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ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS 1 E. M. E. F. M. “MÁRIO BORELLI THOMAZ” 2º TÉCNICO EM ADMINISTRAÇÃO ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS A administração de pessoas é uma das atividades administrativas mais importantes de qualquer organização, seja ela industrial, comercial, agrícola ou prestadora de serviços, pública ou privada. Para que possamos articular adequadamente nosso conhecimento sobre o papel que os recursos humanos desempenham nessas organizações, faremos uma breve salva-memória sobre as organizações e o seu contexto. FUNÇÃO RECURSOS HUMANOS (RH) Responsável pela coordenação da força humana de trabalho disponível com o objetivo de conseguir máxima eficiência individual e, consequentemente, organizacional. Suas principais atividades são: √ Descrição e análise da função: cada membro da organização deve saber exatamente quais suas atividades, que por sua vez devem ser constantemente avaliadas para identificar necessidades de mudança. √ Recrutamento interno ou externo e seleção: captação da melhor equipe de profissionais para atingir os objetivos da organização. √ Manutenção, treinamento/desenvolvimento e avaliação do desempenho: relação organização/trabalhador, atualização do pessoal a novas tecnologias e verificação dos resultados obtidos, planejamento de carreira. √ Departamento de pessoal: documentação, folha de pagamento, relações sindicais medicina do trabalho. A função recursos humanos pode ser dividida em diversos setores ou departamentos, tais como: recrutamento e seleção de pessoal (recrutamento seleção e psicologia), movimentação de pessoal (admissão e cadastro, relações trabalhistas e folha de pagamento), cargos e salários (classificação de cargos, estatística de salários, estudos de pessoal e avaliação de desempenho), desenvolvimento pessoal (programação e controle, avaliação e ‘treinamento’), entre outros. Administrar, portanto, é fazer interagir as tarefas, pessoas, tecnologia, ambiente e estrutura como veremos no decorrer do nosso trabalho: pessoas tecnologia ambiente estrutura tarefas Organização 02- 04 - 1962 EMEFM ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS 2 RECURSOS OU TALENTOS HUMANOS? As relações entre as organizações e seus colaboradores têm sofrido grandes transformações e as pessoas, que até pouco, eram apenas consideradas ‘recursos’, estão, atualmente, sendo consideradas como parceiras das organizações, elementos fundamentais para o sucesso de qualquer negócio. No meio ambiente organizacional estão desaparecendo as vagas para cumpridores de ordens e cada dia mais se faz necessária a participação de profissionais capazes de utilizar a criatividade e solucionar problemas, atividades até pouco desenvolvidas com maior intensidade nos níveis institucional / estratégico e intermediário / tático. O PROFISSIONAL DE RH O profissional de RH das organizações deve possuir habilidade para identificar os profissionais a serem selecionados e em que áreas suas habilidades serão mais bem aproveitadas. Deve ainda possuir sensibilidade, tratando a equipe de trabalho como pessoas e não apenas como ‘recursos’, procurando atender suas necessidades, desejos, frustrações, enfim aproveitando seus conhecimentos, práticas e habilidades para atingir simultaneamente os objetivos individuais e organizacionais. Dessa maneira, conseguirá atrair, reter e desenvolver uma boa equipe de trabalho. As características que o profissional de RH deve possuir são: Adaptabilidade Análise crítica Boa comunicação escrita e oral Bom humor Capacidade analítica Capacidade de discernimento Capacidade para negociar prazos Capacidade para se relacionar com clientes e fornecedores internos e externos Compromisso com os resultados Coordenação de grupos interdisciplinares Dinamismo Disposição para o aprendizado contínuo Domínio do sistema de informações gerenciais Empreendedorismo Facilidade para se integrar nos negócios da organização Flexibilidade Habilidade com relações humanas / facilidade de relacionamento Habilidade para administrar conflitos Habilidade para trabalhar em equipe Inovação Integridade Liderança Planejamento e planos de negócios Procura de metas e objetivos Qualidade de atendimento Tolerância para trabalhar sob pressão Visão estratégica Adaptado de ‘Gestão de Pessoas’ de Antônio de Lima Ribeiro, ed. Saraiva. Em algumas organizações, o profissional de RH ainda é tido apenas como aquele que cuida da documentação do pessoal, atividade que até pode ser atribuída a outros setores, como a contabilidade. Na realidade, esse profissional deve ser um articulador de talentos para os objetivos traçados e, para isso, deve administrar com as pessoas, tornando exequíveis os objetivos organizacionais (lucratividade, qualidade, competitividade, inovação, redução de custos, etc.) ao mesmo tempo em que proporciona às pessoas a liberdade necessária para trabalhar com respeito, consideração, estabilidade, oportunidade de crescimento, auto realização, satisfação, segurança, qualidade de vida, benefícios e remuneração adequada. ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS 3 A área de RH deve possuir uma visão estratégica do negócio da organização e contribuir para o alcance dos objetivos organizacionais. As atividades básicas a serem desenvolvidas por ela estão: √ O preenchimento dos cargos com as pessoas adequadas. √ Proporcionar meios para que o pessoal exerça satisfatoriamente suas atividades. √ Planejar, estratégica e taticamente, a necessidade de recursos materiais e informacionais (treinamento, desenvolvimento e tecnologia). √ Cuidar do bom relacionamento organização-funcionário e funcionário-funcionário. √ Desenvolver e aperfeiçoar a estrutura organizacional através de organogramas, fluxogramas, especificações de cargos e salários etc., dimensionando adequadamente o quadro pessoal da organização. ADMINISTRAÇÃO ESTRATÉGICA DE RECURSOS HUMANOS Não é mais possível otimizar a produtividade sem a “vontade” do trabalhador e para competir com vantagem produtiva, hoje em dia, três fatores são essenciais e insubstituíveis: √ O querer fazer (variável volitiva). √ O saber fazer (variável cognitiva). √ O poder fazer (variável instrumental). Com esse entendimento, surge o novo modelo de Administração de Recursos Humanos, que, além de ter ligação estreita com o Planejamento Estratégico da organização, introduz algumas mudanças significativas: √ Otimiza os resultados organizacionais, utilizando indicadores de qualidade e produtividade no trabalho. √ Redesenha o perfil cultural da empresa, adequando-o com um conjunto de valores e crenças, compartilhando-os com os seus empregados. √ Altera o sistema de seleção de pessoal do limite da exigência do cargo ou função para uma maior amplitude. A preocupação passa a ser: O candidato é ideal para a organização? √ Forma multiplicadores / líderes. √ Desenvolve talentos. √ Estabelece a remuneração variável. √ Maior preocupação, nas entrevistas de seleção, com as questões ligadas às raízes dos indivíduos, seus laços de comprometimento e trabalhos comunitários ou em núcleos sociais a que pertence (igrejas, clubes, família, empresa, etc.) realizados. O quadro do conjunto de responsabilidades da gestão estratégica de RH cuida de criar as seguintes condições para a existência de motivação dos indivíduos: √ Estimular os trabalhadores a atingir seus objetivos pessoais e profissionais. √ Não criar desmotivação com ambientes, condições ou políticas inadequadas. √ Propiciar condições financeiras, físicas e psicológicas a ponto de permitir atingir um nível médio dequalidade de vida próximo do desejado. A gestão tradicional de RH trata a motivação com programas de estímulo externo, que provocam respostas apenas no curto prazo. A gestão estratégica tem o foco voltado para a satisfação das necessidades de ordem superior ou fatores motivacionais, agindo a médio e longo prazo. O seu objetivo visualiza ações e estímulos principalmente na área do relacionamento, do reconhecimento e da realização pessoal. ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS 4 Assim, observa-se que o princípio que rege a AERH no campo motivacional é fazer que o trabalho como um todo seja mais valorizado pelo empregado. Quanto mais o empregado vê o seu trabalho recompensado, mais ele estará comprometido em cumprir as metas que lhe são estabelecidas. Para estimular o processo motivacional, agregando valor ao trabalho, a organização poderá: √ Delegar tarefas que permitam ao empregado atingir também seus objetivos pessoais. √ Auxiliar o empregado a identificar recompensas intrínsecas, tais como senso de realização ou de aumento de autoestima. √ Reforçar constantemente os resultados favoráveis com recompensas por parte da organização, como dinheiro / benefícios, elogios ou promoções. Área de RH conquista mais espaço na estratégia das organizações A Ser, empresa brasileira sediada em Campinas, no interior do Estado de São Paulo, e especializada em Human Capital Management (HCM), realizou uma pesquisa sobre gestão de capital humano com 40 executivos de 35 corporações brasileiras e multinacionais para avaliar o posicionamento da área de Recursos Humanos (RH) nas grandes companhias. O levantamento indicou que na maioria das empresas consultadas (58,8%), o RH participa ativamente do planejamento estratégico. Até recentemente, a área tinha baixo ou nenhum envolvimento no processo decisório da organização. A mudança no posicionamento indica que o setor está ampliando seu escopo, antes mais restrito aos processos operacionais. “A necessidade de identificar se o capital humano da corporação está alinhado e preparado para executar a estratégia corporativa favoreceu esse cenário, de tal modo que gerenciar adequadamente as pessoas passou a ser considerado uma das tarefas de mais alta prioridade entre os executivos”, detalha diretor executivo da Ser, Sérgio Falsarella Júnior. Os dados obtidos confirmam a declaração de Falsarella: 94% dos entrevistados priorizam o alinhamento da gestão de pessoas às estratégias da organização. O alinhamento tem sido considerado a palavra-chave entre as empresas consultadas. No que tange ao desenvolvimento no ambiente de trabalho, 82% dos entrevistados apontaram como alta prioridade o desenvolvimento de gestores e 73% enfatizaram o desenvolvimento de pessoas, incluindo treinamento e coaching, baseados em processos de gestão por competências. Segundo a pesquisa “As Melhores Empresas Para Você Trabalhar”, do Guia Exame/Você, esse é o item que mais interessa aos funcionários. A preocupação com a capacitação dos colaboradores teve reflexos nos orçamentos de RH que, segundo 48% dos consultados, aumentaram em 2006. Já os recursos destinados ao treinamento e ao desenvolvimento aumentaram, de acordo com 45% das organizações. Outros temas centrais no atual processo de gestão do capital humano são a atração e a retenção de talentos, em que imagem da empresa foi citada por 79% dos entrevistados como o principal fator de atração. Em segundo lugar, mas não menos importante, o ambiente de trabalho foi mencionado por 76% das organizações como fator de retenção de talentos. Metodologia – A pesquisa gestão de capital humano foi realizada de 13 de julho a 31 de agosto de 2006. Dentre as organizações consultadas, constam várias verticais de mercado como química e petroquímica, automotivo, eletroeletrônicos entre outras, sendo que 20 se destacam pelo faturamento anual no Brasil superior a US$ 1 bilhão. Outras nove estão no ranking das 150 Melhores para Você Trabalhar, publicado pela revista Exame. Fonte: www.hsm.com.br em 28/02/2007 ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS 5 CONFLITOS ENTRE AS VISÕES DE RH Por ser uma relativa novidade, a visão estratégica de recursos humanos ainda sofre algumas restrições por parte dos profissionais com visão tradicional. VISÃO TRADICIONAL √ Controlar rigidamente a carreira dos funcionários; √ Informações salariais e outras em segredo (até dos gerentes), causando um clima de mistério; √ Avaliação de desempenho e clima organizacional são tarefas exclusivas de RH; √ RH é um departamento fechado, porém, sem ele ninguém consegue desempenhar direito suas funções; √ RH não precisa de visão global e estratégica da organização; √ Treinar todos, sem critérios; √ Custos com pessoal são preocupação dos outros setores / departamentos. VISÃO ESTRATÉGICA √ Propor, definir e garantir um conjunto de normas e procedimentos adequados aos objetivos organizacionais e de acordo com a legislação; √ Criar, propor e operar sistemas que permitam que as oportunidades de emprego e desenvolvimento de carreira, bem como a possibilidade de remuneração competitiva estejam disponíveis a todos; √ Auxiliar os demais setores / departamentos nos processos de administração de pessoas; √ Procurar potencializar o capital intelectual da organização (diversidade e inovação); √ Auxiliar as pessoas e a organização no seu processo de desenvolvimento de suas competências; √ Unir objetivos organizacionais aos individuais em busca da realização de ambos, amparados por valores éticos, profissionais e humanos. RECRUTAMENTO E SELEÇÃO RECRUTAMENTO O recrutamento é a primeira etapa do processo de contratação de pessoal e de suprimento das necessidades de pessoal da organização. Como instrumento para o recrutamento de pessoal, as organizações possuem cadastro de candidatos que é alimentado constantemente através de anúncios, currículos, indicações, etc. Sempre que necessitar de um profissional, a organização deve, primeiramente, consultar esse cadastro para verificar se o perfil desejado já está disponível. Esse perfil deve ser adequadamente definido pela organização, já que é através dele que os profissionais serão procurados. Para facilitar a definição do perfil profissional, o profissional de RH deve levar em conta fatores como a cultura, a estratégia e os valores organizacionais e a descrição da função. Além disso, requisitos mínimos devem ser estipulados, tais como a formação profissional, experiências anteriores, conhecimentos, qualidades e personalidade desejados. A definição inadequada do perfil do candidato pode levar a prejuízos à organização, já que o profissional que vier a ser contratado poderá não ser o ideal. ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS 6 Muitas organizações exigem requisitos superiores aos necessários para o preenchimento do cargo. Isso funciona como um filtro para os profissionais ao mesmo tempo em que eleva o nível da equipe. No entanto, essa prática deve ser utilizada com cautela. RECRUTAMENTO INTERNO O recrutamento interno ocorre quando a organização procura o profissional que precisa entre seus próprios quadros. A vantagem desse processo é que se cria uma espécie de plano de carreira e os profissionais mais antigos sentem-se valorizados e isso os motiva, além do que é um processo muito mais rápido, já que os profissionais já estão na organização, no entanto pode ser perigoso, já que um bom profissional em determinada área, ao assumir outro cargo pode mostrar-se inapto para executá-lo. Outra desvantagem é o candidato que for preterido no recrutamento interno pode se sentir desvalorizado e influenciar negativamente na organização. Por isso, deve ser feito um bom trabalho de comunicação e o clima organizacional deve ser conduzido deforma a evitar ressentimentos. Além disso, deve-se verificar se o candidato que for escolhido possui um outro profissional para substituí-lo. A divulgação no recrutamento interno deve ser cuidadosa para atrair o profissional adequado e evitar frustração dos funcionários. Algumas resistências dos chefes em abrir mão de seus bons funcionários para outros cargos. RECRUTAMENTO EXTERNO O recrutamento externo tem como vantagem o fato de que os colaboradores trazerem experiências de outras organizações e / ou ideias inovadoras, o que vem a contribuir com a formação cultural e a transformação da organização. Sua desvantagem consiste no fato de que é um método mais demorado e caro do que o recrutamento interno, no entanto, diminui o risco de melindrar os funcionários que foram preteridos e mantém os profissionais antigos no posto que ocupavam. Os principais métodos de recrutamento externo são: √ Anúncios de mídia: A divulgação da vaga é feita em veículos de grande circulação e / ou especializados e, em casos específicos, em rádios (geralmente cargos de menor qualificação ou quando existem muitas vagas). Anúncios em televisão são, geralmente, inviáveis devido ao custo de veiculação. Os anúncios de mídia podem ser abertos ou fechados. Abertos são os anúncios que indicam quem está recrutando. Os fechados não indicam, sendo que os interessados devem enviar suas respostas para uma caixa postal. Os anúncios fechados são utilizados, geralmente, por organizações de grande porte e de grandes cidades para evitar o grande fluxo de pessoas às suas dependências, ao mesmo tempo em que limita o número de ‘profissionais’ curiosos. Existem ainda os anúncios mistos que explicitam o empregador, ocultando a unidade organizacional que está contratando. A desvantagem do anúncio fechado é que alguns bons candidatos que já estejam trabalhando, imaginando a possibilidade de estarem enviando propostas para as próprias organizações em que trabalham, deixem de participar do processo. O custo-benefício do anúncio em mídia deve ser levado em consideração, calculando os profissionais que se pretende recrutar e o investimento a ser feito na mídia. Há ainda o meio contemporâneo de mídia é a internet, por enquanto pouco difundido. ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS 7 √ Tabuletas na porta: É um método utilizado para o recrutamento de profissionais de pouca qualificação, especialmente na construção civil. √ Informações em quadros de avisos: Utilizada para incentivar os atuais colaboradores a divulgar a necessidade de profissionais para preenchimento de vagas. É de custo muito baixo, porém, arriscado, pois os colaboradores, sendo conhecidos de seus ‘indicados’, têm mais facilidade de formação de grupos informais que, às vezes, podem ser nocivos à organização. √ Apresentações ou indicações: possui os mesmos inconvenientes do método anterior, no entanto, deve-se levar em conta quem indicou, pois um funcionário ótimo, tende a indicar bons profissionais, já que não pretendem ‘sujar’ seu nome na organização. √ Apresentações espontâneas: Os profissionais se candidatam espontaneamente, geralmente através da apresentação de currículos que vão para o cadastro da organização para serem consultados quando esta necessitar de profissionais. √ Agências de emprego: São empresas especializadas no recrutamento e seleção de profissionais. Geralmente são utilizadas quando o processo de recrutamento e seleção pela própria organização não é vantajoso. Muitas agências possuem profissionais cadastrados para serviços temporários e na maioria das vezes realizam testes psicológicos e vocacionais. Deve-se tomar cuidados com as agências ‘picaretas’. √ Intercâmbio: Organizações parceiras podem oferecer seus cadastros para o recrutamento de profissionais quando não estiverem necessitando daquele tipo de mão- de-obra. √ Empresas de ‘headhunting’: São, literalmente, os caçadores de cabeças. Vão à procura dos profissionais requisitados onde quer que esses se encontrem. Geralmente acionadas quando a organização necessita de profissionais de alto nível, tais como executivos. √ Sites: Tem como vantagens o fato de ser rápido e barato, no entanto, ainda é mais utilizado em grandes cidades e por organizações que necessitam de profissionais mais qualificados. SELEÇÃO O processo de escolha de um colaborador dentre os candidatos a uma vaga é chamado de seleção. O candidato escolhido deve ser aquele que mais se parecer com o perfil preestabelecido. Geralmente a seleção é dividida em duas partes: a seleção preliminar e a definitiva, esta última feita pela chefia imediata do futuro colaborador. Uma escolha mal feita nessa etapa acarreta custos e desgaste desnecessários para a organização e deve considerar: √ habilidade do candidato para executar o trabalho √ projeto de carreira do candidato √ orientação do candidato para a equipe √ experiências do candidato O selecionador deve ser um profissional ‘antenado’ com a organização, sua cultura e suas políticas, deve ser sensível e não deve ser medíocre, pois esses tendem a selecionar candidatos também medíocres. ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS 8 O processo de seleção começa logo após o de recrutamento, onde um número grande de candidatos se apresenta. Deve-se, então, proceder a analise do currículo dos candidatos, descartar os que não se adequam e cadastrar os adequados. Na maioria das organizações, visando padronizar as informações sobre os candidatos, solicita que, além do currículo, ele preencha uma ficha de inscrição onde constam as informações que a organização considerar úteis. MÉTODOS DE SELEÇÃO √ Triagem preliminar de currículos √ Entrevista na unidade de seleção √ Informações de pessoas confiáveis √ Testes técnico-profissionais √ Testes psicológicos √ Dinâmica de grupo √ Entrevista pelas chefias futuras √ Informações de empregos anteriores √ Informações cadastrais √ Exame médico Nas organizações de pequeno porte, no entanto, algumas etapas do processo podem ser eliminadas, optando-se pelas de menor custo e pela sensibilidade e conhecimento do selecionador. Muito cuidado deve ser tomado nesse processo para não resultar em problemas jurídicos, principalmente em relação ao racismo e ao preconceito, portanto os critérios de seleção devem proporcionar oportunidades iguais aos candidatos. Além disso, a legislação brasileira estabelece quotas em determinados casos, como o dos portadores de necessidades especiais. Mesmo após um processo de recrutamento e seleção bem conduzido é recomendável que se celebre um contrato de trabalho por tempo determinado, após o qual se efetiva o colaborador. Em outros casos, mesmo o candidato não tendo o perfil para o cargo, mas possuindo qualidades que a organização deseja, é uma opção contratá-lo para um cargo provisório, vislumbrando o melhor aproveitamento de suas funções no futuro. Nas organizações públicas o processo de seleção fica um pouco prejudicado, pois na maioria dos casos se restringe ao concurso que, embora seja mais objetivo, nem sempre identifica o candidato ideal. Uma dica interessante para a seleção de pessoal é a seguinte: Evite contratar pessoas que você terá dificuldades em desligar da organização. Essa dica é especialmente importante no caso de contratação de parentes dos sócios e gestores. ADMISSÃO E DEMISSÃO ADMISSÃO Após o processo de seleção acontece o de admissão que se inicia na comunicação ao candidato escolhido e pedido de apresentação de documentos exigidos pela organização e pela legislação. Os demais candidatos também devem ser comunicados do resultado. Isso mantém o bom relacionamento com eles para possíveis futuras contratações, além de ser de bom tom. ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOSHUMANOS 9 Em sua chegada à organização, o novo colaborador deve ser integrado a ela, isto é, devem ser comunicados a ele quais são os objetivos, políticas, benefícios, normas, práticas e horários da organização, quais são os cargos existentes, quem os ocupa, a quem ele responderá (e, se for o caso, quais seus subordinados), os serviços de apoio, o comportamento que a organização espera dele e outras informações que se fizerem úteis. Ainda na integração, o novo colaborador deverá ser apresentado a seus colegas de trabalho (nesse momento pode ser realizada uma dinâmica de grupo) e ao tipo de atividade que irá desenvolver (aqui acontece o treinamento e desenvolvimento de habilidades do colaborador). Embora o novo colaborador tenha passado pelos processos de recrutamento e seleção, é recomendável que a organização estabeleça com ele um contrato por tempo determinado (experiência) que, de acordo com a legislação brasileira não pode superar 90 dias. O contrato de experiência facilita o processo de desligamento do funcionário caso ele não corresponda às expectativas da organização ou vice-versa. Com o término do contrato de experiência e a passagem para o contrato por tempo indeterminado, o colaborador é, de fato, efetivado. DEMISSÃO Embora não seja dos acontecimentos mais agradáveis, a demissão é uma realidade que cabe ao profissional de RH enfrentar. No entanto, a demissão só deve ocorrer em último caso para não gerar mal estar entre a equipe de trabalho. É claro que ninguém quer manter um funcionário desleixado ou preguiçoso em seus quadros, porém isso deveria ter sido identificado nos processos anteriores ou, caso não tenha sido possível, deve-se tentar corrigir o colaborador com mais treinamentos ou acompanhamento através do PAE (programa de atendimento ao empregado) ou ainda de outras maneiras que se fizerem convenientes. Se, depois de todas as tentativas o problema persistir, aí sim é hora de demitir. Em alguns casos, porém, bons colaboradores precisam ser dispensados por motivo de redução nos quadros (uma decisão equivocada na maioria das vezes). Há também o caso da aposentadoria, que pode ocorrer por iniciativa do empregado ou estimulada pela organização. Neste caso, é adequado proporcionar ao funcionário desligado instrumentos adequados para que ele possa manter-se em atividade após o desligamento. Porém, também neste caso é bom lembrar que podemos estar desligando um funcionário bom e experiente. Vale a pena analisar a possibilidade de continuar com seus serviços. Quando a organização passa por um processo radical de enxugamento (avanços tecnológicos costumam provocar esse tipo de situação, além de incorporações empresariais e outros), existe a possibilidade de adotar o PDV (plano de demissão voluntária) que traz benefícios aos funcionários que optarem voluntariamente pela demissão. Essa atitude da organização eleva o moral da equipe que percebe valor no benefício e consideração que a organização demonstrou. DEMISSÃO E CLIMA ORGANIZACIONAL A forma como é comunicada de uma demissão faz muita diferença em relação ao comportamento das pessoas, tanto as demitidas, quanto as que permanecerem nos quadros da organização. ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS 10 Nessa oportunidade, a pessoa que estiver sendo demitida deve ficar sabendo quais os motivos que levaram à demissão (não se deve mentir, por outro lado, evitar ser duro demais é uma boa pedida). De qualquer maneira, os demitidos tendem a interpretar a demissão pelo lado emotivo e pessoal, especialmente aqueles menos preparados culturalmente. Outros acabam por sofrer problemas psicológicos, como a diminuição da autoestima, sentimento de perda do grupo social (amigos da organização) e até a depressão. Cabe à empresa, também procurar apoiá-los. Mais uma vez, é importante salientar que o PDV é valioso instrumento para evitar esses problemas, no entanto outras ferramentas podem ser utilizadas, como o acompanhamento psicológico, encaminhamento para agências de recolocação profissional, continuidade dos benefícios (cesta básica, plano de saúde, etc.) por um determinado período, entre outros. O desligamento, de certa forma, também é uma forma de seleção, pois se decide quem é que vai ficar ou não na organização. Nesse sentido, é conveniente que o encarregado pelo recrutamento e seleção realize uma entrevista com o funcionário que está se desligando, independentemente do motivo do desligamento. Nessa entrevista, que deve ser a sós com o ‘ex’ funcionário, o entrevistador conseguirá informações importantes que funcionarão como retro alimentação para novas entrevistas de seleção e para outras decisões na área de RH, pois nesse momento em que está saindo da organização o funcionário não tem mais nada a perder e, por isso, fornece dados ‘reais’ sobre o relacionamento entre ele e a organização. Esses dados podem refletir também o pensamento dos demais funcionários. Colocamos ‘reais’ em destaque porque é necessário levar em consideração que o funcionário que está saindo, pode dar entrevista carregada de má vontade ou de certa mágoa da organização, porém, tentando eliminar os excessos, conseguiremos chegar a informações importantíssimas para os relacionamentos futuros com a equipe de trabalho. CONDUZINDO A EQUIPE É muito importante que um administrador possua habilidades administrativas no desenvolvimento de suas atividades. São elas: √ Habilidades técnicas: saber fazer. √ Habilidades conceituais: conhecimento; visão global da organização e de sua interação com o ambiente. √ Habilidades humanas: relacionamentos (comunicação, cooperação e liderança). Além de utilizar adequadamente as habilidades humanas, na condução da sua equipe, o gestor de RH deverá ainda tomar outras providências e cuidados. POLÍTICAS DE RH As políticas organizacionais representam como a organização se portará nas mais diversas situações na sua relação com clientes, fornecedores, parceiros, concorrentes e colaboradores. As políticas em relação aos colaboradores são chamadas de políticas de recursos humanos. Por exemplo, podem ser: remunerar os funcionários de acordo com o mercado; ‘portas abertas’; treinamento e desenvolvimento de habilidades; clima organizacional favorável; plano de carreira; etc. ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS 11 NORMAS E PROCEDIMENTOS DE RH Normas são documentos que visam sistematizar processos, regulamentando-os e visando uma economia dos esforços, promovendo a produção orientada para a qualidade e satisfação dos clientes internos e externos, com segurança e uniformidade. Na prática, elas orientam o funcionamento inteligente da organização, servindo como instrumento de comunicação das regras e responsabilidades que norteiam esse funcionamento. As organizações precisam mais ou menos de normas de acordo com seu tamanho, a complexidade e a periculosidade de suas tarefas. Na área de recursos humanos as normas, geralmente versam sobre os procedimentos de recrutamento e seleção, admissão e integração, cadastramento de currículos, desligamento, férias, exames médicos, controle de pontualidade, remuneração, avaliação de desempenho, treinamento e desenvolvimento de habilidades e horas extras. O conhecimento das normas é fator crítico na sua execução, portanto, comunica-las é imprescindível para que sejam conhecidas e praticadas, facilitando o funcionamento da organização. MOTIVAÇÃO A primeira coisa a ser estabelecida no quesito motivação é que ela é intrínseca, isto é, tem, necessariamente, que partir do indivíduo, portanto não é externa. Por isso, algum estímulo pode motivar algumas pessoas e não outras. O profissional de RH deve ser o agente provocador desses estímulos de forma a conseguir compreender as necessidades de sua equipe,sempre lembrando que tal equipe é heterogênea e, por isso, os estímulos devem ser variados. Um erro comum é acreditar que a remuneração é o estímulo que motiva todas as pessoas. Comportamentos como a passividade ou a recusa de responsabilidade são sintomas de uma doença denominada insatisfação das necessidades egoísticas. Dessa forma, o homem frustrado está tão doente quanto o homem desnutrido. Deve, portanto, a organização, preocupar-se não somente com a satisfação das necessidades básicas dos seus empregados, visto que aquele que não tenha a oportunidade de interagir e obter valorização profissional poderá mostrar-se insatisfeito, ainda que disponha de excelente remuneração. Alguns teóricos contribuíram para a discussão desse tema. Em organização de empresas I, vimos alguns deles, como Douglas Mc Gregor com as teorias X eY; Abraham Maslow com a teoria da hierarquia das necessidades; Frederick Herzberg com a teoria dos dois fatores; Amitai Etizioni com a tipologia das organizações e Rensis Likert com os estilos administrativos. O fato é que a motivação humana é fator primordial para o sucesso organizacional e, portanto, um dos papéis fundamentais do gestor de RH é proporcionar variados estímulos para promover a motivação dos trabalhadores de uma organização. ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS 12 PROGRAMA DE RELAÇÕES COM COLABORADORES COMUNICAÇÕES: filosofia sugestões COOPERAÇÃO: compartilhar tomada de decisões e controle das atividades PROTEÇÃO: bem-estar, sem retaliações / perseguições ASSISTÊNCIA: às necessidades individuais DISCIPLINA E CONFLITO: regras claras PROGRAMA DE SUGESTÕES Comissão de avaliação Implementação e recompensa Avaliação do benefício obtido PROGRAMA DE RECONHECIMENTO Créditos concedidos a colaboradores / equipes exemplo (funcionário do mês, carta de agradecimento, $, celebração etc.). PROGRAMA DE ASSISTÊNCIA AO EMPREGADO (PAE) Quando ocorrerem faltas diversas; atrasos e saídas antecipadas; "brigas"; negligência; erros e acidentes; problemas com a Lei; aparência entra em ação o PAE, Programa de Assistência ao Empregado. É desejável uma política escrita que dê sustentação às medidas a serem adotadas. O PAE deve ter um Coordenador Fatores relacionados a disciplina para a decisão de punição / recompensa Gravidade Duração Frequência e natureza Fatores condicionais Grau de socialização (conhecimento das regras) Histórico das práticas disciplinares organizacionais Apoio gerencial Procedimentos de disciplina Comunicação das regras e critérios de desempenho Documentação dos fatos Aconselhamento do PAE Identificar funcionários problemáticos. Auto identificação Identificação do supervisor Tratamento Funcionário recusa apoio e pode ser desligado Problema resolvido Problema resolvido Fracasso - dispensa ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS 13 Resposta consistente à violação das regras Linhas fundamentais das ações disciplinares Ação corretiva > ação punitiva Ação disciplinar progressiva Ação imediata, compatível, impessoal e informativa CONFLITO ENTRE OBJETIVOS ORGANIZACIONAIS E INDIVIDUAIS Os comportamentalistas indicam que o conflito entre os objetivos das organizações e os dos que individualmente cada participante pretende alcançar, nem sempre se deram muito bem. Os autores comportamentalistas fazem distinções entre problema, dilema, e conflito. Um problema envolve uma dificuldade que pode ser solucionada dentro de um quadro de referência formulado pela organização, pelos precedentes utilizados, pela solução ou pela aplicação de diretrizes existentes; um dilema não é susceptível de solução dentro das suposições contidas explicita ou implicitamente em sua apresentação, ele requer reformulação e inovação na sua abordagem; um conflito significa um colapso nos mecanismos decisórios normais, em virtude do qual um indivíduo ou grupo experimenta dificuldades na escolha de uma alternativa de ação. Existe o conflito quando um indivíduo o grupo se defronta com um problema de decisão entre duas alternativas incompatíveis entre si ou adota uma e se contrapõe outra ou vice-versa. Segundo Cris Argyris, a estrutura, a liderança diretiva e os regulamentos e controles administrativos existentes nas organizações são inadequadas para os indivíduos maduros, pelo qual, pode existir um conflito entre indivíduo e organização. Os princípios de organização formal fazem exigências aos indivíduos que as compõem. Algumas dessas exigências são incongruentes com as necessidades dos indivíduos, daí surgindo a frustração, o conflito, o malogro e a curta perspectiva temporal como resultantes previstos dessas incongruências. É perfeitamente possível a integração das necessidades individuais de auto expressão com os requisitos de produção de uma organização; as organizações que apresentam um alto grau de integração entre objetivos individuais e organizacionais, são mais produtivos do que as outras e; ao invés de reprimir o desenvolvimento e o potencial do indivíduo, as organizações podem contribuir em grande forma para sua melhoria. Na tabela a seguir, observamos as conclusões às quais Argyris chegou a respeito dos comportamentos dos indivíduos, conforme sua maturidade. Imaturidade Maturidade Comportamento uniforme Comportamento variado Interesses superficiais Interesses profundos Perspectiva limitada de tempo Ampla perspectiva de tempo Posição subordinada Posição inferior, igual ou superior Falta de consciência e controle do ‘eu’ Consciência e controle do ‘eu’ Comunicação precária Comunicação eficaz Percepção sob ponto de vista único (pessoal) Percepção sob vários pontos de vista ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS 14 EMPOWERMENT Argyris propôs então um relacionamento com os trabalhadores aumentando a importância percebida pelo colaborador a respeito do seu trabalho: √ Job enlargement, ou ampliação horizontal do trabalho procura aumentar a motivação do trabalhador ampliando sua participação no processo. √ Job enrichment, ou enriquecimento do trabalho ou, ainda, ampliação vertical do trabalho procura aumentar a motivação do trabalhador, delegando a ele atividades sobre as quais possa possuir autonomia e responsabilidade. √ Empowerment foi o conceito que resultou desses estudos. Conhecemos também como delegação, que tem como objetivo aumentar a motivação dando oportunidade para que as pessoas possam participar, se envolver e decidir de diversas formas, permitindo que utilizem suas habilidades e conhecimentos e criando condições para que sejam potencializados. De qualquer forma, a responsabilidade pela integração de objetivos organizacionais e pessoais recai sobre a alta administração. A interdependência entre as necessidades do indivíduo e da organização é imensa, seus objetivos estão unidos, em ambas partes devem contribuir mutuamente para o balance de seus respectivos objetivos. Para conseguir uma equipe verdadeiramente motivada, o gestor de RH necessita conhecer bem as pessoas com as quais se relaciona, bem como suas necessidades e objetivos. É necessário criar na sua equipe o espírito de pertencimento a um ‘time’, se sentindo responsável por seus resultados. O capital humano com seu conteúdo (intelectualidade, criatividade, iniciativa, entre outras virtudes), se tornou, na administração contemporânea, um diferencial extraordinário para vantagem competitiva e alcance dos objetivos organizacionais. Nesse contexto, empowerment representa um modelo de gestão de pessoas que dá poder para o corpo social da organização, responsabilizando-opelo trabalho executado sem, contudo, eliminar a responsabilidade dos cargos mais altos. Dessa forma, a responsabilidade e o poder são delegados, porém a responsabilidade de quem a delega não diminui. Através dessa forma de gestão, fortalece-se o poder decisório e o envolvimento dos quadros funcionais da organização, ampliando o sentimento de pertença de toda a equipe ao mesmo tempo em que amplia a capacidade da organização em aproveitar ideias inovadoras que, de outra forma, não poderiam ser identificadas. Com o emporwement, de certa forma, inverte-se a pirâmide organizacional, valorizando a tomada de decisões por parte das pessoas que estão mais próximas dos clientes. Paralelamente a isso, potencializa o envolvimento dos membros da equipe por meio da cooperação. Embora seja uma ferramenta poderosa de motivação, envolvimento e comprometimento da equipe de trabalho, além de fator de vantagem competitiva, o empowerment não é utilizado por muitas organizações por dois motivos principais relacionados a certa arrogância organizacional: a certeza de somente a organização acerta e a organização conhece melhor do que ninguém o que o cliente deseja. Vejamos: √ Certeza de que somente a organização está certa: é potencialmente impossível que uma organização possua todas as respostas para problemas quotidianos e até aqueles que ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS 15 envolvem o planejamento organizacional, portanto esse argumento para não delegar não tem fundamento. √ A organização conhece melhor do que ninguém o que o cliente deseja: por mais bem informada que seja, uma organização não consegue detectar as necessidades e desejos de seus clientes de forma precisa, nem tão pouco, identificar as mudanças nesses desejos e necessidades, mas as pessoas que trabalham diretamente com os clientes, portanto os funcionários de escalões mais baixos, são como termômetros das mudanças do mercado e dos anseios dessa clientela, portanto, mas uma vez a argumentação para não se sustenta. A postura mais racional a ser adotada é preparar sua equipe e dar a ela o ferramental necessário para que tome as decisões necessárias e, assim, contribua para que a organização consiga atingir seus objetivos. As pessoas que recebem delegação passam a desenvolver a capacidade de identificar a melhor forma de realizar a missão organizacional pois são mais bem informadas, interagem melhor e se comprometem com os resultados. Para utilizar o empowerment, uma organização deve estar preparada, desenvolvendo: √ Competência e experiência: sua equipe deve ser preparada para receber delegações. Isso é possível para o pessoal atual e futuro, sendo que esses podem já ser avaliados nos processos de recrutamento e seleção. √ Informações necessárias: a comunicação interna deve ser eficiente e eficaz e as informações devem ser de qualidade. √ Recompensa adequada: representa o reconhecimento da organização em relação aos esforços da equipe. Essa recompensa não é, necessariamente financeira. √ Conhecimento da missão: também relacionado com a necessidade de comunicação, esse requisito indica que, se não conhecer o que a organização espera e deseja, a equipe não poderá contribuir adequadamente. √ Tolerância a erros: obviamente a equipe não agirá exatamente como a alta administração, o que pode ser muito bom, mas às vezes pode representar resultados indesejados, o que é natural. Erros acontecerão e é necessário definir um padrão aceitável deles. São permitidos: o quando não representam um padrão, isto é, quando estão relacionados ao caráter inédito da decisão que está sendo tomada; o quando se aprende com o erro de forma a melhorar a capacidade de análise das pessoas envolvidas; o quando ocorre na busca de metas; o quando estiver dentro do escopo de autoridade; o quando não contraria leis e princípios organizacionais. √ Desenvolver confiança: que pode ser em 3 níveis: o previsibilidade, onde o funcionário ‘já sabe’ quais são as decisões que o superior tomaria e sente um certo conforto para a tomada de decisões que considerar não diferentes das dele. Para estabelecer e manter a previsibilidade deve-se ser coerente, manter os contatos pessoais e ser bem sucedido; o confiabilidade, onde o funcionário confia que a organização não o punirá caso alguma decisão sua for diferente de seus superiores, desde que alcance os resultados esperados. Para estabelecer a confiabilidade deve-se cumprir o prometido e deixar as pessoas cientes da posição e opinião dos superiores; o mutualidade, que é o grau mais intenso de confiança, onde os interesses e a cumplicidade organização-funcionário os torna ‘cúmplices’. Para estabelecer a mutualidade deve-se promover o apoio mútuo, reservar algum tempo para cuidar das pessoas e fornecer o máximo de segurança possível. ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS 16 É possível que ocorram algumas disfunções em relação ao desenvolvimento de confiança. São elas: o O uso inadequado da confiança atribuída aos funcionários que podem querer se beneficiar injustamente dessa posição mais ‘desprotegida’ por parte da organização. o A confiança em parte por parte da organização, que pode deixar a equipe desconfiada. o O fingimento de confiar que pode desmoralizar a organização caso seja descoberta. √ Visão: os objetivos organizacionais precisam ser compartilhados pela equipe unindo e estimulando a todos na mesma direção. √ Fixação de metas: em relação a clientes, funcionários, investidores e comunidade, expressando os valores organizacionais, sendo fáceis de compreender e avaliar, com prazo e interdependentes. √ Avaliação: identificar se os resultados financeiros, organizacionais, operacionais e mercadológicos esperados foram alcançados ou não e os motivos pelos quais isso ocorreu. √ Motivação: necessária para que a equipe se comprometa com resultados e aja para alcança-los, pode ser obtida com o estabelecimento de novos padrões salariais, relação de justiça com tratamento adequado, oportunidades de crescimento profissional, aprendizado, segurança, e desenvolvimento do sentimento de pertença. Deve-se ainda dar a orientação necessária, oferecer os recursos adequados, transmitir informações no momento adequado, delegar autoridade igual à responsabilidade, respeitar o tempo das pessoas, não usurpar a autoridade das pessoas, procurar formas de facilitar o serviço, entrar em sintonia com as necessidades das pessoas, ouvir e dar o feedback adequado, defender as pessoas e respeitar sua privacidade, dar às pessoas o direito de expressarem seus sentimentos e reconhecer suas dificuldades, além de respeitar suas necessidades pessoais. Os motivos mais comuns relacionados ao fracasso na implantação de empowerment ocorrem quando ocorre: √ excesso de burocracia, o que limita a inovação e a criatividade. O controle deve continuar existindo, no entanto, não pode impedir o desenvolvimento da ferramenta empowerment. √ ‘sabotagem’, mesmo que inconsciente dos superiores. √ dúvidas não esclarecidas na implantação. √ dificuldades relacionadas à mudança necessária. MANTENDO A EQUIPE HIGIENE DO TRABALHO Saúde física / mental e bem estar - Agentes externos: ruído, ar, temperatura, umidade, luminosidade, equipamentos. AMBIENTE FÍSICO Iluminação Ventilação Temperatura Ruídos ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS 17 AMBIENTE PSICOLÓGICO Relacionamentos agradáveis Atividades agradáveis REMUNERAÇÃO ESTRATÉGICA - CONTRIBUINDO EFETIVAMENTE PARA OS RESULTADOS ORGANIZACIONAIS O mundo mudou. As nossas vidas mudaram. Estas frases, ditas e repetidas inúmeras vezes, soam como óbvias e parecem não mais trazer em seu bojo qualquer novidade. Porém, se analisadas com maiorprofundidade, trazem à tona uma realidade inquestionável. Desde que passamos a viver a era informacional ou pós-industrial, há pouco mais de 20 anos, a humanidade gerou mais informações do que nos 5.000 anos anteriores. Um cartão de Natal eletrônico que, ao ser aberto, toca "Jingle Bells", tem mais poder de processamento de informações do que todos os computadores do mundo, no ano de 1950. E é neste contexto que as organizações são impelidas a realizar também contínuas mudanças de modo a acompanhar o ritmo do mundo atual, que exige, acima de tudo, agilidade e flexibilidade. Tendo que conviver cada vez mais com pessoas criativas e geradoras de conhecimentos, formadas dentro desta nova realidade, as organizações dependem da participação e do envolvimento de seus funcionários para gerar os resultados esperados e, para isto, precisam desenvolver novos mecanismos de atração, motivação e retenção de recursos humanos. Diante deste cenário, a remuneração variável tem surgido como alternativa viável, pois tende à lógica da flexibilidade, remunerando resultados, atendendo aos anseios de redução de custos e tornando, supostamente, as organizações mais competitivas. No campo da motivação, entre outras teorias, a Teoria da Equidade ou do Equilíbrio defende a posição de que o trabalhador compara as entradas e os resultados do seu trabalho e as recompensas recebidas com a de outras pessoas. Percebendo alguma injustiça, ele tende a reduzir o esforço realizado, alterar os resultados ou distorcer a imagem dos demais. A Teoria da Expectativa defende posição de que a força no agir depende da força da expectativa de que a ação terá resultado e da atração que este resultado exerce sobre o indivíduo. Esta teoria enfoca três relações: "esforço-desempenho", "desempenho- recompensa" e "recompensa-metas pessoais". A Teoria da Fixação de Objetivos também está vinculada à remuneração variável, uma vez que esse modelo de remuneração pressupõe a fixação de objetivos específicos e desafiadores, capazes de motivar as pessoas em busca de sua conquista. E, finalmente, com relação à Teoria do Reforço, pode- se dizer que ao se estabelecer metas e objetivos e premiar o seu atingimento, estamos reforçando o comportamento das pessoas, gerando certo condicionamento comportamental. A mensagem ao empregado é clara: trabalhando adequadamente e atingindo resultados, você terá prêmios e reconhecimento. Caso contrário, não. REMUNERAÇÃO ESTRATÉGICA: UMA VISÃO SISTÊMICA Ao longo dos últimos anos, tem sido crescente a multiplicidade de formas de remuneração, na tentativa de motivar os funcionários, aumentar o vínculo entre os mesmos e as empresas e contribuir efetivamente para os resultados organizacionais estratégicos. As formas básicas de remuneração podem ser classificadas em três grupos – formas especiais de recompensa, remuneração por desempenho e remuneração fixa. ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS 18 √ A Remuneração Funcional, o tipo de remuneração mais tradicional que existe, é determinada pelo cargo ou função e o mercado onde a empresa está inserida. O salário indireto abrange os benefícios sociais e outras vantagens, sendo que a tendência atual é a flexibilização dos benefícios (cada trabalhador escolhe o seu "pacote" de benefícios). √ A Remuneração por habilidades ou por competências desloca o foco do cargo ou função para o individuo, remunerando-o por suas habilidades ou competências. Os Planos privados de previdência são uma forma de remuneração complementar que tem atraído cada vez a atenção de empresários e executivos, por contribuir para o compromisso de longo prazo entre empresa e funcionários. √ A Remuneração Variável é vinculada a metas de desempenho e inclui participação nos lucros ou remuneração por resultados. √ A Participação acionária é também utilizada para reforçar o compromisso de longo prazo entre empresa e funcionários e normalmente está vinculada a metas de lucratividade. √ Por último, as Outras Alternativas criativas incluem prêmios, gratificações e outras formas especiais de reconhecimento. Portanto, são muitas as alternativas para se construir um sistema de remuneração eficaz, apropriado à organização e que efetivamente contribua para os resultados almejados. RESULTADOS ESPERADOS DE UM SISTEMA DE REMUNERAÇÃO As expectativas em torno dos sistemas de remuneração mudaram muito nos últimos anos. No passado recente, esperava-se dos sistemas tradicionais de remuneração o estabelecimento de uma política salarial justa e equilibrada, decorrente de uma correta avaliação dos cargos e a comparação dos salários com o mercado. Hoje, espera-se algo mais: que ela esteja em conformidade com a estratégia organizacional e que, sobretudo, contribua significativamente para o cumprimento desta estratégia, gerando resultados efetivos. Para a construção de um sistema de remuneração consistente é essencial que seus princípios centrais estejam alinhados com os objetivos estratégicos da empresa e focalizem os comportamentos necessários para seu atendimento. São três os resultados esperados da administração de salários: disseminação de valores, objetivos e metas organizacionais; a capacitação contínua; e o comprometimento. LIMITAÇÕES DOS SISTEMAS TRADICIONAIS DE REMUNERAÇÃO FIXA A maior parte das empresas ainda adota sistemas tradicionais de remuneração baseados nas descrições de cargos e funções, apesar destes sistemas serem cada vez mais questionados. Fatores como inflexibilidade, conservadorismo, falta de foco no indivíduo, tratamento igual de pessoas desiguais, metodologia desatualizada e anacronismo são atribuídos a estes sistemas de remuneração. A ideia de descrever cargos segue a lógica dos modelos Taylorista / Fordista de produção, em que a padronização, a repetição e a simplificação de atividades constituem-se nos pilares da produção em escala. A remuneração funcional, em sua forma tradicional, representa uma forma de pensar a gestão de recursos humanos nas empresas. Essa maneira é adequada para determinados tipos de negócios e para alguns modelos de estrutura organizacional. Contudo, num mundo em mudança acelerada, talvez seja um risco alto demais manter um sistema deste tipo, que apresenta uma série de contradições com as práticas gerenciais emergentes. A questão que fica é se a remuneração funcional continua sendo adequada às empresas ou deve ser substituída pelas novas formas de remuneração? Muitas empresas continuarão a empregar este sistema, porém é imperativo pensar em inovações adequando seus ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS 19 componentes à nova realidade. Por outro lado, empresas que passaram por grandes processos de mudança deverão gradativamente abandonar o modelo. A CONTRIBUIÇÃO DOS SISTEMAS DE REMUNERAÇÃO VARIÁVEL PARA A GERAÇÃO DOS RESULTADOS ESPERADOS * A atual e crescente popularidade da remuneração variável é consequência direta dos processos de mudança organizacional e visa alinhar e convergir esforços para melhorar o desempenho da organização e seus resultados. A origem destas práticas não é recente e está vinculada aos prêmios por produtividade ou pagamento por peça utilizados desde o começo do século passado. Relacionados às Teorias Motivacionais, os Programas de Remuneração Variável são vinculados ao desempenho e normalmente se apresentam nas formas de Remuneração por Resultados ou Participação nos Lucros. A remuneração por resultados combina um sistema de bônus vinculado ao atingimento de metas previamente negociadas, baseada na prática de uma administração participativa. A participação nos lucros, como o próprio nome expressa, define que parte dos lucros é distribuída aos funcionários que, em tese, contribuíram para o resultado final obtido. Algumas empresas têm adotadoum sistema combinado, no qual são estabelecidos metas e resultados, condicionando-se o pagamento à obtenção do lucro. A Participação nos Lucros ou Resultados é lei no Brasil desde o ano de 2000 (Lei 10.101 de 19/12/00) e foi instituída através de Medida Provisória de 1994, como um dos últimos atos do Governo Itamar Franco. Já se percebe um entendimento generalizado entre os empresários de que este Programa, muito mais do que uma exigência legal é um instrumento importante de geração de resultados, melhoria da produtividade e redução de custos, uma vez que a lei isenta a participação de encargos sociais. Desde que utilizada de modo criterioso e apropriadamente ajustada ao perfil estratégico e operacional de cada negócio, a medida provisória (agora lei) constitui-se numa poderosa ferramenta de desenvolvimento e modernização empresarial. Entretanto, os sistemas de pagamento por desempenho e recompensa não contam com aprovação unânime entre os estudiosos do assunto para os quais as recompensas têm sucesso em assegurar, de forma ampla, apenas a submissão temporária. Quando se trata de produzir mudanças duradouras de atitude e comportamento as recompensas, assim como as punições, são surpreendentemente ineficazes. Uma vez que as recompensas desaparecem, as pessoas voltam aos seus antigos comportamentos. Em que pese estas contundentes considerações, não de pode negar as inúmeras confirmações de sucesso já obtidas com os programas de remuneração baseados no desempenho. A chamada motivação extrínseca pode ser eficaz se bem utilizada, e desencadear um processo de geração de resultados. CONSIDERAÇÕES FINAIS SOBRE REMUNERAÇÃO ESTRATÉGICA As organizações precisam repensar, mais do que nunca, os seus sistemas de remuneração. Mais do que um simples cumprimento de uma obrigação com os trabalhadores, como contrapartida pelo trabalho realizado, a remuneração pode se tornar um excelente aliado na obtenção de resultados estratégicos para a empresa, criando um importante diferencial competitivo. Paralelamente a esta evolução nas organizações, é preciso pensar numa ampla e profunda reforma da nossa legislação trabalhista e das estruturas do poder judiciário no nosso País. ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS 20 Infelizmente, os avanços nos sistemas de remuneração, que ainda são pequenos, não estão sendo acompanhados pela nossa legislação que, retrógrada, ainda mantém uma visão míope e distorcida da relação capital e trabalho. O mundo mudou. As nossas vidas mudaram. Opor-se a isto é negar a evolução humana. * Este tópico foi baseado em obra de Jorge Nagen, Administrador de Empresas, Mestrando em Administração, Professor e Coordenador de Curso de Administração e Consultor Organizacional. NOVAS ABORDAGENS EM DESENVOLVIMENTO DE RECURSOS HUMANOS Analisando sob o ponto de vista histórico, a mudança assume hoje um aspecto e uma importância até agora nunca vistos, quer no aspecto qualitativo quer no quantitativo. A organização encontra-se constantemente como alvo desse movimento dinâmico representado pelo movimento de forças provocado pelas mudanças. Vê-se atingida, por exemplo, por vetores internos que lhe modificam valores, comportamentos, processos e resultados. À medida que admite novos empregados e adquire novas máquinas, do seu exterior recebe inputs que a obrigam a compartilhar transformações de mercado, de preços, de qualidade, de produtos, etc. Isso apenas para falar de alguns aspectos quantitativos de mudança. No que tange à qualidade de mudança, há um fator relevante que deve merecer a nossa reflexão: a questão da dinâmica da mudança, da sua velocidade no impacto. É sabido por todos que os tempos modernos empurram o homem cada vez mais a uma corrida inconsequente e voraz na luta por dimensões que aparentemente o fortalecem e o energizam para a sobrevivência e o desenvolvimento. É a sede de informação, de saber, de bem-estar, de vencer, de ter. A organização padece do mesmo mal. A abertura dos mercados e a globalização da economia são, na atualidade, dois fatores muito influentes que ajudam a formar o campo de forças de que estamos falando. Como exemplo, temos as mudanças que ocorreram logo após a ‘abertura’ de mercado: invasão de produtos importados a preços muito mais convidativos que os similares nacionais; qualidade e variedade de produtos nunca antes vistas no mercado nacional; fechamento de empresas, devido à dificuldade de concorrência; fusões de grupos nacionais e multinacionais; transformação do perfil do emprego; altas taxas de desemprego; falta de investimentos na produção; etc. Em termos mundiais, as mudanças atingiram de tal forma o dia-a-dia das pessoas que as sociedades não mais se surpreendem com a conquista do espaço, de outros planetas; as maravilhas da microeletrônica, das telecomunicações, dos robôs, dos avanços da genética; com os tubos de ensaio e os bebês de proveta, etc. No interior das organizações outras mudanças têm ocorrido e merecem ser apontadas: o enxugamento de estruturas; o fim da corrida por cada vez mais benefícios; grande insegurança no emprego e desilusão com as instituições; aumento de exigências no perfil dos empregados; diminuição dos níveis salariais; empregos multifuncionais; o fim do emprego vitalício; etc. Toda essa conjuntura faz parte de um cenário que deve ser analisado sob um ponto de vista multidisciplinar e holístico, principalmente quando se devem traçar diretrizes estratégicas de longo prazo, planejando o destino da organização. ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS 21 Considerando que as pessoas constituem o recurso mais valioso das organizações e a importância da investidura do novo papel, o gestor deverá adotar técnicas que auxiliem a estrutura organizacional a alcançar os resultados esperados. Se as organizações são formadas por pessoas, o estudo das pessoas constitui a unidade básica para o entendimento das organizações. Assim, os modernos gestores passaram a se preocupar com os fatores que influenciam o comportamento humano, entre outros: √ Diferenças Individuais √ Motivação (visto anteriormente) √ Qualidade Vida no Trabalho √ Comunicação √ Liderança √ Relações Interpessoais √ Trabalho em Equipe DIFERENÇAS INDIVIDUAIS As pessoas são iguais no que tange aos direitos e deveres e deveriam ser iguais também nas oportunidades. No entanto, do ponto de vista física e comportamental, não existem duas pessoas iguais. O entendimento das diferenças individuais e da diversidade e singularidade das pessoas constitui-se em um fator de grande importância na função de administrar organizações. Compreender como as pessoas são, e como agem ajuda a tomar decisões nas variadas áreas da organização. Diferentes pessoas reagem de forma diferente ao mesmo estímulo. QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO Enquanto as organizações preocupam-se em ser mais competitivas, produzindo mais e melhor a custos menores, os empregados buscam no interior das empresas onde trabalham a compensação do estresse causado pela busca frenética de resultados. A conscientização do desejo de ‘viver qualitativamente melhor’ é algo patente e palpável para a grande massa dos trabalhadores. Algumas universidades, como a Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, incluíram em seus currículos de RH uma disciplina com esse objetivo. Por outro lado, diversas organizações (principalmente as multinacionais) já estão desenvolvendo programas de treinamentos e políticas ajustadas a atender especificamente essa necessidade. Isso demonstra que sob este título encontra-se uma das principais questões a serem estudadas e resolvidas, neste novo século, no âmbito empresarial, pela área de recursos humanos. COMUNICAÇÃO É a transferência de informação e significado de uma pessoa para outra pessoa.As pessoas não vivem isoladas nem são autossuficientes. Elas se relacionam continuamente com outras pessoas ou com seus ambientes através da comunicação. A comunicação constitui a primeira área a ser focalizada quando se estuda as interações humanas. ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS 22 LIDERANÇA Os líderes do século XXI estão encontrando exigências maiores e mais complexas do que as do século que findou. Refletindo sobre os grandes líderes do século XX, vemos que estes possuem vários traços comuns, entre eles a firmeza de uma elevada autoconfiança, a capacidade de pensar estrategicamente, uma orientação voltada para o futuro e a fé em determinados princípios fundamentais do comportamento humano. Possuem fortes convicções e não hesitam em demonstrá-las. São politicamente hábeis. Sabem como empregar o poder para as eficiências e para o bem maior, à medida que percebem o caminho certo para alcançar estes fins. São também empáticos. Estes líderes variam quanto aos valores, estilos gerenciais e prioridades. Alguns estão basicamente preocupados em se distinguir na sociedade, outros procuram serem os melhores em seu segmento ou área. Os estilos gerenciais vão do mais autocrático ao paternalista, do conselheiro àquele voltado para o trabalho em equipe. Também variam em atitudes perante a humanidade e o indivíduo, bem como nas convicções sobre a autonomia ou a interdependência das organizações que lideram. Os líderes enfrentarão o desafio cada vez maior de gerenciar as tensões entre a explosão dos avanços da tecnologia e das comunicações e as necessidades das pessoas. Precisarão dedicar atenção às questões sociais de proteção do meio ambiente e do planeta, da criação de uma sociedade mais justa e do atendimento ao crescente interesse de um número significativo de pessoas na descoberta de um sentido para suas vidas. Peter Drucker, trabalhando com organizações variadas e debatendo com os respectivos líderes sobre seus papéis, metas e desempenhos, conta que aprendeu e repassa duas lições inequívocas: √ Líderes natos podem existir, mas, num ambiente que muda com grande rapidez e profundidade, nenhuma organização ou organização pode ficar à espera do surgimento deles. A liderança pode e deve ser aprendida; √ Personalidade, estilo ou traço de liderança não existem. O único traço de personalidade que os líderes eficazes tinham era algo que não possuíam: ou eles não tinham nenhum “carisma” ou o pouco que tinham não correspondia ao termo e seu significado. Todos os líderes encontrados sabiam quatro coisas simples: o Líder é alguém que possui seguidores. Sem seguidores, não podem existir líderes. o Um líder eficaz não é alguém amado e admirado. É alguém cujos seguidores fazem as coisas certas. Popularidade não é liderança. Resultado, sim. o líder é bastante visível. Portanto, serve de exemplo. o Liderança não quer dizer posição, privilégios, títulos ou dinheiro. Significa responsabilidade. o Finalmente, líder é uma pessoa ativa. Ele age, delega, questiona. COMPORTAMENTOS ESPERADOS DE LIDERANÇA DESAFIAR O PROCESSO √ Buscar oportunidades desafiantes √ Experimentar e assumir riscos ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS 23 INSPIRAR UMA VISÃO COMUM √ Vislumbrar o futuro √ Atrair outras pessoas CAPACITAR OU OUTROS PARA AGIR √ Fomentar a colaboração √ Fortalecer os seguidores MODELAR O CAMINHO √ Dar o exemplo – liderar fazendo √ Planejar pequenas vitórias – construindo um compromisso com a ação ENCORAJAR O CORAÇÃO √ Reconhecer contribuições √ Celebrar realizações TRABALHO EM EQUIPE Esse é o modelo mais perseguido pela Administração Estratégica de Recursos Humanos (AERH). Fazendo com que os empregados trabalhem em conjunto e compartilhem responsabilidades, obtém-se como resultado indivíduos comprometidos e envolvidos na solução de problemas. Em modelos como esse, é preciso que os supervisores se identifiquem como ‘coordenadores’ e não ‘controladores’ para o sucesso do empreendimento. É interessante notar como se instaura o autocontrole do grupo, ou seja, os próprios membros do grupo se encarregam de ajustar eventuais desvios que ocorrem entre eles, seja técnico seja comportamental. O trabalho ‘em equipe’ difere do trabalho ‘em grupo’: enquanto no último os componentes executam, cada um separadamente, as tarefas que lhe foram designadas pelo líder, responsabilizando-se isoladamente pelo que cada um realiza, na equipe todos trabalham em uníssono, envolvidos cada um na tarefa de todos, fazendo com que haja um comprometimento total nos resultados gerais. RELAÇÕES INTERPESSOAIS As relações interpessoais desenvolvem-se em decorrência do processo de interação. Em situações de trabalho, compartilhadas por duas ou mais pessoas, há atividades predeterminadas a serem executadas, bem como interações e sentimentos recomendados, tais como: comunicação, cooperação, respeito e amizade. À medida que as atividades e interações prosseguem, os sentimentos despertados podem ser diferentes dos indicados inicialmente e então – inevitavelmente – os sentimentos influenciarão as interações e as próprias atividades. Quando uma pessoa começa a participar de um grupo, há uma base interna de diferenças que englobam conhecimentos, informações, opiniões, preconceitos, atitudes, experiência anterior, gostos, crenças, valores e estilo comportamental, o que traz inevitáveis diferenças de percepções, opiniões, sentimentos em relação a cada situação compartilhada. Essas diferenças passam a constituir um repertório novo: o daquela pessoa naquele grupo. Como essas diferenças são encaradas e tratadas determina a modalidade de relacionamento entre membros do grupo, colegas de trabalho, superiores e subordinados. ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS 24 A maneira de lidar com diferenças individuais cria um clima entre as pessoas e tem uma forte influência sobre toda a vida em grupo, principalmente nos processos de comunicação, no relacionamento interpessoal, no comportamento organizacional e na produtividade. Se as diferenças são aceitas, a comunicação flui fácil em dupla direção, as pessoas ouvem as outras, falam o que pensam e sentem e têm possibilidade de dar e receber feedback. Se as diferenças são negadas e suprimidas, a comunicação torna-se falha, incompleta, insuficiente, com bloqueios e barreiras, distorções e fofocas. As pessoas não falam o que gostariam de falar, nem ouvem as outras, só captam o que reforça sua imagem das outras e da situação. Relações interpessoais e clima de grupo influenciam-se reciprocamente, caracterizando um ambiente agradável e estimulante, desagradável e avesso, ou neutro e monótono. Cada modalidade traz satisfações ou insatisfações pessoais e grupais. APRENDIZAGEM ORGANIZACIONAL É o aprimoramento de questões que dizem respeito à vida da própria organização, sua composição, sua estrutura, seu desenvolvimento, seus pontos fracos e fortes, seu presente e seu futuro. É parte do desenvolvimento gerencial e dos talentos da organização. É uma tendência das organizações modernas instalar centros de desenvolvimento e políticas orientadas a esse modelo como alavancas de reeducação e atualização constante dos membros da organização em assuntos internos e externos. Nesse particular, o benchmarking é bastante utilizado tanto para conhecer e trocar experiências com o mercado, quanto para avaliar as próprias políticas internas da organização. Gerenciar mudanças no plano organizacional é um dos maiores desafios entre os campos de responsabilidade da AERH. Não tanto pelas transformações da tecnologia, dos processos ou de outros fatores que atingem o dia-a-dia da organização, mas muito mais por aquelas que focam o ser humano. Entre muitas de suas fraseshistóricas, Walt Disney disse certa vez: “Você pode sonhar, criar, desenhar e construir o lugar mais maravilhoso do mundo... mas é preciso gente para fazer do sonho uma realidade”. E “gente” é muito susceptível às mudanças, tornando-se quase sempre, e involuntariamente, resistente a ser mudada. Esse é o grande desafio da AERH: fazer com que as pessoas consintam em mudar e em serem mudadas. Há obviamente diversos caminhos para trilhar numa organização para conseguir que as mudanças sejam enfrentadas com uma visão realística, contudo, é preciso atentar para as seguintes conclusões observadas por Morgan (1974) - apud Jean Pierre Marras (2002), sobre a reação psicológica dos indivíduos com relação à mudança: √ A perspectiva da mudança desnorteia a maioria das pessoas até elas ficarem sabendo que não existe ameaça ao seu status ou ao seu bem-estar. √ A mudança positiva estimula a maioria das pessoas. √ A falta de mudança aborrece a maioria das pessoas. √ A falta de mudança irrita algumas pessoas a ponto de levá-las à revolta. √ A mudança tende a ter um efeito em cadeia: outras mudanças seguem-se às boas mudanças e outras pessoas adotam as mudanças que se revelam promissoras. √ A mudança que prova que pode elevar o ânimo ganha mais adeptos do que a que só tem efeitos materiais. √ É mais cômodo preparar-se para a mudança e aceitá-la do que esperar que ela nos seja imposta. ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS 25 √ O homem tem capacidade de enfrentar a mudança. Os animais têm que esperar, inconscientemente, sua adaptação ao ambiente em transformação no curso de uma evolução que transcorre durante inúmeras gerações. √ O homem pode adaptar-se à mudança graças ao aprendizado contínuo e à paciência. √ A história da mudança mostra que, quando as condições melhoram, as pessoas ficam mais visivelmente insatisfeitas; não se contentam por já terem progredido tanto, mas reclamam a distância que ainda têm de percorrer. √ A mudança, forçosamente, não torna obsoletos os velhos valores, embora algumas pessoas pensem assim. √ Os efeitos da mudança de longo prazo são, invariavelmente, mais importantes do que os de curto prazo, mas poucas pessoas levam em consideração o futuro distante ao envolver-se na mudança. √ O processo de mudança apresenta um alto grau de dificuldade no seu gerenciamento. Ao mesmo tempo em que a organização deseja ou precisa operar certas mudanças para adaptar-se à nova realidade ou antecipar-se a certos acontecimentos, os indivíduos, embora possam inicialmente colocar-se favoráveis, tendem a resistir à medida que as mudanças ocorrem. INDICADORES DA NECESSIDADE DE TREINAMENTO / CAPACITAÇÃO Indicadores a priori: Expansão da organização / admissão de novos colaboradores Redução do número de colaboradores Mudança de métodos e processos de trabalho Substituições ou movimentação de pessoal Faltas, licenças e férias de pessoal Mudanças nos programas de trabalho Modernização dos equipamentos / novas tecnologias Produção / comercialização de novos produtos Indicadores a posteriori: Problemas de produção o Baixa qualidade o Baixa produtividade o Avarias frequentes em equipamentos e instalações o Comunicação deficiente o Elevado número de acidentes de trabalho o Excesso de erros e desperdício o Pouca versatilidade dos funcionários o Mau aproveitamento do espaço disponível Problemas de pessoal o Relações deficientes o Número excessivo de queixas o Mau atendimento o Comunicação deficiente o Pouco interesse pelo trabalho o Falta de cooperação o Erros de execução ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS 26 TÉCNICAS DE TREINAMENTO / CAPACITAÇÃO Técnicas de treinamento / capacitação Quanto ao uso Orientação para o conteúdo Leitura, instrução. Orientação para o processo Dramatização, treinamento de sensibilidade, desenvolvimento de grupos. Orientação mista Estudo de casos, jogos e simulações, conferências. Quanto ao tempo (época) Antes do ingresso no trabalho Programa de integração. Após o ingresso no trabalho Treinamento / capacitação no cargo / função (dentro ou fora da organização). Quanto ao local No local do trabalho Tarefas, rodízio de cargos, enriquecimento de cargos. Fora do local do trabalho Aulas, filmes, casos, dramatização, debates, simulações, jogos. APLICAÇÃO DA TEORIA DA APRENDIZAGEM AO TREINAMENTO / CAPACITAÇÃO O treinando / capacitando deve estar motivado para aprender O treinando / capacitando deve estar capacitado para aprender A aprendizagem requer retroação e reforço Aplicação prática aumenta o desempenho do treinamento / capacitação O material do treinamento / capacitação deve ser significativo O material deve ser comunicado com eficácia O material deve ser transferível para o trabalho AVALIAÇÃO DO PROGRAMA DE TREINAMENTO / CAPACITAÇÃO Elementos a serem utilizados como ferramenta de avaliação: Dados concretos o Economias de custos o Melhoria da qualidade o Economia de tempo o Satisfação dos funcionários Medidas de resultados o Clientes atendidos / produtividade o Tarefas / processos completadas o Dinheiro aplicado ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS 27 A avaliação dos programas pode ser feita em 4 níveis: No nível organizacional o Aumento da eficácia o Melhora na imagem o Melhora no clima o Melhor relacionamento da organização com empregados o Melhor atendimento o Facilidade de mudanças e inovação o Aumento da eficiência o Envolvimento dos superiores imediatos na formação/ No nível RH o Redução da rotatividade e absenteísmo o Aumento da eficácia individual e grupal o Elevação do conhecimento das pessoas o Mudanças de atitudes e comportamentos o Aumento da competência o Melhoria da qualidade de vida das pessoas No nível cargos o Adequação das pessoas aos requisitos o Melhoria do espírito de grupo e da cooperação o Aumento da produtividade o Melhoria na qualidade o Redução do índice de acidentes o Redução do índice de manutenção de máquinas e equipamentos No nível treinamento / capacitação o Alcance dos objetivos estabelecidos o Retorno dos investimentos UM PROGRAMA DE CAPACITAÇÃO / TREINAMENTO BEM SUCEDIDO DEVE PROPORCIONAR: INTERNAMENTE: Melhoria da eficiência dos serviços Aumento da eficácia dos resultados Criatividade e inovação nos produtos oferecidos ao mercado Melhor qualidade de vida no trabalho Qualidade e produtividade Melhor atendimento ao cliente O que mais? EXTERNAMENTE: Maior competitividade organizacional Assédio de outras organizações aos funcionários da empresa Melhoria da imagem da organização O que mais? ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS 28 PENSANDO... Considere a seguinte situação: Um excelente mecânico é sondado pelo proprietário da oficina para ocupar o cargo de gerente. O problema é que: a) se ele for promovido e não se adaptar, ficará inviável sua permanência na empresa; b) se ele não for convidado ficará para ocupar o cargo, se sentirá desprestigiado por estar sendo comandado por alguém que veio de fora da organização. O proprietário da oficina pediu a sua opinião lhe contratando como consultor de recursos humanos. O que você faria? ESTUDO DE CASO (GRUPO GAMA S.A.) O grupo Gama S.A. iniciou suas atividades em 1960, numa pequena cidade do interior de São Paulo, tendo à frente o Sr. Fonseca, seu proprietário e fundador. A pequena fábrica iniciou com 30 funcionários e encontra-se
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