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Coletânea de Entendimentos TCE

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1
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
2
Pareceres em Consultas
Coletânea
de Entendimentos
TCEMG
FICHA CATALOGRÁFICA
 Revista do Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais.
 Ano 1, n. 1 (dez. 1983- ). Belo Horizonte: Tribunal de
 Contas do Estado de Minas Gerais, 1983 - 
 Periodicidade irregular (1983-87)
 Publicação interrompida (1988-92)
 Periodicidade trimestral (1993- )
 ISSN 0102-1052
 1. Tribunal de Contas — Minas Gerais — Periódicos 2. Minas
 Gerais — Tribunal de Contas — Periódicos.
 CDU 336.126.55(815.1)(05)
Capa e projeto gráfico: 
Revista do TCEMG
Impressão e acabamento:
Rona Editora Gráfica 
ISSN 0102-1052
Publicação do Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais
Av. Raja Gabaglia, 1.315 — Luxemburgo
Belo Horizonte — MG — CEP: 30380-435
Revista: Edifício anexo — (0xx31) 3348-2142
Endereço eletrônico: <revista@tce.mg.gov.br>
Site: <www.tce.mg.gov.br>
Permite-se a reprodução desta publicação, 
em parte ou no todo, sem alteração do conteúdo, 
desde que citada a fonte e sem fins comerciais.
Os pareceres contidos nesta edição 
referem-se aos mais relevantes de jan./2001 a dez./2011.
Coletânea de Entendimentos — TCEMG 
Pareceres em Consultas
PALAVRA DO PRESIDENTE
A sociedade vive um novo tempo com profundas alterações 
paradigmáticas com reflexos significativos na Administração Pública.
Devido a essas transformações, impõe-se aos órgãos de controle 
o dever de reavaliar seus métodos e sistemática de atuação. As 
tradicionais análises formais e burocratizadas não mais condizem 
com a realidade da Administração Pública atual. É premente a 
fiscalização qualitativa e legítima das políticas públicas, que vá além 
do formalismo e das tecnicidades burocratizantes. 
Ademais, as Cortes de Contas são um celeiro de dados importantes 
e de informações sobre o conjunto de ações do Poder Público. É esse 
potencial que os Tribunais de Contas, como integrantes principais 
do sistema de controle dos atos públicos, necessitam desenvolver no 
exercício de suas atividades, de modo a ofertar à sociedade, além de 
um controle eficaz e resultados, em menor espaço de tempo, uma 
vasta gama de análises qualitativas, comparativas e também projeções 
acerca da administração pública.
Tal atuação contribuirá sobremaneira para o fortalecimento do 
controle social mais autêntico e legítimo, porque emanado da 
população detentora do poder soberano sobre os agentes públicos. 
Assim, quanto mais informações analíticas o Tribunal de Contas 
disponibilizar à sociedade, maior será a capacidade crítica dos 
cidadãos e das organizações civis para exigir dos governos e seus 
agentes ampla transparência da máquina administrativa e das 
políticas públicas adotadas. 
A busca de maior interação entre o Tribunal de Contas, os 
jurisdicionados e a sociedade deve ser incessante, de modo que o 
Tribunal possa cumprir sua função pedagógica e orientadora, atuando 
de forma preventiva. 
Para tanto, traz-se a lume a presente publicação que tem por escopo 
evidenciar o entendimento deste Tribunal de Contas acerca dos 
diferentes temas afetos à gestão pública e ao controle externo, de 
forma organizada e transparente. Com esse trabalho, conclui-se mais 
uma etapa do programa “O TCEMG e os Jurisdicionados”, instituído 
pela Resolução n. 03/2010, que tem por objetivo o desenvolvimento 
de ações pedagógicas que contribuam para melhorar a qualidade dos 
serviços prestados à sociedade. 
Esta coletânea reúne excertos de pareceres exarados nas consultas 
respondidas pela Casa, no período de janeiro de 2001 a dezembro 
de 2011. Esse trabalho da Diretoria de Jurisprudência, Assuntos 
Técnicos e Publicações foi elaborado conforme o plano institucional 
de consolidação de entendimentos e divulgação dos principais 
posicionamentos do Tribunal de Contas.
A todos uma boa leitura!
Antônio Carlos Doorgal de Andrada
Conselheiro Presidente
Antônio Carlos Doorgal de Andrada
CONSELHEIROS
Antônio Carlos Doorgal de Andrada Presidente
Adriene Barbosa de Faria Andrade Vice-Presidente
Sebastião Helvecio Ramos de Castro Corregedor
Eduardo Carone Costa 
Wanderley Geraldo de Ávila
Cláudio Couto Terrão Ouvidor
Mauri José Torres Duarte
AUDITORES
Gilberto Diniz
Licurgo Joseph Mourão de Oliveira
Hamilton Antônio Coelho
PROCURADORES DO MINISTÉRIO 
PÚBLICO DE CONTAS
Glaydson Santo Soprani Massaria Procurador-Geral
Marcilio Barenco Correa de Mello Subprocurador-Geral
Maria Cecília Mendes Borges
Sara Meinberg Schmidt de Andrade Duarte
Elke Andrade Soares de Moura Silva
Cristina Andrade Melo
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DE MINAS GERAIS
CORPO INSTRUTIVO
SECRETARIA EXECUTIVA DO TRIBUNAL DE CONTAS 
Leonardo de Araújo Ferraz 
SECRETARIA DA PRESIDÊNCIA
Joeny Oliveira de Souza Furtado
SUPERINTENDÊNCIA DE RELAÇÕES INSTITUCIONAIS E DESENVOLVIMENTO 
ORGANIZACIONAL 
Cristina Márcia de Oliveira Mendonça
SUPERINTENDÊNCIA DE APOIO AO CONTROLE EXTERNO 
Heloísa Helena Nascimento Rocha
DIRETORIA DE CONTROLE EXTERNO DO ESTADO 
Valquíria de Sousa Pinheiro Baia
DIRETORIA DE ASSUNTOS ESPECIAIS E DE ENGENHARIA E PERÍCIA 
Jacqueline Soares Gervásio Vianna de Paula
DIRETORIA DE CONTROLE EXTERNO DOS MUNICÍPIOS 
Cristiana de Lemos Souza Prates
DIRETORIA DE ADMINISTRAÇÃO 
Giovanna Bonfante
DIRETORIA DE GESTÃO DE PESSOAS 
Leila Renault da Silva
DIRETORIA DE PLANEJAMENTO, ORÇAMENTO E FINANÇAS 
Sandra Bezerra Gomes
DIRETORIA DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO 
Anna Flávia Lourenço Esteves Martins Bako
DIRETORIA DE JURISPRUDÊNCIA, ASSUNTOS TÉCNICOS E PUBLICAÇÕES 
Cláudia Costa de Araújo
DIRETORIA DA SECRETARIA DO PLENO 
Alexandre Pires de Lima
DIRETORIA DA ESCOLA DE CONTAS 
Gustavo Costa Nassif
DIRETORIA DE SEGURANÇA INSTITUCIONAL 
Musso José Veloso
DIRETORIA DE COMUNICAÇÃO 
Lúcio Braga Guimarães 
GABINETE DA PRESIDÊNCIA 
José Eduardo Lewer de Amorim Chefe de Gabinete
José Augusto de Oliveira Penna Naves Assessor
CONSULTORIA-GERAL 
Caio de Carvalho Pereira
Publicação do Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais sob responsabilidade 
do Conselheiro Presidente Antônio Carlos Doorgal de Andrada
- Organização -
Diretoria de Jurisprudência, Assuntos Técnicos e Publicações
Cláudia Costa de Araújo
- Elaboração -
Coordenadoria e Comissão de Jurisprudência e Súmula
Luisa Pinho Ribeiro Kaukal — Coordenação
Reuder Rodrigues Madureira de Almeida
Túlio César Pereira Machado Martins
- Pesquisa -
Lucas Gil Carneiro Salim
- Edição e Revisão - 
Coordenadoria da Revista 
Juliana Mara Marchesani — Coordenação
Diego Felipe Silva Abreu
Eliana Engler Sanches
Lívia Maria Barbosa Salgado
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO --------------------------------------------------------------------------- 15
1 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA --------------------------------------------------- 17
1.1 Administração pública direta ------------------------------------------------17
1.2 Administração pública indireta ----------------------------------------------18
1.3 Entes de cooperação ----------------------------------------------------------19
1.4 Associação de municípios ----------------------------------------------------22
1.5 Publicidade de atos -----------------------------------------------------------25
2 PATRIMôNIO PÚBLICO --------------------------------------------------------- 29
3 PLANEJAMENTO DA CONTRATAÇÃO -------------------------------------- 33
3.1 Fase interna -------------------------------------------------------------------33
3.2 Habilitação --------------------------------------------------------------------35
3.3 Objeto -------------------------------------------------------------------------37
3.4 Parcelamento e fracionamento ----------------------------------------------38
4 LICITAÇÃO -------------------------------------------------------------------------42
4.1 Cooperativas e consórcios públicos -----------------------------------------42
4.2 Modalidades ------------------------------------------------------------------44
4.3 Obrigatoriedade --------------------------------------------------------------47
4.4 Participação e competitividade ----------------------------------------------50
4.5 Publicidade dos atos ----------------------------------------------------------53
4.6 Registro de Preços ------------------------------------------------------------54
4.7 Outros -------------------------------------------------------------------------56
5 CONTRATAÇÃO DIRETA -------------------------------------------------------- 59
5.1 Dispensa de Licitação --------------------------------------------------------59
5.2 Inexigibilidade ----------------------------------------------------------------63
5.3 Licitação Dispensada ---------------------------------------------------------72
5.4 Outros -------------------------------------------------------------------------73
6 CONTRATOS ----------------------------------------------------------------------- 74
6.1 Prorrogação -------------------------------------------------------------------74
6.2 Reequilíbrio econômico-financeiro -----------------------------------------78
6.3 Sanção contratual -------------------------------------------------------------80
6.4 Outros -------------------------------------------------------------------------81
7 CONVÊNIOS E INSTRUMENTOS CONTRATUAIS CONGÊNERES ----- 84
7.1 Execução e fiscalização -------------------------------------------------------84
7.2 Outros -------------------------------------------------------------------------85
8 FINANÇAS PÚBLICAS ------------------------------------------------------------ 97
8.1 Créditos adicionais -----------------------------------------------------------97
8.2 Despesa --------------------------------------------------------------------- 100
8.3 Despesas com pessoal ------------------------------------------------------ 106
8.4 Disponibilidades financeiras ----------------------------------------------- 115
8.5 Educação -------------------------------------------------------------------- 119
8.6 Fundeb ---------------------------------------------------------------------- 129
8.7 Operações de crédito ------------------------------------------------------- 138
8.8 Planejamento e orçamento ------------------------------------------------- 139
8.9 Receita ---------------------------------------------------------------------- 141
8.10 Saúde ----------------------------------------------------------------------- 144
8.11 Transferências ------------------------------------------------------------- 148
9 CONTROLE INTERNO ----------------------------------------------------------150
10 CÂMARA MUNICIPAL ----------------------------------------------------------155
10.1 Competência -------------------------------------------------------------- 155
10.2 Folha de pagamento (gastos com pessoal) ------------------------------- 159
10.3 Repasse de recursos ao Poder Legislativo -------------------------------- 162
10.4 Saldo financeiro de caixa ------------------------------------------------- 171
10.5 Outros --------------------------------------------------------------------- 175
11 AGENTES POLÍTICOS -----------------------------------------------------------177
11.1 Conceituação -------------------------------------------------------------- 177
11.2 Acumulação --------------------------------------------------------------- 177
11.3 Aposentadoria ------------------------------------------------------------- 183
11.4 Fixação de subsídios ------------------------------------------------------ 184
11.5 Gratificação natalina ------------------------------------------------------ 191
11.6 Prefeito e vice-prefeito ---------------------------------------------------- 192
11.7 Recomposição ------------------------------------------------------------- 193
11.8 Secretário municipal ------------------------------------------------------ 197
11.9 Verba indenizatória ------------------------------------------------------- 198
11.10 Vereador ------------------------------------------------------------------ 206
11.11 Outros -------------------------------------------------------------------- 209
12 PESSOAL ----------------------------------------------------------------------------210
12.1 Criação e extinção de cargos --------------------------------------------- 210
12.2 Acumulação de cargos ---------------------------------------------------- 211
12.3 Admissão ------------------------------------------------------------------ 213
12.4 Retribuição pecuniária---------------------------------------------------- 220
12.5 Adicionais e vantagens ---------------------------------------------------- 228
12.6 Verba indenizatória ------------------------------------------------------- 238
12.7 Cessão --------------------------------------------------------------------- 240
12.8 Aposentadoria e reforma ------------------------------------------------- 243
12.9 Pensão --------------------------------------------------------------------- 258
12.10 Fiscalização pelo TCE --------------------------------------------------- 260
13 TERCEIRIZAÇÃO DE MÃO DE OBRA ---------------------------------------262
14 RESPONSABILIDADE -----------------------------------------------------------266
15 TOMADA E PRESTAÇÃO DE CONTAS ---------------------------------------269
15
INTRODUÇÃO
O Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais tem se destacado como órgão 
de controle, que prima pela transparência dos atos públicos. A Corte de Contas 
mineira, no cumprimento da função constitucional, se propõe a ser uma instituição 
de referência na garantia do direito da sociedade de acompanhar a regular e efetiva 
gestão dos recursos públicos.
A abertura dos canais de comunicação com os jurisdicionados e a sociedade bem 
como a disseminação do conhecimento mediante divulgação do trabalho do Tribunal 
constituem valores estratégicos da Casa.
Entre as atribuições do Tribunal, salienta-se sobretudo a de orientar, por meio de 
respostas a consultas formuladas pelos legitimados, elucidando dúvidas quanto à 
correta aplicação da legislação vigente. Assim, a Corte de Contas mineira atua de 
forma preventiva, evitando a ocorrência de irregularidades e danos ao erário. 
Nesse contexto, o TCEMG publica esta coletânea, na qual disponibiliza excertos 
dos entendimentos relativos às consultas mais relevantes dirigidas ao Tribunal, no 
período de janeiro de 2001 a dezembro de 2011, agrupados por áreas e temas.
Com base no Regimento Interno, os pareceres exarados em resposta a consultas 
possuem caráter normativo e pedagógico, na medida em que visam orientar os gestores 
sobre o entendimento do Tribunal acerca dos aspectos financeiro, orçamentário, 
contábil e patrimonial da gestão pública.
Recomenda-se que os gestores se mantenham atualizados em relação aos 
posicionamentos mais recentes deste Tribunal, disponíveis para pesquisa no 
Informativo de Jurisprudência do TCEMG (http://www.tce.mg.gov.br/informativo), 
no D.O.C. (http://doc.tce.mg.gov.br) e no sítio eletrônico do Tribunal 
(http://www.tce.mg.gov.br) onde é possível acessar, na íntegra, todas as decisões.
É oportuno ressaltar que os pareceres, exarados após esta edição, serão inseridos no 
Sistema de Mapeamento e Sistematização da Jurisprudência do TCEMG (Mapjuris), 
em fase final de elaboração, e que possibilitará a pesquisa das teses extraídas dos 
julgados e deliberações separadas por assunto.
Como visto, o TCEMG tem envidado esforços contínuos para a efetiva publicidade 
de suas ações e disseminação de seus entendimentos e deliberações, a fim de não 
só orientar a atuação dos gestores, mas também de fomentar o debate acerca das 
melhores práticas na gestão de recursos.
17
1ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
1.1 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DIRETA
[Criação de Defensoria Pública no âmbito municipal] A colaboração dos 
municípios com a Defensoria do Estado, se assim exigir o peculiar interesse local, 
devidamente comprovado e justificado, não pode ir além da cooperação prevista nos 
arts. 181 e 182 da Lei Maior Mineira, vedado o fornecimento de recursos humanos, 
salvo estagiários, sob pena de intermediação de mão de obra de servidor público 
estadual, numa verdadeira burla ao concurso público e, por conseguinte, aos direitos 
difusos (...) se de um lado os municípios estão, pela Constituição, desobrigados de 
organizar defensoria, por outro têm eles o dever legal de manter serviços de apoio 
jurídico à população carente, do que se conclui, com suporte na forma federativa 
adotada pela Carta da República de 1988, que é constitucional a instituição, por lei, 
de defensoria pública municipal (...) além de a Carta Magna não proibir a criação de 
defensoria pública pelos municípios, o art. 30, II, do mesmo diploma, possibilita a 
esses entes locais suplementar a legislação federal e estadual, inclusive nas matérias 
do art.  24 da referida Carta (...) não cabe aos municípios consulentes contratar 
advogados e colocá-los à disposição da Defensoria do Estado. Todavia poderá ele, o 
município, (...) instituir, organizar e manter a sua própria defensoria municipal desde 
que reclamada pela população local (Consulta n. 703162. Rel. Cons. Moura e Castro. 
Sessão do dia 08/03/2006).
[Município. Instituição de fundo de aval. Impossibilidade] (...) [há] 
impossibilidade de o município constituir Fundo de Aval para garantir obrigações 
creditícias contraídas por particulares (...). Como garantia típica de Direito Cambial, 
o aval tem por objetivo fortalecer o crédito de seus signatários. Sendo a obrigação 
cambial autônoma e abstrata, no caso de o Poder Público ser avalista, vincular-se-ia 
pela declaração unilateral de vontade expressa no título, o que significaria sua 
responsabilização por obrigação alheia perante a instituição bancária, o que afronta 
os princípios norteadores de Direito Administrativo, destacando-se a supremacia 
do interesse público sobre o particular e a inalienabilidade dos direitos concernentes 
ao interesse público (Consulta n. 692542. Rel. Cons. Wanderley Ávila. Sessão do 
dia 09/03/2005).
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
1818
[Competência para prover a segurança pública nos Municípios] (...) em matéria 
de segurança pública, o art. 144 da Constituição Federal tem caráter exaustivo, 
ao definir como órgãos do sistema de segurança as polícias federal, rodoviária 
e ferroviária federal, e as polícias civis e as polícias militares dos Estados, não 
comportando inovação por parte do legislador estadual e/ou municipal. (...). 
Feitas essas considerações, respondo ao consulente ser do Estado, por meio de sua 
polícia civil e militar, a responsabilidade pela segurança pública em municípios 
localizados em seu território. (...) em que pese incumbir ao Estado a construção de 
quartéis e/ou delegacias, bem como fornecer armamentos, veículos, combustíveis, 
fardas etc., para as suas polícias, pode o município colaborar financeiramente na 
manutenção de tais instalações técnicas e do referido serviço, se assim reclamar 
o peculiar interesse de sua população (Consulta n. 657444. Rel. Cons. Moura e 
Castro. Sessão do dia 19/06/2002).
[Implementação e participação de município em associação de crédito 
popular] (...) o município pode participar de uma associação como descrita 
[de crédito popular], desde que sejam observados: 1 — as exigências da Lei 
Federal nº 4.595/64, que dispõe sobre a política e as instituições monetárias 
bancárias e creditícias; 2 — a indispensável autorização legislativa municipal; 
3 — todos os princípios constitucionais do art.  37 da Constituição Federal de 
modo que, nas questões contratuais e financeiras decorrentes das operações da 
instituição que se deseja criar, sejam, compulsoriamente, exigidas a prática de 
atos que encontrem suporte legal, finalidade ética, transparência e isonomia de 
tratamento entre os micro e pequenos empreendedores. Cumpre acrescentar que 
a Lei de Responsabilidade Fiscal também condiciona a destinação de recursos 
públicos para o setor privado à autorização legislativa, ao atendimento da lei 
de diretrizes orçamentárias e à respectiva previsão no orçamento ou em seus 
créditos adicionais (Consulta n. 638721. Rel. Cons. Elmo Braz Soares. Sessão do 
dia 12/12/2001).
1.2 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA INDIRETA
[Incidência de ITBI sobre operações de realização de capital por ocasião de 
reorganização societária] Não incide Imposto de Transmissão de Bens Imóveis 
Inter Vivos  (ITBI) sobre a transferência, por sociedade de economia mista, de 
imóveis às suas subsidiárias a título de realização de capital, uma vez que a não 
incidência disposta no art. 156, § 2º, inciso I, da Constituição Federal, afasta as 
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hipóteses de imunidade, isenção e renúncia de receita (Consulta n. 778246. Rel. 
Cons. em Exerc. Licurgo Mourão. Sessão do dia 29/07/2009).
[Sociedades de Economia Mista. Despesas com pagamento de empregados 
afastados para exercício de mandato eletivo] (...) o texto constitucional 
transcrito [art. 38] e que regula a matéria estabelece de maneira didática seu 
alcance e destinatários, ou seja, servidores públicos da administração direta, 
autárquica e fundacional. Não fala em [sociedade de economia] mista. A 
[omissis], sociedade de economia mista, ainda que definida na Constituição 
Estadual como integrante de sua administração indireta, não é alcançada pelas 
determinações contidas no artigo 38 da Constituição Federal. Assim, (...) não há 
que se falar em ressarcimento integral pelas Prefeituras Municipais das despesas 
com o pagamento de seus empregados licenciados para o exercício de mandato 
eletivo, uma vez que não têm eles sequer direito a pleitear tal opção na percepção 
de suas remunerações (Consulta n. 700417. Rel. Cons. Sylo Costa. Sessão do dia 
09/11/2005).
[Empresas estatais. Patrimônio] (...) empresas estatais criadas para execução 
de atividade econômica podem utilizar, onerar ou alienar seus bens na 
forma estatutária, independentemente de autorização legislativa, e suas 
licitações e contratações sujeitam-se apenas aos princípios da administração 
pública; empresas estatais prestadoras de serviços públicos só poderão ter seus 
bens onerados, penhorados ou alienados se houver autorização de lei específica, 
e suas contratações de obra, serviços e compras, bem como a alienação de seus 
bens ficam sujeitas a licitação, nos termos do art. 119 da Lei nº 8.666/93 (Consulta 
n. 644080. Rel. Cons. Elmo Braz Soares. Sessão do dia 12/12/2001). 
1.3 ENTES DE COOPERAÇÃO
[Entidade privada beneficiária de recurso público. Prestação e Tomada 
de Contas. Observância dos princípios constitucionais. Não inclusão no 
cômputo das despesas com pessoal] (...) obrigatoriedade de se prestar contas 
pela entidade privada beneficiária de recurso público. (...) a obrigatoriedade 
pela tomada de contas, na hipótese de não prestação das contas pela entidade 
beneficiada, é da entidade pública que repassa a verba. Também é do ente público 
a responsabilidade pelo envio dessa tomada de contas ao Tribunal. (...) [as] 
entidades privadas que recebem transferências voluntárias dos entes públicos, não 
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
20
controladas diretamente ou indiretamente pelo Poder Público, estão obrigadas 
a observar aos princípios básicos constitucionais (...), que são impostergáveis a 
todos aqueles que utilizem ou administrem bens e valores públicos. (...) A Lei 
Complementar nº 101/2000, no seu art. 18, considera como Despesa Total com 
Pessoal o somatório dos gastos do ente da Federação com os ativos, os inativos 
e os pensionistas, relativosa mandatos eletivos, cargos, funções ou empregos, 
civis, militares e de membros de Poder, com quaisquer espécies remuneratórias 
(...). O parágrafo único do mesmo artigo estabelece que os valores dos contratos 
de terceirização de mão de obra que se referirem à substituição de servidores 
e empregados públicos serão contabilizados com “Outras Despesas de Pessoal”. 
Assim, as entidades subvencionadas têm obrigação de prestar contas dos recursos 
recebidos ao órgão repassador, mas as despesas com pessoal dessas entidades 
não entram no cômputo da Despesa de Pessoal do município, até porque não 
fazem parte do quadro funcional da Prefeitura Municipal (Consulta n. 685317. 
Rel. Cons. Wanderley Ávila. Sessão do dia 07/12/2005).
[OSCIP. Contratação para prestação de atividades de saúde. Contabilização] 
(...) é possível a contratação de OSCIP por município para desempenho de 
atividades de saúde, em caráter complementar, vedadas as de agentes comunitários 
de saúde e de agentes de combate às endemias; (...) a forma de contratação e o 
regime de execução e controle das atividades da OSCIP devem ter previsão na 
legislação municipal, devendo ser feita licitação ou formalizado procedimento 
de dispensa ou inexigibilidade, se for o caso, para a contratação da entidade 
parceira; (...) os repasses às OSCIPs deverão ser classificados como despesas 
de transferências correntes para efeito de apuração de limites com gasto de 
pessoal; (...) os percentuais mínimos de aplicação em saúde deverão ser aferidos, 
utilizando-se as despesas executadas pelas OSCIPs, em conformidade com as 
classificações contábeis previstas no Termo de Parceria e com o disposto na 
IN TC n. 19/2008 (Consulta n. 809494. Rel. Cons. Sebastião Helvecio. Sessão do 
dia 24/02/2010).
[OSCIP. Termo de Parceria. Fiscalização] (...) cumpre ao órgão estatal parceiro 
verificar e deter consigo documentação, em geral, que ateste a regularidade do 
procedimento de qualificação da OSCIP, se foram atendidos todos os requisitos 
constantes em lei para obtenção do título; o procedimento de seleção da OSCIP, 
independentemente de ter-se dado por meio de licitação, inexigibilidade ou 
dispensa, desde que regularmente formalizados; a formalização do termo de 
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parceria, com o respectivo plano de trabalho e cronograma de desembolso de 
valores; o competente regulamento da OSCIP para compras e contratações de 
serviços, com o comprovante de sua publicação; ao final de cada exercício, o 
relatório de execução do termo de parceria, com o quadro comparativo entre 
metas propostas e resultados alcançados; ao final do termo de parceria, o 
relatório conclusivo da Comissão de Avaliação sobre as atividades da OSCIP 
e a execução de seu plano de trabalho. (...). É de se esclarecer que caberá 
ao Tribunal de Contas acompanhar a fiscalização da execução do termo de 
parceria que, obrigatoriamente, deve ser feita pelo órgão estatal parceiro sobre 
a OSCIP. Ou seja, a fiscalização imediata do termo de parceria cabe ao parceiro 
estatal (Consulta n. 716238. Rel. Cons. Antônio Carlos Andrada. Sessão do dia 
27/11/2008).
[OSCIP. Ano eleitoral. Repasse de recursos e celebração de termos de 
parceria] (...) art. 73, VI, a, da Lei nº 9.504/97 (...) Da interpretação de precitado 
dispositivo não pode defluir o entendimento de que, durante o lapso temporal de 
três meses antes do pleito, deva-se paralisar o repasse de recursos a OSCIPs que, 
anteriormente, já houvessem firmado termo de parceria com a Administração, 
já o estivessem executando de maneira adequada e que os recursos já estivessem 
previstos na Lei Orçamentária Anual. Deve-se coibir que a celebração de termos 
de parceria seja utilizada como artifício eleitoreiro. Assim, mais razoável é que se 
evite a celebração de novos termos de parceria nos três meses que antecedem o 
pleito, a fim de que tal iniciativa não se configure como manobra para captação 
de votos. Por fim, cumpre apenas a observância dos ditames do art. 42, da Lei de 
Responsabilidade Fiscal, segundo o qual é vedado, nos dois últimos quadrimestres, 
contrair obrigação de despesa que não possa ser cumprida totalmente no mesmo 
mandato, ou que, tendo parcelas a serem pagas nos exercícios seguintes, não 
foram previstas suficientes disponibilidades de caixa para suportá-las (Consulta 
n. 716238. Rel. Cons. Antônio Carlos Andrada. Sessão do dia 27/11/2008).
[OSCIP. Termo de parceria. Objeto. Assistência jurídica. Não inclusão dos 
repasses como despesa de pessoal] (...)  é possível firmar termo de parceria 
com OSCIP objetivando promover a assistência judiciária, à população carente, 
nas áreas de direito previdenciário e de direito do consumidor. Contudo, como 
pressupostos à assinatura desse termo de parceria, a matéria deverá estar 
devidamente regulamentada em âmbito municipal. Além disso, em não se 
configurando as hipóteses de dispensa ou inexigibilidade, nos termos da Lei 
nº 8.666/93, há que se realizar licitação para contratação de tais entidades, sob 
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
22
pena de malferir os princípios que regem a administração pública. Também é 
imprescindível que seja verificada a adequação da constituição da OSCIP à Lei 
nº 8.906/94, quando verificado que o termo de parceria prevê o exercício de 
atividade privativa da advocacia, sendo recomendável evitar que os termos de 
parceria prevejam o acompanhamento de demandas nas esferas administrativa 
e judicial, dada a possibilidade de a OSCIP se extinguir antes de finalizados os 
processos por ela acompanhados. No tocante ao questionamento se as despesas 
com o pagamento dos funcionários da OSCIP deveriam ser computadas a fim de 
se apurar o limite das despesas com gasto de pessoal da Administração Municipal, 
responde-se negativamente, uma vez que esses funcionários não compõem 
o quadro de servidores, e os repasses à OSCIP deverão ser classificados como 
despesas de transferências correntes (Consulta n. 716238. Rel. Cons. Antônio 
Carlos Andrada. Sessão do dia 27/11/2008).
[Aplicação da lei de licitações às OSCIPs] (...) as ONGs qualificadas como 
Organização da Sociedade Civil de Interesse Público pelo Ministério da Justiça 
não se submetem ao regramento comum da Lei n. 8.666/93, mas ao especial 
da Lei n. 9.790/99 e do Decreto n. 3.100/99. Todavia convém asseverar que, 
considerando a regra do art.  116 da Lei n. 8.666/93, de utilização subsidiária, 
aplicam-se, no que couber, as disposições dessa lei aos convênios, acordos, 
ajustes e instrumentos congêneres, inclusive ao Termo de Parceria por ser ele 
um instrumento similar aos convênios (Consulta n. 683832. Rel. Cons. Moura e 
Castro. Sessão do dia 04/02/2004).
1.4 ASSOCIAÇÃO DE MUNICÍPIOS
[Vinculação de percentual de recursos do Fundo de Participação dos 
Municípios às contribuições mensais destinadas às associações de municípios] 
(...) as associações de municípios são entidades dotadas de personalidade jurídica 
própria, instituídas e mantidas por contribuições dos municípios associados, de 
sorte que a associação de municípios não pode ser enquadrada nas definições 
de órgão ou fundo aludidas no inciso IV do art.  167 da Constituição Federal. 
(...) Caso a associação de municípios seja constituída como consórcio público, a 
forma de repasse de recursos dos municípios à associação deverá ser o contrato 
de rateio (...) consignadas as dotações correspondentes na lei orçamentária ou 
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em lei de créditos adicionais, sob pena de exclusão do município inadimplente 
do consórcio. Caso a associação não assuma a forma de um consórcio, o repasse 
poderá ser feito por meio da celebração de convênio (...). Quanto à despesa com 
a contribuição mensal dos municípios filiados à associação de municípios (...), 
o que se veda é a vinculação de receitas de impostos municipais paracusteio da 
despesa com a referida contribuição. [Assim] respondo (...) pela possibilidade 
de vinculação de percentual de recursos do FPM para fazer face à contribuição 
devida à associação de municípios, tendo em vista que os recursos do FPM 
são (...) receitas de transferências intergovernamentais, não se lhes aplicando a 
vedação do inciso IV do art.  167 da Carta Magna (Princípio da Não Afetação 
das Receitas). (...) a referida contribuição dependerá de autorização legislativa 
para o compromisso de associação e para a execução da despesa de contribuição, 
bem como da existência de um contrato de rateio ou de um convênio, e, ainda, 
de disponibilidade orçamentária e financeira. Outra regra (...) é a necessidade 
de contabilização da contribuição pelo município (...) (Consulta n. 809502. 
Rel. Cons. Antônio Carlos Andrada. Sessão do dia 05/05/2010).
[Associações de municípios. Consórcios Públicos. Regime de licitação e 
contratação, de pessoal, de recebimento de recursos] (...) as associações de 
municípios, que são entidades de direito privado (controladas e mantidas pelos 
municípios) estão sujeitas à licitação para contratar com municípios, bem 
como com terceiros. (...) em sendo os recursos públicos, as entidades em tela, 
em que pese serem instituídas como pessoas de direito privado, ao aplicá-los, 
estão obrigadas a observar aos princípios básicos constitucionais da legalidade, 
impessoalidade, moralidade e publicidade, incluindo o dever de licitar, que são 
impostergáveis a todos aqueles que utilizem ou administrem bens e valores 
públicos. (...) O Consórcio Público, criado com prazo de duração determinado 
ou indeterminado, pode adotar personalidade jurídica de direito público ou de 
direito privado. Na primeira hipótese, cria-se uma autarquia especial, chamada 
de associação pública e, na segunda, cria-se uma fundação ou uma associação. 
Em quaisquer dessas hipóteses, os servidores do Consórcio são regidos pelas 
normas da CLT (Consulta n. 731118. Rel. Cons. Eduardo Carone Costa. Sessão 
do dia 20/06/2007).
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
24
[Associação de municípios. Necessidade de licitar para contratar terceiros] 
(...) o Tribunal firmou seu posicionamento no sentido de que as associações de 
municípios, que são entidades de direito privado (controladas pelos municípios) 
estão sujeitas à licitação para contratar com terceiros (...). Quanto à forma 
pela qual devem relacionar-se com os municípios, entendeu esta Corte que o 
instrumento mais adequado, em sendo estabelecida relação de cooperação, é a 
celebração de convênio, observadas as formalidades legais arroladas no art. 116 
da Lei nº 8.666/93. De outra feita, para que possam estabelecer relação de caráter 
obrigacional com os municípios (contrato com obrigações recíprocas — objeto e 
contraprestação), devem-se submeter à licitação (Consulta n. 703949. Rel. Cons. 
Simão Pedro Toledo. Sessão do dia 21/12/2005).
[Impossibilidade de atuação de associações de municípios por meio do sistema 
de credenciamento] (...) é facultado à Administração Pública utilizar o sistema de 
credenciamento de prestadores de serviços, nas hipóteses em que não for possível 
promover a licitação em decorrência de inviabilidade de competição, desde que 
observados os princípios da isonomia, impessoalidade, publicidade e eficiência. 
(...). Em 2005, foi editada a Lei nº 11.107/05, que dispõe sobre as normas gerais 
para os consórcios públicos. De acordo com a mencionada Lei, os consórcios 
podem adquirir personalidade jurídica de direito público ou de direito privado. 
O objeto do consórcio deverá ser sempre a prestação de serviços públicos, sem 
fins lucrativos. Todas as obrigações financeiras dos entes consorciados são 
estipuladas em um contrato paralelo ao contrato de consórcio, denominado 
contrato de rateio. (...) a atuação das associações de municípios no setor de 
saúde, por meio do sistema de credenciamento, a meu ver, não tem respaldo 
jurídico, visto que as associações de municípios não foram criadas sob as rédeas 
da Lei nº 11.107/05, que permite a união de entes federados unicamente para 
prestar serviços públicos adequados utilizando os recursos públicos como fonte 
de financiamento. (...) Assim, se uma associação de municípios disponibilizar 
serviços de saúde financiados pelo próprio usuário, sua atuação será regida pelo 
regime jurídico de direito privado, devendo, contudo, observar aos princípios 
éticos e às normas expedidas pelo órgão de direção do Sistema Único de Saúde 
(SUS), conforme previsto no art. 22 da Lei nº 8080/90, Lei Orgânica da Saúde. 
(...) considerando que a CR/88 e a legislação infraconstitucional estabelecem 
que a gestão associada de serviços públicos, inclusive na área de saúde, deve ser 
exercida pelos consórcios públicos, entendo que não compete às associações de 
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municípios tal prática (Consulta n. 791229. Rel. Cons. Adriene Andrade. Sessão 
do dia 01/12/2010).
[Associação de câmaras municipais. Impossibilidade] Quanto à contribuição 
mensal pelo Legislativo local à associação de câmaras municipais, o Tribunal 
também se posicionou, de forma negativa, sobre o tema, na Consulta nº 113706, 
especialmente em relação à inviabilidade legal da própria Associação (...). (...). 
Com efeito, as câmaras representam o Poder Legislativo municipal, porém, são 
desprovidas de personalidade e capacidade jurídicas, razão pela qual não podem 
congregar-se em Associações (Consulta n. 727149. Rel. Cons. Simão Pedro 
Toledo. Sessão do dia 16/04/2008).
1.5 PUBLICIDADE DE ATOS
[Publicidade dos atos do município. Meio eletrônico. Operacionalização 
pela iniciativa privada. Sítio oficial do poder público. Disponibilização dos 
atos municipais exclusivamente pela Administração Pública] (...) Princípio 
da Publicidade está indubitavelmente atendido quando houver publicação 
do ato em órgão oficial. (...) com a inexorável tendência à incorporação da 
tecnologia da informação em todos os domínios da Administração Pública, 
afigura-se perfeitamente possível que as publicações oficiais de Poderes ou 
órgãos públicos sejam feitas por meio eletrônico (internet), a exemplo do TJMG 
e da iniciativa deste Tribunal, desde que haja amparo legal, situação diversa de 
uma publicação pura e simples na internet, como parece perquirir o consulente. 
(...) A publicação dos atos oficiais municipais deve fazer-se na conformidade 
não apenas da lei local, mas também da legislação heterônoma porventura 
aplicável; (...) havendo dispositivo legal impondo a publicação no Diário Oficial 
do Estado e/ou no Diário Oficial da União, tem ela de ser feita nesses jornais, 
sob a forma legalmente prevista. (...). Não pode o município terceirizar serviços 
que abrangem sua atividade-fim, traduzindo atribuições típicas de cargos 
permanentes, que só podem ser preenchidos por concurso público. (...) não seria 
razoável utilizar de um veículo já existente para ser sítio oficial de publicação 
de atos municipais. Para tanto, faz-se necessário que o município tenha um sítio 
oficial do Poder Público para ser utilizado como meio eletrônico de divulgação 
oficial dos seus atos. (...) compreendo que apenas a operacionalização de um 
diário eletrônico municipal possa pertencer à iniciativa privada, visto que 
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
26
a disponibilização dos atos municipais, considerando que sua autenticidade e 
integridade hão ser preservadas, deve ser de responsabilidade exclusiva da 
Administração Pública, observando as normas referentes à Infraestrutura de 
Chaves Públicas (ICP), por exemplo. (...). É possível, quando da publicação do 
extrato do edital nos Diários Oficiais do Estado ou da União, fazer remissão 
de que o texto integral do instrumento convocatório está disponível no diário 
eletrônico oficial do município, desde que esse seja definido como veículo da 
imprensa oficial(Consulta n. 837145. Rel. Cons. Antônio Carlos Andrada. Sessão 
do dia 19/10/2011).
[Vinculação de símbolos ou imagens do vereador à publicidade da Prefeitura] 
Publicidade de atos governamentais. Princípio da impessoalidade. [...] O caput 
e o parágrafo 1º do art. 37 da Constituição Federal impedem que haja qualquer 
tipo de identificação da publicidade com os titulares dos cargos alcançando os 
partidos políticos a que pertençam. O rigor do dispositivo constitucional que 
assegura o princípio da impessoalidade vincula a publicidade ao caráter educativo, 
informativo ou de orientação social, é incompatível com a menção de nomes, 
símbolos ou imagens, aí incluídos slogans, que caracterizem promoção pessoal ou 
de servidores públicos. A possibilidade de vinculação do conteúdo da divulgação 
com o partido político a que pertença o titular do cargo público mancha o 
princípio da impessoalidade e desnatura o caráter educativo, informativo ou de 
orientação (...). (Consulta n. 788106. Rel. Cons. Eduardo Carone Costa. Sessão 
do dia 16/03/2011).
[Publicidade dos atos do município em sítio eletrônico oficial] É legal a 
publicação de atos oficiais dos municípios em diário oficial eletrônico em site 
diverso do do órgão emissor, desde que haja previsão na lei orgânica do município, 
que seja propagada amplamente esta nova forma de divulgação dos atos oficiais 
e que sejam observados os dispositivos das legislações federal e estadual que 
determinam outras formas de publicação. Por derradeiro, mesmo que utilize 
o meio eletrônico para a divulgação de seus atos oficiais, o município deverá 
publicar o extrato do conteúdo do ato administrativo no diário oficial (Consulta 
n. 833157. Rel. Cons. Cláudio Couto Terrão. Sessão do dia 02/03/2011).
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[Instituição de diário oficial municipal. Possibilidade. Instituição por lei 
de iniciativa privativa do Prefeito Municipal] (...) a iniciativa de se instituir 
diário oficial, no âmbito municipal, é medida salutar que atende ao princípio da 
publicidade consagrado no art. 37, caput, da Constituição Federal, sendo um dos 
instrumentos de transparência inerente à atividade da Administração Pública. 
Por fim, a criação de diário oficial local deve ser precedida de lei de iniciativa 
privativa do prefeito municipal, (...), bem como de recursos orçamentários 
próprios (Consulta n. 695855. Rel. Cons. Simão Pedro Toledo. Sessão do dia 
26/10/2005).
[Gastos com publicidade. Respeito ao princípio da impessoalidade] (...) pelo 
mandamento constitucional [§ 1º do art. 37] (...), infere-se que a utilização de 
recurso público para realização de publicidade institucional é possível desde que 
tenha caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela não podendo 
constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de 
autoridades ou servidores públicos. (...) não é a mera inserção de nome, símbolo 
ou mesmo imagem na publicidade estatal condição, por si, suficiente para que 
se possa caracterizar o desvio de finalidade do administrador. Não é sustentável, 
até como corolário do princípio da publicidade e transparência dos atos estatais, 
parâmetros basilares da administração pública e garantia dos cidadãos, que a 
administração se mantivesse silente sobre a publicidade de algum ato, a título 
ilustrativo, sobre a inauguração de determinado posto de saúde, unicamente, 
pelo fato de o administrador ter sido fotografado juntamente com os demais 
presentes. (...). Não é isto que o preceito constitucional visa coibir. A vedação 
normativa não pressupõe a simples presença de nomes, símbolos ou imagens, mas 
sim a ocorrência de vício insanável na publicidade estatal que caracterize que o 
administrador ou servidor público dela se utilizou para se autopromover à custa 
do erário. Cabe, pois, como já aludido, questionar o propósito da publicidade. É 
fundamental que fique comprovado, em cada caso concreto, o intuito de alardear 
ou elevar os méritos e atributos pessoais, enaltecer virtudes do administrador, 
enfim, a busca de promoção indevida à custa da publicidade veiculada. Isso, 
obviamente, na intenção de se obter um bônus de natureza político-pessoal que 
lhe confira uma posição de vantagem em relação aos demais, em decorrência 
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
28
da utilização da propaganda estatal, violando, assim, de forma clara, o princípio 
constitucional da isonomia. Nesse caso, aí sim, estaremos diante de uma atitude 
infensa à norma a caracterizar o desvio de finalidade. Obviamente, o que se 
quer evitar é o mero apontamento de possíveis irregularidades com base numa 
interpretação automática, para não dizer subjetiva ou discricionária, sem atentar 
para as particularidades de cada caso concreto, fruto de uma visão de mundo 
não associada com o dinamismo que deve pautar a concretização do direito pelo 
intérprete (Consulta n. 711005. Rel. Cons. Antônio Carlos Andrada. Sessão do 
dia 07/06/2006).
29
2 PATRIMôNIO PÚBLICO
[Bens públicos. Adoção da concessão de direito real de uso e da concessão especial 
para fins de moradia. Possibilidade de doação, em caráter excepcional, de imóveis 
a particulares] 1) No que diz respeito aos bens imóveis de propriedade do município 
ocupados por pessoas carentes que estabeleceram lá sua residência, sob o ponto de 
vista do interesse público, é mais vantajoso para o município a adoção do instituto 
da concessão de direito real de uso e da concessão especial para fins de moradia, 
que permitem maior controle quanto à preservação da finalidade social do uso 
pelo particular e não configuram mera disponibilidade do patrimônio público (...); 
2) Possibilidade de o município realizar doação, em caráter excepcional, dos imóveis 
de sua propriedade, ocupados por pessoas carentes, desde que vinculada a políticas 
públicas consistentes, sob autorização legislativa, avaliação prévia, indiscutível 
demonstração de interesse social e licitação (dispensada nos casos do art. 17, I, f, da 
Lei Federal n. 8.666/93), observados os princípios administrativos, notadamente os 
da impessoalidade e da moralidade (Consulta n. 862440. Rel. Cons. Mauri Torres. 
Publicada no D.O.C. em 24/11/2011).
[Instituição de almoxarifado na estrutura da Administração. Controle 
patrimonial e de almoxarifado] A instituição de um almoxarifado gera um custo 
e, portanto, para que seja efetivada, deve-se verificar se o custo de manutenção de 
estoques a justifica. Se a manutenção de bens em estoques se mostra vantajosa, de 
forma a reduzir os custos que representam solicitações de fornecimento feitas com 
elevada frequência, bem como reduzir os eventuais prejuízos com falta de produtos 
de uso contínuo, a resposta é positiva quanto à necessidade de sua instituição. Mas 
se, por exemplo, os bens adquiridos por uma Câmara de um pequeno município 
são tão poucos que a sua guarda e controle implicam custos desproporcionais à 
sua implantação, então a resposta deve ser negativa. (...) independentemente da 
existência de um almoxarifado propriamente dito, há a necessidade de controle 
efetivo de todas as aquisições procedidas pela Administração Pública (...) exercido 
na forma prevista pelo inciso IV do art. 5º da IN TC nº 08/2003, com a redação 
PATRIMÔNIO PÚBLICO
30
dada pelo art. 2º da IN TC nº 06/2004, que estabelece medida de caráter gerencial 
que não se confunde com a implantação de um “departamento de patrimônio e 
almoxarifado”. (...) a não instituição de um setor de patrimônio e almoxarifado 
quando ele se fizer necessário, abrangendo inclusive a disponibilização de espaço 
físico para o estoque, se for o caso, seria um atentando ao princípio da eficiência, 
podendo o responsável (...) ser responsabilizado pela sua omissão e pelos prejuízos 
dela decorrentes (Consulta n. 859097. Rel. Cons. Wanderley Ávila. Sessão do dia 
26/10/2011).
[Bens móveis públicosinsersíveis. Condições da desincorporação] 1) As 
desincorporações de bens móveis públicos inservíveis podem ser realizadas por 
meio de empréstimo, alienação e doação, devendo os bens serem oferecidos 
inicialmente aos demais órgãos da Administração Pública Municipal e, só em 
um segundo plano, serem ofertados a entidades particulares de interesse público. 
(...); 2) Obrigatoriedade de realização de leilão, previsto no art. 17 da Lei Federal 
8.666/93, para alienação de bens móveis inservíveis, desde que haja interesse 
público devidamente justificado e avaliação do bem e que não haja exigência na 
lei federal de autorização legislativa. (...); 3) As desincorporações de bens móveis 
públicos realizadas por doação estão condicionadas à existência de interesse 
público justificado, avaliação e licitação, sendo a última dispensada quando os 
fins e a utilização têm interesse social, vedada a doação em proveito pessoal ou 
particular. (...); 4) A receita obtida com a alienação de bens móveis públicos deve 
ser classificada contabilmente como receita de capital. (...); 5) A Câmara Municipal 
pode ‘emprestar, alienar ou doar bens móveis inservíveis que estão sob o seu 
controle patrimonial sem ingerência do Poder Executivo’. (...) (Consulta n. 838957. 
Rel. Cons. Mauri Torres. Publicada no D.O.C. em 24/10/2011).
[Locação de veículos pelo município com cláusula de doação ao final do contrato] 
Em suma, entendo que a modalidade de locação com doação ao final do contrato 
não se coaduna com o princípio básico da licitação, que é imprescindível para a 
contratação, e o qual corresponde à ampla competitividade do certame, podendo 
ocasionar, sobretudo, verdadeira restrição à oferta da proposta mais vantajosa para 
a Administração. (...). O entendimento do Tribunal sobre a matéria, em linhas 
gerais, é de que o município pode celebrar contrato de arrendamento mercantil ou 
leasing, desde que, observados os seguintes pré-requisitos: autorização legislativa e 
procedimento licitatório. (...). Nesse caso, sem sombra de dúvidas, seria atendido o 
princípio da economicidade pela administração municipal, o que não ocorrerá na 
situação hipotética ora colocada. Em outras palavras, a Administração está apenas 
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atrelando um mau negócio ao final de um contrato de locação, qual seja, a compra 
de um veículo usado, com pagamento realizado em prestações prévias, embutidas no 
preço do aluguel (Consulta n. 748953. Rel. Cons. Eduardo Carone Costa. Sessão do 
dia 30/03/2011).
[Doação de imóveis a pessoas carentes. Requisitos] (...) possibilidade, em tese, 
de município efetuar doação de imóveis a pessoas comprovadamente carentes, 
sob autorização legislativa, avaliação prévia, irrefutável demonstração de interesse 
social e licitação (dispensada nos casos do art. 17, I, f, da Lei n. 8.666/93), devendo 
essa modalidade ser utilizada excepcionalmente, sendo, pois, preferível a adoção, 
para os mesmos fins de interesse social, dos institutos da concessão de direito real 
de uso e da concessão especial para fins de moradia, que admitem maior controle 
quanto à preservação da finalidade social do uso pelo particular e não se traduzem 
em mera disponibilidade do patrimônio público. (...) uma das condições para 
que se proceda a doação ou mesmo a concessão do direito real de uso é que haja, 
necessariamente, um programa definidor que, de forma objetiva, esclareça quem 
são os beneficiários e quais os critérios que serão adotados para a doação (Consulta 
n. 812400. Rel. Cons. Elmo Braz Soares. Sessão do dia 06/10/2010).
[Alienação de bens móveis. Requisitos para leilão. Classificação contábil da 
receita advinda da alienação dos bens] “(...) [A Lei n. 8.666/93] exige demonstração 
de interesse público, prévia avaliação, licitação e autorização legislativa, este 
último requisito somente exigível quando se trate de bem imóvel. (...) Quando se 
trata de bens móveis, a autorização legislativa não é necessária...” (...) De qualquer 
forma, é preciso ressalvar a possibilidade de haver sim a exigência de autorização 
legislativa para alienação de bens móveis, desde que haja lei estadual ou municipal 
assim dispondo. (...) visando a um maior resguardo do patrimônio público, poderia 
o legislador estadual ou o municipal criar a exigência da autorização legislativa 
prévia como um dos requisitos da alienação de bens públicos móveis daquele ente. 
Tal norma não significaria nenhuma violação às normas gerais estabelecidas pela 
Lei Federal n. 8.666/93, mas mera complementação, de acordo com uma decisão 
política local. (...) o art. 44 da LC n. 101/2000 já prevê que são receitas de capital os 
valores provenientes da alienação de bens do município e determina que tais receitas 
devem ser utilizadas na aquisição de outros bens ou na realização de investimentos. 
(...) A receita obtida com a alienação de bens públicos móveis deve ser classificada 
contabilmente como receita de capital e pode ser utilizada na aquisição de veículos, 
pois essa operação não configura pagamento de despesa corrente (Consulta n. 720900. 
Rel. Cons. Antônio Carlos Andrada. Sessão do dia 06/05/2009).
PATRIMÔNIO PÚBLICO
32
[Sociedade de Economia Mista. Direito de uso de seu patrimônio à terceiros] 
(...) empresas estatais criadas para execução de atividade econômica podem utilizar, 
onerar ou alienar seus bens na forma estatutária, independentemente de autorização 
legislativa, e suas licitações e contratações sujeitam-se apenas aos princípios da 
administração pública; empresas estatais prestadoras de serviços públicos só poderão 
ter seus bens onerados, penhorados ou alienados se houver autorização em lei 
específica, e suas contratações de obra, serviços e compras, bem como a alienação 
de seus bens ficam sujeitas a licitação, nos termos do art.  119 da Lei nº 8.666/93 
(Consulta n. 644080. Rel. Cons. Elmo Braz Soares. Sessão do dia 12/12/2001).
33
3 PLANEJAMENTO DA 
CONTRATAÇÃO
3.1 FASE INTERNA
[Edital. Delegação. Presidente da Comissão de Licitação] “A competência para 
expedição do edital apura-se pelas regras comuns de direito administrativo. Nada 
impede a delegação de competência, no plano administrativo, para que autoridade 
inferior firme o edital. Discute-se acerca da possibilidade de o edital ser elaborado 
e firmado pela própria comissão de licitação. Parece que a questão não se enquadra 
no conceito de ‘norma geral sobre licitações’. Cada ente federativo dispõe de 
competência para regular a questão, no âmbito da autonomia para dispor sobre sua 
organização interna” (JUSTEN FILHO, Marçal. Comentários à Lei de Licitações e 
Contratos Administrativos. 8. ed. São Paulo: Dialética, 2001, p. 414-415). Com base 
no entendimento do eminente doutrinador, entende-se que a atribuição de expedir 
editais de licitação pode ser delegada ao Presidente da Comissão de Licitação 
(Consulta n. 706765. Rel. Cons. Simão Pedro Toledo. Sessão do dia 25/04/2007).
[Fase interna. Previsão de recursos orçamentários para a contratação do objeto 
do certame] (...) É na fase interna (...) que a Administração verificará o atendimento 
dos pressupostos legais para a contratação pretendida, entre os quais, a existência 
de recursos orçamentários. A prévia existência de recursos orçamentários, como 
requisito necessário à instauração da licitação, ressai com clareza solar da Lei 
Federal n. 8.666/93 (...). (...) a existência de dotação orçamentária é condição sine 
qua non para a instauração de procedimento licitatório, tanto para obras e serviços, 
quanto para compra de bens. (...) na fase interna da licitação, além de observar as 
disposições contidas na Lei Federal n. 8.666/93, o gestor público deverá acautelar-
se com o cumprimento das regras contidas na Lei Complementar n. 101/2000, 
sobretudo aquelas estatuídas no mencionado art. 16. É que (...) os incisos I e II do 
caput do art. 16 daLei Complementar n. 101/2000 determinam novas providências 
a serem observadas na fase interna da licitação, exigências, essas, que deverão se 
agregar àquelas contidas nos arts. 7º, 14 e 38 da Lei Federal n. 8.666/93. (...) além 
PLANEJAMENTO DA CONTRATAÇÃO
34
de comprovar a existência de recursos orçamentários e a adequação da despesa às 
leis de natureza orçamentária (LOA, LDO e PPA), é preciso que se demonstre a 
viabilidade financeira para a assunção da nova obrigação, com a possibilidade real de 
pagamento das obrigações assumidas durante o exercício financeiro, a fim de evitar 
o desequilíbrio das contas públicas. (...) à Administração Pública é vedado iniciar 
procedimento licitatório sem prévia dotação orçamentária suficiente para suportar a 
respectiva despesa, bem como sem verificar a estimativa do impacto orçamentário-
financeiro da despesa a ser gerada, no exercício em que deva entrar em vigor e nos dois 
subsequentes, como também se o aumento da despesa tem adequação orçamentária e 
financeira com a Lei Orçamentária Anual e compatibilidade com o plano plurianual e 
com a lei de diretrizes orçamentárias (Consulta n. 706745. Rel. Cons. Antônio Carlos 
Andrada. Sessão do dia 28/02/2007).
[Fase interna. Exigências impostas pelo art. 16 da LRF. Despesa considerada 
irrelevante] As especificações do art. 16 devem ser introduzidas na chamada 
fase interna das licitações, também designada como processo (art. 38, da Lei 
nº 8.666/93). (...) A presente LRF acrescenta à fase interna do certame, além das 
exigências dos arts. 7º, 14 e 38 da Lei nº 8.666/93, os documentos contemplados 
nos itens I e II do art. 16. (...) Integram-se, destarte, as diretrizes dos incisos I 
e II, ora comentadas, aos direitos subjetivos do licitante; e somam-se ainda às 
demais normas legais que asseguram o chamado “preço limpo” nas licitações. 
Exatamente, em face do diploma legal licitatório é que, segundo Ivan Barbosa 
Rigolin, pode-se extrair o conceito de despesa considerada irrelevante ou “de 
pequena monta”, a que alude o art. 16, § 3º, da LRF. Com efeito, um parâmetro 
para essa espécie de despesa estaria contido no art. 60, parágrafo único, da Lei 
n. 8.666/93, ou seja, “aquelas de valor não superior a 5% (cinco por cento) do 
limite estabelecido no art.  23, inciso II, alínea a, correspondente a compras e 
serviços não referidos no inciso I, aplicável para convite.” (...) Em síntese, a 
exceção às exigências inseridas nos incisos I e II do art. 16 da LRF está prevista 
no próprio § 3º, para a despesa considerada irrelevante, assim definida na LDO, 
ou, se inexistente, pode-se utilizar o valor fixado no art. 60, parágrafo único, da 
Lei n. 8.666/93, retroindicado, haja vista o princípio da razoabilidade (Consulta 
n. 668638. Rel. Cons. Simão Pedro Toledo. Sessão do dia 13/11/2002).
[Projeto básico. Necessidade] O projeto básico constitui elemento importante 
na caracterização do objeto a ser licitado, de forma a indicar seu custo, o prazo 
de execução, sua viabilidade técnica e econômica, visando possibilitar a todos 
o mais amplo conhecimento sobre o objeto licitado, desde a solução técnica 
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pretendida até os tipos de materiais e serviços que serão, no futuro, exigidos pelo 
órgão público, bem como garantir a regular execução da obra ou serviço licitado, 
evitando-se correções e aditamentos custosos. (...) Na mesma vertente, a lição 
abalizada do Professor Jorge Ulisses Jacoby Fernandes em seu artigo intitulado 
A nova dimensão do projeto básico nas licitações, (...): “Entre as boas inovações 
trazidas pela Lei nº 8.666/93, que disciplinou no âmbito da Administração 
Pública o tema da licitação e contratos, está a obrigatoriedade do projeto 
básico, para a contratação de qualquer obra ou serviço.” (...) o projeto básico é 
exigência legal para contratação de obras e serviços, sem nenhuma distinção. A 
inobservância desse requisito, essencial à fase interna e que reflete na fase externa 
da licitação, pode ensejar a nulidade de todo o certame, haja vista que a ausência 
desse detalhamento prévio é considerado vício insanável (Consulta n. 657018. 
Rel. Cons. Eduardo Carone Costa. Sessão do dia 07/08/2002).
3.2 HABILITAÇÃO
ENUNCIADO DE SÚMULA N. 117. Nos atos convocatórios de licitação, as 
Administrações Públicas Estadual e Municipais não poderão exigir apresentação de 
certificado de qualidade ISO ou outro que apresente as mesmas especificidades como 
requisito para habilitação de interessados e classificação de propostas. 
ENUNCIADO DE SÚMULA N. 40. A prova de habilitação profissional é um dos 
requisitos indispensáveis para que seja considerada legal a contratação, pelo Poder 
Público, de pessoal para prestar serviços técnicos especializados que requeiram 
formação escolar de nível médio ou superior.
[Execução por estabelecimento filial. Exigência editalícia] (...) somente será 
possível a execução do objeto de um contrato por intermédio do estabelecimento 
filial, se, nas condições de habilitação, o edital tiver exigido a apresentação da 
comprovação da regularidade fiscal perante todos os fiscos, não apenas o do 
estabelecimento matriz, sede da empresa, como também os daqueles pertinentes 
ao estabelecimento filial, encarregado da execução contratual, e, por óbvio, se esses 
documentos estiverem regulares (Consulta n. 724015. Rel. Cons. Wanderley Ávila. 
Sessão do dia 23/05/2007).
[Convite. Habilitação] (...) esta Corte já se manifestou (...) pela obrigatoriedade 
de se inserir no edital do convite as exigências de prova de regularidade com a 
seguridade social e com o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) (...) 
(Consulta n. 654063. Rel. Cons. José Ferraz. Sessão do dia 25/08/2004).
PLANEJAMENTO DA CONTRATAÇÃO
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[SICAF. Não restrição da licitação a licitantes cadastrados] A matéria está 
definida no art. 34 da Lei nº 8.666/93, quando determina que os órgãos e 
entidades da Administração Pública — aqui incluídos, também, os municípios — 
que realizem frequentemente licitações manterão registros cadastrais para 
efeito de habilitação, na forma regulamentar, válidos por, no máximo, um 
ano. (...) O cadastramento é de grande utilidade operacional; entretanto, sua 
obrigatoriedade, adotada na esfera federal como condição de habilitação e 
qualificação de fornecedores, não encontra apoio nem na doutrina nem na 
jurisprudência e muito menos na Lei nº 8.666/93; ao contrário, agride algumas 
de suas diretrizes, como os arts. 3º, § 1º, I; 22, §§ 1º, 2º e 3º; 27; e 115. É certo que 
a lei autoriza os órgãos da Administração Pública, inclusive os dos municípios, 
a regulamentarem aspectos operacionais em matéria de licitações, mas daí a 
vedar a ampla participação de licitantes é contrariar o princípio da igualdade, 
pressuposto constitucional que rege o instituto das licitações. (...) aos municípios 
não é vedada a adoção de um sistema de cadastro, como aquele adotado pela União 
visando operacionalizar com rapidez e eficiência as licitações; entretanto, incluir 
cláusula, em ato convocatório, que restrinja a participação de licitantes, fere o 
princípio constitucional da igualdade e afronta, literalmente e especificamente, 
diretrizes da Lei nº 8.666/93 (Consulta n. 680805. Rel. Cons. Elmo Braz Soares. 
Sessão do dia 17/12/2003).
[Tipo de licitação e critérios de apuração da classificação dos licitantes no 
certame  para atividade de transporte individual de passageiros por táxi] 1 — 
A permissão para exploração de serviço de táxi deve ocorrer por meio de processo 
de licitação, podendo ser adotado o tipo melhor técnica e estipulado, como 
critério de classificação técnica, pontuação relativa ao tempo de efetivo exercício 
como motorista profissional, desde que não seja fixada restrição territorial, nos 
termos dos arts. 44 e 46, § 1º, I, da Lei Federal nº 8.666/93; 2 — Não é possívela estipulação de reserva de vaga, mediante cláusula de preferência, a condutor 
com determinado tempo de experiência, nos procedimentos licitatórios para 
permissão do serviço de táxi, devendo o administrador evitar cláusulas restritivas 
injustificadas ou inadequadas que estabeleçam condições que beneficiem 
alguns particulares, haja vista a obrigação de respeitar o princípio da ampla 
competitividade, em atenção ao disposto no art. 3º, § 1º, I, da Lei nº 8.666/93 
(Consulta n. 841512. Rel. Cons. Mauri Torres. Sessão do dia 16/11/2011).
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3.3 OBJETO
ENUNCIADO DE SÚMULA N. 86. É irregular a substituição do objeto licitado dos 
contratos ou convênios, mediante termo aditivo. 
[Necessidade de motivação e de licitação para a aquisição de bens usados. 
Economicidade] (...) tendo em vista que as licitações instauradas pelo Poder Público 
destinam-se à aquisição de bens novos, entendo que é indispensável que sejam 
elencadas razões aptas a justificar a opção pela aquisição de bens usados, merecendo 
destaque o aspecto relativo à economicidade e também como será assegurada a 
qualidade do produto usado. Assim, se após as análises necessárias a Administração 
concluir que a melhor opção para satisfazer a necessidade pública é a aquisição de 
bens usados, é necessária a realização de uma licitação na modalidade compatível 
com o valor do bem a adquirir, devendo ser acostadas aos autos do processo licitatório 
justificativas aptas a respaldar essa opção. (...) Se, entretanto, o valor estimado do 
bem permitir a dispensa da licitação, devem ser obedecidas as determinações do art. 
26 da Lei nº 8.666/93 (Consulta n. 696405. Rel. Cons. Elmo Braz Soares. Sessão do 
dia 26/04/2006).
[Fornecimento de alimentação. Serviço de caráter continuo] (...) embora omissa 
a legislação de regência, predomina, na doutrina, entendimento segundo o qual a 
natureza jurídica do fornecimento de alimento é de prestação de serviços e não de 
compra. (...) Logo, não devemos confundir compras de natureza ininterrupta com 
serviços de caráter contínuo, pois os contratos destes, ao contrário dos daquelas, que 
têm prazo de vigência limitados aos respectivos exercícios financeiros (art. 57, caput), 
podem ser celebrados por períodos superiores (Lei nº 8.666/93, art. 57, II). (...) Este 
tipo de serviço, para efeito da legislação de licitação e contratos (Lei nº 8.666/93), 
enquadra-se nos contratos de execução continuada, que admite a prorrogação por 
iguais e sucessivos períodos até o limite máximo de 60 meses (art. 57, II) desde que 
prevista expressamente no termo de ajuste, justificada por escrito e previamente 
autorizada pela autoridade competente (§ 2º, art. 57), (...) (Consulta n. 678606. 
Rel. Cons. Moura e Castro. Sessão do dia 13/08/2003).
[Aquisição de medicamentos mediante licitação. Análise das quantidades 
estimadas com base em anos anteriores] Na Administração Pública vige, acerca 
das contratações, o princípio basilar da exigência da licitação, salvo as exceções 
legais, insculpido no art. 37, XXI, da Constituição. Vale dizer que contratação de 
obras, serviços, inclusive publicidade, compras, alienações e locações no âmbito da 
PLANEJAMENTO DA CONTRATAÇÃO
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administração só pode dar-se com observância das normas gerais sobre licitações 
e contratos estabelecidas pela Lei Federal nº 8.666/93. Portanto, a Prefeitura 
Municipal não pode pagar receitas médicas de pessoas carentes do município, sem a 
realização de licitação. O que se recomenda é que, segundo o magistério de Maurício 
Balesdent Barreira, “deve a Prefeitura adquirir, mediante licitação, os medicamentos 
em quantidades estimadas segundo o montante doado nos exercícios anteriores, 
procedendo, após, à doação direta aos beneficiários; ou, adotando o mesmo 
procedimento licitatório, pode deixar que as farmácias os entreguem diretamente 
às pessoas que apresentem a autorização expedida pela autoridade competente. A 
doação de bens móveis para fins de interesse social dispensa licitação, como dispõe o 
art. 17, II, a.” (BARREIRA, Maurício Balesdent. Licitações e contratações municipais. 
Rio de Janeiro: IBAM, 1996, v. 1) (Consulta n. 654472. Rel. Cons. Sylo Costa. Sessão 
do dia 27/02/2002).
3.4 PARCELAMENTO E FRACIONAMENTO
ENUNCIADO DE SÚMULA N.  113. O lapso temporal a ser considerado como 
parâmetro de definição da modalidade licitatória cabível às contratações relativas a 
parcelas de um mesmo objeto ou a objetos de natureza semelhante, cuja duração 
encontra-se regida pelo caput do art. 57 da Lei n. 8.666/93, deverá corresponder 
ao próprio exercício financeiro, adotando-se, nesses casos, a modalidade licitatória 
compatível com o valor global das contratações.
ENUNCIADO DE SÚMULA N.  114. É obrigatória a realização de licitação por 
itens ou por lotes, com exigências de habilitação proporcionais à dimensão de cada 
parcela, quando o objeto da contratação for divisível e a medida propiciar melhor 
aproveitamento dos recursos disponíveis no mercado e a ampla participação 
de licitantes, sem perda da economia de escala, adotando-se, em cada certame, a 
modalidade licitatória compatível com o valor global das contratações.
[Dispensa por pequeno valor. Considerar valor total das contratações de mesma 
natureza] De fato, conforme registrado nas decisões precedentes, para fins de 
enquadramento nas hipóteses de dispensa de licitação em virtude do pequeno valor 
ou para a escolha da modalidade licitatória a ser utilizada, deverá ser considerada a 
totalidade de contratações de mesma natureza a serem executadas em um exercício 
financeiro, ainda que com pessoas distintas. Esse entendimento encontra-se 
pacificado neste Tribunal, por meio do Enunciado de Súmula nº 113 (...) (Consulta 
n. 858218. Rel. Cons. Adriene Andrade. Publicada no D.O.C. em 21/11/2011).
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[Contratação de empresa terceirizada para realização dos serviços, mediante 
licitação por preço global] Nesse ponto, é imperioso destacar que o Tribunal de 
Contas já se manifestou inúmeras vezes pela obrigatoriedade de se parcelar o objeto 
licitado quando ele for divisível e for mais vantajoso técnica e economicamente 
para a administração, sendo a matéria objeto da Súmula nº 114. O Tribunal de 
Contas da União, da mesma forma, unificou o entendimento sobre o tema com 
a edição da Súmula nº 247. Diante do esposado, (...) considero que a realização 
de licitação por preço global objetivando a aquisição de materiais e mão de obra 
somente estará legitimada no caso de não ser possível o fracionamento do objeto 
licitado, nos termos do § 1º do art. 23 da Lei de Licitações e das Súmulas nº 114 do 
TCEMG e nº 247 do TCU (Consulta n. 838756. Rel. Cons. Cláudio Couto Terrão. 
Sessão do dia 14/09/2011).
[Contratação direta por valor acima do previsto em lei para dispensa. 
Fracionamento] Os casos de dispensa de licitação devido ao valor do objeto licitado, 
previstos à primeira vista nos incisos I e II do art. 24 da Lei nº 8.666/93, encerram 
previsão taxativa, sem nenhum conteúdo variável ou passível de interpretação, 
precedendo, portanto, a edição de ato tipicamente vinculado. (...) Extrapolado o 
limite estabelecido pela legislação para contratações com dispensa de licitação, a 
irrisoriedade ou insignificância do valor excedente é uma circunstância que deve 
ser considerada no que se refere à aplicação de normas punitivas, de acordo com 
o exame de cada caso concreto (Consulta n. 833254. Rel. Cons. Sebastião Helvecio. 
Sessão do dia 02/03/2011).
[Parcelamento da execução do objeto. Unidades desconcentradas] Ao contrário 
do que comumente se apregoa, o parcelamento da execução do objeto pretendido 
pela Administração não é vedado. A vontade legislativa, preconizada nos incisos 
do art. 23, impõe ao administrador o deverde parcelar desde que não ocorram 
impedimentos de ordem técnica e econômica. Com isso se privilegia o princípio 
da competitividade e o desenvolvimento da economia local na busca pela melhor 
oferta. Ao prever o respeito à modalidade cabível para o somatório global, na 
parte final do § 2º do art. 23, o legislador acautelou-se contra o fracionamento 
indevido, que se caracteriza quando o administrador, de forma ilegal, vale-se 
de exigências e procedimentos menos formais visando, deliberadamente, fugir 
da modalidade de licitação legalmente determinada pelo valor. Na esteira 
dessa determinação legal, seguem os comandos contidos no § 5º do art. 23 e 
nos incisos I e II do art. 24 nos quais, frisa-se, não há vedação ao parcelamento. 
A lei, para se considerarem globalmente os valores das contratações, exige, 
PLANEJAMENTO DA CONTRATAÇÃO
40
apenas, que os objetos sejam da mesma natureza e, ainda, os seguintes requisitos 
legais: execução conjunta, concomitante e no mesmo local. (...). Desse modo, 
não estando presentes, cumulativamente, os requisitos acima arrolados, não 
estará a Administração adstrita ao dever de considerar a integralidade do valor 
a ser contratado. Por conseguinte, as entidades desconcentradas em municípios 
distintos, dotadas de autonomia financeira, ao contratarem obras e serviços de 
engenharia ou outros serviços e compras, concomitantemente ou não, respeitados 
os limites estabelecidos nos incisos I e II do art. 24 da Lei de Licitações, poderão 
utilizar-se da modalidade convite ou, se for o caso, da dispensa pelo valor, ainda 
que o somatório global das contratações referentes ao conjunto das unidades 
administrativas ultrapasse os limites para os referidos procedimentos licitatórios. 
Ademais, não teria sentido desconcentrar a execução de atividades administrativas 
em órgãos, diretamente integrantes do poder central, cujo objetivo é alcançar a 
maior plenitude da eficiência administrativa, se entraves de ordem operacional, 
como falta de material de expediente ou demora na sua entrega, por exemplo, 
comprometerem o pronto atendimento das necessidades locais. (...) as licitações 
realizadas por unidades desconcentradas localizadas em municípios distintos 
podem ser consideradas de forma autônoma para fim de escolha da modalidade 
adequada, não precisando somar os valores de seus contratos aos realizados pelas 
demais unidades (Consulta n. 741568. Rel. Cons. Substituto Gilberto Diniz. 
Sessão do dia 06/08/2008).
[Parcelamento de obras em diversas licitações] Consoante reiteradas decisões 
desta Casa e da jurisprudência de outros tribunais de contas, o parcelamento do 
objeto das licitações em si mesmo não configura irregularidade, pelo contrário,  
estando preenchidos os requisitos da lei, sendo o objeto divisível, trata-se de 
medida a ser observada para evitar a centralização, favorecer a competição e 
garantir a economia de escala. (...). Extrai-se da regra citada as condições para que 
possa ocorrer o parcelamento, as quais devem ser motivadas pela Administração, 
na fase interna da licitação: a escolha da modalidade licitatória a ser adotada em 
cada licitação deve levar em conta o valor total da obra, somando-se os valores 
de cada parcela, ou seja, se o somatório dos valores estimados para cada licitação, 
estiver no limite para a realização da concorrência, cada parcela a ser licitada 
será na modalidade concorrência ainda que o valor de cada uma delas esteja 
dentro do limite para tomada de preços; que se trate de uma mesma obra, de 
mesma natureza e divisível; que o local de sua realização também seja o mesmo; 
que as obras possam ser realizadas no mesmo local, conjunta e concomitantente. 
(Consulta n. 725044. Rel. Cons. Wanderley Ávila. Sessão do dia 09/05/2007).
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[Possibilidade de os valores limites de dispensa e os valores limites das diversas 
modalidades, previstos na Lei n. 8.666/93, serem considerados conforme cada 
unidade orçamentária que compõe o orçamento municipal] “(...) para fins de 
definição da modalidade licitatória a ser adotada, deve a instituição considerar 
a totalidade dos produtos de mesma natureza a serem adquiridos ao longo de um 
exercício financeiro, tendo em conta os respectivos valores e quantidades. Trata-se de 
efetuar o planejamento das compras durante o exercício. No caso de parcelamento das 
compras de produtos de mesma natureza ao longo do orçamento anual, em processos 
licitatórios distintos, (...) [deve-se] comprovar a viabilidade técnica e econômica de 
tal procedimento e (...) preservar a modalidade pertinente para a totalidade do objeto 
em licitação, observando-se as disposições dos §§ 1º e 2º do art. 23 da Lei nº 8.666/93. 
O mesmo ocorre com os serviços e obras, devendo a instituição realizar licitação na 
modalidade compatível com o valor estimado para a totalidade dos mesmos. (...). 
A implantação do procedimento de descentralização administrativa, orçamentária e 
financeira está a exigir (...) um rigoroso controle interno do fluxo de recursos e uma 
cuidadosa rede de comunicação entre as unidades orçamentárias e gestoras, uma vez 
que as dotações descentralizadas devem ser empregadas obrigatória e integralmente 
na execução do objeto previsto pelo programa de trabalho pertinente, respeitada 
fielmente a classificação funcional programática da despesa, sem discrepar do inciso 
VI do art. 167 da Constituição Federal. Pode-se afirmar que a regulamentação da 
descentralização do crédito orçamentário por unidades gestoras não é tarefa fácil, 
da mesma forma que também não o é a execução dessa tarefa em nível gerencial, 
visto exigir uma reforma organizacional e operacional da administração, cujos 
custos têm que ser avaliados à luz dos princípios constitucionais da razoabilidade 
e da economicidade. (...) a adoção da descentralização por unidades gestoras em 
municípios menores deve ser afastada, haja vista que as aquisições setorizadas em 
unidades gestoras poderão representar o caminho da fragmentação da despesa 
pública, que, diferentemente do parcelamento, previsto no art. 23, §§ 1º e 2º, da Lei 
nº 8.666/93, pode causar sério prejuízo aos princípios das licitações. (...) os limites 
previstos (...) para cada modalidade de licitação e (...) para as dispensas (...) poderão ser 
considerados, tendo em vista o montante global das despesas a serem executadas por 
meio das compras, das obras e dos serviços, observada a natureza do objeto licitado, 
em cada uma das unidades gestoras criadas pelo ente político municipal, levando em 
conta o exercício financeiro, observado o montante do crédito orçamentário do qual 
se originará o recurso (Consulta n. 701202. Rel. Cons. Wanderley Ávila. Sessão do 
dia 09/11/2005).
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4 LICITAÇÃO1
4.1 COOPERATIVAS E CONSÓRCIOS PÚBLICOS
[Impossibilidade de atuação de associações de municípios por meio do sistema 
de credenciamento] (...) é facultado à Administração Pública utilizar o sistema de 
credenciamento de prestadores de serviços, nas hipóteses em que não for possível 
promover a licitação em decorrência de inviabilidade de competição, desde que 
observados os princípios da isonomia, impessoalidade, publicidade e eficiência. 
(...) Em 2005, foi editada a Lei nº 11.107/05, que dispõe sobre as normas gerais para 
os consórcios públicos. De acordo com a mencionada lei, os consórcios podem 
adquirir personalidade jurídica de direito público ou de direito privado. O objeto 
do consórcio deverá ser sempre a prestação de serviços públicos, sem fins lucrativos. 
Todas as obrigações financeiras dos entes consorciados são estipuladas em um 
contrato paralelo ao contrato de consórcio, denominado contrato de rateio. (...) a 
atuação das associações de municípios no setor de saúde, por meio do sistema de 
credenciamento, a meu ver, não tem respaldo jurídico, uma vez que as associações 
de municípios

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