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Responsabilidade Civil do profissional dentista

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UNIVERSIDADE REGIONAL DE BLUMENAU 
 
CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS 
 
CURSO DE DIREITO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
GABRIEL EDUARDO ZOSCHKE 
 
 
 
A RESPONSABILIDADE CIVIL DO PROFISSIONAL DENTISTA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
BLUMENAU 
2012 
 
 
GABRIEL EDUARDO ZOSCHKE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A RESPONSABILIDADE CIVIL DO PROFISSIONAL DENTISTA 
 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado para 
obtenção do grau de Bacharel em Direito pela 
Universidade Regional de Blumenau – FURB, como 
requisito para a obtenção do grau de Bacharel em 
direito. 
 
Prof. MSc. José Augusto Kistner – Orientador 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
BLUMENAU 
2012 
 
 
 
GABRIEL EDUARDO ZOSCHKE 
 
 
 
 
A RESPONSABILIDADE CIVIL DO PROFISSIONAL DENTISTA 
 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso aprovado com 
nota 8,3 como requisito parcial para a obtenção do 
grau de Bacharel em Direito, tendo sido julgado 
pela Banca Examinadora formada pelos 
professores: 
 
 
 
 
____________________________________________________________ 
Presidente: Prof. MSc. José Augusto Kistner – Orientador, FURB 
 
 
 
____________________________________________________________ 
Membro: Prof. MSc. Feliciano Alcides Dias, FURB 
 
 
 
 
 
 
Blumenau, 23 de junho de 2012 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DECLARAÇÃO DE ISENÇÃO DE RESPONSABILIDADE 
 
 
 
Através deste instrumento, isento meu Orientador e a Banca Examinadora de qualquer 
responsabilidade sobre o aporte ideológico conferido ao presente trabalho. 
 
 
 
__________________________________________ 
GABRIEL EDUARDO ZOSCHKE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
 
Em primeiro lugar a Deus. 
Aos meus pais por toda a atenção e auxílio, que me foi dado ao longo da minha vida 
e nessa etapa em especial. 
A minha noiva que sempre me esteve ao meu lado em momentos de ansiedade. 
Aos meus amigos e colegas pelas suas tão precisas dicas e apoio. 
Ao professor José Augusto Kistner por todo auxílio e coordenação ampla que me 
proporcionou no transcorrer da confecção deste presente trabalho. 
A todas as pessoas que de certa forma me ajudaram até esta etapa, obrigado! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
"A Odontologia é uma profissão que exige dos que a ela se dedicam: 
os conhecimentos científicos de um médico, o senso estético de um 
artista, a destreza manual de um cirurgião e a paciência de um 
monge". Autor Desconhecido 
 
 
 
RESUMO 
 
 
A responsabilidade civil baseia-se na concretização do ato ilícito causador de danos, sendo 
qualificado por meio de uma ação ou omissão volitiva, negligência, imprudência ou imperícia, 
que transgrede um direito ou causa danos a um terceiro, assim todo aquele que cometer tais 
atos estará obrigado a repara-lo, inclusive quem exceder seus direitos. Destarte, para a 
configuração da responsabilidade civil do dentista é preciso a comprovação de que o 
profissional agiu com culpa, pois sua responsabilidade é subjetiva (poucos doutrinadores 
afirma ser objetiva – sem analise da culpa – mas para a grande maioria dos autores e para os 
Tribunais prevalece a teoria subjetiva), necessitando a prova do dolo ou da culpa. A obrigação 
contraída pelo dentista pode ser tanto de meio quando de resultado como também de meio e 
resultado, tudo dependendo de sua especialidade. Pode-se afirmar que o profissional dentista 
deve trabalhar com total prudência, perícia e diligência, caso não age, será comprovada a falta 
de conduta por parte dele, devendo ser responsabilizado. 
 
Palavras-chave: Responsabilidade Civil do Dentista. Obrigação de Meio e Resultado. 
Responsabilidade Subjetiva. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
 
The liability is based on the realization of an unlawful act causing injury, being qualified by a 
volitional act or omission, negligence, recklessness or malpractice that violates a law or 
causes damage to a third party, and all who commit such acts will be required to repair it, 
including who exceed their rights. Thus, for setting the liability of the dentist is necessary to 
prove that the trader acted with guilt because his responsibility is subjective (few scholars 
claim to be objective - without analysis of the blame - but for the vast majority of authors and 
the Courts the subjective theory prevails), requiring proof of intent or guilt. The obligation on 
the dentist can be as much as half of income as well as means and results, all depending on 
their specialty. It can be argued that the professional dentist should work with all prudence, 
skill and diligence, should not act, will be proven misconduct on his part, should be held 
accountable. 
 
Keywords: Liability of the Dentist. Obligation to Environment and Result. Subjective 
Responsibility. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
TABELAS E ILUSTRAÇÕES 
 
Figura 1. Quadro-resumo refletivo acerca das especialidades odontológicas, a partir de sua 
natureza obrigacional................................................................................................................43 
 
Figura 2. Instrumento denominado de “chave de Garangeot”..................................................48 
 
Figura 3. Coeficiente de experiência processual das regiões do Brasil....................................51 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 12 
2 DA RESPONSABILIDADE CIVIL – VISÃO GERAL ................................................... 14 
2.1 INFORMES HISTÓRICOS DA RESPONSABILIDADE CIVIL ..................................... 14 
2.2 CONCEITOS DA RESPONSABILIDADE CIVIL ........................................................... 17 
2.3 TEORIAS DA RESPONSABILIDADE CIVIL ................................................................ 19 
2.3.1 Teorias da responsabilidade civil subjetiva ..................................................................... 19 
2.3.2 Teorias da responsabilidade civil objetiva....................................................................... 20 
2.4 RESPONSABILIDADE CIVIL CONTRATUAL E EXTRACONTRATUAL ................ 21 
2.5 PRESSUPOSTOS DA RESPONSABILIDADE CIVIL .................................................... 22 
2.5.1 Da conduta humana ......................................................................................................... 23 
2.5.2 Do dano ........................................................................................................................... 23 
2.5.2.1 Do dano patrimonial ..................................................................................................... 24 
2.5.2.2 Do dano moral ..............................................................................................................24 
2.5.3 Do nexo de causalidade ................................................................................................... 25 
2.6 DAS EXCLUDENTES DE RESPONSABILIDADE ........................................................ 26 
2.6.1 Legítima defesa................................................................................................................ 26 
2.6.2 Exercício regular de um direito reconhecido ................................................................... 27 
2.6.3 Estado de necessidade ..................................................................................................... 27 
2.6.4 Caso fortuito ou força maior ............................................................................................ 28 
2.6.5 Culpa exclusiva da vítima ............................................................................................... 28 
2.6.6 Fato de terceiro ................................................................................................................ 29 
2.6.7 Cláusula de não indenizar ................................................................................................ 29 
3 NATUREZA OBRIGACIONAL ....................................................................................... 31 
3.1 DAS OBRIGAÇÃO DE MEIO E DE RESULTADO ....................................................... 31 
3.2 OBRIGAÇÕES DE MEIO E RESULTADO APLICADA NA ODONTOLOGIA........... 32 
3.3 ESPECIALIDADES ODONTOLÓGICAS ........................................................................ 36 
3.3.1 Cirurgia e traumatologia buco-maxilo-facial .................................................................. 36 
3.3.2 Desntística restauradora ................................................................................................... 37 
3.3.3 Endodontia ....................................................................................................................... 37 
3.3.4 Odontologia legal ............................................................................................................ 37 
3.3.5 Odontologia em saúde coletiva........................................................................................ 38 
3.3.6 Odontopediatria ............................................................................................................... 39 
3.3.7 Ortodontia ........................................................................................................................ 39 
3.3.8 Patologia bucal ................................................................................................................ 40 
3.3.9 Periodontia ...................................................................................................................... 40 
3.3.10 Prótese buco-maxilo-facial ............................................................................................ 40 
3.3.11 Prótese dentária .............................................................................................................41 
3.3.12 Radiologia .....................................................................................................................41 
3.3.13 Implantodontia ..............................................................................................................42 
3.3.14 Estomatologia ................................................................................................................42 
3.4 RESUMO DA NATUREZA OBRIGACIONAL DAS ESPECIALIDADES DO 
PROFISSIONAL DENTISTA .................................................................................................42 
4 A RESPONSABILIDADE CIVIL DO PROFISSIONAL DENTISTA ..........................45 
4.1 HISTÓRIA DA ODONTOLOGIA NO BRASIL ..............................................................45 
4.2 A RESPONSABILIDADE CIVIL DO DENTISTA .........................................................49 
4.3 MODALIDADES DA CULPA .........................................................................................54 
4.4 TEORIA DA CULPA ........................................................................................................55 
 
 
 
4.4.1 Imputabilidade ................................................................................................................57 
4.5 EXCLUDENTES DE RESPONSABILDIADE CIVIL DO DENTISTA .........................57 
4.5.1 Culpa exclusiva da vítima ...............................................................................................58 
4.5.2 Cláusula de não indenizar ...............................................................................................59 
4.5.3 Caso fortuito ou força maior ...........................................................................................59 
4.6 A RESPONSABILIDADE CIVIL DO DENTISTA NO CÓDIGO DE DEFESA DO 
CONSUMIDOR (CDC) ...........................................................................................................60 
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................65 
REFERÊNCIAS .....................................................................................................................67 
 
 
12 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
O presente estudo tem como escopo a análise sobre a responsabilidade civil que 
incide sobre os profissionais dentistas. 
A escolha do tema foi motivada pela curiosidade acerca do assunto ora abordado, 
sendo este de grande importância para a sociedade de hoje, que cada vez mais busca conhecer 
seus direitos. 
Através deste, objetiva-se um estudo específico sobre a responsabilidade civil dos 
profissionais dentistas. 
Institucionalmente, visa-se à elaboração de um Trabalho de Conclusão de Curso, 
para a aquisição do grau de bacharel em Direito, conforme a Portaria nº. 1.886 – de 30 de 
dezembro de 1994, do MEC. 
O objetivo geral desta pesquisa é abalizar qual o tipo de responsabilidade acarretada 
ao dentista, qual a sua obrigação com os seus pacientes, e as possibilidades de exclusão da 
responsabilidade do referido profissional. 
Os erros que o dentista pode cometer sobre o paciente é um assunto de muita 
complexidade e que tem crescimento intenso. 
São formuladas os seguintes questionamentos: 
a) Qual é a responsabilidade civil do dentista? 
b) Qual a obrigação atribuída com sua responsabilização? 
c) É cabível excludentes de responsabilidade? 
O método utilizado para a confecção deste trabalho é o indutivo, que parte de 
conclusões gerais a partir de premissas particulares. 
Este trabalho será dividido em três capítulos, sendo que no primeiro será 
conglomerado os entendimentos e estudos gerais sobre a responsabilidade civil no direito 
brasileiro, como história, requisitos, tipos, conceitos e também as excludentes de 
responsabilidade. 
Já no segundo capítulo, serão abordadas as obrigações possíveis de recair sobre o 
profissional dentista, quais sejam, de meio, de resultado ou de ambas (meio e resultado), todos 
levando em consideração as especialidades dos dentistas. 
No terceiro e ultimo capítulo, será abordado especificamente sobre a 
responsabilidade civil do profissional dentista, como sua história, tipos e teorias, requisitos e 
excludentes, inclusive posicionamentos jurisprudências de tribunais nacionais. 
13 
 
 
Ao final, com as considerações finais encerra-se o presente estudo com a finalidade 
de superar os questionamentos abordados nesta introdução, para assim entender a importância 
do tema. 
14 
 
 
2 DA RESPONSABILIDADE CIVIL – VISÃO GERAL 
 
Neste capítulo, será abordado a respeito da responsabilidade civil em âmbito geral, 
apresentando seu transcorrer histórico, seus objetivos, formas, pressupostos e aplicabilidades 
no direito civil brasileiro. 
Para Maria Helena Diniz (2005, p. 34), a responsabilidade civil: 
 
É a aplicaçãode medidas que obriguem alguém a reparar o dano moral ou 
patrimonial causado a terceiros em razão de ato do próprio imputado, de pessoa por 
quem ele responde, ou de fato de coisa ou animal sob sua guarda, ou ainda, de 
simples imposição legal. 
 
A responsabilidade civil está previsto nos artigos 186 e 927, ambos, do Código Civil 
brasileiro: 
 
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, 
violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato 
ilícito. (BRASIL, 2002). 
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica 
obrigado a repará-lo. (BRASIL, 2002). 
 
Ao cometer determinado ato o agente pode instigar a sociedade atual, com resultados 
bons e/ou maus, levando em consideração o ponto de vista, usado pela mesma. Esse ato só 
terá importância ao direito, se for ilícito e estiver acompanhado de potencial danoso (lesivo), 
passando assim, a ser obrigado a ressarcir os danos causados a outrem, na esfera civil e 
criminal. (MATIELLO, 2008, p. 15-16). 
 
2.1 INFORMES HISTÓRICOS DA RESPONSABILIDADE CIVIL 
 
Desde os primórdios da civilização, por extrema necessidade advinda com o convívio 
em coletividade, o ser humano aprendeu a retrucar uma ofensa. A época, nada mais era do que 
vingança. 
Esse sistema (responsabilidade civil) tem previsão a muitos anos com o Código de 
Hamurabi, vejamos um trecho de novo livro, do referido Código: 
 
XIII - MÉDICOS E VETERINÁRIOS; ARQUITETOS E BATELEIROS 
(SALÁRIOS, HONORÁRIOS E RESPONSABILIDADE) 
215º 
15 
 
 
Explicando de forma sintética Rizzardo (2011, p. 28-29) afirma: 
 
É incontroverso que a responsabilidade, numa fase inicial das comunidades, não 
passava de um direito à vingança. A pessoa que sofria um mal podia, pelo próprio 
arbítrio, ir à desforra, ou buscar fazer justiça pelas próprias forças, no que não era 
reprimida pelo poder estatal que então existia. 
 
Os meios de reparação ou ressarcimento, pela ofensa, ficava a cargo do lesado, como 
muito bem exemplifica Rizzardo (2011, p. 29): 
 
A forma de reparação ou de fazer justiça ficava entregue ao lesado. O próprio 
Evangelho retrata essa organização de justiça, como na parábola do mau devedor, 
contada por Cristo, que, perdoado em muito pelo credor, não soube relegar pequena 
quantia que um servo lhe devia. Em conseqüência, seu credor o prendeu, mandou 
castigá-lo, mantendo-o sob algemas até pagar toda dívida (Mateus, Cap. 18, vers. 23 
a 35). 
 
No início das civilizações, era levado em consideração, simplesmente o mal praticado, 
não muito relevado o caráter da voluntariedade, ou também da culpa, dos atos ou ações 
prejudiciais ou de ofensas. A reação contra essas ações era imediata, sem grandes inquirições 
na equivalência entre o mal e a penalização. (RIZZARDO, 2011, p. 29). 
A evolução, cultural, elevou ao estagio da correspondência, ou à lei do talião, conhecida 
como “olho por olho, dente por dente”, uma vez questionada por Cristo. Ainda na era antiga 
clássica, buscou-se o rumo do ressarcimento, ou composição. (RIZZARDO, 2011, p. 29). 
Compendia Alvino Lima (apud RIZZARDO, 2011, p. 29), “que a vingança vem a ser 
substituída pela composição, a qual, porém, é estabelecida por critério exclusivo do lesado.” 
Introduz-se uma espécie de tarifa aos danos, por meio de um quadro de compensações. 
Para cada ofensa havia uma pena convencionada, ou retribuição. Sendo assim, responsabiliza 
o causador da ofensa por seus atos. Pode-se muito bem destacar as palavras de Orlando 
Soares (apud RIZZARDO, 2011, p. 29) que: 
 
O princípio da responsabilização do autor da injuria, injustiça, lesão, ofensa ou dano, 
aparece nos mais antigos textos legais, dentre os babilônios gregos, romanos e 
astecas. Vinha a previsão da reparação [...] exemplificando o Código de Hamurabi: 
‘Se seu escravo roubasse um boi, uma ovelha, um asno, um porco ou uma barca, 
caso pertencesse a um deus ou palácio, deveria pagar até trinta vezes mais; se 
pertencesse a um cidadão livre, dentre as classes dos proprietários, soldados, pastore 
e outros, restituiria até dez vezes mais. Se o ladrão não tivesse com que restituir, 
seria morto. 
 
16 
 
 
O sistema mencionado, já constava na Lei das XII Tábuas, e continua ainda nos dias 
atuais, nas regiões islâmicas onde se preveem diferentes sanções anatomistas para delitos de 
furto, roubo, de estupro, de morte e de lesão. (RIZZARDO, 2011, p. 29). 
De acordo com o pensamento de Rizzardo, no direito romano, pode-se encontrar um 
sistema de distinção entre sanções e reparação. Dependendo o grau da ofensa, tinha caráter 
público ou privado. Aos que iam de encontro aos costumes, segurança, integridade física e 
patrimonial, é de ordem pública, implica em pena (imposição de castigos, recolhimento aos 
cofres públicos e até, muitas vezes, a morte). Porém a reparação limitava-se ás ofensas 
interpessoais, entretanto com caráter econômico. (RIZZARDO, 2011, p. 29). 
Esse sistema romano, também é denominado de Lex Aquilia (Lei Aquília). Muito bem 
relembra Carlos Roberto Gonçalves (apud RIZZARDO, 2011, p. 29-30): 
 
É na Lei Aquília que se esboça, afinal, um princípio geral regulador da reparação do 
dano. Embora se reconheça que não continha ainda uma regra de conjunto, nos 
molde do direito moderno, era, sem nenhuma dúvida, o germe da jurisprudência 
clássica com relação à injúria, e fonte direta da moderna concepção da culpa 
aquiliana, que tomou da Lei Aquília o seu nome característico. 
Malgrado a incerteza que ainda persiste sobre a injúria a que se refere a Lex Aquilia 
no dammum injuria datum, consiste no elemento caracterizador da culpa. Não paira 
dúvida de que, sob o influxo dos pretores e da jurisprudência, a noção de culpa 
acabou por deitar raízes na própria Lex Aquilia. 
 
Com influencia do Cristianismo, houve evolução na responsabilização voltada na culpa, 
ao mesmo tempo que foram esquecidas as composições obrigatórias e as indenizações 
tarifadas. Foi estabilizado a probabilidade de reparação, sempre que a culpa for existente 
mesmo de forma abrandada. Ao tempo do Código de Napoleão, teve destacamento da 
responsabilidade civil da penal, a contratual da extracontratual. (RIZZARDO, 2011, p. 30). 
No decorrer da Revolução Industrial, as injustiças lançadas à sociedade, a exploração do 
homem pelo homem, levaram a estros de ideias de cunho social, expandindo a teoria da 
responsabilidade civil objetiva, que visava atenuar os males advindos do trabalho e 
proporcionar maior proteção as vítimas de doenças e da soberania Estatal. Da segunda metade 
do século XIX deu-se início a essa responsabilidade, tendo desenvolvimento balandrau na 
França. (RIZZARDO, 2011, p. 30). 
No decorrer dos anos foi-se evoluindo e se impondo a responsabilidade na forma 
objetiva, que é subdividida em teoria do risco e teoria do dano objetivo. A primeira advém de 
uma atividade de risco, criando o dever de repara; já a segunda, o ressarcimento decorre 
automaticamente pela averiguação do dano. (RIZZARDO, 2011, p. 30). 
17 
 
 
O Código Civil de 2002, trata da proteção embasada na culpa e na performance da 
atividade de risco. No artigo 186, tem-se toda a eficácia da responsabilidade subjetiva. No 
artigo 187, trata de quando há excesso no exercício de direitos. Já o artigo 927, impõe a 
reparação amparada na culpa, cujo sentindo é encontrado no artigo 159 do Código revogado 
(1916). (RIZZARDO, 2011, p. 30-31). 
 
Artigo 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou 
imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, 
comete ato ilícito. (BRASIL, Código Civil de 2002). 
Artigo 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que ao exercê-lo, 
excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela 
boa-féou pelos bons costumes.(BRASIL, Código Civil de 2002). 
Artigo 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica 
obrigado a repará-lo. (BRASIL, Código Civil de 2002). 
Artigo 159. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência, ou 
imprudência, violar direito, ou causar prejuízo a outrem, fica obrigado a reparar o 
dano. (BRASIL, Código Civil de 1916 – revogado). 
 
A responsabilidade civil objetiva sobressai no parágrafo único do artigo 927: 
 
Art. 927. [...] 
Parágrafo único. Haverá obrigação de repara o dano, independentemente de culpa, 
nos casos específicos em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo 
autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem. (BRASIL, 
2002). 
 
Nos dias atuais, a responsabilidade civil, é considerada o meio para ressarcir as lesões 
causadas a outrem pela pratica de um ato ilícito, pelo agente ofensor. 
 
2.2 CONCEITOS DE RESPONSABILIDADE CIVIL 
 
Há muitos conceitos sobre a responsabilidade civil, por exemplo, nos dizeres de 
Gagliano e Pamplona Filho (2011, p. 51): 
 
De tudo o que se disse até aqui, conclui-se que a noção jurídica de responsabilidade 
pressupõe a atividade danosa de alguém que, atuando a priori ilicitamente, viola uma 
norma jurídica preexistente (legal ou contratual), subordinando-se, dessa forma, às 
conseqüências do seu ato (obrigação de reparar). 
 
 
Muito bem trata a celebre Maria Helena Diniz (2005, p. 39): 
 
USER
Highlight
USER
Highlight
18 
 
 
Grandes são as dificuldades que a doutrina tem enfrentado para conceituar a 
responsabilidade civil. Existem autores que se baseiam, ao defini-la, na culpa. 
Outros a vêem sob um aspecto mais amplo, não vislumbrando nela uma mera 
questão de culpabilidade, mas sim de reparação de prejuízos causados e equilíbrio 
de direitos e interesses. 
 
Gagliano e Pamplona Filho, acima, traduzem o conceito jurídico da responsabilidade 
civil, já o conceito puro e simples: “[...] responsabilidade civil deriva da agressão a um 
interesse eminentemente particular, sujeitando, assim, o infrator, ao pagamento de uma 
compensação pecuniária à vítima, caso não possa repor in natura o estado anterior de coisas.” 
(GAGLIANO; PAMPLONA, 2011, p. 51). 
Excelentemente explica Stoco (2004, p. 119) a cerca da responsabilidade civil: 
 
Digamos então, que responsável, responsabilidade, assim como, enfim todos os 
vocábulos cognatos, exprimem idéia de equivalência de contraprestação, de 
correspondência. É possível, diante disso, fixar uma noção, sem dúvida ainda 
imperfeita, de responsabilidade, no sentido de repercussão obrigacional (não 
interessa investigar a repercussão inócua) da atividade do homem. Como esta varia 
até o infinito, é lógico concluir que são também inúmeras as espécies de 
responsabilidade, conforme o campo em que se apresenta o problema: na moral, nas 
relações jurídicas, de direito público ou privado. 
 
O termo “responsabilidade” é o liame de duas palavras de origem latina: respondere e 
spondeu. A primeira significa, a obrigação que uma pessoa contrai com o resultado de sua 
atividade. Já a segunda, é a forma que se vincula o devedor nos contratos verbais (no direito 
romano). (GAGLIANO; PAMPLONA, apud GEMBALLA, 2008, p. 15). 
De acordo com Eugênio Facchini Neto (2003, p. 23): “Responsabilidade civil é a 
obrigação que incumbe a uma pessoa de reparar o dano causado a outrem por ato seu 
(responsabilidade direta), ou pelo ato de pessoas..., fato das coisas..., ou fato dos animais a 
ela ligados.” 
No entendimento de Sílvio de Salvo Venosa (2001, p. 497), o termo responsabilidade 
traduz: "a noção em virtude da qual se atribui a um sujeito o dever de assumir as 
consequências de um evento ou de uma ação". 
O conceito legal de responsabilidade civil vem gravado no artigo 186 do Código Civil 
brasileiro de 2002: “Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou 
imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete 
ato ilícito.” 
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Nos termos de Gagliano e Pamplona Filho (2011, p. 51), a Responsabilidade Civil 
decompõe-se em: “a) conduta (positiva ou negativa); b) danos; c)nexo de causalidade. Essas 
divisões serão vistas, com todos os detalhes, nos próximos tópicos. 
 
2.3 TEORIAS DA RESPONSABILIDADE CIVIL 
 
Até o presente momento, foi trazido a baila, o conceito de responsabilidade civil e suas 
subdivisões. Vale, a partir deste tópico, trazer detalhadamente as teorias de forma mais 
detalhada e precisa. 
Assim conceitua Maria Helena Diniz (2005, p. 40): 
 
[...] como a aplicação de medidas que obriguem alguém a reparar dano moral ou 
patrimonial causado a terceiros em razão de ato do próprio imputado, de pessoa por 
quem ele responde, ou de fato de coisa animal sob sua guarda (responsabilidade 
subjetiva) ou, ainda, de simples imposição legal (responsabilidade objetiva). 
 
2.3.1 Teoria da responsabilidade civil subjetiva 
 
A responsabilidade civil subjetiva (voltada à culpa) surgiu com o direito romano séculos 
atrás. Foi o inicio, para nosso sistema jurídico e legal, bem como para o restante do mundo. 
Bem explica Rizzardo (2011, p. 31), ao definir o que é a responsabilidade civil 
subjetiva: 
 
Já se definiu que a responsabilidade subjetiva se funda na culpa, a qual, trazendo 
efeitos concretos, se concretiza em ato ilícito. A trajetória, desde o início até o final, 
do ato ilícito, cuja conseqüência está na responsabilidade, envolve os seguintes 
passos: a) A ação ou omissão [...]; b) A conduta [...]; c) O nexo causal [...]; d) O 
dano ou resultado. 
 
Também define a responsabilidade civil subjetiva Marcelo Oliveira (1999, p. 49): 
 
A culpa, para os defensores da teoria da responsabilidade civil subjetiva é o 
elemento fundamental para determinar o dever do ofensor de reparar o dano. Assim, 
para que determinada pessoa seja obrigada a indenizar o prejuízo causado a outrem, 
por sua atitude, é necessário que esta tenha emanado de sua consciência, ou seja, que 
tenha descumprido seu dever de bom pater familiae, agindo, com negligência, 
imprudência ou imperícia (culpa). Se o dano causado à vítima não tiver emanado de 
uma atitude dolosa (culpa lato sensu) ou culposa (culpa em sentido estrito) do 
agente, a própria vítima será obrigada a suportar os prejuízos, como se tivessem sido 
causados por caso fortuito ou força maior. 
 
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Sobre o assunto trata Gagliano e Pamplona Filho (2011, p. 55): “A responsabilidade 
civil subjetiva é a decorrente de dano causado em função de ato doloso ou culposo”. 
A culpa, por ter natureza civil, caracterizar-se-á quando autor que causou o dano atuar 
de forma negligente ou imprudente, conforme interpretação dos dispositivos legais do Código 
Civil de 1916, artigo 159 e do Código Civil de 2002, artigo 186. (GAGLIANO; PAMPLONA 
FILHO, 2011, p. 55). 
Também demonstra Gagliano e Pamplona Filho (2011, p. 56): 
 
 [...] responsabilidade civil, dentro da doutrina subjetiva, é o princípio segundo o 
qual cada um responde pela própria culpa – unuscuique sua culpa nocet. Por se 
caracterizar em fato constitutivo do direito à pretensão reparatória, caberá ao autor, 
sempre, o ônus da prova de tal culpa do réu. 
 
Há casos em que o ordenamento jurídico comina a responsabilidade civil a uma pessoa 
que não foi diretamente causador do dano, mas sim um terceiro com quem mantém algum 
tipo de relação jurídica. Trata-se de responsabilidade civil indireta, no qual o elemento culpa 
não é desprezado, mas sim presumido. (GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 2011, p. 56). 
 
2.3.2 Teoria da responsabilidade civil objetivaHá hipóteses que não é necessária a caracterização da culpa. Esses casos, são os 
convencionalmente chamados de “responsabilidade civil objetiva”. Segundo essa espécie, o 
dolo ou a culpa do agente, são irrelevantes juridicamente, uma vez que basta a simples 
existência do nexo causal entre o dano e a conduta do agente. (GAGLIANO; PAMPLONA 
FILHO, 2011, p. 56-57). 
As teorias da responsabilidade civil objetiva é uma mera questão de reparação de danos, 
fundada no risco da atividade do agente. Questão histórica: a teoria objetivista surgiu no 
século XIX, quando o direito civil, passou a receber influencia da Escola Positiva Penal. 
(GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 2011, p. 57). 
O Código Civil brasileiro de 2002, em seu artigo 927, parágrafo único, traz a regra geral 
da responsabilidade civil objetiva. 
Muito perfeitamente explica Rizzardo (2011, p. 32), ao traduzir o sentido da 
responsabilidade civil objetiva: 
 
Quanto à responsabilidade civil objetiva, unicamente um dos pressupostos acima 
[ação ou omissão, conduta (culpa), nexo causal e dano] retira-se, que é a culpa, não 
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apenas pela dificuldade de ser conseguida em certas situações especiais, mas porque 
a atividade ou o trabalho importa em indenizar se desencadear algum dano. Está-se 
diante da teoria do risco, ou da teoria do risco criado, comum em profissões 
perigosas, e que está implícita na sua execução a probabilidade do dano. Os demais 
elementos – ação ou omissão, relação de causalidade e dano – devem estar 
presentes. 
 
Bem explica Stoco (2004, p. 152), a cerca da responsabilidade civil objetiva: 
 
A doutrina objetiva, ao invés de exigir que a responsabilidade civil seja a resultante 
dos elementos tradicionais (culpa, dano, vínculo de causalidade entre uma e outro) 
assenta-se na equação binária cujos pólos são o dano e a autoria do evento danoso. 
Sem cogitar da imputabilidade ou investigar a antijuridicidade do fato danoso, o que 
importa para assegurar o ressarcimento é a verificação se ocorreu o evento e se dele 
emanou prejuízo. Em tal ocorrendo, o autor do dano é o responsável. 
 
Resume Silva l. F. (2005, p. 17): “As variáveis que precisam estar presentes na relação 
são o dano ao lesado e o nexo da causalidade entre este ato e este dano. Assim, os lesados 
serão indenizados pelos prejuízos mesmo sem a presença da culpa do agente causador do 
dano.” 
Destarte, a concepção que deve gerir no ordenamento jurídico brasileiro é de que vige 
uma regra geral “dual” da responsabilidade civil, sendo a responsabilidade civil subjetiva a 
regra geral coexistindo com a responsabilidade civil objetiva, voltada a função da atividade de 
risco desenvolvida pelo autor do dano. (GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 2011, p. 57-58). 
Tudo que foi mencionado, até o momento, vêm à baila em implicação ao preceito 
fundamental do neminem laedere, que significa que nenhuma pessoa deve ser lesado por uma 
conduta cometida por outra pessoa. (GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 2011, p. 58). 
 
2.4 RESPONSABILIDADE CIVIL CONTRATUAL X EXTRACONTRATUAL 
 
A responsabilidade civil no direito brasileiro, também pode ser classificada como 
sendo: Contratual e Extracontratual (ou aquiliana). 
Corrobora Oliveira (2000, p. 61): 
 
A responsabilidade civil, pode emanar do descumprimento da lei (ato ilícito) ou do 
descumprimento de um contrato. No primeiro caso, estamos diante da 
responsabilidade civil extracontratual [...]. No segundo caso, estamos perante a 
responsabilidade contratual, ou em outras palavras, oriunda da vontade das partes e 
expressas em um contrato, ainda que meramente verbal. 
 
Bem aclara sobre o assunto em tela, Rizzardo (2011, p. 37): 
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Antiga divisão da responsabilidade é a que distingue em contratual e extracontratual, 
conforme deriva de um contrato ou da mera conduta culposa. Na primeira, dá-se a 
infração de um dever contratual, enquanto na segunda a violação deriva da 
desobediência a um dever legal. 
 
Na responsabilidade civil contratual, acerta a responsabilidade civil normalmente em 
virtude dos prejuízos acarretados pelo inadimplemento, agregando também a anulação da 
espécie, sendo encarregada da realização da prova da mera falta do cumprimento. 
(RIZZARDO, 2011, p. 38). 
Na responsabilidade civil extracontratual, ou aquiliana, deve ser provada a culpa e os 
danos, ônus incumbido ao ofendido. (RIZZARDO, 2011, p. 38). 
Vale trazer a baila, uma pequena observação feita por Rizzardo (2011, p. 38): “Para 
ensejar a responsabilidade nos contratos as partes devem ser capazes. A fim de surtir direitos 
e obrigações, mister que se faça o contrato com pessoa capaz, cuidado que se exige 
mutuamente”. 
De extrema valia trazer o quadro disponibilizado por Gagliano e Pamplona Filho (2011, 
p. 59): 
 
Responsabilidade Civil: 
 
1. Contratual – inadimplemento da obrigação prevista no contrato (violação de 
norma contratual anteriormente fixada pelas partes); 
 
2. Extracontratual 
ou 
Aquiliana – violação direta de uma norma legal 
 
A responsabilidade civil contratual tem seu embasamento legal nos artigos 389 e 
seguintes e artigos 395 e seguintes, todos do Código Civil brasileiro de 2002. 
Já a responsabilidade civil extracontratual, ou aquiliana, tem seu embasamento legal 
previsto nos artigos 186, 187 e 927 e seguintes do Código Civil de 2002. 
Por fim, é indispensável que haja o dano (a lesão). É inequívoco que a inadimplência 
faz surgir a responsabilidade desde que haja prejuízos de ordem moral ou econômicas. 
(RIIZARDO, 2011, p. 39). 
 
2.5 PRESSUPOSTOS DA RESPONSABILIDADE CIVIL 
 
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Ao consultar o artigo 186 do Código Civil de 2002, podemos extrair os seguintes 
pressupostos da responsabilidade civil, quais sejam: a) conduta humana (positiva ou 
negativa); b) dano ou prejuízo; c) nexo causal. (GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 2011, p. 
65). 
O artigo 186 do Código Civil de 2002 é mais preciso do que o artigo 159 do Código 
Civil de 1916, uma vez que o novo dispositivo legal traz o dano moral de forma expressa, e o 
antigo não faz qualquer menção. (GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 2011, p. 65). 
Para tanto traz a elucidação de Cavalari Filho (apud SILVA, 2005, p. 09): 
 
Conduta culposa do agente, o que fica patente pela expressão “aquele que por ação 
ou omissão voluntária, negligência ou imperícia”; dano revelado nas expressões 
“violar direito” ou “causar prejuízo a outrem”; e nexo causal, que vem expresso no 
verbo causar. 
 
2.5.1 Da conduta humana 
 
Somente o ser humano (homem de forma genérica), por ele mesmo ou mediante uma 
pessoa jurídica, poderá ser civilmente responsabilizado. (GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 
2011, p. 69). 
Desta forma, é fácil entender que a ação ou omissão humana voluntária é pressuposto 
cogente para a configuração da responsabilidade civil. (GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 
2011, p. 69). 
Nas palavras de Gagliano e Pamplona Filho (2011, p. 69): “da conduta humana, positiva 
ou negativa (ou omissão), guiada pela vontade do agente, que desemboca no dano ou 
prejuízo.” 
O cerne fundamental da noção da conduta humana é a “voluntariedade” que é resultado 
do arbítrio do agente imputável. (GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 2011, p. 69). 
Não se pode reconhecer o elemento conduta humana, pela ausência do elemento 
volitivo, como por exemplo, o caso dado por Gagliano e Pamplona Filho (2011, p. 69): “[...] 
nasituação do sujeito que, apreciando um raríssimo pergaminho do século III, sofre um 
micro-hemorragia nasal e, involuntariamente, espirra, danificando seriamente o manuscrito.” 
É inadmissível, nesse caso, imputar ao agente a prática de um ato voluntário. (GAGLIANO; 
PAMPLONA FILHO, 2011, p. 69). 
 
2.5.2 Do dano 
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É indispensável a existência do dano ou prejuízo para o aparecimento da 
responsabilidade civil. Não havendo este elemento não há o que indenizar, nem mesmo há a 
responsabilidade. (GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 2011, p. 77). 
Cavaliere Filho (apud GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 2011, p. 78) salienta: 
 
O dano é, sem dúvida, o grande vilão da responsabilidade civil. Não haveria que se 
falar em indenização, nem em ressarcimento, se não houvesse o dano. Pode haver 
responsabilidade sem culpa, mas não pode haver responsabilidade sem dano. Na 
responsabilidade objetiva, qualquer que seja a modalidade de risco que lhe sirva de 
fundamento – risco profissional, risco proveito, risco criado etc. –, o dano constitui o 
seu elemento preponderante. Tanto é assim que, sem dano, não haverá o que reparar, 
ainda que a conduta tenha sido culposa ou até dolosa. 
 
Nas palavras de Gagliano e Pamplona Filho (2011, p. 78), conceitua o dano como sendo 
a “lesão a um interesse jurídico tutelado – patrimonial ou não –, causado por ação ou omissão 
do sujeito infrator”. 
De acordo com a tradição, as doutrinas costumam classificar o dano em patrimonial e 
moral (GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 2011, p. 82). Como veremos nos próximos 
tópicos. 
 
2.5.2.1 Do dano patrimonial 
 
Nesta espécie de dano, há interesse econômico envolvido. O dano é consumado com o 
fato de impedir a satisfação econômica. O conceito de patrimônio envolve qualquer bem 
exterior. Podendo ser classificado em riquezas materiais valorizável por natureza ou em 
dinheiro. Deve ser idôneo para a satisfação da necessidade econômica e suscetível a ser 
usufruível. (RIZZARDO, 2011, p. 14-15). 
O dano patrimonial exprime lesão aos bens e direitos economicamente estimáveis do 
titular. Assim ocorre quando é sofrido dano em um carro ou uma casa. (GAGLIANO; 
PAMPLONA FILHO, 2011, p. 82). 
 
2.5.2.2 Do dano moral 
 
O dano pode atingir outros bens da pessoa lesada, com cunho personalíssimo, 
deslocando o foco para a seara do dano moral. (GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 2011, p. 
85). 
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Trata-se de lesão de direitos, cujo conteúdo não é pecuniário, nem comercialmente 
redutível a dinheiro como no caso dos direitos da personalidade, como por exemplo, o direito 
à vida, à integridade física (“direito ao corpo, vivo ou morto e a voz”), à liberdade psíquica 
(pensamentos, criações intelectuais, privacidade e segredo) e à integridade moral (“honra, 
imagem e identidade”). (GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 2011, p. 86). 
Vale trazer a baila o disposto nos artigo 5º, incisos V e X, da Constituição da República 
Federativa do Brasil de 1988: 
 
Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, 
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade 
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos 
seguintes: 
[...] 
V – é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização 
por dano material, ou moral ou à imagem; 
[...] 
X – são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, 
assegurando o direito à indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua 
violação. 
 
Segundo Bittar (apud GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 2011, p. 86), qualifica: 
“como morais os danos em razão da esfera da subjetividade, ou do plano valorativo da pessoa 
na sociedade, em que repercute o fato violador, [...] aqueles que atingem os aspectos mais 
íntimos da personalidade humana”. 
 
2.5.3 Do nexo de causalidade 
 
Depois de passar pelos dois primeiros pressupostos da responsabilidade civil (conduta 
humana e dano), será tratado o último pressuposto, o nexo causal. 
Faz-se necessário verificar a relação ou liame entre o dano e o agente, o que tornará 
possível a imputação do indivíduo. (RIZZARDO, 2011, p. 67). 
De forma sagaz traz Serpa Lopes (apud GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 2011, p. 
127): 
 
Uma das condições essenciais à responsabilidade civil é a presença de um nexo 
causal entre o fato ilícito e o dano por ele produzido. É uma noção aparentemente 
fácil e limpa de dificuldade. Mas se trata de mera aparência, porquanto a noção de 
causa é uma noção que se reveste de um aspecto profundamente filosófico, alem das 
dificuldades de ordem prática, quando os elementos causais, os fatores de produção 
de um prejuízo, se multiplicam no tempo e no espaço. 
 
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Desta triangulação (conduta humana, dano e nexo causal), decorre a configuração (a 
formação) da responsabilidade civil. (RIZZARDO, 2011, p. 67). 
Para buscar a responsabilidade, nas palavras de Rizzardo (2011, p. 67): 
 
É preciso que haja ou se encontre a existência de um dano, o qual se apresenta 
antijurídico, ou que não seja permitido ou tolerado pelo direito, ou constitua espécie 
que importe em reparação pela sua mera verificação, e que se impute ou atribua a 
alguém que o causou ou ensejou a sua efetivação. Em três palavras resume-se o 
nexo causal: o dano, a antijuridicidade e a imputação. 
 
O nexo causal está diante da relação verificada entre um determinado fato (o prejuízo) e 
um sujeito (agente) provocador de um determinado dano. (RIZZARDO, 2011, p. 67). 
De forma muito clara e resumida o nexo de causalidade é o elo etiológico da junção que 
une a conduta humana (positiva ou negativa) e o dano (lesão). (GAGLIANO; PAMPLONA 
FILHO, 2011, p. 127). 
 
2.6 DAS EXCLUDENTES DE RESPONSABILIDADE 
 
Há situações, previstas dentro do nosso ordenamento legal, que acabam provocando 
prejuízos ao direito de outra pessoa, porém não constituem atos ilícitos. (RIZZARDO, 2011, 
p. 77). 
As hipóteses que isentam o agente da responsabilidade estão prevista no artigo 188 e 
seus incisos, vejamos: 
 
Art. 188. Não constituem atos ilícitos: 
I - os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito 
reconhecido; 
II - a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de 
remover perigo iminente. 
Parágrafo único. No caso do inciso II, o ato será legítimo somente quando as 
circunstâncias o tornarem absolutamente necessário, não excedendo os 
limites do indispensável para a remoção do perigo (BRASIL, 2002, p. 159). 
 
Para melhor compreensão de cada um dos excludentes de responsabilidade, veremos de 
forma mais detalhada, nos tópicos a seguir. 
 
2.6.1 Legítima defesa 
 
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Esta excludente esta prevista no artigo 188, inciso I, do Código Civil brasileiro de 2002. 
Na legítima defesa o indivíduo encontra-se diante de uma situação de agressão, sendo dirigida 
a si ou a terceiro, que não tem qualquer obrigação de suportar. (GAGLIANO; PAMPLONA 
FILHO, 2011, p. 146). 
Tratar do assunto Rizzardo (2009, p.82): “O indivíduo exerce um direito ao defender a 
sua pessoa ou os bens que lhe pertencem, direito que emana diretamente da personalidade ou 
da natureza humana.” 
Desta forma, pode-se entender que a legítima defesa pode ser exercida em seu próprio 
favor ou de terceiro, com finalidade de proteção dos direitos ameaçados.2.6.2 Exercício regular de um direito reconhecido 
 
Também tem sua previsão legal no artigo 188, inciso I, do Código Civil de 2002. Se 
alguém atua protegendo um direito, este não poderá estar atuando contra esse mesmo direito. 
“Não poderá haver responsabilidade civil se o agente atuar no exercício regular de um direito 
reconhecido.” (GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 2011, p. 148). 
Nas palavras de Rizzardo (2009, p. 75) que: “Para a doutrina, não há exercício regular 
de um direito se decorre transgressão à lei.” 
Se alguém age protegendo um direito, esse não poderá ser punido, porque seu ato é 
legítimo e legal. 
 
2.6.3 Estado de necessidade 
 
Nesta excludente a previsão legal está no artigo 188, inciso II, do Código Civil de 2002. 
O estado de necessidade consiste em caso de lesão a um direito alheio, com valor 
jurídico inferior ao que é pretendido defender, para remover perigo iminente, quando as 
circunstancias do fato, não permitirem outra forma. (GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 
2011, p. 144). 
Nas palavras de Rizzardo (2011, p. 82): “A previsão de mencionado dispositivo consiste 
na deterioração ou destruição da coisa alheia, a fim de remover perigo iminente.” 
Há outras excludentes de responsabilidade que não estão previstos no artigo 188 e seus 
incisos do Código Civil brasileiro de 2002, tais como caso fortuito ou força maior, culpa 
exclusiva da vítima, fato de terceiro e cláusula de não indenizar. 
 
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2.6.4 Caso fortuito ou força maior 
 
Esta modalidade de excludente restá prevista no artigo 393, do Código Civil de 2002: 
“Art. 393. O devedor não responde pelos prejuízos resultantes de caso fortuito ou força maior, 
se expressamente não se houver por eles responsabilizado” (BRASIL, 2002, p. 174). 
Bem trata Azevedo (apud GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 2011, p.153): 
 
Pelo que acabamos de perceber, caso fortuito é o acontecimento provindo da 
natureza, sem qualquer intervenção da vontade humana... A força maior, por sua 
vez, é o fato do terceiro, ou do credor; é a atuação humana, não do devedor, que 
impossibilita o cumprimento obrigacional. 
 
Conceituando, diz Rizzardo (2011, p. 86.): 
 
Efetivamente, importa, como condição primordial, a possibilidade do cumprimento. 
[...]. No presente item, restringe-se estudo à responsabilidade na impossibilidade da 
prestação proveniente de circunstâncias estranhas à vontade do devedor, e não 
imputáveis a ele, mas relativamente ao caso fortuito ou a uma circunstância de força 
maior. 
 
Na teoria há distinção entre as duas, e na prática os dois não tem o mesmo efeito. Para 
que a isenção da responsabilidade ocorra deve haver impossibilidade total. 
 
2.6.5 Culpa exclusiva da vítima 
 
O Código Civil brasileiro, não tem previsão expressa da culpa exclusiva da vítima, mas 
a doutrina a compara com a concorrência de culpa da vítima (artigo 945 do Código Civil). 
“art. 945. Se a vítima tiver concorrido culposamente para o evento danoso, a sua indenização 
será fixada tendo-se em conta a gravidade de sua culpa em confronto com a do autor do 
dano”(BRASIL, 2002, p. 211). 
Conceitua Dias (apud GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 2011, p. 160), o que é a 
culpa exclusiva: 
 
Admite-se como causa de isenção de responsabilidade o que se chama de culpa 
exclusiva da vítima. Com isso na realidade, se alude a ato ou fato exclusivo da 
vítima, pelo qual fica eliminada a causalidade em relação ao terceiro interveniente 
no ato danoso. 
 
Gagliano e Pamplona Filho (2011, p. 157) exemplificam: 
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Imagine a hipótese do sujeito que, guiando o seu veículo segundo as regras de 
trânsito, depara-se com alguém que, visando suicidar-se, arremessa-se sob as suas 
rodas. Nesse caso, o evento fatídico, obviamente, não poderá ser atribuído ao 
motorista (agente), mas sim, e tão somente, ao suicida (vítima). 
 
Se a vítima contribuir para o ato na construção do elemento danoso, o direito não se 
pode conservar alheio a essas circunstâncias. (STOCO, 2004, p. 177). 
 
2.6.6 Fato de terceiro 
 
A pessoa (o agente) que pratica ato ilícito que acaba provocando danos, é uma pessoa e 
quem acaba assumindo a responsabilidade pela indenização, é outra pessoa, que tem o dever 
legal de representação e guarda sobre o agente causador direto. (RIZZARDO, 2011, p. 101). 
Sobre o assunto explica Gagliano e Pamplona Filho (2011, p. 159): “Nessa mesma linha 
de raciocínio, interessa saber se o comportamento de um terceiro - que não seja o agente do 
dano e a vítima - rompe o nexo causal, excluindo a responsabilidade civil.” 
Trata Gagliano e Pamplona Filho (2011, p.160) dizendo que: 
 
Em algumas hipóteses, entretanto, o fato de terceiro que haja rompido o nexo causal, 
sem que se possa imputar participação ao agente, exonera, em nosso entendimento, 
completamente a sua responsabilidade, devendo a vítima voltar-se diretamente 
contra o terceiro. 
 
Há um terceiro envolvido na relação, mas só será afastada a responsabilização do autor, 
quando esse não incorrer de forma nenhuma para com o evento danoso (lesivo). 
 
2.6.7 Cláusula de não indenizar 
 
Essa excludente só tem cabimento na responsabilidade civil contratual. Trata-se de uma 
convenção entre as partes, no qual ambas excluem o dever de indenizar no caso de 
inadimplemento da obrigação. (GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 2011, p. 162). 
Muito bem explana Gagliano e Pamplona Filho (2011, p. 163): 
 
Assim, à vista de todo o exposto, poderíamos fixar a premissa de que essa cláusula 
só deve ser admitida quando as partes envolvidas guardarem entre si uma relação de 
igualdade, de forma que a exclusão do direito à reparação não traduza renúncia da 
parte economicamente mais fraca. 
 
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Sticky Note
exemplo para intender sobrea a culap exclusiva da vitima
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Assim o propósito desta modalidade é evitar a responsabilização do agente que causar 
danos, se tornando uma das excludentes de responsabilidade civil, por meio de pacto entre as 
partes, não existindo previsão legal, mas também não há implicância contra o seu uso. 
Por fim, encerra-se o primeiro capítulo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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3 NATUREZA OBRIGACIONAL 
 
O presente capítulo trará o estudo da responsabilidade civil do profissional dentista, 
frente à sua natureza obrigacional. Será visto se os procedimentos odontológicos são de meio 
ou de resultado, perante a legislação brasileira, todavia seguindo uma ordem cronológica. 
 
3.1 DAS OBRIGAÇÕES DE MEIO E DE RESULTADO 
 
O direito das obrigações aparece com o intuito de fazer com que as pessoas ajam de 
modo correto (certo + ética), pois o vinculo da obrigação se dá com a existência de norma que 
impõe a obrigação (dar, fazer ou não fazer) (BARBIERI, 2008, p. 85). 
Pode se considerar de meio a obrigação que impõe de quem exerce ou executa o 
emprego de determinados meios adequados para o fim visado. Já de resultado pode-se 
classificar a que visa um fim específico que deverá ser alcançado. (RIZZARDO, 2011, p. 
322). 
Na obrigação de meio, “reclama-se o exercício da melhor maneira possível”, 
averiguando-se a necessária diligência para a profissão, mesmo que não obtenha o resultado 
desejado. Indispensável à utilização de toda a ciência existente na sua profissão. 
(RIZZARDO, 2011, p. 322). 
Theodoro Júnior (apud RIZZARDO, 2009, p. 327) aprofunda: 
 
Já na obrigação de meio,o que o contrato impõe ao devedor é apenas a realização de 
certa atividade, rumo a um fim, mas sem ter o compromisso de atingi-lo. O objeto 
do contrato limita-se à referida atividade, de modo que o devedor tem de empenhar-
se na procura do fim que justifica o negócio jurídico, agindo com zelo e de acordo 
com a técnica própria de sua função; a frustração, porém, do objetivo visado não 
configura inadimplemento, nem, obviamente, enseja dever de indenizar o dano 
suportado pelo outro contratante. Somente haverá inadimplemento, com seus 
consectários jurídicos, quando a atividade devida for mal desempenhada. E o que se 
passa em princípio, com a generalidade dos contratos de prestação de serviços, já 
que o obreiro põe sua força física ou intelectual à disposição do tomador de seus 
serviços, sem se comprometer com o resultado final visado por este. 
 
Na obrigação de resultado o contratado compromete-se em atingir um determinado 
objetivo, de maneira que quando o fim apetecido não é alcançado ou apenas alcançado em 
parte, tem-se a inexecução da obrigação. (ALMEIDA, 2008, p. 01). 
A obrigação de resultado, nada mais é, que uma relação jurídica estabelecida entre dois 
sujeito, tendo como objeto, um determinado resultado. (BARBIERI, 2008, p. 104). 
Resumindo nas palavras de Arantes (2006, p. 48-49): 
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A principal diferença que existe entre a obrigação de resultado e a obrigação de 
meio, é que na primeira (obrigação de resultado), o agente está automaticamente 
assumindo a responsabilidade de atingir ou conseguir um determinado resultado 
eficiente, preestabelecido, com a obrigação proposta, e caso este resultado não seja 
convenientemente obtido, caberia ao contratante da obrigação, o direito de recurso 
ou ação contra o agente inadimplente com o compromisso assumido. 
Por outro lado, a obrigação de meio para um determinado agente é mais confortável 
e cômoda, isto porque, nesta situação compromete-se ele, em aplicar todos os meios 
necessários na consecução da obrigação contraída para a solução satisfatória da 
obrigação sem, entretanto, assumir a responsabilidade de que tal resultado irá 
realmente ocorrer. Não assegurando, ou mesmo não prometendo o resultado. 
 
Assim trata Despinoy (2011): 
 
A responsabilidade civil do Cirurgião Dentista vem sendo vista, hoje, pelo nosso 
Direito, de formas diversas no que tange a obrigação ser de meio ou de resultado, 
dependendo para tal enquadramento, em regra geral, da especialidade odontológica, 
assim como do ponto de vista de cada autor ou tribunal, no que ainda não se chegou 
a consenso. 
 
3.2 OBRIGAÇÕES DE MEIO E DE RESULTADO APLICADA NA ODONTOLOGIA 
 
É de suma importância o reconhecimento da modalidade da obrigação do dentista, para 
que assim, possa ser melhor e mais adequado a sua responsabilização e por fim sua sanção 
condenatória (indenizatória). 
Explica Arantes (2006, p. 87-88) sobre a obrigação de resultado: 
 
Destarte que, quando utilizamos, como cirurgiões-dentistas, ao “vendermos” nossos 
préstimos profissionais, argumentos do tipo: “Este tratamento irá deixar seu sorriso 
maravilhosos”, “Você irá tornar-se mais jovem com esta prótese”, estamos 
automaticamente configurando o nosso tratamento como sendo de resultado, pois 
criamos uma expectativa de resultado, que diga-se, não podemos avaliar, 
psicologicamente, o quão importante possa estar sendo para nosso paciente. E se, ao 
final do tratamento, no entender do paciente, os resultados obtidos, não coincidirem 
com aquelas expectativas que lhe foram induzidas a acreditar por nosso 
convencimento e promessas, ou seja, o sorriso ficou bom, mas não maravilhoso ao 
olhar do paciente, o tratamento não o deixou mais jovem, e, afirme-se, nem poderia, 
é de seu pleno e completo direito acionar o profissional judicialmente. 
 
Tratando da obrigação de meio Arantes (2006, p. 88) afirma: 
 
Por outro lado, a obrigação de meio [...] ele compromete-se em aplicar todos os 
meios necessários no tratamento, quer sejam materiais ou imateriais (seus 
conhecimentos técnico-científico) para a cura ou para a solução satisfatória do 
problema, sem, entretanto, assumir a responsabilidade de que tal resultado irá 
realmente ocorrer. Não assegurando ou prometendo a cura total, nem “milagres”[...]. 
 
O Tribunal de Justiça de Santa Catarina, já se pronunciou: 
33 
 
 
 
DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES - RESPONSABILDADE CIVIL - ERRO 
ODONTOLÓGICO - COLOCAÇÃO DE IMPLANTES DENTÁRIOS - DANOS 
MATERIAIS E MORAIS - IMPROCEDÊNCIA EM 1º GRAU - IRRESIGNAÇÃO 
DA AUTORA - OBRIGAÇÃO DE RESULTADO DESCUMPRIDA - 
AFROUXAMENTO DE IMPLANTES - ALEGAÇÕES DESPICIENDAS - 
IMPLANTES INSTALADOS COM SUCESSO - PROBLEMAS DECORRENTES 
DE CAUSAS SUPERVENIENTES - AUSÊNCIA DE ERRO PROFISSIONAL - 
RECURSO DESPROVIDO - SENTENÇA MANTIDA. 
Na responsabilidade civil de odontólogo, excepcionadas as atividades que se 
assemelham ao tratamento médico, sua obrigação é de resultado. 
Demonstrado que os procedimentos adotados pelo dentista foram regulares e que o 
resultado prometido foi alcançado, afastada está sua responsabilidade civil pelos 
prejuízos alegados pela autora. (Grifo nosso) (SANTA CATARINA, 2009). 
 
Decidiu o Egrégio Tribunal de Justiça de Santa Catarina: 
 
APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO DE DANOS MATERIAIS E 
MORAIS. TRATAMENTO ODONTOLÓGICO INADEQUADO. COROA 
DENTÁRIA MAL ADAPTADA QUE CAUSA, DENTRE OUTROS 
TRANSTORNOS: DOR, DESCONFORTO E HALITOSE. OBRIGAÇÃO DE 
RESULTADO POR PARTE DA CIRURGIÃ DENTISTA RECONHECIDA. 
DEVER DE RESSARCIR EVIDENCIADO. VALOR DO DANO MORAL 
COMPATÍVEL COM OS PRINCÍPIOS DA RAZOABILIDADE E 
PROPORCIONALIDADE. DANO ESTÉTICO NÃO VERIFICADO. RECURSO 
CONHECIDO E PROVIDO PARCIALMENTE. 
Não obstante ser a obrigação normalmente de meio, há consenso de que, pelo 
avanço das técnicas e progresso dos materiais e recursos disponíveis na atualidade, 
sobretudo nas áreas mais voltadas à estética, o profissional da odontologia, por 
vezes, assume obrigação de resultado, sendo imprescindível, para se desonerar de 
eventual ressarcimento, comprovar sua atuação diligente e eficaz para obtenção do 
resultado contratado. 
(Processo: 2008.026284-8 (Acórdão) Relator: Ronei Danielli Origem: Araranguá 
Orgão Julgador: Sexta Câmara de Direito Civil Data: 02/09/2011 Juiz 
Prolator: Pedro Aujor Furtado Junior Classe: Apelação Cível). (Grifo Nosso). 
 
Continua corroborando o Tribunal de Justiça do Estado de Santa Catarina, na seguinte 
jurisprudência: 
 
APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS, 
ESTÉTICOS E MATERIAIS - cirurgia de implante osteointegrado (COLOCAÇÃO 
DE PINOS) - OBRIGAÇÃO DE RESULTADO - INEXISTÊNCIA DE 
ACOMPANHAMENTO RIGOROSO - CULPA DO PROFISSIONAL 
COMPROVADA PELA SUA NEGLIGÊNCIA AO abandonar seu paciente no meio 
do tratamento - RESPONSABILIDADE OBJETIVA DO PROFISSIONAL DE 
SAÚDE (CIRURGIÃO-DENTISTA) - EXEGESE DO ART. 14, §4º DO CÓDIGO 
DE DEFESA DO CONSUMIDOR - DEVER DE INDENIZAR CONFIGURADO - 
DANOS MATERIAIS ARBITRADOS DE ACORDO COM OS VALORES 
PAGOS PARA O TRATAMENTO ODONTOLÓGICO (R$ 3.600,00 -TRÊS MIL 
E SEISCENTOS REAIS) - DANOS MORAIS FIXADOS EM R$ 10.000,00 - DEZ 
MIL REAIS) - MINORAÇÃO DO QUANTUM INDENIZATÓRIO - 
IMPOSSIBILIDADE - RAZOABILIDADE NA FIXAÇÃO DA INDENIZAÇÃO - 
CARÁTER REPARATÓRIO, PEDAGÓGICO E INIBIDOR - REQUISITOS 
ATENDIDOS NA SENTENÇA - JUROS DE MORA E CORREÇÃO 
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MONETÁRIA - APLICAÇÃO DE OFÍCIO - SENTENÇA MANTIDA - 
RECURSO DESPROVIDO. 
1. "Ao contrário do que ocorre com os serviços médicos em geral, a atuação dos 
cirurgiões-dentistas encerra obrigação de resultado, notadamente quando o 
procedimento realizado decorrer de especialidades como dentística restauradora, 
ortodontia, e implantodontia, e que visam, quase sempre, melhorias de ordem 
estéticae fisiológica. 
Nessa linha, deixando o tratamento dentário dessa natureza de atingir o escopo 
desejado e previamente definido pelo profissional da saúde com o seu paciente, 
responde o dentista, objetivamente, pelos danos causados à vítima (consumidor), 
salvo quando demonstrada, de maneira cabal, alguma causa excludente de 
responsabilidade civil (ocorrência de culpa exclusiva do consumidor, fato de 
terceiro, caso fortuito ou força maior), hipóteses não verificadas no caso em exame. 
[...] ausência de consecução dos resultados pretendidos com a colocação dos 
implantes e próteses dentárias, sendo facilmente aferível a dor, tanto física quanto 
moral, decorrente do doloroso e extenso tratamento a que a autora foi submetida e 
que não alcançou o seu desiderato, obrigando-a a realizar novo procedimento." (AC 
n. 2006.028217-4, da Capital, Rel. Des. Joel Dias Figueira Junior, j. em 
10/04/2007). 
2. "A indenização por danos morais - que tem por escopo atender, além da reparação 
ou compensação da dor em si, ao elemento pedagógico, consistente na observação 
pelo ofensor de maior diligência de forma a evitar a reiteração da ação ou omissão 
danosa - deve harmonizar-se com a intensidade da culpa do lesante, o grau de 
sofrimento do indenizado e a situação econômica de ambos, para não ensejar a ruína 
ou a impunidade daquele, bem como o enriquecimento sem causa ou a insatisfação 
deste." (AC n. 2005.018120-2, de Tubarão, Rel. Des. Marcus Túlio Sartorato. j. em 
06/03/2007). 
3. A correção monetária do valor da indenização do dano moral incide desde a data 
do arbitramento, nos termos da Súmula 362 do Superior Tribunal de Justiça. 
4. "O termo inicial para a contagem dos juros de mora nas obrigações contratuais 
flui a partir da citação." (AC n. 2005.039774-0, Rel. Des. Mazoni Ferreira, j. em 
05/06/2009). (Grifo nosso) (SANTA CATARINA, 2009). 
 
Acompanha com o Tribunal de Justiça de Santa Catarina o TJ do Estado do Paraná: 
 
EMENTA: CIVIL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. ERRO DE CIRURGIÃO-
DENTISTA. OBRIGAÇÃO DE RESULTADO. IMPLANTES INADEQUADOS. 
RESPONSABILIDADE CONFIGURADA. DANOS MORAIS. VALOR. 
REDUÇÃO. APELO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO. A 
responsabilidade civil do cirurgião-dentista, em regra, é de resultado. Portanto, 
comprovado o resultado inadequado do procedimento e ausente prova de atuação 
sem culpa, configurada a responsabilidade do profissional. De qualquer forma, 
exame juntado aos autos é prova bastante de sua imperícia. O valor da indenização 
por danos morais merece redução em razão das peculiaridades do caso e das funções 
próprias do instituto. (Grifo nosso) (PARANÁ, 2011). 
 
De igual entender trata o Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul: 
 
APELAÇÃO CÍVEL. RESPONSABILIDADE CIVIL. AÇÃO ORDINÁRIA DE 
INDENIZAÇÃO. IMPLANTES DENTAIS. QUEDA. PERDA DE 
SENSIBILIDADE EM PEQUENA REGIÃO FACIAL. DA 
RESPONSABILIDADE CIVIL DO DENTISTA. A obrigação assumida pelo 
cirurgião dentista, em regra, é de resultado, e sua responsabilidade é subjetiva, 
com culpa presumida, sendo do profissional o ônus de comprovar que não agiu com 
culpa em qualquer das modalidades: negligência, imprudência ou imperícia. 
Entendimento doutrinário e jurisprudencial. Aplicação do art. 14, § 4º, do CDC. DA 
35 
 
 
RESPONSABILIDADE CIVIL DA CLÍNICA. É cediço que as clínicas, na 
qualidade de prestadores de serviços, respondem independente de culpa pelo serviço 
defeituoso prestado ou posto à disposição do consumidor, responsabilidade que é 
afastada sempre que comprovada a inexistência de defeito ou a culpa exclusiva do 
consumidor, ou de terceiro, ex vi do art. 14, § 3º do CDC. DO TRATAMENTO 
DISPENSADO AO CONSUMIDOR. Assente nos autos, mormente na prova 
técnica, a correção no tratamento dispensado pelos profissionais demandados à 
autora, nas dependências da clínica co-demandada, ao implantarem próteses 
dentárias na paciente, sendo a queda de uma destas e o contato de implante com 
nervo alveolar riscos inerentes ao procedimento, inviável o reconhecimento do dever 
de indenizar dos demandados. Dever de informar cumprido. Ausência de falha na 
prestação de serviço comprovada pelos réus. Sentença mantida. APELAÇÃO 
DESPROVIDA. (Grifo nosso) (RIO GRANDE DO SUL, 2011). 
 
Observa Amaral (2008, p. 53): 
 
É importante se destacar que, a realidade atual em nossos tribunais, faz sobressair 
deste contexto uma tendência de, no caso concreto, em situações judiciais de 
postulação de ressarcimento de prejuízos oriundos de danos causados por cirurgiões-
dentistas, analisarem as circunstâncias peculiares de cada tratamento, para só assim 
optar entre considerar a obrigação, no que pertine àquela pela qual este se 
comprometeu com seu paciente, como sendo de meio ou de resultado. 
 
É controversa as opiniões dos legisladores e juristas, em relação à atividade do dentista, 
como sendo uma obrigação de meio ou de resultado. Para a maioria dos juristas, ao contrario 
do campo da medicina, a maioria dos tratamentos é possível prever um resultado final. 
(ARANTES, 2006, p. 89). 
Para Oliveira (2000, p. 73), há dois momentos que devem ser observados para a 
distinção entre obrigação de meio ou de resultado: 
 
Num primeiro momento, é preciso verificar a forma como a obrigação foi 
contratada. Se o contratado se obrigou, no momento da contratação da obrigação, a 
atingir determinado resultado esta promessa realizada ao contratante foi o móvel 
determinante para a celebração do contrato, a obrigação é inquestionavelmente de 
resultado, devendo o devedor responder por sua inexecução, caso não obtenha o 
resultado prometido. Há que se avaliar, também, o grau da possível obtenção do 
resultado almejado dentre as técnicas existentes, em determinada atividade. 
 
Considera-se como obrigação de resultado, as seguintes especialidades da odontologia: 
Dentística Restauradora, Odontologia Legal, Odontologia Preventiva e Social, Ortodontia, 
Próteses Dental, Radiologia Odontologia em Saúde Coletiva e Endodontia. (ARANTES, 
2006, p. 89-90). 
Conforme a resolução CFO 185/1993, há casos que podem variar entre meio e 
resultado. Quais sejam: Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Facial, Odontologia Legal, 
Odontopediatria, Periodontia, Prótese Buco-Maxilo-Facial, Estomatologia e Implantodontia. 
36 
 
 
Veremos no tópico a seguir as modalidades previstas nos artigos 39 e seguintes da 
Resolução 185 de 1993 do Conselho Federal de Odontologia, que criou a Consolidação das 
Normas para Procedimentos nos Conselhos Regionais de Odontologia. 
 
3.3 ESPECIALIDADES ODONTOLOGICAS 
 
Será visto, neste tópico, a extensão da atuação do trabalho de cada especialidade do 
Dentista, prevista no artigo 39 da Consolidação das Normas para Procedimentos nos 
Conselhos Regionais de Odontologia, criada com a Resolução 185/93. 
 
Art. 39. Os registros e as inscrições somente poderão ser feitos nas seguintes 
especialidades: 
a) Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Faciais; 
b) Dentística Restauradora; 
c) Endodontia; 
d) Odontologia Legal; 
e) Odontologia em Saúde Coletiva; 
f) Odontopediatria; 
g) Ortodontia; 
h) Patologia Bucal; 
i) Periodontia; 
j) Prótese Buco-Maxilo-Facial; 
k) Prótese Dentária; 
l) Radiologia; 
m) Implantodontia; e, 
n) Estomatologia. 
 
Pode-se assim entender melhor as explicações de Arantes, vistas no tópico anterior. 
 
3.3.1 Cirurgia e traumatologia buco-maxilo-faciais 
 
Esta espécie prevista na alínea “a” do artigo 39 da Resolução 185/93 do CFO, tem 
“objetivo a cirurgia e coadjuvante das doenças” traumatismos, lesões e anomalias congênitas 
e adquiridas e adquiridas do aparelho mastigatório e anexos, e estruturas craniofaciais 
associadas. Conforme dispõe o artigo 41 da Resolução 185/93, do CFO. 
 
Art. 41. Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Faciais é a especialidade que tem 
como objetivo o diagnóstico e o tratamentocirúrgico e coadjuvante das doenças, 
traumatismos, lesões e anoma-lias congênitas e adquiridas do aparelho mastigatório 
e anexos, e es-truturas crânio-faciais associadas. 
 
Nesta espécie o dentista tem as seguintes competências para sua atuação como 
cirurgião: a) implantes, enxertos, transplantes e reimplantes; b) biópsias; c) cirurgia com 
37 
 
 
finalidade protética; d) cirurgia com finalidade ortodôntica; e) cirurgia ortognática; e, f) 
tratamento cirúrgico de cistos; afecções radicula-res e periradiculares; doenças das glândulas 
salivares; doenças da articulação têmporo-mandibular; lesões de origem traumática na área 
buco-maxilo-facial; malformações congênitas ou adquiridas dos maxilares e da mandíbula; 
tumores benignos da cavidade bucal; tumores malignos da cavidade bucal, quando o 
especialista deverá atuar integrado em equipe de oncologista; e, de distúrbio neurológico, com 
manifestação maxilo-facial, em colaboração com neurologista ou neurocirurgião. (Artigo 42, 
da Resolução 185, do CFO). 
 
3.3.2 Dentística restauradora 
 
Esta espécie prevista na alínea “b” do artigo 39 da Resolução 185/93, “tem como 
objetivo a preservação do dente por meio de prevenção, diagnóstico, prognóstico, tratamento 
e controle das alterações da polpa e dos tecidos periradiculares.” (Artigo 50, da Resolução 
185, da CFO). 
Conforme o artigo 51 da Resolução 185/93, da CFO, o especialista em restauração tem 
as seguintes competências: a) procedimentos conservadores da vitalidade pulpar; b) 
procedimentos cirúrgicos no tecido e nas cavidades pulpares; c) procedimentos cirúrgicos 
para-endodônticos; e, d) tratamento dos traumatismos dentários. 
 
3.3.3 Endodontia 
 
Essa espécie está prevista na alínea “c” do artigo 39 da Resolução 185/1993, da CFO, e 
tem como objetivo “a preservação do dente por meio de prevenção, diagnóstico, prognóstico, 
tratamento e controle das alterações da polpa e dos tecidos periradiculares.” (Artigo 52, da 
Resolução supracitada). 
Por sua vez, sua competência de atuação do especialista abarcam: a) procedimentos 
conservadores da vitalidade pulpar; b) procedimentos cirúrgicos no tecido e nas cavidades 
pulpares; c) procedimentos cirúrgicos para-endodônticos; e, d) tratamento dos traumatismos 
dentários. (Artigo 53, da Resolução 185/93, da CFO). 
 
3.3.4 Odontologia legal 
 
38 
 
 
Já está espécie odontológica, prevista no artigo 39, alínea “d”, da Resolução 185/93, do 
Conselho Federal de Odontologia, “tem como objetivo a pesquisa de fenômenos psíquicos, 
físicos, químicos e biológicos que podem atingir ou ter atingido o homem, vivo, morto ou 
ossada, e mesmo fragmentos ou vestígios, resultando lesões parciais ou totais reversíveis ou 
irreversíveis.” (Artigo 54, da referida Resolução). 
Conforme parágrafo único do artigo 54 da Resolução supracitada “a atuação da 
Odontologia Legal restringe-se a análise, perícia e avaliação de eventos relacionados com a 
área de competência do cirurgião-dentista podendo, se as circunstâncias o exigirem, estender-
se a outras áreas, se disso depender a busca da verdade, no estrito interesse da justiça e da 
administração.” 
Atribui as seguintes competências a atuação do odontólogo legal: a) identificação 
humana; b) perícia em foro civil, criminal e trabalhista; c) perícia em área administrativa; d) 
perícia, avaliação e planejamento em infortunística; e) tanatologia forense; f) elaboração de: 
autos, laudos e pareceres; relatórios e atestados; g) traumatologia odonto-legal; h) balística 
forense: i) perícia logística no vivo, no morto, íntegro ou em suas partes em fragmentos; j) 
perícia em vestígios correlatos, inclusive de manchas ou líquidos oriundos da cavidade bucal 
ou nela presentes; l) exames por imagem para fins periciais; m) deontologia odontológica; n) 
orientação odonto-legal para o exercício profissional; e, o) exames por imagens para fins 
odonto-legais. (Artigo 55, da Resolução 185/1993, da CFO). 
 
3.3.5 Odontologia em saúde coletiva 
 
Espécie prevista na alínea “e” do artigo 39 da Resolução 185/93 da CFO, “tem como 
objetivo o estudo dos fenômenos que interferem na saúde bucal coletiva, por meio de análise, 
organização, planejamento, execução e avaliação de serviços, projetos ou programas de saúde 
bucal, dirigidos a grupos populacionais, com ênfase nos aspectos preventivos.” (Artigo 56 da 
Resolução acima citada). 
Incluem nessa espécie de atuação do dentista: a) análise sócio epidemiológica dos 
problemas de saúde bucal da comunidade; b) elaboração e execução de projetos, programas 
e/ou sistemas de ação coletiva ou de saúde pública visando à promoção, ao restabelecimento e 
ao controle da saúde bucal; c) participação, em nível administrativo e operacional de equipe 
multiprofissional, por intermédio de organização de serviços; gerenciamento em diferentes 
setores e níveis de administração em saúde pública; vigilância sanitária; controle das doenças; 
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educação em saúde pública; e, d) identificação e prevenção das doenças bucais oriundas 
exclusivamente da atividade laboral. (Artigo 57 da Resolução 185/1993, da CFO). 
 
3.3.6 Odontopediatria 
 
A Odontopediatria, prevista no artigo 39, alínea “f”, da Resolução 185/1993, do 
Conselho Federal de Odontologia, “tem como objetivo o diagnóstico, a prevenção, o 
tratamento e o controle dos problemas de saúde bucal da criança, a educação para a saúde 
bucal e a integração desses procedimentos com os dos outros profissionais da área da saúde.” 
(Artigo 58, da Resolução supracitada). 
O Odontopediatra tem as seguintes competências para a sua atuação: a) educação e 
promoção de saúde bucal, devendo o especialista transmitir às crianças, aos seus responsáveis 
e à comunidade, os conhecimentos indispensáveis à manutenção do estado de saúde das 
estruturas bucais; b) prevenção em todos os níveis de atenção, devendo o especialista atuar 
sobre os problemas relativos à cárie dentária, à doença periodontal, às maloclusões, às 
malformações congênitas e às neoplasias; c) diagnóstico dos problemas buco-dentários; d) 
tratamento das lesões dos tecidos moles, dos dentes, dos arcos dentários e das estruturas 
ósseas adjacentes, decorrentes de cáries, traumatismos, alterações na odontogênese e 
malformações congênitas; e, e) condicionamento da criança para a atenção odontológica. 
(Artigo 59, da Resolução 185/93, da CFO). 
 
3.3.7 Ortodontia 
 
Com previsão no artigo 39 alínea “g” da Resolução 185 de 1993, proferida pelo 
Conselho Federal de Odontologia, a Ortodontia “tem como objetivo a prevenção, a supervisão 
e a orientação do desenvolvimento do aparelho mastigatório e a correção das estruturas dento-
faciais, incluindo as condições que requeiram movimentação dentária, bem como 
harmonização da face no complexo maxilo-mandibular.” (Artigo 60 da Resolução citada 
anteriormente). 
O Ortodontista tem as seguintes competências para sua atuação: a) diagnóstico, 
prevenção, interceptação e prognóstico das maloclusões e disfunções neuromusculares; b) 
planejamento do tratamento e sua execução mediante indicação, aplicação e controle dos 
aparelhos mecanoterápicos e funcionais, para obter e manter relações oclusais normais em 
harmonia funcional, estética e fisiológica com as estruturas faciais; e, c) inter-relacionamento 
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com outras especialidades afins necessárias ao tratamento integral da face. (Artigo 61 da 
Resolução 185 de 1993, da CFO). 
 
3.3.8 Patologia bucal 
 
Essa espécie está prevista no artigo 39, alínea “h” da Resolução 185/1993, do CFO e 
“tem como objetivo o estudo laboratorial das alterações da cavidade bucal e estruturas anexas, 
visando ao diagnóstico final e ao prognóstico dessas alterações.” (Artigo 62, da Resolução 
citada acima). 
Para melhor pratica de sua atividade, o dentista especialista em patologia bucal, deve se 
amparar em dados clínicos

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