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UNIVERSIDADE REGIONAL DE BLUMENAU CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS CURSO DE DIREITO GABRIEL EDUARDO ZOSCHKE A RESPONSABILIDADE CIVIL DO PROFISSIONAL DENTISTA BLUMENAU 2012 GABRIEL EDUARDO ZOSCHKE A RESPONSABILIDADE CIVIL DO PROFISSIONAL DENTISTA Trabalho de Conclusão de Curso apresentado para obtenção do grau de Bacharel em Direito pela Universidade Regional de Blumenau – FURB, como requisito para a obtenção do grau de Bacharel em direito. Prof. MSc. José Augusto Kistner – Orientador BLUMENAU 2012 GABRIEL EDUARDO ZOSCHKE A RESPONSABILIDADE CIVIL DO PROFISSIONAL DENTISTA Trabalho de Conclusão de Curso aprovado com nota 8,3 como requisito parcial para a obtenção do grau de Bacharel em Direito, tendo sido julgado pela Banca Examinadora formada pelos professores: ____________________________________________________________ Presidente: Prof. MSc. José Augusto Kistner – Orientador, FURB ____________________________________________________________ Membro: Prof. MSc. Feliciano Alcides Dias, FURB Blumenau, 23 de junho de 2012 DECLARAÇÃO DE ISENÇÃO DE RESPONSABILIDADE Através deste instrumento, isento meu Orientador e a Banca Examinadora de qualquer responsabilidade sobre o aporte ideológico conferido ao presente trabalho. __________________________________________ GABRIEL EDUARDO ZOSCHKE AGRADECIMENTOS Em primeiro lugar a Deus. Aos meus pais por toda a atenção e auxílio, que me foi dado ao longo da minha vida e nessa etapa em especial. A minha noiva que sempre me esteve ao meu lado em momentos de ansiedade. Aos meus amigos e colegas pelas suas tão precisas dicas e apoio. Ao professor José Augusto Kistner por todo auxílio e coordenação ampla que me proporcionou no transcorrer da confecção deste presente trabalho. A todas as pessoas que de certa forma me ajudaram até esta etapa, obrigado! "A Odontologia é uma profissão que exige dos que a ela se dedicam: os conhecimentos científicos de um médico, o senso estético de um artista, a destreza manual de um cirurgião e a paciência de um monge". Autor Desconhecido RESUMO A responsabilidade civil baseia-se na concretização do ato ilícito causador de danos, sendo qualificado por meio de uma ação ou omissão volitiva, negligência, imprudência ou imperícia, que transgrede um direito ou causa danos a um terceiro, assim todo aquele que cometer tais atos estará obrigado a repara-lo, inclusive quem exceder seus direitos. Destarte, para a configuração da responsabilidade civil do dentista é preciso a comprovação de que o profissional agiu com culpa, pois sua responsabilidade é subjetiva (poucos doutrinadores afirma ser objetiva – sem analise da culpa – mas para a grande maioria dos autores e para os Tribunais prevalece a teoria subjetiva), necessitando a prova do dolo ou da culpa. A obrigação contraída pelo dentista pode ser tanto de meio quando de resultado como também de meio e resultado, tudo dependendo de sua especialidade. Pode-se afirmar que o profissional dentista deve trabalhar com total prudência, perícia e diligência, caso não age, será comprovada a falta de conduta por parte dele, devendo ser responsabilizado. Palavras-chave: Responsabilidade Civil do Dentista. Obrigação de Meio e Resultado. Responsabilidade Subjetiva. ABSTRACT The liability is based on the realization of an unlawful act causing injury, being qualified by a volitional act or omission, negligence, recklessness or malpractice that violates a law or causes damage to a third party, and all who commit such acts will be required to repair it, including who exceed their rights. Thus, for setting the liability of the dentist is necessary to prove that the trader acted with guilt because his responsibility is subjective (few scholars claim to be objective - without analysis of the blame - but for the vast majority of authors and the Courts the subjective theory prevails), requiring proof of intent or guilt. The obligation on the dentist can be as much as half of income as well as means and results, all depending on their specialty. It can be argued that the professional dentist should work with all prudence, skill and diligence, should not act, will be proven misconduct on his part, should be held accountable. Keywords: Liability of the Dentist. Obligation to Environment and Result. Subjective Responsibility. TABELAS E ILUSTRAÇÕES Figura 1. Quadro-resumo refletivo acerca das especialidades odontológicas, a partir de sua natureza obrigacional................................................................................................................43 Figura 2. Instrumento denominado de “chave de Garangeot”..................................................48 Figura 3. Coeficiente de experiência processual das regiões do Brasil....................................51 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 12 2 DA RESPONSABILIDADE CIVIL – VISÃO GERAL ................................................... 14 2.1 INFORMES HISTÓRICOS DA RESPONSABILIDADE CIVIL ..................................... 14 2.2 CONCEITOS DA RESPONSABILIDADE CIVIL ........................................................... 17 2.3 TEORIAS DA RESPONSABILIDADE CIVIL ................................................................ 19 2.3.1 Teorias da responsabilidade civil subjetiva ..................................................................... 19 2.3.2 Teorias da responsabilidade civil objetiva....................................................................... 20 2.4 RESPONSABILIDADE CIVIL CONTRATUAL E EXTRACONTRATUAL ................ 21 2.5 PRESSUPOSTOS DA RESPONSABILIDADE CIVIL .................................................... 22 2.5.1 Da conduta humana ......................................................................................................... 23 2.5.2 Do dano ........................................................................................................................... 23 2.5.2.1 Do dano patrimonial ..................................................................................................... 24 2.5.2.2 Do dano moral ..............................................................................................................24 2.5.3 Do nexo de causalidade ................................................................................................... 25 2.6 DAS EXCLUDENTES DE RESPONSABILIDADE ........................................................ 26 2.6.1 Legítima defesa................................................................................................................ 26 2.6.2 Exercício regular de um direito reconhecido ................................................................... 27 2.6.3 Estado de necessidade ..................................................................................................... 27 2.6.4 Caso fortuito ou força maior ............................................................................................ 28 2.6.5 Culpa exclusiva da vítima ............................................................................................... 28 2.6.6 Fato de terceiro ................................................................................................................ 29 2.6.7 Cláusula de não indenizar ................................................................................................ 29 3 NATUREZA OBRIGACIONAL ....................................................................................... 31 3.1 DAS OBRIGAÇÃO DE MEIO E DE RESULTADO ....................................................... 31 3.2 OBRIGAÇÕES DE MEIO E RESULTADO APLICADA NA ODONTOLOGIA........... 32 3.3 ESPECIALIDADES ODONTOLÓGICAS ........................................................................ 36 3.3.1 Cirurgia e traumatologia buco-maxilo-facial .................................................................. 36 3.3.2 Desntística restauradora ................................................................................................... 37 3.3.3 Endodontia ....................................................................................................................... 37 3.3.4 Odontologia legal ............................................................................................................ 37 3.3.5 Odontologia em saúde coletiva........................................................................................ 38 3.3.6 Odontopediatria ............................................................................................................... 39 3.3.7 Ortodontia ........................................................................................................................ 39 3.3.8 Patologia bucal ................................................................................................................ 40 3.3.9 Periodontia ...................................................................................................................... 40 3.3.10 Prótese buco-maxilo-facial ............................................................................................ 40 3.3.11 Prótese dentária .............................................................................................................41 3.3.12 Radiologia .....................................................................................................................41 3.3.13 Implantodontia ..............................................................................................................42 3.3.14 Estomatologia ................................................................................................................42 3.4 RESUMO DA NATUREZA OBRIGACIONAL DAS ESPECIALIDADES DO PROFISSIONAL DENTISTA .................................................................................................42 4 A RESPONSABILIDADE CIVIL DO PROFISSIONAL DENTISTA ..........................45 4.1 HISTÓRIA DA ODONTOLOGIA NO BRASIL ..............................................................45 4.2 A RESPONSABILIDADE CIVIL DO DENTISTA .........................................................49 4.3 MODALIDADES DA CULPA .........................................................................................54 4.4 TEORIA DA CULPA ........................................................................................................55 4.4.1 Imputabilidade ................................................................................................................57 4.5 EXCLUDENTES DE RESPONSABILDIADE CIVIL DO DENTISTA .........................57 4.5.1 Culpa exclusiva da vítima ...............................................................................................58 4.5.2 Cláusula de não indenizar ...............................................................................................59 4.5.3 Caso fortuito ou força maior ...........................................................................................59 4.6 A RESPONSABILIDADE CIVIL DO DENTISTA NO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR (CDC) ...........................................................................................................60 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................65 REFERÊNCIAS .....................................................................................................................67 12 1 INTRODUÇÃO O presente estudo tem como escopo a análise sobre a responsabilidade civil que incide sobre os profissionais dentistas. A escolha do tema foi motivada pela curiosidade acerca do assunto ora abordado, sendo este de grande importância para a sociedade de hoje, que cada vez mais busca conhecer seus direitos. Através deste, objetiva-se um estudo específico sobre a responsabilidade civil dos profissionais dentistas. Institucionalmente, visa-se à elaboração de um Trabalho de Conclusão de Curso, para a aquisição do grau de bacharel em Direito, conforme a Portaria nº. 1.886 – de 30 de dezembro de 1994, do MEC. O objetivo geral desta pesquisa é abalizar qual o tipo de responsabilidade acarretada ao dentista, qual a sua obrigação com os seus pacientes, e as possibilidades de exclusão da responsabilidade do referido profissional. Os erros que o dentista pode cometer sobre o paciente é um assunto de muita complexidade e que tem crescimento intenso. São formuladas os seguintes questionamentos: a) Qual é a responsabilidade civil do dentista? b) Qual a obrigação atribuída com sua responsabilização? c) É cabível excludentes de responsabilidade? O método utilizado para a confecção deste trabalho é o indutivo, que parte de conclusões gerais a partir de premissas particulares. Este trabalho será dividido em três capítulos, sendo que no primeiro será conglomerado os entendimentos e estudos gerais sobre a responsabilidade civil no direito brasileiro, como história, requisitos, tipos, conceitos e também as excludentes de responsabilidade. Já no segundo capítulo, serão abordadas as obrigações possíveis de recair sobre o profissional dentista, quais sejam, de meio, de resultado ou de ambas (meio e resultado), todos levando em consideração as especialidades dos dentistas. No terceiro e ultimo capítulo, será abordado especificamente sobre a responsabilidade civil do profissional dentista, como sua história, tipos e teorias, requisitos e excludentes, inclusive posicionamentos jurisprudências de tribunais nacionais. 13 Ao final, com as considerações finais encerra-se o presente estudo com a finalidade de superar os questionamentos abordados nesta introdução, para assim entender a importância do tema. 14 2 DA RESPONSABILIDADE CIVIL – VISÃO GERAL Neste capítulo, será abordado a respeito da responsabilidade civil em âmbito geral, apresentando seu transcorrer histórico, seus objetivos, formas, pressupostos e aplicabilidades no direito civil brasileiro. Para Maria Helena Diniz (2005, p. 34), a responsabilidade civil: É a aplicaçãode medidas que obriguem alguém a reparar o dano moral ou patrimonial causado a terceiros em razão de ato do próprio imputado, de pessoa por quem ele responde, ou de fato de coisa ou animal sob sua guarda, ou ainda, de simples imposição legal. A responsabilidade civil está previsto nos artigos 186 e 927, ambos, do Código Civil brasileiro: Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. (BRASIL, 2002). Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. (BRASIL, 2002). Ao cometer determinado ato o agente pode instigar a sociedade atual, com resultados bons e/ou maus, levando em consideração o ponto de vista, usado pela mesma. Esse ato só terá importância ao direito, se for ilícito e estiver acompanhado de potencial danoso (lesivo), passando assim, a ser obrigado a ressarcir os danos causados a outrem, na esfera civil e criminal. (MATIELLO, 2008, p. 15-16). 2.1 INFORMES HISTÓRICOS DA RESPONSABILIDADE CIVIL Desde os primórdios da civilização, por extrema necessidade advinda com o convívio em coletividade, o ser humano aprendeu a retrucar uma ofensa. A época, nada mais era do que vingança. Esse sistema (responsabilidade civil) tem previsão a muitos anos com o Código de Hamurabi, vejamos um trecho de novo livro, do referido Código: XIII - MÉDICOS E VETERINÁRIOS; ARQUITETOS E BATELEIROS (SALÁRIOS, HONORÁRIOS E RESPONSABILIDADE) 215º 15 Explicando de forma sintética Rizzardo (2011, p. 28-29) afirma: É incontroverso que a responsabilidade, numa fase inicial das comunidades, não passava de um direito à vingança. A pessoa que sofria um mal podia, pelo próprio arbítrio, ir à desforra, ou buscar fazer justiça pelas próprias forças, no que não era reprimida pelo poder estatal que então existia. Os meios de reparação ou ressarcimento, pela ofensa, ficava a cargo do lesado, como muito bem exemplifica Rizzardo (2011, p. 29): A forma de reparação ou de fazer justiça ficava entregue ao lesado. O próprio Evangelho retrata essa organização de justiça, como na parábola do mau devedor, contada por Cristo, que, perdoado em muito pelo credor, não soube relegar pequena quantia que um servo lhe devia. Em conseqüência, seu credor o prendeu, mandou castigá-lo, mantendo-o sob algemas até pagar toda dívida (Mateus, Cap. 18, vers. 23 a 35). No início das civilizações, era levado em consideração, simplesmente o mal praticado, não muito relevado o caráter da voluntariedade, ou também da culpa, dos atos ou ações prejudiciais ou de ofensas. A reação contra essas ações era imediata, sem grandes inquirições na equivalência entre o mal e a penalização. (RIZZARDO, 2011, p. 29). A evolução, cultural, elevou ao estagio da correspondência, ou à lei do talião, conhecida como “olho por olho, dente por dente”, uma vez questionada por Cristo. Ainda na era antiga clássica, buscou-se o rumo do ressarcimento, ou composição. (RIZZARDO, 2011, p. 29). Compendia Alvino Lima (apud RIZZARDO, 2011, p. 29), “que a vingança vem a ser substituída pela composição, a qual, porém, é estabelecida por critério exclusivo do lesado.” Introduz-se uma espécie de tarifa aos danos, por meio de um quadro de compensações. Para cada ofensa havia uma pena convencionada, ou retribuição. Sendo assim, responsabiliza o causador da ofensa por seus atos. Pode-se muito bem destacar as palavras de Orlando Soares (apud RIZZARDO, 2011, p. 29) que: O princípio da responsabilização do autor da injuria, injustiça, lesão, ofensa ou dano, aparece nos mais antigos textos legais, dentre os babilônios gregos, romanos e astecas. Vinha a previsão da reparação [...] exemplificando o Código de Hamurabi: ‘Se seu escravo roubasse um boi, uma ovelha, um asno, um porco ou uma barca, caso pertencesse a um deus ou palácio, deveria pagar até trinta vezes mais; se pertencesse a um cidadão livre, dentre as classes dos proprietários, soldados, pastore e outros, restituiria até dez vezes mais. Se o ladrão não tivesse com que restituir, seria morto. 16 O sistema mencionado, já constava na Lei das XII Tábuas, e continua ainda nos dias atuais, nas regiões islâmicas onde se preveem diferentes sanções anatomistas para delitos de furto, roubo, de estupro, de morte e de lesão. (RIZZARDO, 2011, p. 29). De acordo com o pensamento de Rizzardo, no direito romano, pode-se encontrar um sistema de distinção entre sanções e reparação. Dependendo o grau da ofensa, tinha caráter público ou privado. Aos que iam de encontro aos costumes, segurança, integridade física e patrimonial, é de ordem pública, implica em pena (imposição de castigos, recolhimento aos cofres públicos e até, muitas vezes, a morte). Porém a reparação limitava-se ás ofensas interpessoais, entretanto com caráter econômico. (RIZZARDO, 2011, p. 29). Esse sistema romano, também é denominado de Lex Aquilia (Lei Aquília). Muito bem relembra Carlos Roberto Gonçalves (apud RIZZARDO, 2011, p. 29-30): É na Lei Aquília que se esboça, afinal, um princípio geral regulador da reparação do dano. Embora se reconheça que não continha ainda uma regra de conjunto, nos molde do direito moderno, era, sem nenhuma dúvida, o germe da jurisprudência clássica com relação à injúria, e fonte direta da moderna concepção da culpa aquiliana, que tomou da Lei Aquília o seu nome característico. Malgrado a incerteza que ainda persiste sobre a injúria a que se refere a Lex Aquilia no dammum injuria datum, consiste no elemento caracterizador da culpa. Não paira dúvida de que, sob o influxo dos pretores e da jurisprudência, a noção de culpa acabou por deitar raízes na própria Lex Aquilia. Com influencia do Cristianismo, houve evolução na responsabilização voltada na culpa, ao mesmo tempo que foram esquecidas as composições obrigatórias e as indenizações tarifadas. Foi estabilizado a probabilidade de reparação, sempre que a culpa for existente mesmo de forma abrandada. Ao tempo do Código de Napoleão, teve destacamento da responsabilidade civil da penal, a contratual da extracontratual. (RIZZARDO, 2011, p. 30). No decorrer da Revolução Industrial, as injustiças lançadas à sociedade, a exploração do homem pelo homem, levaram a estros de ideias de cunho social, expandindo a teoria da responsabilidade civil objetiva, que visava atenuar os males advindos do trabalho e proporcionar maior proteção as vítimas de doenças e da soberania Estatal. Da segunda metade do século XIX deu-se início a essa responsabilidade, tendo desenvolvimento balandrau na França. (RIZZARDO, 2011, p. 30). No decorrer dos anos foi-se evoluindo e se impondo a responsabilidade na forma objetiva, que é subdividida em teoria do risco e teoria do dano objetivo. A primeira advém de uma atividade de risco, criando o dever de repara; já a segunda, o ressarcimento decorre automaticamente pela averiguação do dano. (RIZZARDO, 2011, p. 30). 17 O Código Civil de 2002, trata da proteção embasada na culpa e na performance da atividade de risco. No artigo 186, tem-se toda a eficácia da responsabilidade subjetiva. No artigo 187, trata de quando há excesso no exercício de direitos. Já o artigo 927, impõe a reparação amparada na culpa, cujo sentindo é encontrado no artigo 159 do Código revogado (1916). (RIZZARDO, 2011, p. 30-31). Artigo 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. (BRASIL, Código Civil de 2002). Artigo 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-féou pelos bons costumes.(BRASIL, Código Civil de 2002). Artigo 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. (BRASIL, Código Civil de 2002). Artigo 159. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência, ou imprudência, violar direito, ou causar prejuízo a outrem, fica obrigado a reparar o dano. (BRASIL, Código Civil de 1916 – revogado). A responsabilidade civil objetiva sobressai no parágrafo único do artigo 927: Art. 927. [...] Parágrafo único. Haverá obrigação de repara o dano, independentemente de culpa, nos casos específicos em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem. (BRASIL, 2002). Nos dias atuais, a responsabilidade civil, é considerada o meio para ressarcir as lesões causadas a outrem pela pratica de um ato ilícito, pelo agente ofensor. 2.2 CONCEITOS DE RESPONSABILIDADE CIVIL Há muitos conceitos sobre a responsabilidade civil, por exemplo, nos dizeres de Gagliano e Pamplona Filho (2011, p. 51): De tudo o que se disse até aqui, conclui-se que a noção jurídica de responsabilidade pressupõe a atividade danosa de alguém que, atuando a priori ilicitamente, viola uma norma jurídica preexistente (legal ou contratual), subordinando-se, dessa forma, às conseqüências do seu ato (obrigação de reparar). Muito bem trata a celebre Maria Helena Diniz (2005, p. 39): USER Highlight USER Highlight 18 Grandes são as dificuldades que a doutrina tem enfrentado para conceituar a responsabilidade civil. Existem autores que se baseiam, ao defini-la, na culpa. Outros a vêem sob um aspecto mais amplo, não vislumbrando nela uma mera questão de culpabilidade, mas sim de reparação de prejuízos causados e equilíbrio de direitos e interesses. Gagliano e Pamplona Filho, acima, traduzem o conceito jurídico da responsabilidade civil, já o conceito puro e simples: “[...] responsabilidade civil deriva da agressão a um interesse eminentemente particular, sujeitando, assim, o infrator, ao pagamento de uma compensação pecuniária à vítima, caso não possa repor in natura o estado anterior de coisas.” (GAGLIANO; PAMPLONA, 2011, p. 51). Excelentemente explica Stoco (2004, p. 119) a cerca da responsabilidade civil: Digamos então, que responsável, responsabilidade, assim como, enfim todos os vocábulos cognatos, exprimem idéia de equivalência de contraprestação, de correspondência. É possível, diante disso, fixar uma noção, sem dúvida ainda imperfeita, de responsabilidade, no sentido de repercussão obrigacional (não interessa investigar a repercussão inócua) da atividade do homem. Como esta varia até o infinito, é lógico concluir que são também inúmeras as espécies de responsabilidade, conforme o campo em que se apresenta o problema: na moral, nas relações jurídicas, de direito público ou privado. O termo “responsabilidade” é o liame de duas palavras de origem latina: respondere e spondeu. A primeira significa, a obrigação que uma pessoa contrai com o resultado de sua atividade. Já a segunda, é a forma que se vincula o devedor nos contratos verbais (no direito romano). (GAGLIANO; PAMPLONA, apud GEMBALLA, 2008, p. 15). De acordo com Eugênio Facchini Neto (2003, p. 23): “Responsabilidade civil é a obrigação que incumbe a uma pessoa de reparar o dano causado a outrem por ato seu (responsabilidade direta), ou pelo ato de pessoas..., fato das coisas..., ou fato dos animais a ela ligados.” No entendimento de Sílvio de Salvo Venosa (2001, p. 497), o termo responsabilidade traduz: "a noção em virtude da qual se atribui a um sujeito o dever de assumir as consequências de um evento ou de uma ação". O conceito legal de responsabilidade civil vem gravado no artigo 186 do Código Civil brasileiro de 2002: “Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.” USER Highlight USER Highlight USER Highlight USER Highlight 19 Nos termos de Gagliano e Pamplona Filho (2011, p. 51), a Responsabilidade Civil decompõe-se em: “a) conduta (positiva ou negativa); b) danos; c)nexo de causalidade. Essas divisões serão vistas, com todos os detalhes, nos próximos tópicos. 2.3 TEORIAS DA RESPONSABILIDADE CIVIL Até o presente momento, foi trazido a baila, o conceito de responsabilidade civil e suas subdivisões. Vale, a partir deste tópico, trazer detalhadamente as teorias de forma mais detalhada e precisa. Assim conceitua Maria Helena Diniz (2005, p. 40): [...] como a aplicação de medidas que obriguem alguém a reparar dano moral ou patrimonial causado a terceiros em razão de ato do próprio imputado, de pessoa por quem ele responde, ou de fato de coisa animal sob sua guarda (responsabilidade subjetiva) ou, ainda, de simples imposição legal (responsabilidade objetiva). 2.3.1 Teoria da responsabilidade civil subjetiva A responsabilidade civil subjetiva (voltada à culpa) surgiu com o direito romano séculos atrás. Foi o inicio, para nosso sistema jurídico e legal, bem como para o restante do mundo. Bem explica Rizzardo (2011, p. 31), ao definir o que é a responsabilidade civil subjetiva: Já se definiu que a responsabilidade subjetiva se funda na culpa, a qual, trazendo efeitos concretos, se concretiza em ato ilícito. A trajetória, desde o início até o final, do ato ilícito, cuja conseqüência está na responsabilidade, envolve os seguintes passos: a) A ação ou omissão [...]; b) A conduta [...]; c) O nexo causal [...]; d) O dano ou resultado. Também define a responsabilidade civil subjetiva Marcelo Oliveira (1999, p. 49): A culpa, para os defensores da teoria da responsabilidade civil subjetiva é o elemento fundamental para determinar o dever do ofensor de reparar o dano. Assim, para que determinada pessoa seja obrigada a indenizar o prejuízo causado a outrem, por sua atitude, é necessário que esta tenha emanado de sua consciência, ou seja, que tenha descumprido seu dever de bom pater familiae, agindo, com negligência, imprudência ou imperícia (culpa). Se o dano causado à vítima não tiver emanado de uma atitude dolosa (culpa lato sensu) ou culposa (culpa em sentido estrito) do agente, a própria vítima será obrigada a suportar os prejuízos, como se tivessem sido causados por caso fortuito ou força maior. USER Highlight USER Highlight USER Highlight USER Highlight USER Highlight 20 Sobre o assunto trata Gagliano e Pamplona Filho (2011, p. 55): “A responsabilidade civil subjetiva é a decorrente de dano causado em função de ato doloso ou culposo”. A culpa, por ter natureza civil, caracterizar-se-á quando autor que causou o dano atuar de forma negligente ou imprudente, conforme interpretação dos dispositivos legais do Código Civil de 1916, artigo 159 e do Código Civil de 2002, artigo 186. (GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 2011, p. 55). Também demonstra Gagliano e Pamplona Filho (2011, p. 56): [...] responsabilidade civil, dentro da doutrina subjetiva, é o princípio segundo o qual cada um responde pela própria culpa – unuscuique sua culpa nocet. Por se caracterizar em fato constitutivo do direito à pretensão reparatória, caberá ao autor, sempre, o ônus da prova de tal culpa do réu. Há casos em que o ordenamento jurídico comina a responsabilidade civil a uma pessoa que não foi diretamente causador do dano, mas sim um terceiro com quem mantém algum tipo de relação jurídica. Trata-se de responsabilidade civil indireta, no qual o elemento culpa não é desprezado, mas sim presumido. (GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 2011, p. 56). 2.3.2 Teoria da responsabilidade civil objetivaHá hipóteses que não é necessária a caracterização da culpa. Esses casos, são os convencionalmente chamados de “responsabilidade civil objetiva”. Segundo essa espécie, o dolo ou a culpa do agente, são irrelevantes juridicamente, uma vez que basta a simples existência do nexo causal entre o dano e a conduta do agente. (GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 2011, p. 56-57). As teorias da responsabilidade civil objetiva é uma mera questão de reparação de danos, fundada no risco da atividade do agente. Questão histórica: a teoria objetivista surgiu no século XIX, quando o direito civil, passou a receber influencia da Escola Positiva Penal. (GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 2011, p. 57). O Código Civil brasileiro de 2002, em seu artigo 927, parágrafo único, traz a regra geral da responsabilidade civil objetiva. Muito perfeitamente explica Rizzardo (2011, p. 32), ao traduzir o sentido da responsabilidade civil objetiva: Quanto à responsabilidade civil objetiva, unicamente um dos pressupostos acima [ação ou omissão, conduta (culpa), nexo causal e dano] retira-se, que é a culpa, não USER Highlight USER Highlight USER Highlight USER Highlight USER Highlight USER Highlight USER Highlight USER Highlight 21 apenas pela dificuldade de ser conseguida em certas situações especiais, mas porque a atividade ou o trabalho importa em indenizar se desencadear algum dano. Está-se diante da teoria do risco, ou da teoria do risco criado, comum em profissões perigosas, e que está implícita na sua execução a probabilidade do dano. Os demais elementos – ação ou omissão, relação de causalidade e dano – devem estar presentes. Bem explica Stoco (2004, p. 152), a cerca da responsabilidade civil objetiva: A doutrina objetiva, ao invés de exigir que a responsabilidade civil seja a resultante dos elementos tradicionais (culpa, dano, vínculo de causalidade entre uma e outro) assenta-se na equação binária cujos pólos são o dano e a autoria do evento danoso. Sem cogitar da imputabilidade ou investigar a antijuridicidade do fato danoso, o que importa para assegurar o ressarcimento é a verificação se ocorreu o evento e se dele emanou prejuízo. Em tal ocorrendo, o autor do dano é o responsável. Resume Silva l. F. (2005, p. 17): “As variáveis que precisam estar presentes na relação são o dano ao lesado e o nexo da causalidade entre este ato e este dano. Assim, os lesados serão indenizados pelos prejuízos mesmo sem a presença da culpa do agente causador do dano.” Destarte, a concepção que deve gerir no ordenamento jurídico brasileiro é de que vige uma regra geral “dual” da responsabilidade civil, sendo a responsabilidade civil subjetiva a regra geral coexistindo com a responsabilidade civil objetiva, voltada a função da atividade de risco desenvolvida pelo autor do dano. (GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 2011, p. 57-58). Tudo que foi mencionado, até o momento, vêm à baila em implicação ao preceito fundamental do neminem laedere, que significa que nenhuma pessoa deve ser lesado por uma conduta cometida por outra pessoa. (GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 2011, p. 58). 2.4 RESPONSABILIDADE CIVIL CONTRATUAL X EXTRACONTRATUAL A responsabilidade civil no direito brasileiro, também pode ser classificada como sendo: Contratual e Extracontratual (ou aquiliana). Corrobora Oliveira (2000, p. 61): A responsabilidade civil, pode emanar do descumprimento da lei (ato ilícito) ou do descumprimento de um contrato. No primeiro caso, estamos diante da responsabilidade civil extracontratual [...]. No segundo caso, estamos perante a responsabilidade contratual, ou em outras palavras, oriunda da vontade das partes e expressas em um contrato, ainda que meramente verbal. Bem aclara sobre o assunto em tela, Rizzardo (2011, p. 37): USER Highlight USER Highlight USER Highlight USER Highlight USER Highlight USER Highlight USER Highlight USER Highlight 22 Antiga divisão da responsabilidade é a que distingue em contratual e extracontratual, conforme deriva de um contrato ou da mera conduta culposa. Na primeira, dá-se a infração de um dever contratual, enquanto na segunda a violação deriva da desobediência a um dever legal. Na responsabilidade civil contratual, acerta a responsabilidade civil normalmente em virtude dos prejuízos acarretados pelo inadimplemento, agregando também a anulação da espécie, sendo encarregada da realização da prova da mera falta do cumprimento. (RIZZARDO, 2011, p. 38). Na responsabilidade civil extracontratual, ou aquiliana, deve ser provada a culpa e os danos, ônus incumbido ao ofendido. (RIZZARDO, 2011, p. 38). Vale trazer a baila, uma pequena observação feita por Rizzardo (2011, p. 38): “Para ensejar a responsabilidade nos contratos as partes devem ser capazes. A fim de surtir direitos e obrigações, mister que se faça o contrato com pessoa capaz, cuidado que se exige mutuamente”. De extrema valia trazer o quadro disponibilizado por Gagliano e Pamplona Filho (2011, p. 59): Responsabilidade Civil: 1. Contratual – inadimplemento da obrigação prevista no contrato (violação de norma contratual anteriormente fixada pelas partes); 2. Extracontratual ou Aquiliana – violação direta de uma norma legal A responsabilidade civil contratual tem seu embasamento legal nos artigos 389 e seguintes e artigos 395 e seguintes, todos do Código Civil brasileiro de 2002. Já a responsabilidade civil extracontratual, ou aquiliana, tem seu embasamento legal previsto nos artigos 186, 187 e 927 e seguintes do Código Civil de 2002. Por fim, é indispensável que haja o dano (a lesão). É inequívoco que a inadimplência faz surgir a responsabilidade desde que haja prejuízos de ordem moral ou econômicas. (RIIZARDO, 2011, p. 39). 2.5 PRESSUPOSTOS DA RESPONSABILIDADE CIVIL USER Highlight USER Highlight USER Highlight USER Highlight USER Highlight USER Highlight USER Highlight USER Highlight USER Highlight USER Highlight 23 Ao consultar o artigo 186 do Código Civil de 2002, podemos extrair os seguintes pressupostos da responsabilidade civil, quais sejam: a) conduta humana (positiva ou negativa); b) dano ou prejuízo; c) nexo causal. (GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 2011, p. 65). O artigo 186 do Código Civil de 2002 é mais preciso do que o artigo 159 do Código Civil de 1916, uma vez que o novo dispositivo legal traz o dano moral de forma expressa, e o antigo não faz qualquer menção. (GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 2011, p. 65). Para tanto traz a elucidação de Cavalari Filho (apud SILVA, 2005, p. 09): Conduta culposa do agente, o que fica patente pela expressão “aquele que por ação ou omissão voluntária, negligência ou imperícia”; dano revelado nas expressões “violar direito” ou “causar prejuízo a outrem”; e nexo causal, que vem expresso no verbo causar. 2.5.1 Da conduta humana Somente o ser humano (homem de forma genérica), por ele mesmo ou mediante uma pessoa jurídica, poderá ser civilmente responsabilizado. (GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 2011, p. 69). Desta forma, é fácil entender que a ação ou omissão humana voluntária é pressuposto cogente para a configuração da responsabilidade civil. (GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 2011, p. 69). Nas palavras de Gagliano e Pamplona Filho (2011, p. 69): “da conduta humana, positiva ou negativa (ou omissão), guiada pela vontade do agente, que desemboca no dano ou prejuízo.” O cerne fundamental da noção da conduta humana é a “voluntariedade” que é resultado do arbítrio do agente imputável. (GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 2011, p. 69). Não se pode reconhecer o elemento conduta humana, pela ausência do elemento volitivo, como por exemplo, o caso dado por Gagliano e Pamplona Filho (2011, p. 69): “[...] nasituação do sujeito que, apreciando um raríssimo pergaminho do século III, sofre um micro-hemorragia nasal e, involuntariamente, espirra, danificando seriamente o manuscrito.” É inadmissível, nesse caso, imputar ao agente a prática de um ato voluntário. (GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 2011, p. 69). 2.5.2 Do dano USER Highlight USER Highlight USER Highlight USER Highlight USER Highlight USER Highlight 24 É indispensável a existência do dano ou prejuízo para o aparecimento da responsabilidade civil. Não havendo este elemento não há o que indenizar, nem mesmo há a responsabilidade. (GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 2011, p. 77). Cavaliere Filho (apud GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 2011, p. 78) salienta: O dano é, sem dúvida, o grande vilão da responsabilidade civil. Não haveria que se falar em indenização, nem em ressarcimento, se não houvesse o dano. Pode haver responsabilidade sem culpa, mas não pode haver responsabilidade sem dano. Na responsabilidade objetiva, qualquer que seja a modalidade de risco que lhe sirva de fundamento – risco profissional, risco proveito, risco criado etc. –, o dano constitui o seu elemento preponderante. Tanto é assim que, sem dano, não haverá o que reparar, ainda que a conduta tenha sido culposa ou até dolosa. Nas palavras de Gagliano e Pamplona Filho (2011, p. 78), conceitua o dano como sendo a “lesão a um interesse jurídico tutelado – patrimonial ou não –, causado por ação ou omissão do sujeito infrator”. De acordo com a tradição, as doutrinas costumam classificar o dano em patrimonial e moral (GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 2011, p. 82). Como veremos nos próximos tópicos. 2.5.2.1 Do dano patrimonial Nesta espécie de dano, há interesse econômico envolvido. O dano é consumado com o fato de impedir a satisfação econômica. O conceito de patrimônio envolve qualquer bem exterior. Podendo ser classificado em riquezas materiais valorizável por natureza ou em dinheiro. Deve ser idôneo para a satisfação da necessidade econômica e suscetível a ser usufruível. (RIZZARDO, 2011, p. 14-15). O dano patrimonial exprime lesão aos bens e direitos economicamente estimáveis do titular. Assim ocorre quando é sofrido dano em um carro ou uma casa. (GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 2011, p. 82). 2.5.2.2 Do dano moral O dano pode atingir outros bens da pessoa lesada, com cunho personalíssimo, deslocando o foco para a seara do dano moral. (GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 2011, p. 85). USER Highlight USER Highlight USER Highlight USER Highlight USER Highlight USER Highlight USER Highlight USER Highlight USER Highlight 25 Trata-se de lesão de direitos, cujo conteúdo não é pecuniário, nem comercialmente redutível a dinheiro como no caso dos direitos da personalidade, como por exemplo, o direito à vida, à integridade física (“direito ao corpo, vivo ou morto e a voz”), à liberdade psíquica (pensamentos, criações intelectuais, privacidade e segredo) e à integridade moral (“honra, imagem e identidade”). (GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 2011, p. 86). Vale trazer a baila o disposto nos artigo 5º, incisos V e X, da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988: Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: [...] V – é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, ou moral ou à imagem; [...] X – são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurando o direito à indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação. Segundo Bittar (apud GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 2011, p. 86), qualifica: “como morais os danos em razão da esfera da subjetividade, ou do plano valorativo da pessoa na sociedade, em que repercute o fato violador, [...] aqueles que atingem os aspectos mais íntimos da personalidade humana”. 2.5.3 Do nexo de causalidade Depois de passar pelos dois primeiros pressupostos da responsabilidade civil (conduta humana e dano), será tratado o último pressuposto, o nexo causal. Faz-se necessário verificar a relação ou liame entre o dano e o agente, o que tornará possível a imputação do indivíduo. (RIZZARDO, 2011, p. 67). De forma sagaz traz Serpa Lopes (apud GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 2011, p. 127): Uma das condições essenciais à responsabilidade civil é a presença de um nexo causal entre o fato ilícito e o dano por ele produzido. É uma noção aparentemente fácil e limpa de dificuldade. Mas se trata de mera aparência, porquanto a noção de causa é uma noção que se reveste de um aspecto profundamente filosófico, alem das dificuldades de ordem prática, quando os elementos causais, os fatores de produção de um prejuízo, se multiplicam no tempo e no espaço. USER Highlight USER Highlight USER Highlight USER Highlight USER Highlight USER Highlight 26 Desta triangulação (conduta humana, dano e nexo causal), decorre a configuração (a formação) da responsabilidade civil. (RIZZARDO, 2011, p. 67). Para buscar a responsabilidade, nas palavras de Rizzardo (2011, p. 67): É preciso que haja ou se encontre a existência de um dano, o qual se apresenta antijurídico, ou que não seja permitido ou tolerado pelo direito, ou constitua espécie que importe em reparação pela sua mera verificação, e que se impute ou atribua a alguém que o causou ou ensejou a sua efetivação. Em três palavras resume-se o nexo causal: o dano, a antijuridicidade e a imputação. O nexo causal está diante da relação verificada entre um determinado fato (o prejuízo) e um sujeito (agente) provocador de um determinado dano. (RIZZARDO, 2011, p. 67). De forma muito clara e resumida o nexo de causalidade é o elo etiológico da junção que une a conduta humana (positiva ou negativa) e o dano (lesão). (GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 2011, p. 127). 2.6 DAS EXCLUDENTES DE RESPONSABILIDADE Há situações, previstas dentro do nosso ordenamento legal, que acabam provocando prejuízos ao direito de outra pessoa, porém não constituem atos ilícitos. (RIZZARDO, 2011, p. 77). As hipóteses que isentam o agente da responsabilidade estão prevista no artigo 188 e seus incisos, vejamos: Art. 188. Não constituem atos ilícitos: I - os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido; II - a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover perigo iminente. Parágrafo único. No caso do inciso II, o ato será legítimo somente quando as circunstâncias o tornarem absolutamente necessário, não excedendo os limites do indispensável para a remoção do perigo (BRASIL, 2002, p. 159). Para melhor compreensão de cada um dos excludentes de responsabilidade, veremos de forma mais detalhada, nos tópicos a seguir. 2.6.1 Legítima defesa USER Highlight USER Highlight USER Highlight USER Highlight USER Highlight 27 Esta excludente esta prevista no artigo 188, inciso I, do Código Civil brasileiro de 2002. Na legítima defesa o indivíduo encontra-se diante de uma situação de agressão, sendo dirigida a si ou a terceiro, que não tem qualquer obrigação de suportar. (GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 2011, p. 146). Tratar do assunto Rizzardo (2009, p.82): “O indivíduo exerce um direito ao defender a sua pessoa ou os bens que lhe pertencem, direito que emana diretamente da personalidade ou da natureza humana.” Desta forma, pode-se entender que a legítima defesa pode ser exercida em seu próprio favor ou de terceiro, com finalidade de proteção dos direitos ameaçados.2.6.2 Exercício regular de um direito reconhecido Também tem sua previsão legal no artigo 188, inciso I, do Código Civil de 2002. Se alguém atua protegendo um direito, este não poderá estar atuando contra esse mesmo direito. “Não poderá haver responsabilidade civil se o agente atuar no exercício regular de um direito reconhecido.” (GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 2011, p. 148). Nas palavras de Rizzardo (2009, p. 75) que: “Para a doutrina, não há exercício regular de um direito se decorre transgressão à lei.” Se alguém age protegendo um direito, esse não poderá ser punido, porque seu ato é legítimo e legal. 2.6.3 Estado de necessidade Nesta excludente a previsão legal está no artigo 188, inciso II, do Código Civil de 2002. O estado de necessidade consiste em caso de lesão a um direito alheio, com valor jurídico inferior ao que é pretendido defender, para remover perigo iminente, quando as circunstancias do fato, não permitirem outra forma. (GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 2011, p. 144). Nas palavras de Rizzardo (2011, p. 82): “A previsão de mencionado dispositivo consiste na deterioração ou destruição da coisa alheia, a fim de remover perigo iminente.” Há outras excludentes de responsabilidade que não estão previstos no artigo 188 e seus incisos do Código Civil brasileiro de 2002, tais como caso fortuito ou força maior, culpa exclusiva da vítima, fato de terceiro e cláusula de não indenizar. USER Highlight USER Highlight USER Highlight USER Highlight USER Highlight USER Highlight USER Highlight USER Highlight 28 2.6.4 Caso fortuito ou força maior Esta modalidade de excludente restá prevista no artigo 393, do Código Civil de 2002: “Art. 393. O devedor não responde pelos prejuízos resultantes de caso fortuito ou força maior, se expressamente não se houver por eles responsabilizado” (BRASIL, 2002, p. 174). Bem trata Azevedo (apud GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 2011, p.153): Pelo que acabamos de perceber, caso fortuito é o acontecimento provindo da natureza, sem qualquer intervenção da vontade humana... A força maior, por sua vez, é o fato do terceiro, ou do credor; é a atuação humana, não do devedor, que impossibilita o cumprimento obrigacional. Conceituando, diz Rizzardo (2011, p. 86.): Efetivamente, importa, como condição primordial, a possibilidade do cumprimento. [...]. No presente item, restringe-se estudo à responsabilidade na impossibilidade da prestação proveniente de circunstâncias estranhas à vontade do devedor, e não imputáveis a ele, mas relativamente ao caso fortuito ou a uma circunstância de força maior. Na teoria há distinção entre as duas, e na prática os dois não tem o mesmo efeito. Para que a isenção da responsabilidade ocorra deve haver impossibilidade total. 2.6.5 Culpa exclusiva da vítima O Código Civil brasileiro, não tem previsão expressa da culpa exclusiva da vítima, mas a doutrina a compara com a concorrência de culpa da vítima (artigo 945 do Código Civil). “art. 945. Se a vítima tiver concorrido culposamente para o evento danoso, a sua indenização será fixada tendo-se em conta a gravidade de sua culpa em confronto com a do autor do dano”(BRASIL, 2002, p. 211). Conceitua Dias (apud GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 2011, p. 160), o que é a culpa exclusiva: Admite-se como causa de isenção de responsabilidade o que se chama de culpa exclusiva da vítima. Com isso na realidade, se alude a ato ou fato exclusivo da vítima, pelo qual fica eliminada a causalidade em relação ao terceiro interveniente no ato danoso. Gagliano e Pamplona Filho (2011, p. 157) exemplificam: USER Highlight USER Highlight USER Highlight USER Highlight 29 Imagine a hipótese do sujeito que, guiando o seu veículo segundo as regras de trânsito, depara-se com alguém que, visando suicidar-se, arremessa-se sob as suas rodas. Nesse caso, o evento fatídico, obviamente, não poderá ser atribuído ao motorista (agente), mas sim, e tão somente, ao suicida (vítima). Se a vítima contribuir para o ato na construção do elemento danoso, o direito não se pode conservar alheio a essas circunstâncias. (STOCO, 2004, p. 177). 2.6.6 Fato de terceiro A pessoa (o agente) que pratica ato ilícito que acaba provocando danos, é uma pessoa e quem acaba assumindo a responsabilidade pela indenização, é outra pessoa, que tem o dever legal de representação e guarda sobre o agente causador direto. (RIZZARDO, 2011, p. 101). Sobre o assunto explica Gagliano e Pamplona Filho (2011, p. 159): “Nessa mesma linha de raciocínio, interessa saber se o comportamento de um terceiro - que não seja o agente do dano e a vítima - rompe o nexo causal, excluindo a responsabilidade civil.” Trata Gagliano e Pamplona Filho (2011, p.160) dizendo que: Em algumas hipóteses, entretanto, o fato de terceiro que haja rompido o nexo causal, sem que se possa imputar participação ao agente, exonera, em nosso entendimento, completamente a sua responsabilidade, devendo a vítima voltar-se diretamente contra o terceiro. Há um terceiro envolvido na relação, mas só será afastada a responsabilização do autor, quando esse não incorrer de forma nenhuma para com o evento danoso (lesivo). 2.6.7 Cláusula de não indenizar Essa excludente só tem cabimento na responsabilidade civil contratual. Trata-se de uma convenção entre as partes, no qual ambas excluem o dever de indenizar no caso de inadimplemento da obrigação. (GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 2011, p. 162). Muito bem explana Gagliano e Pamplona Filho (2011, p. 163): Assim, à vista de todo o exposto, poderíamos fixar a premissa de que essa cláusula só deve ser admitida quando as partes envolvidas guardarem entre si uma relação de igualdade, de forma que a exclusão do direito à reparação não traduza renúncia da parte economicamente mais fraca. USER Highlight USER Highlight USER Sticky Note exemplo para intender sobrea a culap exclusiva da vitima USER Highlight USER Highlight 30 Assim o propósito desta modalidade é evitar a responsabilização do agente que causar danos, se tornando uma das excludentes de responsabilidade civil, por meio de pacto entre as partes, não existindo previsão legal, mas também não há implicância contra o seu uso. Por fim, encerra-se o primeiro capítulo. 31 3 NATUREZA OBRIGACIONAL O presente capítulo trará o estudo da responsabilidade civil do profissional dentista, frente à sua natureza obrigacional. Será visto se os procedimentos odontológicos são de meio ou de resultado, perante a legislação brasileira, todavia seguindo uma ordem cronológica. 3.1 DAS OBRIGAÇÕES DE MEIO E DE RESULTADO O direito das obrigações aparece com o intuito de fazer com que as pessoas ajam de modo correto (certo + ética), pois o vinculo da obrigação se dá com a existência de norma que impõe a obrigação (dar, fazer ou não fazer) (BARBIERI, 2008, p. 85). Pode se considerar de meio a obrigação que impõe de quem exerce ou executa o emprego de determinados meios adequados para o fim visado. Já de resultado pode-se classificar a que visa um fim específico que deverá ser alcançado. (RIZZARDO, 2011, p. 322). Na obrigação de meio, “reclama-se o exercício da melhor maneira possível”, averiguando-se a necessária diligência para a profissão, mesmo que não obtenha o resultado desejado. Indispensável à utilização de toda a ciência existente na sua profissão. (RIZZARDO, 2011, p. 322). Theodoro Júnior (apud RIZZARDO, 2009, p. 327) aprofunda: Já na obrigação de meio,o que o contrato impõe ao devedor é apenas a realização de certa atividade, rumo a um fim, mas sem ter o compromisso de atingi-lo. O objeto do contrato limita-se à referida atividade, de modo que o devedor tem de empenhar- se na procura do fim que justifica o negócio jurídico, agindo com zelo e de acordo com a técnica própria de sua função; a frustração, porém, do objetivo visado não configura inadimplemento, nem, obviamente, enseja dever de indenizar o dano suportado pelo outro contratante. Somente haverá inadimplemento, com seus consectários jurídicos, quando a atividade devida for mal desempenhada. E o que se passa em princípio, com a generalidade dos contratos de prestação de serviços, já que o obreiro põe sua força física ou intelectual à disposição do tomador de seus serviços, sem se comprometer com o resultado final visado por este. Na obrigação de resultado o contratado compromete-se em atingir um determinado objetivo, de maneira que quando o fim apetecido não é alcançado ou apenas alcançado em parte, tem-se a inexecução da obrigação. (ALMEIDA, 2008, p. 01). A obrigação de resultado, nada mais é, que uma relação jurídica estabelecida entre dois sujeito, tendo como objeto, um determinado resultado. (BARBIERI, 2008, p. 104). Resumindo nas palavras de Arantes (2006, p. 48-49): USER Highlight USER Highlight USER Highlight USER Highlight USER Highlight 32 A principal diferença que existe entre a obrigação de resultado e a obrigação de meio, é que na primeira (obrigação de resultado), o agente está automaticamente assumindo a responsabilidade de atingir ou conseguir um determinado resultado eficiente, preestabelecido, com a obrigação proposta, e caso este resultado não seja convenientemente obtido, caberia ao contratante da obrigação, o direito de recurso ou ação contra o agente inadimplente com o compromisso assumido. Por outro lado, a obrigação de meio para um determinado agente é mais confortável e cômoda, isto porque, nesta situação compromete-se ele, em aplicar todos os meios necessários na consecução da obrigação contraída para a solução satisfatória da obrigação sem, entretanto, assumir a responsabilidade de que tal resultado irá realmente ocorrer. Não assegurando, ou mesmo não prometendo o resultado. Assim trata Despinoy (2011): A responsabilidade civil do Cirurgião Dentista vem sendo vista, hoje, pelo nosso Direito, de formas diversas no que tange a obrigação ser de meio ou de resultado, dependendo para tal enquadramento, em regra geral, da especialidade odontológica, assim como do ponto de vista de cada autor ou tribunal, no que ainda não se chegou a consenso. 3.2 OBRIGAÇÕES DE MEIO E DE RESULTADO APLICADA NA ODONTOLOGIA É de suma importância o reconhecimento da modalidade da obrigação do dentista, para que assim, possa ser melhor e mais adequado a sua responsabilização e por fim sua sanção condenatória (indenizatória). Explica Arantes (2006, p. 87-88) sobre a obrigação de resultado: Destarte que, quando utilizamos, como cirurgiões-dentistas, ao “vendermos” nossos préstimos profissionais, argumentos do tipo: “Este tratamento irá deixar seu sorriso maravilhosos”, “Você irá tornar-se mais jovem com esta prótese”, estamos automaticamente configurando o nosso tratamento como sendo de resultado, pois criamos uma expectativa de resultado, que diga-se, não podemos avaliar, psicologicamente, o quão importante possa estar sendo para nosso paciente. E se, ao final do tratamento, no entender do paciente, os resultados obtidos, não coincidirem com aquelas expectativas que lhe foram induzidas a acreditar por nosso convencimento e promessas, ou seja, o sorriso ficou bom, mas não maravilhoso ao olhar do paciente, o tratamento não o deixou mais jovem, e, afirme-se, nem poderia, é de seu pleno e completo direito acionar o profissional judicialmente. Tratando da obrigação de meio Arantes (2006, p. 88) afirma: Por outro lado, a obrigação de meio [...] ele compromete-se em aplicar todos os meios necessários no tratamento, quer sejam materiais ou imateriais (seus conhecimentos técnico-científico) para a cura ou para a solução satisfatória do problema, sem, entretanto, assumir a responsabilidade de que tal resultado irá realmente ocorrer. Não assegurando ou prometendo a cura total, nem “milagres”[...]. O Tribunal de Justiça de Santa Catarina, já se pronunciou: 33 DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES - RESPONSABILDADE CIVIL - ERRO ODONTOLÓGICO - COLOCAÇÃO DE IMPLANTES DENTÁRIOS - DANOS MATERIAIS E MORAIS - IMPROCEDÊNCIA EM 1º GRAU - IRRESIGNAÇÃO DA AUTORA - OBRIGAÇÃO DE RESULTADO DESCUMPRIDA - AFROUXAMENTO DE IMPLANTES - ALEGAÇÕES DESPICIENDAS - IMPLANTES INSTALADOS COM SUCESSO - PROBLEMAS DECORRENTES DE CAUSAS SUPERVENIENTES - AUSÊNCIA DE ERRO PROFISSIONAL - RECURSO DESPROVIDO - SENTENÇA MANTIDA. Na responsabilidade civil de odontólogo, excepcionadas as atividades que se assemelham ao tratamento médico, sua obrigação é de resultado. Demonstrado que os procedimentos adotados pelo dentista foram regulares e que o resultado prometido foi alcançado, afastada está sua responsabilidade civil pelos prejuízos alegados pela autora. (Grifo nosso) (SANTA CATARINA, 2009). Decidiu o Egrégio Tribunal de Justiça de Santa Catarina: APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO DE DANOS MATERIAIS E MORAIS. TRATAMENTO ODONTOLÓGICO INADEQUADO. COROA DENTÁRIA MAL ADAPTADA QUE CAUSA, DENTRE OUTROS TRANSTORNOS: DOR, DESCONFORTO E HALITOSE. OBRIGAÇÃO DE RESULTADO POR PARTE DA CIRURGIÃ DENTISTA RECONHECIDA. DEVER DE RESSARCIR EVIDENCIADO. VALOR DO DANO MORAL COMPATÍVEL COM OS PRINCÍPIOS DA RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE. DANO ESTÉTICO NÃO VERIFICADO. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO PARCIALMENTE. Não obstante ser a obrigação normalmente de meio, há consenso de que, pelo avanço das técnicas e progresso dos materiais e recursos disponíveis na atualidade, sobretudo nas áreas mais voltadas à estética, o profissional da odontologia, por vezes, assume obrigação de resultado, sendo imprescindível, para se desonerar de eventual ressarcimento, comprovar sua atuação diligente e eficaz para obtenção do resultado contratado. (Processo: 2008.026284-8 (Acórdão) Relator: Ronei Danielli Origem: Araranguá Orgão Julgador: Sexta Câmara de Direito Civil Data: 02/09/2011 Juiz Prolator: Pedro Aujor Furtado Junior Classe: Apelação Cível). (Grifo Nosso). Continua corroborando o Tribunal de Justiça do Estado de Santa Catarina, na seguinte jurisprudência: APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS, ESTÉTICOS E MATERIAIS - cirurgia de implante osteointegrado (COLOCAÇÃO DE PINOS) - OBRIGAÇÃO DE RESULTADO - INEXISTÊNCIA DE ACOMPANHAMENTO RIGOROSO - CULPA DO PROFISSIONAL COMPROVADA PELA SUA NEGLIGÊNCIA AO abandonar seu paciente no meio do tratamento - RESPONSABILIDADE OBJETIVA DO PROFISSIONAL DE SAÚDE (CIRURGIÃO-DENTISTA) - EXEGESE DO ART. 14, §4º DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR - DEVER DE INDENIZAR CONFIGURADO - DANOS MATERIAIS ARBITRADOS DE ACORDO COM OS VALORES PAGOS PARA O TRATAMENTO ODONTOLÓGICO (R$ 3.600,00 -TRÊS MIL E SEISCENTOS REAIS) - DANOS MORAIS FIXADOS EM R$ 10.000,00 - DEZ MIL REAIS) - MINORAÇÃO DO QUANTUM INDENIZATÓRIO - IMPOSSIBILIDADE - RAZOABILIDADE NA FIXAÇÃO DA INDENIZAÇÃO - CARÁTER REPARATÓRIO, PEDAGÓGICO E INIBIDOR - REQUISITOS ATENDIDOS NA SENTENÇA - JUROS DE MORA E CORREÇÃO 34 MONETÁRIA - APLICAÇÃO DE OFÍCIO - SENTENÇA MANTIDA - RECURSO DESPROVIDO. 1. "Ao contrário do que ocorre com os serviços médicos em geral, a atuação dos cirurgiões-dentistas encerra obrigação de resultado, notadamente quando o procedimento realizado decorrer de especialidades como dentística restauradora, ortodontia, e implantodontia, e que visam, quase sempre, melhorias de ordem estéticae fisiológica. Nessa linha, deixando o tratamento dentário dessa natureza de atingir o escopo desejado e previamente definido pelo profissional da saúde com o seu paciente, responde o dentista, objetivamente, pelos danos causados à vítima (consumidor), salvo quando demonstrada, de maneira cabal, alguma causa excludente de responsabilidade civil (ocorrência de culpa exclusiva do consumidor, fato de terceiro, caso fortuito ou força maior), hipóteses não verificadas no caso em exame. [...] ausência de consecução dos resultados pretendidos com a colocação dos implantes e próteses dentárias, sendo facilmente aferível a dor, tanto física quanto moral, decorrente do doloroso e extenso tratamento a que a autora foi submetida e que não alcançou o seu desiderato, obrigando-a a realizar novo procedimento." (AC n. 2006.028217-4, da Capital, Rel. Des. Joel Dias Figueira Junior, j. em 10/04/2007). 2. "A indenização por danos morais - que tem por escopo atender, além da reparação ou compensação da dor em si, ao elemento pedagógico, consistente na observação pelo ofensor de maior diligência de forma a evitar a reiteração da ação ou omissão danosa - deve harmonizar-se com a intensidade da culpa do lesante, o grau de sofrimento do indenizado e a situação econômica de ambos, para não ensejar a ruína ou a impunidade daquele, bem como o enriquecimento sem causa ou a insatisfação deste." (AC n. 2005.018120-2, de Tubarão, Rel. Des. Marcus Túlio Sartorato. j. em 06/03/2007). 3. A correção monetária do valor da indenização do dano moral incide desde a data do arbitramento, nos termos da Súmula 362 do Superior Tribunal de Justiça. 4. "O termo inicial para a contagem dos juros de mora nas obrigações contratuais flui a partir da citação." (AC n. 2005.039774-0, Rel. Des. Mazoni Ferreira, j. em 05/06/2009). (Grifo nosso) (SANTA CATARINA, 2009). Acompanha com o Tribunal de Justiça de Santa Catarina o TJ do Estado do Paraná: EMENTA: CIVIL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. ERRO DE CIRURGIÃO- DENTISTA. OBRIGAÇÃO DE RESULTADO. IMPLANTES INADEQUADOS. RESPONSABILIDADE CONFIGURADA. DANOS MORAIS. VALOR. REDUÇÃO. APELO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO. A responsabilidade civil do cirurgião-dentista, em regra, é de resultado. Portanto, comprovado o resultado inadequado do procedimento e ausente prova de atuação sem culpa, configurada a responsabilidade do profissional. De qualquer forma, exame juntado aos autos é prova bastante de sua imperícia. O valor da indenização por danos morais merece redução em razão das peculiaridades do caso e das funções próprias do instituto. (Grifo nosso) (PARANÁ, 2011). De igual entender trata o Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul: APELAÇÃO CÍVEL. RESPONSABILIDADE CIVIL. AÇÃO ORDINÁRIA DE INDENIZAÇÃO. IMPLANTES DENTAIS. QUEDA. PERDA DE SENSIBILIDADE EM PEQUENA REGIÃO FACIAL. DA RESPONSABILIDADE CIVIL DO DENTISTA. A obrigação assumida pelo cirurgião dentista, em regra, é de resultado, e sua responsabilidade é subjetiva, com culpa presumida, sendo do profissional o ônus de comprovar que não agiu com culpa em qualquer das modalidades: negligência, imprudência ou imperícia. Entendimento doutrinário e jurisprudencial. Aplicação do art. 14, § 4º, do CDC. DA 35 RESPONSABILIDADE CIVIL DA CLÍNICA. É cediço que as clínicas, na qualidade de prestadores de serviços, respondem independente de culpa pelo serviço defeituoso prestado ou posto à disposição do consumidor, responsabilidade que é afastada sempre que comprovada a inexistência de defeito ou a culpa exclusiva do consumidor, ou de terceiro, ex vi do art. 14, § 3º do CDC. DO TRATAMENTO DISPENSADO AO CONSUMIDOR. Assente nos autos, mormente na prova técnica, a correção no tratamento dispensado pelos profissionais demandados à autora, nas dependências da clínica co-demandada, ao implantarem próteses dentárias na paciente, sendo a queda de uma destas e o contato de implante com nervo alveolar riscos inerentes ao procedimento, inviável o reconhecimento do dever de indenizar dos demandados. Dever de informar cumprido. Ausência de falha na prestação de serviço comprovada pelos réus. Sentença mantida. APELAÇÃO DESPROVIDA. (Grifo nosso) (RIO GRANDE DO SUL, 2011). Observa Amaral (2008, p. 53): É importante se destacar que, a realidade atual em nossos tribunais, faz sobressair deste contexto uma tendência de, no caso concreto, em situações judiciais de postulação de ressarcimento de prejuízos oriundos de danos causados por cirurgiões- dentistas, analisarem as circunstâncias peculiares de cada tratamento, para só assim optar entre considerar a obrigação, no que pertine àquela pela qual este se comprometeu com seu paciente, como sendo de meio ou de resultado. É controversa as opiniões dos legisladores e juristas, em relação à atividade do dentista, como sendo uma obrigação de meio ou de resultado. Para a maioria dos juristas, ao contrario do campo da medicina, a maioria dos tratamentos é possível prever um resultado final. (ARANTES, 2006, p. 89). Para Oliveira (2000, p. 73), há dois momentos que devem ser observados para a distinção entre obrigação de meio ou de resultado: Num primeiro momento, é preciso verificar a forma como a obrigação foi contratada. Se o contratado se obrigou, no momento da contratação da obrigação, a atingir determinado resultado esta promessa realizada ao contratante foi o móvel determinante para a celebração do contrato, a obrigação é inquestionavelmente de resultado, devendo o devedor responder por sua inexecução, caso não obtenha o resultado prometido. Há que se avaliar, também, o grau da possível obtenção do resultado almejado dentre as técnicas existentes, em determinada atividade. Considera-se como obrigação de resultado, as seguintes especialidades da odontologia: Dentística Restauradora, Odontologia Legal, Odontologia Preventiva e Social, Ortodontia, Próteses Dental, Radiologia Odontologia em Saúde Coletiva e Endodontia. (ARANTES, 2006, p. 89-90). Conforme a resolução CFO 185/1993, há casos que podem variar entre meio e resultado. Quais sejam: Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Facial, Odontologia Legal, Odontopediatria, Periodontia, Prótese Buco-Maxilo-Facial, Estomatologia e Implantodontia. 36 Veremos no tópico a seguir as modalidades previstas nos artigos 39 e seguintes da Resolução 185 de 1993 do Conselho Federal de Odontologia, que criou a Consolidação das Normas para Procedimentos nos Conselhos Regionais de Odontologia. 3.3 ESPECIALIDADES ODONTOLOGICAS Será visto, neste tópico, a extensão da atuação do trabalho de cada especialidade do Dentista, prevista no artigo 39 da Consolidação das Normas para Procedimentos nos Conselhos Regionais de Odontologia, criada com a Resolução 185/93. Art. 39. Os registros e as inscrições somente poderão ser feitos nas seguintes especialidades: a) Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Faciais; b) Dentística Restauradora; c) Endodontia; d) Odontologia Legal; e) Odontologia em Saúde Coletiva; f) Odontopediatria; g) Ortodontia; h) Patologia Bucal; i) Periodontia; j) Prótese Buco-Maxilo-Facial; k) Prótese Dentária; l) Radiologia; m) Implantodontia; e, n) Estomatologia. Pode-se assim entender melhor as explicações de Arantes, vistas no tópico anterior. 3.3.1 Cirurgia e traumatologia buco-maxilo-faciais Esta espécie prevista na alínea “a” do artigo 39 da Resolução 185/93 do CFO, tem “objetivo a cirurgia e coadjuvante das doenças” traumatismos, lesões e anomalias congênitas e adquiridas e adquiridas do aparelho mastigatório e anexos, e estruturas craniofaciais associadas. Conforme dispõe o artigo 41 da Resolução 185/93, do CFO. Art. 41. Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Faciais é a especialidade que tem como objetivo o diagnóstico e o tratamentocirúrgico e coadjuvante das doenças, traumatismos, lesões e anoma-lias congênitas e adquiridas do aparelho mastigatório e anexos, e es-truturas crânio-faciais associadas. Nesta espécie o dentista tem as seguintes competências para sua atuação como cirurgião: a) implantes, enxertos, transplantes e reimplantes; b) biópsias; c) cirurgia com 37 finalidade protética; d) cirurgia com finalidade ortodôntica; e) cirurgia ortognática; e, f) tratamento cirúrgico de cistos; afecções radicula-res e periradiculares; doenças das glândulas salivares; doenças da articulação têmporo-mandibular; lesões de origem traumática na área buco-maxilo-facial; malformações congênitas ou adquiridas dos maxilares e da mandíbula; tumores benignos da cavidade bucal; tumores malignos da cavidade bucal, quando o especialista deverá atuar integrado em equipe de oncologista; e, de distúrbio neurológico, com manifestação maxilo-facial, em colaboração com neurologista ou neurocirurgião. (Artigo 42, da Resolução 185, do CFO). 3.3.2 Dentística restauradora Esta espécie prevista na alínea “b” do artigo 39 da Resolução 185/93, “tem como objetivo a preservação do dente por meio de prevenção, diagnóstico, prognóstico, tratamento e controle das alterações da polpa e dos tecidos periradiculares.” (Artigo 50, da Resolução 185, da CFO). Conforme o artigo 51 da Resolução 185/93, da CFO, o especialista em restauração tem as seguintes competências: a) procedimentos conservadores da vitalidade pulpar; b) procedimentos cirúrgicos no tecido e nas cavidades pulpares; c) procedimentos cirúrgicos para-endodônticos; e, d) tratamento dos traumatismos dentários. 3.3.3 Endodontia Essa espécie está prevista na alínea “c” do artigo 39 da Resolução 185/1993, da CFO, e tem como objetivo “a preservação do dente por meio de prevenção, diagnóstico, prognóstico, tratamento e controle das alterações da polpa e dos tecidos periradiculares.” (Artigo 52, da Resolução supracitada). Por sua vez, sua competência de atuação do especialista abarcam: a) procedimentos conservadores da vitalidade pulpar; b) procedimentos cirúrgicos no tecido e nas cavidades pulpares; c) procedimentos cirúrgicos para-endodônticos; e, d) tratamento dos traumatismos dentários. (Artigo 53, da Resolução 185/93, da CFO). 3.3.4 Odontologia legal 38 Já está espécie odontológica, prevista no artigo 39, alínea “d”, da Resolução 185/93, do Conselho Federal de Odontologia, “tem como objetivo a pesquisa de fenômenos psíquicos, físicos, químicos e biológicos que podem atingir ou ter atingido o homem, vivo, morto ou ossada, e mesmo fragmentos ou vestígios, resultando lesões parciais ou totais reversíveis ou irreversíveis.” (Artigo 54, da referida Resolução). Conforme parágrafo único do artigo 54 da Resolução supracitada “a atuação da Odontologia Legal restringe-se a análise, perícia e avaliação de eventos relacionados com a área de competência do cirurgião-dentista podendo, se as circunstâncias o exigirem, estender- se a outras áreas, se disso depender a busca da verdade, no estrito interesse da justiça e da administração.” Atribui as seguintes competências a atuação do odontólogo legal: a) identificação humana; b) perícia em foro civil, criminal e trabalhista; c) perícia em área administrativa; d) perícia, avaliação e planejamento em infortunística; e) tanatologia forense; f) elaboração de: autos, laudos e pareceres; relatórios e atestados; g) traumatologia odonto-legal; h) balística forense: i) perícia logística no vivo, no morto, íntegro ou em suas partes em fragmentos; j) perícia em vestígios correlatos, inclusive de manchas ou líquidos oriundos da cavidade bucal ou nela presentes; l) exames por imagem para fins periciais; m) deontologia odontológica; n) orientação odonto-legal para o exercício profissional; e, o) exames por imagens para fins odonto-legais. (Artigo 55, da Resolução 185/1993, da CFO). 3.3.5 Odontologia em saúde coletiva Espécie prevista na alínea “e” do artigo 39 da Resolução 185/93 da CFO, “tem como objetivo o estudo dos fenômenos que interferem na saúde bucal coletiva, por meio de análise, organização, planejamento, execução e avaliação de serviços, projetos ou programas de saúde bucal, dirigidos a grupos populacionais, com ênfase nos aspectos preventivos.” (Artigo 56 da Resolução acima citada). Incluem nessa espécie de atuação do dentista: a) análise sócio epidemiológica dos problemas de saúde bucal da comunidade; b) elaboração e execução de projetos, programas e/ou sistemas de ação coletiva ou de saúde pública visando à promoção, ao restabelecimento e ao controle da saúde bucal; c) participação, em nível administrativo e operacional de equipe multiprofissional, por intermédio de organização de serviços; gerenciamento em diferentes setores e níveis de administração em saúde pública; vigilância sanitária; controle das doenças; 39 educação em saúde pública; e, d) identificação e prevenção das doenças bucais oriundas exclusivamente da atividade laboral. (Artigo 57 da Resolução 185/1993, da CFO). 3.3.6 Odontopediatria A Odontopediatria, prevista no artigo 39, alínea “f”, da Resolução 185/1993, do Conselho Federal de Odontologia, “tem como objetivo o diagnóstico, a prevenção, o tratamento e o controle dos problemas de saúde bucal da criança, a educação para a saúde bucal e a integração desses procedimentos com os dos outros profissionais da área da saúde.” (Artigo 58, da Resolução supracitada). O Odontopediatra tem as seguintes competências para a sua atuação: a) educação e promoção de saúde bucal, devendo o especialista transmitir às crianças, aos seus responsáveis e à comunidade, os conhecimentos indispensáveis à manutenção do estado de saúde das estruturas bucais; b) prevenção em todos os níveis de atenção, devendo o especialista atuar sobre os problemas relativos à cárie dentária, à doença periodontal, às maloclusões, às malformações congênitas e às neoplasias; c) diagnóstico dos problemas buco-dentários; d) tratamento das lesões dos tecidos moles, dos dentes, dos arcos dentários e das estruturas ósseas adjacentes, decorrentes de cáries, traumatismos, alterações na odontogênese e malformações congênitas; e, e) condicionamento da criança para a atenção odontológica. (Artigo 59, da Resolução 185/93, da CFO). 3.3.7 Ortodontia Com previsão no artigo 39 alínea “g” da Resolução 185 de 1993, proferida pelo Conselho Federal de Odontologia, a Ortodontia “tem como objetivo a prevenção, a supervisão e a orientação do desenvolvimento do aparelho mastigatório e a correção das estruturas dento- faciais, incluindo as condições que requeiram movimentação dentária, bem como harmonização da face no complexo maxilo-mandibular.” (Artigo 60 da Resolução citada anteriormente). O Ortodontista tem as seguintes competências para sua atuação: a) diagnóstico, prevenção, interceptação e prognóstico das maloclusões e disfunções neuromusculares; b) planejamento do tratamento e sua execução mediante indicação, aplicação e controle dos aparelhos mecanoterápicos e funcionais, para obter e manter relações oclusais normais em harmonia funcional, estética e fisiológica com as estruturas faciais; e, c) inter-relacionamento 40 com outras especialidades afins necessárias ao tratamento integral da face. (Artigo 61 da Resolução 185 de 1993, da CFO). 3.3.8 Patologia bucal Essa espécie está prevista no artigo 39, alínea “h” da Resolução 185/1993, do CFO e “tem como objetivo o estudo laboratorial das alterações da cavidade bucal e estruturas anexas, visando ao diagnóstico final e ao prognóstico dessas alterações.” (Artigo 62, da Resolução citada acima). Para melhor pratica de sua atividade, o dentista especialista em patologia bucal, deve se amparar em dados clínicos
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