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HISTOPATOLOGIA VETERINÁRIA Material de ÉRICA BARBOZA, BEATRIZ ASSIS, ANA CLARA BENEVIDES E HÉLEN LARISSA Página 1 APOSTILA DE HISTOPATOLOGIA VETERINÁRIA HISTOPATOLOGIA VETERINÁRIA Material de ÉRICA BARBOZA, BEATRIZ ASSIS, ANA CLARA BENEVIDES E HÉLEN LARISSA Página 2 Sumário INTRODUÇÃO A PATOLOGIA ................................................................................................................................ 4 TÉCNICA DE NECROPSIA DOS MAMÍFEROS DOMÉSTICOS ............................................................................ 7 ALTERAÇÕES POST- MORTEM .............................................................................................................................. 9 NÃO LESÕES E LESÕES DE POUCO SIGNIFICADO .......................................................................................... 16 RESPOSTAS CELULARES E TECIDUAIS A LESÃO ........................................................................................... 25 PIGMENTOS PATOLÓGICOS ................................................................................................................................. 32 CALCIFICAÇÕES PATOLÓGICAS ........................................................................................................................ 37 DISTÚRBIOS CIRCULATÓRIOS ............................................................................................................................ 41 INFLAMAÇÃO ......................................................................................................................................................... 46 DISTÚRBIOS DO DESENVOLVIMENTO CELULAR ........................................................................................... 54 NEOPLASIAS ........................................................................................................................................................... 55 HISTOPATOLOGIA VETERINÁRIA Material de ÉRICA BARBOZA, BEATRIZ ASSIS, ANA CLARA BENEVIDES E HÉLEN LARISSA Página 3 HISTOPATOLOGIA 1- Introdução ao estudo de patologia: ● Métodos de estudo em patologia; Etiopatogênese geral das lesões; Revisão de células (organelas). 2- Respostas celulares às injúrias: ● A célula normal, causas de lesão celular, lesão celular reversível, lesão celular irreversível e morte celular, acúmulos intracelulares, acúmulos extracelulares, calcificação patológica, litíases e pigmentos. 3- Distúrbios Circulatórios: ● Sistema circulatório, distribuição de fluídos e homeostasia, edema, hiperemia, congestão, hemorragia, trombose, embolia e choque. 4- Inflamação aguda: ● Aspectos benéficos e prejudiciais da inflamação, resumo das respostas inflamatórias agudas, estímulos que induzem a resposta inflamatória aguda, fase fluídica, fase celular, fase reparativa, células efetoras, mediadores químicos, tipos particulares de inflamação, classificação morfológica dos exsudatos nas lesões, nomenclatura da resposta inflamatória. 5- Inflamação crônica e Reparação: ● Aspectos benéficos e prejudiciais, progressão da resposta inflamatória aguda para a inflamação crônica, fibrose e formação de abscessos, mecanismos das respostas inflamatórias crônicas, lesões microscópicas e macroscópicas, nomenclatura, células efetoras da resposta inflamatória crônica, cicatrização de feridas e angiogênese. 6- Distúrbios do crescimento: ● Agenesia, aplasia, hipoplasia, estenose, atresia, duplicação, fusão, fístula, persistência de fenda, hipertrofia, atrofia, hiperplasia, metaplasia, displasia, anaplasia. 7- Neoplasia: ● Oncogênese: Conceitos básicos, etiologia, características; ● Epidemiolgia dos Tumores; ● Princípios de carcinogênese; ● Mecanismos de metástase; ● Neoplasia benigna e malígna; ● Principais neoplasias diagnosticadas nos animais domésticos 8- Noções de imunopatologia: ● Reações de Hipersensibilidade, Auto-imunidade, Imunossupressão. HISTOPATOLOGIA VETERINÁRIA Material de ÉRICA BARBOZA, BEATRIZ ASSIS, ANA CLARA BENEVIDES E HÉLEN LARISSA Página 4 INTRODUÇÃO A PATOLOGIA Patologia: é o estudo da doença. A identificação é uma doença com base nas alterações morfológicas induzidas nos órgãos e tecidos é o mais antigo e universal modo de diagnóstico da prática médica. Importância: a compreensão do mecanismo de formação das doenças é que vai ser a base para uma boa prática clínica, potencializando diagnósticos e indicando terapêuticos. Exemplificando: para clínicos e cirurgiões, representa um meio de apoio e confirmação de diagnósticos. Exemplo: identificação de uma lesão tumoral pelo clínico é encaminhada ao cirurgião para excisão. após o procedimento cirúrgico, o material é enviado para o patologista que identifica o tipo e as características da lesão tumoral. Depois de identificado o tumor, o clínico pode indicar terapia medicamentosa (quimioterapia) e/ou novas cirurgias e até mesmo o sacrifício do animal (necropsia). ∞ Eutanásia: retirada da vida para evitar SOFRIMENTO. ∞ Histopatologia (biopsia). Patologista: é o profissional treinado para reconhecer morfologicamente as lesões, e através do estudo das lesões reconhecer a doença. O grande desafio do patologista é entender o mecanismo da doença, saber como e porque ocorrem determinadas lesões nas doenças. Importância para os cursos da área médica: Representa um ELO entre as disciplinas básicas (anatomia, histologia, embriologia, fisiologia e bioquímica) eras profissionalizantes (clínica, cirurgia, reprodução e T.I.P.O.A). Doença: é uma alteração orgânica geralmente constatada a partir de alterações na função (sinais clínicos) de determinado órgão ou tecido, decorrentes de alterações bioquímicas e morfológicas causadas por alguma agressão, de tal maneira que se ultrapasse os limites de adaptação do organismo. ∞ Independente de apresentar sinais clínicos. HISTÓRIA NATURAL DAS DOENÇAS ∞ Período prodrômico: sinais inespecíficos não caracterizando a doença. HISTOPATOLOGIA VETERINÁRIA Material de ÉRICA BARBOZA, BEATRIZ ASSIS, ANA CLARA BENEVIDES E HÉLEN LARISSA Página 5 Patologia geral: estuda os fundamentos (mecanismos) das doenças e objetiva a compreensão e a classificação das lesões básicas que determinam a ocorrência das enfermidades. Patologia especial: estuda as características de cada doença, de acordo com o órgão e o sistema acometido. A patologia pode ser subdividida/subclassificada em estudo da: Etiologia: parte da patologia que estuda as causas das lesões. ∞ Possível descobrir o agente etiológico. Patogenia: parte da patologia que estuda o mecanismo de formação das lesões. ∞ Como o agente etiológico causa a lesão. Morfopatologia: que por sua vez se subdivide em: ∞ Alterações morfológicas. Histopatologia: parte da patologia que estuda as características microscópicas das lesões; Anatomia patologia: parte da patologia que estuda as características macroscópicas das lesões. Fisiopatologia: parte da patologia que estuda as alterações da função de órgãos lesados. ∞ Alterações funcionais derivadas das morfológicas. DESCRIÇÃO DAS LESÕES Localização (anatomia) Aspecto de cor (morfológica) Tamanho (em cm) Volume (fluídos) Peso (em g ou kg – peso clínico e do órgão) Forma Consistência (macia{ ponta da orelha), firme{ponta do nariz}, duro{testa} ) Extensão (1/2, 2/3) Odor (conteúdo) Distribuição FOCAL MULTIFOCAL MULTIFOCAL A COALESCENTE FOCALMENTE EXTENSA HISTOPATOLOGIA VETERINÁRIA Material de ÉRICA BARBOZA, BEATRIZ ASSIS, ANA CLARA BENEVIDES E HÉLEN LARISSAPágina 6 DIFUSO TEMPO DE EVOLUÇÃO (Aguda ou Crônica) TERMOS AUTOPSIA NECROPSIA BIOPSIA COLHER (Específico) e COLETAR (Coletivo) ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ HISTOPATOLOGIA VETERINÁRIA Material de ÉRICA BARBOZA, BEATRIZ ASSIS, ANA CLARA BENEVIDES E HÉLEN LARISSA Página 7 TÉCNICA DE NECROPSIA DOS MAMÍFEROS DOMÉSTICOS A necropsia é um método de valor inestimável e, às vezes, o único para chegar ao diagnóstico das doenças em Medicina Veterinária. A rotina do uso da necropsia proporciona um meio de contínuo aperfeiçoamento profissional, permitindo a compreensão de dados clínicos quando comparada as lesões post-mortem. "Aprendemos com nossos erros, mas somente se soubermos reconhecemos". A necropsia é um exame complementar. A necropsia frequentemente refuta esclarece ou modifica o diagnóstico ante-mortem. A necropsia proporciona um meio de correlacionar os sinais clínicos observados no paciente enfermo com as lesões que não eram visíveis ou aparentes durante a vida. A necropsia permite ao clínico confirmar seu diagnóstico e descobrir erros de diagnóstico. A necropsia pode, ainda, revelar porque o tratamento ou a medicação funcionaram ou falharam e ajudar a correlacionar os achados de laboratório com os sinais clínicos e patogenia. Ocasião para realização da necropsia. Equipamento Técnica de necropsia para ruminantes Técnica de para Solípedes. Técnica de necropsia carnívoros Técnica de necropsia para suínos Exames especiais de órgãos Descrição da necropsia Laudo de necropsia Colheita e fixação de material para exame microscópio. A necropsia deve ser realizada o mais breve possível após a morte do animal. Os fenômenos autolíticos e putrefativos pós-mortem produzem nos tecidos manchas cadavéricas e graus variáveis de dissolução e liquefação que mascaram as lesões ante-mortem e prejudica o exame macroscópico. A rapidez do estabelecimento dessas alterações post - mortem varia também com a espécie animal: a decomposição é rápida nos equinos e bovinos devido à riqueza da fauna e flora gastrointestinais dessas espécies; e nos ovinos e suínos porque a lã e tecido adiposo subcutâneo, dificuldade se passam de calor. A temperatura baixa retarda ou interrompe os fenômenos autolíticos e putrefativos. Os cadáveres que não podem, por alguma razão, ser necropsiados logo após a morte devem, idealmente, ser conservados em câmara fria. * Equipamento (IPI) * Visam à proteção. * O material necessário pode ser resumido no seguinte: um par de bota de borracha, um par de luvas. A falta de instrumentos adequados não impossibilita a execução do exame post-mortem. Uma faca é bastante para realizar-se necropsia de bovino. HISTOPATOLOGIA VETERINÁRIA Material de ÉRICA BARBOZA, BEATRIZ ASSIS, ANA CLARA BENEVIDES E HÉLEN LARISSA Página 8 PASSO A PASSO 1) Estude o histórico clínico e considere todas as possibilidades de diagnóstico antes de iniciar a necropsia. 2) Examinar o cadáver externamente, lesões externas e parasitas. Examinar a coloração das mucosas e o estado das aberturas naturais. 3) Decúbito Ruminantes – decúbito lateral esquerdo (lado direito para cima). Solípedes – decúbito lateral direito (lado esquerdo para cima). Carnívoros – decúbito dorsal. (ventre para cima). Suínos – decúbito dorsal (jovens), decúbito lateral direito (adultos). 4) Incida a pele seguindo a linha média desde o mento até o ânus. Rebata dorsalmente a pele e os membros. Abra o abdômen e examine-o com atenção particular ao fígado , pré – ventrículos e diafragma antes de cortar as costelas. 5) Faça uma incisão entre as costelas (ruminantes, solípedes) ou no diafragma (carnívoros) para verificar se há pressão negativa no tórax. Com um podador, corte as costelas no sentido caudo- cranial. 6) Examinar as vísceras abdominais e torácicas in situ e observe se há exsudatos ou transudatos nas cavidades do corpo. Nesse ponto, considere a necessidade de colher espécimes para cultura e/ou histopatológico. ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________ HISTOPATOLOGIA VETERINÁRIA Material de ÉRICA BARBOZA, BEATRIZ ASSIS, ANA CLARA BENEVIDES E HÉLEN LARISSA Página 9 ALTERAÇÕES POST- MORTEMObjetivos: conceituar as alterações que acontecem no cadáver “post mortem” e diferenciar as mesmas de alterações ocorridas “ante-mortem”. Conceito: são alterações que ocorrem no animal após a constatação da sua morte clínica. Importância do estudo: Evita que se confundam alterações decorrentes da morte as lesões provocadas em vida pela doença. Possibilita a cronotanatognose (estimativa da hora da morte) em casos de medicina legal. ∞ Perca de 1º C a cada hora passada. CLASSIFICAÇÃO E SIGNIFICADO PRÁTICO 1) ALTERAÇÕES CADAVÉRICAS ABIÓTICAS Que não modificam o cadáver em seu aspecto geral. Não há envolvimento de micro ou macro organismos para o desenvolvimento das alterações. 1.1. IMEDIATAS: alterações que define a morte. ∞ Morte somática ou clínica. INSENSIBILIDADE – o animal é desprovido de sensibilidade a partir de um estímulo físico. IMOBILIDADE – o animal perde os movimentos musculares; PARADA DA FUNÇÃO CARDIORRESPIRATÓRIA INCONSCIÊNCIA – ausência de consciência. ARREFLEXIA – ausência de reflexo. 1.2. MEDIDAS OU CONSECUTIVAS: alterações após 1 ou 2 horas da morte do indivíduo, a partir dos produtos metabólicos. ∞ Causada por enzima. LIVOR MORTEM OU HIPÓSTASE CADAVÉRICA ALGOR MORTEM OU FRIALDADE CADAVÉRICA RIGOR MORTEM OU RIGIDEZ CADAVÉRICA COAGULAÇÃO DO SANGUE EMBEBIÇÃO PELA HEMOGLOBINA EMBEBIÇÃO PELA BILE TIMPANISMO OU METEORISMO POSTEM MORTEM DESLOCAMENTO, TORÇÃO E RUPTURA DE VÍSCERAS. PSEUDO-PROLAPSO RETAL 2) ALTERAÇÕES CADAVÉRICAS TRANSFORMATIVAS Que modificam o cadáver no seu aspecto geral, inclusive dificultando o trabalho de análise dos achados. Só deve proceder à necropsia se existe envolvimento judicial, pois para fins de diagnóstico fica comprometida a qualidade das amostras (tecidos e órgãos). Há envolvimento de micro e macro organismos para o desenvolvimento das alterações. ∞ Significado: decomposição, putrefação ou heterólise. Autólise: destruição de um tecido por enzimas proteolíticas produzidas pelo próprio tecido. HISTOPATOLOGIA VETERINÁRIA Material de ÉRICA BARBOZA, BEATRIZ ASSIS, ANA CLARA BENEVIDES E HÉLEN LARISSA Página 10 PSEUDO-MELANOSE ENFISEMA TECIDUAL MACERAÇÃO COLIQUAÇÃO (LIQUEFAÇÃO) REDUÇÃO ESQUELÉTICA FATORES QUE INFLUENCIAM NO APARECIMENTO PRECOCE OU TARDIO DAS ALTERAÇÕES CADAVÉRICAS: Temperatura ambiente: quanto mais alta a temperatura, maior a velocidade de instalação das alterações cadavéricas. Temperatura baixa inibe a ação e a síntese de enzimas proteolíticas, assim como o crescimento bacteriano. Necessária à conservação de cadáveres para necropsia (câmera fria). Ex: cadáver exposto a altas temperaturas provocam liquefação. Tamanho do animal: quanto maior o tamanho do animal, mais difícil o resfriamento e maior velocidade de instalação das alterações cadavéricas. Estado nutricional: quanto maior o teor de glicogênio muscular, mais tempo levará o rigor mortis para se instalar. Causa morte: infecções clostridianas e septicêmicas (como hiperemia pré-agônica), tétano, intoxicação por estricnina, traumatismo craniano encefálico (com tetania e hipertermia) Aceleram instalação das alterações cadavéricas. Cobertura tegumentar: Pêlos, penas e camada de gordura contribuem no aquecimento do cadáver, podendo aumentar a velocidade de instalação das alterações cadavéricas. ∞ Isso explica por que uma ovelha lanada ou suíno autolisam mais rapidamente que uma cabra de idêntica proporção. OUTROS FATORES RELACIONADOS AO RECONHECIMENTO DAS ALTERAÇÕES CADAVÉRICAS A morte somática do organismo de um indivíduo não acarreta a morte simultânea de todos os tecidos. Células individuais ou tecidos podem permanecer vivos durante um curto e variável período de tempo após a morte clínica, possibilitando assim o transplante de órgãos. Terminação de mitoses já iniciadas e a capacidade fertilizante dos espermatozóides (valor zootécnico). Quanto mais diferenciado e especializado for um tecido, mais rapidamente nele se instalará o processo de AUTÓLISE. Isso ocorre em função do alto índice metabólico e, por consequente, da maior necessidade de nutrientes e oxigênio. PRINCIPAIS ALTERAÇÕES CADAVÉRICAS EM CONSEQUÊNCIA DE PROCESSO AUTOLÍTICOS ALGOR MORTIS Sinônimo: arrefecimento cadavérico, frialdade cadavérica, frigor mortis. Verificação: Resfriamento gradual do cadáver até alcançar (ou ultrapassar, devido à dissipação do calor pela evaporação) a temperatura ambiente. HISTOPATOLOGIA VETERINÁRIA Material de ÉRICA BARBOZA, BEATRIZ ASSIS, ANA CLARA BENEVIDES E HÉLEN LARISSA Página 11 Aparecimento após a morte: depende da espécie, do estado nutricional, da temperatura ambiente e da causa morte. Em geral, torna-se perceptível 3 - 4 horas após a morte. Mecanismo de formação: com a parada das funções vitais, encerra-se o processo de termoregulação e com a evaporação atuando na superfície corpórea (dissipando o calor) ocorrendo o resfriamento gradual. Cronotanotognose: considera-se que a queda de temperatura corporal de um grau centígrado por hora após a morte (1ºC/ H). Quando o animal apresentar tetanias ou movimento de pedalagens intensos, pode ocorrer inicialmente uma fase de elevação da temperatura corporal após a morte (2h após inicia-se o algor). LIVOR MORTIS Sinônimo: lividez cadavérica, hipóstase cadavérica. Verificação: manchas violáceas (lividices) nos locais de declive. Aparecimento após a morte: entre 2 -4 horas, se o animal permanece na mesma posição. Mecanismo de formação: com a parada da função cardíaca ocorre o acúmulo de sangue nas regiões mais baixas por ação da força de gravidade. Obs: Diferente da congestão hipostática, que ocorre com o animal em vida e que predispõe a processos diversos em virtude da desvitalização tecidual. RIGOR MORTIS Sinônimo: rigidez cadavérica; Verificação: tente mover a mandíbula e as articulações das extremidades. Com a rigidez do músculo, as articulações tendem a pouca mobilidade. Aparecimento após a morte: em torno de 2 - 4 horas dependendo principalmente do estado de nutrição do animal e da causa mortis. Nos animais caquéticos e nos que morrem de tétano, de traumatismo no SNC, de intoxicações ou após exercícios musculares violentos, ocorre mais precocemente. Duração: em torno de 12 - 24 horas, dependendo principalmente do estado de nutrição do animal e da causa mortis, sendo menos pronunciado e menos duradouros naqueles animais que morreram caquéticos ou após exercícios musculares intensos. MECANISMO DE FORMAÇÃO: FASE PRÉ-RIGOR: apesar da morte total (somática), o tecido muscular ainda persiste vivo por algum tempo, com glicogênio de reserva mantendo o ATP necessário ao metabolismo vital das fibras. FASE DE RIGOR: com o esgotamento e glicogênio de reserva do músculo e com a sobrecarga metabólica das fibras face à acidificação e à carência de oxigênio o músculo se torna autointoxicado. A carência de ATP leva a uma forte união entre as fibras de actina e miosina, que persiste até que estas sejam destruídas totalmente pelos fenômenos líticos. (autólise e heterólise) FASE DE PÓS-RIGOR: com a destruição da actina e miosina por enzimas proteolíticas (por meio de autólise e heterólise), ocorre o relaxamento dos músculos e das articulações. Hipóstase cadavérica: Acúmulo de sangue em região relacionada ao decúbito do cadáver. Heterólise: Ação de organismos externos. HISTOPATOLOGIA VETERINÁRIA Material de ÉRICA BARBOZA, BEATRIZ ASSIS, ANA CLARA BENEVIDES E HÉLEN LARISSA Página 12 PRÉ RIGORPÓS Morte clínica Glicogênio de reserva mantém o músculo vivo através do ATP. Término do Glicogênio Carência de ATP Forte união das fibras de actina e miosina. Autólise e Heterólise Destruição das fibras de actina e miosina. Relaxamento dos músculos e articulações. OBSERVAÇÃO: De acordo com as especificidades do órgão, o mesmo requer mais fonte de energia ou glicogênio de reserva, e certamente essas fontes irão terminar mais rápido, sendo assim, o enrijecimento tende a iniciar-se nos músculos involuntários, abrangidos posteriormente os voluntários, na seguinte sequência: coração (logo na primeira hora após a morte), músculos respiratórios, músculos mastigatórios, músculo perioculares (promovendo a retração do globo ocular), músculos do pescoço, dos membros anteriores, do tronco e dos membros posteriores. A mesma sequência também é válida para os términos das alterações e para o retorno da maleabilidade. A musculatura lisa intestinal (principalmente do jejuno) ao entrar em rigor mortis pode determinar inclusive intussuscepções post- mortem. ∞ Musculatura intestinal com a reserva de glicogênio continua os movimentos de peristaltismo até esgotar. ∞ O intestino delgado apresenta mais parede e mais massa muscular, logo o rigor mortis se instala primeiro no I. grosso. O delgado invagina o grosso. COAGULAÇÃO DE SANGUE Dentro das camadas cardíacas e dentro dos vasos de grande calibre o sangue vai parar após a morte tendem a coagular. Cruóricos: coágulos vermelhos contendo grandes concentrações de hemácias. Lardáceos: coágulos amarelados ocorrem quando o soro segrega nas hemácias. Ou misto nas camadas cardíacas. Os coágulos no coração devem estar em maior concentração do lado direito, pois na última contração, a musculatura proeminente do lado esquerdo vai conseguir pulsar mais sangue do que do lado direito. ∞ O inverso pode ser a causa da morte do animal. Tendo em vista a espessura da parede do miocárdio. Aparecimento após a morte: em torno de 2 horas. Duração: em torno de 8 horas, com posterior hemólise do coágulo e formação de um líquido vermelho escuro (alteração de cor na presença de quadro anêmico). ∞ O coágulo começa a dissolver. Mecanismo de Formação: células endoteliais, leucócitos e plaquetas em hipóxia liberam tromboquinase que irá desencadear a formação do coágulo. EMBEBIÇÃO POR HEMOGLOBINA Sinonímia: embebição sanguínea. Coágulo post-mortem deve ser diferenciado de trombo. TROMBO: obstáculo criado no interior do vaso, a partir de células e proteínas presentes no sangue, no indivíduo vivo. HISTOPATOLOGIA VETERINÁRIA Material de ÉRICA BARBOZA, BEATRIZ ASSIS, ANA CLARA BENEVIDES E HÉLEN LARISSA Página 13 Verificação: manchas avermelhadas nos endotélios vasculares, no endocárdio, e nas vizinhanças de vasos. Mais evidentes em tecidos claros, como omento, mesentério, tecido subcutâneo; Aparecimento após a morte: em torno de 8 horas; Mecanismo de formação: devido hemólise do coágulo, ocorre liberação da hemoglobina, que se difunde nos vasos e na periferia. Obs: A embebição pela hemoglobina deve ser diferenciada das hemorragias subendocárdicas e subendoteliais. Para isso basta fazer um corte e pesquisar a profundidade da alteração. Na hemorragia a mancha avermelhada toma uma tonalidade mais viva e é sempre mais profunda; enquanto que na embebição pela hemoglobina a mancha é mais superficial, e à medida que se aprofunda diminui a intensidade, ∞ Embebição hemoglobínica na superfície dos órgãos acarreta na coloração avermelhada. EMBEBIÇÃO POR BILE Verificação: Constatação de uma coloração amarelada (ferrugem) nos tecidos circunvizinhos à vesícula biliar. A vesícula por possuir no seu interior um líquido formado por sais, tem uma acidificação maior, consequentemente tem facilidade transudar (passar através da parede). Normalmente acontece no próprio fígado, no omento, no mesentério e na superfície serosa do estômago. Animais que estão sem se alimentar por via oral durante muitos dias, tendem a aumentar volume da vesícula, fazendo com que a parede do órgão fique mais delicada. Consequentemente a embebição pela bile aparece mais rápido nesses casos. ∞ O jejum do animal antecipado da morte acarreta no aumento de tamanho da vesícula biliar, devido à falta de estímulo para liberação da bile. Aparecimento após a morte: muito variável. Mecanismo de formação: autólise rápida da parede da vesícula, em virtude da ação dos sais biliares, facilita a difusão dos pigmentos biliares. METEORISMO PÓS-MORTE Sinônimo: Timpanismo cadavérico. Verificação: Distensão abdominal por gases formados no tubo gastrintestinal. Aparecimento após a morte: é muito variável. Mecanismo de formação: a fermentação e putrefação do conteúdo gastrointestinal ocasionam grande volume de gás, que distende as vísceras ocas, aumentando a pressão intra-abdominal. O meteorismo post mortem deve ser diferenciado do meteorismo ante-mortem (que pode inclusive ter sido a causa da morte). ∞ Deve estar sempre acompanhado de “post-mortem” ou cadavérico. METEORISMO PÓS-MORTE METEORISMO ANTE-MORTEM Ausência total de alterações circulatórias na submucosa do trato intestinal gastrointestinal. Hiperemia (inflamação) e hemorragia na submucosa da área comprometida, associada à congestão nos órgãos abdominais (exceto fígado e baço que deverão estar anêmicos devido a compressão do rúmen, no timpanismo ruminal) congestão e edema pulmonar são frequentes. COLORAÇÃO DA BILE: Acastanhado para o marrom nos carnívoros. Esverdeado nos herbívoros. A embebição por hemoglobina diferencia-se das hemorragias através da profundidade da alteração. HISTOPATOLOGIA VETERINÁRIA Material de ÉRICA BARBOZA, BEATRIZ ASSIS, ANA CLARA BENEVIDES E HÉLEN LARISSA Página 14 DESLOCAMENTO, TORÇÃO E RUPTURA DE VÍSCERAS (POST-MORTEM) Consequência do meteorismo pós-morte. Verificação: Modificação na posição das vísceras, às vezes com torção e até rupturas das mesmas. Mecanismos de formação: a fermentação e a putrefação do conteúdo gastrointestinal da origem a gases que tendem a porção mais elevada (em relação ao solo) das vísceras, que distendem, torcem e às vezes (conforme a distensão e a torção) se rompem. Obs: Tais alterações post-mortem devem ser diferenciadas das distopias, das torções e das rupturas de vísceras ante-mortem, que são muito comuns em equinos. PSEUDO-PROLAPSO RETAL Sinônimo: prolapso retal cadavérico Verificação: exteriorização da ampola retal, com ausência de alterações circulatórias que indiquem um processo ante mortem. Mecanismo de formação: aumento da pressão intra- abdominal e intra-pélvica causado pelo meteorismo post-mortem é um fator desencadeador dessa alteração. Obs: É mais comum em herbívoros; ALTERAÇÕES CADAVÉRICAS TRANSFORMATIVAS PSEUDOMELANOSE: Sinônimo: manchas de putrefação. Verificação: manchas irregulares, enegrecidos ou cinza- esverdeados, na pele da região abdominal (intestino) e em órgãos vizinhos. Mecanismo de formação: o sulfato hidrogenado oriundo das bactérias putrefativas reage com ferro liberado pela catabolização da hemoglobina, formando sulfato de ferro (Fe) que cora os tecidos em cinzas esverdeado ou preto. ∞ Excesso de melanina. ENFISEMA CADAVÉRICO Sinônimo: crepitação post-mortem. Verificação: crepitação no tecido subcutâneo, muscular e em órgãos parenquimatosos. Mecanismo de formação: a proliferação de bactérias putrefativasdecompõe os tecidos levando à formação de pequenas bolhas de ar. ∞ Acúmulo de ar em excesso nos tecidos. ∞ Carbúnculo sintomático- Efisema muscular. MACERAÇÃO CADAVÉRICA Verificação: desprendimento dos tecidos moles em geral. Mecanismo de formação: as enzimas proteolíticas geradas pela proliferação bacteriana agem nas mucosas tornando-as MELANOSE: Excesso de melanócitos, que produzem melanina, em locais anormais. Ocorrência extremamente precoce na mucosa ruminal, não significando neste órgão putrefação. Diferenciar essas alterações com base na ausência de alterações circulatórias (congestão, edema e hemorragia) comuns em ante-mortem. Deve ser diferenciado do prolapso ante-mortem com base na ausência de alterações circulatórias no processo post-mortem. HISTOPATOLOGIA VETERINÁRIA Material de ÉRICA BARBOZA, BEATRIZ ASSIS, ANA CLARA BENEVIDES E HÉLEN LARISSA Página 15 friáveis (amolecidas). ∞ Acidose metabólica – lesão da mucosa. COLIQUAÇÃO CADAVÉRICA Sinônimo: liquefação parenquimatosa post-mortem. Verificação: perda progressiva do aspecto e estrutura das vísceras, que se tornam amorfa. Mecanismo de formação: enzimas proteolíticas geradas pela proliferação bacteriana decompõem e liquefazem o parênquima das vísceras. REDUÇÃO ESQUELÉTICA Sinônimo: esqueletização Verificação: desintegração dos tecidos moles. Mecanismo de formação: ocorre através de putrefação e alimentação animal. Obs: putrefação, alimentação animal (canídeos silvestres, urubus, insetos). ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ Ocorrência extremamente precoce na medular adrenal, não significando, neste órgão, putrefação. HISTOPATOLOGIA VETERINÁRIA Material de ÉRICA BARBOZA, BEATRIZ ASSIS, ANA CLARA BENEVIDES E HÉLEN LARISSA Página 16 NÃO LESÕES E LESÕES DE POUCO SIGNIFICADO NÃO LESÕES: São estruturas normais que, por serem pouco conhecidos ou semelhantes a lesões, são ocasionalmente interpretadas como tal. LESÕES DE POUCO SIGNIFICADO: São alterações de pouco ou nenhuma importante diagnóstica, porém com ocorrência comum que devem ser reconhecidas e compreendidas durante a necropsia. PSEUDOICTERÍCIA DO CAVALO Por conta de não possui vesícula biliar, os precursores da bilirrubina estão em maior quantidade no sangue do cavalo. Com isso, observa-se o aumento da cor amarela na gordura desses animais e no plasma fazendo com que um líquido cavitário presente no saco pericárdio, do tórax e no abdômen tenha uma tonalidade tendendo ao amarelo. Outro aspecto fisiológico relacionado à pseudoicterícia e que também afetam os bovinos leiteiros mais velhos, é o armazenamento de um precursor de vitamina A. LINFONODOS AUMENTADOS Linfonodos são os maiores em animais mais jovens por conta da maturação dos linfócitos. Estimulando o reconhecimento dos patógenos e das substâncias maléficas ao organismo do animal. ∞ Nos jovens ocorre a estimulação da atividade linfocitária (construindo memória). ∞ Em adultos é linfodenopatia (produzir + células de defesa). ESÔFAGO SERRILHADO DE GATO Em gatos, a porção caudal do esôfago apresenta estrias transversais. LOCAIS DE INJEÇÃO Animais de grande porte podem apresentar sua massa muscular marcas que remetem a aplicação de medicamentos. ∞ Lesão de necrose no ponto de aplicação que não interfere na vida dos animais de grande porte, mas na inspeção deve ser banido. ∞ Tipo de fármaco e tempo de aplicação. ∞ Reparação tecidual Tecido conjuntivo fibroso. ∞ Em pequenos causa necrose e 2 ml pode causar gangrena (lesão significativa). CAVIDADE ABDOMINAL BAÇO DEFEITOS NA CÁPSULA ESPLÊNICA A cápsula esplênica dos equinos possui alguns defeitos que não é comum em todos animais. São reentrâncias no parênquima que emergem da superfície capsular do órgão, possuem uma coloração acinzentada em virtude do parênquima ser vermelho, entremeadas por estrias brancas e possuem uma cápsula mais espessa. DIVISÕES OU CICATRIZES Lesão de pouco significado em felinos que remete a uma área que foi lesionada e posteriormente cicatrizada sem ser o motivo da causa da morte. ∞ Havendo coágulo e sangue, trata-se de uma lesão recente e tem significado. Alteração cadavérica transformativas que são consideradas não-lesões: livores cadavéricos, pseudomelanose. HISTOPATOLOGIA VETERINÁRIA Material de ÉRICA BARBOZA, BEATRIZ ASSIS, ANA CLARA BENEVIDES E HÉLEN LARISSA Página 17 EXTRUSÃO DE POLPA VERMELHA Extrusão de pontos vermelhos na cápsula do baço equinos e suínos. Podem estar localizados em qualquer parte da superfície do órgão. Em outras espécies está relacionado com doenças hemolíticas. BAÇO DE ANESTESIA O órgão está aumentado de tamanho, macio e quando cortado flui sangue em bastante quantidade. Fármacos anestésicos, principalmente barbitúricos, utilizados em cirurgias ou eutanásias, causam o relaxamento dos trabéculos esplênicos fazendo com que o sangue que entra não seja eliminado de forma rápida. ∞ Ausência de fármaco é uma lesão hemolítica. ∞ Esplenomegalia. ∞ Barbitúricos é anestésico. FÍGADO LIPIDOSE DE TENSÃO É uma área de hepatócitos em regeneração que sofreram intensa tensão dos seus ligamentos de sustentação na cavidade abdominal (ligamento coronário, ligamento triangular direito e esquerdo, ligamento falciforme e ligamento redondo do fígado). ∞ Tencionado – lesão de degeneração hidrópica. ∞ Lipidose é uma lesão de importância, lipidose de tensão não. FIBROSE CAPSULAR Com o passar da idade alguns animais passam apresentar a cápsula hepática mais branca e espessa. ∞ Restrita a cápsula. ∞ Cirrose no fígado. FRANJAS FIBRÓTICAS Em equinos ocorre o espessamento da cápsula hepática formando uns filamentos de tecido conjuntivo fibroso, gerando franjas finas e longas. ∞ Migração de parasita. MANCHAS DE LEITE É atribuída a migração de parasitas. À medida que aslarvas se deslocam no fígado, elas acabam lesionando o órgão, posteriormente, a parte lesionada é substituída por tecido conjuntivo, que se desenvolve em cicatrizes fibrosas na superfície capsular. Suínos e caprinos. TELANGIECTASIA É a dilatação dos sinusóides (capilares hepáticos) em áreas da perda de hepatócitos. Macroscopicamente evidenciam-se focos azul-escuros no fígado de tamanhos variáveis, desde pequenos pontos a vários centímetros. ∞ Visualização macroscópica da dilatação de vasos (sangue dentro do fígado) VESÍCULA BILIAR DISTENDIDA O jejum do animal antecipado da morte acarreta no aumento de tamanho da vesícula biliar, devido à falta de estímulo para liberação da bile. ∞ Muito tempo sem alimentação via oral. HISTOPATOLOGIA VETERINÁRIA Material de ÉRICA BARBOZA, BEATRIZ ASSIS, ANA CLARA BENEVIDES E HÉLEN LARISSA Página 18 RIM E BEXIGA MUCO DA PELVE RENAL DO CAVALO O equino tem glândulas mucosas localizada na pelve renal, portanto é comum encontrar muco espesso de coloração amarelada nessa região. Ocasionalmente pela presença de excesso de proteína. ∞ Muco – aspecto de pus. ∞ Proteína de infiltrado urinário. ADERÊNCIA DA CÁPSULA RENAL Cães possuem vasos sanguíneos que emergem da cápsula em direção ao parênquima, fazendo com que haja pontos de fixação da cápsula ao parênquima renal. RINS PÁLIDOS DOS FELINOS O rim apresenta uma coloração amarelada pelo fato de apresentar uma maior quantidade de conteúdo lipídico nas células hepáticas epiteliais dos túbulos renais. ∞ Em felinos adultos – as células epiteliais do néfron retêm lipídios. ∞ Em felinos a cor avermelhada é de se preocupar. ∞ Em cães – Insuficiência renal crônica. CORTICAL PEQUENA Nos filhotes a relação cortico-medular é diferenciada sendo a região cortical menor que a região medular. LESÕES FIBRÓTICAS Pontos de fibrose na superfície sub-capsular ocasionado por lesões decorrentes de parasitismo (Toxocara canis) em vida. LESÃO PONTUAL Alteração de no máximo 2 cm de diâmetro não causando disfunção do órgão. ∞ No parênquima renal – sua importância varia de acordo sua localização anatômica. BEXIGA COM PAREDE ESPESSADA OU DELGADA Transição (com ou sem líquido). URETRA VERMELHA As fêmeas possuem uma porção da uretra mais avermelhada em virtude da vasculatura proeminente nas camadas submucosa e mucosa. Podendo ocorrer em alguns machos caninos. ∞ Achado fisiológico. GASTROINTESTINAIS HIPERTROFIA IDIOPÁTICA DO ESÔFAGO DISTAL Ocorre em suínos e em equinos, hipertrofia do terço distal do esôfago de origem desconhecida. Ocorre de forma tão intensa que ocasiona em espessamento da parede do esôfago. HIPEREMIA GÁSTRICA Observa-se uma coloração mais avermelhada da mucosa glandular do estômago. É um achado fisiológico comum no estômago de muitas espécies, especialmente em equinos e suínos. A falta de hemorragia, exsudato, edema e úlceras diferenciam da gastrite. Áreas avermelhadas no IDIOPATIA: alteração de origem não conhecida de forma recorrente. Bexiga com coloração avermelhada remete a inflamação: CISTITE HISTOPATOLOGIA VETERINÁRIA Material de ÉRICA BARBOZA, BEATRIZ ASSIS, ANA CLARA BENEVIDES E HÉLEN LARISSA Página 19 estômago são normais e uma redistribuição sanguínea após a morte também deve ser considerada. ∞ Porção granular (+ roseada pela presença de grânulos com sangue) e agranular. FITOBEZOAR Material lignoso composto por fibras vegetais presentes no rúmen. Não possuem importância se for encontrado apenas 1 no espaço ruminal. Pode também ser composto por pelos, recebendo o nome de tricobezoar. ∞ Achado que requer interpretação. PAPILAS UNGUEAIS - Óstio retículo omosal As papilas ungueais apresentam forma de garra. São firmes e cornificadas, localizada na porção distal da goteira esofágica (bezerro) e do omaso em ruminantes. Nos animais jovens que são alimentados com leite, apresentam uma coloração branca e opaca. As papilas ungueais variam em comprimento, tornando-se mais longas com dietas ricas em fibras. HEMOMELASMA ILEI Nódulos no íleo de equinos jovens, que crescem sob a superfície serosa, na maioria dos casos não estão relacionados com neoplasias. Mistura de tecido conjuntivo fibroso com neovascularização, por isso possui uma coloração mais escura. Em animais adultos diferencia-se em dimensão e coloração. CAVIDADE TORÁCICA RESPIRATÓRIO ALIMENTOS NA TRAQUÉIA E PULMÃO Indivíduos em fase agonal intensa pré-morte inspiram em maior excessividade o que expiram, fazendo com que ocorra a movimentação de estruturas anexas ao trato digestório, levando ao reflexo de alimento para dentro da traqueia e consequentemente para o pulmão. ∞ Falha na dessensibilização. ESPUMA NA TRAQUEIA Achado que remete a fase agônica. Presença de saliva que foi agitado na traqueia. Sem alteração nos pulmões. ∞ Pulmão saudável – espuma agônica. ∞ Pulmão com edema – líquido em excesso. ∞ Achado que requer interpretação. EDEMA E CONGESTÃO PULMONAR Na presença de edema e congestão de apenas um lado do pulmão (hipostática) essa lesão não tem significância. ASPIRAÇÃO DE SANGUE Alteração relacionada à animais de abatedouro, onde na hora do abate, ao realizar o corte no pescoço, animal acaba aspirando sangue para traqueia em sua fase agonal. ENFISEMA AGONAL Com a respiração agónica, o ar fica acumulado nos septos interlobulares dos pulmões dos bovinos. Presente também nos lóbulos apicais dos felinos. Enterólito: cavalos. Material mineral lignificado que ocasiona obstrução no segmento ceco-cólico. HISTOPATOLOGIA VETERINÁRIA Material de ÉRICA BARBOZA, BEATRIZ ASSIS, ANA CLARA BENEVIDES E HÉLEN LARISSA Página 20 MELANOSE Melanina depositada em excesso em locais inusuais. Não se aplica pseudomelanose, em áreas torácicas. HEMOLINFONODOS Linfonodos que circulam sangue de forma igualitária em um ruminantes. Mais comumente encontrados na porção abdominal e pélvica inguinal profunda. CARDIOVASCULAR APARENTE FALTA DE RIGOR-MORTIS O coração é o primeiro órgão a entrar e sair do estado de rigor mortis. Se o momento da necropsia for poucas horas depois da morte o coração se encontrará flácido. Se for mais de 12 horas após a morte, ele também se encontrará flácido, e isso é somente a falta de rigor. HEMORRAGIAS PERICÁRDICAS E ENDOCÁRDICAS Nos grandes animais, hemorragias desse tipo podem está ligada a fase agônica. Capilares que se rompem na superfície pericárdica e endocárdica, e mostram áreas de hemorragias agonias discretas. ∞ Cães e gatos – choque séptico. CISTO HEMÁTICO Alteração congênita. Dilatação de um vaso excessivamente que coleciona quantidade de sangue naquela porção. Mais predominante em ruminantes jovens. OSSOS DO CORAÇÃO Presentes na base do coração do bovino, em animais jovens é um tecido fibrocartilaginoso que a medida que animal envelhece, ossifica. ∞ Ossificação natural ARTERITE POR Strongylus Achado de necropsia que requer interpretação, pois pode ter pouco significado ou ser a causa morte. Em equinos a artéria mesentérica cranial, um ramo da artéria aorta abdominal, é o local de parasitismo do Strongylus vulgaris. Ocasionalmente as lesões na artéria mesentérica, dilatando de forma sacular, formando aneurisma. Essas alterações na parede dos vasos também vão causar alterações no fluxo sanguíneo, levando a um turbilhonamento, e o choque das células sanguíneas nas paredes dos vasos forma uma lesão denominada trombose, podendo levar a obstrução total dos vasos. Porém, há achados de necropsia onde há presença deparasitas, há o aneurisma e também a instalação de quadro de trombose, obstruindo parcialmente o fluxo sanguíneo, não lesionando assim o segmento posterior. ∞ Achado que requer interpretação. SISTEMA NERVOSO CENTRAL COLESTEATOMA Equídeos velhos têm uma tendência a acumular proteínas gordurosas dentro das câmeras intracrânioencefálica, formando granulomas de colesterol. Cisto linfático: dilatação dos vasos linfáticos. HISTOPATOLOGIA VETERINÁRIA Material de ÉRICA BARBOZA, BEATRIZ ASSIS, ANA CLARA BENEVIDES E HÉLEN LARISSA Página 21 MELANOSE DAS MENINGES Ruminantes apresentam excesso de melanina nas meninges. HEMATOMAS DE DESSENSIBILIZAÇÃO Animais que são abatidos com pistola de dessensibilização apresentam hematomas em sua massa encefálica. Melanócito: Células produtoras de melanina; Melanoma: neoplasia maligna desenvolvida a partir dos melanócitos; Melanose: excesso de melanina em local inusual; Pseudomelanose: união de sulfeto de H+Fe da catabolização das hemoglobinas, formando sulfeto de ferro. ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________________ HISTOPATOLOGIA VETERINÁRIA Material de ÉRICA BARBOZA, BEATRIZ ASSIS, ANA CLARA BENEVIDES E HÉLEN LARISSA Página 22 ESTUDO DIRIGIDO 1) qual a importância da histopatologia? 2) O que é doença? 3) Diferencie: a) Período de incubação b) Período prodrômico c) Período de estado 4) Defina: a) etiologia b) patogenia c) morfopatologia d) fisiopatologia 5) O que são alterações post-mortem e qual a importância de estudá-los? 6) O que quer dizer alterações cadavéricas de caráter abiótico? Como são subdivididas? 7) Defina: a) Hipóstase cadavérica b) Algor Mortis c) Rigor Mortis d) Coagulação sanguínea e) Embebição por hemoglobina f) Embebição pela bile g) Timpanismo cadavérico h) Deslocamento/ torção/ ruptura de vísceras i) Pseudo prolapso retal 8) O que são alterações cadavéricas transformativas e quais são elas? Defina cada uma. 9) Quais fatores que podem influenciar o aparecimento precoce ou tardio das alterações? 10) O que significa cronotanatognose? 11) Responda verdadeiro ou falso ( ) Células individuais ou tecidos podem permanecer vivos durante um variável período de tempo após a morte clínica ( ) A morte somática do indivíduo acarreta a morte simultânea todos os tecidos ( ) A autólise é a destruição de um tecido por enzimas proteolíticas produzidas pelo próprio tecido. ( ) Quanto mais diferenciado e especializado for um tecido mais rapidamente ele entrará em processo de autólise ( ) A heterose é a destruição do tecido por enzimas proteolíticas dedo pelo próprio tecido. HISTOPATOLOGIA VETERINÁRIA Material de ÉRICA BARBOZA, BEATRIZ ASSIS, ANA CLARA BENEVIDES E HÉLEN LARISSA Página 23 RESPOSTAS 1) A compreensão do mecanismo de formação das doenças, potencializando diagnósticos e indicando terapêuticos. 2) Alteração orgânica geralmente constatada a partir de alterações na função de determinado órgão ou tecido, decorrentes de alterações bioquímicas e morfológicas causadas por alguma agressão, de tal maneira, que se ultrapasse os limites de adaptação do organismo. 3) Período de incubação: Período que decorre desde o momento em que o agente etiológico se instala no organismo do hospedeiro até o inicio dos sinais ou sintomas clínicos da doença; Período prodrômico: período em que já pode haver a transmissão do agente causal e com manifestações mínimas do organismo; Período de estado: período com a manifestação de sinais e sintomas característicos da doença. 4) Etiologia: parte da patologia que estuda as causas das lesões; Patogenia: parte da patologia que estuda o mecanismo de formação das lesões; Morfopatologia: estudo das características das lesões, sendo dividida em histopatologia, que estuda as características microscópicas e anatopatologia, características macroscópicas. Fisiopatologia: parte da patologia que estuda as alterações das funções de órgãos lesionados. 5) São alterações que acontecem no individuo após a constatação da sua morte clinica. É importante o estudo, pois evita que se confundam as alterações decorrentes da morte com as lesões provocadas em vida pela doença. Além de possibilitar a cronotanatognose, ou seja, a estimativa da hora da morte. 6) São alterações que não modificam o cadáver em seu aspecto geral. Não há envolvimento de micro ou macro organismos para o desenvolvimento das alterações que define a morte clinica do individuo, e mediatos, que são alterações que ocorrem após 1 ou 2 horas da morte do individuo, a partir dos produtos dos metabolismos do animal causando destruição ( alterações autolíticas). 7) Hipostase cadavérica: acúmulo de sangue em região relacionada ao decúbito do cadáver; Algor-mortis: resfriamento gradual do cadáver até alcançar a temperatura ambiente; Rigor- mortis: Rigidez cadavérica, o cadáver tende a ficar rígido pela falta de ATP no organismo causando uma forte união das fibras de actina e miosina; Coagulação sanguínea: células endoteliais, leucócitos e plaquetas em hipóxia liberam tromboquinase que irá desencadear a formação do coagulo dentro das câmaras cardíacas e dos vasos de grande calibre. Sendo subdividido em coágulo cruórico, quando é formado contendo grandes concentrações de hemácias e coagulo lardáceo quando o soro segrega nas hemácias, podendo ser encontrados duas formas nas câmaras cardíacas. Aparecem após a morte em torno de 2 horas,, com duração em torno de8h, com posterior hemólise do coágulo e formação de um liquido vermelho escuro, que pode alterar sua coloração na presença de quadro anêmico. Embebição por hemoglobina: ocorre após a hemólise do coágulo. Acontece a liberação de hemoglobina que se difunde no vaso e na periferia do mesmo. Sendo diferenciada das hemorragias através da profundidade da alteração. Apresenta-se como manchas avermelhadas nos endotélios vasculares, no endocárdio e nas vizinhanças dos vasos. Aparecem após a morte em torno de 8 horas. Embebição pela bile: Autólise rápida da parede da vesícula, em virtude da ação de sais biliares que possui uma acidificação maior, facilitando a difusão dos pigmentos biliares. Normalmente acontece no próprio fígado, no omento, no mesentério e na superfície serosa do estômago. Aparecimento após a mprote é muito variável, pois animais que estiverem sem se alimentar por via oral em um período de tempo, tendem aumentar o volume da vesícula, fazendo com que a parede do órgão fique mais delicada. Timpanismo cadavérico: Com a fermentação e a putrefação do conteúdo gastrointenstinal, ocorre a formação de um grande volume de gás, que distendem as vísceras ocas, aumentando a pressão intra-abdominal. Diferencia-se de timpanismo como causa morte através da ausência total de alterações circulatórias na submucosa do trato gastrontestinal. Aparecimento após a morte é muito variável, tendo em vista a alimentação do indivíduo ante- mortem. HISTOPATOLOGIA VETERINÁRIA Material de ÉRICA BARBOZA, BEATRIZ ASSIS, ANA CLARA BENEVIDES E HÉLEN LARISSA Página 24 Deslocamento/torção/ruptura de vísceras: é dada como consequência do timpanismo cadavérico. Com a fermentação e putrefação do conteúdo gastrointestinal, origina-se gases que tendem a distender, torcer e as vezes, romper as porções mais elevadas das vísceras. Pseudoprolapso retal: exteriorização da ampola retal, com ausência de alterações circulatórias que indiquem um processo ante-mortem. Ocorre através do aumento da pressão intra-abdominal e intra-pélvica causado pelo timpanismo cadavérico. 8) São alterações que modificam o cadáver no seu aspecto geral com o envolvimento de micro ou macroorganismos, dificultando o trabalho de analise dos achados. Uma das alterações cadavéricas transformativas é a pseudomelanose, que ocorre quando o sulfeto de hidrogênio oriundo das bactérias putrefativas reagem com o ferro liberado pela catabolização da hemoglobina, formando o sulfureto de ferro, corando os tecidos em cinza, esverdeado ou preto. Apresentam-se como manchas irregulares na região abdominal (intestino e órgãos vizinhos). Outra alteração é o efisema cadavérica que consiste na crepitação no tecido subcutâneo, muscular e em órgãos parenquimatosos, ocorre através da proliferação de bactérias putrefativas que decompõem os tecidos levando à formação de pequenas bolhas. Maceração cadavérica também é um tipo de alteração transformativa, onde as enzimas proteolíticas geradas pela proliferação bacteriana agem nas mucosas tornando-as friáveis, fazendo com que ocorra o desprendimento dos tecidos moles dos ossos em geral. Uma observação para essa alteração é a ocorrência precoce na mucosa ruminal, não significando neste órgão processo de putrefação. A coliquação cadavérica, define-se como a perda progressiva do aspecto e estrutura das vísceras, que acabam tornando-se amorfa. Isso ocorre pois as enzimas proteolíticas geradas pela proliferação bacteriana, decompõem e liquefazem o parênquima das vísceras. Essa alteração transformativa acontece de forma precoce na medular da adrenal, não significando neste órgão processo de putrefação. O ultimo tipo de alteração cadavérica transformativa é a redução esquelética, que consiste na desintegração dos tecidos moles, ocorrendo através da putrefação e da alimentação de macroorganismos. 9) Dentre eles estão a temperatura ambiente, quanto mais alta a temperatura, maior a velocidade da instalação das alterações cadavéricas e temperatura baixa inibe a ação e síntese de enzimas proteolíticas, assim como crescimento bacteriano. Outro fator importante é o tamanho do animal, quanto maior o animal, mais difícil o resfriamento e maior a velocidade da instalação das alterações. O estado nutricional é outro fator, onde quanto maior o teor de glicogênio muscular, mais tempo levará p rigor mortis para se instalar. A causa morte também está relacionada, doenças associadas a infecções clostridianas e septicêmicas, tétano, intoxicações por estricnina, traumatismo crânio-encefálico, dentre outras, aceleram a instalação das alterações cadavéricas. E a cobertura tegumentar, como pelos, penas e camada de gordura, contribuem no aquecimento do cadáver, podendo aumentar a velocidade de instalação das alterações. 10) Estimativa da hora da morte baseado na queda de temperatura corporal de um grau centrígrado por hora após a morte. 11) VFVVF HISTOPATOLOGIA VETERINÁRIA Material de ÉRICA BARBOZA, BEATRIZ ASSIS, ANA CLARA BENEVIDES E HÉLEN LARISSA Página 25 RESPOSTAS CELULARES E TECIDUAIS A LESÃO INTRODUÇÃO Célula normal Membrana celular: Controle da entrada e saída de componentes químicos (gradiente osmótica); Mitocôndria: Principais fontes de energia. Retículo Endoplasmático Rugoso (RER) e ribossomos Centros produtores de proteínas para o exterior (RER) e interior (ribossomos) da célula; Retículo Endoplasmático Liso (REL) Centro metabólico e catabólico e de formação de compostos; Aparelho Golgi Acondiciona produtos de secreção. Lisossomos Possui enzimas para digestão celular. Microtúbulos Movimentos e aspectos da mitose. Núcleo e nucléolo DNA e RNA que controlam como fungos de organelas Estruturas especializadas Cílios e microvilosidades. Alterações reversíveis: ocorre quando a célula agredida pelo estímulo nocivo sofre alterações funcionais e morfológicas, podem manter-se viva, recuperando-se quando o estímulo nocivo é retirado ou cessa. ∞ Degeneração ou acúmulos intra ou extracelular. Alterações irreversíveis: ocorre quando a célula torna-se incapaz de se recuperar-se mesmo depois de cessado a agressão ocasionando a morte celular, que pode ser por necrose ou apoptose. ∞ Necrose ou morte celular. Causas das lesões celulares Privação de oxigênio: a hipóxia é uma deficiência de oxigênio que causa lesão celular por reduzir a respiração oxidativa aeróbica. As causas da hipoxia são redução de fluxo sanguíneo (isquemia), oxigenação inadequada de sangue devido à insuficiência cardiorrespiratória e a redução da capacidade de transporte de oxigênio no sangue. ∞ Hipóxia ( O2) ou anóxia (ausência total). ∞ Falhas cardíacas (vulvopatias, miocardiopatias) ∞ Redução do suprimento sanguíneo. ∞ Redução do transporte de O2. Agentes físicos: traumatismos mecânicos, extremos de temperatura, alterações bruscas de pressão atmosférica, radiação e choque elétrico. HISTOPATOLOGIA VETERINÁRIA Material de ÉRICA BARBOZA, BEATRIZ ASSIS, ANA CLARA BENEVIDES E HÉLEN LARISSA Página 26 Agentes químicos: substâncias químicas e tóxicas podem causar lesão celular, exemplo do ácido monofluoracético, que interfere no ciclo de Krebs viu e terminou a produção de energia a nível celular. ∞ Ex: Medicamentos e toxinas. ∞ Os rins e fígado como órgãos detoxificadores são os mais afetados pelas toxinas. Agentes infecciosos: vírus, bactérias e fungos. Déficit nutricional: principal causa de lesão celular. ∞ Ex: Vitamina E. ∞ Radicais livres / envelhecimento precoce das células / órgãos afetados / débeis funcionais. Fatores genéticos: os defeitos genéticos causam lesões celulares por causa da deficiência de proteínasfuncionais. ∞ Ex: Armazenamento lisossomal. ∞ Acúmulo de partículas / alimento na célula / consequente rompimento do citosol / morte celular. Envelhecimento: resultado do declínio progressivo da função e viabilidade celular causado por atualidades genéticas e acúmulo de danos moleculares e celulares. ∞ Ex: Baixa regeneração. ALTERAÇÕES CELULARES REVERSÍVEIS E IRREVERSÍVEIS Resposta celular a lesão O tipo de resposta celular lesão depende do tipo de agente causador (toxinas, infecciosos, físicos), da extensão da lesão no tecido do órgão afetado, da duração da agressão sobre aquela célula e do tipo celular afetado. ∞ Tipos celulares: Lábeis, estáveis e permanentes. ∞ Lábeis: constante regeneração, curto tempo de vida (renovação natural). Ex: Epiderme. ∞ Estáveis: baixa capacidade de replicação, mas se potencializa com estímulo adequado. Ex: Fígado. ∞ Permanentes: células que perderam o potencial de regeneração. Ex: Neurônios. HISTOPATOLOGIA VETERINÁRIA Material de ÉRICA BARBOZA, BEATRIZ ASSIS, ANA CLARA BENEVIDES E HÉLEN LARISSA Página 27 Alterações celulares reversíveis Degeneração: são alterações morfológicas das células, não incluindo as modificações no interstício. As degenerações indicam lesões reversíveis decorrentes de alterações bioquímicas que resultam do acúmulo de substâncias no interior da célula. Em caso de progressão ocorre adaptação ou morte. ∞ Manifestação de doença celular ∞ Indicativo de que a célula sofreu uma agressão. ∞ É um processo reversível; ∞ Em caso de progressão, ocorre adaptação ou morte. Degeneração hidrópica: é a lesão celular reversível caracterizada pelo acúmulo de água e eletrólitos no interior da célula por causa de transtornos do equilíbrio hidroeletrolítico, toda célula tumefeita e aumentada de volume. Tem como causa diversos agentes lesivos, o mais comum são os vírus, que possui a capacidade de causar danos a membrana celular, faz com que a mesmo perca a seletividade, poderá ocasionar uma desregulação da bomba de sódio-potássio. A deficiência de oxigênio e agentes tóxicos lesão a membrana mitocondrial, pois reduzem a produção de ATP. A hipertermia exógena ou endógena, por causa do aumento do consumo de ATP, e toxinas com atividade de fosfolipase e agressões geradas de radicais livres que levam diretamente a membrana. ∞ Patogenia. ∞ Impossibilidade na regulação do volume celular; ∞ Regulação: Membrana Celular, Bomba de Sódio e Disponibilidade de ATP. ∞ Aspectos macroscópico (Vesícula, pústula e crostas) e microscópico (células vacuolizadas, o citoplasma das células não se coram mais). ∞ O conjunto de células com degeneração hidrópica forma a vesícula. ∞ Células inflamatórias dentro das vesículas são as pústulas. ∞ Rompimento das pústulas formam aso crostas. Degeneração hidrópica X febre aftosa O vírus da febre aftosa causa danos à membrana celular, que perde sua seletividade e acumula água no interior das células depois que a célula fica túrgida, ocorre o rompimento da mesma, fazendo com que o organismo do indivíduo busque o agressor que ocasionou aquela lesão. Com isso, é formada uma lesão chamada pústula- uma área onde houve necrose de degeneração hidrópica e o organismo carreou células inflamatórias para o local para englobar as partículas Na tentativa de eliminar o causador da lesão. Após a formação da pústula, a mesma se rompe liberando o seu conteúdo. É formada uma ferida, que a partir das impurezas do ambiente é formada uma crosta, quer ser manipulado expõe o tecido subcutâneo, ocasionando uma lesão hemorrágica. Por consequência dessa área lesionada (afta), o animal apresenta dificuldade para se alimentar, com a perda do apetite leva a um quadro de emagrecimento progressivo. Degeneração gordurosa: é a lesão celular reversível caracterizada pelo acúmulo intracelular de gordura e derivados. Ocorre em variadas doenças, podem sem ser um indicativo de causa da morte todos os órgãos mais afetados são fígado e miocárdio. Pode ser causada por agentes tóxicos, hipóxia, alterações na dieta e distúrbios metabólicos de origem genética. Os agentes lesivos causam a deposição de gordura no fígado por interferirem nos diferentes passos do metabolismo lipídico tais como: o aporte excessivo de ácidos graxos para o fígado e a diminuição do volume de oxidação dos ácidos graxos. A nível hepático ocorre o HISTOPATOLOGIA VETERINÁRIA Material de ÉRICA BARBOZA, BEATRIZ ASSIS, ANA CLARA BENEVIDES E HÉLEN LARISSA Página 28 aporte excessivo de ácidos graxos no processo de inanição quando na ausência de alimentos a fonte de energia do indivíduo é apenas reserva de gordura no fígado para que haja a formação de lipoproteínas. ∞ Diabetes mellitus. ∞ Dieta rica em gordura. ∞ Síntese excessiva de triglicerídeos (álcool) ∞ Distúrbios do metabolismo da gordura. ∞ Acúmulo de gordura devido ao consumo de álcool – Cirrose. ∞ Mitocôndrias afetadas podem causar acúmulo de gordura. Por conta disso, acarreta a falta de enzimas necessárias para a síntese de apoproteínas, levando a uma menor formação de lipoproteínas e ao acúmulo de gordura no interior da célula. Com a diminuição no volume de oxidação dos ácidos graxos, em quadro de anemia e hipóxia, ocorre uma diminuição dos níveis de oxigênio, fazendo com que os hepatócitos não consigam ter energia para sintetizar as apoproteínas, ocasionando o acúmulo de gordura nas células. ∞ Falha na formação de lipoproteínas ∞ Falha na liberação de proteínas dos hepatócitos. ∞ CC14 (industrial) ∞ Distúrbio na síntese de proteíca. Exemplos de patologias em medicina veterinária relacionados com degeneração gordurosa Toxemia da prenhez em pequenos ruminantes: fêmeas com excelente condição corporal e com prenhez gemelar, que não são alimentados com concentrado para que ocorra a distribuição exata de nutrientes, faz com que os organismos que os nutrientes em suas fontes de reserva, que neste caso é excessiva localizando deslocamento de gordura para o fígado, por conta da grande quantidade de ácidos graxos para ser convertido em um lipoproteína pelos hepatócitos, levando degeneração gordurosa. Lipidose hepática felina: com o mesmo mecanismo de ação, porém relacionado e animais obesos Que motivo de estresse cessa sua alimentação. ∞ Lipidose idiopática ou hepática (comum em gatos, mas ocorre em todas as espécies). ∞ Na lipidose hepática, os hepatócitos tem todo citoplasma preenchido por lipídios, onde tem os núcleos pressionados para periferia. Não é possível identificar as delimitações da membrana plasmática. ∞ Na glicogenose, os hepatócitos, preenchidos por glicogênio não tem o núcleo movido para periferia. É possível delimitar a membrana das células. Cetose: ocorre após o nascimento do bezerro, para suprir as necessidades da vaca e do bezerro. ∞ Aspectos macroscópicos: fígados pálido-amarelados e desconfigurados. Outras degenerações: acúmulo de glicogênio no interior das células decorrente de distúrbios metabólicos. Ao microscópio apresenta vácuos claros mal delimitados diferentes tamanhos, levando um aumento do volume celular e a um aspecto fosco. Acúmulo de proteínas intracelulares, as principais causas a reabsorção de proteínas pelo epitélio tubular renal, infecções virais, onde os vírus deixam partículas encontradas no interior das células, Como os vírus da cinomose e da raiva. ∞ Cinomose – intranuclear (afeta o núcleo). ∞ Raiva – intracitoplasmática (afeta citoplasma). Adaptação: é a capacidade que a célula possui em se adaptar a estímulos patológicos e fisiológicos. HISTOPATOLOGIA VETERINÁRIA Material de ÉRICA BARBOZA, BEATRIZ ASSIS, ANA CLARA BENEVIDES E HÉLEN LARISSA Página 29 Atrofia:diminuição do tamanho da célula, desenvolvendo redução do tamanho do tecido do órgão. Alterações fisiológicas: artéria e veia umbilical, que com passar dos dias após o nascimento, sofre atrofia formando uma calcificação no local e a parte interna dessa estrutura tornam-se ligamentos. Alterações patológicas: exemplo de fratura óssea, onde foi colocado o gesso para a imobilização, quando o mesmo é retirado observa-se uma atrofia da musculatura por conta do uso do desuso. Hipertrofia: aumento do tamanho da célula mantendo seu padrão morfofuncional. Alteração fisiológica: o útero e as glândulas mamárias sofrem hipertrofia durante a gestação. Alteração patológica: o miocárdio, com espessamento da musculatura cardíaca, a uma diminuição do lúmen do ventrículo esquerdo, levando a uma incapacidade de bombear sangue adequadamente. ∞ Lesão do miocárdio (Insuficiência Cardíaca Congestiva – ICC) Hiperplasia: aumento do número de células de um órgão ou tecido geralmente resultando em um aumento do seu volume. Alteração fisiológica: as glândulas mamárias além de aumentarem de tamanho também aumenta o número de células. Alteração patológica: por conta da insuficiência renal a uma diminuição na eliminação de fósforo, ocasionando um desequilíbrio da relação cálcio fósforo e levando uma hiperplasia dos paratireóides, que são responsáveis pela produção de paratormônio, que estimula os esteoclastos a retirar cálcio dos ossos para a circulação sanguínea. ∞ Paratireóides (doença renal crônica). ∞ Hiperfostafemia ( ). Metaplasia: mecanismo fisiopatológico de mudança no formato da célula, a fim de reverter quadros de agressão recorrente a um tecido. Se o estímulo agressor continuar, lesiona o DNA da célula, podendo desenvolver uma neoplasia. A metaplasia adaptativa mais comum é a transformação de epitélio colunar (normal) para epitélio escamoso como ocorre nas vias respiratórias dos fumantes, devido à irritação crônica. Alterações celulares irreversíveis Necrose: conjunto de alterações morfológicas que segue a morte celular, sempre patológico. As membranas da célula necrótica perdem a sua integridade, ocorrendo extravasamento de substâncias contidas nas células. Como consequência da necrose ocorre à inflamação nos tecidos adjacentes para a eliminação do tecido morto e posterior reparo. Durante este processo inflamatório acumulam-se leucócitos na periferia dos tecidos lesionados, que liberam enzimas na digestão das células necróticas. O aspecto morfológico da necrose resulta da digestão das células necróticas por sua própria enzima (autólise) ou derivada dos leucócitos (heterólise). Ao microscópio óptico observa-se alterações citoplasmáticas e alterações nucleares. As alterações citoplasmáticas consistem em aumento da acidofilia, retração e vacuolização. As alterações nucleares consistem em picnose nuclear – retração e aumento da basofilia nucleares; cariorrexe-fragmentação do núcleo, e cariólise - dissolução nuclear. HISTOPATOLOGIA VETERINÁRIA Material de ÉRICA BARBOZA, BEATRIZ ASSIS, ANA CLARA BENEVIDES E HÉLEN LARISSA Página 30 Morfologicamente distinguir-se diversos tipos de necroses: Necrose de coagulação: é a forma de necrose tecidual na qual a arquitetura básica do tecido morto é preservada, por pelo menos alguns dias. Neste de necrose ocorre à desnaturação das proteínas celulares. A isquemia causada pela obstrução de um vaso que supre um tecido pode levar à necrose de coagulação, exceto no cérebro por uma área localizada de necrose de coagulação é chamada de infarto. ∞ Suprimento sanguíneo deficiente e anóxia. ∞ Predomínio de coagulação de proteínas. ∞ Órgãos predominantes: coração, rins, pulmão e intestino. Necrose liquefativa: é caracterizada pela ingestão de células mortas, resultado na transformação do tecido em uma massa viscosa líquida é observada e infecções microbianas e fúngicas devido ao acúmulo de leucócitos e liberação de enzimas dessas células. O material necrótico é frequentemente amarelo cremoso devido à presença de leucócitos e é chamado de pus. A morte por hipoxia de células dentro do sistema nervoso central com frequência se manifesta como necrose liquefativa. ∞ Ocorre após insultos isquêmicos no SNC. ∞ Observada em enfermidade abscerdativa (pús). ∞ Predomínio de digestão enzimática. ∞ Ex: Lencoencefomalacia – equino. ∞ Ex: Pneumonia abssedativa (pús) – ovino. Necrose caseosa: encontrada frequentemente em focos de infecção tuberculosa. Área necrótica exibir uma coleção de células rompidas e fragmentos, e restos granulares amorfos dentro de uma borda inflamatória nítida, essa aparência é caracterizada de um foco de inflamação contido como granuloma. Necrose gangrenosa: é um padrão específico de morte celular. É aplicado como forma de evolução da necrose que resulta pela ação de agentes externos sobre tecido necrosado. Gangrena seca: desidratação do tecido necrosado comum em extremidades como dedos e nariz, podem ser originados por processos químicos como diabetes, normalmente circundada por uma linha de inflamação nítida. Gangrena úmida: invasão da região necrosada por microorganismos anaeróbicos produtores de enzimas que tendem a liquefazer os tecidos e produzir gases de odorpútrido acumulando bolhas junto com material liquefeito; dependem de condições de umidade. Gangrena gasosa: Secundária a contaminação do tecido necrosado com germes do gênero Clostridium, os quais produzem enzimas proteolíticas e lipolíticas e grande quantidade de gases. Necrose gordurosa: refere-se áreas focais de destruição gordurosa típica resultantes da liberação de lipases pancreáticas ativadas na substância do pâncreas e na cavidade peritoneal ocorre também em outros lugares após traumatismo do tecido adiposo especialmente nas mamas. Apoptose: É a morte celular programada em virtude do seu mecanismo e envolver a degradação do DNA e das proteínas celulares segundo um programa celular específico. Nesta forma de morte celular não há vazamento de proteínas através da membrana celular, ocorrendo fagocitose da célula apoptótica sem inflamação local. A apoptose pode ser fisiológica ou patológica. Exemplos de apoptose fisiológica é a destruição programada de células durante a embriogênese e a involução mamária após a lactação; apoptose patológica ocorre em caso de lesão de DNA por conta de radiação e drogas citotóxicas contra câncer ou por atrofia patológica no parênquima dos órgãos após a obstrução do ducto. HISTOPATOLOGIA VETERINÁRIA Material de ÉRICA BARBOZA, BEATRIZ ASSIS, ANA CLARA BENEVIDES E HÉLEN LARISSA Página 31 NECROSE APOPTOSE Destruição da membrana plasmática Membrana plasmática intacta. Resposta inflamatória Fagocitose sem inflamação Resultada de uma agressão Indução fisiológica Múltiplas Individual Ex: isquemia, inflamação. Ex: embiogênese, neoplasia. ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________
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