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ECONOMIA BRASILEIRA

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Prévia do material em texto

ECONOMIA 
BRASILEIRA
Professora Me. Ariane Maria Machado de Oliveira
Professor Me. Jair Júnior Sanches Sabes
Professor Me. Silvio Silvestre Barczsz
GRADUAÇÃO
UNICESUMAR
Reitor
Wilson de Matos Silva
Vice-Reitor
Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor de Administração
Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor de EAD
Willian Victor Kendrick de Matos Silva
Presidente da Mantenedora
Cláudio Ferdinandi
NEAD - Núcleo de Educação a Distância
Direção Operacional de Ensino
Kátia Coelho
Direção de Planejamento de Ensino
Fabrício Lazilha
Direção de Operações
Chrystiano Mincoff
Direção de Mercado
Hilton Pereira
Direção de Polos Próprios
James Prestes
Direção de Desenvolvimento
Dayane Almeida 
Direção de Relacionamento
Alessandra Baron
Head de Produção de Conteúdos
Rodolfo Encinas de Encarnação Pinelli
Gerência de Produção de Conteúdos
Gabriel Araújo
Supervisão do Núcleo de Produção de 
Materiais
Nádila de Almeida Toledo
Supervisão de Projetos Especiais
Daniel F. Hey
Coordenador de Conteúdo
Silvio Silvestre Barczsz
Design Educacional
Fernando Henrique Mendes 
Rossana Costa Giani 
Projeto Gráfico
Jaime de Marchi Junior
José Jhonny Coelho
Editoração
Daniel Fuverki Hey 
Revisão Textual
Jaquelina Kutsunugi, Keren Pardini, Maria 
Fernanda Canova Vasconcelos, Nayara 
Valenciano, Rhaysa Ricci Correa e Susana Inácio
Ilustração
Humberto Garcia da Silva
C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a 
Distância; OLIVEIRA, Ariane Maria Machado de;
 BARCZSZ, Silvio Silvestre; SABES, Jair Júnior Sanches.
 
 Economia brasileira. Ariane Maria Machado de Oliveira,
 Silvio Silvestre Barczsz, Jair Júnior Sanches Sabes. 
 Reimpressão
 Maringá-Pr.: UniCesumar, 2018. 
 178 p.
“Graduação - EaD”.
 
 1. Agronegócio. 2. Economia brasileira. 3. EaD. I. Título. 
ISBN 978-85-8084-539-6
 CDD - 22 ed. 338.1
CIP - NBR 12899 - AACR/2
Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário 
João Vivaldo de Souza - CRB-8 - 6828
Viver e trabalhar em uma sociedade global é um 
grande desafio para todos os cidadãos. A busca 
por tecnologia, informação, conhecimento de 
qualidade, novas habilidades para liderança e so-
lução de problemas com eficiência tornou-se uma 
questão de sobrevivência no mundo do trabalho.
Cada um de nós tem uma grande responsabilida-
de: as escolhas que fizermos por nós e pelos nos-
sos fará grande diferença no futuro.
Com essa visão, o Centro Universitário Cesumar – 
assume o compromisso de democratizar o conhe-
cimento por meio de alta tecnologia e contribuir 
para o futuro dos brasileiros.
No cumprimento de sua missão – “promover a 
educação de qualidade nas diferentes áreas do 
conhecimento, formando profissionais cidadãos 
que contribuam para o desenvolvimento de uma 
sociedade justa e solidária” –, o Centro Universi-
tário Cesumar busca a integração do ensino-pes-
quisa-extensão com as demandas institucionais 
e sociais; a realização de uma prática acadêmica 
que contribua para o desenvolvimento da consci-
ência social e política e, por fim, a democratização 
do conhecimento acadêmico com a articulação e 
a integração com a sociedade.
Diante disso, o Centro Universitário Cesumar al-
meja ser reconhecida como uma instituição uni-
versitária de referência regional e nacional pela 
qualidade e compromisso do corpo docente; 
aquisição de competências institucionais para 
o desenvolvimento de linhas de pesquisa; con-
solidação da extensão universitária; qualidade 
da oferta dos ensinos presencial e a distância; 
bem-estar e satisfação da comunidade interna; 
qualidade da gestão acadêmica e administrati-
va; compromisso social de inclusão; processos de 
cooperação e parceria com o mundo do trabalho, 
como também pelo compromisso e relaciona-
mento permanente com os egressos, incentivan-
do a educação continuada.
Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está 
iniciando um processo de transformação, pois quan-
do investimos em nossa formação, seja ela pessoal 
ou profissional, nos transformamos e, consequente-
mente, transformamos também a sociedade na qual 
estamos inseridos. De que forma o fazemos? Criando 
oportunidades e/ou estabelecendo mudanças capa-
zes de alcançar um nível de desenvolvimento compa-
tível com os desafios que surgem no mundo contem-
porâneo. 
O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de 
Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo 
este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens 
se educam juntos, na transformação do mundo”.
Os materiais produzidos oferecem linguagem dialó-
gica e encontram-se integrados à proposta pedagó-
gica, contribuindo no processo educacional, comple-
mentando sua formação profissional, desenvolvendo 
competências e habilidades, e aplicando conceitos 
teóricos em situação de realidade, de maneira a inse-
ri-lo no mercado de trabalho. Ou seja, estes materiais 
têm como principal objetivo “provocar uma aproxi-
mação entre você e o conteúdo”, desta forma possi-
bilita o desenvolvimento da autonomia em busca dos 
conhecimentos necessários para a sua formação pes-
soal e profissional.
Portanto, nossa distância nesse processo de cres-
cimento e construção do conhecimento deve ser 
apenas geográfica. Utilize os diversos recursos peda-
gógicos que o Centro Universitário Cesumar lhe possi-
bilita. Ou seja, acesse regularmente o AVA – Ambiente 
Virtual de Aprendizagem, interaja nos fóruns e en-
quetes, assista às aulas ao vivo e participe das discus-
sões. Além disso, lembre-se que existe uma equipe de 
professores e tutores que se encontra disponível para 
sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de 
aprendizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranqui-
lidade e segurança sua trajetória acadêmica.
Diretoria Operacional 
de Ensino
Diretoria de 
Planejamento de Ensino
Professora Me. Ariane Maria Machado de Oliveira
Mestre em Teoria Econômica pela Universidade Estadual de Maringá - UEM, 
graduação em Ciências Econômicas pela Universidade Estadual de Londrina 
- UEL. Leciona nas áreas de Economia e Finanças.
Professor Me. Silvio Silvestre Barczsz
Mestre em Agronegócios pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul 
- UFMS, pós-graduação Lato Sensu em Economia e Gestão do Agronegócio 
pela Universidade Estadual de Maringá - UEM e graduação em Ciências 
Econômicas com concentração em Economia do Agronegócio pela 
Universidade Estadual de Maringá - UEM. Coordenador do curso Superior de 
Tecnologia em Agronegócio e do curso Superior de Tecnologia em Gestão 
Ambiental do Núcleo de Educação a Distância do Unicesumar. 
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Professor Me. Jair Júnior Sanches Sabes 
Mestre em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de São 
Carlos - UFSCar, pós-graduação (Especialista) em Economia e Gestão do 
Agronegócio pela Universidade Estadual de Maringá - UEM; graduação em 
Administração pela Universidade Estadual de Maringá - UEM.
SEJA BEM-VINDO(A)!
Distinto(a) acadêmico(a)!
É com muito orgulho que apresento a você o livro que fará parte da disciplina de Eco-
nomia Brasileira. Sou a Professora Me. Ariane Maria Machado de Oliveira e, juntamente 
com os Professores Me. Silvio Silvestre Barczsz e Me. Jair Júnior Sanches Sabes, elaborei 
com muito afeto e responsabilidade este material para que você, caro(a) aluno(a), co-
nheça mais sobre a relação existente entre o Agronegócio e a Economia Brasileira.
Para tal, devemos refletir sobre um debate antigo, mas de grande importância: quem 
gera o desenvolvimento do país? É o setor agrícola ou é o setor industrial?
Estamos acostumados a ouvir alguns dizerem que o Brasil é um país eminentemente 
agrícola. Outros dizem que é exatamente devido aos atrasos de nossa agricultura que 
não somos um país desenvolvido. Alguns radicalizam ainda mais ao dizer que o retró-
grado setor agrícola brasileiroteria sido o impedimento fundamental ao desenvolvi-
mento do país. Quem está com a razão?
Apesar de suas particularidades, a agricultura é dependente do que acontece na eco-
nomia mundial como um todo. Para entender as mudanças pelas quais passa, deve-se 
considerar, além da ação do Estado e das políticas públicas, a forma como o desenvol-
vimento tecnológico e o capital se recolocam em nível mundial. A própria análise do 
desenvolvimento da agricultura familiar deve ser entendida nesse contexto.
Veremos, portanto, ao longo deste livro, caro(a) acadêmico(a), aspectos relacionados à 
evolução histórica da agricultura, passando pelos conceitos de agronegócio, cadeias e 
sistemas agroindustriais, especificidades do agronegócio no Brasil, a competitividade 
em sistemas agroindustriais, as transformações na economia brasileira e no meio rural 
brasileiro durante a segunda metade do século XX, para então abordarmos as megaten-
dências mundiais e seus impactos no panorama global do setor agrícola.
A dimensão que assumiu o agronegócio brasileiro, a sua importância estratégica para 
reprodução do capitalismo nacional e garantia da estabilidade social no campo e nos 
centros urbanos, e a percepção de suas particularidades intrínsecas, são aspectos que 
determinam um tratamento diferenciado para este setor, prática recorrente na maioria 
dos países. 
Portanto, caro(a) acadêmico (a), a Unidade I foi desenvolvida para que você, futuro ges-
tor(a) do agronegócio, compreenda a evolução, as particularidades inerentes aos seus 
produtos, os agentes econômicos envolvidos e as formas de inter-relação entre tais 
agentes do agronegócio.
Na agricultura prevalece o tipo de mercado concorrencial, em que há um número muito 
grande de produtores e a entrada ou saída de novos concorrentes não altera basica-
mente a formação de preços. Por este motivo, os negócios agrícolas têm que perseguir 
indefinidamente melhores índices de produtividade e redução de custos, ou seja, maior 
competitividade. 
APRESENTAÇÃO
ECONOMIA BRASILEIRA
A Unidade II apresenta uma revisão de literatura sobre gestão e competitividade em 
nível de sistemas agroindustriais. Aspectos importantes sobre gerenciamento e vanta-
gem competitiva são apresentados como ferramentas importantes para o êxito de um 
sistema de produção agroindustrial.
Prezado(a) acadêmico(a), a Unidade II também lhe proporcionará conhecer as principais 
aplicações da noção de cadeia produtiva agroindustrial (CPA), apresentando, para tanto, 
como está constituída a cadeia produtiva agroindustrial do amendoim e seus derivados 
no Brasil. Para finalizar a Unidade, veremos as análises de competitividade conduzidas 
em nível de sistemas agroindustriais.
As transformações ocorridas não apenas no setor agrícola, mas também na economia 
global devem ser levadas em conta para compreendermos o panorama atual do agro-
negócio. A Unidade III vem então apresentar a você, prezado(a) acadêmico(a), uma re-
flexão sobre a economia brasileira agroexportadora e as transformações no meio rural 
brasileiro ao longo do século XX.
Algumas características da economia cafeeira serão apresentadas, visto que esta contri-
buiu grandemente para o processo de evolução do agronegócio brasileiro. Entender as 
transformações ocorridas no cenário rural brasileiro, abordando os reflexos das trans-
formações demográficas entre o campo e a cidade, nos auxiliará na compreensão do 
contexto atual do agronegócio.
Prezado(a) aluno(a), veremos na Unidade IV como ocorre a ruptura do modelo econômi-
co brasileiro e como esse passa a se desenvolver. O modelo agroexportador é paulatina-
mente afastado e ocorre a industrialização a partir da crise dos anos 30. Explanaremos 
então como ocorreu a chamada industrialização substituidora de importações. 
Ao longo desta Unidade, serão abordadas particularidades das políticas econômicas 
voltadas à industrialização, ao desenvolvimento e à estabilização econômica adotadas 
na segunda metade do século XX. Analisaremos também o período crítico de altos índi-
ces inflacionários, as tentativas de estabilização da moeda e seus reflexos na atividade 
econômica, destacando o setor agrícola.
Para finalizarmos o objetivo proposto por este material didático, a Unidade V apresenta 
algumas megatendências mundiais que impactaram no cenário atual do agronegócio 
no mundo. Dentre elas, destacam-se a globalização e a importância da inovação e do 
conhecimento na nova realidade econômica. 
Portanto, querido(a) aluno(a), findamos o presente livro expondo o posicionamento do 
Brasil frente ao mercado global por meio de indicadores sobre a evolução da Balança 
Comercial brasileira, e fazendo uma análise sobre a situação atual da economia brasilei-
ra e algumas tendências para o agronegócio.
Aproveite seus estudos, se dedique, leia! O material auxiliará você, querido(a) aluno(a), a 
ultrapassar mais uma etapa em sua vida. Utilize as dicas de leitura, saiba mais, indicação 
de livros e links, para enriquecer mais seus conhecimentos!
Bons Estudos
Prof.ª Ariane Maria Machado de Oliveira
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APRESENTAÇÃO
SUMÁRIO
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UNIDADE I
NOÇÕES GERAIS DE AGRONEGÓCIO E AGRONEGÓCIO NO BRASIL
15 Introdução
16 Evolução Histórica da Agricultura 
19 Da Agricultura ao Agronegócio: Definição, Agentes e Inter-relações 
29 Especifidades do Agronegócio 
31 O Agronegócio no Brasil 
36 Tendências para o Agronegócio 
48 Considerações Finais 
UNIDADE II
GESTÃO E COMPETITIVIDADE EM SISTEMAS DE PRODUÇÃO 
AGROINDUSTRIAIS: CONCEITOS E DEFINIÇÕES
55 Introdução
55 Retomando Conceitos de Agronegócio e Commodity System Approach 
(Csa)
57 Cadeias Produtivas Agroindustriais 
62 Gerenciando com Eficiência e Eficácia em Nível de Sistema Agroindustrial 
67 Noção de Competitividade 
75 Considerações Finais 
SUMÁRIO
11
UNIDADE III
A ECONOMIA BRASILEIRA E O SETOR AGRÍCOLA
81 Introdução
90 Contexto Histórico das Transformações no Meio Rural 
93 Os Reflexos na Agricultura 
98 Considerações Finais 
UNIDADE IV
A EVOLUÇÃO DA ECONOMIA BRASILEIRA: POLÍTICAS ECONÔMICAS E 
SEUS REFLEXOS NO SETOR AGRÍCOLA
103 Introdução
104 O Processo de Substituição de Importações 
105 A Crise do PSI e as Reformas Institucionais no PAEG – 1962/67 
109 Plano Cruzado 
115 Plano Collor 
120 Plano Real 
127 Volatilidade do Crescimento 
135 Considerações Finais 
SUMÁRIO
11
UNIDADE V
A AGRICULTURA BRASILEIRA E AS MEGATENDÊNCIAS MUNDIAIS
141 Introdução
142 A Agricultura Brasileira e as Megatendências Mundiais 
150 O Agronegócio no Mundo 
167 Perspectivas para o Agronegócio 
170 Considerações Finais 
173 CONCLUSÃO
175 REFERÊNCIAS
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Professor Me. Silvio Silvestre Barczsz
NOÇÕES GERAIS DE 
AGRONEGÓCIO E 
AGRONEGÓCIO NO BRASIL
Objetivos de Aprendizagem
 ■ Conhecer o processo de evolução do agronegócio, bem como suas 
especificidades. 
 ■ Entender os diferentes tipos de agentes econômicos envolvidos no 
agronegócio e suas inter-relações.
 ■ Conhecer o desenvolvimento e a evolução do agronegócio no Brasil.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
 ■ A definição de agronegócio e sua evolução
 ■ Os agentes envolvidos no agronegócio
 ■ As inter-relações entre os diferentes agentes, considerando as cadeias 
de produção, os Sistemas Agroindustriais e as redes (netchains)
 ■ As particularidades do agronegócio
 ■ A importância do agronegócio para a economia brasileira
 ■ Os principais produtos do agronegócio brasileiro
 ■ A evolução do agronegócio no Brasil, em termos de produtos, 
produção e consumo
 ■ As principais tendências na produção (orgânicos, comércio justo e 
solidário, ambientalmente corretos etc.)
INTRODUÇÃO
Nos últimos anos, muito se ouve falar de agronegócio.Jornais, revistas e notici-
ários do mundo inteiro comentam o desempenho e a evolução do agronegócio 
no mundo, nas diferentes regiões econômicas – tais como a União Europeia e 
o Mercosul, e nos diversos países. Fala-se muito em barreiras protecionistas 
para produtos do agronegócio, balança comercial, relações de compra e venda 
entre países, inserção de novos produtos na pauta de discussão das negociações 
internacionais entre outros temas. Pode ser até mesmo que você tenha se inte-
ressado pelo curso de agronegócio por ter lido ou ouvido falar de algum dos 
temas acima listados. 
No entanto, nem todos sabem exatamente o que quer dizer agronegócio. Fazer 
um curso em agronegócio implica necessariamente em compreendê-lo. Mais 
do que pensar que agronegócio é a tradução do termo em inglês agribusiness, 
é importante entender o que realmente constitui o chamado agronegócio. Para 
tanto, é preciso que se compreenda sua evolução, as particularidades inerentes 
aos seus produtos, os agentes econômicos envolvidos e as formas de inter-rela-
ção entres esses agentes. 
É esse o intuito desta primeira unidade: levá-lo a compreender, de uma 
maneira geral, o que é agronegócio. A unidade está dividida em quatro seções. A 
primeira é a introdução, que acabamos de ver. Em seguida, trataremos de iden-
tificar a evolução histórica da agricultura, para entendermos como chegamos ao 
agronegócio. Depois, na terceira seção, vamos definir agronegócio e as inter-re-
lações entre os diferentes agentes envolvidos, considerando as noções de cadeias 
de produção, Sistemas Agroindustriais e redes (netchains). Nessa seção também 
será realizada breve descrição dos diferentes agentes envolvidos no agronegócio. 
Por fim, na quarta seção, serão expostas algumas particularidades, que fazem 
do agronegócio um setor “especial” e o levam a ser estudado separadamente. 
Bom estudo!
Professor Silvio Silvestre Barczsz
Introdução
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NOÇÕES GERAIS DE AGRONEGÓCIO E AGRONEGÓCIO NO BRASIL
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IU N I D A D E16
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA AGRICULTURA
A AGRICULTURA NO MUNDO
A agricultura no mundo, até meados do século passado, era basicamente depen-
dente da evolução que havia alcançado com a Primeira Revolução Agrícola. Esta 
revolução, que teve origem na Europa dos séculos XVIII e XIX, constituiu-se 
basicamente: (a) na intensificação da adoção de sistemas de rotação de culturas 
com plantas forrageiras (capim e leguminosas), (b) no uso de adubação orgânica 
(estercos animais), (c) na introdução de novas máquinas e instrumentos mecâ-
nicos de tração animal, caracterizando a integração das atividades de pecuária 
e agricultura (Mazoyer, 1988). 
A Segunda Revolução Agrícola, por sua vez, iniciou-se com a descoberta dos 
adubos químicos em fins do século XIX, mas foi intensamente divulgada a partir 
de meados do século passado. O período pós-guerra, principalmente nos paí-
ses capitalistas desenvolvidos, foi marcado pela melhoria das condições sociais 
e econômicas, e ficou conhecido como Anos Dourados. Dentre as mudanças 
ocorridas nesse período, o aumento da produção em massa de alimentos pode 
ser destacado como fator importante na determinação do crescimento mundial 
da população. O crescimento da produção de alimentos, no geral, foi maior que 
o aumento da população. De fato, nas duas décadas que correspondem ao perí-
odo de 1970 a 1990, o total de alimento disponível per capita no mundo, ou seja, 
Evolução Histórica da Agricultura
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já levando em conta o considerável aumento populacional da época, aumentou 
em 11% (Rosset; Collins; Lappé, 2000). Esse aumento da produção agrícola nos 
países desenvolvidos foi estimulado pelos altos subsídios à produção e à expor-
tação dados aos produtores. 
A evolução da tecnologia no pós-guerra, impulsionada primeiramente pela 
necessidade bélica, possibilitou uma grande revolução tecnológica. Tal revolução 
foi expressiva no desenvolvimento do período em questão, permitindo avanços 
não só na indústria como também na agricultura. Nesse último setor, especifi-
camente, ela possibilitou o aumento da produtividade por meio de:
 ■ Uso intensivo de capital com o desenvolvimento da motorização e da 
mecanização, em muitos casos levando à substituição de mão de obra 
nas lavouras.
 ■ Adubação química com macronutrientes, levando a acreditar em um 
melhor aproveitamento dos solos.
 ■ Aumento da resistência das culturas às pragas e aos fatores climáticos, 
com a intensificação do uso de defensivos, pesticidas e agrotóxicos e com 
melhoramento genético das sementes (sementes híbridas). 
Esse novo sistema agrário tende a se impor a outras partes do mundo, sendo assim 
introduzido nos países em desenvolvimento. O pacote tecnológico conhecido 
como “Revolução Verde” tratou da introdução sistemática nesses países, dessas 
novas variedades de culturas de alta produtividade, principalmente a partir da 
década de 1960. É nesse ponto que começamos a falar do Brasil.
AGRICULTURA NO BRASIL
No passado, o Brasil assumiu na economia mundial o papel de país agrário exportador, 
predominando aqui o extrativismo e a monocultura. Exemplos disso são os ciclos do 
pau-brasil, da cana-de-açúcar e do café (PAULILLO, 2007). O Brasil 
dependia da economia dos países desenvolvidos, não só porque estes 
compravam seus produtos agrícolas, mas também porque eram eles os for-
necedores de produtos industrializados para o consumo interno. As crises 
NOÇÕES GERAIS DE AGRONEGÓCIO E AGRONEGÓCIO NO BRASIL
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IU N I D A D E18
mundiais afetavam diretamente a economia brasileira. Assim, o modelo 
primário-exportador utilizado no Brasil até início do século XX começou a ruir, 
devido principalmente à crise de 1929. 
A partir de meados da década de 50, o desempenho da agricultura nova-
mente entrou em queda. A diminuição do ritmo de crescimento da produção 
doméstica de alimentos e as consequentes crises de abastecimento; a elevação 
dos preços agrícolas; a insuficiente geração de divisas para suprir o processo de 
acumulação de capital; as tensões sociais, tudo isso contribuiu para colocar em 
xeque a funcionalidade da agricultura e seu desempenho (BUAINAIN, 1999). 
Diante disso, o Governo reage. O Plano de Metas e o processo de substituição 
das importações, desencadeados no Governo JK, começam a refletir na econo-
mia brasileira e na agricultura nacional. 
No Brasil, as décadas de 60 e 70 são marcadas pela intensificação do uso 
de maquinário e produtos químicos na agricultura. Tais objetivos deveriam ser 
alcançados via modernização da base técnica, integração intersetorial e fortale-
cimento da agroindústria, e expansão da fronteira agrícola. Foi a partir daí que 
a “Revolução Verde” ocorreu no país.
Diante do exposto, percebe-se que a agricultura no Brasil e no mundo pas-
sou por grandes transformações nos últimos cem anos. No caso do Brasil, tanto 
o processo de substituição das importações quanto a modernização da base téc-
nica representaram os primeiros passos para a transformação dos complexos 
rurais e complexos agroindustriais. Entre as décadas de 50 e 70, observou-se a 
unificação dos capitais agrícola, comercial, industrial e financeiro, e o início da 
agroindustrialização no Brasil (PAULILLO, 2007). A agricultura se insere no 
contexto industrial, seja por estar ligada à indústriade insumos, seja por forne-
cer matéria-prima para a crescente indústria de transformação industrial. 
Mas o que “agroindustrialização” ou “complexos agroindustriais” tem a ver 
com agronegócio, tema deste curso? É que vamos entender na próxima seção. 
Da Agricultura ao Agronegócio: Definição, Agentes e Inter-relações
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DA AGRICULTURA AO AGRONEGÓCIO: DEFINIÇÃO, 
AGENTES E INTER-RELAÇÕES
O QUE É AGRONEGÓCIO?
As ideias iniciais do que hoje entendemos por agronegócio, embora possam 
parecer recentes, surgiram há algumas décadas. Em 1957, dois estudiosos nor-
te-americanos, John Davis e Ray Goldberg, definiram agribusiness como:
[...] a soma de todas as operações associadas à produção e distribuição 
de insumos agrícolas, operações realizadas nas unidades agrícolas bem 
como as ações de estocagem, processamento e distribuição dos produ-
tos, e também dos produtos derivados (DAVIS; GOLDBERG, 1957, p. 
85 apud ZYLBERSZTAJN, 1995, p. 107).
Ou seja, o agronegócio pode ser entendido como o conjunto de atividades téc-
nicas e produtivas necessárias para que produtos provenientes da agropecuária 
cheguem até o consumidor final. Isso envolve agentes dos diferentes setores – 
agricultura, indústria e serviços. 
Considerando o contexto histórico e a definição de agronegócio, pode-se 
afirmar que a produção rural deixou de ser vista isoladamente, pois: (1) depen-
dia de insumos fornecidos por outros (não utilizava mais os insumos produzidos 
internamente); (2) era mais especializada e tecnificada; e (3) tinha atividades de 
distribuição, armazenagem e transporte muito complexas para serem realiza-
das internamente (ZYLBERSZTAJN; NEVES, 2000). Por isso, passou-se a falar 
em agroindústria e complexos agroindustriais (junção dos termos “agricultura” 
e “indústria”).
Mas como será que as relações entre os agentes envolvidos no agronegócio 
ocorrem? É o que vamos ver a seguir. 
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INTER-RELAÇÕES ENTRE OS AGENTES
Você já parou para pensar que em qualquer sistema social, biológico ou econô-
mico, ninguém vive sozinho? Num sistema social, precisamos nos relacionar 
uns com os outros, a não ser que decidamos nos tornar eremitas. O próprio sur-
gimento da linguagem se deu pela necessidade de relação e comunicação com 
outros indivíduos. Ao estudarmos biologia, aprendemos que o leão precisa da 
zebra para se alimentar; a zebra precisa da vegetação; a vegetação precisa da luz 
solar e de nutrientes do solo. E, no fim das contas, as bactérias e/ou os urubus 
se alimentam do leão quando este morre. 
Nesse caso, o que se mostrou foi um breve exemplo de cadeia alimentar: 
nutrientes + luz solar => vegetação => zebra => leão => bactérias e urubus. 
Percebem que se trata de uma sequência? Pode-se dizer que cada um desses 
seres representa um elo da cadeia. Se tirarmos um desses elos, a cadeia não mais 
funciona. Por exemplo: se a vegetação desaparece, a zebra não tem do que se ali-
mentar e, assim, não pode servir de alimento para o leão. 
Na economia, por sua vez, para que haja uma transação econômica, é preciso 
que exista pelo menos dois agentes: um interessado em comprar e outro interes-
sado em vender algum bem. Essa relação cliente–fornecedor é importante no 
agronegócio, pois influencia o desempenho econômico de vários agentes. É por 
isso que tanto se fala em coordenação entre os agentes.
CADEIAS DE PRODUÇÃO
Considerando que o agronegócio é representado por uma sequência de operações 
entre diferentes agentes econômicos – da produção de insumos até o consumi-
dor final, alguns estudiosos pesquisaram a relação entre eles. Nesse texto, são 
abordadas duas correntes: a dos norte-americanos e a da escola francesa de eco-
nomia industrial.
No primeiro grupo de estudos, Davis e Goldberg mostraram a existência de 
interdependência entre os diferentes setores da economia – agricultura, indús-
tria e serviços, e passaram a tratá-los de forma inter-relacionada. Para eles, as 
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atividades agrícolas faziam parte de uma rede de agentes econômicos, que iam 
desde a produção de insumos agropecuários até a distribuição dos produtos 
finais. Afirmaram, então, que os estudos deveriam seguir um recorte vertical, 
como mostrado na Figura 1, a partir de uma matéria-prima da agropecuária. 
Nesse momento, surge o conceito de Commodity System Approach (CSA). Por 
essa ideia, pode-se falar em CSA da laranja, do leite, do café etc. (BATALHA; 
SILVA, 2007).
Figura 1: O recorte vertical para análise de CSA
Fonte: Batalha e Silva (2007)
Estudiosos franceses de economia industrial também abordaram a inter-relação 
entre os setores da economia, ao definirem o conceito de cadeia de produção, 
ou cadeia produtiva, agroindustrial (filière, em francês) (MORVAN, 1991). Para 
eles, uma cadeia de produção é uma sequência de operações produtivas, relações 
comerciais e financeiras, representada por um fluxo de trocas entre fornecedo-
res e clientes, até se chegar a um produto final. 
Uma cadeia de produção pode ser dividida em três grandes segmentos: (1) 
comercialização – no qual inclui-se logística e distribuição; (2) industrialização, 
no qual se inserem as empresas de transformação; e (3) produção de matérias-
-primas, no qual está a produção rural. O foco de análise, na análise de filière, 
é o produto final, e não a matéria-prima (BATALHA; SILVA, 2007). Assim, ao 
invés de se falar em CSA do boi, fala-se em cadeia da carne, cadeia do couro etc.
Apesar das muitas discussões teóricas comparando os estudos dos norte-a-
mericanos com os dos franceses, para fins de compreensão do agronegócio, é 
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aceitável que aqui se abandonem as diferenças entre as duas visões. 
Na verdade, há muitas similaridades nas definições de CSA e de filière, como 
pôde ser visto anteriormente. Em especial, duas semelhanças são relevantes para 
estudo do agronegócio. A primeira é que ambas tratam da análise econômica a 
partir da interdependência e inter-relação entre agentes dos diferentes setores 
da economia, integrando agricultura, indústria e serviços. A outra é que os dois 
enfoques priorizam uma visão sistêmica. Ou seja, levam em conta que os agen-
tes estão inseridos em um ambiente, e que o mesmo está em constante mudança, 
influenciando os agentes econômicos (BATALHA; SILVA, 2007). Assim, faz sen-
tido afirmar que nós, como agentes econômicos, fazemos parte de um sistema. 
Por convenção, daqui por diante será utilizado o termo “cadeia de produção”. 
Um complexo agroindustrial, por sua vez, pode ser formado por várias cadeias 
produtivas com a existência de agentes em comum. Assim, pode-se falar no com-
plexo sucroalcooleiro, formado pelas cadeias do açúcar e do álcool. Nesse caso, 
os elos de produção rural e industrialização podem ser formados por agentes em 
comum. No caso do complexo de carnes, que inclui as cadeias de produção de 
carne bovina, suína e de frango, os agentes em comum podem estar na etapa de 
industrialização, pois frigoríficos podem processar mais de um tipo de animal.
Para análise de uma cadeia de produção, deve-se considerar os diferentes 
“elos” que a compõem. Esses elosnada mais são do que os grupos de agentes 
econômicos envolvidos em cada uma das etapas. Nesse caso, faz-se uma analo-
gia à ideia de corrente composta por elos interligados.
As cadeias de produção agroindustrial podem ser classificadas como alimen-
tares ou não alimentares. No primeiro caso, incluem-se aqueles agentes envolvidos 
na produção de alimentos, tais como leite, café, carnes e sucos. No segundo, des-
tacam-se as produções de calçados (cadeia de couros e peles), móveis (cadeia da 
madeira) e vestuário (cadeia do algodão).
De uma maneira geral, pode-se afirmar que uma cadeia produtiva é com-
posta pelos seguintes elos:
 ■ Insumos agropecuários: inclui agentes responsáveis pela produção e dis-
tribuição de insumos para a produção rural. Incluem-se aqui empresas 
de fertilizantes, pesticidas, sementes, rações, medicamentos entre outras.
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 ■ Produção rural: são agentes envolvidos com a produção agrícola e 
pecuária.
 ■ Indústria de transformação: são as empresas responsáveis pelo proces-
samento dos produtos agropecuários. Esse elo pode ser subdividido em 
mais etapas, caracterizando: 1ª transformação, 2ª transformação e assim 
por diante. No caso da soja, por exemplo, após a produção rural, pode-
se observar a indústria de 1ª transformação, que processa óleo bruto, e a 
indústria de 2ª transformação, que transforma óleo bruto em óleo refi-
nado. A subdivisão desse elo é conveniente quando as etapas do processo 
nem sempre são realizadas pelo mesmo grupo de agentes.
 ■ Atacado: neste elo, incluem-se as empresas atacadistas, ou seja, que adqui-
rem os produtos das empresas processadora e distribuem em grandes 
quantidades. Dada a concentração de mercado e o aumento de poder das 
grandes redes supermercadistas, esse elo tem, em muitos casos, desapa-
recido das cadeias de produtos alimentares, pois os supermercados têm 
adquirido os produtos diretamente da indústria.
 ■ Varejo: são aqueles responsáveis pela venda dos produtos ao consumi-
dor final. Incluem desde pequenas lojas especializadas até grandes redes 
supermercadistas.
 ■ Consumidor final: trata-se do elo mais relevante da cadeia. De fato, a 
eficácia e eficiência de uma cadeia de produção está associada ao aten-
dimento das necessidades do mercado, ou seja, do consumidor. Assim, 
muitas análises de cadeias produtivas partem do estudo do mercado con-
sumidor de seus produtos.
A figura 2 ilustra um esquema típico de 
cadeia de produção. As setas indicam os flu-
xos existentes entre os elos: da esquerda para 
a direita, observa-se fluxo de mercadorias, 
serviços e informações entre os agentes. Ou 
seja, é o caminho percorrido pelo produto. 
No sentido inverso, o que é passado de um 
elo a outro são informações e dinheiro. 
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Figura 2: Esquema genérico de uma cadeia de produção
Fonte: Adaptado de Batalha e Silva (2007)
Para melhor compreender uma cadeia de produção, observe o exemplo abaixo:
 ■ Para que o jeans que você está usando agora tenha sido comprado por 
você, uma série de atividades produtivas foram necessárias. Insumos agrí-
colas (fertilizantes, inseticidas etc.) foram utilizados por produtores rurais 
de algodão. O algodão que eles produziram foi colhido, beneficiado por 
uma algodoeira e vendido para empresas do setor têxtil. Estas foram res-
ponsáveis pela fiação e tecelagem, fabricando o tecido. Uma fábrica do 
setor de vestuário, por sua vez, comprou o tecido e confeccionou, dentre 
outras peças, a sua calça. Essa empresa vendeu mercadorias para empre-
sas do setor atacadista, como aquelas de grandes shoppings atacadistas de 
vestuário. Um desses atacadistas vendeu a calça jeans que você usa agora 
para uma empresa de varejo. Por fim, você foi até essa loja de confecções 
e comprou a calça. Veja na figura 3 o caminho que acabou de ser traçado. 
Para ter uma visão divertida de cadeias de produção agroindustriais, veja os 
episódios “de onde vem o ovo?” e “de onde vem o pão?”, do programa “De 
onde vem?”, da TV Cultura. Para isso, basta clicar nos links abaixo:
Cadeia do ovo:
<http://www.youtube.com/watch?v=oTBjZsjq_O0&playnext=1&list=PL-
021B0F940D4E8CA3&feature=results_video>.
Cadeia do pão: 
<http://www.youtube.com/watch?v=eFARyfWCgkM&playnext=1&list=PL-
021B0F940D4E8CA3&feature=results_main>.
Fonte: Fundação Padre Anchieta, 2008.
Quando se fala em agronegócio, quase sempre se imagina mega empreen-
dimentos e operações gigantescas, como observado na figura.
Fonte: <http://en.mercopress.com/2009/04/13/the-success-of-brazilian-far-
ming-and-argentinas-disarray>
No entanto, é errôneo pensar que o agronegócio inclui apenas a produção 
em alta escala, realizada em grandes fazendas altamente tecnificadas. A 
agricultura familiar e a pequena produção também fazem parte do agrone-
gócio, e têm grande relevância para a economia de muitos países. As produ-
ções de leite e de hortaliças, por exemplo, são desenvolvidas principalmen-
te por pequenos produtores rurais. A mesma ideia também é válida para os 
outros elos da cadeia (transformação e distribuição, por exemplo).
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Figura 3: Esquema simplificado da cadeia de produção do algodão
Fonte: Adaptado de Buainain e Batalha (2007)
No exemplo acima, é possível identificar a participação de vários agentes econômi-
cos, desde a produção e distribuição de insumos agrícolas até o consumidor final.
A delimitação de uma cadeia de produção vai depender das transações e dos 
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agentes que se pretende estudar. É por isso que hoje não se leva tanto em consi-
deração o fato de se partir de um produto final ou de uma matéria-prima para 
definir uma cadeia. 
É óbvio que cada cadeia vai ter suas particularidades, apresentando mais ou 
menos elos, e até mesmo a inclusão de agentes intermediários entre os elos. Isso 
vai depender não só do produto, mas também das características dos agentes, 
do mercado, da região e do ambiente no qual os agentes estão inseridos. Assim, 
estamos nos referindo ao sistema.
SISTEMAS AGROINDUSTRIAIS
Pensando no sistema, alguns estudiosos trabalharam com a noção de Sistemas 
Agroindustriais (SAI ou SAG) (BATALHA; SILVA, 2007; ZYLBERSZTAJN; 
NEVES, 2000). Nesse caso, a visão é mais ampla. Para análise de Sistemas 
Agroindustriais, consideram-se não somente os agentes diretamente envolvi-
dos na cadeia de produção, mas também outros agentes e fatores que influenciam 
o desempenho da cadeia. São eles:
 ■ Ambiente institucional: caracteriza-se pelas regras formais e informais 
que ditam e guiam a conduta dos agentes da cadeia. Inclui o sistema legal, 
as tradições e costumes, as regulamentações, e as políticas macroeconômi-
cas e setoriais públicas. A taxa de câmbio, por exemplo, é um fator que faz 
parte desse ambiente e influencia o desempenho dos agentes e da cadeia 
como um todo (o câmbio elevado é favorável às exportações, mas preju-
dica as importações de insumos e bens de capital para o setor).
 ■ Ambiente organizacional: é formado pelas associações, sindicatos e outras 
entidades de classe,além de políticas setoriais privadas. O Conseleite, no 
Paraná, por exemplo, faz parte do ambiente institucional do SAI do leite 
no estado, pois é uma organização que define preços de referência para 
venda do leite de produtores rurais para a indústria.
Para saber mais sobre o Conseleite acesse: 
<http://www.conseleitepr.com.br/site/>.
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 ■ Ambiente tecnológico: trata-se das características e da evolução tecnoló-
gica de uma cadeia. O desenvolvimento da soja transgênica, por exemplo, 
foi uma mudança tecnológica que influenciou e tem influenciado a cadeia 
da soja no Brasil e no mundo.
 ■ Indústria e serviços de apoio: são os agentes que não estão inseridos na 
cadeia produtiva propriamente dita, mas que colaboram para o desem-
penho da mesma. Tratam-se das empresas de embalagens, aditivos, 
máquinas e equipamentos para a indústria, logística, estocagem e trans-
porte, marketing entre outros. No caso do leite, por exemplo, a chegada 
do leite UHT (“de caixinha”) no mercado brasileiro só foi possível devido 
à existência de fornecedores de equipamentos industriais e de embala-
gens para acondicionamento do produto. Caso contrário, a indústria 
não poderia produzir esse leite, e não teriam ocorrido grandes mudan-
ças estruturais nessa cadeia.
Deve-se lembrar que o SAI, por ser um sistema, sofre mudanças ao longo do 
tempo, ou seja, não é estático. A figura 4 ilustra a visão de Sistema Agroindustrial. 
Observa-se que a cadeia de produção faz parte de um SAI.
Figura 4: Representação dos Sistemas Agroindustriais
Fonte: ZYLBERSZTAJN e NEVES (2000)
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REDES (NETCHAINS)
Por fim, uma visão mais recente do agronegócio tem levado muitos estudiosos 
a considerarem a noção de redes de empresas (do inglês, network ou netchain). 
Por uma rede, entende-se um conjunto de relacionamentos entre diferentes agen-
tes, que não necessariamente ocorrem de maneira linear. Retomando a visão de 
cadeias, as relações – representadas pelas setas na figura 4, seguem uma linha 
reta. É como se as únicas relações a serem estudadas fossem aquelas apontadas 
pelas setas. 
Na abordagem de redes, adota-se a ideia de que, para que um produto che-
gue até um consumidor final, as relações a serem estudadas (relações tanto de 
cooperação quanto de conflito, comerciais e não comerciais) não são somente 
aquelas entre os agentes da cadeia. Deve-se considerar a atuação de outros agentes, 
pois as relações não ocorrem em um único sentido (LAZZARINI; CHADDAD; 
COOK, 2001). Agentes de diferentes cadeias produtivas, por exemplo, podem se 
relacionar; agentes de um mesmo elo, também. Assim, a visão passa a ser tridi-
mensional. A figura 5 ilustra uma netchain. Os pontos representam os diferentes 
agentes e as linhas representam as relações.
Figura 5: A visão de rede (netchain)
Fonte: Lazzarini, Chaddad e Cook (2001)
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ESPECIFIDADES DO AGRONEGÓCIO
Por que o agronegócio merece ser estudado separadamente? O que leva mui-
tos estudiosos a focarem seus trabalhos em agronegócio? O que faz dele algo 
tão especial?
O tratamento individual que se dá ao agronegócio deve-se, entre outros moti-
vos, ao fato de que ele tem características específicas, que fazem com que sua 
gestão não seja igual a de outros setores produtivos (BATALHA; SCARPELLI, 
2005). Dentre as principais especificidades – ou particularidades – do agrone-
gócio, podem-se listar:
1. Sazonalidade da produção agropecuária: grande parte dos produtos 
agropecuários está sujeita a períodos de safras e entressafras, tais como 
a soja, o milho e o café. Isso influencia a cadeia como um todo, pois vai 
definir o período em que a indústria vai receber a matéria-prima. Isso 
pode influenciar as necessidades de capacidade de processamento e de 
armazenagem, por exemplo, além de influenciar a disponibilidade e o 
preço do produto ao consumidor. Todos sabemos das variações do preço 
do leite ao longo do ano por conta dos períodos de seca, de chuva e da 
consequente variação na quantidade produzida. No caso do café, por 
exemplo, agentes da cadeia costumam trabalhar com estoques de café 
verde, abrindo espaço inclusive para agentes intermediários.
2. Variações da qualidade do produto agropecuário: a qualidade da maté-
ria-prima agropecuária é influenciada pelas condições edafoclimáticas1 e 
técnico-produtivas do segmento rural. Isso quer dizer que, dependendo 
do solo e clima em que se planta ou se cria, e dependendo das técnicas 
empregadas, pode-se obter produtos com características diferentes. Isso, 
por sua vez, vai influenciar a qualidade do produto final.
3. Perecibilidade da matéria-prima: produtos agropecuários, principal-
mente alimentares, são perecíveis, ou seja, deterioram em curto espaço 
de tempo. Isso dificulta a estocagem por longos períodos e o transporte 
por longos percursos, e obriga a indústria a processar a matéria-prima 
que chega rapidamente, sob pena de perdê-la. Assim, deve-se existir um 
bom planejamento para que o sistema funcione eficientemente.
1 Condições edafoclimáticas são aquelas referentes a características de solo e clima. 
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4. Sazonalidade do consumo: o consumo de produtos agropecuários, prin-
cipalmente alimentos, também está sujeito a períodos de pico ou recessão. 
A demanda por chocolate na Páscoa, por sopas prontas no inverno, por 
cerveja no verão, entre outros, obriga as respectivas cadeias desses pro-
dutos a se programarem, oferecendo produtos no momento certo. Vale 
lembrar ainda que a sazonalidade do consumo nem sempre coincide com 
a sazonalidade da produção agropecuária. 
5. Perecibilidade do produto final: mesmo depois de processados, muitos 
produtos agropecuários continuam perecíveis (derivados lácteos, car-
nes, pães etc.). Assim, as empresas devem fazer com que estes produtos 
cheguem rapidamente ao mercado para serem consumidos. Além disso, 
dada a dificuldade de estocagem por longos períodos, a produção deve 
ser adequadamente planejada para que não haja perdas.
6. Qualidade e questões sanitárias: os alimentos estão sujeitos à vigilância 
sanitária. Se consumidos em condições inaceitáveis (contaminados, por 
exemplo), podem causar problemas de saúde. Assim, as empresas inse-
ridas nos sistemas produtivos de alimentos devem estar atentas a essa 
questão e operarem de acordo com as exigências legais (estamos falando 
aqui do ambiente institucional). A comercialização de produtos de ori-
gem animal, por exemplo, só pode ocorrer se seu processamento ocorrer 
sob normas do Sistema de Inspeção (Federal, Estadual ou Municipal).
7. Aspectos ambientais: os sistemas agropecuários têm forte relação com 
o meio ambiente. Existem, então, exigências legais específicas à agrope-
cuária, que devem ser observadas e seguidas pelos agentes envolvidos 
nas cadeias. Exemplos de tais exigências são o tratamento de resíduos e a 
manutenção de áreas de preservação permanentes nas propriedades rurais.
8. Aspectos sociais do consumo: por fim, deve-se considerar que o con-
sumo de alimentos está ligado a questões culturais e sociais. Os hindus 
não consomem carnebovina; os muçulmanos não comem carne suína; os 
consumidores europeus procuram mais produtos orgânicos; o consumo de 
erva-mate é maior na região Sul; aumentou o consumo de produtos light 
no mundo, pois as pessoas querem ficar “em forma”. Esses exemplos mos-
tram que questões sociais e culturais influenciam as cadeias de produção 
agroindustriais. Assim, os agentes devem estar atentos a tais especifici-
dades e a mudanças nos padrões de consumo para serem competitivos. 
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Dessa forma, é possível perceber que o agronegócio, ainda que complexo, trata-
se de um tema atual, relevante e em constante mudança, e merece ser estudado 
de maneira aprofundada. 
O AGRONEGÓCIO NO BRASIL
Sabe-se que o agronegócio brasileiro tem grande destaque no cenário mundial. 
Ouve-se que o Brasil tem um rebanho bovino maior que sua população; que a 
área de cultivo do país é imensa; que o Brasil vai se destacar mundialmente com 
a produção de biocombustíveis; que o Brasil é o celeiro do mundo. 
Também é sabido que boa parte das riquezas geradas no país origina-se 
do agronegócio. O Brasil é reconhecidamente um grande produtor de produ-
tos agroindustriais. E é também um grande consumidor desses produtos. Dessa 
forma, o intuito desse item é caracterizar o agronegócio brasileiro, identificando 
seu peso na economia nacional e os principais produtos. 
Mais do que isso, pensando na noção de cadeia produtiva, deve-se tomar 
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NOÇÕES GERAIS DE AGRONEGÓCIO E AGRONEGÓCIO NO BRASIL
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conhecimento do peso de cada elo na geração de riquezas, bem como identi-
ficar a evolução do consumo dos principais produtos do agronegócio no país. 
Assim, a próxima seção tratará de contextualizar o agronegócio na economia 
nacional, bem como de identificar os principais produtos. Será traçada também 
a evolução da produção. A seção seguinte vai tratar da participação dos dife-
rentes elos da cadeia na geração de riquezas do agronegócio. Por fim, na última 
seção, serão abordadas tendências gerais para o agronegócio. 
PRINCIPAIS PRODUTOS DO AGRONEGÓCIO BRASILEIRO
O Brasil vem se destacando mundialmente como um dos maiores produtores e 
fornecedores de produtos do agronegócio. Deve-se destacar que seu bom desem-
penho pode ser atribuído a uma série de fatores: o espírito empreendedor dos 
agentes; os investimentos em pesquisa e desenvolvimento de novos produtos, 
a tecnologia, a qualidade dos produtos, o clima 
favorável e sua grande extensão territorial (MAPA, 
2007). Esses fatores auxiliam no alcance de eficiên-
cia técnica e alta produtividade no setor. 
Com relação à área, o Brasil possui área total 
de 851 milhões de hectares. O Quadro 1 mostra 
como está distribuído esse total, segundo seu uso e 
finalidade. As áreas atualmente utilizadas para agri-
cultura correspondem a pastagens, culturas anuais 
e culturas permanentes, totalizando 282 milhões 
de hectares. As áreas que não podem ser utilizadas 
para a agricultura no Brasil correspondem a 54% da 
extensão total do país (Floresta Amazônica, áreas 
protegidas, florestas cultivadas, cidades, lagos, estra-
das e outros usos), num total de 463 milhões de hectares. 
Fazendo as contas, chega-se à conclusão que 106 dos 851 milhões de hec-
tares ainda estão disponíveis para agricultura no país. Isso quer dizer que, além 
do crescente aumento de produtividade, o potencial do Brasil para expansão da 
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produção é aumentado pela vasta disponibilidade de terras ainda não utilizadas. 
Floresta Amazônica 345
Pastagens 220
Áreas protegidas 55
Culturas anuais 47
Culturas permanentes 15
Cidades, lagos, estradas 20
Florestas cultivadas 5
Sub-total 707
Outros usos 38
Áreas não exploradas, ainda disponíveis para a agricultura 106
TOTAL 851
Quadro 1: Disponibilidade de terras, segundo seu uso e finalidade (em milhões de hectares)
Fonte: Elaborado a partir de MAPA (2007)
Com relação aos recursos hídricos, importante fator para a produção agropecu-
ária, o Brasil também se encontra em posição favorável. Segundo a FAO (2008), 
a disponibilidade interna de água proveniente de fontes renováveis no país é de 
5,418 trilhões de m3 por ano. Apenas para se ter uma ideia, na Argentina, esse 
valor é de 276 bilhões; na Austrália, 492 bilhões; nos Estados Unidos, 2,8 tri-
lhões; na China, 2,8 trilhões; na Índia, 1,26 trilhões e na França, 178 bilhões. 
Em termos monetários, o agronegócio brasileiro também vem apresentando 
maiores ganhos. No ano de 2012, o Valor Bruto da Produção (VBP) agropecu-
ária será de R$ 351,73 bilhões de reais, segundo estimativas do Ministério da 
Agricultura, Pecuária e Abastecimento, 93,10% maior que em 2003 (MAPA, 2012). 
Em 2012, a agricultura será responsável por 58,41% do VBP agropecuário, 
e a pecuária deve representar os outros 41,59%. O VBP gerado pela agricultura 
passou de R$ 114,59 bilhões, em 2003, para R$ 205,43 bilhões em 2012, o que 
representa um aumento de 79,3%. Já a pecuária neste mesmo período obteve 
um crescimento de 116,50% (MAPA, 2012). 
Nesse contexto, destaca-se a soja, como mostra a tabela 1. O valor da produção 
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de soja em 2012 é de R$ 45,00 bilhões de reais, que corresponde a cerca de 12,79% 
do VBP agropecuário total. Em seguida, observa-se a carne bovina, com quase 
R$ 60,16 bilhões (17,10% do total). Além disso, pode-se afirmar que há forte 
concentração em poucos produtos: os sete itens listados representam 77,10% 
do VBP gerado na agropecuária em 2012.
PRODUTO
VBP (R$ BILHÕES)
VARIAÇÃO (%)
2003 2012 *
1 Soja 36,89 45,00 21,98%
2 Carne Bovina 30,87 60,16 94,88%
3 Milho 17,29 27,85 61,08%
4 Frango 15,98 40,78 155,19%
5 Cana-de-açúcar 13,49 46,39 243,88%
6 Leite 11,85 28,55 140,93%
7 Café beneficiado 5,77 22,44 288,91%
Outros 50,02 80,56 61,06%
Total 182,16 351,73 93,09%
Tabela 1: Valor Bruto da Produção agropecuária, por produto
Fonte: Elaborado a partir de MAPA (2012)
* : Projeção. 
Com relação ao Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio, este foi de R$ 
917,65 bilhões em 2011, contra R$ 648,21 bilhões em 1994. Em 2011, o PIB do 
agronegócio correspondeu a 22,15% do PIB brasileiro (CEPEA, 2012). 
Assim como o VBP, o PIB do agronegócio também tem apresentado cresci-
mento no longo prazo. De 1994 a 2011, o crescimento foi de 41,6%, como pode 
ser visto no gráfico 1. O gráfico também deixa claro que a maior parte desse PIB 
é proveniente da agricultura. No ano de 2011, este segmento foi responsável por 
mais de 70% do PIB do agronegócio. 
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Gráfico 1: O PIB do Agronegócio Brasileiro (Bilhões R$)
Fonte: Elaborado a partir de CEPEA (2012)
PARTICIPAÇÃO DOS DIFERENTES ELOS NO AGRONEGÓCIO 
BRASILEIRO
Como já afirmado, o agronegócio brasileiro não é representado unicamente pela 
produção rural. Agentes de outros segmentos também fazem parte do agribusi-
ness e devem, portanto, ser considerados. Assim, é importante que se verifique 
a participaçãode outros elos da cadeia na geração de riquezas no agronegócio.
Para tanto, vamos analisar a participação dos elos de insumos, agropecuária, 
indústria e distribuição (atacado e varejo) na composição do PIB do agronegócio. 
Em 2011, o setor de insumos correspondeu a 11,81% desse PIB; a agropecuária, 
28,80%; a indústria foi responsável por 28,53%; e o elo de distribuição, 30,87 % 
(CEPEA, 2012). Isso mostra a importância dos outros elos na composição do 
agronegócio, principalmente daqueles mais próximos do consumidor final na 
cadeia (indústria e distribuição). 
Pensando na evolução da participação dos diferentes elos na geração de 
riquezas, é interessante se observar o gráfico 2. Pelo gráfico, observa-se que a 
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distribuição tem sido mais ou menos constante no período observado. Ou seja, 
nenhum elo aumentou consideravelmente sua participação relativa no PIB do 
agronegócio. Além disso, o gráfico deixa mais claro a importância dos elos de 
distribuição e industrialização, que correspondem juntos a 59,39% desse PIB. 
Isso pode ser explicado pela agregação de valor que ocorre ao longo da cadeia, 
até chegarem ao consumidor final. Conforme os produtos vão “caminhando” 
de um elo para outro, mais atividades são realizadas e, portanto, mais valor se 
agrega ao bem. Assim, o produto acaba sendo vendido por um preço mais alto, 
e isso gera mais riqueza.
Gráfico 2: Distribuição do PIB do agronegócio
Fonte: Elaborado a partir de CEPEA (2012)
TENDÊNCIAS PARA O AGRONEGÓCIO
Você acredita que o futuro do agronegócio no Brasil e no mundo está relacio-
nado somente ao aumento contínuo da produção? Pense bem...
Tendências para o Agronegócio
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Mudanças climáticas globais têm sido discutidas por líderes políticos do 
mundo; observa-se a busca por combustíveis menos poluentes; as relações sociais 
desiguais entre agentes do agronegócio são colocadas em pauta (por ex.: explora-
ção de pequenos produtores por grandes empresas processadoras e distribuidoras); 
a introdução de produtos geneticamente modificados no mercado (os transgê-
nicos) tem causado grandes discussões nas negociações entre países. 
Isso mostra que o agronegócio deve passar por mudanças nos próximos 
anos. Assim, o intuito desse item é mostrar algumas das principais tendências 
do agronegócio, falando de produtos e de processos produtivos. Nesse contexto, 
inserem-se questões sociais, econômicas e ambientais, como será visto a seguir. 
Ainda que você não trabalhe ou não tenha tido contato com os assuntos a serem 
abordados, eles devem ser estudados por aqueles que desejam aproveitar opor-
tunidades futuras no agronegócio.
E AGORA, PARA ONDE VAI O AGRONEGÓCIO?
Nesta seção, busca-se discutir algumas tendências do agronegócio mundial e 
brasileiro. Os tópicos a serem discutidos são os seguintes: agregação de valor; 
tecnologia no agronegócio; sustentabilidade; regionalização e certificações. 
É importante ressaltar que tais tendências não existem isoladamente. Elas 
estão inter-relacionadas, e a ação em um determinado aspecto pode trazer 
resultados em outros sentidos. Por exemplo: a produção de produtos orgânicos, 
em um primeiro momento, pode estar ligada à busca por agregação de valor. 
Entretanto, essa prática também traz resultados em termos ambientais e sociais 
e está ligada à certificação. 
Assim, a discussão em tópicos ocorre meramente para estruturar o assunto 
e facilitar o ensino. Entretanto, na prática, essa separação muitas vezes torna-
se impossível. 
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AGREGAÇÃO DE VALOR AOS PRODUTOS
Na economia, diz-se que a demanda por produtos básicos (commodities) não 
tem alta elasticidade-renda. Ou seja, você não come mais arroz porque seu salá-
rio aumentou, a não ser que antes você tivesse renda muito baixa e faltasse arroz 
em suas refeições. Entretanto, você pode consumir mais quantidade de produ-
tos elaborados (pizzas, por exemplo) com um aumento de salário. 
Num mundo em que a renda per capita cresce a cada ano, a procura por pro-
dutos diferenciados tem aumentado. É lógico que ainda há espaço para aumento 
das vendas de commodities, até porque uma boa parcela da população mundial 
não tem alimento em quantidade suficiente. Entretanto, nos países de renda mais 
elevada, tais como os países desenvolvidos, as cadeias produtivas do agronegócio 
têm buscado agregar valor aos produtos, como forma de aumentar seus ganhos. 
A diferenciação também pode ser voltada para atender a nichos de mercado, ou 
seja, grupos específicos de consumidores, com determinadas características em 
comum (atletas, “naturebas”, solteiros, executivos etc.).
A busca por agregação de valor e diferenciação dos produtos do agronegócio 
não ocorre somente via processamento de produtos. A agregação de valor pode 
ocorrer por meio de embalagens, de seleção, do uso de marcas, de práticas de 
qualidade ou ambientais, de rastreabilidade entre outros. Mais do que isso, a agre-
gação de valor pode depender de vários agentes de um dado SAI. Por exemplo:
Um produto orgânico é um produto diferenciado, certo? Para que ele possa 
ser reconhecido como um produto de maior valor agregado e vendido como 
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orgânico, os insumos utilizados na produção rural foram específicos a esse tipo 
de produção. As técnicas de manejo e produção na área rural também exigiram 
atividades específicas dos agentes envolvidos (aqui, depende--se da boa atua-
ção do elo da produção rural); a certificação, por meio de um selo, é dada por 
organizações independentes, inseridas no ambiente organizacional do SAI; a 
distribuição deve ser feita de maneira adequada, em pontos de varejo que sejam 
capazes de alcançar o público-alvo.
A produção de cafés especiais exige o cultivo em áreas apropriadas, que 
permitam a obtenção de grãos com a qualidade requerida. Além disso, deve-
se escolher a variedade do café a ser cultivada, o que depende do fornecedor de 
mudas. As práticas de plantio, manejo, colheita, seleção, secagem e armazena-
gem do café na propriedade rural também devem ser adequadas e específicas 
ao produto. As processadoras (torrefadoras) devem possuir sistemas produtivos 
adequados, desde a seleção dos grãos até o empacotamento. Por fim, a distribui-
ção também deve estar de acordo com o produto, tais como lojas especializadas.
Uma boa coordenação da cadeia exige que os vários agentes envolvidos par-
ticipem e se comprometam, para que o valor não se “perca” ao longo da cadeia. 
Uma das formas de se agregar valor é a produção de produtos de quali-
dade mais elevada. Nesse sentido, a produção de cacau fino, de cafés especiais, 
de vinhos finos, de queijos finos e de carnes premium ou rastreada pode ser um 
caminho para a diferenciação. No caso dos cafés de alta qualidade (gourmets), 
por exemplo, esse mercado no Brasil cresce cerca de 20% ao ano, enquanto o 
crescimento anual do mercado de cafés como um todo é de 5% (NERY, 2007). 
TECNOLOGIA NO AGRONEGÓCIO
O uso de tecnologia no agronegócio tem permitido aos agentes ganhos de produ-
tividade, redução de custos, aumento da coordenação e inovações de produtos. 
Dentro do tema tecnologia, pode-se destacar o uso de ferramentaspara gestão 
e troca de informações, a agricultura de precisão e a biotecnologia.
Atualmente, a aplicação de ferramentas de gestão e informação no agrone-
gócio é imprescindível para o sucesso das cadeias produtivas. A globalização fez 
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com que cadeias fossem formadas por agentes de diferentes partes do mundo, 
o que torna as relações mais complexas. Assim, a eficácia e eficiência na troca 
de informações se tornam essenciais. Além disso, as cadeias devem ser geren-
ciadas eficientemente, o que leva à necessidade de ferramentas para gestão das 
atividades. Nesse sentido, destaca-se desde o uso de simples programas compu-
tacionais para gestão de custos na propriedade rural até sistemas integrados de 
gestão, tais como o ERP (Entreprise Resources Planning). 
A tecnologia também tem auxiliado no desenvolvimento da agricultura de 
precisão. Trata-se da busca por maior precisão no manejo e cultivo agropecuário, 
por meio de um conjunto de ações de gestão dos sistemas de produção, conside-
rando a variabilidade espacial das lavouras. Ou seja, ela considera as diferenças 
de solo, clima e relevo. A análise de solo para correção precisa; o uso de senso-
res térmicos nos aviários e o uso de monitoramento por satélite são exemplos 
da agricultura de precisão. 
Por fim, a biotecnologia tem sido amplamente empregada no agronegócio. 
Trata-se da tecnologia associada à biologia. Na pecuária, ela pode ser represen-
tada pelo melhoramento genético animal, pela clonagem e pela transferência de 
embriões. Na agricultura, podem-se destacar as espécies resistentes a pragas e 
doenças e os alimentos com maior valor nutricional com o desenvolvimento de 
plantas transgênicas (Organismos Geneticamente Modificados - OGM) (CIB, 
2008). 
41
CIENTISTAS PESQUISAM CANA-DE-AÇÚCAR GM COM MAIOR TEOR DE 
SACAROSE
A cana-de-açúcar transgênica, modificada 
para produzir maior teor de açúcar e etanol, 
poderá ser cultivada, no Brasil, em um prazo 
de três a cinco anos. Os cientistas estão 
realizando testes de campo com varieda-
des de cana GM com maiores quantidades 
de sacarose em relação às plantas conven-
cionais. “Nesse ponto, (a cana GM) é mais 
uma questão de regulamentação que uma 
questão científica”, afirma Paulo Arruda, 
diretor científico de uma empresa da área 
de biotecnologia e responsável pelo desen-
volvimento de uma variedade de cana que 
está em teste. 
Aguardam aprovação pela CTNBio varie-
dades de cana-de-açúcar geneticamente 
modificada para terem maior rendimento 
de sacarose e também com aumento da 
biomassa, resistência a insetos e tolerân-
cia a herbicida e à seca. 
“A maior parte das novas áreas para a cana 
no Brasil são pastagens degradadas, onde 
os níveis pluviométricos são inferiores aos 
das áreas tradicionalmente produtoras de 
cana”, disse Arruda, explicando a impor-
tância de variedades tolerantes à seca. 
“Esperamos que a tecnologia permita rendi-
mentos de 10% a 15% mais elevados”, disse. 
O Centro de Tecnologia Canavieira (CTC) 
também vê os aspectos regulatórios, e não 
os aspectos técnicos, como os principais 
obstáculos para o progresso da cana GM 
no Brasil. “De três a cinco anos seria pos-
sível termos variedades disponíveis (se a 
regulamentação estiver ok)” explica Jaime 
Finguerut, gerente estratégico de desen-
volvimento industrial da CTC. (...) 
Fonte: Agência Reuters
Disponível em: <http://cib.org.br/em-dia-com-a-ciencia/noticias/cientistas-pesquisam-ca-
na-de-acucar-gm-com-maior-teor-de-sacarose/>. Acesso em: 04 set. 2012.
COMENTÁRIO CRÍTICO
Apesar das vantagens dos transgênicos, principalmente para os agentes produtores, 
a discussão acerca da segurança dos transgênicos é ampla. Ambientalistas, pequenos 
produtores, consumidores e alguns cientistas afirmam que o consumo de OGMs pode 
trazer riscos para a saúde, além de prejudicar o meio ambiente. Acrescenta-se a isso uma 
questão socioeconômica: pequenos produtores podem ficar dependentes de grandes 
multinacionais fornecedoras de sementes. São vários os argumentos contra os transgê-
nicos, o que indica que o assunto não está encerrado na pauta mundial.
Para mais informações sobre os OGMs, leia o guia “Transgênicos: você tem direito de conhe-
cer”, acessando o link <http://www.cib.org.br/> . 
Para uma visão contrária, acesse o site do Greenpeace <www.greenpeace.org/brasil/trans-
genicos>.
Leia o texto de José Carlos Pereira de Freitas, Sustentabilidade nos Agronegócios, no link: 
<http://www.portaldoagronegocio.com.br/conteudo.php?id=25744>.
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SUSTENTABILIDADE
Falar em sustentabilidade no agronegócio significa pensar em sistemas de pro-
dução que sejam sustentáveis no longo prazo. Isso envolve não somente questões 
ambientais como também questões de ordem social. 
Assim, a sustentabilidade busca, por exemplo:
 ■ a diversificação dos sistemas produtivos, por meio de consórcios, sis-
temas integrados e rotações de culturas (veja o quadro com a leitura 
complementar);
 ■ a conservação da biodiversidade;
 ■ o uso de técnicas para proteção do solo, como o plantio direto;
 ■ o plantio e o manejo de espécies adaptadas às condições edafoclimáti-
cas locais;
 ■ o uso de fontes limpas de energia, tais como biodiesel e biodigestores;
 ■ o respeito às características socioeconômicas regionais, buscando o pla-
nejamento e ocupação do espaço rural e a manutenção digna do homem 
no campo.
Plantio integrado é alternativa para agricultura na Amazônia
A opção permite, simultaneamente e no mesmo terreno, atividades em su-
cessão e o sistema de plantio direto, que preserva ao máximo a integridade 
do solo.
Para amenizar os custos e permitir a reutilização de áreas degradadas na 
Amazônia, pesquisadores da Embrapa estão propondo a adoção do sistema 
integração lavoura-pecuária-silvicultura (ILPS). A opção permite, simultane-
amente e no mesmo terreno, atividades em sucessão e o sistema de plantio 
direto, que preserva ao máximo a integridade do solo.
De acordo com o pesquisador Paulo Campos Fernandes, da Embrapa Ama-
zônia Oriental, é inviável economicamente a recuperação de solos de pas-
tagens usando adubos. O mecanismo mais oportuno é a integração com 
a agricultura. “Isso acontece porque as atividades pecuárias tornam o solo 
mais compacto, impossibilita a drenagem e a conseqüente fixação de nu-
trientes”, explica. Com o sistema é possível exercer a agricultura clássica do 
plantio de grãos como milho, soja, sorgo e feijão, ao mesmo tempo em que 
é desenvolvida a pecuária.
Segundo o pesquisador, já existem empresas com êxito na adoção desse 
sistema. “Essas iniciativas, monitoradas pela Embrapa, são referências de sis-
temas que funcionam e dão certo”, ressaltou.
Fonte: Portal do Agronegócio, 24 de outubro de 2008. 
Disponível em: <www.portaldoagronegocio.com.br> ou pela revista do Globo 
Rural <http://revistagloborural.globo.com/GloboRural/0,6993,EEC1690588-1935,00.
html>.
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No Brasil, alguns exemplos de práticas ambientais sustentáveis podem ser apon-
tados. Primeiramente, destaca-se que o Brasil é o campeão em descarte adequado 
de embalagens de agrotóxicos no mundo (MAPA, 2007). Além disso, a utiliza-
ção de resíduos da indústria sucroalcooleira, citrícola, madeireira e de carnesé 
exemplo de práticas ambientalmente corretas. Como é possível perceber, nesse 
contexto enquadra-se também a agricultura orgânica. 
Do ponto de vista da sustentabilidade social, destaca-se a importância de se 
combater o trabalho escravo e o trabalho infantil nas empresas, principalmente 
Informe-se sobre o desempenho de várias empresas em aspectos sociais, ambientais e 
trabalhistas no site da Organização “Observatório Social” –
 <http://www.observatoriosocial.org.br/portal/>.
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no elo da produção rural. Este é inclusive ponto de discussão nas negociações, 
pois muitos países alegam que os produtos brasileiros são competitivos no mer-
cado externo por utilizarem mão de obra escrava. 
Considerando cadeias produtivas, a sustentabilidade está ligada ao desenvol-
vimento de sistemas produtivos que permitam a manutenção dos agentes em 
condições de equidade. Sabe-se que muitas vezes o elo mais fraco – o produtor 
rural – é explorado dentro da cadeia, recebendo pouco pelo produto e pagando 
muito por seus insumos. É a chamada “tesoura de preços”: o produtor, por um 
lado, fica sujeito aos preços ditados por seus fornecedores de insumos, geralmente 
grandes empresas multinacionais – Monsanto, Cargill e Bunge, por exemplo. De 
outro lado, não pode repassar os preços aos seus compradores, pois são também 
grandes empresas do segmento de transformação ou distribuição, e possuem 
maior poder de mercado. Além disso, os produtores normalmente têm que cum-
prir grandes exigências de seus compradores. 
Muitos mercados consumidores têm enxergado tal situação como explora-
tória, e têm evitado a compra de produtos provenientes de cadeias com essas 
características. Assim, as novas tendências do agronegócio trazem consigo um 
aspecto social relevante: um novo espaço para o pequeno agricultor e à agricul-
tura familiar nas cadeias produtivas. 
Nesse aspecto, uma linha de gestão de cadeias é a do comércio justo (do 
inglês, fairtrade). Trata-se de um conjunto de práticas que preconiza relações 
entre produtores rurais e demais elos da cadeia em condições de equidade, par-
ceria, confiança e interesses compartilhados. O intuito é prover condições mais 
justas para produtores marginalizados. Assim, busca-se promover o acesso a 
mercados para esses produtores, principalmente da agricultura familiar e a dis-
tribuição dos ganhos ao longo da cadeia.
Em termos internacionais, essa linha é relevante por buscar condições mais 
Para ter uma noção da evolução dos preços pagos aos produtores de vários produtos do 
comércio justo ao longo dos últimos dez anos, clique no link: 
<http://www.fairtrade.net/producers.html>. 
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justas entre economias de países pobres e em desenvolvimento (fornecedores 
de matérias-primas) e países desenvolvidos (processadores e distribuidores de 
produtos finais). Além disso, ao garantir preços mínimos aos produtores rurais, 
esse tipo de comércio reduz a instabilidade de preços, tão comum em alguns 
produtos agrícolas com o café.
REGIONALIZAÇÃO
Na contramão da globalização, dos megaempreendimentos rurais e da produ-
ção em alta escala, observa-se, principalmente em países desenvolvidos, a volta 
de sistemas tradicionais de produção e do peso da “agricultura local”. 
Trata-se de uma forma de fugir do modelo de produção de commodities 
predominante no mundo, com a inserção de pequenos produtores que não têm 
condições de produção em alta escala e a baixos custos. É impulsionado pela 
existência de um mercado consumidor (nicho) que 
se preocupa com questões sociais relativas ao campo 
e que gosta de saber exatamente a origem e a quali-
dade dos produtos que consome. 
No sistema convencional, quando você compra 
um frango, você não sabe em que condições ele foi 
criado, quais os medicamentos que foram utilizados 
nele, se ele se alimentou de ração de soja transgênica e 
se os produtores rurais foram economicamente explo-
rados pelos grandes frigoríficos e redes varejistas. Na 
agricultura tradicional, o frango é produzido sob as 
mesmas condições de anos atrás, de forma artesanal, 
com apelo para a tradição e a história. Isso agrega 
valor ao produto. 
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Aqui também se encontra o apelo social: a regionalização permite a fixação 
do produtor em determinadas áreas. Além disso, lhe confere condições de pro-
duzir seu produto da maneira mais adequada às características culturais e da 
região, não sendo preciso se adequar aos modelos impostos pelos sistemas con-
vencionais. Assim, remete-se à questão da sustentabilidade.
Em alguns países, tem-se percebido o surgimento de barreiras mercadoló-
gicas decorrentes da regionalização. Empresas varejistas têm destacado o fato 
de venderem produtos da região ou do país onde estão localizadas, o que desen-
volve no consumidor uma tendência a consumir tais produtos em detrimento 
daqueles vindos de outras regiões. Em alguns casos, a própria postura dos con-
sumidores, como os franceses, por exemplo, já se encarrega de criar essa barreira 
aos produtos externos. 
Mas o Brasil também pode se aproveitar dessa tendência para o agronegó-
cio. Primeiramente, pela introdução desses produtos no mercado interno (vinho 
do Sul, café de Minas etc.). Além disso, buscando a inserção de produtos com a 
“marca” do Brasil no mercado externo, como é feito no caso do café (selo “cafés 
do Brasil”). 
Por falar em selos, vamos para o último tópico desta unidade: as certificações.
CERTIFICAÇÕES
Também como forma de garantir aos consumidores a procedência, a qualidade 
e as formas de produção dos produtos consumidos, cada vez mais se tem feito 
uso de certificações no agronegócio. Tais certificações são geralmente represen-
tadas por selos nos produtos e têm como objetivo garantir alguma característica 
em específico. 
O uso de selos nos produtos também é uma forma de agregação de valor, 
pois ao garantir alguma especificação, permite que o produto seja vendido a pre-
ços mais altos que um similar sem certificação. 
Podemos inserir neste tópico também a rastreabilidade. Dadas as ocorrên-
cias de contaminações em vários produtos alimentícios, como a “doença da vaca 
louca” e a “gripe aviária”, a rastreabilidade tem sido utilizada para garantir ao 
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consumidor um produto seguro e saudável, por meio de registro e controle em 
todas as etapas de produção, “do pasto ao prato”. 
Os selos servem para garantir ao consumidor algumas das característi-
cas já discutidas anteriormente, como a agricultura orgânica e o comércio 
justo. Relacionada à regionalização, a certificação de “Denominação de Origem 
Controlada - DOC” tem sido utilizada para garantir a procedência geográfica de 
um produto. Tal selo é bastante utilizado para vinhos e queijos, principalmente 
na Europa. Para conseguir uma DOC, o produto deve ter características físicas, 
de produção e organolépticas que o associe ao meio geográfico no qual é pro-
duzido. O quadro 3 mostra alguns exemplos de certificações. 
CERTIFICAÇÃO PRODUTOS CERTIFICADORA OBJETIVO
Ecologicamente 
corretos
Produtos florestais 
(madeira, papel e
 celulose e comés-
ticos).

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