudio Pereira (Coords.). A Constitucionalização do Direito: Fundamentos Teóricos e Aplicações 
Específicas. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2007, pp. 541-547.
120 Ernane Salles da Costa Junior
Isso encontra correspondência na distinção tradicional do Direito Administrativo 
entre motivo e motivação no que se refere aos atos administrativos.4 Motivo é comu-
mente compreendido como a causa imediata do ato administrativo ou, em outros termos, 
refere-se à situação de fato e de direito que autorizou ou determinou a sua prática. 
Por outro lado, motivação é vista como a explicitação dessas razões, declaração, por 
escrito, dos motivos que autorizarama prática do ato, por meio da demonstração da 
caracterização da situação de fato e da consequente indicação dos dispositivos legais 
em que ela especificamente se enquadra.
A motivação é uma exigência do Direito, especialmente naqueles casos, como 
na hipótese da intervenção, que neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses ou 
mesmo que imponham ou agravem deveres encargos ou sanções, como bem enuncia 
a lei 9784/1999, em seu art. 50, I e II.
O fundamento constitucional da obrigação de motivar está implícito tanto no art.1, 
II, que indica a cidadania com um dos fundamentos da República, quanto no parágrafo 
único deste dispositivo, segundo o qual todo poder emana do povo, como ainda no 
art. 5, XXXV, que assegura o direito à apreciação judicial nos casos de ameaça ou 
lesão de direito5: é que o princípio da motivação é reclamado quer como afirmação do 
direito político dos cidadãos ao esclarecimento do “porquê” das ações de quem gere 
negócios que lhes dizem respeito por serem titulares últimos do poder, quer como direito 
individual a não se assujeitarem a decisões arbitrárias, pois só têm que se conformar 
às que forem ajustadas às leis6.
Trata-se também de uma derivação de outros princípios constitucionais como 
a da transparência e da publicidade, reforçados, constitucionalmente, pelo caput do 
4 Sobre esses princípios ver mais em: DE ARAÚJO CINTRA, Antônio Carlos. Motivo e motivação do ato 
administrativo. Revista dos Tribunais, 1979.
5 BANDEIRA DE MELLO, Celso Antônio. Curso de Direito Administrativo. 27 ed. São Paulo: Malheiros, 2010, 
p. 109.
6 BANDEIRA DE MELLO, Celso Antônio. Curso de Direito Administrativo. 27 ed. São Paulo: Malheiros, 2010, 
p. 109-110.
121ENTRE O PROJETO CONSTITUINTE E A INTERVENÇÃO 
FEDERAL NO RIO DE JANEIRO
art. 377 e art. 5, em particular, nos incisos XXXIII8 e LX9. É, pois, condição de validade 
do próprio ato, uma vez que é por meio dessa motivação que se torna possível coibir 
os abusos praticados pela Administração numa esfera pública democrática orientada 
por princípios constitucionais: apresentadas as razões da prática do ato, esse pode 
vir a ser impugnado judicialmente, com base na conformidade dessas razões com a 
Constituição.
É nesse sentido que os atos administrativos praticados sem a tempestiva e sufi-
ciente motivação são ilegítimos e invalidáveis pelo Poder Judiciário toda vez que sua 
fundamentação for tardia, incompleta ou inexistente e ainda não oferecer segurança 
e certeza de que os motivos aduzidos efetivamente existiam ou foram aqueles que 
embasaram a providência contestada10.
Essa ausência de motivação do decreto interventivo, especialmente, no que diz 
respeito ao esclarecimento de qual o “grave comprometimento da ordem pública” que 
a intervenção solucionaria na prática, constitui-se, desse modo, como um empecilho 
do controle dos limites da atuação da Administração, tornando a intervenção federal 
uma medida a ser aplicada com base na vontade do presidente, com base na sua 
consciência, como se o ato de intervir fosse fruto de exclusivo juízo político.
Perspectivas decisionistas como essa encontravam amparo na teoria de Carl 
Schmitt, que fundamentou o Estado de Exceção, tendo, inclusive, desdobramento nos 
escritos nazistas de 1933 até 1936 além de elogios ao fascismo11. Afirmava Schmitt 
que o soberano é quem pode exceder a norma para guardá-la. O soberano, nesses 
termos, “decide tanto sobre a ocorrência do estado de necessidade extremo, bem como 
7 “A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito 
Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, 
publicidade e eficiência”.
8 “todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse 
coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas 
cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado”.
9 “a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o 
interesse social o exigirem”.
10 BANDEIRA DE MELLO, Celso Antônio. Curso de Direito Administrativo. 27 ed. São Paulo: Malheiros, 2010, 
p. 109-110.
11 ALVES, Adamo Dias; CATTONI DE OLIVEIRA, Marcelo Andrade. Carl Schmitt: um teórico da Exceção sob 
o Estado de Exceção. Revista Brasileira de Estudos Políticos | Belo Horizonte | n. 105 | pp. 225-276 | jul./
dez. 2012
122 Ernane Salles da Costa Junior
sobre o que se deve fazer para saná-lo12”, ele é, portanto, “aquele que decide sobre o 
Estado de exceção13”. Nessa lógica, a decretação do estado de exceção seria um juízo, 
sobretudo, político, não podendo ser submetido ao controle jurisdicional.
Contra perspectivas assim e de modo a levar a sério a própria dimensão normativa 
da Constituição, cabe afirmar que a ideia de “grave comprometimento da ordem pública” 
não pode ser instrumentalizada de qualquer forma, não está a serviço da escolha do 
presidente, mas precisa ser clarificada de acordo com os limites do próprio Direito, como 
a escolha de medida menos gravosa que atenda aos fins a serem perseguidos14. Não 
é um conceito meramente político, mas tem contornos jurídicos, não é, pois, qualquer 
coisa que exsurge de um “ato de vontade”15, mas tem como obrigação normativa o 
esclarecimento de situações excepcionais e de crise que autorizem juridicamente 
a decretação da medida interventiva nos termos e limites impostos pelo direito, sob 
pena de inconstitucionalidade
É nesse contexto que a apropriação da noção de garantia da ordem pública, 
sem devida explicação de sua atribuição fática, de sua comprovação e do alcance 
dos meios para instaurá-la, tal como utilizada no decreto, não encontra consonância 
alguma com o sentido performativo do projeto constituinte pós-ditadura. Pelo contrário, 
o decreto de Temer assemelha-se muito à “subversão da ordem”, conceito previsto no 
Ato institucional n.2, e que justificaria o ato de força da intervenção do Presidente da 
República nos estados-membros16, conforme consta no seu art. 1717.
A ausência ou a desnecessidade de cumprimento dos limites traçados pela 
Constituição, vislumbrado numa espécie de “indecidibilidade entre normalidade 
12 Ver SCHMITT, Carl. Teologia Política. Belo Horizonte: Del Rey, 2006, p.8.
13 Ver SCHMITT, Carl. Teologia Política. Belo Horizonte: Del Rey, 2006, p. 7.
14 A referência aqui direta é ao princípio da proporcionalidade. Sobre esse princípio, ver mais em: BARROSO, 
Luís Roberto. Os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade no direito constitucional. Cadernos 
de Direito Constitucional e Ciência Política 6, no. 23 (1998): 65-78.
15 STRECK, Lenio Luiz. Intervenção federal ou militar? Ato discricionário? Qual é o limite? 22 de fev. 2018. 
Disponível em <https://www.conjur.com.br/2018-fev-22/senso-incomum-intervencao-federal-ou-militar-
ato-discricionario-qual-limite> Acesso em: 02 de jul. 2018.
16 ADI 5915 petição inicial proposta pelo PSOL. Disponível em < http://www.stf.jus.br/portal/processo/
verProcessoPeticao.asp?incidente=5372424 > Acesso em: 15 de agosto. 2018. 
17 AI n. 2: “Art. 17–Além dos casos previstos na Constituição federal, o Presidente da República poderá 
decretar e fazer cumprir a intervenção federal nos Estados, por prazo determinado: I–para assegurar a 
execução da lei federal; II–para prevenir ou reprimir a subversão da ordem”.
123ENTRE O PROJETO CONSTITUINTE E A INTERVENÇÃO 
FEDERAL NO RIO DE JANEIRO
e exceção18”, foi um dos traços marcantes da Ditadura Militar. Nesse período, a 
Constituição de 1967 ampliou as capacidades de intervenção e reduziu ao mínimo as 
autonomias dos Estados-membros19 e ainda abriu caminho para o Ato Institucional n.5, 
norma supraconstitucional, que no art. 320 previa a prescindibilidade de observância à 
Constituição para imposição deintervenção, e do mesmo modo que o decreto de Temer, 
dava ao interventor as amplas competências e atribuições de Governador do Estado21.
Opondo-se abertamente ao regime autoritário, o projeto constituinte que se fundou 
desde 1988 não admite o rompimento sumário e arbitrário do pacto federativo, ainda 
mais quando baseado em conceitos vagos e ausente de especificação da amplitude 
e condições de execução – como determinado de forma literal no art. 36 § 1º da 
Constituição de 198822. O Decreto não trouxe qualquer explicação desses requisitos, 
nem fixou instruções e regras capazes de orientar as medidas a serem adotadas pelo 
interventor nomeado.
Não fica claro quais seriam os meios pelos quais a intervenção seria concretizada 
e os órgãos envolvidos. Tudo permanece genérico e inespecífico demais: a área geográ-
fica é o Estado do Rio de Janeiro (amplíssima) e a área administrativa de atuação é a 
segurança pública (indefinida e amplíssima)23. Ao ofender diretamente os requisitos 
impostos pela própria Constituição assim como o sentido que seu projeto carrega, 
18 BARBOSA, Leonardo Augusto de Andrade. História constitucional brasileira: mudança constitucional, 
autoritarismo e democracia no Brasil pós-1964. Ed. 2. Brasília: Câmara dos Deputados, Edições Câmara, 
2016, p. 97.
19 HORTA, Raul Machado. A Constituição Federal e o Poder Constituinte do Estado. Revista da Faculdade 
de Direito, n. 32, 1989, outubro, p. 17.
20 AI n. 5: “Art. 3º–O Presidente da República, no interesse nacional, poderá decretar a intervenção nos 
Estados e Municípios, sem as limitações previstas na Constituição. Parágrafo único–Os interventores 
nos Estados e Municípios serão nomeados pelo Presidente da República e exercerão todas as funções 
e atribuições que caibam, respectivamente, aos Governadores ou Prefeitos, e gozarão das prerrogativas, 
vencimentos e vantagens fixados em lei”.
21 ADI 5915 petição inicial proposta pelo PSOL. Disponível em < http://www.stf.jus.br/portal/processo/
verProcessoPeticao.asp?incidente=5372424 > Acesso em: 15 de agosto. 2018.
22 “Art. 36. A decretação da intervenção dependerá: [...] § 1º O decreto de intervenção, que especificará a 
amplitude, o prazo e as condições de execução e que, se couber, nomeará o interventor, será submetido 
à apreciação do Congresso Nacional ou da Assembléia Legislativa do Estado, no prazo de vinte e quatro 
horas” (grifo nosso). 
23 ADI 5915 petição inicial proposta pelo PSOL. Disponível em < http://www.stf.jus.br/portal/processo/
verProcessoPeticao.asp?incidente=5372424 > Acesso em: 15 de agosto. 2018.
124 Ernane Salles da Costa Junior
esquivando-se de definir as especificidades, as medidas, as condições e os próprios 
limites de atuação e alcance da medida, o Decreto é inconstitucional.
Da impossibilidade de uma intervenção militar
Um outro ponto de constitucionalidade questionável no que se refere ao decreto 
interventivo é o parágrafo único do art. 2 segundo o qual “o cargo de interventor é de 
natureza militar”.
Ora, a Constituição da República classifica como militares os cargos da estru-
tura das Forças Armadas nacionais, bem como no âmbito dos Estados, os cargos da 
estrutura das polícias militares e do corpo de bombeiros militares, logo os demais 
cargos, permanentes ou temporários, são sempre de natureza civil-administrativa24 
e nem mesmo podem ser exercidos por um militar na ativa25. Do mesmo modo que 
cargos de Ministros de Estado ou de secretários do governo estadual ou municipal 
são de natureza civil, o cargo de interventor também o é. Suas atribuições, assim 
como as regras e a jurisdição que se aplicam a ele são igualmente civis, não sendo 
competente, por exemplo, a Justiça Militar para o processo e julgamento de eventuais 
crimes cometidos no exercício do cargo de interventor26. O que o decreto, então, faz é 
misturar equivocadamente a Intervenção com o uso das forças armadas, atribuindo à 
intervenção um caráter militar que a Constituição da República não lhe confere.
24 GALINDO, Bruno. No olho do furacão: federalismo, intervenção e direitos fundamentais. Justificando. 
23 de fevereiro de 2018. Disponível em: <http://justificando.cartacapital.com.br/2018/02/23/no-olho-do-
furacao-federalismo-intervencao-e-direitos-fundamentais/> Acesso em: 10 de jul 2018.
25 “Equivalendo, na hipótese, ao cargo de governador, o cargo de interventor não só jamais poderia ter 
natureza militar como sequer poderia ser exercido por militar na ativa. Conforme dispõe a Constituição 
Federal, nenhum militar na ativa poderá ocupar qualquer cargo eletivo, passando automaticamente para 
a inatividade no ato da diplomação (artigo 14, parágrafo 8º, I e II). A natureza necessariamente civil da 
administração pública é ainda reforçada em regras que impõem a transferência para a reserva do militar 
que tomar posse em cargo ou emprego público civil, inclusive quando este for temporário, caso em que 
o militar ficará agregado, passando para a reserva após dois anos de afastamento, ressalvada apenas 
a acumulação de cargos ou empregos privativos de profissionais da saúde” (artigo 142, parágrafo 3º, 
II e III). KARAM, Maria Lucia. O uso indevido das Forças Armadas em atividades de segurança pública. 
CONJUR. 22 de fevereiro de 2018. Disponível em: <http://justificando.cartacapital.com.br/2018/02/23/
no-olho-do-furacao-federalismo-intervencao-e-direitos-fundamentais/> Acesso em: 10 de jul 2018.
26 GALINDO, Bruno. No olho do furacão: federalismo, intervenção e direitos fundamentais. Justificando. 23 
de fevereiro de 2018. Disponível em: < https://www.conjur.com.br/2018-fev-22/maria-lucia-karam-uso-
indevido-militares-seguranca-publica> Acesso em: 10 de jul 2018.
125ENTRE O PROJETO CONSTITUINTE E A INTERVENÇÃO 
FEDERAL NO RIO DE JANEIRO
Em sentido contrário, o papel das Forças Armadas, tal como delineado pelo projeto 
constituinte, é colateral e complementar e, portanto, não principal no que se refere 
a segurança pública. Seu uso está limitado a operações pontuais e específicas. A 
atribuição de militares do Exército, da Marinha e da Aeronáutica para exercer atividades 
de policiamento ostensivo27, atividades essas próprias da Polícia Militar, viola, portanto, 
a Constituição e a lei complementar 97 de 1999. O uso de militares deve ser restrito 
e restritivo de modo a atuar para preservar o país e suas fronteiras contra a ameaça 
concreta à integridade do Estado ou ao governo constituído, podendo atuar com logís-
tica, inteligência, comunicação e instrução: fora disso, o uso é inconstitucional, como 
bem afirma Lênio Streck28.
No contexto ainda mais amplo no qual o emprego das Forças Armadas pode ser 
constitucionalmente compreendido, é impensável que sob uma Constituição como a 
brasileira, que edifica um Estado Democrático de Direito, fundado em um sistema de 
direitos fundamentais adotado tanto doméstica como internacionalmente, as Forças 
Armadas possam pretender “interferir” na política de forma legítima29. Isso fica ainda 
mais evidente quando se busca entender o tratamento dado à segurança pública no 
texto constitucional. Determina o seu art. 144 que
A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de 
todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade 
das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos: I–polícia 
federal; II–polícia rodoviária federal; III–polícia ferroviária federal; IV–
polícias civis; V–polícias militares e corpos de bombeiros militares.
Não consta, portanto, as Forças Armadas no rol definido pela própria Constituição 
como competente para atuação e gestão da segurança pública. Esse rol é ainda taxativo, 
27 Para André Luis Machado de Castro, “as Forças Armadas têm diversas e importantíssimas funções, 
para as quais são treinados e armados. Mas patrulhamento ostensivo não é uma delas. Essa atividade 
cabe à Polícia Militar.” Conjur. 16 de fevereiro de 2018. Paraespecialistas, intervenção federal no RJ 
é inconstitucional e não dá resultados. Disponível em <https://www.conjur.com.br/2018-fev-16/
intervencao-federal-rio-inconstitucional-nao-dara-resultados> acesso em: 5 de agosto de 2018.
28 Para especialistas, intervenção federal no RJ é inconstitucional e não dá resultados. Conjur. 16 de 
fevereiro de 2018. Disponível em <https://www.conjur.com.br/2018-fev-16/intervencao-federal-rio-
inconstitucional-nao-dara-resultados> acesso em: 5 de agosto de 2018.
29 CATTONI DE OLIVEIRA, Marcelo Andrade; BUSTAMANTE, Thomas da Rosa de; MEYER, Emilio Peluso. A 
Constituição protege o sistema político contra qualquer intervenção militar. 11 de outubro de 2017. 
Disponível em <https://www.conjur.com.br/2017-out-11/opiniao-intervencao-militar-constitucionalmente-
impossivel> acesso em: 19 de jul. de 2018.
126 Ernane Salles da Costa Junior
conforme declaração do Supremo Tribunal Federal, como se verifica no julgamento das 
ADI 2827/RS30 e ADI 1.182/DF31, sendo que o modelo e órgãos de segurança pública 
devem, inclusive, ser replicados pelos Estados-membros.
Como não poderia ser diferente em um Estado Democrático de Direito, a 
Constituição estabelece uma distinção clara entre as funções das Forças Armadas, 
de um lado, e as dos corpos militares e forças policiais, de outro. Com efeito, as funções 
policiais, abrangentes de atividades relacionadas à investigação de infrações penais, 
ao policiamento ostensivo e à preservação da ordem e da segurança pública, são 
eminentemente civis, pois se voltam para a defesa da sociedade e de seus cidadãos, o 
que, de forma evidente, difere radicalmente das funções reservadas às Forças Armadas 
de defesa da soberania e integridade nacionais, voltando-se para ameaças externas 
e guerras32.
30 EMENTA: Ação direta de inconstitucionalidade. 2. Emenda Constitucional nº 19, de 16 de julho de 1997, 
à Constituição do Estado do Rio Grande do Sul; expressão “do Instituto-Geral de Perícias” contida na 
Emenda Constitucional nº 18/1997, à Constituição do Estado do Rio Grande do Sul; e Lei Complementar 
nº 10.687/1996, com as alterações introduzidas pela Lei Complementar nº 10.998/1997, ambas 
do Estado do Rio Grande do Sul 3. Criação do Instituto-Geral de Perícias e inserção do órgão no rol 
daqueles encarregados da segurança pública. 4. O requerente indicou os dispositivos sobre os quais 
versa a ação, bem como os fundamentos jurídicos do pedido. Preliminar de inépcia da inicial rejeitada. 5. 
Observância obrigatória, pelos Estados-membros, do disposto no art. 144 da Constituição da República. 
Precedentes. 6. Taxatividade do rol dos órgãos encarregados da segurança pública, contidos no art. 
144 da Constituição da República. Precedentes. 7. Impossibilidade da criação, pelos Estados-membros, 
de órgão de segurança pública diverso daqueles previstos no art. 144 da Constituição. Precedentes. 8. 
Ao Instituto-Geral de Perícias, instituído pela norma impugnada, são incumbidas funções atinentes à 
segurança pública. 9. Violação do artigo 144 c/c o art. 25 da Constituição da República. 10. Ação direta 
de inconstitucionalidade parcialmente procedente. (Grifo nosso, ADI 2827, Relator(a): Min. GILMAR 
MENDES, Tribunal Pleno, julgado em 16/09/2010, DJe-065 DIVULG 05-04-2011 PUBLIC 06-04-2011 
EMENT VOL-02497-01 PP-00019)
31 EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. ARTIGO 117, INCISOS I, II, III E IV, DA LEI 
ORGÂNICA DO DISTRITO FEDERAL. ÓRGÃOS INCUMBIDOS DO EXERCÍCIO DA SEGURANÇA PÚBLICA. 
ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA. MATÉRIA DE INICIATIVA RESERVADA AO CHEFE DO PODER 
EXECUTIVO. MODELO DE HARMÔNICA TRIPARTIÇÃO DOS PODERES. INCONSTITUCIONALIDADE. 1. 
Por tratar-se de evidente matéria de organização administrativa, a iniciativa do processo legislativo 
está reservada ao Chefe do Poder Executivo local. 2. Os Estados-membros e o Distrito Federal devem 
obediência às regras de iniciativa legislativa reservada, fixadas constitucionalmente, sob pena de violação 
do modelo de harmônica tripartição de poderes, consagrado pelo constituinte originário. Precedentes. 3. 
Ação direta de inconstitucionalidade julgada procedente. (Grifo nosso, ADI 1182, Relator(a): Min. EROS 
GRAU, Tribunal Pleno, julgado em 24/11/2005, DJ 10-03-2006 PP-00005 EMENT VOL-02224-01 PP-00059 
LEXSTF v. 28, n. 327, 2006, p. 9-14)
32 KARAM, Maria Lucia. O uso indevido das Forças Armadas em atividades de segurança pública. Conjur. 
22 de fevereiro de 2018. Disponível em < https://www.conjur.com.br/2018-fev-22/maria-lucia-karam-uso-
indevido-militares-seguranca-publica> acesso em: 10 de jul. de 2018.
127ENTRE O PROJETO CONSTITUINTE E A INTERVENÇÃO 
FEDERAL NO RIO DE JANEIRO
Assim, a Constituição Federal não autoriza que haja a criação de uma “polícia” 
própria interventiva – uma polícia das Forças Armadas – excepcionando as forças 
de segurança existentes e constitucionalmente previstas, nem que haja autorização, 
também, para a criação, organização e funcionamento de uma estrutura administrati-
va-militar própria com atribuições, competências, orçamento, pessoal, equipamentos e 
outros, quanto mais para o exercício de polícia ostensiva33. É nesses termos que se torna 
impossível, à luz de uma compreensão constitucionalmente adequada, transformar a 
intervenção federal em “intervenção militar” na gestão pública da segurança regular, 
atribuindo às Forças Armadas fins diversos aos que a Constituição lhes impõe, como 
tenta fazer o decreto interventivo.
A militarização da questão da segurança pública, tal como delineada pela inter-
venção decretada, foi traço marcante da Ditadura Militar, momento em que a suspensão 
dos Direitos Fundamentais era legitimada em nome de um interesse maior da nação, 
um poder constituinte permanente34 que podia se revelar de modo presente e vivo 
mesmo contra a própria Constituição em vigor. É desse modo que o decreto busca 
inverter o projeto constituinte submetendo os direitos fundamentais ao imperativo do 
combate à violência e criminalidade do Rio, como se a persecução de fins desejáveis 
se impusesse contra os meios legítimos para tanto.
A consequência imediata desse tipo de medida é exacerbação da abordagem 
truculenta de uma ação policial voltada à luta contra o inimigo por meio, inclusive, da 
escolha estratégica de determinados espaços urbanos que se conformam a um recorte 
seletivo sobre o crime e o criminoso. Renasce o atavismo na construção de espaços e 
33 ADI 5915 petição inicial proposta pelo PSOL. Disponível em < http://www.stf.jus.br/portal/processo/
verProcessoPeticao.asp?incidente=5372424 > Acesso em: 15 de agosto. 2018.
34 Governos que procuram exercer o poder de maneira centralizadora e à margem de direitos fundamentais 
ainda assim insistem em recorrer à ideia de democracia. Na véspera do golpe militar, é relevante lembrar, 
diversos movimentos populares apoiaram a ruptura constitucional; assim como, no curso da ditadura, 
muitos procedimentos especiais de alteração da Constituição e de suspensão de direitos fundamentais 
foram realizados em nome de um poder constituinte permanente, isto é, pretensamente democrático. 
No preâmbulo do ato institucional n. 2, já se afirmava: “Não se disse que a revolução foi, mas que é e 
continuará. Assim o seu Poder Constituinte não se exauriu, tanto é ele próprio do processo revolucionário, 
que tem de ser dinâmico para atingir os seus objetivos”. A revolução, por estar viva, promoveria o que for 
preciso, “insistindo patrioticamente em seus propósitos de recuperação econômica, financeira, política 
e moral do Brasil”. A urgência autorizava a suspensão da Constituição por um poder constituinte dito 
democrático, permanente e dinâmico. 
128 Ernane Salles da Costa Junior
pessoas suspeitas que legitimam ações ilegais e violadoras sob o argumento da paz 
social e da guerra contra a criminalidade35.
Como consequência, o decreto implica, nos termos em que está posto, a cons-trução de um muro invisível no estado do Rio de Janeiro entre um Estado militar, 
com força bruta e ostensiva contra a parcela mais pobre da sociedade, conduzido 
e monitorado pelo Exército, e o Estado civil, sob o qual a Constituição ainda incide. 
Prova disso é a declaração feita pelo ministro da Defesa, Raul Jungmann, a pedido do 
general Walter Braga Netto, sobre a necessidade de se expedir mandados coletivos de 
busca e apreensão para apreender provas e armas ilegais, especialmente, em áreas 
mais extensas em razão da realidade urbanística da cidade: “Você muitas vezes sai 
com uma busca e apreensão numa casa, numa comunidade e o bandido se desloca”, 
afirmou o ministro36. O objetivo, segundo ele, seria conseguir cercar toda uma rua ou 
mesmo comunidade para capturar criminosos de modo a evitar a fuga.
Evidentemente, medidas como essa teriam como efeito a suspensão da 
Constituição de 1988 em seu núcleo fundamental. Mas em tempos de ataques reite-
rados a ela, de descrença no projeto de Estado permeado por direitos e princípios 
como fundação e construção continuada no tempo, nunca é demais reiterar seus 
compromissos vinculantes. O devido processo legal, as garantias de defesa, a proteção 
da esfera privada e íntima e a própria referência direta à casa como asilo inviolável 
inscritos na Constituição são limites materiais a qualquer tentativa arbitrária de se 
fundamentar “mandados coletivos” ou – como os militares e autoridades os tem 
denominado com fins de atenuação pela linguagem – “mandados com múltiplos alvos”.
Não se pode em nome do fantasmagórico combate ao crime ou sob qualquer outro 
pretexto permitir que agentes (polícia ou exército) entrem, sem um mandado judicial 
específico, determinado, limitado e devidamente fundamentado, na casa de qualquer 
35 MOURA, Eduardo. Intervenção federal no Rio favorece quem se beneficia com a criminalidade. Conjur. 29 
de abril de 2018. Disponível em: <https://www.conjur.com.br/2018-abr-29/eduardo-moura-intervencao-
rio-favorece-quem-ganha-crimes> Acesso em: 1 de agosto de 2018.
36 Disponível em < https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/ministerio-publico-diz-ser-ilegal-mandado-
de-busca-coletivo-em-intervencao-no-rj.ghtml> Acesso em: 3 de agosto de 2018.
129ENTRE O PROJETO CONSTITUINTE E A INTERVENÇÃO 
FEDERAL NO RIO DE JANEIRO
pessoa, salvo nos casos previstos37 na Constituição da República38. A Constituição 
repudia, pois, mandados em branco, que confiram salvo conduto para prender, apreender 
e ingressar em domicílios, assim como ordens judiciais genéricas, destinadas a serem 
cumpridas por coletividades.
A situação ainda se agrava, diríamos, já que os afetados pela medida inconstitu-
cional são muito bem determinados, tem classe e cor, como se a violência estivesse 
circunscrita nas favelas e bairros mais pobres. A igualdade jurídica está sob ameaça. 
O que está em jogo, com a intervenção decretada, é o esfacelamento do próprio 
sentido que o projeto constituinte carrega: aquele de produzir, faticamente e ao longo 
de sucessivas gerações, uma comunidade política de sujeitos livres e iguais que se 
reconhecem assim reciprocamente.
O que a intervenção tem revelado sobre nós?
Embora instrumentalizada sob o pretexto de enfrentar o sério problema da 
violência do Rio de Janeiro, identificada com a referência vaga a expressão “grave 
comprometimento da ordem pública”, a intervenção federal no Rio não se propõe à 
efetiva redução da criminalidade, na medida em que não produz política pública de 
segurança de longo prazo, ancorada em um sistema complexo e dialógico que se 
prolongue no tempo, simultaneamente preventivo e repressivo, envolvendo os diferentes 
entes federados e as forças policiais. “Trata-se de medida apressada de contenção 
da criminalidade, com problemáticas e graves repercussões seletivas e fundadas na 
violência e no medo”39.
A intervenção no Rio parece, nesse contexto, expor uma crise constitucional que 
transcende o caso em análise e que requer maior atenção para uma compreensão 
mais refinada desses tempos. A apropriação do termo crise aqui não é em vão. A 
37 Art. 5, XI, da Constituição de 1988: “a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar 
sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, 
ou, durante o dia, por determinação judicial”.
38 YAROCHEWSKY, Leonardo Isaac. Mandado de busca e apreensão coletivo viola direitos e garantias 
fundamentais. Justificando. 20 de fevereiro de 2018. Disponível em <http://justificando.cartacapital.
com.br/2018/02/20/mandado-de-busca-apreensao-coletivo-viola-direitos-e-garantias-fundamentais/> 
Acesso em 10 de julho de 2018.
39 MOURA, Eduardo. Intervenção federal no Rio favorece quem se beneficia com a criminalidade. Conjur. 29 
de abril de 2018. Disponível em: <https://www.conjur.com.br/2018-abr-29/eduardo-moura-intervencao-
rio-favorece-quem-ganha-crimes> Acesso em: 1 de agosto de 2018.
130 Ernane Salles da Costa Junior
palavra crise, pelo menos no Brasil, é uma daquelas utilizadas de forma corrente por 
figuras públicas e pela impressa para traduzir, por vezes, um estado de turbulências e 
de desconforto com o cenário vigente. Concebido dessa forma, o termo faz referência, 
muitas vezes, aos problemas e contratempos no interior de uma ordem política e, 
portanto, a tensões e desafios a serem enfrentados na própria lógica interna das 
democracias contemporâneas. É nesse sentido que a sua apropriação rotineira implica, 
por um lado, a própria banalização da ideia de crise e, em outro, o esvaziamento do 
seu sentido.
Considerando seu significado mais preciso, aquele proveniente dos dicionários 
de língua portuguesa, tem-se que crise indica “mudança súbita ou agravamento que 
sobrevém no curso de uma doença aguda” ou “conjuntura ou momento perigoso” 
ou mesmo “desacordo que obrigado instituição ou organismo a recompor-se ou a 
demitir-se”. Remete, portanto, a uma anormalidade que conduz à ideia de um momento 
de transição ou ruptura.
Partindo dessa noção tecnicamente mais afinada do termo, há razões para enxergar 
traços de uma verdadeira “crise constitucional” que podem ser observados, de modo 
específico, na intervenção decretada e, de modo geral, na conjuntura político-jurídica 
brasileira pelo menos desde o “impeachment” da ex presidente Dilma, sem correr o 
risco de uma banalização ou instrumentalização ideológica do termo. Trata-se de uma 
“crise”, primeiramente, porque coloca em evidência a excepcionalidade e o rompimento 
como chave de resolução dos problemas. Ela é “constitucional”, porque é a Constituição 
de 1988 que está colocada à prova, sua função está em risco e “os procedimentos 
ordinariamente disponíveis para o enfrentamento de impasses e discordâncias não 
são suficientes para resolver o impasse político40”.
Tal crise constitucional se expressa numa nova consciência histórica que se 
firmou, como legado das jornadas de junho de 2013, impulsionada pela potencialização 
da narrativa ressentida do atraso nacional, isto é, pela crescente adesão ao discurso 
desqualificador da política, do Estado e, obliquamente, da Constituição41.
40 PAIXÃO, Cristiano. 30 anos: crise e futuro da Constituição. 03/05/2018. Disponível em: https://www.jota.
info/opiniao-e-analise/artigos/30-anos-crise-e-futuro-da-constituicao-de-1988-03052018 Acesso em 20 
de maio 2018.
41 Essa tese foi desenvolvida no meu livro, fruto da pesquisa de doutoramento: COSTA JUNIOR, Ernane 
Salles da. Constitucionalismo do Atraso. Belo Horizonte, MG: Editora D’Plácido, 2017.
131ENTRE O PROJETO CONSTITUINTE E A INTERVENÇÃO 
FEDERAL NO RIO DE JANEIRO
Entende-se por consciência histórica o modo como uma sociedade se situa no 
tempo que se articula num jogo de tensões que só se realiza no presente entre duas 
categorias – meta-históricas – que são o “espaço de experiência”, entendido comoum 
conjunto de heranças e o modo como percebemos, consciente ou inconscientemente, 
as vivências e como organizamos, narrativamente, as visões do passado, e o “horizonte 
de expectativa”, aquele sobre o qual se projetam as previsões, as antecipações, os 
temores e a esperança, até mesmo as utopias que dão o conteúdo ao futuro histórico42.
Especificamente aqui, identifico a crise constitucional como expressão de uma 
crise dessa consciência histórica – especialmente delineada nas jornadas de junho 
–, na medida em que está atrelada, de um lado, ao encurtamento da experiência polí-
tico-constitucional brasileira – percebida pela ótica única e linear do fracasso – e, de 
outro, à hipertrofia do horizonte de expectativa – no sentido da realização radical de 
todos sonhos aqui e agora.
Em outras palavras, o aumento da indignação contra o Estado, contra a violência 
e contra a política de modo geral e a rearticulação de uma ideologia conservadora, 
pelo menos desde as manifestações de 201343, coloca em evidência uma espécie de 
síndrome da impaciência na resolução de problemas brasileiros sérios, como o da 
criminalidade e da violência, da noite para o dia.
O discurso, amplamente divulgado, segundo o qual a segurança pública no Rio 
de Janeiro precisa de salvação aliada à concepção de que as instituições e governo 
são ineficientes, corruptos e “engessados” levam a ideia de que tudo está à beira de 
um colapso e que precisa, urgentemente, de uma ruptura radical que proporcionaria 
ganhos de moralidade. Esses elementos que compõem, entre nós, uma narrativa do 
atraso foram articulados no pronunciamento dado pelo presidente Michel Temer como 
justificativa à decretação da intervenção, logo após a sua assinatura do dia 16 de 
42 Essa compreensão de consciência histórica está em RICOEUR, Paul. A crise da consciência histórica 
e a Europa. Lua Nova: Revista de Cultura e Política, São Paulo, n.33, p.87-95, maio 1994. e também em 
KOSELLECK, Reinhart. Futuro passado: contribuição à semântica dos tempos históricos. Rio de Janeiro: 
Ed. PUC-Rio, Contraponto, 2006.
43 “O ‘contra tudo isso que está aí’ converte-se, pois, em urgência; a sede de mudar as estruturas políticas 
do Brasil recai numa síndrome da pressa que ameaça conquistas e avanços em termos normativos: 
o tempo do direito precisa se acelerar para se adequar aos anseios de uma soberania massificada, 
ainda que contra seus ritos e procedimentos. A narrativa do atraso, como ferida aberta de processos 
de reconhecimento da identidade nacional, conduz, assim, a soluções autoritárias, de fuga da ordem 
jurídica vigente, pois “justificadas”. COSTA JUNIOR, Ernane Salles da. Constitucionalismo do Atraso. 
Belo Horizonte, MG: Editora D’Plácido, 2017.
132 Ernane Salles da Costa Junior
fevereiro desse ano: “os senhores sabem que o crime organizado quase tomou conta 
do Estado do Rio de Janeiro. É uma metástase que se espalha pelo país e ameaça 
a tranquilidade do nosso povo44”, declarou Temer. Buscando ainda a adesão pela 
via de soluções enfáticas e urgentes, o presidente reconheceu que a intervenção é 
uma “medida extrema45”, mas disse ser necessária porque “as circunstâncias assim 
exigem46”: “sei tratar-se de uma medida extrema, mas muitas e muitas vezes, o Brasil 
está a demandar medidas extremas para pôr ordem nas coisas47”.
A intervenção em sua excepcionalidade se colocaria a serviço de romper de 
forma abrupta com esse quadro catastrófico, delineado em seu pronunciamento pela 
constatação da “morte de inocentes” e de “bairros inteiros situados, escolas, sob a mira 
de fuzis e avenidas transformadas em trincheiras”. Tudo isso revelaria a desordem em 
que o atual o estado de coisas se encontra. E “a desordem, sabemos todos, é a pior 
das guerras”, enfatizaria Temer: “Por isso, chega. Basta. Nós não vamos aceitar que 
matem nosso presente, nem continuem a assassinar o nosso futuro”.
Se o passado e presente são algo a se superar e se o futuro já é amanhã, quando 
não hoje mesmo, nenhum projeto de médio ou longo prazo pode ser pensado, e todos 
44 TEMER, Michel. Discurso do Presidente da República, Michel Temer, durante Assinatura do Decreto de 
Intervenção na Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro. Brasília/DF. 16 de fevereiro de 2018. 
Disponível em: <http://www2.planalto.gov.br/acompanhe-planalto/discursos/discursos-do-presidente-
da-republica/discurso-do-presidente-da-republica-michel-temer-durante-assinatura-do-decreto-de-
intervencao-na-seguranca-publica-do-estado-do-rio-de-janeiro-brasilia-df> Acesso em: 7 de julho de 
2018.
45 TEMER, Michel. Discurso do Presidente da República, Michel Temer, durante Assinatura do Decreto de 
Intervenção na Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro. Brasília/DF. 16 de fevereiro de 2018. 
Disponível em: <http://www2.planalto.gov.br/acompanhe-planalto/discursos/discursos-do-presidente-
da-republica/discurso-do-presidente-da-republica-michel-temer-durante-assinatura-do-decreto-de-
intervencao-na-seguranca-publica-do-estado-do-rio-de-janeiro-brasilia-df> Acesso em: 7 de julho de 
2018.
46 TEMER, Michel. Discurso do Presidente da República, Michel Temer, durante Assinatura do Decreto de 
Intervenção na Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro. Brasília/DF. 16 de fevereiro de 2018. 
Disponível em: <http://www2.planalto.gov.br/acompanhe-planalto/discursos/discursos-do-presidente-
da-republica/discurso-do-presidente-da-republica-michel-temer-durante-assinatura-do-decreto-de-
intervencao-na-seguranca-publica-do-estado-do-rio-de-janeiro-brasilia-df> Acesso em: 7 de julho de 
2018.
47 TEMER, Michel. Discurso do Presidente da República, Michel Temer, durante Assinatura do Decreto de 
Intervenção na Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro. Brasília/DF. 16 de fevereiro de 2018. 
Disponível em: <http://www2.planalto.gov.br/acompanhe-planalto/discursos/discursos-do-presidente-
da-republica/discurso-do-presidente-da-republica-michel-temer-durante-assinatura-do-decreto-de-
intervencao-na-seguranca-publica-do-estado-do-rio-de-janeiro-brasilia-df> Acesso em: 7 de julho de 
2018.
133ENTRE O PROJETO CONSTITUINTE E A INTERVENÇÃO 
FEDERAL NO RIO DE JANEIRO
os obstáculos que, como uma Constituição, se opõem a mudanças bruscas e imediatas 
são vistos meramente como paredes a serem derrubadas – nunca como muros de 
proteção. O traço, talvez, mais marcante dessa consciência histórica, entre nós, seja 
essa nova relação entre tempo e Constituição, experimentada como aceleração48: 
“como se todo processo se tornasse uma insuportável espera e todo caminho definido 
pelo direito um retardamento incontornável apto a impedir o curso do tempo social 
das transformações”49.
A urgência de se resolver o mal da criminalidade e a narrativa depreciativa e linear 
do fracasso das políticas públicas de combate à violência abrem caminho “a ideia 
mágica” de satisfação imediata do desejo, como a crença de que a única saída aberta 
é a do rompimento sumário e abrupto com a Constituição a partir de uma espécie de 
modernização autoritária. A intervenção como medida de excepcionalidade e urgência 
emerge, assim, como solução messiânica.
Nessa vontade tenaz de se lançar diretamente ao futuro, rompendo com a letargia 
das instituições democráticas e dos processos delineados pela Constituição, a inter-
venção é vendida ideologicamente como salvação autoritária, mas imediata e eficaz 
para o efetivo combate ao crime e à violência urbana no Rio de Janeiro. Mas o que se 
perde nessa simplificação absurda é justamente que a Constituição e a democracia 
não são obstáculos, mas sim condição de possibilidade para o enfrentamento dessas 
questões políticas relevantes.
E essa construção crítica de soluções plausíveis para as deficiências da segurança 
pública se faz não com rompimento, mas com uma gestão mais democrática, mais 
cooperativa entre os entes federativos, buscando maior integração entre as polícias,transparências e participação social, além de priorização de práticas preventivas e 
de investimento em políticas sociais. Isso logicamente requer tempo e abertura ao 
aprendizado da experiência; requer esforço em construir soluções criativas e, ao mesmo 
tempo, apoiadas no tecido social das políticas públicas já existentes, de modo desen-
volvê-las e corrigi-las, com a possibilidade aberta de lhes conferir novos rumos. Não 
há, pois, solução mágica e sim construção dialógica e compartilhada da segurança 
pública, por meio da ampliação de práticas que tiverem ou ainda tem eficácia e de 
48 Sobre o tema da aceleração, ver ROSA, Hartmut. Aliénation et accélération: vers une théorie critique de 
la modernité tardive. la Découverte, 2017.
49 COSTA JUNIOR, Ernane Salles da. Constitucionalismo do Atraso. Belo Horizonte, MG: Editora D’Plácido, 
2017, p. 247-248.
134 Ernane Salles da Costa Junior
reinvenção e restruturação da gestão, o que não significa nem ruptura completa, nem 
modernização autoritária.
Todo esse empreendimento, que envolve não só a luta truculenta contra a crimi-
nalidade, mas um conjunto de ações concretas complexas e coordenadas, não se 
opõe ao projeto constituinte, mas é parte estruturante dele, pois se incorpora aos 
compromissos normativos duráveis na forma de realização de política de segurança 
pública de longo prazo. Constitui-se assim em processo tenso e contraditório não 
imediatista de construção da cidadania e de aprendizado no tempo, sujeito inclusive 
a erros e tropeços, que toma os capítulos passados e presentes como base desse 
aprendizado50 e os desenvolve na história ao longo de consecutivas propostas e até 
mesmo de sucessivos governos.
Considerações Finais
O artigo examinou os contornos inconstitucionais do decreto n. 9288/2018 do 
presidente Michel Temer que instaurou a intervenção federal no Rio de Janeiro à luz do 
sentido performativo do projeto constituinte. Foi constatado, num primeiro momento, 
que o decreto interventivo se realizou sem explicitação precisa dos motivos, do alcance, 
dos contornos e das competências ao general atribuída, violando, portanto, o princípio 
da motivação, da transparência e do devido processo legal. Em seguida, verificou-se 
que a expressão “ordem pública” é demasiado vaga e requer maior explicações, de 
modo a possibilitar o controle efetivo e democrático das atividades da Administração 
Pública. Num terceiro momento, foi examinada a tentativa, pelo decreto, de atribuição 
de natureza militar à intervenção federal, demonstrando sua impossibilidade frente 
à compreensão constitucionalmente adequada do instituto e do papel das forças 
armadas como instituição colateral e suplementar, com treinamento específico para 
atuar na defesa do território e carente de competência para a administração e condução 
regular da segurança pública. Por fim, concluiu-se que tal intervenção tem evidenciado 
a banalização de medidas de urgência e de exceção, num contexto de aprofundamento 
de um surto de impaciência, que desvelam, no Brasil, uma crise constitucional.
50 É nessa perspectiva que esse trabalho se conecta à outras pesquisas por mim desenvolvidas sob o 
pano de fundo de uma teoria crítica da Constituição como aquela desenvolvida por Marcelo Andrade 
Cattoni de Oliveira. CATTONI DE OLIVEIRA, Marcelo Andrade. Contribuições para uma Teoria Crítica da 
Constituição. Belo Horizonte: Arraes, 2017.
135ENTRE O PROJETO CONSTITUINTE E A INTERVENÇÃO 
FEDERAL NO RIO DE JANEIRO
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CATTONI DE OLIVEIRA, Marcelo Andrade. Da Constitucionalização do Processo à 
Procedimentalização da Constituição: Uma Reflexão no Marco da Teoria Discursiva 
do Direito.In: SARMENTO, Daniel; SOUZA NETO, Cláudio Pereira (Coords.). A 
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MEYER, Emilio Peluso. A Constituição protege o sistema político contra qualquer 
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COSTA JUNIOR, Ernane Salles da. Constitucionalismo do Atraso. Belo Horizonte, MG: 
Editora D’Plácido, 2017, p. 247-248.
COSTA JUNIOR, Ernane Salles; GALUPPO, Marcelo Campos. A democracia como 
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DE ARAÚJO CINTRA, Antônio Carlos. Motivo e motivação do ato administrativo. 
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HORTA, Raul Machado. A Constituição Federal e o Poder Constituinte do Estado. 
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