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Prévia do material em texto

ECONOMIA 
BRASILEIRA
Professora Me. Ariane Maria Machado de Oliveira
Professor Me. Jair Júnior Sanches Sabes
Professor Me. Silvio Silvestre Barczsz
GRADUAÇÃO
UNICESUMAR
Reitor
Wilson de Matos Silva
Vice-Reitor
Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor de Administração
Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor de EAD
Willian Victor Kendrick de Matos Silva
Presidente da Mantenedora
Cláudio Ferdinandi
NEAD - Núcleo de Educação a Distância
Direção Operacional de Ensino
Kátia Coelho
Direção de Planejamento de Ensino
Fabrício Lazilha
Direção de Operações
Chrystiano Mincoff
Direção de Mercado
Hilton Pereira
Direção de Polos Próprios
James Prestes
Direção de Desenvolvimento
Dayane Almeida 
Direção de Relacionamento
Alessandra Baron
Head de Produção de Conteúdos
Rodolfo Encinas de Encarnação Pinelli
Gerência de Produção de Conteúdos
Gabriel Araújo
Supervisão do Núcleo de Produção de 
Materiais
Nádila de Almeida Toledo
Supervisão de Projetos Especiais
Daniel F. Hey
Coordenador de Conteúdo
Silvio Silvestre Barczsz
Design Educacional
Fernando Henrique Mendes 
Rossana Costa Giani 
Projeto Gráfico
Jaime de Marchi Junior
José Jhonny Coelho
Editoração
Daniel Fuverki Hey 
Revisão Textual
Jaquelina Kutsunugi, Keren Pardini, Maria 
Fernanda Canova Vasconcelos, Nayara 
Valenciano, Rhaysa Ricci Correa e Susana Inácio
Ilustração
Humberto Garcia da Silva
C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a 
Distância; OLIVEIRA, Ariane Maria Machado de;
 BARCZSZ, Silvio Silvestre; SABES, Jair Júnior Sanches.
 
 Economia brasileira. Ariane Maria Machado de Oliveira,
 Silvio Silvestre Barczsz, Jair Júnior Sanches Sabes. 
 Reimpressão
 Maringá-Pr.: UniCesumar, 2018. 
 178 p.
“Graduação - EaD”.
 
 1. Agronegócio. 2. Economia brasileira. 3. EaD. I. Título. 
ISBN 978-85-8084-539-6
 CDD - 22 ed. 338.1
CIP - NBR 12899 - AACR/2
Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário 
João Vivaldo de Souza - CRB-8 - 6828
Viver e trabalhar em uma sociedade global é um 
grande desafio para todos os cidadãos. A busca 
por tecnologia, informação, conhecimento de 
qualidade, novas habilidades para liderança e so-
lução de problemas com eficiência tornou-se uma 
questão de sobrevivência no mundo do trabalho.
Cada um de nós tem uma grande responsabilida-
de: as escolhas que fizermos por nós e pelos nos-
sos fará grande diferença no futuro.
Com essa visão, o Centro Universitário Cesumar – 
assume o compromisso de democratizar o conhe-
cimento por meio de alta tecnologia e contribuir 
para o futuro dos brasileiros.
No cumprimento de sua missão – “promover a 
educação de qualidade nas diferentes áreas do 
conhecimento, formando profissionais cidadãos 
que contribuam para o desenvolvimento de uma 
sociedade justa e solidária” –, o Centro Universi-
tário Cesumar busca a integração do ensino-pes-
quisa-extensão com as demandas institucionais 
e sociais; a realização de uma prática acadêmica 
que contribua para o desenvolvimento da consci-
ência social e política e, por fim, a democratização 
do conhecimento acadêmico com a articulação e 
a integração com a sociedade.
Diante disso, o Centro Universitário Cesumar al-
meja ser reconhecida como uma instituição uni-
versitária de referência regional e nacional pela 
qualidade e compromisso do corpo docente; 
aquisição de competências institucionais para 
o desenvolvimento de linhas de pesquisa; con-
solidação da extensão universitária; qualidade 
da oferta dos ensinos presencial e a distância; 
bem-estar e satisfação da comunidade interna; 
qualidade da gestão acadêmica e administrati-
va; compromisso social de inclusão; processos de 
cooperação e parceria com o mundo do trabalho, 
como também pelo compromisso e relaciona-
mento permanente com os egressos, incentivan-
do a educação continuada.
Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está 
iniciando um processo de transformação, pois quan-
do investimos em nossa formação, seja ela pessoal 
ou profissional, nos transformamos e, consequente-
mente, transformamos também a sociedade na qual 
estamos inseridos. De que forma o fazemos? Criando 
oportunidades e/ou estabelecendo mudanças capa-
zes de alcançar um nível de desenvolvimento compa-
tível com os desafios que surgem no mundo contem-
porâneo. 
O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de 
Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo 
este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens 
se educam juntos, na transformação do mundo”.
Os materiais produzidos oferecem linguagem dialó-
gica e encontram-se integrados à proposta pedagó-
gica, contribuindo no processo educacional, comple-
mentando sua formação profissional, desenvolvendo 
competências e habilidades, e aplicando conceitos 
teóricos em situação de realidade, de maneira a inse-
ri-lo no mercado de trabalho. Ou seja, estes materiais 
têm como principal objetivo “provocar uma aproxi-
mação entre você e o conteúdo”, desta forma possi-
bilita o desenvolvimento da autonomia em busca dos 
conhecimentos necessários para a sua formação pes-
soal e profissional.
Portanto, nossa distância nesse processo de cres-
cimento e construção do conhecimento deve ser 
apenas geográfica. Utilize os diversos recursos peda-
gógicos que o Centro Universitário Cesumar lhe possi-
bilita. Ou seja, acesse regularmente o AVA – Ambiente 
Virtual de Aprendizagem, interaja nos fóruns e en-
quetes, assista às aulas ao vivo e participe das discus-
sões. Além disso, lembre-se que existe uma equipe de 
professores e tutores que se encontra disponível para 
sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de 
aprendizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranqui-
lidade e segurança sua trajetória acadêmica.
Diretoria Operacional 
de Ensino
Diretoria de 
Planejamento de Ensino
Professora Me. Ariane Maria Machado de Oliveira
Mestre em Teoria Econômica pela Universidade Estadual de Maringá - UEM, 
graduação em Ciências Econômicas pela Universidade Estadual de Londrina 
- UEL. Leciona nas áreas de Economia e Finanças.
Professor Me. Silvio Silvestre Barczsz
Mestre em Agronegócios pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul 
- UFMS, pós-graduação Lato Sensu em Economia e Gestão do Agronegócio 
pela Universidade Estadual de Maringá - UEM e graduação em Ciências 
Econômicas com concentração em Economia do Agronegócio pela 
Universidade Estadual de Maringá - UEM. Coordenador do curso Superior de 
Tecnologia em Agronegócio e do curso Superior de Tecnologia em Gestão 
Ambiental do Núcleo de Educação a Distância do Unicesumar. 
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Professor Me. Jair Júnior Sanches Sabes 
Mestre em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de São 
Carlos - UFSCar, pós-graduação (Especialista) em Economia e Gestão do 
Agronegócio pela Universidade Estadual de Maringá - UEM; graduação em 
Administração pela Universidade Estadual de Maringá - UEM.
SEJA BEM-VINDO(A)!
Distinto(a) acadêmico(a)!
É com muito orgulho que apresento a você o livro que fará parte da disciplina de Eco-
nomia Brasileira. Sou a Professora Me. Ariane Maria Machado de Oliveira e, juntamente 
com os Professores Me. Silvio Silvestre Barczsz e Me. Jair Júnior Sanches Sabes, elaborei 
com muito afeto e responsabilidade este material para que você, caro(a) aluno(a), co-
nheça mais sobre a relação existente entre o Agronegócio e a Economia Brasileira.
Para tal, devemos refletir sobre um debate antigo, mas de grande importância: quem 
gera o desenvolvimento do país? É o setor agrícola ou é o setor industrial?
Estamos acostumados a ouvir alguns dizerem que o Brasil é um país eminentemente 
agrícola. Outros dizem que é exatamente devido aos atrasos de nossa agricultura que 
não somos um país desenvolvido. Alguns radicalizam ainda mais ao dizer que o retró-
grado setor agrícola brasileiroteria sido o impedimento fundamental ao desenvolvi-
mento do país. Quem está com a razão?
Apesar de suas particularidades, a agricultura é dependente do que acontece na eco-
nomia mundial como um todo. Para entender as mudanças pelas quais passa, deve-se 
considerar, além da ação do Estado e das políticas públicas, a forma como o desenvol-
vimento tecnológico e o capital se recolocam em nível mundial. A própria análise do 
desenvolvimento da agricultura familiar deve ser entendida nesse contexto.
Veremos, portanto, ao longo deste livro, caro(a) acadêmico(a), aspectos relacionados à 
evolução histórica da agricultura, passando pelos conceitos de agronegócio, cadeias e 
sistemas agroindustriais, especificidades do agronegócio no Brasil, a competitividade 
em sistemas agroindustriais, as transformações na economia brasileira e no meio rural 
brasileiro durante a segunda metade do século XX, para então abordarmos as megaten-
dências mundiais e seus impactos no panorama global do setor agrícola.
A dimensão que assumiu o agronegócio brasileiro, a sua importância estratégica para 
reprodução do capitalismo nacional e garantia da estabilidade social no campo e nos 
centros urbanos, e a percepção de suas particularidades intrínsecas, são aspectos que 
determinam um tratamento diferenciado para este setor, prática recorrente na maioria 
dos países. 
Portanto, caro(a) acadêmico (a), a Unidade I foi desenvolvida para que você, futuro ges-
tor(a) do agronegócio, compreenda a evolução, as particularidades inerentes aos seus 
produtos, os agentes econômicos envolvidos e as formas de inter-relação entre tais 
agentes do agronegócio.
Na agricultura prevalece o tipo de mercado concorrencial, em que há um número muito 
grande de produtores e a entrada ou saída de novos concorrentes não altera basica-
mente a formação de preços. Por este motivo, os negócios agrícolas têm que perseguir 
indefinidamente melhores índices de produtividade e redução de custos, ou seja, maior 
competitividade. 
APRESENTAÇÃO
ECONOMIA BRASILEIRA
A Unidade II apresenta uma revisão de literatura sobre gestão e competitividade em 
nível de sistemas agroindustriais. Aspectos importantes sobre gerenciamento e vanta-
gem competitiva são apresentados como ferramentas importantes para o êxito de um 
sistema de produção agroindustrial.
Prezado(a) acadêmico(a), a Unidade II também lhe proporcionará conhecer as principais 
aplicações da noção de cadeia produtiva agroindustrial (CPA), apresentando, para tanto, 
como está constituída a cadeia produtiva agroindustrial do amendoim e seus derivados 
no Brasil. Para finalizar a Unidade, veremos as análises de competitividade conduzidas 
em nível de sistemas agroindustriais.
As transformações ocorridas não apenas no setor agrícola, mas também na economia 
global devem ser levadas em conta para compreendermos o panorama atual do agro-
negócio. A Unidade III vem então apresentar a você, prezado(a) acadêmico(a), uma re-
flexão sobre a economia brasileira agroexportadora e as transformações no meio rural 
brasileiro ao longo do século XX.
Algumas características da economia cafeeira serão apresentadas, visto que esta contri-
buiu grandemente para o processo de evolução do agronegócio brasileiro. Entender as 
transformações ocorridas no cenário rural brasileiro, abordando os reflexos das trans-
formações demográficas entre o campo e a cidade, nos auxiliará na compreensão do 
contexto atual do agronegócio.
Prezado(a) aluno(a), veremos na Unidade IV como ocorre a ruptura do modelo econômi-
co brasileiro e como esse passa a se desenvolver. O modelo agroexportador é paulatina-
mente afastado e ocorre a industrialização a partir da crise dos anos 30. Explanaremos 
então como ocorreu a chamada industrialização substituidora de importações. 
Ao longo desta Unidade, serão abordadas particularidades das políticas econômicas 
voltadas à industrialização, ao desenvolvimento e à estabilização econômica adotadas 
na segunda metade do século XX. Analisaremos também o período crítico de altos índi-
ces inflacionários, as tentativas de estabilização da moeda e seus reflexos na atividade 
econômica, destacando o setor agrícola.
Para finalizarmos o objetivo proposto por este material didático, a Unidade V apresenta 
algumas megatendências mundiais que impactaram no cenário atual do agronegócio 
no mundo. Dentre elas, destacam-se a globalização e a importância da inovação e do 
conhecimento na nova realidade econômica. 
Portanto, querido(a) aluno(a), findamos o presente livro expondo o posicionamento do 
Brasil frente ao mercado global por meio de indicadores sobre a evolução da Balança 
Comercial brasileira, e fazendo uma análise sobre a situação atual da economia brasilei-
ra e algumas tendências para o agronegócio.
Aproveite seus estudos, se dedique, leia! O material auxiliará você, querido(a) aluno(a), a 
ultrapassar mais uma etapa em sua vida. Utilize as dicas de leitura, saiba mais, indicação 
de livros e links, para enriquecer mais seus conhecimentos!
Bons Estudos
Prof.ª Ariane Maria Machado de Oliveira
9
APRESENTAÇÃO
SUMÁRIO
9
UNIDADE I
NOÇÕES GERAIS DE AGRONEGÓCIO E AGRONEGÓCIO NO BRASIL
15 Introdução
16 Evolução Histórica da Agricultura 
19 Da Agricultura ao Agronegócio: Definição, Agentes e Inter-relações 
29 Especifidades do Agronegócio 
31 O Agronegócio no Brasil 
36 Tendências para o Agronegócio 
48 Considerações Finais 
UNIDADE II
GESTÃO E COMPETITIVIDADE EM SISTEMAS DE PRODUÇÃO 
AGROINDUSTRIAIS: CONCEITOS E DEFINIÇÕES
55 Introdução
55 Retomando Conceitos de Agronegócio e Commodity System Approach 
(Csa)
57 Cadeias Produtivas Agroindustriais 
62 Gerenciando com Eficiência e Eficácia em Nível de Sistema Agroindustrial 
67 Noção de Competitividade 
75 Considerações Finais 
SUMÁRIO
11
UNIDADE III
A ECONOMIA BRASILEIRA E O SETOR AGRÍCOLA
81 Introdução
90 Contexto Histórico das Transformações no Meio Rural 
93 Os Reflexos na Agricultura 
98 Considerações Finais 
UNIDADE IV
A EVOLUÇÃO DA ECONOMIA BRASILEIRA: POLÍTICAS ECONÔMICAS E 
SEUS REFLEXOS NO SETOR AGRÍCOLA
103 Introdução
104 O Processo de Substituição de Importações 
105 A Crise do PSI e as Reformas Institucionais no PAEG – 1962/67 
109 Plano Cruzado 
115 Plano Collor 
120 Plano Real 
127 Volatilidade do Crescimento 
135 Considerações Finais 
SUMÁRIO
11
UNIDADE V
A AGRICULTURA BRASILEIRA E AS MEGATENDÊNCIAS MUNDIAIS
141 Introdução
142 A Agricultura Brasileira e as Megatendências Mundiais 
150 O Agronegócio no Mundo 
167 Perspectivas para o Agronegócio 
170 Considerações Finais 
173 CONCLUSÃO
175 REFERÊNCIAS
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Professor Me. Silvio Silvestre Barczsz
NOÇÕES GERAIS DE 
AGRONEGÓCIO E 
AGRONEGÓCIO NO BRASIL
Objetivos de Aprendizagem
 ■ Conhecer o processo de evolução do agronegócio, bem como suas 
especificidades. 
 ■ Entender os diferentes tipos de agentes econômicos envolvidos no 
agronegócio e suas inter-relações.
 ■ Conhecer o desenvolvimento e a evolução do agronegócio no Brasil.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
 ■ A definição de agronegócio e sua evolução
 ■ Os agentes envolvidos no agronegócio
 ■ As inter-relações entre os diferentes agentes, considerando as cadeias 
de produção, os Sistemas Agroindustriais e as redes (netchains)
 ■ As particularidades do agronegócio
 ■ A importância do agronegócio para a economia brasileira
 ■ Os principais produtos do agronegócio brasileiro
 ■ A evolução do agronegócio no Brasil, em termos de produtos, 
produção e consumo
 ■ As principais tendências na produção (orgânicos, comércio justo e 
solidário, ambientalmente corretos etc.)
INTRODUÇÃO
Nos últimos anos, muito se ouve falar de agronegócio.Jornais, revistas e notici-
ários do mundo inteiro comentam o desempenho e a evolução do agronegócio 
no mundo, nas diferentes regiões econômicas – tais como a União Europeia e 
o Mercosul, e nos diversos países. Fala-se muito em barreiras protecionistas 
para produtos do agronegócio, balança comercial, relações de compra e venda 
entre países, inserção de novos produtos na pauta de discussão das negociações 
internacionais entre outros temas. Pode ser até mesmo que você tenha se inte-
ressado pelo curso de agronegócio por ter lido ou ouvido falar de algum dos 
temas acima listados. 
No entanto, nem todos sabem exatamente o que quer dizer agronegócio. Fazer 
um curso em agronegócio implica necessariamente em compreendê-lo. Mais 
do que pensar que agronegócio é a tradução do termo em inglês agribusiness, 
é importante entender o que realmente constitui o chamado agronegócio. Para 
tanto, é preciso que se compreenda sua evolução, as particularidades inerentes 
aos seus produtos, os agentes econômicos envolvidos e as formas de inter-rela-
ção entres esses agentes. 
É esse o intuito desta primeira unidade: levá-lo a compreender, de uma 
maneira geral, o que é agronegócio. A unidade está dividida em quatro seções. A 
primeira é a introdução, que acabamos de ver. Em seguida, trataremos de iden-
tificar a evolução histórica da agricultura, para entendermos como chegamos ao 
agronegócio. Depois, na terceira seção, vamos definir agronegócio e as inter-re-
lações entre os diferentes agentes envolvidos, considerando as noções de cadeias 
de produção, Sistemas Agroindustriais e redes (netchains). Nessa seção também 
será realizada breve descrição dos diferentes agentes envolvidos no agronegócio. 
Por fim, na quarta seção, serão expostas algumas particularidades, que fazem 
do agronegócio um setor “especial” e o levam a ser estudado separadamente. 
Bom estudo!
Professor Silvio Silvestre Barczsz
Introdução
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NOÇÕES GERAIS DE AGRONEGÓCIO E AGRONEGÓCIO NO BRASIL
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IU N I D A D E16
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA AGRICULTURA
A AGRICULTURA NO MUNDO
A agricultura no mundo, até meados do século passado, era basicamente depen-
dente da evolução que havia alcançado com a Primeira Revolução Agrícola. Esta 
revolução, que teve origem na Europa dos séculos XVIII e XIX, constituiu-se 
basicamente: (a) na intensificação da adoção de sistemas de rotação de culturas 
com plantas forrageiras (capim e leguminosas), (b) no uso de adubação orgânica 
(estercos animais), (c) na introdução de novas máquinas e instrumentos mecâ-
nicos de tração animal, caracterizando a integração das atividades de pecuária 
e agricultura (Mazoyer, 1988). 
A Segunda Revolução Agrícola, por sua vez, iniciou-se com a descoberta dos 
adubos químicos em fins do século XIX, mas foi intensamente divulgada a partir 
de meados do século passado. O período pós-guerra, principalmente nos paí-
ses capitalistas desenvolvidos, foi marcado pela melhoria das condições sociais 
e econômicas, e ficou conhecido como Anos Dourados. Dentre as mudanças 
ocorridas nesse período, o aumento da produção em massa de alimentos pode 
ser destacado como fator importante na determinação do crescimento mundial 
da população. O crescimento da produção de alimentos, no geral, foi maior que 
o aumento da população. De fato, nas duas décadas que correspondem ao perí-
odo de 1970 a 1990, o total de alimento disponível per capita no mundo, ou seja, 
Evolução Histórica da Agricultura
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já levando em conta o considerável aumento populacional da época, aumentou 
em 11% (Rosset; Collins; Lappé, 2000). Esse aumento da produção agrícola nos 
países desenvolvidos foi estimulado pelos altos subsídios à produção e à expor-
tação dados aos produtores. 
A evolução da tecnologia no pós-guerra, impulsionada primeiramente pela 
necessidade bélica, possibilitou uma grande revolução tecnológica. Tal revolução 
foi expressiva no desenvolvimento do período em questão, permitindo avanços 
não só na indústria como também na agricultura. Nesse último setor, especifi-
camente, ela possibilitou o aumento da produtividade por meio de:
 ■ Uso intensivo de capital com o desenvolvimento da motorização e da 
mecanização, em muitos casos levando à substituição de mão de obra 
nas lavouras.
 ■ Adubação química com macronutrientes, levando a acreditar em um 
melhor aproveitamento dos solos.
 ■ Aumento da resistência das culturas às pragas e aos fatores climáticos, 
com a intensificação do uso de defensivos, pesticidas e agrotóxicos e com 
melhoramento genético das sementes (sementes híbridas). 
Esse novo sistema agrário tende a se impor a outras partes do mundo, sendo assim 
introduzido nos países em desenvolvimento. O pacote tecnológico conhecido 
como “Revolução Verde” tratou da introdução sistemática nesses países, dessas 
novas variedades de culturas de alta produtividade, principalmente a partir da 
década de 1960. É nesse ponto que começamos a falar do Brasil.
AGRICULTURA NO BRASIL
No passado, o Brasil assumiu na economia mundial o papel de país agrário exportador, 
predominando aqui o extrativismo e a monocultura. Exemplos disso são os ciclos do 
pau-brasil, da cana-de-açúcar e do café (PAULILLO, 2007). O Brasil 
dependia da economia dos países desenvolvidos, não só porque estes 
compravam seus produtos agrícolas, mas também porque eram eles os for-
necedores de produtos industrializados para o consumo interno. As crises 
NOÇÕES GERAIS DE AGRONEGÓCIO E AGRONEGÓCIO NO BRASIL
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IU N I D A D E18
mundiais afetavam diretamente a economia brasileira. Assim, o modelo 
primário-exportador utilizado no Brasil até início do século XX começou a ruir, 
devido principalmente à crise de 1929. 
A partir de meados da década de 50, o desempenho da agricultura nova-
mente entrou em queda. A diminuição do ritmo de crescimento da produção 
doméstica de alimentos e as consequentes crises de abastecimento; a elevação 
dos preços agrícolas; a insuficiente geração de divisas para suprir o processo de 
acumulação de capital; as tensões sociais, tudo isso contribuiu para colocar em 
xeque a funcionalidade da agricultura e seu desempenho (BUAINAIN, 1999). 
Diante disso, o Governo reage. O Plano de Metas e o processo de substituição 
das importações, desencadeados no Governo JK, começam a refletir na econo-
mia brasileira e na agricultura nacional. 
No Brasil, as décadas de 60 e 70 são marcadas pela intensificação do uso 
de maquinário e produtos químicos na agricultura. Tais objetivos deveriam ser 
alcançados via modernização da base técnica, integração intersetorial e fortale-
cimento da agroindústria, e expansão da fronteira agrícola. Foi a partir daí que 
a “Revolução Verde” ocorreu no país.
Diante do exposto, percebe-se que a agricultura no Brasil e no mundo pas-
sou por grandes transformações nos últimos cem anos. No caso do Brasil, tanto 
o processo de substituição das importações quanto a modernização da base téc-
nica representaram os primeiros passos para a transformação dos complexos 
rurais e complexos agroindustriais. Entre as décadas de 50 e 70, observou-se a 
unificação dos capitais agrícola, comercial, industrial e financeiro, e o início da 
agroindustrialização no Brasil (PAULILLO, 2007). A agricultura se insere no 
contexto industrial, seja por estar ligada à indústriade insumos, seja por forne-
cer matéria-prima para a crescente indústria de transformação industrial. 
Mas o que “agroindustrialização” ou “complexos agroindustriais” tem a ver 
com agronegócio, tema deste curso? É que vamos entender na próxima seção. 
Da Agricultura ao Agronegócio: Definição, Agentes e Inter-relações
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DA AGRICULTURA AO AGRONEGÓCIO: DEFINIÇÃO, 
AGENTES E INTER-RELAÇÕES
O QUE É AGRONEGÓCIO?
As ideias iniciais do que hoje entendemos por agronegócio, embora possam 
parecer recentes, surgiram há algumas décadas. Em 1957, dois estudiosos nor-
te-americanos, John Davis e Ray Goldberg, definiram agribusiness como:
[...] a soma de todas as operações associadas à produção e distribuição 
de insumos agrícolas, operações realizadas nas unidades agrícolas bem 
como as ações de estocagem, processamento e distribuição dos produ-
tos, e também dos produtos derivados (DAVIS; GOLDBERG, 1957, p. 
85 apud ZYLBERSZTAJN, 1995, p. 107).
Ou seja, o agronegócio pode ser entendido como o conjunto de atividades téc-
nicas e produtivas necessárias para que produtos provenientes da agropecuária 
cheguem até o consumidor final. Isso envolve agentes dos diferentes setores – 
agricultura, indústria e serviços. 
Considerando o contexto histórico e a definição de agronegócio, pode-se 
afirmar que a produção rural deixou de ser vista isoladamente, pois: (1) depen-
dia de insumos fornecidos por outros (não utilizava mais os insumos produzidos 
internamente); (2) era mais especializada e tecnificada; e (3) tinha atividades de 
distribuição, armazenagem e transporte muito complexas para serem realiza-
das internamente (ZYLBERSZTAJN; NEVES, 2000). Por isso, passou-se a falar 
em agroindústria e complexos agroindustriais (junção dos termos “agricultura” 
e “indústria”).
Mas como será que as relações entre os agentes envolvidos no agronegócio 
ocorrem? É o que vamos ver a seguir. 
NOÇÕES GERAIS DE AGRONEGÓCIO E AGRONEGÓCIO NO BRASIL
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
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INTER-RELAÇÕES ENTRE OS AGENTES
Você já parou para pensar que em qualquer sistema social, biológico ou econô-
mico, ninguém vive sozinho? Num sistema social, precisamos nos relacionar 
uns com os outros, a não ser que decidamos nos tornar eremitas. O próprio sur-
gimento da linguagem se deu pela necessidade de relação e comunicação com 
outros indivíduos. Ao estudarmos biologia, aprendemos que o leão precisa da 
zebra para se alimentar; a zebra precisa da vegetação; a vegetação precisa da luz 
solar e de nutrientes do solo. E, no fim das contas, as bactérias e/ou os urubus 
se alimentam do leão quando este morre. 
Nesse caso, o que se mostrou foi um breve exemplo de cadeia alimentar: 
nutrientes + luz solar => vegetação => zebra => leão => bactérias e urubus. 
Percebem que se trata de uma sequência? Pode-se dizer que cada um desses 
seres representa um elo da cadeia. Se tirarmos um desses elos, a cadeia não mais 
funciona. Por exemplo: se a vegetação desaparece, a zebra não tem do que se ali-
mentar e, assim, não pode servir de alimento para o leão. 
Na economia, por sua vez, para que haja uma transação econômica, é preciso 
que exista pelo menos dois agentes: um interessado em comprar e outro interes-
sado em vender algum bem. Essa relação cliente–fornecedor é importante no 
agronegócio, pois influencia o desempenho econômico de vários agentes. É por 
isso que tanto se fala em coordenação entre os agentes.
CADEIAS DE PRODUÇÃO
Considerando que o agronegócio é representado por uma sequência de operações 
entre diferentes agentes econômicos – da produção de insumos até o consumi-
dor final, alguns estudiosos pesquisaram a relação entre eles. Nesse texto, são 
abordadas duas correntes: a dos norte-americanos e a da escola francesa de eco-
nomia industrial.
No primeiro grupo de estudos, Davis e Goldberg mostraram a existência de 
interdependência entre os diferentes setores da economia – agricultura, indús-
tria e serviços, e passaram a tratá-los de forma inter-relacionada. Para eles, as 
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atividades agrícolas faziam parte de uma rede de agentes econômicos, que iam 
desde a produção de insumos agropecuários até a distribuição dos produtos 
finais. Afirmaram, então, que os estudos deveriam seguir um recorte vertical, 
como mostrado na Figura 1, a partir de uma matéria-prima da agropecuária. 
Nesse momento, surge o conceito de Commodity System Approach (CSA). Por 
essa ideia, pode-se falar em CSA da laranja, do leite, do café etc. (BATALHA; 
SILVA, 2007).
Figura 1: O recorte vertical para análise de CSA
Fonte: Batalha e Silva (2007)
Estudiosos franceses de economia industrial também abordaram a inter-relação 
entre os setores da economia, ao definirem o conceito de cadeia de produção, 
ou cadeia produtiva, agroindustrial (filière, em francês) (MORVAN, 1991). Para 
eles, uma cadeia de produção é uma sequência de operações produtivas, relações 
comerciais e financeiras, representada por um fluxo de trocas entre fornecedo-
res e clientes, até se chegar a um produto final. 
Uma cadeia de produção pode ser dividida em três grandes segmentos: (1) 
comercialização – no qual inclui-se logística e distribuição; (2) industrialização, 
no qual se inserem as empresas de transformação; e (3) produção de matérias-
-primas, no qual está a produção rural. O foco de análise, na análise de filière, 
é o produto final, e não a matéria-prima (BATALHA; SILVA, 2007). Assim, ao 
invés de se falar em CSA do boi, fala-se em cadeia da carne, cadeia do couro etc.
Apesar das muitas discussões teóricas comparando os estudos dos norte-a-
mericanos com os dos franceses, para fins de compreensão do agronegócio, é 
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aceitável que aqui se abandonem as diferenças entre as duas visões. 
Na verdade, há muitas similaridades nas definições de CSA e de filière, como 
pôde ser visto anteriormente. Em especial, duas semelhanças são relevantes para 
estudo do agronegócio. A primeira é que ambas tratam da análise econômica a 
partir da interdependência e inter-relação entre agentes dos diferentes setores 
da economia, integrando agricultura, indústria e serviços. A outra é que os dois 
enfoques priorizam uma visão sistêmica. Ou seja, levam em conta que os agen-
tes estão inseridos em um ambiente, e que o mesmo está em constante mudança, 
influenciando os agentes econômicos (BATALHA; SILVA, 2007). Assim, faz sen-
tido afirmar que nós, como agentes econômicos, fazemos parte de um sistema. 
Por convenção, daqui por diante será utilizado o termo “cadeia de produção”. 
Um complexo agroindustrial, por sua vez, pode ser formado por várias cadeias 
produtivas com a existência de agentes em comum. Assim, pode-se falar no com-
plexo sucroalcooleiro, formado pelas cadeias do açúcar e do álcool. Nesse caso, 
os elos de produção rural e industrialização podem ser formados por agentes em 
comum. No caso do complexo de carnes, que inclui as cadeias de produção de 
carne bovina, suína e de frango, os agentes em comum podem estar na etapa de 
industrialização, pois frigoríficos podem processar mais de um tipo de animal.
Para análise de uma cadeia de produção, deve-se considerar os diferentes 
“elos” que a compõem. Esses elosnada mais são do que os grupos de agentes 
econômicos envolvidos em cada uma das etapas. Nesse caso, faz-se uma analo-
gia à ideia de corrente composta por elos interligados.
As cadeias de produção agroindustrial podem ser classificadas como alimen-
tares ou não alimentares. No primeiro caso, incluem-se aqueles agentes envolvidos 
na produção de alimentos, tais como leite, café, carnes e sucos. No segundo, des-
tacam-se as produções de calçados (cadeia de couros e peles), móveis (cadeia da 
madeira) e vestuário (cadeia do algodão).
De uma maneira geral, pode-se afirmar que uma cadeia produtiva é com-
posta pelos seguintes elos:
 ■ Insumos agropecuários: inclui agentes responsáveis pela produção e dis-
tribuição de insumos para a produção rural. Incluem-se aqui empresas 
de fertilizantes, pesticidas, sementes, rações, medicamentos entre outras.
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 ■ Produção rural: são agentes envolvidos com a produção agrícola e 
pecuária.
 ■ Indústria de transformação: são as empresas responsáveis pelo proces-
samento dos produtos agropecuários. Esse elo pode ser subdividido em 
mais etapas, caracterizando: 1ª transformação, 2ª transformação e assim 
por diante. No caso da soja, por exemplo, após a produção rural, pode-
se observar a indústria de 1ª transformação, que processa óleo bruto, e a 
indústria de 2ª transformação, que transforma óleo bruto em óleo refi-
nado. A subdivisão desse elo é conveniente quando as etapas do processo 
nem sempre são realizadas pelo mesmo grupo de agentes.
 ■ Atacado: neste elo, incluem-se as empresas atacadistas, ou seja, que adqui-
rem os produtos das empresas processadora e distribuem em grandes 
quantidades. Dada a concentração de mercado e o aumento de poder das 
grandes redes supermercadistas, esse elo tem, em muitos casos, desapa-
recido das cadeias de produtos alimentares, pois os supermercados têm 
adquirido os produtos diretamente da indústria.
 ■ Varejo: são aqueles responsáveis pela venda dos produtos ao consumi-
dor final. Incluem desde pequenas lojas especializadas até grandes redes 
supermercadistas.
 ■ Consumidor final: trata-se do elo mais relevante da cadeia. De fato, a 
eficácia e eficiência de uma cadeia de produção está associada ao aten-
dimento das necessidades do mercado, ou seja, do consumidor. Assim, 
muitas análises de cadeias produtivas partem do estudo do mercado con-
sumidor de seus produtos.
A figura 2 ilustra um esquema típico de 
cadeia de produção. As setas indicam os flu-
xos existentes entre os elos: da esquerda para 
a direita, observa-se fluxo de mercadorias, 
serviços e informações entre os agentes. Ou 
seja, é o caminho percorrido pelo produto. 
No sentido inverso, o que é passado de um 
elo a outro são informações e dinheiro. 
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Figura 2: Esquema genérico de uma cadeia de produção
Fonte: Adaptado de Batalha e Silva (2007)
Para melhor compreender uma cadeia de produção, observe o exemplo abaixo:
 ■ Para que o jeans que você está usando agora tenha sido comprado por 
você, uma série de atividades produtivas foram necessárias. Insumos agrí-
colas (fertilizantes, inseticidas etc.) foram utilizados por produtores rurais 
de algodão. O algodão que eles produziram foi colhido, beneficiado por 
uma algodoeira e vendido para empresas do setor têxtil. Estas foram res-
ponsáveis pela fiação e tecelagem, fabricando o tecido. Uma fábrica do 
setor de vestuário, por sua vez, comprou o tecido e confeccionou, dentre 
outras peças, a sua calça. Essa empresa vendeu mercadorias para empre-
sas do setor atacadista, como aquelas de grandes shoppings atacadistas de 
vestuário. Um desses atacadistas vendeu a calça jeans que você usa agora 
para uma empresa de varejo. Por fim, você foi até essa loja de confecções 
e comprou a calça. Veja na figura 3 o caminho que acabou de ser traçado. 
Para ter uma visão divertida de cadeias de produção agroindustriais, veja os 
episódios “de onde vem o ovo?” e “de onde vem o pão?”, do programa “De 
onde vem?”, da TV Cultura. Para isso, basta clicar nos links abaixo:
Cadeia do ovo:
<http://www.youtube.com/watch?v=oTBjZsjq_O0&playnext=1&list=PL-
021B0F940D4E8CA3&feature=results_video>.
Cadeia do pão: 
<http://www.youtube.com/watch?v=eFARyfWCgkM&playnext=1&list=PL-
021B0F940D4E8CA3&feature=results_main>.
Fonte: Fundação Padre Anchieta, 2008.
Quando se fala em agronegócio, quase sempre se imagina mega empreen-
dimentos e operações gigantescas, como observado na figura.
Fonte: <http://en.mercopress.com/2009/04/13/the-success-of-brazilian-far-
ming-and-argentinas-disarray>
No entanto, é errôneo pensar que o agronegócio inclui apenas a produção 
em alta escala, realizada em grandes fazendas altamente tecnificadas. A 
agricultura familiar e a pequena produção também fazem parte do agrone-
gócio, e têm grande relevância para a economia de muitos países. As produ-
ções de leite e de hortaliças, por exemplo, são desenvolvidas principalmen-
te por pequenos produtores rurais. A mesma ideia também é válida para os 
outros elos da cadeia (transformação e distribuição, por exemplo).
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Figura 3: Esquema simplificado da cadeia de produção do algodão
Fonte: Adaptado de Buainain e Batalha (2007)
No exemplo acima, é possível identificar a participação de vários agentes econômi-
cos, desde a produção e distribuição de insumos agrícolas até o consumidor final.
A delimitação de uma cadeia de produção vai depender das transações e dos 
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agentes que se pretende estudar. É por isso que hoje não se leva tanto em consi-
deração o fato de se partir de um produto final ou de uma matéria-prima para 
definir uma cadeia. 
É óbvio que cada cadeia vai ter suas particularidades, apresentando mais ou 
menos elos, e até mesmo a inclusão de agentes intermediários entre os elos. Isso 
vai depender não só do produto, mas também das características dos agentes, 
do mercado, da região e do ambiente no qual os agentes estão inseridos. Assim, 
estamos nos referindo ao sistema.
SISTEMAS AGROINDUSTRIAIS
Pensando no sistema, alguns estudiosos trabalharam com a noção de Sistemas 
Agroindustriais (SAI ou SAG) (BATALHA; SILVA, 2007; ZYLBERSZTAJN; 
NEVES, 2000). Nesse caso, a visão é mais ampla. Para análise de Sistemas 
Agroindustriais, consideram-se não somente os agentes diretamente envolvi-
dos na cadeia de produção, mas também outros agentes e fatores que influenciam 
o desempenho da cadeia. São eles:
 ■ Ambiente institucional: caracteriza-se pelas regras formais e informais 
que ditam e guiam a conduta dos agentes da cadeia. Inclui o sistema legal, 
as tradições e costumes, as regulamentações, e as políticas macroeconômi-
cas e setoriais públicas. A taxa de câmbio, por exemplo, é um fator que faz 
parte desse ambiente e influencia o desempenho dos agentes e da cadeia 
como um todo (o câmbio elevado é favorável às exportações, mas preju-
dica as importações de insumos e bens de capital para o setor).
 ■ Ambiente organizacional: é formado pelas associações, sindicatos e outras 
entidades de classe,além de políticas setoriais privadas. O Conseleite, no 
Paraná, por exemplo, faz parte do ambiente institucional do SAI do leite 
no estado, pois é uma organização que define preços de referência para 
venda do leite de produtores rurais para a indústria.
Para saber mais sobre o Conseleite acesse: 
<http://www.conseleitepr.com.br/site/>.
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 ■ Ambiente tecnológico: trata-se das características e da evolução tecnoló-
gica de uma cadeia. O desenvolvimento da soja transgênica, por exemplo, 
foi uma mudança tecnológica que influenciou e tem influenciado a cadeia 
da soja no Brasil e no mundo.
 ■ Indústria e serviços de apoio: são os agentes que não estão inseridos na 
cadeia produtiva propriamente dita, mas que colaboram para o desem-
penho da mesma. Tratam-se das empresas de embalagens, aditivos, 
máquinas e equipamentos para a indústria, logística, estocagem e trans-
porte, marketing entre outros. No caso do leite, por exemplo, a chegada 
do leite UHT (“de caixinha”) no mercado brasileiro só foi possível devido 
à existência de fornecedores de equipamentos industriais e de embala-
gens para acondicionamento do produto. Caso contrário, a indústria 
não poderia produzir esse leite, e não teriam ocorrido grandes mudan-
ças estruturais nessa cadeia.
Deve-se lembrar que o SAI, por ser um sistema, sofre mudanças ao longo do 
tempo, ou seja, não é estático. A figura 4 ilustra a visão de Sistema Agroindustrial. 
Observa-se que a cadeia de produção faz parte de um SAI.
Figura 4: Representação dos Sistemas Agroindustriais
Fonte: ZYLBERSZTAJN e NEVES (2000)
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REDES (NETCHAINS)
Por fim, uma visão mais recente do agronegócio tem levado muitos estudiosos 
a considerarem a noção de redes de empresas (do inglês, network ou netchain). 
Por uma rede, entende-se um conjunto de relacionamentos entre diferentes agen-
tes, que não necessariamente ocorrem de maneira linear. Retomando a visão de 
cadeias, as relações – representadas pelas setas na figura 4, seguem uma linha 
reta. É como se as únicas relações a serem estudadas fossem aquelas apontadas 
pelas setas. 
Na abordagem de redes, adota-se a ideia de que, para que um produto che-
gue até um consumidor final, as relações a serem estudadas (relações tanto de 
cooperação quanto de conflito, comerciais e não comerciais) não são somente 
aquelas entre os agentes da cadeia. Deve-se considerar a atuação de outros agentes, 
pois as relações não ocorrem em um único sentido (LAZZARINI; CHADDAD; 
COOK, 2001). Agentes de diferentes cadeias produtivas, por exemplo, podem se 
relacionar; agentes de um mesmo elo, também. Assim, a visão passa a ser tridi-
mensional. A figura 5 ilustra uma netchain. Os pontos representam os diferentes 
agentes e as linhas representam as relações.
Figura 5: A visão de rede (netchain)
Fonte: Lazzarini, Chaddad e Cook (2001)
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ESPECIFIDADES DO AGRONEGÓCIO
Por que o agronegócio merece ser estudado separadamente? O que leva mui-
tos estudiosos a focarem seus trabalhos em agronegócio? O que faz dele algo 
tão especial?
O tratamento individual que se dá ao agronegócio deve-se, entre outros moti-
vos, ao fato de que ele tem características específicas, que fazem com que sua 
gestão não seja igual a de outros setores produtivos (BATALHA; SCARPELLI, 
2005). Dentre as principais especificidades – ou particularidades – do agrone-
gócio, podem-se listar:
1. Sazonalidade da produção agropecuária: grande parte dos produtos 
agropecuários está sujeita a períodos de safras e entressafras, tais como 
a soja, o milho e o café. Isso influencia a cadeia como um todo, pois vai 
definir o período em que a indústria vai receber a matéria-prima. Isso 
pode influenciar as necessidades de capacidade de processamento e de 
armazenagem, por exemplo, além de influenciar a disponibilidade e o 
preço do produto ao consumidor. Todos sabemos das variações do preço 
do leite ao longo do ano por conta dos períodos de seca, de chuva e da 
consequente variação na quantidade produzida. No caso do café, por 
exemplo, agentes da cadeia costumam trabalhar com estoques de café 
verde, abrindo espaço inclusive para agentes intermediários.
2. Variações da qualidade do produto agropecuário: a qualidade da maté-
ria-prima agropecuária é influenciada pelas condições edafoclimáticas1 e 
técnico-produtivas do segmento rural. Isso quer dizer que, dependendo 
do solo e clima em que se planta ou se cria, e dependendo das técnicas 
empregadas, pode-se obter produtos com características diferentes. Isso, 
por sua vez, vai influenciar a qualidade do produto final.
3. Perecibilidade da matéria-prima: produtos agropecuários, principal-
mente alimentares, são perecíveis, ou seja, deterioram em curto espaço 
de tempo. Isso dificulta a estocagem por longos períodos e o transporte 
por longos percursos, e obriga a indústria a processar a matéria-prima 
que chega rapidamente, sob pena de perdê-la. Assim, deve-se existir um 
bom planejamento para que o sistema funcione eficientemente.
1 Condições edafoclimáticas são aquelas referentes a características de solo e clima. 
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4. Sazonalidade do consumo: o consumo de produtos agropecuários, prin-
cipalmente alimentos, também está sujeito a períodos de pico ou recessão. 
A demanda por chocolate na Páscoa, por sopas prontas no inverno, por 
cerveja no verão, entre outros, obriga as respectivas cadeias desses pro-
dutos a se programarem, oferecendo produtos no momento certo. Vale 
lembrar ainda que a sazonalidade do consumo nem sempre coincide com 
a sazonalidade da produção agropecuária. 
5. Perecibilidade do produto final: mesmo depois de processados, muitos 
produtos agropecuários continuam perecíveis (derivados lácteos, car-
nes, pães etc.). Assim, as empresas devem fazer com que estes produtos 
cheguem rapidamente ao mercado para serem consumidos. Além disso, 
dada a dificuldade de estocagem por longos períodos, a produção deve 
ser adequadamente planejada para que não haja perdas.
6. Qualidade e questões sanitárias: os alimentos estão sujeitos à vigilância 
sanitária. Se consumidos em condições inaceitáveis (contaminados, por 
exemplo), podem causar problemas de saúde. Assim, as empresas inse-
ridas nos sistemas produtivos de alimentos devem estar atentas a essa 
questão e operarem de acordo com as exigências legais (estamos falando 
aqui do ambiente institucional). A comercialização de produtos de ori-
gem animal, por exemplo, só pode ocorrer se seu processamento ocorrer 
sob normas do Sistema de Inspeção (Federal, Estadual ou Municipal).
7. Aspectos ambientais: os sistemas agropecuários têm forte relação com 
o meio ambiente. Existem, então, exigências legais específicas à agrope-
cuária, que devem ser observadas e seguidas pelos agentes envolvidos 
nas cadeias. Exemplos de tais exigências são o tratamento de resíduos e a 
manutenção de áreas de preservação permanentes nas propriedades rurais.
8. Aspectos sociais do consumo: por fim, deve-se considerar que o con-
sumo de alimentos está ligado a questões culturais e sociais. Os hindus 
não consomem carnebovina; os muçulmanos não comem carne suína; os 
consumidores europeus procuram mais produtos orgânicos; o consumo de 
erva-mate é maior na região Sul; aumentou o consumo de produtos light 
no mundo, pois as pessoas querem ficar “em forma”. Esses exemplos mos-
tram que questões sociais e culturais influenciam as cadeias de produção 
agroindustriais. Assim, os agentes devem estar atentos a tais especifici-
dades e a mudanças nos padrões de consumo para serem competitivos. 
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Dessa forma, é possível perceber que o agronegócio, ainda que complexo, trata-
se de um tema atual, relevante e em constante mudança, e merece ser estudado 
de maneira aprofundada. 
O AGRONEGÓCIO NO BRASIL
Sabe-se que o agronegócio brasileiro tem grande destaque no cenário mundial. 
Ouve-se que o Brasil tem um rebanho bovino maior que sua população; que a 
área de cultivo do país é imensa; que o Brasil vai se destacar mundialmente com 
a produção de biocombustíveis; que o Brasil é o celeiro do mundo. 
Também é sabido que boa parte das riquezas geradas no país origina-se 
do agronegócio. O Brasil é reconhecidamente um grande produtor de produ-
tos agroindustriais. E é também um grande consumidor desses produtos. Dessa 
forma, o intuito desse item é caracterizar o agronegócio brasileiro, identificando 
seu peso na economia nacional e os principais produtos. 
Mais do que isso, pensando na noção de cadeia produtiva, deve-se tomar 
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NOÇÕES GERAIS DE AGRONEGÓCIO E AGRONEGÓCIO NO BRASIL
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conhecimento do peso de cada elo na geração de riquezas, bem como identi-
ficar a evolução do consumo dos principais produtos do agronegócio no país. 
Assim, a próxima seção tratará de contextualizar o agronegócio na economia 
nacional, bem como de identificar os principais produtos. Será traçada também 
a evolução da produção. A seção seguinte vai tratar da participação dos dife-
rentes elos da cadeia na geração de riquezas do agronegócio. Por fim, na última 
seção, serão abordadas tendências gerais para o agronegócio. 
PRINCIPAIS PRODUTOS DO AGRONEGÓCIO BRASILEIRO
O Brasil vem se destacando mundialmente como um dos maiores produtores e 
fornecedores de produtos do agronegócio. Deve-se destacar que seu bom desem-
penho pode ser atribuído a uma série de fatores: o espírito empreendedor dos 
agentes; os investimentos em pesquisa e desenvolvimento de novos produtos, 
a tecnologia, a qualidade dos produtos, o clima 
favorável e sua grande extensão territorial (MAPA, 
2007). Esses fatores auxiliam no alcance de eficiên-
cia técnica e alta produtividade no setor. 
Com relação à área, o Brasil possui área total 
de 851 milhões de hectares. O Quadro 1 mostra 
como está distribuído esse total, segundo seu uso e 
finalidade. As áreas atualmente utilizadas para agri-
cultura correspondem a pastagens, culturas anuais 
e culturas permanentes, totalizando 282 milhões 
de hectares. As áreas que não podem ser utilizadas 
para a agricultura no Brasil correspondem a 54% da 
extensão total do país (Floresta Amazônica, áreas 
protegidas, florestas cultivadas, cidades, lagos, estra-
das e outros usos), num total de 463 milhões de hectares. 
Fazendo as contas, chega-se à conclusão que 106 dos 851 milhões de hec-
tares ainda estão disponíveis para agricultura no país. Isso quer dizer que, além 
do crescente aumento de produtividade, o potencial do Brasil para expansão da 
O Agronegócio no Brasil
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produção é aumentado pela vasta disponibilidade de terras ainda não utilizadas. 
Floresta Amazônica 345
Pastagens 220
Áreas protegidas 55
Culturas anuais 47
Culturas permanentes 15
Cidades, lagos, estradas 20
Florestas cultivadas 5
Sub-total 707
Outros usos 38
Áreas não exploradas, ainda disponíveis para a agricultura 106
TOTAL 851
Quadro 1: Disponibilidade de terras, segundo seu uso e finalidade (em milhões de hectares)
Fonte: Elaborado a partir de MAPA (2007)
Com relação aos recursos hídricos, importante fator para a produção agropecu-
ária, o Brasil também se encontra em posição favorável. Segundo a FAO (2008), 
a disponibilidade interna de água proveniente de fontes renováveis no país é de 
5,418 trilhões de m3 por ano. Apenas para se ter uma ideia, na Argentina, esse 
valor é de 276 bilhões; na Austrália, 492 bilhões; nos Estados Unidos, 2,8 tri-
lhões; na China, 2,8 trilhões; na Índia, 1,26 trilhões e na França, 178 bilhões. 
Em termos monetários, o agronegócio brasileiro também vem apresentando 
maiores ganhos. No ano de 2012, o Valor Bruto da Produção (VBP) agropecu-
ária será de R$ 351,73 bilhões de reais, segundo estimativas do Ministério da 
Agricultura, Pecuária e Abastecimento, 93,10% maior que em 2003 (MAPA, 2012). 
Em 2012, a agricultura será responsável por 58,41% do VBP agropecuário, 
e a pecuária deve representar os outros 41,59%. O VBP gerado pela agricultura 
passou de R$ 114,59 bilhões, em 2003, para R$ 205,43 bilhões em 2012, o que 
representa um aumento de 79,3%. Já a pecuária neste mesmo período obteve 
um crescimento de 116,50% (MAPA, 2012). 
Nesse contexto, destaca-se a soja, como mostra a tabela 1. O valor da produção 
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de soja em 2012 é de R$ 45,00 bilhões de reais, que corresponde a cerca de 12,79% 
do VBP agropecuário total. Em seguida, observa-se a carne bovina, com quase 
R$ 60,16 bilhões (17,10% do total). Além disso, pode-se afirmar que há forte 
concentração em poucos produtos: os sete itens listados representam 77,10% 
do VBP gerado na agropecuária em 2012.
PRODUTO
VBP (R$ BILHÕES)
VARIAÇÃO (%)
2003 2012 *
1 Soja 36,89 45,00 21,98%
2 Carne Bovina 30,87 60,16 94,88%
3 Milho 17,29 27,85 61,08%
4 Frango 15,98 40,78 155,19%
5 Cana-de-açúcar 13,49 46,39 243,88%
6 Leite 11,85 28,55 140,93%
7 Café beneficiado 5,77 22,44 288,91%
Outros 50,02 80,56 61,06%
Total 182,16 351,73 93,09%
Tabela 1: Valor Bruto da Produção agropecuária, por produto
Fonte: Elaborado a partir de MAPA (2012)
* : Projeção. 
Com relação ao Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio, este foi de R$ 
917,65 bilhões em 2011, contra R$ 648,21 bilhões em 1994. Em 2011, o PIB do 
agronegócio correspondeu a 22,15% do PIB brasileiro (CEPEA, 2012). 
Assim como o VBP, o PIB do agronegócio também tem apresentado cresci-
mento no longo prazo. De 1994 a 2011, o crescimento foi de 41,6%, como pode 
ser visto no gráfico 1. O gráfico também deixa claro que a maior parte desse PIB 
é proveniente da agricultura. No ano de 2011, este segmento foi responsável por 
mais de 70% do PIB do agronegócio. 
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Gráfico 1: O PIB do Agronegócio Brasileiro (Bilhões R$)
Fonte: Elaborado a partir de CEPEA (2012)
PARTICIPAÇÃO DOS DIFERENTES ELOS NO AGRONEGÓCIO 
BRASILEIRO
Como já afirmado, o agronegócio brasileiro não é representado unicamente pela 
produção rural. Agentes de outros segmentos também fazem parte do agribusi-
ness e devem, portanto, ser considerados. Assim, é importante que se verifique 
a participaçãode outros elos da cadeia na geração de riquezas no agronegócio.
Para tanto, vamos analisar a participação dos elos de insumos, agropecuária, 
indústria e distribuição (atacado e varejo) na composição do PIB do agronegócio. 
Em 2011, o setor de insumos correspondeu a 11,81% desse PIB; a agropecuária, 
28,80%; a indústria foi responsável por 28,53%; e o elo de distribuição, 30,87 % 
(CEPEA, 2012). Isso mostra a importância dos outros elos na composição do 
agronegócio, principalmente daqueles mais próximos do consumidor final na 
cadeia (indústria e distribuição). 
Pensando na evolução da participação dos diferentes elos na geração de 
riquezas, é interessante se observar o gráfico 2. Pelo gráfico, observa-se que a 
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distribuição tem sido mais ou menos constante no período observado. Ou seja, 
nenhum elo aumentou consideravelmente sua participação relativa no PIB do 
agronegócio. Além disso, o gráfico deixa mais claro a importância dos elos de 
distribuição e industrialização, que correspondem juntos a 59,39% desse PIB. 
Isso pode ser explicado pela agregação de valor que ocorre ao longo da cadeia, 
até chegarem ao consumidor final. Conforme os produtos vão “caminhando” 
de um elo para outro, mais atividades são realizadas e, portanto, mais valor se 
agrega ao bem. Assim, o produto acaba sendo vendido por um preço mais alto, 
e isso gera mais riqueza.
Gráfico 2: Distribuição do PIB do agronegócio
Fonte: Elaborado a partir de CEPEA (2012)
TENDÊNCIAS PARA O AGRONEGÓCIO
Você acredita que o futuro do agronegócio no Brasil e no mundo está relacio-
nado somente ao aumento contínuo da produção? Pense bem...
Tendências para o Agronegócio
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Mudanças climáticas globais têm sido discutidas por líderes políticos do 
mundo; observa-se a busca por combustíveis menos poluentes; as relações sociais 
desiguais entre agentes do agronegócio são colocadas em pauta (por ex.: explora-
ção de pequenos produtores por grandes empresas processadoras e distribuidoras); 
a introdução de produtos geneticamente modificados no mercado (os transgê-
nicos) tem causado grandes discussões nas negociações entre países. 
Isso mostra que o agronegócio deve passar por mudanças nos próximos 
anos. Assim, o intuito desse item é mostrar algumas das principais tendências 
do agronegócio, falando de produtos e de processos produtivos. Nesse contexto, 
inserem-se questões sociais, econômicas e ambientais, como será visto a seguir. 
Ainda que você não trabalhe ou não tenha tido contato com os assuntos a serem 
abordados, eles devem ser estudados por aqueles que desejam aproveitar opor-
tunidades futuras no agronegócio.
E AGORA, PARA ONDE VAI O AGRONEGÓCIO?
Nesta seção, busca-se discutir algumas tendências do agronegócio mundial e 
brasileiro. Os tópicos a serem discutidos são os seguintes: agregação de valor; 
tecnologia no agronegócio; sustentabilidade; regionalização e certificações. 
É importante ressaltar que tais tendências não existem isoladamente. Elas 
estão inter-relacionadas, e a ação em um determinado aspecto pode trazer 
resultados em outros sentidos. Por exemplo: a produção de produtos orgânicos, 
em um primeiro momento, pode estar ligada à busca por agregação de valor. 
Entretanto, essa prática também traz resultados em termos ambientais e sociais 
e está ligada à certificação. 
Assim, a discussão em tópicos ocorre meramente para estruturar o assunto 
e facilitar o ensino. Entretanto, na prática, essa separação muitas vezes torna-
se impossível. 
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AGREGAÇÃO DE VALOR AOS PRODUTOS
Na economia, diz-se que a demanda por produtos básicos (commodities) não 
tem alta elasticidade-renda. Ou seja, você não come mais arroz porque seu salá-
rio aumentou, a não ser que antes você tivesse renda muito baixa e faltasse arroz 
em suas refeições. Entretanto, você pode consumir mais quantidade de produ-
tos elaborados (pizzas, por exemplo) com um aumento de salário. 
Num mundo em que a renda per capita cresce a cada ano, a procura por pro-
dutos diferenciados tem aumentado. É lógico que ainda há espaço para aumento 
das vendas de commodities, até porque uma boa parcela da população mundial 
não tem alimento em quantidade suficiente. Entretanto, nos países de renda mais 
elevada, tais como os países desenvolvidos, as cadeias produtivas do agronegócio 
têm buscado agregar valor aos produtos, como forma de aumentar seus ganhos. 
A diferenciação também pode ser voltada para atender a nichos de mercado, ou 
seja, grupos específicos de consumidores, com determinadas características em 
comum (atletas, “naturebas”, solteiros, executivos etc.).
A busca por agregação de valor e diferenciação dos produtos do agronegócio 
não ocorre somente via processamento de produtos. A agregação de valor pode 
ocorrer por meio de embalagens, de seleção, do uso de marcas, de práticas de 
qualidade ou ambientais, de rastreabilidade entre outros. Mais do que isso, a agre-
gação de valor pode depender de vários agentes de um dado SAI. Por exemplo:
Um produto orgânico é um produto diferenciado, certo? Para que ele possa 
ser reconhecido como um produto de maior valor agregado e vendido como 
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orgânico, os insumos utilizados na produção rural foram específicos a esse tipo 
de produção. As técnicas de manejo e produção na área rural também exigiram 
atividades específicas dos agentes envolvidos (aqui, depende--se da boa atua-
ção do elo da produção rural); a certificação, por meio de um selo, é dada por 
organizações independentes, inseridas no ambiente organizacional do SAI; a 
distribuição deve ser feita de maneira adequada, em pontos de varejo que sejam 
capazes de alcançar o público-alvo.
A produção de cafés especiais exige o cultivo em áreas apropriadas, que 
permitam a obtenção de grãos com a qualidade requerida. Além disso, deve-
se escolher a variedade do café a ser cultivada, o que depende do fornecedor de 
mudas. As práticas de plantio, manejo, colheita, seleção, secagem e armazena-
gem do café na propriedade rural também devem ser adequadas e específicas 
ao produto. As processadoras (torrefadoras) devem possuir sistemas produtivos 
adequados, desde a seleção dos grãos até o empacotamento. Por fim, a distribui-
ção também deve estar de acordo com o produto, tais como lojas especializadas.
Uma boa coordenação da cadeia exige que os vários agentes envolvidos par-
ticipem e se comprometam, para que o valor não se “perca” ao longo da cadeia. 
Uma das formas de se agregar valor é a produção de produtos de quali-
dade mais elevada. Nesse sentido, a produção de cacau fino, de cafés especiais, 
de vinhos finos, de queijos finos e de carnes premium ou rastreada pode ser um 
caminho para a diferenciação. No caso dos cafés de alta qualidade (gourmets), 
por exemplo, esse mercado no Brasil cresce cerca de 20% ao ano, enquanto o 
crescimento anual do mercado de cafés como um todo é de 5% (NERY, 2007). 
TECNOLOGIA NO AGRONEGÓCIO
O uso de tecnologia no agronegócio tem permitido aos agentes ganhos de produ-
tividade, redução de custos, aumento da coordenação e inovações de produtos. 
Dentro do tema tecnologia, pode-se destacar o uso de ferramentaspara gestão 
e troca de informações, a agricultura de precisão e a biotecnologia.
Atualmente, a aplicação de ferramentas de gestão e informação no agrone-
gócio é imprescindível para o sucesso das cadeias produtivas. A globalização fez 
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com que cadeias fossem formadas por agentes de diferentes partes do mundo, 
o que torna as relações mais complexas. Assim, a eficácia e eficiência na troca 
de informações se tornam essenciais. Além disso, as cadeias devem ser geren-
ciadas eficientemente, o que leva à necessidade de ferramentas para gestão das 
atividades. Nesse sentido, destaca-se desde o uso de simples programas compu-
tacionais para gestão de custos na propriedade rural até sistemas integrados de 
gestão, tais como o ERP (Entreprise Resources Planning). 
A tecnologia também tem auxiliado no desenvolvimento da agricultura de 
precisão. Trata-se da busca por maior precisão no manejo e cultivo agropecuário, 
por meio de um conjunto de ações de gestão dos sistemas de produção, conside-
rando a variabilidade espacial das lavouras. Ou seja, ela considera as diferenças 
de solo, clima e relevo. A análise de solo para correção precisa; o uso de senso-
res térmicos nos aviários e o uso de monitoramento por satélite são exemplos 
da agricultura de precisão. 
Por fim, a biotecnologia tem sido amplamente empregada no agronegócio. 
Trata-se da tecnologia associada à biologia. Na pecuária, ela pode ser represen-
tada pelo melhoramento genético animal, pela clonagem e pela transferência de 
embriões. Na agricultura, podem-se destacar as espécies resistentes a pragas e 
doenças e os alimentos com maior valor nutricional com o desenvolvimento de 
plantas transgênicas (Organismos Geneticamente Modificados - OGM) (CIB, 
2008). 
41
CIENTISTAS PESQUISAM CANA-DE-AÇÚCAR GM COM MAIOR TEOR DE 
SACAROSE
A cana-de-açúcar transgênica, modificada 
para produzir maior teor de açúcar e etanol, 
poderá ser cultivada, no Brasil, em um prazo 
de três a cinco anos. Os cientistas estão 
realizando testes de campo com varieda-
des de cana GM com maiores quantidades 
de sacarose em relação às plantas conven-
cionais. “Nesse ponto, (a cana GM) é mais 
uma questão de regulamentação que uma 
questão científica”, afirma Paulo Arruda, 
diretor científico de uma empresa da área 
de biotecnologia e responsável pelo desen-
volvimento de uma variedade de cana que 
está em teste. 
Aguardam aprovação pela CTNBio varie-
dades de cana-de-açúcar geneticamente 
modificada para terem maior rendimento 
de sacarose e também com aumento da 
biomassa, resistência a insetos e tolerân-
cia a herbicida e à seca. 
“A maior parte das novas áreas para a cana 
no Brasil são pastagens degradadas, onde 
os níveis pluviométricos são inferiores aos 
das áreas tradicionalmente produtoras de 
cana”, disse Arruda, explicando a impor-
tância de variedades tolerantes à seca. 
“Esperamos que a tecnologia permita rendi-
mentos de 10% a 15% mais elevados”, disse. 
O Centro de Tecnologia Canavieira (CTC) 
também vê os aspectos regulatórios, e não 
os aspectos técnicos, como os principais 
obstáculos para o progresso da cana GM 
no Brasil. “De três a cinco anos seria pos-
sível termos variedades disponíveis (se a 
regulamentação estiver ok)” explica Jaime 
Finguerut, gerente estratégico de desen-
volvimento industrial da CTC. (...) 
Fonte: Agência Reuters
Disponível em: <http://cib.org.br/em-dia-com-a-ciencia/noticias/cientistas-pesquisam-ca-
na-de-acucar-gm-com-maior-teor-de-sacarose/>. Acesso em: 04 set. 2012.
COMENTÁRIO CRÍTICO
Apesar das vantagens dos transgênicos, principalmente para os agentes produtores, 
a discussão acerca da segurança dos transgênicos é ampla. Ambientalistas, pequenos 
produtores, consumidores e alguns cientistas afirmam que o consumo de OGMs pode 
trazer riscos para a saúde, além de prejudicar o meio ambiente. Acrescenta-se a isso uma 
questão socioeconômica: pequenos produtores podem ficar dependentes de grandes 
multinacionais fornecedoras de sementes. São vários os argumentos contra os transgê-
nicos, o que indica que o assunto não está encerrado na pauta mundial.
Para mais informações sobre os OGMs, leia o guia “Transgênicos: você tem direito de conhe-
cer”, acessando o link <http://www.cib.org.br/> . 
Para uma visão contrária, acesse o site do Greenpeace <www.greenpeace.org/brasil/trans-
genicos>.
Leia o texto de José Carlos Pereira de Freitas, Sustentabilidade nos Agronegócios, no link: 
<http://www.portaldoagronegocio.com.br/conteudo.php?id=25744>.
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SUSTENTABILIDADE
Falar em sustentabilidade no agronegócio significa pensar em sistemas de pro-
dução que sejam sustentáveis no longo prazo. Isso envolve não somente questões 
ambientais como também questões de ordem social. 
Assim, a sustentabilidade busca, por exemplo:
 ■ a diversificação dos sistemas produtivos, por meio de consórcios, sis-
temas integrados e rotações de culturas (veja o quadro com a leitura 
complementar);
 ■ a conservação da biodiversidade;
 ■ o uso de técnicas para proteção do solo, como o plantio direto;
 ■ o plantio e o manejo de espécies adaptadas às condições edafoclimáti-
cas locais;
 ■ o uso de fontes limpas de energia, tais como biodiesel e biodigestores;
 ■ o respeito às características socioeconômicas regionais, buscando o pla-
nejamento e ocupação do espaço rural e a manutenção digna do homem 
no campo.
Plantio integrado é alternativa para agricultura na Amazônia
A opção permite, simultaneamente e no mesmo terreno, atividades em su-
cessão e o sistema de plantio direto, que preserva ao máximo a integridade 
do solo.
Para amenizar os custos e permitir a reutilização de áreas degradadas na 
Amazônia, pesquisadores da Embrapa estão propondo a adoção do sistema 
integração lavoura-pecuária-silvicultura (ILPS). A opção permite, simultane-
amente e no mesmo terreno, atividades em sucessão e o sistema de plantio 
direto, que preserva ao máximo a integridade do solo.
De acordo com o pesquisador Paulo Campos Fernandes, da Embrapa Ama-
zônia Oriental, é inviável economicamente a recuperação de solos de pas-
tagens usando adubos. O mecanismo mais oportuno é a integração com 
a agricultura. “Isso acontece porque as atividades pecuárias tornam o solo 
mais compacto, impossibilita a drenagem e a conseqüente fixação de nu-
trientes”, explica. Com o sistema é possível exercer a agricultura clássica do 
plantio de grãos como milho, soja, sorgo e feijão, ao mesmo tempo em que 
é desenvolvida a pecuária.
Segundo o pesquisador, já existem empresas com êxito na adoção desse 
sistema. “Essas iniciativas, monitoradas pela Embrapa, são referências de sis-
temas que funcionam e dão certo”, ressaltou.
Fonte: Portal do Agronegócio, 24 de outubro de 2008. 
Disponível em: <www.portaldoagronegocio.com.br> ou pela revista do Globo 
Rural <http://revistagloborural.globo.com/GloboRural/0,6993,EEC1690588-1935,00.
html>.
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No Brasil, alguns exemplos de práticas ambientais sustentáveis podem ser apon-
tados. Primeiramente, destaca-se que o Brasil é o campeão em descarte adequado 
de embalagens de agrotóxicos no mundo (MAPA, 2007). Além disso, a utiliza-
ção de resíduos da indústria sucroalcooleira, citrícola, madeireira e de carnesé 
exemplo de práticas ambientalmente corretas. Como é possível perceber, nesse 
contexto enquadra-se também a agricultura orgânica. 
Do ponto de vista da sustentabilidade social, destaca-se a importância de se 
combater o trabalho escravo e o trabalho infantil nas empresas, principalmente 
Informe-se sobre o desempenho de várias empresas em aspectos sociais, ambientais e 
trabalhistas no site da Organização “Observatório Social” –
 <http://www.observatoriosocial.org.br/portal/>.
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no elo da produção rural. Este é inclusive ponto de discussão nas negociações, 
pois muitos países alegam que os produtos brasileiros são competitivos no mer-
cado externo por utilizarem mão de obra escrava. 
Considerando cadeias produtivas, a sustentabilidade está ligada ao desenvol-
vimento de sistemas produtivos que permitam a manutenção dos agentes em 
condições de equidade. Sabe-se que muitas vezes o elo mais fraco – o produtor 
rural – é explorado dentro da cadeia, recebendo pouco pelo produto e pagando 
muito por seus insumos. É a chamada “tesoura de preços”: o produtor, por um 
lado, fica sujeito aos preços ditados por seus fornecedores de insumos, geralmente 
grandes empresas multinacionais – Monsanto, Cargill e Bunge, por exemplo. De 
outro lado, não pode repassar os preços aos seus compradores, pois são também 
grandes empresas do segmento de transformação ou distribuição, e possuem 
maior poder de mercado. Além disso, os produtores normalmente têm que cum-
prir grandes exigências de seus compradores. 
Muitos mercados consumidores têm enxergado tal situação como explora-
tória, e têm evitado a compra de produtos provenientes de cadeias com essas 
características. Assim, as novas tendências do agronegócio trazem consigo um 
aspecto social relevante: um novo espaço para o pequeno agricultor e à agricul-
tura familiar nas cadeias produtivas. 
Nesse aspecto, uma linha de gestão de cadeias é a do comércio justo (do 
inglês, fairtrade). Trata-se de um conjunto de práticas que preconiza relações 
entre produtores rurais e demais elos da cadeia em condições de equidade, par-
ceria, confiança e interesses compartilhados. O intuito é prover condições mais 
justas para produtores marginalizados. Assim, busca-se promover o acesso a 
mercados para esses produtores, principalmente da agricultura familiar e a dis-
tribuição dos ganhos ao longo da cadeia.
Em termos internacionais, essa linha é relevante por buscar condições mais 
Para ter uma noção da evolução dos preços pagos aos produtores de vários produtos do 
comércio justo ao longo dos últimos dez anos, clique no link: 
<http://www.fairtrade.net/producers.html>. 
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justas entre economias de países pobres e em desenvolvimento (fornecedores 
de matérias-primas) e países desenvolvidos (processadores e distribuidores de 
produtos finais). Além disso, ao garantir preços mínimos aos produtores rurais, 
esse tipo de comércio reduz a instabilidade de preços, tão comum em alguns 
produtos agrícolas com o café.
REGIONALIZAÇÃO
Na contramão da globalização, dos megaempreendimentos rurais e da produ-
ção em alta escala, observa-se, principalmente em países desenvolvidos, a volta 
de sistemas tradicionais de produção e do peso da “agricultura local”. 
Trata-se de uma forma de fugir do modelo de produção de commodities 
predominante no mundo, com a inserção de pequenos produtores que não têm 
condições de produção em alta escala e a baixos custos. É impulsionado pela 
existência de um mercado consumidor (nicho) que 
se preocupa com questões sociais relativas ao campo 
e que gosta de saber exatamente a origem e a quali-
dade dos produtos que consome. 
No sistema convencional, quando você compra 
um frango, você não sabe em que condições ele foi 
criado, quais os medicamentos que foram utilizados 
nele, se ele se alimentou de ração de soja transgênica e 
se os produtores rurais foram economicamente explo-
rados pelos grandes frigoríficos e redes varejistas. Na 
agricultura tradicional, o frango é produzido sob as 
mesmas condições de anos atrás, de forma artesanal, 
com apelo para a tradição e a história. Isso agrega 
valor ao produto. 
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Aqui também se encontra o apelo social: a regionalização permite a fixação 
do produtor em determinadas áreas. Além disso, lhe confere condições de pro-
duzir seu produto da maneira mais adequada às características culturais e da 
região, não sendo preciso se adequar aos modelos impostos pelos sistemas con-
vencionais. Assim, remete-se à questão da sustentabilidade.
Em alguns países, tem-se percebido o surgimento de barreiras mercadoló-
gicas decorrentes da regionalização. Empresas varejistas têm destacado o fato 
de venderem produtos da região ou do país onde estão localizadas, o que desen-
volve no consumidor uma tendência a consumir tais produtos em detrimento 
daqueles vindos de outras regiões. Em alguns casos, a própria postura dos con-
sumidores, como os franceses, por exemplo, já se encarrega de criar essa barreira 
aos produtos externos. 
Mas o Brasil também pode se aproveitar dessa tendência para o agronegó-
cio. Primeiramente, pela introdução desses produtos no mercado interno (vinho 
do Sul, café de Minas etc.). Além disso, buscando a inserção de produtos com a 
“marca” do Brasil no mercado externo, como é feito no caso do café (selo “cafés 
do Brasil”). 
Por falar em selos, vamos para o último tópico desta unidade: as certificações.
CERTIFICAÇÕES
Também como forma de garantir aos consumidores a procedência, a qualidade 
e as formas de produção dos produtos consumidos, cada vez mais se tem feito 
uso de certificações no agronegócio. Tais certificações são geralmente represen-
tadas por selos nos produtos e têm como objetivo garantir alguma característica 
em específico. 
O uso de selos nos produtos também é uma forma de agregação de valor, 
pois ao garantir alguma especificação, permite que o produto seja vendido a pre-
ços mais altos que um similar sem certificação. 
Podemos inserir neste tópico também a rastreabilidade. Dadas as ocorrên-
cias de contaminações em vários produtos alimentícios, como a “doença da vaca 
louca” e a “gripe aviária”, a rastreabilidade tem sido utilizada para garantir ao 
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consumidor um produto seguro e saudável, por meio de registro e controle em 
todas as etapas de produção, “do pasto ao prato”. 
Os selos servem para garantir ao consumidor algumas das característi-
cas já discutidas anteriormente, como a agricultura orgânica e o comércio 
justo. Relacionada à regionalização, a certificação de “Denominação de Origem 
Controlada - DOC” tem sido utilizada para garantir a procedência geográfica de 
um produto. Tal selo é bastante utilizado para vinhos e queijos, principalmente 
na Europa. Para conseguir uma DOC, o produto deve ter características físicas, 
de produção e organolépticas que o associe ao meio geográfico no qual é pro-
duzido. O quadro 3 mostra alguns exemplos de certificações. 
CERTIFICAÇÃO PRODUTOS CERTIFICADORA OBJETIVO
Ecologicamente 
corretos
Produtos florestais 
(madeira, papel e
 celulose e comés-
ticos).FSC – Conselho de 
Manejo Florestal
Garantir que os produ-
tos são provenientes de 
florestas plantadas ou 
mata nativa de manejo 
controlado.
Comércio Justo
Diversos, tais como 
algodão, café, açú-
car e chá. 
FLO – Fair Trade 
Labelling
Atestar que o produto 
garantiu uma remune-
ração adequada aos 
produtores rurais.
Orgânicos
Diversos produtos 
agropecuários (hor-
taliças, frutas, carnes 
etc.).
No Brasil, Instituto 
Biodinâmico – IBD
Garante o cultivo sem 
uso de agroquímicos. 
Rastreabilidade Diversos produtos (carnes, frutas etc.).
No Brasil, 56 em-
presas autorizadas 
pelo MAPA
Registrar o “caminho” 
percorrido pelo produ-
to, desde a produção 
rural até chegar à mesa 
do consumidor. 
Denominação 
de origem con-
trolada (DOC)
Vários produtos, 
tais como vinhos, 
queijos e cafés.
No Brasil, o Ins-
tituto Nacional 
da Propriedade 
Industrial - INPI
Garantir a procedên-
cia geográfica de um 
produto, bem como 
as características de 
produção intrínsecas à 
região. 
Quadro 3: Exemplos de certificações no Brasil
Fonte: O Estado de São Paulo, MAPA, IBD e INPI
NOÇÕES GERAIS DE AGRONEGÓCIO E AGRONEGÓCIO NO BRASIL
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IU N I D A D E48
Mais uma vez, enfatiza-se a importância de coordenação entre os agentes da 
cadeia, pois, na maioria dos casos, vários elos são envolvidos na certificação de 
um produto. 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Ao invés de se concluir com um simples apanhado geral do que foi escrito ante-
riormente, a proposta é continuar o raciocínio, e levantar alguns pontos a serem 
pensados por você. Um tópico de “considerações finais”, mais do que concluir 
algo, deve levar o leitor a querer saber mais sobre o assunto. E isso é essencial 
para o aprendizado.
Estudar o agronegócio envolve mais do que saber superficialmente sobre 
alguns produtos em destaque no mundo e no Brasil. Estudar o agronegócio 
significa saber que ele é composto de diferentes agentes econômicos, nas mais 
diversas atividades. É compreender as relações entre esses agentes. É entender 
que agentes externos podem influenciar o desempenho de uma cadeia. É saber 
que o que é verdade hoje, pode não ser amanhã, pois o mundo do agronegócio 
passa por grandes polêmicas e mudanças. É reconhecer a necessidade de coo-
peração entre os agentes de uma cadeia, pois todos trabalham para um mesmo 
fim: vender o produto de forma competitiva.
Você, como estudioso(a) do agronegócio, deve estar atento(a) ao seu panorama 
atual, mas também saber qual “a bola da vez” para o futuro. Independentemente 
do segmento ou do complexo que mais lhe interesse, a melhoria da competitivi-
dade dos SAIs é sempre algo almejado. E tais melhorias nem sempre são obtidas 
por meio da solução de problemas técnicos. Muitas vezes, o melhor desempe-
nho depende de relações mais eficientes entre os agentes. 
Assim, não se pode mais pensar em competição entre os agentes, e sim em 
competição entre cadeias: cadeias de diferentes lugares do mundo (cadeia do 
frango no Brasil e nos EUA disputando mercado entre si), e cadeias de diferentes 
produtos (cadeia do frango disputando mercado com a cadeia da carne bovina).
Considerações Finais 
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Nesse sentido, mecanismos de coordenação entre agentes do agronegócio 
devem ser desenvolvidos. Deve-se buscar formas de se melhorar a relação entre 
eles, e de levar a cadeia ao seu melhor desempenho. É nesse sentido que mui-
tos trabalham, por exemplo, com a Gestão da Cadeia de Suprimentos (Supply 
Chain Management) ou com estudo dos contratos dentro de cadeias produtivas.
A partir desse ponto, você é o responsável por melhorar a competitividade 
do agronegócio nacional. Como uma “formiguinha”, você deve buscar aplicar 
seus conhecimentos e trazer melhores resultados para o seu “formigueiro” – seu 
país, sua empresa, a cadeia da qual ela faz parte, ou qualquer outro meio que 
deseje considerar. 
51
1. Discorra sobre as diferenças e semelhanças entre cadeias de produção, sistemas 
agroindustriais e redes.
2. Esboce a cadeia produtiva para um produto do agronegócio.
3. Por que é importante estudar as relações entre os agentes de uma cadeia de 
produção?
4. Aponte alguns números que mostrem a importância do agronegócio para a eco-
nomia brasileira.
5. Aponte alguns números e fatos que mostrem a importância do agronegócio 
brasileiro no contexto mundial, tanto como produtor como consumidor de pro-
dutos do agronegócio.
Agronegócio do Brasil
NEVES, M. F. ZYLBERSZTAJN, D. NEVES, E. M
Editora: Saraiva
Sinopse: Para saber mais sobre o agronegócio brasileiro, leia o 
livro “Agronegócio do Brasil”, escrito por renomados profissionais 
da área.
Fundamentos de Agronegócios
Massilon J. Araújo.
Editora: Atlas
Sinopse: Outro livro importante para quem busca conceitos 
sobre agronegócio é “Fundamentos de Agronegócios” .
Material Complementar
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MATERIAL COMPLEMENTAR
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Professor Me. Jair Júnior Sanches Sabes
GESTÃO E COMPETITIVIDADE 
EM SISTEMAS DE PRODUÇÃO 
AGROINDUSTRIAIS: CONCEITOS E 
DEFINIÇÕES
Objetivos de Aprendizagem
 ■ Entender as definições conceituais dos principais níveis de análise 
existentes dentro da área do agronegócio.
 ■ Compreender as principais aplicações da noção de cadeia produtiva 
agroindustrial (CPA).
 ■ Entender a importância da gestão e competitividade para o 
êxito de um sistema de produção agroindustrial qualquer, 
independentemente de suas características ou especificidades.
 ■ Entender como está constituída a cadeia produtiva agroindustrial do 
amendoim e seus derivados no Brasil.
 ■ Entender como se pode analisar a competitividade de uma cadeia 
produtiva agroindustrial.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
 ■ Níveis de análise do sistema agroindustrial
 ■ Cadeias produtivas agroindustriais
 ■ Principais aplicações da noção de cadeia produtiva agroindustrial
 ■ Gerenciando com eficiência e eficácia em nível de sistema 
agroindustrial
 ■ Cadeia produtiva do amendoim e seus derivados: um exemplo de 
cadeia produtiva agroindustrial (CPA)
 ■ Noção de competitividade
 ■ Competitividade em nível de sistema agroindustrial
 ■ Analisando a competitividade em sistemas agroindustriais: 
procedimentos metodológicos
INTRODUÇÃO
Os termos gerenciamento e vantagem competitiva devem ultrapassar os limites 
da empresa e serem aplicados no âmbito do sistema de produção agroindustrial. 
Diante disto, buscando avançar nesse sentido, esta revisão de literatura apresenta 
um quadro teórico sobre gestão e competitividade em nível de sistemas agroin-
dustriais. Na realidade, a correta aplicação dos conceitos dessas duas áreas pode 
garantir eficiência e eficácia na coordenação, assim como maior poder de com-
petição do conjunto da cadeia agroindustrial.
Nesta Unidade, faremos então uma revisão de literatura sobre gestão e com-
petitividade em nível de sistemas agroindustriais. Aspectos importantes sobre 
gerenciamento e vantagem competitiva são apresentados como ferramentas 
importantes para o êxito de um sistema de produção agroindustrial.
Prezado(a) acadêmico(a), a Unidade II também lhe proporcionará conhe-
cer as principais aplicações da noção de cadeia produtiva agroindustrial (CPA), 
apresentando, para tanto, como está constituída a cadeia produtiva agroindus-
trial do amendoim e seus derivados no Brasil. Para finalizar a Unidade, veremos 
as análises de competitividade conduzidasem nível de sistemas agroindustriais.
RETOMANDO CONCEITOS DE AGRONEGÓCIO E 
COMMODITY SYSTEM APPROACH (CSA)
Para dar continuidade aos nossos estudos, vamos retomar o conceito de agro-
negócio, já discutido na Unidade I. De acordo com John Davis e Ray Goldberg, 
pesquisadores da Universidade de Harvard, o conceito de agronegócio (em inglês: 
agribusiness) pode ser definido da seguinte maneira:
O agronegócio é a soma das operações de produção e distribuição de 
suprimentos agrícolas, das operações de produção nas unidades agrí-
colas, do armazenamento, processamento e distribuição dos produtos 
agrícolas e itens produzidos a partir deles (DAVIS; GOLDBERG, 1957 
apud BATALHA; SILVA, 2007, p. 5).
Introdução
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IIU N I D A D E56
Segundo Davis e Goldberg, a agricultura já não podia mais ser vista como um 
setor não conectado aos outros segmentos econômicos responsáveis pelas ativida-
des que asseguram a produção, industrialização, distribuição e consumo de bens 
alimentícios. Esses estudiosos imaginavam a agricultura dentro de uma ampla 
rede de agentes econômicos que vão desde a produção de insumos, processa-
mento, até a armazenagem e comercialização de produtos agrícolas e derivados 
(DAVIS; GOLDBERG, 1957 apud BATALHA; SILVA, 2007).
Já a noção de commodity system approach (CSA) foi utilizada por Ray 
Goldberg, em 1968, para estudar o funcionamento dos sistemas produtivos 
da laranja, trigo e soja nos Estados Unidos da América. Essa aplicação acabou 
obtendo êxito devido à simplicidade e coerência do seu aparato teórico e ao ele-
vado grau de acerto nas suas predições. Na verdade, Goldberg realizou um corte 
vertical na economia que teve como ponto de partida da análise uma matéria-
-prima agrícola específica (trigo, soja e laranja). Todavia, é importante ressaltar 
que o conceito de commodity system approach (CSA) acaba renunciando o 
aporte teórico da matriz insumo--produto de Leontieff para utilizar conceitos e 
instrumentos analíticos da economia industrial – estrutura → conduta → desem-
penho (GOLDBERG, 1968 apud BATALHA; SILVA, 2007, p. 6).
NÍVEIS DE ANÁLISE DO SISTEMA AGROINDUSTRIAL
As expressões sistema agroindustrial, complexo agroindustrial e agronegócio são 
costumeiramente confundidas e apresentadas como sinônimos em alguns textos 
da área agroindustrial. No entanto, elas representam espaços analíticos diferentes 
e servem a objetivos distintos. A definição conceitual de cada um desses níveis 
de análise do sistema agroindustrial pode ser vista logo abaixo (BATALHA; 
SCARPELLI, 2005, pp. 11-12; MALASSIS, 1979 apud BATALHA; SILVA, 2007, 
p. 10; BATALHA; SILVA, 2007, p. 14):
 ■ Sistema agroindustrial: os contornos de análise em cada situação devem 
ser determinados com base na descrição das matérias-primas, produtos 
e operações agroindustriais pertinentes, assim como o ambiente que os 
envolve. A utilização desse termo subentende a ideia de “conjuntos de 
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componentes em contínua interação”, em que a conduta dos elementos 
pode originar respostas sinérgicas ou opostas, fazendo com que o todo res-
ponda de modo inesperado no que tange ao comportamento previsto de 
suas partes. Portanto, esse nível de análise beneficia a resultante final das 
interações. Na verdade, a expressão sistema agroindustrial é mais gené-
rica e menos específica do que cadeia ou complexo agroindustrial, bem 
como pode ser aplicada a qualquer recorte das atividades do agronegó-
cio. Além disso, o sistema agroindustrial é fundamentalmente constituído 
por seis grupos de atores, são eles: agricultura, pecuária, pesca; indústrias 
agroalimentares; distribuição agrícola e alimentar; comércio internacio-
nal; consumidor; indústrias e serviços de apoio.
 ■ Complexo agroindustrial: o espaço analítico estruturado com base no 
conjunto de todas as cadeias agroindustriais associadas aos produtos de 
uma matéria-prima agrícola de base (soja, milho, carne etc.) é chamado 
de complexo agroindustrial. Ele é mais amplo do que a cadeia produtiva 
agroindustrial ou cadeia agroindustrial. Geralmente, esse nível de aná-
lise é usado para o estabelecimento de estratégias empresariais e políticas 
governamentais setoriais.
 ■ Agronegócio: o termo agronegócio segue o mesmo raciocínio da ter-
minologia sistema agroindustrial, e somente pode ser utilizado caso seja 
classificado de forma apropriada. Enfim, o enfoque pode ser mais glo-
bal ou mais específico: agronegócio brasileiro ou agronegócio do suco de 
laranja concentrado congelado.
CADEIAS PRODUTIVAS AGROINDUSTRIAIS
A cadeia produtiva diz respeito a uma série de operações técnicas responsáveis 
pelo processamento da matéria-prima em produto acabado, seguido da dis-
tribuição e comercialização em uma sequência de atividades. Ela expressa um 
conjunto de ações econômicas que procura adicionar valor em cada etapa garan-
tida pela sistematização das operações realizadas. A forma organizacional vista 
nas cadeias produtivas diverge por causa dos distintos padrões tecnológicos 
GESTÃO E COMPETITIVIDADE EM SISTEMAS DE PRODUÇÃO AGROINDUSTRIAIS: CONCEITOS E DEFINIÇÕES
Reprodução proibida. A
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IIU N I D A D E58
adotados e noções organizacionais e gerenciais. Às vezes, essas diferenças não 
são identificadas com facilidade (PEREIRA; SOUZA; CÁRIO, 2009).
Contudo, as transações características e a influência dos ambientes institu-
cional, organizacional, tecnológico e competitivo tendem a ser comuns em todas 
as cadeias. Logo, as empresas, inseridas em cada segmento da cadeia, também 
têm o seu potencial competitivo subordinado ao ambiente, o que quer dizer 
que a fronteira da concorrência se amplia e as estratégias corporativas podem 
levar em conta as estratégias da cadeia e os diversos mercados pertinentes a ela 
(PEREIRA; SOUZA; CÁRIO, 2009).
O estudo das cadeias produtivas procura compreender as relações horizontais 
(empresas do mesmo segmento) e verticais (empresas de segmentos diferentes), 
assim como as ligações e os fluxos de bens e informações. Além disso, a produ-
ção flexível cada vez mais lança mão da logística, haja vista que a infraestrutura 
de transporte e comunicação torna-se essencial para aumentar a competitivi-
dade (PEREIRA; SOUZA; CÁRIO, 2009).
Geralmente, as cadeias produtivas agroindustriais apresentam a forma linear 
(vertical), e a partir de uma matéria-prima agrícola específica, passa a ser possí-
vel a produção de um conjunto de produtos. No entanto, também pode ocorrer 
relação horizontal entre as empresas de um mesmo setor da cadeia (PEREIRA; 
SOUZA; CÁRIO, 2009). Segundo Farina e Zylbersztajn (1992, p. 191 apud 
PEREIRA; SOUZA; CÁRIO, 2009), “a cadeia produtiva pode ser definida como 
um recorte dentro do sistema agroindustrial mais amplo, privilegiando as rela-
ções entre agropecuária, indústria de transformação e distribuição, em torno de 
um produto principal”. Nessa estrutura, quatro mercados com características dife-
rentes, ao menos, podem ser identificados, quais sejam (BATALHA, 1995 apud 
PEREIRA; SOUZA; CÁRIO, 2009): mercado entre os produtores de insumo e 
os produtores rurais, mercado entre os produtores rurais e a agroindústria, mer-
cado entre a agroindústria e os distribuidores ou outras agroindústriase, por fim, 
mercado entre os distribuidores e os consumidores finais.
Com base nesses relacionamentos, e à medida que as cadeias produ-
tivas manifestam relações econômicas e sociais em seus elos, admite-se a 
compreensão das alterações técnicas e organizacionais no sistema que exer-
cem forte efeito a montante e a jusante do segmento central. No entanto, 
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para conseguir a total competitividade do sistema produtivo, faz-se 
necessário um ambiente institucional organizado e indutor de governança e coor-
denação em seus diversos setores (PEREIRA; SOUZA; CÁRIO, 2009).
PRINCIPAIS APLICAÇÕES DA NOÇÃO DE CADEIA PRODUTIVA 
AGROINDUSTRIAL
Yves Morvan (1988 apud BATALHA; SILVA, 2007, p. 21) determina um conjunto 
contendo as seis principais aplicações do termo cadeia de produção. São elas:
 ■ Metodologia de divisão setorial do sistema produtivo: esta abordagem 
usa instrumentação estatística para explanar a constituição dos segmentos 
dentro do sistema produtivo. Na verdade, a condição para a composição 
dos complexos é elementar: as cadeias produtivas inerentes a um com-
plexo agroindustrial mantêm relacionamentos econômicos mais próximos 
do que as que não são ligadas a ele.
 ■ Ferramenta de análise e formulação de políticas públicas e privadas: 
este enfoque procura determinar os setores fracos de uma cadeia de pro-
dução e estimulá-los a partir de uma política apropriada. Diante disto, 
uma cadeia produtiva agroindustrial bem-sucedida é consequência da boa 
organização de todos os seus membros. Desta forma, na determinação 
de políticas de desenvolvimento regional, uma das tarefas do especialista 
seria detectar os elos do sistema que sejam complementares aos ramos já 
estabelecidos no território e fomentar seu desenvolvimento por meio de 
mecanismos públicos. Enfim, a noção de cadeia de produção possibilita 
a visualização total do sistema, que mostra a relevância da articulação 
entre os atores privados, o estado e os anseios dos consumidores dos bens 
e serviços finais da cadeia.
 ■ Ferramenta de descrição técnico-econômica: a cadeia produtiva vista 
como uma sequência ordenada de operações técnicas é a definição concei-
tual mais conhecida. Esta abordagem resume-se na descrição do complexo 
de meios responsável pela modificação da matéria-prima em produto 
semiacabado ou acabado. Deste modo, a cadeia de produção manifesta-se 
como uma série ordenada de operações técnicas produtivas. No entanto, 
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um método que complementa esta “análise técnica” é também conceber o 
conceito de cadeia de produção como instrumento de análise econômica. 
Sendo assim, também há o cuidado de estudar as transações comerciais 
realizadas entre os membros da cadeia. Na realidade, esses dois enfoques 
de cadeia de produção se complementam (GUIDAT, 1984; KLIEMANN 
NETO, 1985 apud BATALHA; SILVA, 2007, p. 22). Logo, o estudo da 
cadeia de produção deveria ocorrer em duas esferas: a esfera técnica e a 
esfera econômica.
 ■ Metodologia de análise da estratégia das firmas: os agentes que com-
põem uma cadeia produtiva agem de modo a conseguir o lucro máximo 
de seus negócios, e simultaneamente procuram apossar-se da lucrativi-
dade dos demais membros. Esta dinâmica ilustra a essência da estratégia 
empresarial. Logo, “a definição de uma estratégia em face da concorrên-
cia tem por objetivo posicionar a firma na melhor situação possível para 
se defender contra as forças da concorrência ou transformá-las a seu 
favor” (BATALHA; SILVA, 2007, p. 23). A ligação da empresa com o seu 
ambiente concorrencial é uma pré-condição para definir uma estratégia. 
Certamente, esta é uma das forças do enfoque analítico de cadeia de pro-
dução que procura examinar relacionamentos tanto de ordem tecnológica 
quanto de ordem econômica. Com base na lógica mesoanalítica é possível 
justificar o processo de diversificação por meio de estratégias apoiadas na 
noção de cadeia produtiva (KOULYTCHIZKY, 1985; LORENZI; TRUEL, 
1981 apud BATALHA; SILVA, 2007, p. 24). Na verdade, este enfoque leva 
em conta as inter-relações imediatas entre os atores e o conjunto de liga-
ções que estabelecem o sistema. Esta abordagem mostra com clareza as 
sinergias tecnológicas e econômicas entre os diversos segmentos da cadeia. 
Nesse caso, a estratégia de diversificação de uma firma pode nortear-se 
conforme dois critérios distintos: diversificação dentro dos setores liga-
dos às atividades existentes e diversificação via penetração em uma cadeia 
de produção na qual a empresa está ausente (BATALHA; SILVA, 2007).
 ■ Ferramenta de análise das inovações tecnológicas e apoio à tomada 
de decisão tecnológica: o estudo das inovações tecnológicas guia-se 
de acordo com duas direções diferentes. A primeira dá ênfase para 
os estudos empíricos e se fundamenta na apreciação de vários “fatos” 
para sugerir uma generalização de métodos e resultados com base 
nestas apreciações. A segunda, com um quadro teórico mais preciso, 
firma-se na explicação do esboço conceitual, no estudo detalhado do 
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processo inovativo e na valorização da tecnologia como forma de vanta-
gem competitiva. Este último enfoque oferece um esquema teórico global 
que procura agrupar as análises que unem os métodos de gestão à tecno-
logia. Este esquema teórico é essencialmente representado pelos estudos 
de Joseph Schumpeter e de outros estudiosos que buscaram explicar de 
modo sensato os procedimentos ligados aos processos de inovação tec-
nológica (SCHUMPETER, 1943; SCHUMPETER, 1939; SCHUMPETER, 
1934; FREEMAN, 1982; TIRALAP, 1990; NELSON; WINTER, 1982; 
DOSI, 1982 apud BATALHA; SILVA, 2007, p. 27). O conceito de cadeia 
produtiva é usado por diversos estudiosos para examinar o processo de 
inovação tecnológica. A inovação tecnológica pode ser visualizada como 
algo capaz de ativar a competição na cadeia de produção (GARROUSTE, 
1984; BATALHA, 1993; FLORIOT; OVERNEY, 1986 apud BATALHA; 
SILVA, 2007, p. 27). Na realidade, a noção de cadeia de produção enqua-
dra-se perfeitamente como instrumento de análise para apresentar as 
perturbações geradas tanto a montante quanto a jusante da inovação 
tecnológica inicial. Nesse caso, ele busca avaliar os efeitos da inovação 
na cadeia produtiva demarcada como espaço de análise inicial (análise 
vertical), assim como as consequências junto às demais cadeias de pro-
dução interligadas a ela, usando, desta forma, a ideia de “operações-nó”. 
Entretanto, a maioria das inovações tecnológicas da cadeia agroindustrial 
é concebida por firmas (fabricantes de sementes, defensivos agropecuá-
rios, nutrição animal, máquinas e equipamentos agrícolas, embalagens, 
máquinas e equipamentos agroindustriais, aditivos, softwares e hardwares 
etc.) que não estão imediatamente envolvidas com o fluxo de processa-
mento da matéria-prima agrícola em produto final. Assim sendo, estudos 
empíricos, a respeito das inovações tecnológicas na área agroindustrial, 
devem focalizar os agentes pertencentes às indústrias de suporte.
 ■ Ferramenta de análise de competitividade: no agronegócio, há uma série 
de peculiaridades que concebe um espaço analítico distinto dos aceitos em 
estudos de competitividade. Ele é chamado de cadeia produtiva agroindus-
trial.Na perspectiva de cadeia de produção, a área de análise é delimitada 
mediante um corte vertical no sistema econômico. Na verdade, o desem-
penho competitivo de uma cadeia agroindustrial não é produto do mero 
somatório da competitividade de cada uma das firmas que a compõem. 
Diante disto, há vantagens do conceito de coordenação que devem ser 
levadas em conta na análise de competitividade da cadeia produtiva como 
GESTÃO E COMPETITIVIDADE EM SISTEMAS DE PRODUÇÃO AGROINDUSTRIAIS: CONCEITOS E DEFINIÇÕES
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um todo. Enfim, qualquer abordagem teórico-metodológica apropriada 
para analisar o potencial competitivo de sistemas produtivos do agrone-
gócio considera os possíveis benefícios de uma eficiente coordenação.
GERENCIANDO COM EFICIÊNCIA E EFICÁCIA EM 
NÍVEL DE SISTEMA AGROINDUSTRIAL
O gerenciamento do sistema agroindustrial deve ser orientado pelos concei-
tos de eficiência e eficácia. Na verdade, a eficácia do sistema pode significar a 
competência que ele tem para atender os anseios e desejos do consumidor final. 
Por isso, é fundamental que os membros que o constituem tenham noção sobre 
os atributos de qualidade que os consumidores procuram nos bens e serviços 
ofertados pelo sistema. Diante disto, a pesquisa de mercado vem a ser uma fer-
ramenta poderosa para mapear as características dos produtos e serviços mais 
valorizados pelos consumidores do sistema produtivo (BATALHA; SILVA, 2007).
No entanto, o equilíbrio de um sistema agroindustrial não é apenas obtido 
mediante a oferta de bens e serviços que respondam às necessidades dos con-
sumidores. Além disso, ele também deve ser dotado de eficiência. Esta pode ser 
vista como a consequência de dois diferentes conjuntos de fatores. O primeiro 
deles refere-se à administração interna das empresas que consistem o arranjo 
produtivo. Na realidade, ele tem que possuir a capacidade de disponibilizar 
uma variedade de ofertas que tenha tanto qualidade quanto preço competitivo. 
Contudo, para atingir estes objetivos, é crucial que os agentes econômicos do sis-
tema apliquem práticas de gestão modernas e adaptadas para os seus negócios. 
Enfim, as funções gerenciais dessas firmas devem ser administradas de maneira 
eficiente (BATALHA; SILVA, 2007).
A segunda área de interferência de atuações gerenciais que conduzam à efi-
ciência do sistema refere-se às transações comerciais realizadas entre os seus 
componentes. Todavia, a sua eficiência depende de uma orquestração adequada 
das ações efetuadas por seus membros. Segundo Batalha e Silva (2007, p. 39), 
Gerenciando com Eficiência e Eficácia em Nível de Sistema Agroindustrial
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a literatura que versa sobre gestão agroindustrial enfatiza a relevância dos pro-
cessos de coordenação no êxito dos agentes produtivos do sistema. De modo 
gradual, a competição vai migrando de uma concorrência entre empresas para 
uma concorrência entre sistemas produtivos (BATALHA; SILVA, 2007).
Portanto, o grande desafio é conseguir uma gestão eficiente tanto no âmbito 
da firma individual quanto no âmbito do sistema. O nível de competitividade 
das unidades socioeconômicas de produção (USEPs) do sistema agroindustrial 
vai estar relacionado, em grande medida, com a habilidade de articulação entre 
elas para estruturar um sistema produtivo desenvolvido e competitivo. Contudo, 
cabe destacar que todos esses condicionantes para atingir padrões de eficiên-
cia (coordenação e eficiência interna dos agentes) e eficácia (atendimento das 
necessidades do consumidor) satisfatórios se desenvolvem em um ambiente 
mais abrangente que envolve aspectos políticos, legais, culturais, tecnológicos, 
sociais e econômicos. Na verdade, estes fatores podem revelar ameaças e opor-
tunidades importantes para os objetivos dos sistemas (BATALHA; SILVA, 2007).
CADEIA PRODUTIVA DO AMENDOIM E SEUS DERIVADOS: UM 
EXEMPLO DE CADEIA PRODUTIVA AGROINDUSTRIAL (CPA)
A cadeia produtiva agroindustrial (CPA) do amendoim é configurada pelos 
seguintes agentes econômicos: indústria de insumos/serviços ▶ produção agrí-
cola ▶ indústria processadora ▶ distribuição (atacado e varejo) ▶ consumidor 
final (Figura 6)1.
1 O valor movimentado pela cadeia produtiva agroindustrial do amendoim e seus derivados no Brasil, 
no ano de 2005, pode ser considerado um tanto quanto significativo haja vista que foi da ordem de 
R$ 1,6 bilhão. A indústria transformadora do amendoim produziu algo próximo de 127 mil toneladas 
de produtos derivados da oleaginosa, como, por exemplo: paçoca, pé de moleque, pasta/manteiga de 
amendoim etc. (ZEPPER, 2006).
GESTÃO E COMPETITIVIDADE EM SISTEMAS DE PRODUÇÃO AGROINDUSTRIAIS: CONCEITOS E DEFINIÇÕES
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Figura 6: Cadeia produtiva agroindustrial (CPA) do amendoim e seus derivados
Fonte: elaborado e adaptado por Sabes (2007), com base em Zylbersztajn (1995)
O segmento de produção de insumos/serviços é muito importante, pois o sucesso 
da cadeia produtiva agroindustrial do amendoim depende de tecnologia que 
propicie um cultivar de amendoim (ou uma variedade de amendoim) que tenha 
boa produtividade e qualidade. No entanto, esse setor não tem dirigido esforços 
de pesquisa e desenvolvimento (P&D) para a geração de inovação tecnoló-
gica (insumos/serviços inovadores) no agronegócio do amendoim do Brasil 
(MACHADO, 2006).
O processamento dessa commodity agrícola está dividido em dois estágios: 
processamento primário; e processamento secundário. O processamento primário 
Gerenciando com Eficiência e Eficácia em Nível de Sistema Agroindustrial
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compreende tarefas de limpeza e secagem do produto. Esse estágio é, basicamente, 
implementado pelos seguintes atores: atacadistas, cooperativas agrícolas/agroin-
dustriais e empresários rurais. Quanto ao processamento secundário, o mesmo 
é executado pela indústria agroalimentar que utiliza o amendoim como maté-
ria-prima (MP) no processo de fabricação dos seguintes produtos: amendoim 
salgado; doces; confeitos; pasta/creme de amendoim; amendoim in natura etc. 
(Quadro 2) (MACHADO, 2006).
CATEGORIAS 
DE PRODUTOS
CONFEITOS 
DE AMENDOIM
SNACKS DE 
AMENDOIM 
(CONDIMENTADO)
DOCES DE 
AMENDOIM
OUTROS 
TIPOS
Tipos de 
produtos à base 
de amendoim
amendoim 
colorido;
amendoim tipo 
japonês; paçoca;
crocantes 
granulados de 
amendoim;
amendoim de 
chocolate;
amendoim frito 
com pele; paçoca rolha;
pasta de amen-
doim torrado;
amendoim 
branco.
amendoim frito 
sem pele; pé-de-moleque;
recheio cremo-
so de amen-
doim;
amendoim 
salgado tempe-
rado;
doce de 
amendoim gibi.
amendoim cru 
(in natura).
amendoim 
torrado com 
casca;
amendoim 
torrado bijú;
salgadinho de 
amendoim;
ovinhos de 
amendoim;
amendoim 
doce pralinê.
Quadro 2: Produtos industrializados à base de amendoi
Fonte: elaborado e adaptado por Sabes (2007), com base em Machado (2006)
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IIU N I D A D E66
Saindo da indústria de alimentos, a produção segue em direção a dois destinos: 
atacado e intermediário (leia-se empacotador). Os produtos são distribuídos 
ao mercado atacadista, quando o mercado édoméstico, que o redistribui ao 
mercado varejista, onde ficam, prontamente, disponibilizados para a venda ao 
consumidor final nas inúmeras modalidades de equipamentos de varejo (leia-se 
supermercado, padaria, mercearia, doceiro, vendedor ambulante etc.). O agente 
econômico denominado empacotador executa o seguinte papel nessa cadeia pro-
dutiva, adquire a produção de várias micro e pequenas empresas (MPEs), que 
mantêm seus empreendimentos econômicos instalados em localidades rurais, 
embalando-as, novamente, sob uma grife diferente (marca própria do empaco-
tador), em porções diferentes. Depois, esses produtos seguem direto ao varejo, 
em um raio de operação com limites restritos (MACHADO, 2006).
O consumidor final é um ator econômico, extremamente importante e ativo 
da cadeia produtiva agroindustrial (CPA) do amendoim. Alguns estudiosos e 
pesquisadores pontuam a sazonalidade (leia-se oscilação) de preços, a ausência 
de contratos e os comportamentos oportunistas como os principais desafios à 
competitividade da CPA do amendoim (FARIA JR., 2001; FREITAS; AMARAL, 
2002; MARCELINO et al., 2003).
Outro desafio para a competitividade da cadeia produtiva agroindustrial 
(CPA) do amendoim é o baixo nível tecnológico empregado na sua 
produção agrícola. Isso gera problemas ligados à segurança do ali-
mento (food safety). Por exemplo, a contaminação por aflatoxina 
impede o consumo do amendoim nas formas in natura e 
processada. Tais fatores e aspectos denigrem e corroem 
a reputação dos agentes econômicos inseridos na cadeia 
agroindustrial do amendoim e seus derivados (MACHADO, 
2006).
A conjunção desses desafios e fatores somados a uma forte 
concorrência pressionam de modo significativo a indústria do 
amendoim e seus derivados, que se mantém em atividade, basicamente, devido 
à venda de produtos com perfil mais popular, sendo que a venda desses produtos 
populares está, principalmente, concentrada nas zonas periféricas dos grandes 
centros urbanos brasileiros. No entanto, os atores que compõem o mercado do 
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amendoim e seus derivados já visualizaram uma janela de negócios para o setor, 
os mesmos buscarão explorar e atender um mercado consumidor diferenciado 
do autosserviço (MACHADO, 2006).
Por isso, o segmento industrial da cadeia produtiva agroindustrial do amen-
doim tem investindo no layout e no design das embalagens dos produtos. Tal 
linha de produtos presenciou um declínio no volume de transações comer-
ciais, alguns dos motivos é a acirrada competição com outros tipos de produtos 
que apresentam preços competitivos, bem como a falta de um planejamento de 
marketing com perfil mais ofensivo, que contemple o desenvolvimento de ino-
vações e o pronto atendimento dos desejos e dos anseios do consumidor final 
(SALGUEIRO, 2005). Atualmente, empresas que não se relacionam diretamente 
com seus mercados consumidores e fornecedor, têm amargado desempenhos 
insatisfatórios (SOBRINHO; PRADO, 1999).
NOÇÃO DE COMPETITIVIDADE
O conceito de competitividade pode ser entendido pelo “desempenho” de uma 
empresa ou um produto. Nesta vertente, os resultados dos exercícios analíticos 
apresentam a forma de uma competitividade revelada. O principal indicador 
de competitividade revelada está relacionado com o grau de lucratividade refe-
rente à participação de mercado (market share) de uma empresa ou um produto 
(FERRAZ; KUPFER; HAGUENAUER, 1996 apud BATALHA; SOUZA FILHO, 
2009).
A medida de competitividade denominada market share é considerada a 
contribuição mais útil da teoria econômica neoclássica para a área de competi-
tividade. De acordo com este enfoque, o mercado pode confirmar e regular as 
decisões estratégicas tomadas pelos agentes econômicos. Além disso, a participa-
ção das exportações de uma indústria no mercado mundial pode ser apresentada 
como um indicador de competitividade internacional. Neste caso, a competi-
tividade acaba sendo o resultado da competitividade individual dos agentes de 
GESTÃO E COMPETITIVIDADE EM SISTEMAS DE PRODUÇÃO AGROINDUSTRIAIS: CONCEITOS E DEFINIÇÕES
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IIU N I D A D E68
uma nação, região ou indústria (FERRAZ; KUPFER; HAGUENAUER, 1996 
apud BATALHA; SOUZA FILHO, 2009).
Por outro lado, a competitividade também é compreendida como “eficiência”, 
deste modo, trata-se de mensurar a competitividade potencial de uma indústria 
ou uma empresa. Esta medida de desempenho competitivo pode ser realizada por 
meio da determinação das alternativas estratégicas adotadas pelos agentes econô-
micos diante de suas restrições (gerencial, financeira, tecnológica, organizacional 
etc.). Desta forma, pode haver uma relação causal entre a conduta estratégica da 
empresa e o seu desempenho eficiente. Logo, esta forma de análise está relacio-
nada ao modelo da organização industrial (estrutura → conduta → desempenho). 
Geralmente, os conceitos originados da organização industrial são utilizados em 
grande medida para realizar análises de competitividade (FERRAZ; KUPFER; 
HAGUENAUER, 1996 apud BATALHA; SOUZA FILHO, 2009).
COMPETITIVIDADE EM NÍVEL DE SISTEMA AGROINDUSTRIAL
As análises de competitividade conduzidas em nível de sistemas agroindus-
triais geralmente consideram os ganhos virtuais de um gerenciamento eficiente 
e eficaz, por conseguinte, as metodologias analíticas precisam tomar como refe-
rência o enfoque sistêmico de produto (Commodity Systems Approach – CSA). 
Segundo Staatz (1997), o enfoque sistêmico de produto é orientado por cinco 
definições-chave:
 ■ Verticalidade: significa que as condições em um estágio são provavel-
mente influenciadas pelas condições em outras etapas do sistema.
Vídeo Mercado & Cia de 19/09/12 - Reportagem sobre Competitividade do mercado de 
grãos.
Confira a reportagem sobre Competitividade do mercado de grãos, em uma fazenda no 
município de Illinois, nos EUA. Essa reportagem foi produzida pela equipe do programa Mercado 
& Cia 2ª Edição, com apresentação de João Batista Olivi. Ao término do vídeo você vai entender 
como a infraestrutura das fazendas trazem diferencial de competitividade para o agronegócio 
norte-americano.
<http://www.youtube.com/watch?v=JMXaxkiknIo>.
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 ■ Orientação por demanda: significa que a demanda gera informações 
que determinam os fluxos de produtos e serviços ao longo do sistema.
 ■ Coordenação dentro dos canais: significa os relacionamentos de natu-
reza vertical que ocorrem nos canais de comercialização, aqui pode ser 
incluído o estudo dos tipos alternativos de comercialização (contratos, 
mercado aberto etc.).
 ■ Competição entre os canais: significa que um sistema pode englobar 
mais de um canal (exportação e mercado doméstico), restando à análise 
sistêmica de produto buscar compreender a competição entre os canais e 
apreciar como alguns canais podem ser criados ou alterados para incre-
mentar o desempenho.
 ■ Alavancagem: significa que a análise sistêmica procura detectar pon-
tos-chave na sequência produção-consumo onde ações e esforços 
colaborativos podem contribuir para uma melhor eficiência dos parti-
cipantes da cadeia.
A característica essencial do enfoque sistêmico é que o sistema não se constitui 
na mera soma das partes de um todo. Nesse enfoque, as propriedades relacionais 
não são meramente reduzidas a propriedades atomísticas. O sistema agroin-
dustrial é formatadoa partir de interações padronizadas entre os vários agentes 
socioeconômicos das cadeias agroindustriais e não simplesmente da agregação 
de propriedades desses componentes. Em suma, o enfoque sistêmico de produto 
oferece a estrutura teórica necessária para compreender o funcionamento da 
cadeia e sugere as variáveis que influenciam o desempenho do sistema (SILVA; 
BATALHA, 1999).
A competitividade em nível do sistema agroindustrial não depende somente 
de identificar a competitividade em cada um dos segmentos que a compõem. 
Quanto mais adequada for a coordenação entre os distintos membros-chave do 
sistema, menores tenderão a ser os custos de cada um deles, mais rápida será a 
adequação às alterações de ambiente e menos dispendiosos serão os conflitos 
pertinentes aos relacionamentos cliente-fornecedor (FARINA, 1999).
Deste modo, a análise da competitividade agroindustrial deve levar em conta 
a inserção das firmas nas respectivas cadeias agroindustriais, em termos de enca-
deamento entre criação, pulverização e apropriação de tecnologias inovadoras, 
GESTÃO E COMPETITIVIDADE EM SISTEMAS DE PRODUÇÃO AGROINDUSTRIAIS: CONCEITOS E DEFINIÇÕES
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IIU N I D A D E70
complementaridade de mercado e geração de postos de trabalho. A capacidade 
de sistematizar configurações hierárquicas eficientes e eficazes, associada aos 
arranjos institucionais e organizacionais, é característica elementar no estabeleci-
mento da competitividade de uma determinada cadeia agroindustrial (FARINA; 
ZYLBERSZTAJN, 1994).
A competitividade de um sistema resulta da conjunção de diversos fato-
res. Tais fatores são chamados direcionadores de competitividade. Logo, para 
realizar a análise da competitividade de uma cadeia, é necessário detectar esses 
direcionadores e avaliar de que modo eles contribuem, positivamente ou nega-
tivamente, com a situação verificada (SILVA; SOUZA FILHO, 2007).
Silva e Souza Filho (2007) identificaram seis direcionadores de compe-
titividade que impactam de forma significativa o desempenho de cadeias 
agroindustriais. Eles são os seguintes, a saber:
 ■ Ambiente macroeconômico: o ambiente macroeconômico consiste de 
políticas, instituições e serviços de apoio sobre os quais as empresas ou as 
cadeias produtivas são criadas e operadas. O ambiente macroeconômico é 
importante para o desempenho de uma cadeia produtiva e sua relevância 
varia de acordo com a empresa ou a cadeia que está sob estudo ou análise.
 ■ Tecnologia: tecnologias relacionadas à produção, ao processamento e à 
distribuição de produtos agrícolas são fatores determinantes de competi-
tividade. A falta de acesso a essas tecnologias pode se tornar uma barreira 
à competitividade, isto é, pode impactar de maneira negativa o desempe-
nho de uma cadeia produtiva.
 ■ Estrutura de mercado: o exame da estrutura de mercado pode revelar a 
existência de mercados competitivos ou concentrados. Existe uma forte 
correlação entre a estrutura de mercado e o desempenho das empresas 
(ou cadeias produtivas). Para alguns, os mercados em que a concorrência 
é preservada incentivam constantemente a busca por inovação e melhoria 
de desempenho, o que influencia de modo positivo a competitividade das 
empresas ou das cadeias produtivas. Para outros, a concentração de mer-
cado permite economias de escala e aplicações em tecnologia, logística, 
administração e outros determinantes da competitividade dos agentes 
econômicos. 
Destarte, a análise da estrutura do mercado não precisa levar em conta 
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somente os típicos indicadores quantitativos, tais como índices de concen-
tração de mercado, mas também indicadores qualitativos, como questões 
relativas à existência de barreiras à entrada ou à distribuição do poder 
entre as empresas ou atores da cadeia. A concorrência e a governança 
entre membros de uma cadeia produtiva, ou mesmo entre cadeias produ-
tivas distintas, verticalmente ou horizontalmente, influenciam os preços, 
as economias de escala, a eficiência das operações produtivas, a adoção 
e a difusão de inovações tecnológicas.
 ■ Coordenação e relações de mercado: a coordenação refere-se à harmo-
nização dos fluxos de produtos, de recursos financeiros e de informação 
ao longo das cadeias produtivas. Uma gestão adequada facilita o pla-
nejamento e a sincronização de tais fluxos, além da interação entre os 
diferentes níveis de uma cadeia, fomentando dessa forma a eficiência e 
eficácia de caráter organizacional. Isso tende a implicar em custos mais 
baixos e em um melhor feedback às demandas dos consumidores, o que 
beneficia, positivamente, a competitividade. 
A coordenação também é impactada por governos e organizações que 
podem determinar ou influenciar na determinação de políticas públi-
cas e privadas que disciplinam a dinâmica de funcionamento da cadeia. 
A avaliação da coordenação pode se fundamentar nos mecanismos de 
transação entre os componentes da cadeia em estudo e no sucesso (ou 
insucesso) desses mecanismos fomentarem a orquestração da cadeia.
 ■ Gestão das firmas: a capacidade das empresas para alocar eficientemente 
os recursos para investir, responder aos anseios e desejos dos consumi-
dores e adequar--se às alterações do mercado se deve prioritariamente ao 
desempenho gerencial. Bons procedimentos de gestão permitem às empre-
sas monitorar a produção e os processos financeiros, detectar gargalos no 
processo, tomar decisões abaixo dos riscos e incertezas, arquitetar estra-
tégias de longo prazo, ter acesso a mercados, reduzir custos etc. 
A maior parte do ferramental gerencial é bem conhecida, porém, não 
é possível fazer generalização da utilização para qualquer cadeia. Exis-
tem especificidades que necessitam ser respeitadas. Esse fator, o custo 
relativamente elevado e a “tradição familiar” costumeiramente tendem 
a impedir um uso mais disseminado das ferramentas e práticas de ges-
tão, em especial por parte de pequenas e médias empresas, o que impacta 
negativamente a competitividade das mesmas e, consequentemente, a 
GESTÃO E COMPETITIVIDADE EM SISTEMAS DE PRODUÇÃO AGROINDUSTRIAIS: CONCEITOS E DEFINIÇÕES
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competitividade das cadeias produtivas às quais pertencem.
 ■ Insumos: a disponibilidade e os custos dos principais fatores de produção 
(mão de obra, defensivos, suplementos, fertilizantes etc.), nos diferentes 
elos de uma cadeia, impactam de forma direta o seu desempenho. Baixo 
custo, em função da larga oferta de insumos e recursos de qualidade, pode 
ser visto como uma vantagem competitiva de uma cadeia produtiva. Nesse 
caso, pode-se apreciar a estabilidade do suprimento dos principais insu-
mos consumidos pela cadeia em análise.
Contudo, torna-se necessário fazer algumas considerações a respeito dos direcio-
nadores de competitividade, ressaltando que eles não são variáveis definidas de 
maneira precisa. Na verdade, eles assumem a forma de “dimensões” (ambiente 
macroeconômico, tecnologia, estrutura de mercado, coordenação e relações de 
mercado, gestão das firmas e insumos), que envolvem a competitividade de uma 
cadeia agroindustrial. Futuramente, tais dimensões poderão ser desdobradas em 
níveis – dimensão (ou meta-variável) → parâmetros → elementos – que permi-
tam listar, com confiabilidade, as variáveis que influenciam a competitividade 
de uma cadeia agroindustrial – isso poderá contribuir com o aperfeiçoamento 
dos estudos e pesquisas da área de gestão de sistemas agroindustriais.
ANALISANDO A COMPETITIVIDADE EM SISTEMASAGROINDUSTRIAIS: PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
A análise da competitividade de arranjos agroindustriais utiliza informações 
secundárias, obtidas junto a órgãos do governo, institutos de pesquisa, bancos 
de dados de empresas privadas e associações de classe, bancos de dados de dis-
sertações e teses de instituições de ensino superior, além de dados primários 
obtidos por meio da aplicação de questionários semiestruturados junto a agen-
tes-chave de uma cadeia agroindustrial.
O rapid rural appraisal é um enfoque metodológico que tem sido amplamente 
utilizado em análises de sistemas agroindustriais. Tal enfoque metodológico é 
um tanto quanto pragmático e utiliza, de forma combinada, métodos de coleta 
de informações convencionais, no qual o rigor estatístico é flexibilizado em favor 
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da eficiência operacional. Ademais, essa abordagem metodológica gera rapi-
damente uma documentação que visa apreciar os aspectos mais importantes a 
considerar (FAO, 1997).
O rapid rural appraisal caracteriza-se por três elementos principais (SOUZA 
FILHO; BUAINAIN; GUANZIROLLI, 2007):
 ■ O uso maximizado de informações de fontes secundárias.
 ■ A condução de entrevistas informais e semiestruturadas com atores-chave 
da cadeia em análise.
 ■ A observação direta dos estágios que a compõem.
A metodologia é iniciada a partir de detalhada busca de informações já dispo-
nibilizadas no formato de fontes secundárias. Sendo assim, existe a necessidade 
de acesso a anuários estatísticos, a estudos e pesquisas anteriores, a artigos 
acadêmicos, a artigos de imprensa, a relatórios governamentais, a análises de 
associações de classe, de organismos internacionais e outras fontes. Informações 
gerais de natureza quantitativa e qualitativa também são obtidas, o que permite 
um pré-diagnóstico do sistema produtivo logo nas fases iniciais da análise. O 
pré-diagnóstico pode revelar eventuais lacunas de informações, que são preen-
chidas por meio de coleta primária (SILVA; SOUZA FILHO, 2007).
Além disso, a identificação dos principais agentes vem a ser uma atividade 
muito importante no desenvolvimento da análise da competitividade, haja vista 
que os mesmos podem auxiliar na compreensão da dinâmica competitiva da 
cadeia e, dessa forma, fornecer informações valiosas para o estudo. Este conjunto 
de atores é constituído por agentes econômicos privados e públicos. Fazem parte 
deste conjunto: fornecedores de insumos, produtores, empresas processadoras, 
bem como outras instituições e/ou indivíduos que atuam na cadeia. Esses agen-
tes são identificados para a condução de entrevistas semiestruturadas (SOUZA 
FILHO; BUAINAIN; GUANZIROLLI, 2007).
Com base nas atividades precedentes, torna-se possível a definição de rotei-
ros de entrevista e os agentes a serem entrevistados. É importante ressaltar que 
são elaborados diferentes roteiros de entrevista e que estes devem estar alinha-
dos ao perfil do entrevistado e/ou segmento da cadeia agroindustrial no qual 
ele está inserido. O arranjo de informações deve servir de orientação, pois ele 
GESTÃO E COMPETITIVIDADE EM SISTEMAS DE PRODUÇÃO AGROINDUSTRIAIS: CONCEITOS E DEFINIÇÕES
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indica o conjunto de informações que não são obtidas em fontes secundárias 
e, por conseguinte, devem ser conseguidas a partir de entrevistas. Os guias de 
entrevista dão uma atenção especial na consideração da natureza estratégica de 
algumas informações, devendo o entrevistador ter a autonomia para dialogar 
sobre temas pertinentes que não foram inicialmente considerados nos roteiros 
(SOUZA FILHO; BUAINAIN; GUANZIROLLI, 2007).
A pesquisa de campo busca coletar informações acerca da realidade da 
cadeia analisada. Para a operacionalização da pesquisa de campo, são utilizados 
os guias de entrevista mencionados anteriormente. Nos trabalhos de pesquisa 
de campo, durante a condução de entrevistas, podem ser observados in loco as 
operações (técnicas, logísticas, comerciais) e fluxos (insumos, produtos, infor-
mações) característicos da cadeia agroindustrial estudada. Estes exames, além de 
possibilitarem a implementação de um trabalho de “sintonia fina” das informa-
ções obtidas por meio de entrevistas, possibilitam a melhoria do conhecimento 
sobre a dinâmica de funcionamento da cadeia estudada, o que resulta em análi-
ses de melhor qualidade (SOUZA FILHO; BUAINAIN; GUANZIROLLI, 2007).
Em seguida, utiliza-se o método de análise denominado SWOT (em inglês: 
strengths, weaknesses, opportunities and threats; em português: forças, fraque-
zas, oportunidades e ameaças) com a intenção de detectar os pontos fortes e 
fracos da cadeia agroindustrial sob análise. O método analítico SWOT é útil no 
que diz respeito à identificação de fatores que afetam sobremaneira a competiti-
vidade da cadeia agroindustrial (SILVA; SOUZA FILHO, 2007). Para Mintzberg, 
Ahlstrand e Lampel (2000), a análise SWOT refere-se ao processo de avaliação 
dos pontos fortes e fracos de um determinado negócio (leia-se: empresa, cadeia 
produtiva etc.) à luz das oportunidades e ameaças existentes em seu ambiente.
Desta forma, iniciando pela identificação e análise dos indicadores de compe-
titividade, torna-se possível nomear os pontos fortes e fracos, hierarquizando-os 
de acordo com o seu poder de influenciar a competitividade de uma cadeia 
agroindustrial. O rol de pontos fortes e fracos, bem como a sua hierarquiza-
ção, deve ser validado próximo aos principais membros da cadeia em questão. 
Posteriormente, uma matriz SWOT é desenvolvida, aferindo cada ponto forte e 
fraco com a oportunidade que deva haver no mercado mundial. Ademais, apre-
senta-se um quadro de políticas governamentais e estratégias privadas com foco 
Considerações Finais
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no aumento da competitividade da cadeia agroindustrial. Cada proposta de inter-
venção é formulada com o intento de reduzir os pontos fracos significantes e/ou 
para suplantar ainda mais os pontos fortes, buscando sempre apontar propos-
tas de intervenção que determinem o que pode ser feito em termos de políticas 
públicas e estratégias privadas (SILVA; SOUZA FILHO, 2007).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O mercado mundial torna-se cada vez mais concorrido, deste modo, a dinâmica 
de funcionamento do atual contexto acaba condicionando à qual direção devem 
seguir os agentes econômicos que participam de uma dada cadeia de produção 
agroindustrial. Desta forma, torna-se fundamental iniciar um processo de indu-
ção que possa conduzir os agentes da cadeia produtiva a alcançar maior grau de 
competitividade, sendo esta aperfeiçoada constantemente a partir do aprimo-
ramento das dimensões gerencial, econômica e tecnológica.
Logo, o sistema agroindustrial que não se alinhar a esse novo contexto que 
influencia intensa e diretamente na maneira de produzir e distribuir da cadeia 
de produção, poderá correr o risco de ser penalizado pelo mercado consumi-
dor doméstico e internacional. Além disso, perderá a chance de explorar novas 
oportunidades comerciais vantajosas. Diante disto, nos últimos anos, os atores 
têm buscado alternativas e implementado ações articuladas com o objetivo de 
incrementar de modo sustentável a coordenação e a competitividade do con-
junto do sistema.
Portanto, a adoção de conceitos e métodos de gestão modernos e a aplica-
ção de metodologias de análise que avaliam o nível de competitividade vêm aser 
imperativas para identificar as forças e fraquezas, bem como para poder estabe-
lecer um quadro de políticas governamentais e estratégias privadas no formato 
de uma agenda que leve de fato ao aumento do desempenho competitivo de toda 
a cadeia produtiva agroindustrial.
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1. Como pode ser definida uma cadeia produtiva agroindustrial (CPA)?
2. Como a noção de cadeia produtiva agroindustrial (CPA) pode ser empregada 
para estudar ou analisar a competitividade no agronegócio?
3. Qual é a relevância da gestão na manutenção e no aumento da competitividade 
de uma cadeia de produção agroindustrial qualquer?
Cadeias Produtivas e o Desenvolvimento Endógeno 
- Casos do Noroeste Gaúcho 
Argemiro Luis Brum 
Editora: UNIJUI
Material Complementar
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MATERIAL COMPLEMENTAR
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Professora Me. Ariane Maria Machado de Oliveira
A ECONOMIA BRASILEIRA E 
O SETOR AGRÍCOLA
Objetivos de Aprendizagem
 ■ Apresentar uma revisão histórica sobre a economia brasileira 
agroexportadora.
 ■ Analisar as transformações ocorridas no cenário rural brasileiro ao 
longo do século XX.
 ■ Abordar alguns reflexos que as transformações demográficas entre o 
campo e a cidade causaram na Agricultura.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
 ■ A economia agroexportadora e as transformações do meio rural
 ■ Características da economia cafeeira
 ■ Contexto histórico das transformações do meio rural e seus reflexos 
diretos no setor agrícola
INTRODUÇÃO
Olá, caro(a) aluno(a)! Nesta unidade você estudará um assunto muito interessante 
que contribuirá para sua compreensão sobre o panorama atual do setor agrícola 
brasileiro. O objetivo da presente unidade é analisarmos o cenário da economia 
brasileira ao século XV até os anos 1930, enquanto a economia brasileira era 
agroexportadora, enfatizando características do setor cafeeiro, que se destacava.
Veremos também ao longo desta Unidade algumas estatísticas do século XX 
publicadas pelo IBGE, indicando que o Brasil iniciou o século com uma econo-
mia agrário-exportadora recém--saída de um regime escravista de trabalho, e 
se transformou em uma economia industrial apoiada no trabalho assalariado e 
com um significativo grau de urbanização. 
Devemos levar em consideração, ao estudarmos esta Unidade, alguns fatores 
de destaque na história econômica do Brasil. No começo do século XX, a ocu-
pação das terras no Brasil não formava propriamente um sistema econômico, 
pois as conexões comerciais entre as regiões eram difíceis, como por exemplo, 
as ligações entre o Norte e o Nordeste com o Centro-Sul que dependiam de uma 
frágil navegação de cabotagem. 
Poderemos observar que a única região que dependia do mercado interno 
era o extremo-sul pecuário. Mas, caro(a) aluno(a), esse quadro se modificaria 
com a forte expansão do café no altiplano paulista e a extração de borracha na 
região amazônica. Nestes dois casos, houve importantes deslocações de popu-
lações. Mas a estruturação de um sistema econômico nacional só viria a ocorrer 
nos primeiros decênios do século XX, com o avanço da industrialização.
Não podemos deixar de destacar outro elemento importante em nosso 
contexto histórico, o fenômeno da urbanização e do crescimento demográ-
fico das últimas décadas. O mundo rural abrigava um considerável excedente 
de população submetida a formas extremas de exploração. Poderemos 
observar então, que por motivos diversos, essa população deslocou-se 
para as zonas urbanas. A partir dos anos 70 do século passado, o avanço tecno-
lógico, submetido à crescente concorrência internacional, ocasionou um forte 
declínio na criação de emprego, como veremos a seguir.
Para finalizarmos os objetivos de aprendizagem desta unidade, você verá os 
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efeitos e as consequências das mudanças que ocorreram na estrutura ocupacio-
nal da população ativa ao longo do século XX, sobre o setor agrícola.
Economia Agroexportadora (Século Xv até 1930) e as Transformações do 
meio Rural
Caro(a) aluno(a), as regras da política mercantilista durante o período colo-
nial determinavam que não pudessem ser desenvolvidas no Brasil atividades 
produtivas que viessem a competir com as da metrópole ou que prejudicassem 
seus interesses comerciais. Portanto, subordinado à lógica do Mercantilismo 
e organizado à base da “Plantation”, o Brasil de economia agroexportadora e 
monocultora teve sua história econômica marcada por ciclos econômicos com 
predomínio da exploração de certa cultura. 
No período pré-colonização, a atividade econômica mais importante foi a 
exploração do pau--brasil. Os índios eram os fornecedores de mão de obra, e o 
faziam em troca de bugigangas. Notamos que na economia brasileira colonial, 
cada período foi marcado por um produto que era determinante para o comér-
cio internacional e para a economia, ou seja, um setor era sempre privilegiado 
em detrimento de outros, o que provocou sucessivas mudanças sociais, popula-
cionais, políticas e culturais dentro da sociedade brasileira.
No início do século passado, produzíamos algumas commodities agríco-
las, e o bom desempenho da economia brasileira dependia do mercado externo 
e do preço de tais commodities. O principal produto exportado era o café, que 
juntamente com o algodão e a borracha, chegava a representar 80% do total de 
exportações brasileiras, caracterizando a economia como agroexportadora.
A dependência do mercado 
externo prejudicava a econo-
mia brasileira, principalmente 
em épocas de crises interna-
cionais. O Brasil entrava em 
recessão sempre que os preços 
das commodities caiam, reve-
lando a alta vulnerabilidade que 
os países exportadores de pro-
dutos primários enfrentam.
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É importante ressaltar que na segunda metade do século XVIII, o governo 
português chega a proibir formalmente em 1785 o funcionamento de fábricas na 
colônia, para não atrapalhar a venda de tecidos e roupas, adquiridos na Inglaterra 
e comercializados por portugueses no Brasil. 
No final do século XIX e início do século XX, mesmo com o investimento 
de parte da renda do café e da borracha, as indústrias brasileiras em geral ainda 
não passam de pequenas oficinas, marcenarias, tecelagens, chapelarias, serrarias, 
moinhos de trigo, fiações e fábricas de bebida e de conserva. O país importa os 
bens de produção, matérias-primas, máquinas e equipamentos e grande parte 
dos bens de consumo. Observe, prezado(a), que o setor agrícola perde sua parti-
cipação no PIB ao longo do século. Em 1900, a agropecuária contribuía com 45% 
do PIB; a indústria com 11%, e os serviços, com 44%. Em 2000, essa distribuição 
passou a ser de 11% para a agropecuária, 28% da indústria e 61% para os servi-
ços. No ano de 2011, dados do IBGE mostraram que essa distribuição passou a 
ser de 5,8% para a agropecuária, 26,9% para a indústria e 67,3% para os serviços.
A economia brasileira agroexportadora foi se transformando ao longo do 
século. Os resultados das exportações nesse período também se devem ao fato 
de que em 1900, a economia brasileira era pesadamente protegida por uma tarifa 
de importação alta, em parte viabilizada pela posição preeminente do Brasil no 
mercado mundial de café, pois podia compensar ao menosparcialmente os efei-
tos indesejáveis do protecionismo. Depois de 1930, e até o final dos anos de 1980, 
o acesso ao mercado brasileiro foi muito limitado, seja por controle quantitativo 
de importações, seja por tarifas muito altas. 
Do ponto de vista da infraestrutura, as mudanças no século XX foram radi-
cais. O Brasil, em 1900, dependia essencialmente de transporte ferroviário, 
suprido por empresas estrangeiras, bem como de transporte marítimo de cabo-
tagem. As empresas estrangeiras foram estatizadas logo após a virada do século 
e após a Segunda Guerra Mundial. A partir da década de 1920, ganhou terreno 
o transporte rodoviário que viria a ser dominante no final do século, a menos 
das ferrovias associadas a empreendimentos minerais que mantiveram posição 
importante na movimentação de cargas.
Também no que diz respeito à energia, as mudanças foram significativas. 
No começo do século XX, o suprimento energético dependia crucialmente da 
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queima de lenha e apenas lentamente empresas estrangeiras supridoras de energia 
elétrica ganharam importância. Estas tenderam a ser estatizadas após a Segunda 
Guerra Mundial. No final do século, o Brasil quase que completamente indepen-
dente da lenha, é singular na sua dependência de energia hídrica, mesmo que a 
tendência no final dos anos de 1990 seja rumo a uma crescente importância da 
termoeletricidade. A dependência de importações de petróleo, inicialmente na 
forma de derivados, foi quase total até a década de 1950 e ainda da ordem de 
80% do consumo de petróleo no início dos anos de 1970 tem sido reduzida sig-
nificativamente, sendo da ordem de 35% no final do século.
Querido(a) aluno(a), historiadores destacam que os primeiros esforços impor-
tantes para a industrialização vêm do Império. Durante o Segundo Reinado, 
empresários brasileiros como Irineu Evangelista de Souza, o Visconde de Mauá 
e grupos estrangeiros, principalmente ingleses, investem em estradas de ferro, 
estaleiros, empresas de transporte urbano e gás, bancos e seguradoras. A polí-
tica econômica oficial, porém, continua a privilegiar a agricultura exportadora.
O regime cambial dominante no Brasil pré 1930 foi o de taxa cambial única 
flutuante, embora em dois períodos, 1907-1914 e 1927-1930, as autoridades 
brasileiras tivessem aproveitado a facilidade de acesso ao mercado financeiro 
internacional para adotar o padrão-ouro. Entre 1930 e 1964, o Brasil viveu diver-
sos regimes cambiais, sempre com forte intervenção governamental, inclusive 
com controles cambiais, e quase sempre com taxas múltiplas e consequente 
O processo de industrialização da década de 1920 se dividiu em duas etapas: 
a primeira até 1924, coincidindo com a terceira valorização do café (1921-
24), quando foram realizados importantes investimentos em maquinaria 
que levaram à modernização da indústria; a segunda, de 1924 até 1929, 
quando ocorreu um processo de desaceleração na produção industrial, em 
virtude da retomada do fluxo de importações graças a uma taxa de câmbio 
que tornava mais barato a produção do estrangeiro. 
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cunha cambial entre taxas médias de compra e venda de câmbio, bastante rele-
vante como fonte de receitas públicas. 
Paiva (2006) relata que em diversos momentos, a partir da década de 1970, 
foram adotados instrumentos tais como depósitos prévios relacionados a impor-
tações e gastos com turismo, taxa de câmbio financeira entre outros.
Efetivamente o crescimento do setor exportador, representado no século 
XIX e no período anterior à Revolução de 1930 pelo setor cafeeiro, implicou um 
processo de urbanização da sociedade brasileira. Portanto, ao pensar na origem 
da indústria no Brasil, tem que se incluir necessariamente a economia cafeeira 
desenvolvida no país durante o século XlX e boa parte do XX, pois foi ela quem 
deu as bases para o surgimento da indústria no país, que começou a ocorrer 
ainda na Segunda metade do século XlX. Dentre as contribuições da economia 
cafeeira para a industrialização, podemos mencionar:
a. Acumulação de capital necessário para o processo.
b. Criação de infraestrutura.
c. Formação de mercado de consumo.
d. Mão de obra utilizada, especialmente os migrantes europeus não portu-
gueses, como os italianos.
Mas devemos destacar, caro(a) aluno(a), que o processo de urbanização da socie-
dade brasileira não foi semelhante ao que se verificou na Europa e em outras 
partes do mundo. Na Europa, a urbanização decorreu da criação de um mercado 
de trabalho muito intenso nas cidades, que absorveu o excedente de população 
rural, transformando o continente ao longo dos anos.
Segundo Furtado (2006), no Brasil, o processo migratório do campo para 
a cidade ocorreu de forma distinta: houve uma fase, na metade do século XX, 
em que se criou muito emprego no setor industrial, mas nos últimos 30 anos o 
emprego industrial já não cresceu. O crescimento da população urbana inchou 
as cidades, mas nelas não se criou emprego suficiente para absorver toda essa 
gente, daí as taxas de desemprego crescentes, a marginalidade.
Para analisarmos o contexto histórico das transformações do meio rural, pri-
meiramente veremos algumas características do setor cafeeiro, um dos principais 
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impulsionadores do processo de industrialização e urbanização do Brasil.
CARACTERÍSTICAS DA ECONOMIA CAFEEIRA
O café encontrou no Brasil um ambiente muito favorável para o seu desenvolvi-
mento. Segundo Eslebão (2007), entre os vários fatores que contribuíram para isso 
pode-se destacar o aumento na demanda mundial do produto; a crise na econo-
mia mineira, que possibilitou a liberação de mão de obra para outras atividades; 
a fertilidade natural da terra nos arredores do Rio de Janeiro; e a transferência 
da Corte para este local.
A economia cafeeira foi obra do capital 
mercantil nacional que vinha se desenvol-
vendo aos poucos e ganhou notável impulso 
com a abertura dos portos, a transferência 
da corte para o Brasil e, mais tarde, com a 
Independência.
Utilizado no consumo doméstico, o café 
chegou ao Rio de Janeiro por volta de 1760, 
misturando-se aos pequenos cultivos de 
pomares e hortas da capital da Colônia. Foi, 
porém no Vale do Paraíba que se reuniram as 
Como o setor exportador cafeeiro era o setor mais produtivo e de maior di-
namismo, existia uma elevada concentração dos recursos naturais e de ca-
pital. Essa concentração causava uma elevada desigualdade na distribuição 
de renda. Desigualdade essa característica do modelo agroexportador.
Leia mais em:
<http://portal-adm.blogspot.com.br/2010/09/economia-agroexportadora-
ciclo-do-cafe.html>..
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condições para sua primeira grande expansão em níveis comerciais. Estudiosos 
descrevem que a área era conhecida e cortada por alguns caminhos e trilhas que 
se dirigiam a Minas Gerais, onde existia terra virgem disponível e clima favorável. 
Além disso, a proximidade do porto do Rio de Janeiro facilitava o escoamento.
No século XIX, o café foi o principal produto de exportação brasileiro e isso 
trouxe muitas mudanças econômicas e sociais para o país. Um novo grupo eco-
nômico ascendeu socialmente, a oligarquia cafeeira.Você pode estar se perguntando agora qual era o panorama da mão de obra neste 
período, visto que se trata de um recurso de produção essencial para qualquer 
segmento. A implantação se deu pela forma tradicional da Plantation, como 
emprego da força de trabalho escrava. A lavoura de café no início do século 
passado não enfrentou nenhuma crise mais séria de escassez de mão de obra, o 
mercado de trabalho para a produção funcionava adequadamente, pois a questão 
fora resolvida a partir da década de 1870, com a abundante imigração europeia. 
Outro fator de produção importante para a expansão da produção cafeeira 
era a terra, que também não constituía obstáculo devido às vastas regiões do 
Estado de São Paulo que se encontravam desocupadas. Sendo assim, a produ-
ção de café possuía amplas condições de crescimento.
A grande propriedade se impôs nesse processo. A história da ocupação das 
terras seguiu um padrão que vinha do passado e iria se repetir ao longo da his-
tória do Brasil: havia uma total indefinição dos limites das propriedades e muitas 
terras inexploradas. Os títulos de propriedade eram raros quando não se sobre-
punham a outros.
Para enfrentar a crise no setor cafeeiro, cafeicultores e Governo, adotaram 
diversas medidas. Uma delas foi o Convênio de Taubaté. Saiba mais aces-
sando o link:
A ECONOMIA BRASILEIRA E O SETOR AGRÍCOLA
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Querido(a) aluno(a), naturalmente prevaleceu a lei do mais forte: quem tinha 
mais condições para manter-se na terra, desalojar posseiros destituídos de recur-
sos, contratar bons advogados, influenciar juízes e legalizar a posse da terra.
Para implantar uma fazenda de café, o fazendeiro tinha de fazer investi-
mentos significativos, que incluíam a derrubada da mata, o preparo da terra, o 
plantio, as instalações e compra de escravos.
O Convênio de Taubaté
Em Fevereiro de 1906 foi firmado o chamado Convênio de Taubaté (na cida-
de paulista de mesmo nome), conhecido como política de “valorização do 
café”. Segundo Furtado (1964), os principais pontos dessa política eram os 
seguintes: “a) com o fim de restabelecer o equilíbrio entre oferta e procura 
de café, o governo interviria no mercado para comprar os excedentes; b) o 
financiamento dessas compras se faria com empréstimos estrangeiros; c) o 
serviço desses empréstimos seria coberto com um novo imposto cobrado 
em ouro sobre cada saca de café exportada; d) a fim de solucionar o pro-
blema a mais longo prazo, os governos dos estados produtores deveriam 
desencorajar a expansão das plantações”.
A política de valorização acordada pelo Convênio de Taubaté fez com que 
os preços se mantivessem num patamar interessante para os produtores. 
Com isso, os lucros continuavam elevados, o que fazia com que novos inves-
timentos continuassem a ser feitos na produção, ocasionando uma pressão 
cada vez maior sobre a oferta de café. Esse mecanismo de defesa da econo-
mia cafeeira transfere o problema para o futuro, pois a política de desestí-
mulo era impraticável sem a criação de alternativas. O desequilíbrio máximo 
aconteceu então em 1929, quando o valor dos estoques ultrapassou 10% do 
Produto Interno Bruto (FURTADO,1964).
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O avanço da produção caminhou lado a lado com a ampliação do hábito de con-
sumir café entre a classe média cada vez mais numerosa nos EUA e os países da 
Europa. Os Estados Unidos tornaram-se o principal consumidor do café bra-
sileiro, exportado também para Alemanha, os Países Baixos e a Escandinávia.
Podemos observar na Tabela 2, a seguir, a importância do café para o comér-
cio internacional.
DECÊNIO TOTAL CAFÉ AÇÚCAR CACAU
ERVA-
MATE
FUMO ALGODÃO BORRACHA
COUROS 
E PELES
1821-1830 85,8 18,4 30,1 0,5 - 2,5 20,6 0,1 13,6
1831-1840 89,8 43,8 24,0 0,6 0,5 1,9 10,8 0,3 7,9
1841-1850 88,2 41,4 26,7 1,0 0,9 1,8 7,5 0,4 8,5
1851-1860 90,6 48,8 21,2 1,0 1,6 2,6 6,2 2,3 7,2
1861- 870 90,3 45,5 12,3 0,9 1,2 3,0 18,3 3,1 6,0
1871-1880 95,1 56,6 11,8 1,2 1,5 3,4 9,5 5,5 5,6
1881-1890 92,3 61,5 9,9 1,6 1,2 2,7 4,2 8,0 3,2
1891-1900 95,6 64,5 6,6 1,5 1,3 2,2 2,7 15,0 2,4
Tabela 2: Brasil - Exportação de Mercadorias (% sobre o valor total da exportação)
Fonte: <http://www1.univap.br/~sandra/6aaula.pdf>
Você sabia que as lavouras cafeeiras se desenvolveram nas sesmarias? 
E que a mão de obra era escravista?
No período da lavoura cafeeira do Vale do Paraíba o poder dos senhores de 
café era medido pelo número de escravos que o mesmo possuía. Em 1850 
a Lei Eusébio de Queirós provocou aumento do patrimônio dos barões de 
café. Também em 1850 a Lei de Terras determina que a aquisição da terra 
poderia ser apenas por meio da compra. Com essa lei a lavoura cafeeira es-
tendeu-se para o oeste paulista.
Em certa época os barões não tinham onde plantar café e não invadiam 
terras receando perder os investimentos feitos. Além disso, existem os pro-
blemas morais. É mais ou menos nessa época que o poder dos fazendeiros 
passa a ser medido pelo tamanho das terras.
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CONTEXTO HISTÓRICO DAS TRANSFORMAÇÕES NO 
MEIO RURAL
Este tópico, caro(a) aluno(a), não se trata apenas de uma revisão histórica, mas 
sim de procurar entender as transformações e como elas interferem no uso do 
espaço rural brasileiro, com o surgimento e emergência de novas aptidões, que 
levam a um novo olhar sobre o rural e a uma redefinição das suas atribuições. 
Elesbão (2010) destaca quatro grandes acontecimentos dentre as transfor-
mações no rural brasileiro ao longo do século XX: o fim do último grande ciclo 
econômico (ciclo do café); o processo de modernização da agricultura; a migra-
ção campo/cidade; e o reconhecimento da importância da agricultura familiar. 
Emergem então novas atividades e novos valores no rural contemporâneo, os 
quais representam a diversidade de situações na teia de relações que se estabe-
lecem entre o rural e o urbano.
A compreensão das transformações que aconteceram e estão acontecendo 
no rural brasileiro passa, necessariamente, pelo estudo do processo histórico 
de constituição do rural enquanto espaço de produção e reprodução social de 
sua população. O rural, além de espaço produtivo, é lugar de vida, de interação 
social, condição muitas vezes colocada em segundo plano quando da sua análise.
A esfera produtiva sempre esteve em destaque, seja quando da produção de 
produtos para exportação, o que aconteceu durante a maior parte da história eco-
nômica brasileira, seja no fornecimento de matérias-primas para o surgimento 
e consolidação da agroindústria nacional, como também atualmente, sendo a 
principal responsável pelos saldos positivos na balança comercial.
Ao estudarmos tais transformações, podemos notar que elas também 
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ocorreram no espaço rural dos países desenvolvidos, ampliando o enfoque, 
que antigamente recaía somente na produção de alimentos e matérias-primas, 
passando a também considerar a relação com as atividades não agrícolas. Estas 
atividades, praticadas por componentes de muitas famílias rurais, ganham impor-
tância na busca da compreensão das transformações de que o rural brasileiro 
vem sendo palco e que se intensificaram nos últimos tempos.
AS TRANSFORMAÇÕESDEMOGRÁFICAS ENTRE O CAMPO E A 
CIDADE 
Fato importante em nosso contexto histórico e que remonta às décadas ante-
riores a 1960 é o fenômeno da urbanização e do crescimento demográfico das 
últimas décadas. 
Observe, caro(a) aluno(a), na Tabela 3 a inversão que ocorre entre 
os moradores do campo e da cidade em quarenta anos. No início 
dos anos 80 apenas 33% da população do país estava residindo 
no campo, chegando à década de 90 um percentual de apenas 
20% da população vivendo no meio rural. Outro aspecto 
que vem somar a esta urbanização é o crescimento demo-
gráfico, pois neste período, a população brasileira triplica. 
Nas regiões geográficas ou regiões metropolitanas, seria 
ainda possível encontrar dados mais destacados, uma vez 
que os dados acima se referem à média nacional. Os dados 
do IBGE nos mostram a magnitude dessa transformação:
ANO HABITANTES (MILHÕES) RURAL URBANO (%)
1940 41,2 68,8 31,2
1950 51,9 63,8 36,2
1960 70,9 54,9 45,1
1970 92,3 43,9 56,1
1980 119,1 33 67
Tabela 3: Crescimento demográfico brasileiro (1940 – 1980)
Fonte: FIBGE. Disponível em: <www.ibge.gov.br>
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Neste intervalo de 40 anos, a população brasileira apresentou um cresci-
mento de quase 80 milhões de habitantes. São 80 milhões de consumidores a 
mais para serem atendidos pela produção interna, o que chega a ser crítico em 
termos de equilíbrio de oferta e demanda de alimentos.
Nos anos 40 e 50 havia no campo uma população que correspondia a mais 
de 60% do total. Podemos concluir que com esse nível de população, a ques-
tão do abastecimento urbano era tarefa relativamente fácil. Bastava que cada 
habitante do campo produzisse para sua subsistência e um pequeno volume de 
excedente, que já seria o suficiente para garantir o abastecimento dos centros 
urbanos (pouco mais de 30% da população). 
A inversão demográfica que se verifica nos anos 70 e 80, quando a população 
urbana passa a representar de 60 a 70% do total de habitantes, leva a produção 
de subsistência já não ser mais suficiente para atender as necessidades da popu-
lação, que dependia totalmente da produção do campo.
Acrescentando agora o crescimento demográfico temos os seguintes dados: 
em 1940 e 1950 havia mais de dois habitantes no campo para cada um na cidade. 
Em 1980 esse dado se altera completamente e agora são dois habitantes na cidade 
dependendo da produção de cada um que ficou no campo. Se considerarmos a 
produção agrícola que é destinada para a exportação e para a agroindústria, vere-
mos que as transformações estruturais dos últimos anos realmente representam 
uma pressão por inovações tecnológicas na produção rural. Essas pressões são 
aumentadas pelo desafio de incorporar ao processo produtivo vastas regiões até 
então não produtivas como os cerrados e a Região Amazônica, para as quais a 
tecnologia existente não representa uma solução.
A modernização da agricultura brasileira foi induzida pelo processo de 
industrialização do país, ou seja, pela política econômica do governo entre 1950 
e 1970, que favoreceu a indústria em detrimento da agricultura, o que reforçou o 
poder das cidades e acelerou o êxodo rural. Com efeito, a população urbana no 
País passou de 31,2% em 1940 para 44,7% em 1960, e de 67,6% em 1980 a 81,2% 
em 2000. A previsão é de uma concentração urbana populacional de 86,8% em 
2010 (ALVES, 1999)
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Segundo Gonçalves Neto (1991), como consequência de toda essa transição 
demográfica, de urbanização e industrialização e de opção pelo desenvolvimento 
econômico associado, temos que a agricultura perde essa posição e passa a um 
plano secundário no processo. A partir daí, o compromisso do Estado com a 
agricultura é de mantê-la ativa e não estimulá-la como setor e unidade central 
do sistema. 
A política agrícola dos anos 60 e 70 se subordina aos interesses macroeco-
nômicos de equilíbrio interno e externo da economia e, em função disso, ela 
não atende necessariamente aos objetivos prioritários do setor, mas sim os inte-
resses da economia.
OS REFLEXOS NA AGRICULTURA
Durante a expansão cafeeira, as ações governamentais foram direcionadas espe-
cificamente para este setor, devido não só à importância do café para a economia 
brasileira, mas principalmente, à influência política das elites agrárias.
De acordo com Silva (1988) “a economia brasileira era o café e todas as polí-
ticas do Estado brasileiro giravam em torno da política de valorização do café: 
compra de excedentes, financiamentos externos, impostos sobre exportação, etc.”
O café ainda teve grande importância para a economia brasileira nas pri-
meiras três décadas do século XX, chegando inclusive, entre os anos 1924-1929, 
a responder por 72,5% do valor total das exportações do país. 
Diante deste quadro percebemos a grande influência dos cafeicultores nas 
decisões políticas do país e nas medidas adotadas, voltadas para a proteção de 
seus interesses.
População brasileira chegará a 208 milhões em 2030
Atualmente, os brasileiros somam 190 milhões. Nos anos seguintes a 2030, 
é esperada uma queda progressiva do número de brasileiros, que somarão 
205,6 milhões em 2040. Neste ano, 152 milhões serão trabalhadores. Pesqui-
sa aponta queda na taxa de natalidade, com um filho por mulher.
Segundo o IBGE, Manaus tem população de 1.861.838 habitantes (Juca 
Queiroz)
A população brasileira chegará a 208 milhões em 2030, segundo cálculo do 
Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea). A previsão está do bole-
tim Tendências Demográficas Apontadas pela Pnad 2011.
Com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio, realizada pelo 
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil atingirá a maior 
população em 2030, quando a força de trabalho deve chegar a 156 milhões 
de pessoas. Atualmente os brasileiros somam 190 milhões.
Nos anos seguintes, é esperada uma queda progressiva do número de bra-
sileiros, que somarão 205,6 milhões em 2040. Neste ano, 152 milhões serão 
trabalhadores.
A pesquisadora Ana Amélia Camarano explica que o resultado reflete o en-
velhecimento da população e a taxa de fecundidade nas últimas décadas, 
que começou a cair na década de 1990. Em 1950, a taxa era de 6,2 filhos. 
Hoje, o número de filhos por mulher é 1,7.
“Nossa projeção vem caindo e, entre 2030 e 2040, deve se aproximar da taxa 
do Japão, que é um filho por mulher, abaixo do nível de reposição da popu-
lação”, afirmou Ana Amélia. Segundo ela, a fecundidade tem espaço para 
cair entre as mulheres pobres e nas regiões no Norte e Nordeste, onde o 
número de filhos está em torno de dois.
Fonte: <http://acritica.uol.com.br/noticias/Manaus-Amazonas-Manaus-pes-
quisa_Pnad-demografia-populacao-crescimento-evolucao_0_790121034.html>. 
Acesso em: 29 nov. 2012.
A ECONOMIA BRASILEIRA E O SETOR AGRÍCOLA
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IIIU N I D A D E94
Para Furtado (1964), “a economia havia desenvolvido uma série de mecanismos 
pelos quais a classe dirigente cafeeira lograra transferir para o conjunto da cole-
tividade o peso da carga nas quedas cíclicas anteriores”.
A definição estratégica dos anos 60 em favor de um desenvolvimento asso-
ciado repercute na agricultura de forma decisiva. Nessa época estava em plena 
MODERNIZAÇÃO DA AGRICULTURA E SEUS REFLEXOS NO ESPAÇO 
AGRÁRIO DO BRASIL
A partir da segunda metade do século XX, especificamente a partir da déca-
da de 60, o espaço agrário do Brasil passou a sofrer um forteavanço tecnoló-
gico na produção agrícola com a crescente adesão de processos industriais 
ao campo. Foi a denominada Revolução Verde? Cujas principais caracte-
rísticas eram a mecanização e tecnificação dos meios de produção com a 
utilização de tecnologias poupadoras de mão-de-obra, como maquinários 
especializados e uso de agroquímicos (fertilizantes). 
Leia mais em: <http://www.webartigos.com/artigos/modernizacao-da-agri-
cultura-e-seus-reflexos-no-espaco-agrario-do-brasil/49005/#ixzz2BkndyVqk>. 
Publicado em 06 de outubro de 2010 
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discussão as alternativas para o desenvolvimento agrícola do país. Alguns auto-
res defendiam a necessidade e a oportunidade de reformas estruturais, entre elas 
a reforma agrária, o que atendia ao apelo de amplos movimentos reivindicató-
rios dos anos 60. De outro lado, havia os pensadores neoclássicos que defendiam 
a oportunidade de modernizar a agricultura, nos moldes do que foi feito nos 
Estados Unidos e em outros países do mundo. 
Como a opção de 1964 foi por um desenvolvimento associado, na agricul-
tura vai prevalecer a opção da modernização que atende a uma conjugação de 
interesses ligados ao processo de industrialização, aliados agora aos grandes lati-
fundiários e aos interesses do capital internacional. É nesse contexto que vai se 
iniciar a tecnificação da produção rural. Analisando esses aspectos nos planos 
de governo nas décadas de 60 e 70, Gonçalves Neto (1991) destaca o início do 
processo de modernização nos planos dos governos militares.
A década de 80 com as suas profundas transformações é um marco dos mais 
importantes na análise do comportamento do agronegócio nos anos recentes. 
Esta década ficou conhecida como a “década perdida”, devido aos níveis erráticos 
A ECONOMIA BRASILEIRA E O SETOR AGRÍCOLA
Reprodução proibida. A
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IIIU N I D A D E96
de crescimento da economia que vinha de duas décadas de crescimento bem 
elevado. Na verdade essa década é das mais importantes por diversos fatores 
e acontecimentos que ocorrem simultaneamente. Entre eles o esgotamento de 
um modelo de desenvolvimento e o surgimento de outro, que está atrelado ao 
novo paradigma tecnoeconômico, que começa a surgir no Japão e vai tornar-
-se dominante em todo o mundo, e que afetará toda a economia nacional e terá 
importantes reflexos na economia regional e setorial.
Para entendermos a modernização da agricultura brasileira, é importante 
considerarmos que esta sempre se apresentou subordinada à lógica do capital, 
sendo um setor de transferência de riquezas (AGRA; SANTOS, 2006). Assim 
sendo, dentro do seu processo de modernização, deve-se dar significado maior 
à sua transnacionalização e à sua inserção na divisão internacional do trabalho 
ou, ainda, à penetração do modo de produção capitalista no campo brasileiro 
(AGUIAR, 1986).
Ainda segundo Agra e Santos (2006), o processo de modernização da agri-
cultura brasileira está intimamente ligado ao término do processo de substituição 
de importações, à internalização de indústrias produtoras de bens de capital e 
de insumos modernos. O desenvolvimento da agricultura passa a ser direcio-
nado pela dinâmica industrial, pois se transforma em um segmento industrial, 
que compra insumos e vende matérias-primas para outros setores.
A modernização da agricultura teve um caráter imediatista, pois estava voltada 
para o aumento da produtividade no curto-prazo, com o objetivo de minimi-
zar os riscos e maximizar o controle do homem sobre a natureza, buscando ser 
capaz de reproduzir, artificialmente, as condições da natureza.
Com a modernização agrícola segue-se a modernização das relações de tra-
balho e o assalariamento parcial e precário, ou seja, o aumento da sazonalidade 
do trabalho. Segundo Silva (1996, p.04), “o trabalhador passa de papel ativo e 
integral do artesão para o de um trabalhador parcial na manufatura, até atingir 
a passividade do operário, que apenas vigia a máquina”.
Essas transformações não foram nada mais do que resposta às necessidades do 
capitalismo, uma vez que o trabalhador parcial permite ao capital maior valoriza-
ção, pela intensidade do trabalho e pelo prolongamento da jornada de trabalho.
O trabalhador volante tem o máximo interesse pessoal em executar as tarefas, 
Mauá – O imperador e o rei
Gênero: drama
Ano: 1999
Sinopse:
O filme nacional, “Mauá, O Imperador e o Rei” (1999), com 
direção de Sérgio Rezende, relata a trajetória do primeiro 
empresário brasileiro, Irineu Evangelista de Souza, mais 
conhecido publicamente como Barão de Mauá. Nascido no Rio 
Grande do Sul, estudou em um internato em São Paulo, até 
seus nove anos de idade, seu primeiro emprego foi de caixeiro. 
Mauá teve um crescimento profissional rápido, justamente 
por ser extremamente persistente. Teve grande participação 
na Revolução Farroupilha. Tendo feito uma viajem a negócios 
para Inglaterra, conheceu várias fábricas, idealizando assim 
vários objetivos, e devido a alta dos preços do café no 
mercado internacional, no período da chamada tarifa Alves 
Branco, resolveu tornar-se um industrial. Sua primeira atitude 
como empresário foi de solicitar subsídios ao Governo Imperial brasileiro, este forneceu 
tubos de ferro para canalizar o rio Maracanã, foi ele também que criou o primeiro maior 
empreendimento industrial do país, produzindo navios e caldeiras, mas a prosperidade 
foi breve, pois com a proibição da entrada de navios fora do país, a empresa faliu. Com a 
promulgação da lei Eusébio de Queiros, os investimentos empregados em escravos passaram 
a ser destinados à empresa, gerando muitas empresas industriais, aproximadamente uns 
quatorze bancos, além da criação de companhias de seguros e transportes coletivos, fazendo 
assim, de Irineu Evangelista de Souza um homem rico, acumulando uma enorme fortuna, a 
qual passou a influenciar nas agências bancárias do período. 
Com ideais liberais e forte defensor do abolicionismo, foi contrário a Guerra do Paraguai e 
também tornou-se deputado pela Província do Rio Grande do Sul em diversas legislaturas. 
Suas idéias e o agravamento da instabilidade política da região platina, acabaram tornando 
o Barão de Mauá, mártir dos conservadores. Toda essa revolta, acabou falindo o Banco Mauá, 
ele acabou sendo obrigado a vender a maior parte das suas empresas e alguns de seus bens 
pessoais para saldar as suas dívidas. Irineu Evangelista de Souza possuía a mentalidade 
empresarial britânica e estilo altamente liberal para administrar. Sempre mostrou ousadia, 
asseverando a utilização da tecnologia de ponta, sempre manteve uma política salarial 
direcionada a talentos, sendo ele um grande reconhecedor dos mesmos. Com esse modelo 
de administração descentralizada e flexível o Barão de Mauá teve oito das dez maiores 
empresas do Brasil, foi um homem de idéias brilhantes que trouxe da Inglaterra, a Revolução 
Industrial para o Brasil.
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o mais rápido possível, para receber o valor correspondente, o que permite ao 
empresário uma elevação da intensidade do trabalho acima do normal. Além 
do mais, é conveniente e necessário que o trabalhador prolongue a jornada de 
trabalho, a fim de aumentar o salário, mesmo que, para isto, multiplique seus 
próprios braços com os da mulher e filhos menores (GONZÁLES; BASTOS, 
1975, p.04, apud AGUIAR, 1986, p.111).
A ECONOMIA BRASILEIRA E O SETOR AGRÍCOLAReprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
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Reprodução proibida. A
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Prezado(a) aluno(a), vimos nesta unidade características que levaram o Brasil 
a ser uma economia eminentemente agroexportadora ao longo do século XX. 
Num primeiro momento, foram analisadas algumas das principais características 
do rural brasileiro ao longo do século XX, principalmente enfocando a forma de 
organização do espaço produtivo. Das grandes plantações cafeeiras da primeira 
metade do século, passando pelo processo de modernização da base técnica na 
agropecuária e chegando ao final do século, em que a categoria dos agricultores 
familiares e a sua pluriatividade passam a ter importância crescente nas discus-
sões sobre as estratégias de desenvolvimento para o rural.
Historicamente a agricultura para exportação foi privilegiada pelas políticas 
públicas, tendo o processo de modernização da agropecuária contribuído gran-
demente para o êxodo rural. Esse processo foi marcado pela redução da mão de 
obra empregada no campo e pela concentração, tanto da posse da terra como 
da renda produzida no rural.
O desenvolvimento de muitas áreas rurais brasileiras passa pela percepção 
da diversidade e das peculiaridades que cada uma possui. Identificar o potencial 
de cada local é fundamental na elaboração de políticas de desenvolvimento rural.
Quando se discute o desenvolvimento econômico de um país logo se tem 
um primeiro debate. Quem gera o desenvolvimento do país? É o setor agrícola 
ou é o setor industrial? Este é um debate antigo, mas, didaticamente, é de grande 
importância, pois traz a relação fundamental entre agricultura e indústria na 
vida dos principais países do mundo.
Veremos nas próximas unidades alguns aspectos da economia brasileira, 
enfocando as decisões de política econômica e seus impactos na agricultura. Na 
última unidade, abordaremos tendências da economia mundial e a participa-
ção do Brasil neste cenário.
99
1. Analise o parágrafo a seguir e responda: qual o significado da frase “o café man-
teve a ‘majestade’ na República”?
O café continuava a reinar absoluto no cenário politico e econômico do país. 
A monarquia tinha acabado, mas o café manteve a majestade na República, 
como grande centro dinâmico da economia.
F.M. Teixeira. Historia concisa do Brasil. Sao Paulo: Global, 1993. p. 213
2. Analise e contextualize a afirmação: o café favorecia a poucos e penalizava uma 
nação.
3. Contextualize as transformações ocorridas no meio rural, enfatizando a situação 
da mão de obra neste processo.
4. Quais foram os reflexos ocorridos no setor agrícola mediante as políticas estatais 
adotadas na primeira metade do século XX?
SOCIEDADE RURAL BRASILEIRA - 90 ANOS
Guilherme Wendel de Magalhães; Euzi Dognani; Arnaldo 
Franscisco de Sousa
Editora: IMESP
MATERIAL COMPLEMENTAR
A ECONOMIA BRASILEIRA E O SETOR AGRÍCOLA
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E IV
Professor Me. Ariane Maria Machado de Oliveira
A EVOLUÇÃO DA ECONOMIA 
BRASILEIRA: POLÍTICAS 
ECONÔMICAS E SEUS REFLEXOS 
NO SETOR AGRÍCOLA
Objetivos de Aprendizagem
 ■ Apresentar o processo de industrialização brasileiro.
 ■ Analisar o processo de substituição de importações.
 ■ Descrever um retrospecto das políticas econômicas mais 
significativas adotadas na segunda metade do século XX.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
 ■ Processo de Substituição de Importações (PSI) – 1930/61
 ■ A crise do PSI e as reformas institucionais no PAEG – 1962/67
 ■ Crescimento com endividamento externo
 ■ Milagre Econômico (1968/1973)
 ■ II Plano Nacional de Desenvolvimento (1974/79) e a Crise da década 
de 80
 ■ Políticas de combate à inflação na Nova República
INTRODUÇÃO
Prezado(a) aluno(a), veremos agora como ocorre a ruptura do modelo econômico 
brasileiro e como este passa a se desenvolver. Veremos que a crise dos anos 30 foi 
um momento de ruptura ou transformação estrutural na Economia Brasileira. 
Desde esta data, o modelo agroexportador é paulatinamente afastado e ocorre a 
industrialização. A forma assumida pela industrialização brasileira, pelo menos 
entre 1930 e 1960, foi a chamada industrialização substituidora de importações. 
Ao longo da unidade, veremos como ocorre o deslocamento do centro dinâ-
mico da economia. O período em que a determinação do nível de renda deixa de 
estar ligada a elementos como a demanda externa (base de uma economia agroe-
xportadora) e passa a depender de elementos ligados ao mercado interno, como o 
consumo e o investimento doméstico. Isto ocorre basicamente na década de 30.
Notamos então, caro(a) aluno(a), que a crise de 1930, iniciada nos Estados 
Unidos e que se repercutiu rapidamente na Europa, chegou ao Brasil com uma 
Crise no Balanço de Pagamentos ocasionando rápida queda na demanda por 
café e reversão dos fluxos de capital.
Veremos que a Revolução de 30 representou no cenário político a ascensão 
das camadas urbanas altas e médias e de outros segmentos da sociedade. Esses 
setores, identificados com a acumulação urbano-industrial, passaram gradati-
vamente a ganhar mais espaço político e viram suas teses desenvolvimentistas 
serem respaldadas por medidas de política econômica que dinamizaram o cres-
cimento industrial. 
Ao longo da unidade, serão abordadas particularidades das políticas econômi-
cas voltadas à industrialização, ao desenvolvimento e a estabilização econômica, 
por meio das políticas de combate à inflação.
Introdução
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A EVOLUÇÃO DA ECONOMIA BRASILEIRA: POLÍTICAS ECONÔMICAS E SEUS REFLEXOS NO SETOR AGRÍCOLA
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IVU N I D A D E104
O PROCESSO DE SUBSTITUIÇÃO DE IMPORTAÇÕES 
A crise dos anos 30 foi um momento de ruptura ou transformação estrutural na 
Economia Brasileira. A Grande Depressão reduziu de maneira drástica o comér-
cio internacional, afetando intensamente a economia brasileira, que tinha uma 
base agrário-exportadora e dependia da demanda externa. Tal fato levou a eco-
nomia brasileira a um novo modelo de desenvolvimento, chamado de Processo 
de Substituição de Importações por meio do incentivo à indústria nascente.
A industrialização do país permitiu o desenvolvimento de uma economia 
diversificada e urbana. O aumento do poder de compra, aliado ao forte cres-
cimento demográfico entre 1950 e 1990, estimulou a demanda por produtos 
alimentares a taxas anuais de até 6%, o que criou um ambiente favorável ao cres-
cimento e à modernização da agricultura. 
Com o aumento do custo de oportunidade do trabalho a partir dos anos 70, 
a agricultura (de soja, milho, trigo e algodão) foi impelida a se intensificar e a 
se mecanizar. Além disso, a industrialização e a urbanização estabeleceram os 
paradigmas da transformação da agricultura, embasadas na ciência e na tecno-
logia. No âmbito político, essas transformações deslocaram o centro do poder 
para as cidades (ALVES, 2001).
Três políticas foram determinantes no processo de modernização: 1) cré-
dito subsidiado, principalmente para a compra de fertilizantes e maquinaria; 2) 
grande extensão rural entre 1950 e 1970; 3) forte investimento em pesquisa e 
educação em ciências agrárias, com a criação da Embrapa (1973) e de cursos de 
pós-graduação (ALVES; CONTINI, 2002).
A Crise do PSI e as Reformas Institucionais no PAEG – 1962/67
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A CRISE DO PSI E AS REFORMAS INSTITUCIONAIS 
NO PAEG – 1962/67
No início dos anos 60 ocorre a primeira grande crise econômica do Brasil em 
sua fase industrial. Queda dos investimentos, ausência de mecanismos de finan-
ciamento adequados, tanto para o setor público, quanto para o setor privado. O 
PAEG foi o primeiro plano econômico do novo governo (militar - 1964); Governo 
Castelo Branco lançou o PAEG – Plano de Ação Econômica do Governo.
O objetivo era resolver os problemas econômicos e atuava em duas frentes:
 ■ Políticas conjunturais de combate à inflação.
 ■ Reformas estruturais para resolver as dificuldades que emperravam o 
crescimento econômico.
Os principais focos de atenção do novo governo foram basicamente cinco:
1. A prioridade na estabilidade de preços (lembrando que estávamos em 
uma época de inflação galopante, que em 1964 tinha atingido quase a 
casa dos 03 dígitos).
2. O aumento de investimentos diretos (muitos destes investimentos tive-
ram o estado como patrocinador, por meio de empresas de economia 
pública e em obras diretas).
3. Reformas bancárias e tributárias.
4. Acertar o déficit da balança de pagamentos.
5. A diminuição dos desequilíbrios regionais.
A EVOLUÇÃO DA ECONOMIA BRASILEIRA: POLÍTICAS ECONÔMICAS E SEUS REFLEXOS NO SETOR AGRÍCOLA
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IVU N I D A D E106
MEDIDAS DE COMBATE À INFLAÇÃO NO PAEG
 ■ Problema = Excesso de demanda.
 ■ Redução do déficit público.
 ■ Restrição do crédito e aperto monetário.
 ■ Política salarial (restritiva).
Ano
Crescimento do PIB 
(%)
Crescimento da 
Produção Industrial 
(%)
Taxa de Inflação IGP-DI 
(%)
1961 8,60 11,10 33,20
1962 6,60 8,10 49,40
1963 0,60 -0,20 72,80
1964 3,40 5,00 91,80
1965 2,40 -4,70 65,70
1966 6,70 11,70 41,30
1967 4,20 2,20 30,40
1968 9,80 14,20 22,00
Tabela 4: Produto e Inflação – 1961 - 1968
Fonte: Abreu (1990) em Gremaud et al. (2002, p. 385-391)
PLANO DE METAS (1956 – 1960) - CRESCIMENTO COM 
ENDIVIDAMENTO EXTERNO
O nacionalismo da era Vargas é substituído pelo desenvolvimentismo dos anos 
JK (governo Juscelino Kubitschek, de 1956 a 1961). Podemos dizer que foi o auge 
do período de industrialização brasileira.
O principal objetivo do plano de metas era estabelecer as bases de uma eco-
nomia industrial madura no país, introduzindo de ímpeto o setor produtor de 
bens de consumo duráveis. O plano pode ser dividido a partir de três objetivos 
principais:
A Crise do PSI e as Reformas Institucionais no PAEG – 1962/67
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 ■ Investimentos em infraestrutura (transporte e energia elétrica).
 ■ Aumento da produção de bens intermediários (aço, carvão, cimento etc.).
 ■ Introdução dos setores de bens de consumo duráveis e bens de capital. 
A industrialização consolida-se com a implantação da indústria de bens de con-
sumo duráveis, sobretudo eletrodomésticos e veículos, com o efeito de multiplicar 
o número de fábricas de peças e componentes. No início dos anos 60, o setor 
industrial supera a média dos demais setores da economia brasileira. 
Crescimento Acelerado e Crise: década de 70
 ■ Tal período pode ser dividido em 2:
 ■ Milagre Econômico (1968 – 73).
 ■ II Plano Nacional de Desenvolvimento (1974 – 79).
O milagre econômico (1968 – 73)
O desenvolvimento acelera-se e diversifica-se no período do chamado “milagre 
econômico” (1968-1974).
O setor de bens de consumo duráveis foi o que mais se expandiu, conso-
lidando a ideia que ficou conhecida como “milagre econômico”. O retorno ao 
crescimento foi facilitado pela existência de capacidade ociosa do período ante-
rior, devido à nova estrutura de financiamento montada pelo PAEG, e pela 
disponibilidade de empréstimos estrangeiros.
ANO PIB INDÚSTRIA AGRICULTURA SERVIÇOS
1968 9,8 14,2 1,4 9,9
1969 9,5 11,2 6,0 9,5
1970 10,4 11,9 5,6 10,5
1971 11,3 11,9 10,2 11,5
1972 12,1 14,0 4,0 12,1
1973 14,0 16,6 0,0 13,4
Tabela 5: Taxas de crescimento do produto e setores (1968-1973)
Fonte: IBGE
A EVOLUÇÃO DA ECONOMIA BRASILEIRA: POLÍTICAS ECONÔMICAS E SEUS REFLEXOS NO SETOR AGRÍCOLA
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IVU N I D A D E108
Como principais fontes de crescimento do período denominado Milagre 
Econômico, destaca-se:
a. Investimento público em infraestrutura.
b. Aumento do investimento das empresas estatais.
c. Demanda por bens duráveis.
d. Construção civil.
e. Crescimento das exportações.
Caro(a) aluno(a), podemos observar a primeira onda de endividamento externo, 
resultado das profundas transformações do sistema financeiro internacional e 
ampla liquidez existente. Havia na época elevada participação e intervenção do 
setor público na economia.
Elevada concentração de renda
Considerada pelo Governo como estratégia necessária para aumentar a capaci-
dade de poupança da economia. Foi a chamada “Teoria do Bolo”.
Já em meados dos anos 70, a crise do petróleo e a alta internacional nos 
juros desaceleram a expansão industrial. Inicia-se uma crise que leva o país, na 
década de 80, ao desequilíbrio do balanço de pagamentos e ao descontrole da 
inflação. O Brasil mergulha numa longa recessão que praticamente bloqueia a 
industrialização. No início dos anos 90, a produção industrial é praticamente a 
mesma de dez anos atrás. 
II Plano Nacional de Desenvolvimento (1974 – 79)
Milagre econômico = pleno emprego = pressões inflacionárias e desequilíbrios 
na balança comercial.
O primeiro Plano Nacional de Desenvolvimento (1972-1974), elaborado 
como o segundo, sob a orientação do ministro do Planejamento Reis Velloso, 
esteve mais voltado para grandes projetos de integração nacional (transportes, 
inclusive corredores de exportação, telecomunicações), ao passo que o segundo, 
na presidência Geisel (1974- 1979), foi dedicado ao investimento em indústrias 
de base (em especial siderúrgica e petroquímica).
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ANO PIB INDÚSTRIA AGRICULTURA SERVIÇOS
1974 9,0 7,8 1,0 9,7
1975 5,2 3,8 7,2 2,9
1976 9,8 12,1 2,4 8,9
1977 4,6 2,3 12,1 2,6
1978 4,8 6,1 -3,0 4,3
1979 7,2 6,9 4,9 6,7
Tabela 6: Taxas de crescimento do produto e setores (1974-1979)
Fonte: IBGE
Resultados obtidos II PND
 ■ Economia com menor crescimento (em relação ao período do milagre 
econômico).
 ■ Endividamento do Estado e investimento do setor privado inferior ao 
esperado (conjuntura econômica).
 ■ Aumento da dívida, menos recursos externos disponíveis para investi-
mento e inflação (1979 – 2º segundo choque do petróleo).
Políticas de Combate à Inflação
Diversas foram as tentativas do Governo Brasileiro para combater a inflação. 
Veremos a seguir aos planos econômicos adotados e suas repercussões.
PLANO CRUZADO
O ano de 1981 marca a exaustão de um ciclo de crescimento, verificando-se queda 
de 4,2% no PIB, o qual havia se expandido em 9,2%, em 1980 (Tabela 7). A renda 
per capita retrocedeu 6,3% e registra-se uma erosão no nível de vida da classe 
média, inclusive a parcela de altos assalariados, em proporção incomum no país.
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IVU N I D A D E110
ANO PIB PER CAPITA
1978 5,02,2
1979 6,8 4,2
1980 9,2 6,7
1981 -4,2 -6,3
1982 0,8 -1,3
1983 -2,9 -5,0
1984 5,4 3,3
1985 7,8 5,7
1986 7,5 5,2
1987 3,5 1,2
Tabela 7: Brasil - Taxa de crescimento do PIB Total e Per Capita - 1978/87 (Em %)
Fonte: Ipea e IBGE
O Plano Cruzado foi um conjunto de medidas econômicas, lançado pelo governo 
brasileiro em 28 de fevereiro de 1986, com base no decreto-lei nº 2.283, de 27 de 
fevereiro de 1986, sendo José Sarney o presidente da República e Dilson Funaro 
o ministro da Fazenda.
As principais medidas contidas no Plano eram:
 ■ Congelamento de preços de bens e serviços nos níveis do dia 27 de feve-
reiro de 1986 - medida adotada para eliminar a memória inflacionária. O 
congelamento era fiscalizado por cidadãos que ostentavam, orgulhosos, 
bottons de fiscal do Sarney, depredavam estabelecimentos que aumenta-
vam preços e chegaram a dar voz de prisão a gerentes de supermercados.
 ■ Congelamento da Taxa de Câmbio por um ano em 13,84 Cruzados = 1 
Dólar e 20,58 Cruzados = 1 Libra.
 ■ Reforma monetária, com alteração da unidade do sistema monetário, que 
passou a denominar-se cruzado (Cz$), cujo valor correspondia a mil uni-
dades de cruzeiro.
 ■ Substituição da Obrigação Reajustável do Tesouro Nacional ORTN, título 
da dívida pública instituído em 1964, pela Obrigação do Tesouro Nacional 
(OTN), cujo valor foi fixado em Cz$106,40 e congelado por um ano.
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 ■ Congelamento dos salários pela média de seu valor dos últimos seis meses 
e do salário mínimo em Cz$ 804,00, que era igual a aproximadamente a 
US$ 67,00 de salário mínimo.
 ■ Como a economia fora desindexada, institui-se uma tabela de conver-
são para transformar as dívidas contraídas numa economia com inflação 
muito alta em dívidas contraídas em uma economia de inflação pratica-
mente nula.
 ■ Criação de uma espécie de seguro-desemprego para aqueles que fossem 
dispensados sem justa causa ou em virtude do fechamento de empresas.
 ■ Os reajustes salariais passaram a ser realizados por um dispositivo cha-
mado “gatilho salarial” ou “seguro-inflação”, que estabelecia o reajuste 
automático dos salários sempre que a inflação alcançasse 20%.
Fonte: <http://www.numi.com.br/historiadodinheiro/P37.HTM>
O SETOR AGRÍCOLA
De início, o Plano Cruzado criou expectativas otimistas no setor agrícola, em 
decorrência da previsão de estabilidade nos custos de produção, proveniente do 
desaparecimento da correção monetária incidente sobre os financiamentos e do 
congelamento dos preços de máquinas e insumos agrícolas.
Ademais, a maioria dos preços agropecuários foi congelada a níveis razoá-
veis, não provocando, no princípio, angústias entre os produtores, sendo exceção 
mais gritante os casos do leite, carne bovina e ovos.
A demanda por alimentos acompanhou a onda ascendente verificada em 
113
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outras áreas, configurando um mercado ávido por bens de origem rural. A oferta 
imediata, contudo, refletia decisões tomadas meses antes pelo produtor rural, 
sendo ainda condicionada por fatores climáticos prejudiciais à safra. Portanto, 
não estava preparada para corresponder ao incremento do consumo após março 
de 1986, problema esse agravado pela sonegação de alguns produtos, como leite, 
carne e ovos. Surge, assim, necessidade de rápida complementação da oferta 
interna, via aumento das importações de alimentos.
Enfim, segundo Averbug (2005), apesar de o Plano Cruzado ter sinalizado 
ao setor um cenário promissor, não se materializaram fatos que promoves-
sem transformações modernizantes mais profundas no campo. Houve, quando 
muito, um incentivo ao melhor desempenho da safra seguinte. A agropecuária 
não foi alvo de nenhuma estratégia específica de médio e longo prazo, à seme-
lhança de outras omissões na condução da política econômica à época do Plano 
Cruzado. Por outro lado, a prevista estabilidade nos custos da produção seto-
rial não se confirmou.
113
FATORES DE FRACASSO DO PLANO CRUZADO
Congelamento e cristalização de preços relativos
Segundo Sandroni (2005), o plano come-
çou a fracassar exatamente porque os 
preços relativos da economia estavam 
desequilibrados. Por não equalizarem o 
valor presente dos preços, muitos produ-
tores que corrigiam seus preços entre dia 
1 a 15 do mês, ficaram com o preço tabe-
lado abaixo da rentabilidade desejada ou 
até mesmo abaixo do custo de produção 
o que ou inviabilizava a venda dos produ-
tos para o consumo ou levava a uma queda 
na qualidade dos mesmos. Empresas que 
haviam reajustados seus preços nos dias 
anteriores ao plano saíram beneficiadas.
Como o congelamento não permitiu que os 
preços sujeitos à sazonalidade se ajustas-
sem, ocorreu um desequilíbrio de preços o 
que provocou o desabastecimento de bens 
e o surgimento de ágio para compra de pro-
dutos escassos, principalmente os que se 
encontravam na entressafra (carne e leite) e 
de mercados oligopolizados (automóveis).
Além destes fatores alguns economistas 
apontam o abono concedido ao salário 
mínimo (aumento real de 16%) e ao fun-
cionalismo público (abono de 8%) como 
responsável por um aumento do consumo 
o que pressionou ainda mais a demanda, 
impedida de ser contrabalanceada por um 
aumento de preços.
Outros fatores que levaram ao fracasso do 
plano foi a falta de medidas econômicas 
por parte do governo para controlar os gas-
tos públicos, o congelamento da taxa de 
câmbio levou o país a perder uma parcela 
considerável de reservas internacionais e 
os juros da economia estavam negativos 
o que desestimulava a poupança e pres-
sionava o consumo.
Algumas medidas corretivas ainda foram 
tomadas pelo governo , mas a proximidade 
das eleições fez com que o governo evitasse 
tomar medidas impopulares para garantir 
a sobrevivência do Plano. Após as elei-
ções, onde os partidos governistas, PMDB 
e PFL, elegeram 22 dos 26 governadores 
do estado, o governo implementou medi-
das impopulares como o descongelamento 
de preços com o intuito de tentar salvar o 
Cruzado. Entretanto no ano seguinte a infla-
ção se reacelerou num patamar maior que 
o anterior ao plano.
O Plano Cruzado foi considerado por 
muitos oposicionistas, entre eles Delfim 
Netto, um plano inconsistente, populista 
e eleitoreiro visando apenas a aumentar a 
popularidade do governo e seus candida-
tos para vencer a eleição (SOUZA, 2007).
A maioria dos candidatos do governo ven-
ceu as eleições. Foi até cunhada, por isso 
tudo, a expressão “Estelionato Eleitoral”. Ver-
dade ou não o plano naufragou de vez logo 
após as eleições. A população se revoltou 
com quebra-quebra de ônibus e invasão 
de supermercados. A hiperinflação se ins-
talou, sem controle. O Plano Cruzado não 
apenas fracassou, como dele resultaram 
muitas ações judiciais até hoje em curso, na 
qual cidadãos comuns exigem de bancos 
e governos a reparação das perdas mone-
tárias sofridas. Após o fracasso do Plano 
Cruzado o governo brasileiro lança o Plano 
Bresser.
PLANO BRESSER
O Plano Bresser foi um plano econômico 
brasileiro lançado em 16 de junho de 
1987 por meio dos Decretos-Lei 2335/87, 
2336/87 e 2337/87, pelo então Ministro 
da Fazenda Luiz Carlos Bresser Pereira. O 
plano Bresser seguiu o plano Cruzado, que 
havia fracassado na tentativa de contro-
lar a inflação, ele objetivava, basicamente 
promover um choque deflacionário na eco-
nomia, buscando evitar os erros do plano 
cruzado. “A inflação foi diagnosticada como 
inercial e dedemanda e, em consequen-
cia, o plano foi concebido como hibrido, 
contendo elementos heterodoxos e orto-
doxos.”(GIAMBIAGI, 2005 p.129)
Um mês após a sua posse a inflação atin-
giu o índice de 23,21%. O grande problema 
era o déficit público, pelo qual o governo 
gastava mais do arrecadava, sendo que nos 
primeiros quatro meses de 1987, já se havia 
acumulado um déficit projetado de 7,2% do 
PIB. Então, em junho de 1987, foi apresen-
tado um plano econômico de emergência, 
o Plano Bresser, onde se instituiu o con-
gelamento dos preços, dos aluguéis, dos 
salários e a UPR como referência mone-
tária para o reajuste de preços e salários.
Com o intuito de diminuir o déficit público 
algumas medidas foram tomadas, tais 
como: desativar o gatilho salarial, aumen-
tar tributos, eliminar o subsídio do trigo e 
adiar as obras de grande porte já planeja-
das, entre elas o trem-bala entre São Paulo 
e Rio, a Ferrovia Norte-Sul e o polo petro-
químico do Rio de Janeiro. As negociações 
com o FMI foram retomadas, ocorrendo 
a suspensão da moratória. Mesmo com 
todas essas medidas a inflação atingiu o 
índice alarmante de 366% em dezembro 
de 1987. O Ministro Bresser Pereira demi-
tiu-se do Ministério da Fazenda em 6 de 
janeiro de 1988 e foi substituído por Maíl-
son da Nóbrega.
PLANO VERÃO
O Plano Verão, instituído em 16 de Janeiro 
de 1989, foi um plano econômico lançado 
pelo governo do presidente brasileiro José 
Sarney, realizado pelo ministro Maílson Fer-
reira da Nóbrega, que havia assumido o 
lugar de Bresser Pereira.
Devido à crise inflacionária da década de 
1980, foi editada uma lei que modificava o 
índice de rendimento da caderneta, promo-
vendo ainda o congelamento dos preços 
e salários, a criação de uma nova moeda, 
o Cruzado Novo, inicialmente atrelada em 
paridade com o Dólar e a extinção da OTN, 
importante fator de correção monetária.
Assim como ocorreu no Plano Bresser, o 
Plano Verão também gerou grandes desa-
justes às cadernetas de poupança, em que 
as perdas chegaram a 20,37%.
Fonte: <http://www.ebah.com.br/content/ABAAAAXh0AF/reflexoes-sobre-cenario-econo-
mico-brasileiro-na-decada-1980#>. Acesso em: 29 nov. 2012
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PLANO COLLOR
O Plano Collor, como anteriormente o Plano Cruzado e o Plano Verão, ambi-
cionou liquidar com a inflação de um só golpe. Ficou claro, três meses depois de 
editado o plano que esse objetivo não seria alcançado: inflação e provavelmente 
recessão estavam de volta (PEREIRA, 1990). 
Seria então o quarto plano de estabilização que não atingia seu objetivo: 
controlar a inflação. 
<http://g1.globo.com/economia/noticia/2012/09/planejado-contra-hipe-
rinflacao-plano-collor-deu-inicio-abertura-comercial.html>
117
A teoria do plano econômico foi desenvolvida pelo economista Antônio Kandir. O pla-
no efetivamente implementado foi desenvolvido pelos economistas Zélia Cardoso de 
Mello, Antônio Kandir, Ibrahim Eris, VeniltonTadini, Luís Otávio da Motta Veiga, Eduardo 
Teixeira e João Maia. 
Três planos separados para estabilização da inflação foram implementados durante os 
dois anos do governo Collor. Veremos a seguir. 
PLANO COLLOR I
O Brasil sofreu por vários anos com a hipe-
rinflação: em 1989, o ano antes da posse de 
Collor, a média mensal da inflação foi de 
28,94%. O Plano Collor procurava estabilizar 
a inflação pelo “congelamento” do passivo 
público (tal como o débito interno) e res-
tringindo o fluxo de dinheiro para parar a 
inflação inercial.
A rápida e descontrolada remonetização da 
economia é tida como a causa das falhas 
dos planos de estabilização da inflação ado-
tados anteriormente. O governo Collor teria 
de garantir uma remonetização “ordenada” 
e “lenta”, a fim de manter a inflação para 
baixo. Para o controle da velocidade da 
remonetização, poder-se-ia utilizar uma 
combinação de ferramentas econômicas, 
tais como impostos, taxas de câmbio, cré-
dito e taxas de juros. 
Nos poucos meses que sucederam a 
implantação do plano, a inflação continuou 
a crescer. Em janeiro de 1991, nove meses 
após o início do plano, a inflação reduziu, 
atingindo a taxa de 20% por mês.
O congelamento causou uma forte redu-
ção no comércio e da produção industrial. 
Com a redução da geração de dinheiro 
de 30% para 9% do PIB, a taxa de inflação 
caiu de 81% em março para 9% em junho. 
O governo enfrentou duas escolhas: eles 
poderiam segurar o congelamento e arris-
car uma recessão devido a redução dos 
ativos, ou remonetizar a economia atra-
vés do descongelamento e correr o risco 
do retorno da inflação.
O fracasso do Plano Collor I no controle 
da inflação é creditado pelos economis-
tas keynesianos e monetaristas a falha 
do governo Collor de controlar a remo-
netização da economia. O governo abriu 
várias “brechas” que contribuíram para o 
aumento do fluxo de dinheiro: os impos-
tos e as contas do governo emitidos antes 
do congelamento podem ser pago com 
o velho Cruzado, criando uma forma de 
“brecha de liquidez”, que foi plenamente 
explorada pelo setor privado. Várias exce-
ções aos setores individuais da economia 
foram abertas pelo governo, como nas 
poupanças de aposentados, e o “financia-
mento especial” na folha de pagamento 
do governo. 
Por último, o governo foi incapaz de redu-
zir despesas, reduzindo sua capacidade de 
usar muitas das ferramentas acima mencio-
nadas. Os motivos vão desde o aumento do 
compartilhamento da receita de impostos 
federais com os estados até a cláusula de 
“estabilidade de emprego” para os funcio-
nários públicos da Constituição brasileira 
de 1988, que preveniu o tamanho da redu-
117
ção tal como anunciada no começo do 
plano. Estes economistas vindicados como 
Bresser Pereira e Mário Henrique Simon-
sen, ambos os ex-ministros das Finanças, 
que tinha previsto no início do plano que a 
situação fiscal do governo, tornaria impos-
sível para o plano de trabalho.
Fonte: <http://criticaehistoria.blogspot.com.br/2011/09/o-plano-collor.html>. Acesso em: 
29 nov. 2012.
Acesse também: <http://g1.globo.com/politica/impeachment-collor-20anos/platb/collor>. 
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MEDIDAS DO PLANO COLLOR I
De acordo com Machado (2007), o plano foi anunciado em 16 de março de 1990, 
um dia após a posse de Collor. Suas políticas planejadas incluíam: 
 ■ 80% de todos os depósitos do overnight, das contas correntes ou das cader-
netas de poupança que excedessem a NCz$50mil (Cruzado novo) foram 
congelados por 18 meses, recebendo durante esse período uma rentabi-
lidade equivalente à taxa de inflação mais 6% ao ano.
 ■ Substituição da moeda corrente, o Cruzado Novo, pelo Cruzeiro à razão 
de NCz$ 1,00 =Cr$ 1,00
 ■ Criação do IOF, um imposto extraordinário e único sobre as operações 
financeiras, sobre todos os ativos financeiros, transações com ouro e ações 
e sobre todas as retiradas das contas de poupança.
 ■ Foram congelados preços e salários, sendo determinado pelo governo, 
posteriormente, ajustes que eram baseados na inflação esperada.
 ■ Eliminação de vários tipos de incentivos fiscais: para importações, expor-
tações, agricultura, os incentivos fiscais das regiões Norte e Nordeste, da 
indústria de computadores e a criação de um imposto sobre as grandes 
fortunas.■ Indexação imediata dos impostos aplicados no dia posterior à transação, 
seguindo a inflação do período.
 ■ Aumento de preços dos serviços públicos. Gás, eletricidade, serviços pos-
tais etc.
 ■ Liberação do câmbio e várias medidas para promover uma gradual aber-
tura na economia brasileira em relação à concorrência externa.
 ■ Extinção de vários institutos governamentais e anúncio de intenção do 
governo de demitir cerca de 360 mil funcionários públicos, com plano 
para redução de mais de 300 milhões em gastos administrativos.
Se o Plano Collor I não obteve êxito, que venha o segundo!!
O segundo plano Collor iniciou-se em janeiro de 1991. Ele incluiu novos 
congelamentos de preços e a substituição de taxas de overnight com novas 
ferramentas fiscais que incluíam no seu cálculo as taxas de produção anteci-
pada de papéis privados e federais.
O plano conseguiu produzir apenas um curto prazo de queda na inflação, 
que retornou a subir novamente em maio de 1991.
Plano Marcílio
Marcílio Marques Moreira, que substituiu Zélia Cardoso de Mello no Ministé-
rio da Fazenda em 10 de maio de 1991.
Em 10 de maio de 1991, Zélia foi substituída no Ministério da Fazenda por 
Marcílio Marques Moreira, um economista formado pela Georgetown Uni-
versity que era embaixador do Brasil nos Estados Unidos na época de sua 
nomeação. 
Plano Marcílio foi considerado mais gradual do que seus antecessores, utili-
zando uma combinação de altas taxas de juros e uma política fiscal restriti-
va. Ao mesmo tempo, os preços foras liberados e um empréstimo de US$2 
bilhões do Fundo Monetário Internacional garantiram as reservas internas. 
As taxas de inflação durante o Plano Marcílio permaneceram nos níveis da 
hiperinflação. Marcílio deixou o Ministério da Fazenda ao seu sucessor, Gus-
tavo Krause, em 2 de outubro de 1992. O presidente Fernando Collor de 
Mello já havia saído do governo devido ao impeachment pelo Congresso 
quatro dias antes, em 28 de setembro de 1992, por acusações de corrupção 
em um esquema de tráfico de influência, marcando o fim das tentativas de 
seu governo de acabar com a hiperinflação. 
Entre o fim do Plano Marcílio e o começo do próximo plano, o Plano Real, a 
inflação continuou a crescer, atingindo 48% em junho de 1994.
Fonte: <http://pt.scribd.com/doc/70945754/Desempenho-da-economia-
-Brasileira-nas-ultimas-decadas>. Acesso em: 29 nov. 2012.
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PLANO REAL
Plano Real foi um programa brasileiro de estabilização econômica, iniciado ofi-
cialmente em 27 de fevereiro de 1994 com a publicação da Medida Provisória 
nº 434 no Diário Oficial da União. Tal Medida Provisória instituiu a Unidade 
Real de Valor (URV), estabeleceu regras de conversão e uso de valores monetá-
rios, iniciou a desindexação da economia e determinou o lançamento de uma 
nova moeda, o Real. 
O programa foi o mais amplo plano econômico já realizado no Brasil e 
tinha como objetivo principal o controle da hiperinflação que assolava o país. 
Utilizou-se de diversos instrumentos econômicos e políticos para a redução da 
inflação que chegou a 46,58% ao mês em junho de 1994, época do lançamento 
da nova moeda. A idealização do projeto, a elaboração das medidas do governo 
e a execução das reformas econômica e monetária contaram com a contribui-
ção de vários economistas, reunidos pelo então Ministro da Fazenda Fernando 
Henrique Cardoso.
O presidente Itamar Franco, responsável pelo Plano Real, autorizou que os 
trabalhos se dessem de maneira irrestrita e na 
máxima extensão necessária ao seu êxito, o que 
tornou o Ministro da Fazenda o homem mais 
forte e poderoso de seu governo, e o seu can-
didato natural à sua sucessão. Assim, Fernando 
Henrique Cardoso elegeu-se Presidente do Brasil 
em outubro do mesmo ano.
‘’Aqui jaz a moeda que acumulou, de julho de 1965 a junho de 1994, uma in-
flação de 1,1 quatrilhão por cento. Sim, inflação de 16 dígitos, em três déca-
das. Ou precisamente, um IGP-DI de 1.142.332.741.811.850%. Dá para deco-
rar? Perdemos a noção disso porque realizamos quatro reformas monetárias 
no período e em cada uma delas deletamos três dígitos da moeda nacional. 
Um descarte de 12 dígitos no período. Caso único no mundo, desde a hipe-
rinflação alemã dos anos 1920” (Joelmir Beting).
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O Plano Real mostrou-se nos meses e anos seguintes o plano de estabiliza-
ção econômica mais eficaz da história, reduzindo a inflação (objetivo principal), 
ampliando o poder de compra da população e remodelando os setores econô-
micos nacionais. 
HISTÓRIA DO PLANO REAL
Em 19 de maio de 1993, Fernando Henrique Cardoso foi convidado ao cargo de 
Ministro da Fazenda pelo Presidente Itamar Franco, assumindo perante o país 
o compromisso de acabar com a inflação, ou pelo menos reduzi-la. Fernando 
Henrique era sociólogo de renome no Brasil e no exterior, e vinha ocupando o 
cargo de Ministro das Relações Exteriores. O novo ministro foi então recebido 
com entusiasmo, pois refletia uma possibilidade real de solução dos problemas, 
principalmente devido à sua capacidade intelectual e conhecimento social em 
nível global. Reuniu então um time de economistas de renome para elaborar um 
plano de combate a inflação.
Em 1º de agosto de 1993, o ministro promoveu a sétima mudança de moeda 
do Brasil, de Cruzeiro para Cruzeiro Real, para efeito de ajuste de valores. A inten-
ção do governo era repetir mais uma vez a prática de “cortar três zeros”, porém, 
no mesmo mês de lançamento do Cruzeiro Real, a inflação foi de 33,53%, e em 
janeiro de 1994, de 42,19%.
A partir de 28 de fevereiro de 1994, como efeito da Medida Provisória nº 434, 
A EVOLUÇÃO DA ECONOMIA BRASILEIRA: POLÍTICAS ECONÔMICAS E SEUS REFLEXOS NO SETOR AGRÍCOLA
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IVU N I D A D E122
iniciou-se a publicação dos valores diários da Unidade Real de Valor (URV) pelo 
Banco Central. A URV serviria como moeda escritural para todas as transações 
econômicas, com conversão obrigatória de valores, promovendo uma desinde-
xação geral da economia. A MP nº 343 foi reeditada pelas MPs nº 482 e nº 457, 
e transformada posteriormente nas leis nº 8.880 e nº 9.069.
A partir de 1º de março de 1994, passou a vigorar a Emenda Constitucional 
nº 10, que criou o Fundo Social de Emergência (FSE) considerado essencial 
para o êxito do plano. A emenda produziu a desvinculação de verbas do orça-
mento da União, direcionando os recursos para o fundo, que daria ao governo 
margem para remanejar e/ou cortar gastos supérfluos. Os gastos do governo con-
tribuíam grandemente para a hiperinflação, uma vez que a máquina do Estado 
brasileiro era grande, dispendiosa e ávida por mais gastos. Poucas horas antes, 
o Ministro FHC foi à televisão e, em pronunciamento oficial em rede nacio-
nal, deu um ultimato ao Congresso Nacional para que aprovasse a emenda à 
Constituição Federal. 
Em 1º de julho de 1994 houve a culminância do programa de estabilização, 
com o lançamento da nova moeda, o Real (R$). Toda a base monetária brasi-
leira foi trocada de acordo com a paridade legalmente estabelecida: CR$2.750,00 
para cada R$1,00. A inflação acumulada até julho foi de 815,60%, e a primeira 
inflação registrada sob efeitoda nova moeda foi de 6,08%, mínima recorde em 
muitos anos.
Devido à corrida inflacionária, entre 1967 e 1993 o Brasil teve seis moedas 
diferentes, a saber: Cruzeiro Novo (1967), Cruzeiro (1970), Cruzado (1986), 
Cruzado Novo (1989), Cruzeiro (1990) e Cruzeiro Real (1993). O total de infla-
ção acumulado nesse período foi de aproximadamente 1.142.332.741.811.850% 
(IGP-DI).
O resultado positivo do Plano Real tem influenciado a política econômica 
brasileira desde então.
Resumo do plano
O Plano Real foi um programa definitivo de combate à hiperinflação implan-
tado em três etapas, a saber:
Veja como viviam os brasileiros com inflação comemorada de só 46% ao mês e moeda 
corrente “URV” logo antes do Plano Real - esta matéria histórica mostra que o Real chegaria 
um mês após o previsto.
<http://www.youtube.com/watch?v=UHuF6Bavyrc>.
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 ■ Período de equilíbrio das contas públicas, com redução de despesas e 
aumento de receitas, e isto teria ocorrido nos anos de 1993 e 1994.
 ■ Criação da URV para preservar o poder de compra da massa salarial, 
evitando medidas de choque como confisco de poupança e quebra de 
contratos.
 ■ Lançamento do padrão monetário de nome Real, utilizado até os dias 
atuais.
Após a implantação do plano, durante mais de seis anos, uma grande sequência 
de reformas estruturais e de gestão pública foi implantada para dar sustentação 
à estabilidade econômica, entre elas destacam-se: privatização de vários setores 
estatais, o Proer, a criação de agências reguladoras, a Lei de Responsabilidade 
Fiscal, a liquidação ou venda da maioria dos bancos pertencentes aos governos 
dos estados, a total renegociação das dívidas de estados e municípios com critérios 
rigorosos (dívida pública), maior abertura comercial com o exterior entre outras.
Um funcionário da Casa da Moeda, responsável pelo projeto artístico da 
empresa, relatou a uma revista que o primeiro comunicado sobre uma outra 
nova moeda foi feito em novembro de 1993, e a sua produção se iniciou em 
janeiro de 1994, estabelecendo um recorde. O Plano Real teria sido idealizado 
entre setembro de 1993 (época do lançamento do Cruzeiro Real) e julho de 1994 
(lançamento do Real).
PRINCIPAIS MEDIDAS
O programa brasileiro de estabilização econômica seguiu as seguintes linhas 
mestras (com efeito sinérgico):
A EVOLUÇÃO DA ECONOMIA BRASILEIRA: POLÍTICAS ECONÔMICAS E SEUS REFLEXOS NO SETOR AGRÍCOLA
Reprodução proibida. A
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IVU N I D A D E124
Desindexação da economia
 ■ Medida Adotada: o ajuste e reajuste de preços e valores passaram a ser 
anualizados e obedeceriam as planilhas de custo de produção.
 ■ Justificativa: era necessário interromper o ciclo vicioso de corrigir valores 
futuros pela inflação passada, em curtos períodos de tempo. Essa atitude 
agravava a inflação, tornando-a cada vez maior. Era comum acontecer 
remarcação de preços várias vezes num mesmo dia.
Privatizações
 ■ Medida Adotada: a troca na propriedade de grandes empresas brasilei-
ras eliminou a obrigação pública de financiar investimentos (que causam 
inflação se forem feitos pelo governo por meio da emissão de moeda sem 
lastro) e possibilitou a modernização de tais empresas (sob controle esta-
tal havia barreiras impeditivas para tal progresso, como burocracia e falta 
de recursos).
 ■ Justificativa: a iniciativa privada tem meios próprios de financiar os 
investimentos das empresas, e isto não produz inflação, e sim, desenvol-
vimento, porque não envolve o orçamento do governo. Este deve alocar 
recursos para outras áreas importantes. E ainda, na iniciativa privada não 
há as regras administrativas orçamentárias e licitatórias, que prejudicam 
a produção das empresas e a concorrência perante o mercado.
Equilíbrio fiscal
 ■ Medida Adotada: corte de despesas e aumento de cinco pontos percen-
tuais em todos os impostos federais.
 ■ Justificativa: a máquina administrativa brasileira era muito grande e con-
sumia muito dinheiro para funcionar. Havia somente no âmbito federal 
100 autarquias, 40 fundações, 20 empresas públicas (sem contar as empre-
sas estatais), além de 2 mil cargos públicos com denominações imprecisas, 
atribuições mal definidas e remunerações díspares. Como o país não pro-
duzia o suficiente decidiu-se pelo ajuste fiscal, o que incluiu cortes em 
investimentos, gastos públicos e demissões. Durante o governo FHC, 
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aproximadamente 20 mil funcionários foram demitidos do governo federal.
Abertura econômica
 ■ Medida Adotada: redução gradual de tarifas de importação e facilitação 
da prestação de serviços internacionais.
 ■ Justificativa: havia temor de que o excesso de demanda por produtos 
e serviços causasse o desabastecimento e a remarcação de preços, pres-
sionando a inflação (fato ocorrido durante o Plano Cruzado em 1986). 
Existia também a necessidade de forçar o aperfeiçoamento da indústria 
nacional, expondo-a a concorrência, o que permitiria o aumento da pro-
dução no longo prazo, e essa oferta maior de produtos tenderia a acarretar 
uma baixa nos preços.
Contingenciamento
 ■ Medida Adotada: manutenção do câmbio artificialmente valorizado.
 ■ Justificativa: com efeito da valorização do Real, esperava-se um aumento 
das importações, com aumento da oferta de produtos e aperfeiçoamento 
da indústria nacional via concorrência com produtos estrangeiros.
Políticas monetárias restritivas
 ■ Medida Adotada: aumento da taxa básica de juros e da taxa de depósito 
compulsório dos bancos.
 ■ Justificativa: a taxa de juros teve inicialmente dois propósitos: financiar 
os gastos públicos excedentes até que se atingisse o equilíbrio fiscal, e 
reduzir a pressão por financiamentos, considerados agentes inflacioná-
rios (esfriamento da economia). Os financiamentos chegaram ter o prazo 
de quitação regulado pelo governo.
 ■ O compulsório dos bancos teve o propósito de reduzir a quantidade de 
dinheiro disponível para empréstimos e financiamentos dos bancos, uma 
vez que são obrigados a recolher compulsoriamente uma parte dos valo-
res ao Banco Central.
A EVOLUÇÃO DA ECONOMIA BRASILEIRA: POLÍTICAS ECONÔMICAS E SEUS REFLEXOS NO SETOR AGRÍCOLA
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IVU N I D A D E126
EFEITOS IMEDIATOS
A força do Plano Real fez o presidente Itamar Franco eleger seu sucessor já no 
primeiro turno em 1994.
O efeito regulador do Plano Real foi imediato e muito positivo em seu propó-
sito. A inflação calculada sobre a URV nos meses de sua vigência (abril a junho) 
ficou em torno de 3%, enquanto que a inflação em Cruzeiros Reais (CR$) foi de 
cerca de 190%. Até o início da circulação do Real (R$), em 1º de julho de 1994, a 
inflação acumulada foi de 763,12% (no ano) e 5.153,50% (nos últimos 12 meses).
A inflação que antes consumia o poder aquisitivo da população brasileira, 
impedindo que as pessoas permanecessem com o dinheiro por muito tempo, 
principalmente entre o banco e o supermercado, estava agora controlada. O efeito 
imediato e mais notável do Plano Real foi a aposentadoria da máquina-símbolo 
da inflação, a “remarcadora de preços do supermercado” presente no comércio. 
O consumidor de baixa renda foi o principal beneficiário.
Durante muitos anos, a correção monetária foi uma salvaguarda que permi-
tia aos brasileiros que tinham maior poder aquisitivo defender-se parcialmenteda corrosão do valor nominal da moeda, com aplicações bancárias de rendi-
mento diário como o “overnight”. A grande maioria da população, entretanto, 
não tinha acesso a esses mecanismos e sofria com a desvalorização diária dos 
recursos recebidos como salário, aposentadoria ou pensão, sendo os maiores 
prejudicados com a alta inflação.
Não por acaso, após a implantação do Plano Real a taxa de consumo de 
itens antes “elitizados” como o iogurte explodiu nas classes C e D da população.
Segundo estudos da Fundação Getúlio Vargas - (FGV), houve entre 1993 e 
1995 uma redução de 18,47% da população miserável do país fruto do sucesso 
do plano. Um dos melhores índices da história. 
Também se considera como efeito direto do plano a vitória do candidato do 
governo, Fernando Henrique (PSDB-SP), nas eleições presidenciais de 1994.
A estabilidade monetária é o fator condicionante. A prosperidade econômi-
ca é o fator condicionado.
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EFEITOS EM LONGO PRAZO
Os efeitos em longo prazo esperados à época do lançamento do Plano Real 
foram: Manutenção de baixas taxas inflacionárias e referências reais de valores.
 ■ Aumento do poder aquisitivo das famílias brasileiras.
 ■ Modernização do parque industrial brasileiro.
 ■ Crescimento econômico com geração de empregos.
VOLATILIDADE DO CRESCIMENTO
A volatilidade do crescimento da economia brasileira (4,5% no século), apesar de 
ser alta para o padrão de países industrializados, pode ser considerada baixa se 
comparada com outros países latino-americanos. A volatilidade diminui quando 
o país passa de uma economia agroexportadora e avança na industrialização. 
CARACTERÍSTICAS DO CRESCIMENTO BRASILEIRO: PIB 
SETORIAL
Até anos os 30 a agricultura era o principal setor a dar a dinâmica do PIB. Entre 
os anos 30 e 70 - transformação industrial: cresce a participação do setor indus-
trial no PIB.
A EVOLUÇÃO DA ECONOMIA BRASILEIRA: POLÍTICAS ECONÔMICAS E SEUS REFLEXOS NO SETOR AGRÍCOLA
Reprodução proibida. A
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MÉDIAS ANUAIS DE CRESCIMENTO DO VALOR AGREGADO 
 BRASILEIRO: INDÚSTRIA E PIB PERÍODOS SELECIONADOS
1920 
1929
1929 
1945
1945 
1972
1972 
1981
1981 
1995
1945 
1995
1900-
1995
Indústria 
Manufatureira 3,7 6,0 8,4 6,2 1,1 6,6 6,7
PIB 6,1 3,8 7,2 7,1 2,0 5,8 5,2
Fonte: PIB IBGE; Indústria Thorp (2000 apud GREMAUD; VASCONCELLOS; TONETO JUNIOR, 2007)
Podemos analisar, no quadro a seguir, algumas etapas do Crescimento Brasileiro 
no século XX.
ETAPAS DO CRESCIMENTO ECONÔMICO BRASILEIRO NO SÉCULO XX
Período População Crescimento Econômico
Modelo de 
Desenvolvimen-
to
1900 
1930
População aberta, taxas 
relativamente elevadas de 
crescimento populacional 
em função do processo 
migratório, com fim da 
migração taxas caem.
Taxas elevadas mas
instáveis de cresci-
mento.
Economia
agroexporta-
dora.
1930 
1945
População fechada, início 
taxas baixas de cresci-
mento populacional (alta 
natalidade mas alta morta-
lidade), depois acelera com 
queda da mortalidade.
Crescimento mais 
lento e mais instável 
(período da grande 
crise internacional - 
crescimento no Brasil 
maior que EUA).
Deslocamento 
do
centro dinâmico.
1945 
1980
População fechada, taxas 
de crescimento popula-
cional em forte elevação 
(queda das taxas de mor-
talidade), risco de explosão 
demográfica.
Forte crescimento 
econômico e diminui-
ção da instabilidade 
(instabilidade cresce 
no fim do período).
Processo de 
industrialização 
acelerado.
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1980 
2000
População fechada, forte 
diminuição das taxas de 
crescimento populacional 
(queda da taxa de natalida-
de), explosão demográfica 
afastada.
Desaceleração signifi-
cativa do crescimento 
econômico com 
aumento da instabi-
lidade.
Crise da dívida 
e problemas de 
estabilização.
Fonte: PIB IBGE; Indústria Thorp (2000 apud GREMAUD; VASCONCELLOS; TONETO JUNIOR, 2007)
CARACTERÍSTICAS DO CRESCIMENTO BRASILEIRO: A 
INFLAÇÃO
 ■ Industrialização é acompanhada pelo aumento de preços e relativa ace-
leração inflacionária.
 ■ Aceleração inflacionária contida entre os anos 60 e 70.
 ■ Disparada da inflação junto com retração do crescimento econômico.
 ■ Década de 90, depois do Plano Real, inflação volta aos patamares de antes 
da industrialização.
CARACTERÍSTICAS DO CRESCIMENTO BRASILEIRO: A BALANÇA 
COMERCIAL
 ■ No Brasil, a balança comercial em geral foi positiva, mas em vários momen-
tos existiram déficits comerciais.
 ■ No início do século as exportações de produtos primários (café) ditavam 
o ritmo da economia.
 ■ Durante quase todo o século o Brasil teve uma grande dependência de 
poucos produtos primários na sua pauta de exportações (café, algodão, 
borracha, cacau).
 ■ Depois da década de 30 o Brasil passou por uma industrialização voltada 
para o mercado interno e não para exportar.
A EVOLUÇÃO DA ECONOMIA BRASILEIRA: POLÍTICAS ECONÔMICAS E SEUS REFLEXOS NO SETOR AGRÍCOLA
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IVU N I D A D E130
 ■ Só nos anos 70 a pauta de exportações se diversifica (soja, aço etc.) dimi-
nuindo a vulnerabilidade externa do Brasil em termos de sua balança 
comercial.
CARACTERÍSTICAS DO CRESCIMENTO BRASILEIRO: O 
ENDIVIDAMENTO EXTERNO
 ■ Na segunda metade do século XX: ampliação da dívida externa brasileira.
 ■ O coeficiente de vulnerabilidade era crescente até os anos 30, há uma 
redução até o início dos anos 50, depois disto ele volta a subir.
 ■ Este coeficiente mede a quantidade de anos de exportação necessários 
para pagar a dívida externa.
 ■ No período recente, o coeficiente, depois de uma diminuição, voltou a 
subir após o Plano Real.
 ■ Década de 90: mudanças.
Globalização.
Abertura da economia.
Estabilidade da moeda.
Privatizações.
Maior conscientização do consumidor.
Portanto, caro(a) aluno(a), pode-se entender melhor o desenvolvimento econô-
mico brasileiro, ao longo das últimas décadas, dividindo-as em quatro diferentes 
períodos, a saber:
1961-1973: o de crescimento acelerado (8% a.a.).
1973-1979: o do primeiro choque no preço do petróleo e o de obras públi-
cas de difícil justificativa (como Angra I e II, e a Ferrovia do Aço entre outras).
Década de 80: novo choque no preço do petróleo, acrescido de aumento de 
juros internacionais e queda nos preços das commodities agrícolas, cujas con-
sequências foram: recessão, queda da renda, inflação, desemprego e aumento 
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significativo da dívida externa.
A partir dos anos 90: notadamente a partir de 1994 são os anos de efetiva 
mudança, principalmente para o setor privado, forçado a se adequar à abertura 
da economia, à globalização, à privatização, à estabilidade econômica e à cres-
cente conscientização do consumidor brasileiro, que passou a ter mais opções 
e, portanto, a ser menos fiel.
Veremos na próxima unidade algumas megatendências mundiais e o Brasil 
neste cenário.
 
133
DEZ ANOS APÓS IR A R$ 4, DÓLAR A R$ 2 REFLETE NOVO BRASIL
Háexatamente dez anos, o mercado de câmbio no Brasil vivia um de seus momentos 
mais críticos, provavelmente o pior desde a maxidesvalorização do real, ocorrida três 
anos antes
DA IDEIA ONLINE
Temendo um calote da dívida que mergu-
lhasse o país numa crise profunda caso o 
então candidato à Presidência da Repú-
blica, Luiz Inácio Lula da Silva, fosse eleito, 
investidores demandaram dólares numa 
magnitude sem precedentes, fazendo 
a moeda americana disparar e bater o 
recorde do Plano Real, em R$ 4,00, máxima 
até hoje não superada.
Esse cenário teve como pano de fundo um 
quadro já não muito propício aos emer-
gentes, em meio ao impacto do pedido de 
concordata da gigante americana do setor 
de energia Enron, em dezembro de 2001, e 
à crise econômica na Argentina, que colo-
cou a América do Sul na linha de tiro de 
investidores estrangeiros.
Passada uma década, o quadro que se vê 
é bastante diferente. A volatilidade que 
sobrava naquele período hoje falta ao mer-
cado de câmbio doméstico. O dólar não sai 
do intervalo entre R$ 2,00 e R$ 2,10 desde 
julho, a volatilidade histórica caiu a mínimas 
e os volumes diários no mercado à vista 
recuaram cerca de 15,5% no acumulado 
deste ano ante o mesmo período de 2011, 
em meio à escalada do tom do governo 
contra a taxa de câmbio valorizada.
“A volatilidade extrema que tivemos na elei-
ção do Lula decorreu, além de questões 
políticas, da falta de reservas e também da 
visão de que, se o real se desvalorizasse, o 
Brasil entraria numa situação fiscal compli-
cada”, avalia o gestor da InvestPort Dany 
Rappaport.
Rappaport lembra que o BC gastou boa 
parte das já modestas reservas internacio-
nais para tentar amortecer a disparada do 
dólar, que iniciou o ano em cerca de R$ 
2,30, superou a barreira dos R$ 3,00 no fim 
de julho e em outubro bateu os R$ 4,00 na 
máxima histórica (R$ 3,99 no fechamento), 
acumulando um salto nominal de quase 
74% em pouco mais de dez meses. Em ter-
mos reais, a alta foi de 52,7%.
Vale lembrar que a inflação no período 
estourava a meta, acumulando entre 
janeiro e outubro de 2002 um salto de 
6,98% e fechando o ano em 12,53%, pelo 
IPCA. Houve uma intensa saída de capitais 
do país, com oito meses seguidos de fluxo 
cambial negativo [entre maio e dezembro], 
fechando o ano com um déficit de dóla-
res de US$ 12,989 bilhões, o terceiro pior 
de toda a série histórica do BC, iniciada 
em 1982. O BC começou 2002 com US$ 
35,866 bilhões em reservas internacionais, 
segundo o conceito liquidez internacional. 
Ou seja, o país tinha reservas suficientes 
para bancar pouco mais de sete meses de 
importações, sendo que, pela teoria econô-
mica, o mínimo deveria ser de nove meses.
133
No fim de 2002, as reservas somavam US$ 
37,823 bilhões, pouco acima do valor em 
que se encontravam em janeiro. Apenas 
em outubro, a queda foi de US$ 2,5 bilhões. 
Pode parecer pouco, principalmente consi-
derando as intervenções feitas nos últimos 
três anos, mas há que se considerar que a 
proporção das atuações sobre o “colchão 
de liquidez” brasileiro se situava na época 
em torno de 10%, o dobro da registrada 
entre outubro de 2008 e fevereiro de 2009, 
por exemplo.
No fatídico dia 10 de outubro, profissionais 
do mercado de câmbio atribuíam a dispa-
rada do dólar a uma forte demanda quase 
que restrita ao mercado à vista, que sofria 
com uma escassez acentuada de moeda. 
O temor de que Lula fosse eleito e afas-
tasse o país das diretrizes da boa política 
econômica servia como justificativa para 
uma intensa pressão por parte do mercado 
ligada ao vencimento de US$ 3,67 bilhões 
em dívida cambial no dia 17 daquele mês.
Ao longo de outubro, o BC fez diversos lei-
lões de resgate antecipado e rolagem dos 
títulos cambiais, entre eles swaps, notas do 
Tesouro corrigidas pela variação da taxa 
de câmbio, mas fez a rolagem e o resgate 
antecipado de menos de 20% do volume 
a vencer.
Como a liquidação financeira ocorreria no 
dia seguinte e os papéis resgatados seriam 
corrigidos pela variação cambial, os bancos 
pressionaram o dólar para cima, buscando 
maximizar os ganhos, movimento que 
contribuiu para a disparada da moeda 
americana.
Operadores lembram que comentários 
feitos no dia 9, pelo então presidente do 
Banco Central, Arminio Fraga, também aju-
daram a catapultar o dólar. A expectativa de 
parte do mercado era de que o presidente 
do BC anunciasse medidas para conter a 
escalada do dólar, o que não ocorreu. Na 
ocasião, Fraga cobrou mais clareza dos can-
didatos à presidência e eximiu o governo da 
responsabilidade pela instabilidade.“O fato 
é que não havia dólares para vender. Todo 
mundo estava remetendo dinheiro para 
o exterior, temendo, por exemplo, medi-
das que obrigassem o dinheiro a ficar no 
país. Lembro que o resultado da rolagem 
dos papéis cambiais chegou a ficar nega-
tivo, porque você simplesmente não achava 
dólar”, lembra Fabio Fender, especialista em 
opção de juros da Icap, que na ocasião che-
fiava a mesa de câmbio de outra corretora. 
“Os ânimos se acalmaram depois que o Lula 
lançou a ‘Carta ao Povo’, mas ainda assim 
tivemos momentos de estresse, que só 
diminuíram quando o mercado entendeu 
que o Brasil honraria seus compromissos, 
que não mergulharia numa sombra polí-
tica”, afirma ele, referindo-se ao documento 
lido por Lula em junho de 2002 a uma pla-
teia de empresários e jornalistas.
Fender chama atenção para o fato de a 
intensidade da valorização do dólar em 
2002 ter sido de longe superior ao movi-
mento de queda nos anos seguintes. “Isso 
mostra que havia um sentimento de medo 
dominando, que se converteu nos anos 
seguintes em confiança. Tanto que, se você 
olhar a curva do dólar nesses dez anos, o 
gráfico é todo para baixo”, afirma, citando 
a estabilidade econômica alcançada pelo 
país e o bom momento da economia mun-
dial como fatores que derrubaram o dólar 
nos anos seguintes, levando a moeda em 
2008 e 2011 a mínimas não vistas desde 
1999, pouco acima de R$ 1,50. Nesse 
sentido, o diretor de câmbio da Pioneer 
Corretora, João Medeiros, chama atenção 
hoje para a outra “realidade” do câmbio. 
“Naquela época, a volatilidade foi extrema, 
sendo que havíamos saído do regime de 
câmbio fixo poucos anos antes. Hoje, pelo 
visto, voltamos a ter um câmbio tabelado, 
embora não oficialmente, mas numa situ-
ação diferente, sem fuga de capitais e com 
uma economia bem mais relevante”, ava-
lia o diretor.
Medeiros acredita que, no curto e médio 
prazos, o intervencionismo do governo e 
o quadro externo devem manter o dólar 
acima dos R$ 2,00, com a moeda eventu-
almente testando esse patamar.
Fender vai na mesma linha e destaca que o 
BC já deixou muito claro ao mercado qual 
patamar deseja para o dólar. “Ele não vai 
abrir mão dos R$ 2,00, acho que nem se a 
inflação começar a preocupar de vez, por-
que existe uma preocupação muito grande 
do governo, e do próprio BC, com o nível 
da atividade”, diz o profissional.
Rappaport vê o dólar nos atuais níveis no 
curto prazo, mas no médio e longo prazos, 
acredita que o real vá se depreciar, porque 
é uma moeda valorizada e por conta da 
piora nas contas externas.
Fonte: <http://www.portaldoagronegocio.com.br/conteudo.php?id=82727>. 
Acesso em: 29 nov. 2012.
Considerações Finais
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante de todo o exposto, um fato é incontestável: a industrialização passou 
a ser prioridade de grandeparte dos países menos desenvolvidos, mais clara-
mente na América Latina. O Brasil é um claro exemplo disso com o Governo 
de Juscelino Kubitschek de Oliveira e o seu famoso Plano de Metas que buscava 
crescer 50 anos em 5. E esse crescimento visava fundamentalmente a indústria 
do país, especialmente a indústria automobilística.
Industrialização se tornou palavra de ordem no país e até hoje, em quase 
todos os municípios há um prefeito que fala em desenvolvimento e já menciona 
“trazer uma indústria”. O resultado é que os estados mais ricos do país são exa-
tamente aqueles que têm um bom nível de indústrias, especialmente aquelas de 
maior sofisticação tecnológica ou maior agregação de valor.
A agricultura foi o setor mais importante da economia brasileira desde a 
época de colônia até o início do século XX, quando o nosso forte era o setor agrá-
rio-exportador. Os diferentes ciclos da nossa economia testemunham isso. No 
entanto, a partir dos anos trinta e mais claramente a partir dos anos 50, ela perde 
a hegemonia e a indústria passa a ser o setor estratégico no desenvolvimento do 
país. É nesse período que vão surgir as análises chamadas de funcionalistas, ou 
seja, aquelas que atribuem à agricultura algumas tarefas a serem desenvolvidas 
para que o país alcance o seu desenvolvimento.
A definição estratégica dos anos 60 em favor de um desenvolvimento asso-
ciado repercute na agricultura de forma decisiva. Nessa época, estava em plena 
discussão as alternativas para o desenvolvimento agrícola do país. Alguns auto-
res defendiam a necessidade e a oportunidade de reformas estruturais, entre 
elas a reforma agrária, o que atendia ao apelo de amplos movimentos reivindi-
catórios dos anos 60. 
De outro lado, havia os pensadores neoclássicos que defendiam a oportuni-
dade de modernizar a agricultura, nos moldes do que foi feito nos Estados Unidos 
e em outros países do mundo. Como a opção de 1964 foi por um desenvolvi-
mento associado na agricultura, vai prevalecer a opção da modernização que 
atende a uma conjugação de interesses ligados ao processo de industrialização, 
aliados agora aos grandes latifundiários e aos interesses do capital internacional. 
A EVOLUÇÃO DA ECONOMIA BRASILEIRA: POLÍTICAS ECONÔMICAS E SEUS REFLEXOS NO SETOR AGRÍCOLA
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
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Reprodução proibida. A
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É nesse contexto que vai se iniciar a tecnificação da produção rural.
Vale a pena destacar que esse rol de problemas leva o Estado ao abandono do 
sistema de planejamento de longo prazo, que dava o rumo do desenvolvimento 
econômico do país. Há um amplo predomínio da administração conjuntural de 
curtíssimo prazo. Muitas vezes os objetivos e metas que vinham sendo busca-
dos há anos são abandonados e o governo trabalha em uma política de “apagar 
incêndios” ou “tapar buracos”.
Ao longo dos anos 80 e 90, essa tendência se consolida e começa a delinear 
o novo modelo de desenvolvimento do país em que o aspecto tecnológico cons-
titui-se uma das peças fundamentais (novo paradigma) e no qual a presença do 
Estado passa a ter um papel bem diferente daquele desempenhado até então.
Olhando para o tema de outra ótica, seria o caso de acrescentar o surgi-
mento do neoliberalismo no mundo em fins dos anos 70 e início dos anos 80. 
O modelo neoliberal prevê a redução da ação do Estado e o fortalecimento da 
iniciativa privada, ou privatização dos bens públicos. É nesse conjunto de visão 
que o Estado perde o seu papel condutor da economia, como vinha desempe-
nhando desde 1930 (no caso brasileiro).
Em suma, são três importantes movimentos simultâneos e integrados que 
passam a ditar os rumos da economia internacional e brasileira nesse período: o 
neoliberalismo, o novo paradigma tecnoeconômico e a globalização, financeira, 
a princípio, e depois mais ampla, integrando os mercados mundiais em uma só 
realidade, derrubando barreiras protecionistas, unificando políticas econômi-
cas e comerciais, formando blocos como a Comunidade Econômica Europeia 
e assim por diante.
Veremos na próxima unidade os movimentos e as consequências destes para 
se ter uma boa visão do conjunto e das perspectivas da economia e do agrone-
gócio brasileiro.
137
1. Descreva o que foi o Processo de Substituição de Importações e quais foram suas 
contribuições.
2. Destaque algumas das reformas institucionais promovidas pelo Estado na se-
gunda metade do século XX.
3. A inflação foi um dos grandes problemas enfrentados pela economia brasileira 
durante décadas. Elenque os principais planos econômicos utilizados para com-
bater a inflação.
4. O crescimento econômico é fator importante para um país. Descreva o que é a 
volatilidade no crescimento e seus impactos.
5. Você acha que a agricultura foi muito afetada com as políticas adotadas nas úl-
timas décadas?
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Professora Me. Ariane Maria Machado de Oliveira
A AGRICULTURA BRASILEIRA 
E AS MEGATENDÊNCIAS 
MUNDIAIS
Objetivos de Aprendizagem
 ■ Analisar algumas transformações e tendências que vêm ocorrendo 
na economia mundial, como a disseminação da inovação e do 
conhecimento.
 ■ Demonstrar a situação e o posicionamento do setor agrícola no 
mundo.
 ■ Expor a situação do setor agrícola nacional frente ao mercado global.
 ■ Discorrer sobre a evolução do comércio internacional e a participação 
do agronegócio.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
 ■ Megatendências Mundiais
 ■ O agronegócio no mundo
 ■ O posicionamento do Brasil frente ao mercado global
 ■ Balança comercial do agronegócio brasileiro: evolução e principais 
países envolvidos
INTRODUÇÃO
A seguir, analisam-se algumas especificidades da agricultura brasileira, princi-
palmente no que se refere às transformações mais recentes, que vêm ocorrendo 
a partir do início dos anos 90: as exportações de produtos agrícolas como estí-
mulo ao aumento da produção; a concentração do controle do setor em mãos de 
grandes empresas nacionais e transnacionais; a agricultura familiar e a competi-
tividade das agroindústrias; a competitividade da agricultura familiar; a reforma 
agrária e, por último, a produção de biocombustíveis.
Primeiramente falaremos sobre as megatendências da economia mundial, 
como a globalização, inovação e características da economia do conhecimento, 
chamada “nova economia”.
Abordaremos também, caro(a) aluno(a), sobre o agronegócio no mundo, a 
participação do Brasil e a evolução da balança comercial brasileira nos últimos 
anos. As tendências e o acelerado desenvolvimento brasileiro serão abordados 
nos últimos tópicos.
Em primeiro lugar, veremos que é uma ilusão imaginar que o Brasil prova-
velmente se desenvolveu nessa escala. A verdade é que o Brasil continua sendo 
uma constelação de regiões de distintos níveis de desenvolvimento, com uma 
grande heterogeneidade social, e graves problemas sociais que preocupam a 
todos os brasileiros.
Introdução
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A AGRICULTURA BRASILEIRA E AS 
MEGATENDÊNCIAS MUNDIAIS
MEGATENDÊNCIAS MUNDIAIS
Caro(a) aluno(a), vimos, anteriormente, alguns aspectos da economia brasileira 
nas últimas cinco décadas (1950-2002) no âmbito das políticas econômicas ado-
tadas e seus reflexos no setor agrícola. Nesta unidade,faremos uma análise das 
principais transformações que vêm ocorrendo nos últimos anos, mundialmente, 
sob os aspectos socioeconômicos e políticos, enfatizando o posicionamento do 
setor agrícola diante deste cenário.
Com a globalização, as fronteiras do agronegócio também têm sido derru-
badas. As trocas e negociações entre países têm sido cada vez mais constantes e 
as discussões acerca delas têm colocado em evidência o agronegócio mundial.
Tais mudanças que vamos tratar nesta unidade impactaram diretamente sobre 
a atividade econômica mundial, desafiando os países, especialmente aqueles em 
desenvolvimento, a adotarem uma nova postura para alcançarem melhor posicio-
namento frente ao mercado global.
Mendes (2009) descreve algumas características das principais mudanças 
que levaram a nova configuração que surge no panorama mundial:
a) Declínio econômico relativo dos dois polos imperiais (EUA e ex-URSS), 
que nas décadas de 60 e 70 dominavam o mundo. Por exemplo, por volta 
de 1929 o PIB dos EUA representavam cerca de 42% do PIB mundial, 
caindo para menos de 20% desde o ano de 2007.
b) Progressivo deslocamento do centro de gravidade econômico do mundo, 
uma vez que tem havido um redirecionamento econômico-financeiro do 
Atlântico (com total predominância dos Estados Unidos e da Europa) 
para o Pacífico (lado asiático), com destaque para a China, que vem cres-
cendo a taxas elevadas, aparecendo em segundo lugar, com cerca de 14% 
da divisão do PIB global.
c) Formação de megablocos comerciais, cujo principal objetivo é, de um 
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lado, proteção e de outro lado, aumentar a competitividade dos países 
integrantes.
d) Globalização dos setores financeiro, comercial, produtivo e tecnológico.
e) Desequilíbrios econômicos mundiais, com marcantes déficits e con-
sequente acumulação de dívidas externas, principalmente após a crise 
americana de 2008, onde a maioria dos países europeus revelou um cenário 
de déficits públicos exorbitantes e com baixa capacidade de financiamento.
Ainda segundo Mendes (2009), podemos destacar três grandes transformações 
mundiais: redirecionamento econômico regional, megablocos e globalização.
O processo de globalização marcou o setor agrícola brasileiro nos anos 90, 
a exemplo de toda a economia, tido aqui como mais uma saída do capital frente 
às diversas crises enfrentadas ao longo da sua história, que consolidou a trans-
nacionalização da agricultura e sua inserção definitiva da divisão internacional 
do trabalho. 
Nesse sentido, se nos anos 60 e 70, durante a fase áurea da modernização, 
ocorreu a formação dos complexos agroindustriais, em tempos de economia 
globalizada tem-se o fortalecimento e a internacionalização dos complexos, 
especialmente os de carne e grãos. Com a internacionalização dos complexos 
agroindustriais, ocorre a padronização dos seus sistemas produtivos, no sentido 
de que são múltiplas as fontes de matéria-prima, a origem e o destino dos produ-
tos, mas único o padrão produtivo por todo mundo. É assim que, por exemplo, 
o Brasil e a China produzem trigo ou soja, da mesma maneira que são produzi-
dos esses produtos em todas as outras partes do mundo.
Assim, por exemplo, da mesma maneira que se fala no carro mun-
dial, fala-se no frango mundial, no novilho mundial. Se pegarmos, por 
exemplo, um suíno que é engordado na Holanda, na ração dele tem 
soja brasileira e trigo canadense, a gaiola é de aço indiano e os medi-
camentos alemães ou são feitos em outro lugar qualquer (SILVA, 1999, 
p.01).
No próximo tópico, faremos uma abordagem acerca das mudanças tecnológi-
cas ocorridas nas últimas décadas, e seus impactos sobre a economia mundial 
e o agronegócio.
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A NOVA REALIDADE ECONÔMICA: INOVAÇÃO E 
CONHECIMENTO
O novo paradigma tecnológico, que surge a partir dos anos 70, com a adoção 
de novas técnicas de organização e automação produtiva, com ênfase na micro-
eletrônica e nas tecnologias de informação, permitiu a introdução de novos 
produtos e processos produtivos que determinaram também mudanças impor-
tantes de comportamento social. 
Para denominar o período atual, cunhou-se o termo “Sociedade do 
Conhecimento”, ou “Era da Informação”, no qual busca-se destacar o papel cru-
cial que assumiu o conhecimento em nossa sociedade.
Do ponto de vista econômico o papel de destaque do conhecimento é expresso 
na denominação “Nova Economia”, em que os bens e serviços produzidos e con-
sumidos assumem cada vez mais um caráter intangível, com forte componente 
informacional. Drucker (1999) afirma que o conhecimento tornou-se o fator 
decisivo de produção, não só coexistindo, mas superando os fatores clássicos: 
trabalho, capital e terra.
Associada a essa “revolução” técnica, nos últimos 30 anos também se 
observou uma maior interdependência das economias nacionais, ao qual se 
convencionou denominar, apesar de todas as críticas, conforme Chesnais (1996), 
“Mundialização”. Esse fenômeno econômico e social teve nas tecnologias de infor-
mação e novas tecnologias da microeletrônica um de seus instrumentos de ação. 
Em termos econômicos, a globalização significou uma maior liberdade (e facili-
dade) nos deslocamentos de capital para sua valorização e a localização espacial 
deste dependerá das condições que melhor favoreça seu desenvolvimento.
O resultado deste fenômeno foi o esgarçamento do espaço econômico nacional 
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e o dualismo entre, por um lado, o “Local” e, por outro, o “Global” (ALBAGLI, 
2000). A perspectiva de Perroux (1955), Myrdal (1957) e Hirschman (1958) de 
que a produção de valores no capitalismo se dá de maneira espacialmente con-
centrada, reforça a perspectiva do “Local” enquanto um ponto de produção e 
realização de valores. Por sua vez, a intensidade em que o conhecimento vem 
sendo usado no processo produtivo, assim como a maior integração econômica 
dos países, permite às diversas localidades, inclusive regiões inteiras, combinar 
suas potencialidades econômicas (endógenas) com as diversas possibilidades 
abertas pelas novas tecnologias, abrindo assim espaço num mercado cada vez 
mais global (PORTER, 1990).
Nesta “Sociedade do Conhecimento”, a capacidade de dada localidade (ou 
região) de se adaptar a um ambiente econômico e social de constantes mudanças 
assim como suas condições para implementar inovações, definirão sua inserção 
no mercado (global) e, por conseguinte, sua posição na divisão (internacional) 
do trabalho. Essa capacidade de adaptação e inovação determina, em última 
instância, a manutenção ou atração de capitais para efetuarem seus respectivos 
processos de valorização na região (MARKUSEN, 1995).
De maneira geral, a maior ou menor capacidade de adaptação e inovação 
das localidades, e inserção da região no mercado dependerá do quão aptos estão 
os agentes produtivos. Neste sentido, as considerações de Marshall (1890) sobre 
a constituição de “Distritos Industriais” a partir da especialização produtiva 
derivada da concentração de determinada atividade em dado ponto servem 
de base para o que Benko e Lipietz (1994) e Brandão et al. (2004) denominam 
de “Nova Ortodoxia” quanto aos estudos de desenvolvimento regional e orga-
nização industrial. 
A prerrogativa fundamental,congregada no conceito de arranjos e sistemas 
produtivos locais, é a aglomeração produtiva de produtores rurais, especializados 
em determinada atividade econômica, envoltos em um ambiente de interação e 
aprendizagem que permite à localidade inserção no mercado global. O núcleo 
dinâmico será sua capacidade de absorção e introdução de inovações econômicas.
Por sua vez, o realce dado ao “local” também está relacionado ao processo de 
reestruturação produtiva, caracterizado pela desverticalização das grandes cor-
porações implementadas a partir das novas tecnologias. As grandes empresas, 
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em sua maioria multinacionais, descentralizam suas operações parciais, des-
locando-as para as regiões que apresentem melhores condições de serem 
desempenhadas. Esse deslocamento deu-se ou pela constituição de filiais ou 
pela terceirização de suas operações a empresas subcontratadas.
Neste sentido, o local torna-se relevante, pois é o espaço que se especia-
liza em dada atividade econômica que integra uma rede específica controlada 
por uma grande corporação, agora horizontalizada (SUZIGAN et al., 2002).
Conforme argumentado anteriormente, o conhecimento é fundamental 
também no setor agrícola para a introdução e adaptação às inovações, e o pro-
cesso de aprendizagem é importante para permitir o acúmulo de conhecimento 
e garantir a capacidade de inovar. O aprendizado por parte dos produtores 
caracteriza-se enquanto esforço individual ou coletivo, no intuito de obter 
conhecimento e capacidades num processo cumulativo de habilidades diver-
sas que permitam a produção, assim como a realização de objetivos.
Fundamentalmente, a noção de que os processos de geração de conhe-
cimento e de inovações são interativos e localizados destaca a importância 
crescente que assume a dimensão localizada do processo de aprendizado 
enquanto fonte de vantagem competitiva e de diferenciação de firmas e regiões. 
Argumenta-se que a interação criada entre os agentes localizados em um mesmo 
espaço favorece o processo de geração e difusão de inovações (VARGAS, 2002).
O local torna-se um elemento ativo no processo de criação e difusão de 
inovação, a partir de mecanismos específicos de aprendizado gerados pela 
interação dos agentes que se veem com convergência de interesses e proximi-
dade territorial. Neste sentido, constitui-se um formato institucional específico, 
compreendido como as convenções sociais formais e informais estabeleci-
das no âmbito local (COHENDET; LLERENA, 1997 apud CASSIOLATO; 
LASTRES, 2003).
O local em si, em boa parte, é relevante dadas essas formações insti-
tucionais específicas que propiciam a convergência de interesses entre os 
agentes envolvidos, diluem assimetrias de informação, permitem a coor-
denação de ações e facilitam a transferência de conhecimento tácito entre 
os agentes envolvidos. Ludvall (2002); Patrucco (2003), Albagli e Maciel 
(2003), ressaltam a importância do conhecimento tácito enquanto fator 
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endógeno, enquanto fonte de inovação e competitividade da região e de 
seus respectivos agentes. Daí a conexão entre esse debate e noções como 
as de capital social e territorialidade.
No contexto mundial, a existência de inúmeros sistemas de produção 
regionalmente concentrados demonstra que a dimensão local vem assu-
mindo uma importância crescente no processo de inovação tecnológica em 
que o caso seminal é o da região da Terceira Itália ou do Vale do Silício nos 
Estados Unidos. Nesta perspectiva, experiências de fomento do desenvol-
vimento regional têm por intuito constituir um ambiente institucional que 
estimule a interação dos agentes, visando um processo de aprendizado que 
proporcione o compartilhamento de conhecimentos, tácitos e codificados, 
junto aos agentes da localidade.
A posição assumida pelo local, na perspectiva teórica apresentada, faz com 
que a capacidade de geração, difusão e utilização de novos conhecimentos, 
assim como a própria inovação, seja um processo que transcende a estrutura 
individual da firma, sem que isso signifique a redução da importância do pro-
cesso concorrencial e da livre iniciativa.
149
O QUE É GLOBALIZAÇÃO - CONCEITO 
Podemos dizer que é um processo econômico e social que estabelece uma integração 
entre os países e as pessoas do mundo todo. Através deste processo, as pessoas, os go-
vernos e as empresas trocam idéias, realizam transações financeiras e comerciais e espa-
lham aspectos culturais pelos quatro cantos do planeta. 
O conceito de Aldeia Global se encaixa neste contexto, pois está relacionado com a cria-
ção de uma rede de conexões, que deixam as distâncias cada vez mais curtas, facilitando 
as relações culturais e econômicas de forma rápida e eficiente. 
ORIGENS DA GLOBALIZAÇÃO E SUAS CARACTERÍSTICAS
Muitos historiadores afirmam que este pro-
cesso teve início nos séculos XV e XVI com 
as Grandes Navegações e Descobertas Marí-
timas. Neste contexto histórico, o homem 
europeu entrou em contato com povos de 
outros continentes, estabelecendo relações 
comerciais e culturais. Porém, a globali-
zação efetivou-se no final do século XX, 
logo após a queda do socialismo no leste 
europeu e na União Soviética. O neolibe-
ralismo, que ganhou força na década de 
1970, impulsionou o processo de globali-
zação econômica. 
Com os mercados internos saturados, mui-
tas empresas multinacionais buscaram 
conquistar novos mercados consumidores, 
principalmente dos países recém saídos do 
socialismo. A concorrência fez com que as 
empresas utilizassem cada vez mais recur-
sos tecnológicos para baratear os preços 
e também para estabelecerem contatos 
comerciais e financeiros de forma rápida e 
eficiente. Neste contexto, entra a utilização 
da Internet, das redes de computadores, 
dos meios de comunicação via satélite etc. 
Uma outra característica importante da glo-
balização é a busca pelo barateamento do 
processo produtivo pelas indústrias. Mui-
tas delas, produzem suas mercadorias em 
vários países com o objetivo de reduzir os 
custos. Optam por países onde a mão-de-
-obra, a matéria-prima e a energia são mais 
baratas. Um tênis, por exemplo, pode ser 
projetado nos Estados Unidos, produzido 
na China, com matéria-prima do Brasil, 
e comercializado em diversos países do 
mundo. 
Para facilitar as relações econômicas, as 
instituições financeiras (bancos, casas de 
câmbio, financeiras) criaram um sistema 
rápido e eficiente para favorecer a trans-
ferência de capital e comercialização de 
ações em nível mundial.
Investimentos, pagamentos e transferências 
bancárias, podem ser feitos em questões de 
segundos através da Internet ou de telefone 
celular.
Bolsa de valores: tecnologia e negociações em nível mundial.
149
Os tigres asiáticos (Hong Kong, Taiwan, 
Cingapura e Coréia do Sul) são países que 
souberam usufruir dos benefícios da globa-
lização. Investiram muito em tecnologia e 
educação nas décadas de 1980 e 1990. Como 
resultado, conseguiram baratear custos de 
produção e agregar tecnologias aos produ-
tos. Atualmente, são grandes exportadores 
e apresentam ótimos índices de desenvolvi-
mento econômico e social. 
BLOCOS ECONÔMICOS E GLOBALIZAÇÃO 
Dentro deste processo econômico, mui-
tos países se juntaram e formaram blocos 
econômicos, cujo objetivo principal é 
aumentar as relações comerciais entre os 
membros. Neste contexto, surgiram a União 
Européia, o Mercosul, a Comecom, o NAFTA, 
o Pacto Andino ea Apec. Estes blocos se 
fortalecem cada vez mais e já se relacio-
nam entre si. Desta forma, cada país, ao 
fazer parte de um bloco econômico, con-
segue mais força nas relações comerciais 
internacionais. 
Fonte: <http://www.suapesquisa.com/globalizacao/>. Acesso em: 29 nov. 2012.
A AGRICULTURA BRASILEIRA E AS MEGATENDÊNCIAS MUNDIAIS
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
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O AGRONEGÓCIO NO MUNDO
Como vimos anteriormente, a agricultura existe no mundo desde as épocas 
distantes, pois durante esses períodos os homens já cultivavam a terra, criavam 
seus animais, e por meio disso é que utilizavam a natureza para seu beneficio, 
pois a agricultura é a principal fonte de obter o alimento, já que é uma ativi-
dade produtiva que dá lucros.
Aproximadamente perto do ano 7000 a.C são utilizados alguns instrumentos 
agrícolas, como a pá e as enxadas. E durante o ano de 2838 a.C é que anunciam 
a utilização do arado. Durante esse período os índios americanos já realizavam o 
cultivo de: pimenta, abóbora, feijão e o milho.
Os primeiros agricultores foram os nômades. Eles não tinham nenhuma 
técnica, nem ao menos instrumentos para grandes plantações. O solo esgota-
va-se rapidamente e com isso necessitavam procurar outras regiões com solos 
mais férteis, e aos poucos eles foram fixando nos lugares onde a fertilização 
do solo era mais firme.
Durante o período das grandes navegações, teve a chamada difusão inter-
nacional dos produtos agrícolas, por exemplo, o fumo e o milho que pertenciam 
à América foram levados para a Europa, e o café que pertencia à África foi 
levado até à América.
Os cereais são produtos agrícolas que possuem plantações em grande 
parte do mundo, menos nas regiões polares. Já nas zonas tropicais são cultiva-
dos: o café, a cana-de-açúcar, o chá, o cacau, a banana, dentre outras frutas, o 
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feijão, o arroz, o milho e a mandioca também são cultivados nessas zonas. No 
Brasil as plantações da agricultura também possuem grande colaboração para 
a nossa economia.
Outro sistema agrícola que possui grande empregação é o sistema das roças, 
pois este sistema utiliza pequenas propriedades no momento em que elas são 
abandonadas, e o solo perde a fertilidade.
A criação dos gados em nosso país começa exatamente no período colonial. 
A importância do cultivo principal até nos dias de hoje, certamente é o café. E 
grande parte da população do Brasil depende da agricultura para a sua economia.
A agricultura mundial passou, a partir da segunda guerra mundial, por uma 
série de transformações decorrentes do processo de modernização, conhecida 
como Revolução Verde. A modernização consistiu na utilização de máquinas, 
insumos e técnicas produtivas que permitiram aumentar a produtividade do 
trabalho e da terra. 
A Revolução Verde permitiu um pequeno aumento da oferta per capita 
mundial de alimentos. Esse aumento ocorreu ao mesmo tempo em que a popu-
lação mundial crescia, a população rural decrescia e a área agrícola se reduzia.
Segundo Nunes (2007), mesmo que a agricultura responda por um pequeno 
percentual do Produto Interno Bruto (PIB) dos países desenvolvidos, a União 
Europeia e os Estados Unidos não abrem mão dos subsídios à agricultura em 
virtude da pressão política do setor, por considerarem estratégico à segurança 
nacional e também porque a atividade contribui para movimentar outros seto-
res da economia. Para isso, aplicam tarifas e cotas de importação.
A AGRICULTURA BRASILEIRA E AS MEGATENDÊNCIAS MUNDIAIS
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
VU N I D A D E152
Tabela 8: Evolução das Exportações do Agronegócio Brasileiro – Principais Produtos
Fonte: ENAEX, 2012
Um fato novo que deve ser destacado é a redistribuição dos excedentes produtivos 
dos países desenvolvidos, resultando no aumento dos excedentes comercializa-
dos no mercado internacional. O interessante a se destacar nesse fato é que tal 
distribuição se torna uma questão de relações comerciais entre as empresas trans-
nacionais e suas matrizes, sem nenhuma ligação com os custos de produção do 
produto agrícola (SILVA, 1999). É, na realidade, o comércio de produtos entre 
os departamentos de uma mesma empresa, o que explica o fato do Brasil, país 
tropical, exportar coco da Suíça, ou seja, a matriz da empresa Nestlé vende coco 
à sua filial brasileira, exercendo uma concorrência desleal, que leva à desestru-
turação produtiva do país.
Aparecem, ainda, indícios de uma nova divisão internacional do traba-
lho, com a reestruturação de plataformas exportadoras de produtos agrícolas 
nos países periféricos. Segundo Silva (1999 apud AGRA, 1998), essa nova 
divisão internacional do trabalho ainda não está clara, mas aponta para que 
a produção de grãos e alimentos duráveis seja repassada à periferia, ficando 
os países centrais com o acabamento dos produtos, que agrega mais valor.
Podemos notar que os países desenvolvidos aplicam tarifas de importação 
altas aos produtos agrícolas, principalmente àqueles que são pouco competitivos, 
de forma a garantir que o produto importado chegue a um preço mais elevado 
do que os custos de produção naqueles países. Além das tarifas de importação, 
esses países utilizam um sistema de cotas, limitando uma certa quantidade de 
produto que poderá ser importado anualmente.
É provável que as próximas reuniões da Organização Mundial do Comércio 
(OMC) indiquem uma redução dos subsídios agrícolas por parte dos países 
desenvolvidos, o que deve beneficiar a agricultura brasileira. Entretanto, também 
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como resultado dessas negociações e como moeda de troca, o Brasil facilitará 
a entrada de capital industrial, gerando prejuízos à indústria nacional, grande 
e pequena. Se, de um lado, o setor agrícola brasileiro é valorizado pela “van-
tagem comparativa” proporcionada pela extensão dos recursos naturais e por 
uma menor remuneração do trabalho, de outro lado, perde-se a dinâmica que 
a indústria coloca à economia nacional e, com isso, o país reserva-se do direito 
de ampliar a exportação de commodities com baixo valor agregado (soja, açú-
car, álcool, madeira, biodiesel etc.).
Entre os temas mais polêmicos discutidos na OMC (Organização Mundial 
do Comércio) estão as reivindicações dos países subdesenvolvidos, que pedem 
a redução dos subsídios para a produção agrícola e o fim da proteção dos mer-
cados internos dos países desenvolvidos que impõem altas tarifas de importação 
de alimentos. A reforma política agrícola nos países desenvolvidos é um dos 
pontos mais importantes para o Brasil, já que os produtos desses países perdem 
competitividade nesses mercados.
Essas tarifas elevadas implicam nos preços dos produtos e isso deixa o con-
sumidor de países desenvolvidos descontente. A elevada taxa de importação feita 
pelos países ricos agrava ainda mais os problemas econômicos e sociais dos paí-
ses dependentes, países esses como Japão, EUA e União Europeia, que iremos 
discutir a seguir.
POLÍTICA AGRÍCOLA NO JAPÃO
A política econômica japonesa defende o seu 
mercado doméstico dos produtos importa-
dos, a renda derivada dos impostos agrícola 
é convertida em subsídio para os agricul-
tores japoneses. Assim, ocorre uma grande 
diminuição das despesas totais pagas pelo 
agricultor e, portanto um maior número de 
investimentos no setor agrícola.A AGRICULTURA BRASILEIRA E AS MEGATENDÊNCIAS MUNDIAIS
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
VU N I D A D E154
O produto mais cultivado no Japão é o arroz, mas não por isso ele é o mais 
barato, pois assim como as frutas, legumes, carnes, laticínios e grãos, possui uma 
demanda muito grande e pouco espaço para se cultivar devido ao relevo do país, 
assim, causando um aumento dos preços internos.
POLÍTICA AGRÍCOLA COMUM (PAC) DA UNIÃO EUROPEIA
O PAC da Europa Unificada foi criada em 1962. Desde sua criação, se baseia no 
mecanismo de proteção agrícola por meio de taxas dos produtos importados e 
subvenção à produção comunitária e de subsídios à exportação para garantir a 
venda de excedentes.
Com o PAC, a União Europeia pôde elevar a sua produção agrícola de forma 
que ficou autossuficiente nesse setor, e como é constituída por vários países e 
assim diversas terras e tipos climáticos, possui uma grande diversidade na sua 
agricultura sendo uma grande exportadora e importadora de produtos agrícolas.
POLÍTICA AGRÍCOLA NOS ESTADOS UNIDOS
Os EUA possuem hoje o maior índice de produtividade agrícola do planeta. 
Apesar de empregarem apenas 3% da sua população economicamente ativa nesse 
setor, são os maiores produtores e exportadores do mundo.
Devido à estreita relação entre a agricultura e a indústria e à consequente 
intensificação do processo de mecanização do setor agrícola, os EUA conseguem 
fazer uma integração do setor agrícola e industrial, e é por isso que hoje são os 
maiores em quase tudo que fazem.
Existem quatro características marcantes na agricultura dos EUA:
 ■ Atuação em vários países do mundo, por meio de empresas que produ-
zem, distribuem e comercializam alimentos, como na América Central.
 ■ Forte investimento em biotecnologia, por meio de instituições de pes-
quisa de novas tecnologias.
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 ■ Organização do espaço agrário nos cinturões agrícolas, onde predomina 
determinado produto, adaptado às condições de clima, solo e mercado.
 ■ Elevado grau de mecanização em todas as etapas do processo, do cultivo 
ao beneficiamento do produto.
Uma das diferenças dos EUA para a União Europeia e o Japão é o fato de os 
EUA dar subsídios para os produtores, mas sem descontar dos cidadãos com 
preços altos, o que faz com que os produtores consigam exportar seus produtos 
e também faz com que o dinheiro circule internamente com os preços baixos, e 
dinheiro circulando é sinônimo de lucro.
O POSICIONAMENTO DO BRASIL FRENTE AO MERCADO 
GLOBAL
O Brasil é um grande produtor e exportador de commodities. As principais com-
modities produzidas e exportadas por nosso país são: petróleo, café, suco de 
laranja, minério de ferro, soja e alumínio. Se por um lado o país se beneficia do 
comércio dessas mercadorias, por outro se torna dependente dos preços estabe-
lecidos internacionalmente. Quando há alta demanda internacional, os preços 
sobem e as empresas produtoras lucram muito. Porém, num quadro de recessão 
mundial, as commodities se desvalorizam, prejudicando os lucros das empresas 
e o valor de suas ações negociadas em bolsa de valores. 
A agricultura sempre desempenhou um papel importante na geração de rique-
zas no Brasil. No período mais recente, o estabelecimento da agricultura como 
âncora do processo de estabilização dos preços e como fonte para obtenção de 
divisas (via exportações) causou uma série de problemas para o setor, especial-
mente para a agricultura familiar. Entre os principais problemas, pode-se citar: a 
elevação forçada das escalas de produção, a elevação dos custos acima das receitas, 
a redução dos preços recebidos, a compressão da renda agrícola, a concentração 
dos agentes compradores da produção agropecuária e a queda da renda da popu-
lação consumidora.
O aumento da produção agrícola brasileira, superior a 100% entre 1990 e 2005, 
foi estimulado principalmente pelas exportações em detrimento da produção ao 
mercado interno. Entretanto, o crescimento da produção não significou o aumento 
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Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
VU N I D A D E156
da população ocupada na agricultura, já que a introdução de novas máquinas, equi-
pamentos e também de insumos agrícolas contribuiu para continuar a ampliação 
da produtividade do trabalho e da terra na maioria dos cultivos agrícolas.
Desde o final dos anos 1990, poucos países cresceram tanto no comércio 
internacional do agronegócio quanto o Brasil. O país é um dos líderes mundiais 
na produção e exportação de vários produtos agropecuários. Conforme dados 
do Ministério da Agricultura, o Brasil é o primeiro produtor e exportador de 
café, açúcar, etanol e suco de laranja. Além disso, lidera o ranking das vendas 
externas do complexo de soja (grão, farelo e óleo), que  é o principal gerador de 
divisas cambiais.
No início de 2010, um em quatro produtos do agronegócio em circulação 
no mundo eram brasileiros. A projeção do Ministério da Agricultura é que, até 
2030, um terço dos produtos comercializados seja do Brasil, em função da cres-
cente demanda dos países asiáticos. O gráfico abaixo demonstra a participação 
dos setores no PIB de alguns países no ano de 2011.
Gráfico 4: Composição dos Setores no PIB por país em 2011 (% PIB)
Fonte: CIA Fact Book Análises: Instituto ILOS
A Tabela abaixo demonstra um comparativo que expõe a importante posição 
que o setor agrícola brasileiro tem na composição do PIB.
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PAÍS PRIMÁRIO (% PIB) INDÚSTRIA (% PIB) SERVIÇOS (% PIB)
Argentina 10,0% 30,7% 59,2%
Brasil 5,8% 26,9% 67,3%
Chile 5,1% 41,8% 53,1%
Peru 10,0% 35,0% 55,0%
Uruguai 9,1% 20,9% 70,0%
México 3,9% 32,8% 63,4%
EUA 1,2% 22,1% 76,7%
Tabela 9: Composição dos Setores no PIB por país em 2011 (% PIB)
Fonte: CIA Fact Book
Análises: Instituto ILOS
PRINCIPAIS 
PRODUTOS 
DAS LAVOURAS 
TEMPORÁRIAS
ÁREA 
PLANTADA 
(HA)
ÁREA 
COLHIDA 
(HA)
QUANTIDADE 
PRODUZIDA (T)
RENDIMENTO 
MÉDIO (KG/
HA)
VALOR (R$=1 
000)
Abacaxi (1) (2) 62 868 62 481 1 576 972 25 239 1 474 382
Algodão herbáceo 
(em caroço)
1 405 540 1 405 135 5 070 717 3 608 7 277 574
Alho 12 930 12 928 143 293 11 083 474 489
Amendoim (em 
casca)
107 193 106 379 311 459 2 919 409 932
Arroz (em casca) 2 855 312 2 752 891 13 476 994 4 895 5 889 804
Aveia (em grão) 172 327 172 127 373 009 2 167 129 180
Batata doce 43 879 43 843 544 820 12 426 354 375
Batata inglesa 149 292 149 212 3 917 234 26 252 2 332 976
Cana-de-açúcar (2) 9 616 615 9 601 316 734 006 059 76 448 39 224 254
Cebola 63 481 63 481 1 523 316 23 996 900 347
Centeio (em grão) 2 341 2 341 3 519 1 503 1 700
Cevada (em grão) 88 236 88 236 303 872 3 443 136 911
Ervilha (em grão) 1 538 1 538 3 519 2 536 8 098
Fava (em grão) 37 223 37 132 303 872 449 40 324
Feijão (em grão) 3 907 926 3 673 162 3 435 366 935 5 148 769
A AGRICULTURA BRASILEIRA E AS MEGATENDÊNCIAS MUNDIAIS
Reprodução proibida. A
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Fumo (em folha) 454 521 454 501 951 933 2 094 4 802 871
Girassol (em grão) 62 890 62 535 77 932 1 246 51 202
Juta (fibra) 880 855 1 054 1 232 1 303
Linho (semente) 11 190 11 190 11 046 987 8 293
Malva (fibra) 11 683 11 263 15 611 1 386 19 540
Mamona (baga) 211 022208 476 120 166 576 112 091
Mandioca (2) 1 765 705 1 741 226 25 441 653 14 611 7 182 471
Melancia 98 501 97 718 2 198 624 22 499 951 810
Melão 19 701 19 695 499 330 25 353 365 105
Milho (em grão) 13 605 381 13 218 
904
55 660 415 4 210 22 229 389
Rami (fibra) 369 369 971 2 631 1 512
Soja (em grão) 24 032 410 23 968 
663
74 815 447 3 121 50 369 437
Sorgo granífero 
(em grão) 
761 844 757 410 1 931 135 2 549 544 075
Tomate 71 703 71 473 4 416 652 61 794 3 230 453
Trigo (em grão) 2 175 943 2 138 916 5 690 043 2 660 2 369 637
Triticale (em grão) 39 628 39 628 90 469 2 282 27 689
Tabela 10: Área plantada e colhida, quantidade produzida, rendimento médio e valor da produção, segundo 
os principais produtos das lavouras temporárias – Brasil 2011 
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Agropecuária, Produção Agrícola Municipal 2011
(1) Quantidade produzida em 1 000 frutos e rendimento médio em frutos por hectare. (2) A área plantada 
refere-se a área destinada à colheita no ano. 
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Grandes Regiões e 
Unidade da 
Federação 
produtoras
Área 
destinada à 
colheita (ha)
Área 
colhida (ha)
Quantidade 
produzida (t)
Rendimento 
médio (Kg/ha)
Valor
 (R$ = 1 
000)
Abacate
Brasil 10 768 10 753 160 376 14 914 85 325
Norte 348 374 2 364 6 320 2 759
Rondônia 2 2 22 11 000 32
Acre 162 162 936 5 777 2 058
Amazonas 198 188 781 4 154 239
Pará 22 22 625 28 409 429
Nordeste 989 989 9 022 9 122 4 942
Piauí 4 4 30 7 500 30
Ceará 477 477 3 985 8 354 3 423
Rio Grande do 
Norte
94 94 1 037 11 031 326
Paraíba 91 91 717 7 879 352
Pernambuco 308 308 3 013 16 000 630
Bahia 15 15 240 15 822 180
Sudeste 7 826 7 821 123 750 15 822 58 374
Minas Gerais 2 134 2 134 30 975 14 514 17 191
Espírito Santo 14 14 240 17 142 162
Rio de Janeiro 36 36 626 16 304 366
São Paulo 5 642 5 637 91 909 16 153 40 654
Sul 1 502 1 502 24 263 18 330 18 705
Paraná 944 944 17 304 12 512 12 047
Santa Catarina 6 6 52 8 666 27
Rio Grande do 
Sul
552 552 6 907 15 512 6 631
Centro-Oeste 67 67 977 14 582 542
Goiás 67 67 977 14 582 542
Algodão Arbóreo (em caroço)
Brasil 351 351 250 712 277
Nordeste 351 351 250 712 277
Piauí 175 175 140 800 115
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Ceará 100 100 40 400 63
Rio Grande do 
Norte
14 14 6 428 7
Paraíba 32 32 34 1 062 37
Pernambuco 30 30 30 1 000 54
Tabela 11: Área destinada à colheita e colhida, quantidade produzida, rendimento médio e valor da produção, 
segundo os principais produtos das lavouras permanentes, – segundo as Grandes Regiões e as Unidades da 
Federação produtoras - 2011. 
Fonte: IBGE, 2011
BALANÇA COMERCIAL DO AGRONEGÓCIO BRASILEIRO: 
EVOLUÇÃO E PRINCIPAIS PAÍSES ENVOLVIDOS
Historicamente, o comércio exterior brasileiro tem sido usado como instru-
mento de ajuste da economia em momentos em que é preciso fortalecer a balança 
comercial ou quando os negócios domésticos vão mal, sendo que cruzar frontei-
ras representa uma alternativa para manter as linhas de produção ativas.
Foi a partir do governo Collor, em 1990, que houve uma decisão política de 
internacionalizar a economia brasileira, de forma contundente. Aquele governo 
tinha por objetivo na política econômica adotar uma gestão nas políticas cambial, 
fiscal, monetária e de comércio exterior para combater o processo inflacionário, 
considerado um obstáculo para o crescimento econômico do Brasil.
A partir do final da década de 1980, teve início um processo de liberaliza-
ção que aboliu os controles quantitativos de importação e reduziu as tarifas ad 
valorem a valores médios em torno de 15% a partir de 1993.
As micro e pequenas empresas constituem 61,6% das empresas que expor-
tam no Brasil. Em um amplo estudo feito pelo Sebrae e pela Fundação Centro de 
Estudos do Comércio Exterior (Funcex) sobre as MPEs exportadoras - de 1998 
a 2010 - apontou-se que 11.858 delas exportaram em 2010 pouco mais de US$ 
2 bilhões, o que representa um aumento de 7,6% no valor das exportações em 
comparação a 2009. Na média, cada MPE exportou US$ 170,9 mil.
• Os principais itens exportados em 2010 foram calçados, pedras preciosas, 
vestuário, peças para veículos e móveis.
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A pauta de exportações das micro e pequenas empresas brasileiras é bastante 
diversificada em termos de produtos. Para se ter uma ideia, os cinco principais 
itens respondem por somente 14% das vendas totais. Entre as microempresas, 
os principais itens exportados em 2010 foram calçados, pedras preciosas, ves-
tuário, peças para veículos e móveis. Já para as pequenas empresas, os itens de 
maior importância na pauta de exportação foram móveis, peças para veículos, 
obras de mármore e granito, madeira serrada ou fendida e calçados.
A participação do ramo comercial e a importância dos países da América 
Latina como destino das vendas (25% do total das vendas das microempresas e 
22% das pequenas empresas em 2010) são características marcantes das expor-
tações das MPEs brasileiras. Para o coordenador da Apex-Brasil, Tiago Terra, a 
maior vantagem para as empresas exportarem é diversificar o mercado de clien-
tes. “Além de aumentar suas opções de faturamento, as empresas também ganham 
em competitividade quando exportam”, explica. Das 13.127 empresas apoia-
das pela agência em 2010, 9.437 (72%) são pequenas, micro e médias empresas.
Porém, segundo o especialista, falta informação e qualificação para aumen-
tar o quadro das companhias brasileiras exportadoras. “As empresas precisam 
estar preparadas para conhecer o mercado externo e se adequar às suas exigên-
cias”, afirma Torres.
Pesquisa do Global Entrepreneurship Monitor (GEM) aponta que o Brasil 
ainda tem uma das menores intenções de inserção no mercado internacional. 
No estudo referente a 2010, apenas 6,8% de seus empreendedores afirmaram que 
possuem consumidores fora do país. A média brasileira é inferior às médias de 
todas as categorias de países analisados. A valorização do real, a alta do preço das 
commodities e o fortalecimento do mercado interno são alguns dos fatores que 
influenciaram na menor participação das empresas brasileiras nas exportações.
SITUAÇÃO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA E PERSPECTIVAS 
PARA O AGRONEGÓCIO
Caro(a) aluno(a), o Fundo Monetário Internacional (FMI) reduziu para 1,5% a pre-
visão de crescimento da economia brasileira em 2012. Em julho, o fundo projetava 
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uma expansão de 2,5%. A perspectiva é a menor entre os países do Bric: o FMI 
projeta alta de 3,7% no Produto Interno Bruto (PIB) da Rússia, 4,9% para Índia e 
7,8% para China este ano.
Segundo o FMI, a aceleração do PIB brasileiro ficou abaixo do esperado como 
resultado da piora no cenário externo e da demora na “transmissão” da redução 
da Selic ao mercado por conta do aumento da inadimplência após vários anos de 
rápida expansão no crédito, segundo o estudo “Global Economic Outlook”. Entre 
os países da América do Sul, o dado brasileiro só supera o do Paraguai, cuja econo-
mia deve sofrer contração de 1,5%. O Fundo alerta, no entanto, que a alta projetada 
de 2,6% no PIB da Argentinaé baseado em dados oficiais do país que teve a qua-
lidade de seus indicadores questionada.
Para 2013, o FMI projeta um crescimento de 4% na economia brasileira, abaixo 
dos 4,7% no relatório divulgado em julho. O fundo também apontou que o desem-
prego no país deve encerrar 2012 em 6%, elevando-se para 6,5% no ano seguinte.
“O ‘boom’ do consumo no Brasil tem sido um importante componente do forte 
desempenho do crescimento, e a poupança interna e os investimentos se mantêm 
relativamente baixos”, diz o Fundo. “Gargalos na infraestrutura atrapalham o cres-
cimento. Ações recentes de concessões à iniciativa privada para desenvolvimento 
de infraestrutura crítica de rodovias e ferrovias são bem-vindas, mas também é 
necessário mais investimento público”, diz o fundo no estudo.
CRESCIMENTO GLOBAL
O FMI também reduziu de 3,5% para 3,3%, a previsão crescimento para a econo-
mia global em 2012. Para 2013, a expectativa também ficou menor, recuando de 
3,9% para 3,6%.
“A recuperação (econômica) sofreu novos abalos, e a incerteza pesa fortemente 
nas perspectivas. Um fator-chave é que as políticas nas grandes economias avança-
das não recuperaram a confiança no médio prazo”, aponta o FMI. “O desemprego 
deve permanecer elevado em muitas partes do mundo. E as condições financei-
ras permanecerão frágeis”.
Segundo o fundo, a crise na zona do euro continua sendo a ameaça mais “óbvia” 
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às perspectivas globais. Apesar das ações tomadas para resolver o problema, “a crise 
na zona do euro se aprofundou e novas intervenções foram necessárias para preve-
nir uma deterioração rápida da situação”.
O FMI aponta que o ponto-chave é se a economia global está apenas sofrendo 
uma nova turbulência em meio à recuperação ou se a desaceleração econômica 
tem um componente mais duradouro. “A resposta depende de que a Europa e os 
Estados Unidos lidem proativamente com seus grandes desafios no curto prazo”. 
“O WEO assume que eles o farão e, portanto, a atividade global deve reacelerar ao 
longo de 2012”.
OUTRAS PROJEÇÕES
Segundo as projeções do FMI, a economia da China deve crescer 
7,8% em 2012 – 0,2 ponto percentual a menos que o esperado 
no relatório divulgado em julho. Se confirmada, 
será a menor expansão desde 1999, quando o 
país cresceu 7,6%. Em 2013, a previsão é de 
alta de 8,2%.
Entre os países do Bric, houve redução 
também nas previsões para o crescimento 
da Índia este ano (de 6,2% em julho para 
4,9%) e Rússia (de 4% para 3,7%).
Na zona do euro, a previsão é de 
uma contração de 0,4% na economia 
este ano, com uma leve retomada e 
crescimento de 0,2% em 2013. O PIB da Itália deve se contrair em 2,3%, e o da 
Espanha, em 1,5%. A Alemanha, no entanto, deve seguir com crescimento modesto, 
de 0,9%.
Em relação aos Estados Unidos, no entanto, o FMI revisou para cima sua pre-
visão de crescimento em 2012, passando de 2,1% no relatório de julho para 2,2%. 
Em 2013, a alta do PIB deve ficar pouco menor, em 2,1%.
Os gráficos a seguir nos informam a respeito da evolução do PIB no fim de 2011 
início de 2012, sobre a demanda, investimentos e poupança.
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Ministério da Agricultura disponibiliza dados em seu portal
Desde o início de 2012, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimen-
to (Mapa) passou a disponibilizar publicamente dados governamentais no 
portal <www.agricultura.gov.br/acesso-a-informacao>, cumprindo deter-
minação da Lei de Acesso à Informação Pública. Para o ministério, o por-
tal é mais do que combate à corrupção, possibilitando também ao cidadão 
acesso ao desenvolvimento, podendo dividir o progresso e conhecimento 
do nosso país. A criação do portal foi feita para cumprir a Lei de Acesso à 
Informação Pública, que estabelece acesso amplo a qualquer documento e 
informação específica buscada pelo cidadão. 
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Gráficos Disponíveis em: <http://www.valor.com.br/imprimir/noticia/2687128/brasil/2687128/economia-
cresce-02-no-primeiro-trimestre-aponta-ibge>.
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PERSPECTIVAS PARA O AGRONEGÓCIO
Apesar de suas particularidades, já vimos, prezado(a) acadêmico(a), que a agri-
cultura é dependente do que acontece na economia mundial como um todo. 
Para podermos compreender as transformações pelas quais o setor agrícola 
passa, devemos levar em conta, além da ação do Estado e das políticas públicas, 
o desenvolvimento tecnológico e o capital mundial como elementos importantes.
A elasticidade-renda1 da demanda explica uma desvantagem para um país 
exportador de produtos agrícolas. Um aumento na renda mundial leva a um 
aumento na demanda por produtos inovadores e tecnologicamente avançados, 
em maior proporção que a demanda por produtos agrícolas.
Podemos pensar então, caro(a) aluno(a), que fatores interferem na demanda 
por produtos agrícolas, em nível mundial e nacional? Nunes (2007) cita a urbaniza-
ção, o aumento da produção e do consumo de carnes, o nível de utilização da soja 
na alimentação humana e animal, as tarifas de importação aplicadas pelos países 
e blocos econômicos, as políticas governamentais de apoio ao setor, a disponibili-
dade de áreas agricultáveis, o controle exercido pelas grandes indústrias do setor 
alimentício que priorizam alguns produtos em detrimento de outros.
Como já é de nosso conhecimento, nos países desenvolvidos a agricultura 
responde por um pequeno percentual do Produto Interno Bruto (PIB), mas ainda 
assim, a União Europeia e os Estados Unidos não abrem mão dos subsídios à 
agricultura por considerarem estratégicos à segurança nacional, em virtude da 
pressão política do setor, e também porque a atividade contribui para movimen-
tar outros setores da economia. Para isso, adotam medidas protecionistas, como 
tarifas e cotas de importação.
A tendência para a competitividade da agricultura em nível mundial se dará 
cada vez mais pelas condições naturais (solo, clima), diferenças na produtivi-
dade do trabalho, intervenção dos Estados (políticas públicas de apoio, cotas e 
tarifas de importação), proximidade do mercado consumidor, compatibilidade 
entre os lucros da atividade agrícola e em outros setores da economia, além do 
nível de importância do custo da aquisição de terras. 
1 Elasticidade-Renda da demanda mede a variação percentual na quantidade demandada de um bem dado 
uma variação percentual na renda do consumidor.
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VALOR DA PRODUÇÃO AGRÍCOLA CRESCE 27% EM 2011
Aumento do preço de produtos como soja, cana-de-açúcar e milho impulsionou alta, segundo 
o IBGE
Estadão Conteúdo
O preço da soja, que aumentou de 34,9%, em relação a 2010, foi um dos responsáveis 
pela alta do valor da produção agrícola
O valor da produção agrícola nacional totalizou R$ 195,6 bilhões em 2011, segundo 
dados da pesquisa Produção Agrícola Municipal, divulgada pelo Instituto Brasileiro 
de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira (26/10). O resultadorepresenta au-
mento de 27,1% em relação a 2010. 
O estudo mostra que houve elevação dos preços dos produtos agrícolas, tanto no 
mercado interno quanto no exterior. Entre os itens responsáveis pelo aumento no valor 
da produção, destacam-se a soja, com 34,9% de expansão; a cana-de-açúcar, com au-
mento de 38,6%; o milho, com crescimento de 46,4%; e o café, que subiu 40,1%. O 
algodão herbáceo também registrou aumento considerável, de 76,2%, o que fez o grão 
subiu da 10ª posição em 2010 para a 5ª no ano passado.
PAM 2011: valor da produção agrícola cresce 27,1% em relação a 2010
O valor da produção agrícola alcançou R$ 195,6 bilhões em 2011, um crescimento de 
27,1% em relação a 2010, impulsionado, de maneira geral, pela elevação dos preços 
dos produtos agrícolas tanto no mercado interno quanto externo. A área plantada ul-
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trapassou 68,1 milhões de hectares, um crescimento de 4,3% (2,8 milhões de hectares), 
alavancado principalmente pela expansão da soja (3,0%), do milho (2ª safra) (54,7%) e 
do algodão herbáceo (69,0%).
Entre os principais produtos responsáveis pelo aumento no valor da produção, desta-
cam-se a soja, com 34,9% de expansão no valor da produção; a cana-de-açúcar, que au-
mentou o valor em 38,6%; o milho, com crescimento de 46,4%; e o café, 40,1%. Chamou 
atenção também o aumento de 76,2% do algodão herbáceo, que passou da 10ª para a 
5ª posição em termos de valor de produção.
São Paulo manteve a liderança na participação nacional no valor da produção, mas sua 
contribuição caiu de 18,3% (R$ 28,0 bilhões de reais), em 2010, para 17,7% (R$ 34,6 bi-
lhões) em 2011. Já Minas Gerais subiu da quarta para a segunda colocação, com uma par-
ticipação de 12,7% (R$ 24,8 bilhões) em 2011.
Sorriso (MT), que havia caído de primeiro para terceiro lugar em 2010, voltou a ser o mu-
nicípio com maior valor de produção, gerando R$ 1,9 bilhão, um crescimento de 105,4%. 
São Desidério (BA) foi o segundo colocado, com R$ 1,7 bilhão e crescimento de 59,9%.
Essas e outras informações estão disponíveis na pesquisa Produção Agrícola Municipal 
(PAM) 2011, que mede as variáveis fundamentais da safra dos 64 principais produtos de 
lavouras temporárias e permanentes da agricultura nacional, com detalhamento muni-
cipal.
A publicação completa da PAM 2011 pode ser acessada na página: 
<http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/economia/pam/2011/default.shtm>.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Pudemos observar, caro(a) aluno(a), que o agronegócio brasileiro é moderno, 
eficiente, competitivo, seguro e rentável. Alguns fatores específicos fazem do 
Brasil um país com vocação natural para o agronegócio, como o clima diver-
sificado, chuvas regulares, energia solar abundante e quase 13% de toda a água 
doce disponível no planeta. 
A presente Unidade abordou algumas das importantes transformações 
que vêm ocorrendo na economia mundial e que afetam direta ou indireta-
mente o agronegócio. O comportamento do agronegócio brasileiro diante de 
tais mudanças tem sido positivo. Podemos concluir, por meio das estatísticas, 
que um dos mais importantes aspectos da nossa economia nos últimos anos 
é o dinamismo do setor agrícola, que pode ser comprovado pelo aumento da 
produtividade em diversos segmentos do agronegócio. 
Como você bem sabe, querido(a) aluno(a), a produtividade está relacionada 
com questões de ordem tecnológicas e inovativas, sendo que o entendimento 
acerca da nova ordem econômica, ou seja, da Economia do Conhecimento, 
torna-se imprescindível. Vimos que o processo de inovação interativa ganha 
destaque devido ao fato de que as fontes de informações, conhecimentos e 
inovação das unidades produtoras podem se localizar tanto dentro como fora 
dela. Então, faz-se necessário um processo interativo realizado com a contri-
buição de variados agentes econômicos e sociais que possuem diferentes tipos 
de informações e conhecimentos.
Ao longo da Unidade V, pudemos analisar características sobre o posicio-
namento do agronegócio brasileiro no mercado mundial e como o Brasil tem 
se posicionado neste cenário. Observou-se que a participação do agronegó-
cio brasileiro no comércio mundial tem sido cada vez mais expressiva, sendo 
que dados recentes apontam que as exportações do agronegócio respondem 
por cerca de 40% do total das vendas externas brasileiras. Portanto, verifica-
mos a fundamental importância que tal segmento produtivo representa para 
a atual conjuntura econômica brasileira.
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1. Explique a afirmação: “O Brasil só não alcança resultados ainda melhores no mer-
cado externo do agronegócio pelo fato de exportar principalmente commodi-
ties, pelos elevados subsídios à agricultura e à exportação em alguns países e 
pelas barreiras comerciais”.
2. Descreva as suas considerações sobre a situação do Brasil.
3. Qual a importância do agronegócio nas relações internacionais?
4. Cite algumas perspectivas e tendências para o setor.
Economia Brasileira Contemporânea 
André Villela; Jennifer Hermann; Fabio Giambiagi; Lavínia 
Barros de Castro
Editora: Elsevier - Campus 2. Ed. 2011
Sinopse: O livro é baum
MATERIAL COMPLEMENTAR
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A AGRICULTURA BRASILEIRA E AS MEGATENDÊNCIAS MUNDIAIS
CONCLUSÃO
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Neste livro, procuramos levar a você conhecimentos acerca da Economia Brasilei-
ra e sua relação com o Agronegócio. Para tal, fizemos uma abordagem geral sobre 
a evolução histórica da agricultura. Vimos que apesar de suas particularidades, a 
agricultura é dependente do que acontece na economia mundial como um todo. 
Para entender as mudanças pelas quais passa, deve-se considerar, além da ação do 
Estado e das políticas públicas, o desenvolvimento tecnológico e o capital que se 
recolocam em nível mundial. 
Vimos, então, aspectos relacionados à evolução histórica da agricultura, passando 
pelos conceitos de agronegócio, cadeias e sistemas agroindustriais, especificidades 
do agronegócio no Brasil, a competitividade em sistemas agroindustriais, as trans-
formações na economia brasileira e no meio rural brasileiro durante a segunda me-
tade do século XX.
A Unidade I buscou apresentar a você a evolução da agricultura, as particularidades 
inerentes aos seus produtos, os agentes econômicos envolvidos, e as formas de in-
ter-relação entre tais agentes do agronegócio. Vimos que na agricultura prevalece o 
tipo de mercado concorrencial, em que há um número muito grande de produtores 
e a entrada ou saída de novos concorrentes não altera basicamente a formação de 
preços. Concluímos que por este motivo, os negócios agrícolas têm que perseguir 
indefinidamente melhores índices de produtividade e redução de custos, ou seja, 
maior competitividade. 
A Unidade II contemplou uma revisão de literatura sobre gestão e competitividade 
em nível de sistemas agroindustriais. Aspectos importantes sobre gerenciamento e 
vantagem competitiva foram expostos como ferramentas importantes para o êxito 
de um sistema de produção agroindustrial. Para agregar maior valor ao seu conhe-
cimento, apresentamos nesta unidade a noção de cadeia produtiva agroindustrial 
(CPA), e como está constituída a cadeia produtiva agroindustrial do amendoim e 
seus derivados no Brasil. 
Para compreendermos o panorama atual do agronegócio, levamos em conta as 
transformações ocorridas não apenas no setor agrícola, mas também na economia 
global. A Unidade III veio então apresentar a você, prezado(a) acadêmico(a), uma 
reflexão sobre a economia brasileira agroexportadora e as transformações no meio 
rural brasileiro ao longo do século XX.
Prezado(a) aluno(a), a forma como ocorreu a ruptura do modelo econômico brasi-
leiro e comoeste passou a se desenvolver foi abordada na Unidade IV. Vimos como 
o modelo agroexportador foi paulatinamente afastado e como ocorreu a industria-
lização a partir da crise dos anos 30. 
O período crítico de altos índices inflacionários, as tentativas de estabilização da 
moeda e seus reflexos na atividade econômica foram abordados na penúltima uni-
dade do livro. Vimos algumas particularidades das políticas econômicas voltadas à 
industrialização, ao desenvolvimento e a estabilização econômica adotadas na se-
gunda metade do século XX. 
CONCLUSÃO
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CONCLUSÃO
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Para finalizarmos o objetivo proposto por este material didático, a Unidade V apre-
sentou algumas megatendências mundiais que impactaram no cenário atual do 
agronegócio no mundo. Dentre elas, destaca-se à globalização e a importância da 
inovação e do conhecimento na nova realidade econômica. 
Portanto, querido(a) aluno (a), findamos o presente livro expondo o posicionamen-
to do Brasil frente ao mercado global por meio de indicadores sobre a evolução da 
Balança Comercial brasileira, e fizemos uma análise sobre a situação atual da econo-
mia brasileira e algumas tendências para o agronegócio.
É com grande satisfação que encerramos o presente material e esperamos que você, 
querido(a) aluno(a), tire proveito deste para sua formação profissional.
Boa sorte e bons estudos.
Prof.ª Ariane Maria Machado de Oliveira
REFERÊNCIAS
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