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Tipos_de_Unidades_na_Rede_de_Saude_Mental

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Serviço de 
Saúde Mental / SES / SC 
 
 2
 
 
Governador 
Luiz Henrique da Silveira 
 
Secretário de Estado da Saúde 
Luiz Eduardo Cherem 
 
Secretária Adjunta Secretaria de Estado da Saúde 
Carmem Emília Bonfá Zanotto 
 
Diretor de Ações em Saúde 
Roberto E. Hess de Souza 
 
Gerente de Apoio à Rede Pública 
Pio Pereira dos Santos 
 
 
Equipe Técnica : 
Elisia Puel, assistente social, mestre em Serviço Social, coordenadora 
Alan Índio Serrano, médico psiquiatra, mestre em psicologia, doutor em 
ciências humanas 
Lilian Vaz Martinho, terapeuta ocupacional 
Pio Pereira dos Santos, médico sanitarista, mestre em saúde pública 
João Ernani Leal, médico psiquiatra, diretor do Instituto de Psiquiatria/SC 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Tipos de Unidades da Rede de Saúde Mental Aplicáveis ao Plano 
Estadual de Saúde Mental de Santa Catarina. / Serrano, A. I., Puel, E., 
Leal, J. E., Martinho, L. Santos, P. P. 
 
Florianópolis: SES, 2004. Itajaí: Mestrado em Saúde / UNIVALI, 2004. 
47 pp. 
 
Texto para orientação de conselheiros, gestores municipais e técnicos, 
montado a partir de relatório de pesquisa sobre técnicas de administração 
e rotinas utilizáveis em serviços de saúde mental brasileiros. 
 
Bibliografia: 
 
1. Saúde Pública. 2. Saúde Mental. 3. Planejamento em saúde. 4. Sistema 
Único de Saúde, 5. Estado de Santa Catarina 
II. Título 
 3
 
I. UMA CONVERSA INTRODUTÓRIA 
PARA NOVOS MEMBROS DE CONSELHOS 
MUNICIPAIS DE SAÚDE 
 
Municipalização e Saúde Mental 
A municipalização da Saúde é parte da caminhada para o estabelecimento do 
Sistema Único de Saúde. É processo administrativo, de descentralização, progressivo. 
Ele está em acontecendo desde o fim dos anos oitenta, de forma desparelha, em todo o 
Brasil. Acontece aos poucos, mas de forma segura, pela imensidão de nosso país 
gigantesco. O seu fundamento é o princípio de que o governo municipal é mais sensível 
às necessidades locais e mais fiscalizável do que o governo centralizado, do que os 
governos federal e estadual. Por ele, as prefeituras, ladeadas por instituições locais e por 
um Conselho Municipal de Saúde, órgão de participação popular direta, deverão 
encarregar-se, em cada cidade, das ações básicas de Saúde, inclusive da Saúde Mental. 
A municipalização da Saúde reorienta, pois, as políticas oficiais de Saúde 
Mental brasileiras, no sentido de incluir temas da psicologia e da psiquiatria nos planos 
municipais de Saúde Mental. Abre-se, pois, a possibilidade de um debate, em milhares 
de municípios brasileiros, envolvendo psicólogos, médicos, assistentes sociais, 
terapeutas ocupacionais e enfermeiros, sob as novas rubricas de “atenção psicossocial” e 
“reabilitação psicossocial”. Além, portanto, dos poucos locais de atuação da psicologia 
comunitária brasileira nos anos setenta e oitenta (escolas, hospitais, empresas, 
associações populares, o que geralmente se dava de forma voluntária), uma boa parte 
dela desemboca, no fim do século XX e início do século XXI, nos sistemas públicos 
municipais de Saúde. Neles, o psicólogo e o assistente social tornam-se “profissionais 
de Saúde Mental”, ao lado do médico, do enfermeiro e do terapeuta ocupacional. As 
práticas daí decorrentes são multidisciplinares e interdisciplinares”. 
 4
As idéias que nortearam a Reforma Sanitária feita na Itália têm influência 
enorme na criação do SUS - Sistema Único de Saúde - brasileiro. Na área da Saúde 
Mental esta influência é marcante. Discursos inspirados na Itália mesclam-se com 
discursos inspirados na psiquiatria preventiva norte-americana. 
 
O Que É a Reforma Psiquiátrica? 
Reforma Psiquiátrica é o processo político-assistencial, em nível mundial e por 
diferentes formas, gradual, em discussão desde a década dos sessenta. Há Reforma, na 
prática, se há desenvolvimento e aprimoramento de um novo sistema assistencial de 
Saúde Mental. 
No Brasil, a Reforma Psiquiátrica engloba: 
-A reformulação da assistência (mudança do modelo de assistência ao 
público, diversificação da oferta de serviços, superação do hospital 
especializado como porta de entrada do sistema e como lugar 
hegemônico de tratamento, invenção de serviços substitutos à internação, 
para assistência, hospitalidade e reabilitação); 
-As mudanças gradativas na cultura (formação de recursos humanos, 
pesquisas na área assistencial, difusão de informações, mudança dos 
hábitos da polícia, dos delegados, dos padres, dos juizes, dos médicos e 
dos familiares de doentes, para diminuir a discriminação e abolir a velha 
tendência a prender o doente mental num asilo); 
As mudanças normativas e jurídicas, que estão sendo feitas pelo 
Ministério da Saúde (portarias), secretarias estaduais de Saúde (regras de 
organização, controle e avaliação dos serviços) e por deputados (leis). 
Em alguns países, como a Espanha e a França, há uma boa Reforma 
Psiquiátrica em curso sem que tenham sentido necessidade de discussão 
de leis. Na Itália, fortemente evocada como modelo para o Brasil, a lei 
foi ponto fundamental, em torno do qual se espalhou um debate. Nos 
Estados Unidos e Inglaterra houve mudanças administrativas, sem tocar 
 5
propriamente em leis, mas refazendo as regras internas dos serviços 
públicos. 
 Na maioria dos países há apenas tendências e debates sobre a Reforma. É o caso 
da América Latina, com exceção do Brasil, onde o processo é adiantado, se comparado 
com outras nações. Alguns países têm tendências e experiências-piloto: fundam um ou 
outro serviço de atendimento ao público, muito bonito, numa cidade, mas não 
conseguem reproduzi-lo em outras cidades. Países muito pobres, onde não há equipe 
especializada, fazem sua Reforma Psiquiátrica pela formação de agentes de saúde e 
treinamento de clínicos gerais, para assistir problemas psiquiátricos. 
A Saúde Mental no Sistema de Saúde do Brasil 
No Brasil a Reforma Psiquiátrica ocorre no bojo de uma reforma sanitária mais 
ampla, consubstanciada na criação do Sistema Único de Saúde, onde a descentralização 
administrativa e do planejamento é o ponto fundamental. A descentralização se faz pela 
municipalização das ações, tornando a prefeitura o gestor local do sistema de Saúde. 
É o processo de municipalização da Saúde que vem permitindo a reorganização 
e a maior democratização do atendimento dos problemas de saúde da população pelo 
poder público. A melhora da distribuição dos serviços, o aumento da qualidade dos 
cuidados, bem como a fiscalização e a participação da comunidade, num país grande 
como o Brasil, caminha, lado a lado, com o aprimoramento da municipalização da 
Saúde. 
A Saúde Mental, como parte da Saúde Pública, entra no plano de um sistema 
descentralizado, regionalizado e hierarquizado. A Saúde Mental é um tipo de ação 
especial, que tem alguma coisa parecida com as ações básicas: ela tem que ser exercida 
no município, em regime ambulatorial e de reabilitação psicossocial. Montar um projeto 
de atenção em Saúde Mental não é planejar uma instituição fechada, um asilo, um 
internato de doentes onde os problemas pudessem ser escondidos. 
Como Seriam os Serviços Ambulatoriais Ideais de Saúde Mental? 
 6
O atendimento básico em Saúde Mental deve ser feito em lugares que tenham 
um clima de liberdade. Ali as pessoas com transtornos psíquicos podem fazer suas 
consultas com o médico psiquiatra e com o psicólogo. Podem ser aconselhadas e 
ajudadas pelas enfermeiras. Podem se beneficiar de terapias individuais ou de terapias 
em grupos. E podem passar parte do dia fazendo atividades que vão ajudar na sua 
socialização, no seu relacionamento com outras pessoas, na diminuição de suas 
ansiedades e na compreensãodo seu tratamento. Esta parte, a da terapia ocupacional, 
poderá ser complementada por atividades lúdicas, educativas, artística, recreacionais e 
de reabilitação profissional. Um lanche servido no local ajuda para que as pessoas 
passem várias horas envolvidas no local de tratamento. O doente mental, geralmente, 
tem dificuldades de relacionamento com sua família. Ter um local de tratamento que o 
acolha, quase como um segundo lar, é uma importante ajuda para ele. 
As família teriam, então, um local seguro onde deixar a pessoa que está em 
sofrimento, em crise, por algumas horas, com a certeza de que ela receberia uma 
atenção especializada e receberia o remédio na hora certa. O paciente teria apoio e 
tratamento, e manteria um certo grau de autonomia, sem precisar ficar internado em 
hospital e sem perder seus vínculos com a comunidade. A prefeitura teria a certeza de 
estar criando um ambiente recuperador, que promove cidadania e que dá resultados. Os 
internamentos por necessidade social ou por rejeição familiar diminuiriam, 
gradualmente, para se limitar aos casos de real indicação clínica. 
Um serviço deste tipo é chamado de centro ou núcleo de atenção psicossocial 
(CAPS ou NAPS). Tal serviço pode funcionar quatro horas por dia. Será então 
chamado de serviço de um turno. Se funcionar oito horas por dia, será chamado de 
serviço de dois turnos. Em cidades grandes poderá haver até serviços que funcionem 
dia e noite. 
Os pacientes com muitos sintomas, em crise, vão aos CAPS e NAPS todos os 
dias e recebem tratamento intensivo. Os que estão melhores, vão espaçando a sua ida. 
Os que estão bem, muitas vezes apenas comparecem para uma consulta, de tempos em 
tempos. Muitos recebem alta depois de um tratamento de alguns meses. Outros, com 
problemas crônicos, precisam voltar praticamente a vida toda. 
 7
Estudos técnicos recomendam a existência de um serviço tipo CAPS para cada 
aglomeração populacional de cinqüenta mil habitantes. Isto garantiria as vagas 
necessárias para o tratamento, nestas regiões, dos transtornos mentais de relevância 
epidemiológica. 
Nem todas as prefeituras precisam organizar um serviço deste porte. As cidades 
muito pequenas podem resolver muitos problemas tendo apenas um ambulatório de 
Saúde Mental, dentro da Unidade Sanitária comum, onde o paciente possa fazer suas 
consultas com um médico que entenda destes assuntos. O ambulatório pode se 
aperfeiçoar, oferecendo, com o tempo, atendimento de psicólogo. 
Cidades um pouquinho maiores já terão um número de pacientes que mereça a 
criação de uma oficina terapêutica. Nestas oficinas funcionam atividades de 
carpintaria, costura, cerâmica, artesanato, artes, preparação para ofícios, ou mesmo 
apenas a organização de atividades de socialização, melhora do relacionamento 
interpessoal e lazer. Elas juntam grupos de cinco a quinze pacientes. A ocupação ajuda-
os a melhorar seu convívio social. As oficinas podem ser de tipo I, onde os 
profissionais atuantes no dia-a-dia (apesar de supervisionados por um técnico de nível 
universitário) são de nível secundário: artesãos, professores de algum ofício ou de 
alguma arte, etc. 
As oficinas de tipo II são tocadas por pessoal de nível superior (terapeutas 
ocupacionais, psicólogos, pedagogos, enfermeiros, etc.). Cada grupo de pacientes na 
oficina gera pagamento pelo SUS, se a oficina estiver devidamente organizada e 
cadastrada. 
Um município muito pequeno não poderá arcar com um serviço tão 
especializado como um CAPS ou um NAPS. Um serviço deste tipo implica na 
contratação de pessoal especializado. Isto não quer dizer que os municípios pequenos 
não tenham, também, entre seus cidadãos, problemas graves de saúde mental. O que 
estes municípios poderão fazer, no futuro, para enfrentar a questão? Eles terão que 
pensar em participar de consórcios com outros municípios, para juntar forças, juntar 
profissionais, e juntar um número de pacientes que justifique, economicamente, o 
serviço. Assim, um município poderá contratar o médico psiquiatra, outro contratará a 
 8
enfermeira, outro a psicóloga, outro o terapeuta ocupacional, outro entra com a casa e o 
funcionário administrativo, e assim por diante. 
Já um município com quarenta ou cinqüenta mil habitantes precisará ter um 
serviço especializado de Saúde Mental só para si. O ideal, para os municípios maiores, 
seria construir um CAPS para cada região que contenha uma população de uns 
cinqüenta mil habitantes. Idealmente, cada um destes serviços deveria estar ligado a 
uma comunidade. Com o tempo, os profissionais passariam a conhecer o povo que mora 
nas vizinhanças, passariam a conhecer cada um dos pacientes e iriam aprendendo jeitos 
de ajudá-los e jeitos de conseguir apoio da comunidade e de suas instituições. 
Características Locais dos Serviços de Saúde Mental 
Os serviços de Saúde Mental não precisam ser todos iguais. Algumas coisas 
básicas todos os serviços precisam ter. Sua função primordial é oferecer as terapias 
padronizadas, que os profissionais aprendem oficialmente nas universidades. As 
técnicas são escolhidas pelos profissionais. Grupos de convivência de usuários e grupos 
de familiares são importantes para garantir a adesão ao tratamento. Além delas, os 
profissionais escolhem também outras atividades que poderão definir as prioridades ou 
o estilo de trabalho de cada lugar. 
Cada cidade vem montando serviços com as suas características e com a 
criatividade de suas equipes. Alguns são apenas ambulatórios psiquiátricos. Outros, são 
locais de muitas reuniões em grupos, além de darem consultas. Outros têm atividades 
físicas, manuais, artísticas e esportivas, como o de Cocal do Sul. Alguns investem na 
reabilitação, ensinando trabalhos úteis na indústria, como alguém já pensou em 
Joinville. Outros, como o de Lages, dão atividades rurais, investindo no trabalho com 
hortas e jardinagem. Alguns priorizam o trabalho com crianças, como o SAPS de 
Chapecó. Outros, só tratam adultos. Alguns têm bom trabalho com alcoolistas e 
toxicômanos, como o CAPS da Policlínica Regional de Florianópolis. Alguns vêm 
desenvolvendo clubes de pessoas que tomam lítio, medicação usada em certas doenças. 
Há propostas de oficinas de criação plástica, de vivências corporais, de artesanato, de 
música, de dança, de aprendizado profissional, de cultivo de plantas medicinais, de 
pintura em tecidos, e tantas outras. 
 9
Gradualmente, em algumas cidades, vem se abrindo o campo para que os 
pacientes pensem em organizar pequenas cooperativas, para efetivar a sua inserção na 
comunidade, por artesanato, ou pela venda de outro produto seu, e passem a construir 
alternativas contra o desemprego e o ócio, que incomoda e ajuda na cronificação de 
tantos pacientes. 
Uma Caminhada que os Catarinenses Estão Fazendo 
Desde os anos 70 Santa Catarina abandonou a idéia de construir hospícios e 
assemelhados. Naquela época, o governo resolveu não inaugurar o hospital psiquiátrico 
de Chapecó e levar à frente um programa de diminuição gradativa dos leitos do Hospital 
Colônia Santana, em São José e treinar clínicos-gerais e enfermeiras para atendimento 
dos egressos da Colônia no interior do estado. Reformada, e com cento e sessenta leitos 
disponíveis para internações de casos novos, a antiga Colônia, hoje denominada 
Instituto de Psiquiatria, não mais aceita ser a porta de entrada do sistema de Saúde. O 
Instituto de Psiquiatria está seguindo, pois, as recomendações mais modernas da 
Organização Mundial da Saúde. O internamento naquele hospital só deveria acontecer 
quando não houvesse resposta a tratamentos ambulatoriais tentados antes. A pessoa 
correta para indicar o encaminhamento é o médico psiquiatra que estiveratendendo o 
paciente. A Secretaria Municipal de Saúde deve encaminhar, neste caso, a 
documentação oficial, a autorização de internamento hospitalar (AIH). O hospital não 
tem o dever de receber um paciente só porque os familiares, ou um policial, ou 
funcionários da promoção social ou do fórum achem que seja caso de procurar asilo. O 
problema destes encaminhamentos é complexo, e só poderá ser resolvido se as 
prefeituras municipais investirem na atenção e na reabilitação psicossocial dos cidadãos 
com este tipo de necessidade. Daí a importância de os municípios começarem a pensar 
em um planejamento em Saúde Mental. Isto já está acontecendo em várias cidades de 
Santa Catarina, há alguns anos, num processo que promete se intensificar. 
A Verdadeira Prevenção 
 Na Saúde Pública se fala muito em prevenção. A história da medicina, pelo 
menos há um século, contém a história de uma luta contra preconceitos do público, 
colocando sob orientação dos técnicos campos antigamente abandonados ao arbítrio 
 10
individual, tais como a criação dos recém-nascidos, ou a alimentação. A higiene nasceu 
daí, como disciplina influente sobre os hábitos da vida. Porém, o controle das paixões 
para evitar doenças mentais nunca funcionou. Os princípios e regras que regem a 
prevenção contra a diarréia e a pneumonia não se aplicam à neurose de angústia e à 
esquizofrenia. Falar da saúde mental não é falar de uma subdivisão da saúde, para a qual 
os mesmos princípios podem ser aplicados. Pode-se promover a saúde por práticas 
educativas populares em torno da nutrição. Tais práticas educativas não funcionam para 
prevenir fobias ou transtornos afetivos. Existem, pois, as diferenças e as especificidades 
entre saúde e saúde mental. 
 Em Saúde Mental, a melhor prevenção é dar um bom atendimento à pessoa 
necessitada, quando ela procura o serviço, ou quando sua família vem trazê-la. O 
paciente bem atendido tem menos probabilidades de cometer suicídio, de ficar crônico 
ou de perder o prestígio na comunidade a ponto de ser rejeitado. Este é o papel que toca 
aos técnicos que trabalharão nos serviços públicos de Saúde Mental. 
 
Recursos para Montar Programas de Saúde Mental 
 A montagem de um serviço de Saúde Mental implica em um investimento por 
parte da prefeitura municipal. Além de precisar de um local onde o serviço funcionaria, 
precisa-se de móveis e alguns materiais. A assistência em Saúde Mental não requer 
aparelhos de tecnologia sofisticada. Em geral, móveis comuns, que dêem um aspecto de 
casa de família, podem ser usados nos ambulatórios e nos CAPS. Um CAPS ou um 
NAPS precisará de cozinha e uma copa, um lugar onde os pacientes possam sentar e 
comer. Será necessário ter um quarto com alguns leitos, ou pelo menos dois, que pode 
ser camas caseira comuns, para algum paciente que esteja passando mal e precise 
deitar. Todo o prédio precisará adequar-se às condições de higiene e a medidas 
requeridas pelas normas do Ministério da Saúde e da Secretaria Estadual. 
 Os recursos humanos necessários não são tão custosos, caso se monte apenas 
um ambulatório, com médico treinado em psiquiatria e enfermeiro ou psicólogo. Já um 
 11
CAPS ou um NAPS precisam de uma equipe de seis profissionais de nível superior, 
entre os quais não pode faltar médico psiquiatra, psicólogo e enfermeiro. 
 Uma vez que o serviço esteja montado, ele pode pedir seu cadastramento à 
Secretaria de Estado da Saúde. O SUS paga o atendimento a pacientes de CAPS/NAPS 
com valores bem superiores ao pagamento de consultas ambulatoriais. Situação 
semelhante ocorre com as oficinas terapêuticas. Trata-se de um “procedimento” cobrado 
do Ministério da Saúde, pela prefeitura, que cobre a diária do paciente atendido. Na 
prática, o que se tem visto pelo Brasil, é que a manutenção de um CAPS ou de um 
NAPS não é difícil e nem cara para a prefeitura. O que é mais caro é a montagem da 
estrutura física inicial e a contratação inicial de profissionais. De qualquer forma, não 
deixa de ser um investimento para a população, com alto retorno social. 
 12
 
 
II. UMA CONVERSA 
INTRODUTÓRIA PARA NOVOS GESTORES 
 
O Atendimento em Saúde Mental 
 Meio século atrás, a noção de atendimento público em Saúde Mental quase que 
se resumia ao internamento em hospitais psiquiátricos. Santa Catarina foi um dos 
primeiros estados do Brasil a treinar clínicos-gerais e enfermeiras para atender tais 
pacientes em ambulatórios locais, nas unidades sanitárias. Desde 1972 está em 
andamento uma política de gradual diminuição do antigo Hospital Colônia Santana, 
hoje chamado de Instituto de Psiquiatria, no sentido de melhorar a qualidade do 
atendimento e evitar a institucionalização dos pacientes. Nos últimos dez anos o Brasil 
vem tentando substituir o atendimento, antes centrado no macro-hospital de 
características asilares, por uma rede de atenção integral, centrada na comunidade. A 
busca da plena cidadania e o estímulo à autonomia devem substituir o isolamento social 
e a dependência institucional. Os núcleos e centros de atenção psicossocial (NAPS e 
CAPS) enquadram-se nesta perspectiva modernizadora. Além deles, a rede de Saúde 
Mental pode vir a contar com oficinas terapêuticas, ambulatórios de Saúde Mental, 
enfermarias psiquiátricas em hospital-geral, emergências psiquiátricas em hospitais-
gerais e pensões protegidas. 
Recursos Financeiros 
 Ainda temos muito o que percorrer, no sentido de organizar uma rede adequada, 
nos municípios. O modelo antigo, centrado no macro-hospital, no Brasil todo, ainda está 
valendo. Os recursos financeiros federais ainda permanecem majoritariamente 
investidos no leito psiquiátrico convencional porque a maioria dos estados e municípios 
não têm estabelecido diretrizes de planejamento e de implantação de ações de Saúde 
Mental. Não chega a oito por cento, dos recursos destinados anualmente pelo SUS à 
 13
Saúde Mental, a produção dos estados e municípios em serviços extra-hospitalares. Os 
municípios precisam, pois, organizarem-se para poder reivindicar verbas do Ministério 
da Saúde que possam ser usadas em investimentos, na implantação de novos serviços. O 
primeiro passo dessa organização é a inclusão da Saúde Mental nos Planos Municipais 
de Saúde e nas Programações e Orçamentações em Saúde (PROS anuais). 
A Definição de uma Política Local de Saúde Mental 
O Plano Municipal de Saúde marca as escolhas e os compromissos do município 
com a construção de um novo modelo de assistência para o Brasil. 
A programação orçamentária anual do município pode prever a ações a serem 
desenvolvidas em cada unidade para atender a clientela local. Para que haja novidades 
na área da Saúde Mental, é importante que a área seja lembrada ao se fazer a 
programação orçamentária. 
Como Começar um Programa de Saúde Mental? 
 O planejamento das ações municipais de Saúde Mental segue algumas 
recomendações gerais, estabelecidas pelas Conferências Nacionais de Saúde Mental: 
„ Um NAPS ou um CAPS deve atender a um território definido. Assim, os 
pacientes de uma certa região sabem que é lá que devem ir quando 
estiverem se sentindo mal. 
„ A responsabilidade pelo serviço é da prefeitura municipal, que vai 
definir a forma de trabalhar, evitando que as pessoas apenas cheguem no 
NAPS ou no CAPS para pedir encaminhamento aos hospitais. 
„ Um serviço de Saúde Mental deve se sentir parte do sistema de Saúde e 
estar integrado a ele, podendo encaminhar pacientes a outros serviços 
médicos, quando for necessário, como qualquer outra unidade sanitária do 
município. 
„ O planejamento tem que levar em conta os aspectos culturais, históricos e 
sociais da localidade, porque uma cidade rural é diferente de um centro14
de turismo cosmopolita e é diferente de uma região industrial. Os 
problemas, os modos de vida, os modos de falar, e mesmo os modos de ir 
a um serviços de Saúde são diferentes quanto a horários, expectativas, 
tempo disponível, etc.. 
„ Deve ter a idéia de trabalhar em colaboração com forças da 
comunidade, como Alcoólicos Anônimos, APAES, grupos de auto-ajuda, 
Conselho Municipal de Entorpecentes, entidades religiosas, escolas, etc. 
„ Deve pensar formas de fazer as famílias dos pacientes participarem do 
tratamento ou das atividades de apoio a ele. 
„ Buscar criar, nos Conselhos Municipais de Saúde, comissões de reforma 
psiquiátrica, que ajudem a pensar nas formas de criar e melhorar os 
serviços municipais de Saúde Mental. 
„ Incentivar formas de colaboração com a Vigilância Sanitária para coibir a 
venda ilegal ou irregular de remédios, em especial dos psicotrópicos, 
que precisam de receita especial. 
„ Incentivar programas de tratamento de alcoolistas e demais dependentes 
químicos, dentro dos serviços de Saúde Mental. 
Como Fazer o Projeto de um Serviço de Saúde Mental 
 O projeto de um centro ou de um núcleo de atenção psicossocial compõe-se de 
partes, conforme estão apresentadas abaixo: 
 Identificação: 
 Nome do serviço proposto. 
 Endereço completo 
 Nome do município e endereço da prefeitura e de sua secretaria 
municipal de Saúde. Telefones importantes para contato. 
 15
 Justificativa: 
 Motivos locais que levaram a pensar em criar o serviço proposto, 
problemas locais que justifiquem a implantação de um serviço de tal tipo e de 
tal tamanho. 
 Objetivos: 
 Que tipo de alvo se quer atingir, com que tipo de clientela se 
quer trabalhar (adultos, crianças, dependentes químicos, pessoas com 
transtornos mentais, algum grupo de diagnósticos em especial, só egressos de 
hospital, só casos crônicos, só agudos, a demanda em geral?). Qual a região 
geográfica a ser atingida (o município todo, um setor cardeal do município, um 
distrito, um bairro?). 
 Plano Terapêutico: 
 O que cada profissional fará dentro do serviço? Que linhas de 
trabalho se pretende adotar? Quais seriam, sumariamente, as rotinas a serem 
adotadas? Qual o fluxo dos pacientes dentro de um dia de atividades no 
serviço? 
 Área Física: 
 Descrição da casa onde o serviço vai funcionar. Metragem 
geral, metragem das salas, número de salas, número de banheiros, etc.. 
Definição do que vai funcionar em cada sala. A área física deve estar conforme 
o programa arquitetônico mínimo para NAPS e CAPS. 
Programa Arquitetônico Mínimo para um CAPS 
 A Saúde Pública recomenda que os núcleos e centros de atenção psicossocial 
tenham, no mínimo, uma configuração física segundo os parâmetros abaixo: 
 AMBIENTES QUANTIDADE DIMENSÕES 
Sala de recepção de pacientes.................................1.......................................10 m² 
 16
Sala de Registro / Arquivo.......................................1....................................... 6 m² 
Sala Administrativa..................................................1......................................11 m² 
Sala de Reunião de Equipe.......................................1....................................... 9 m² 
Sanitários para pacientes..........................................2.......................................6,4 m² 
Consultórios.............................................................2.......................................15 m² 
Sala de Trabalho em Grupo......................................1........................................12 m² 
Sala de Estar / Multi-Uso..........................................1........................................22 m² 
Oficina de Trabalhos..................................................1.......................................15 m² 
Sala de Observação, para dois leitos..........................1.......................................17 m² 
Posto de Enfermagem.................................................1.........................................6 m² 
DML com tanque .......................................................1.........................................2 m² 
Copa / Cozinha............................................................1........................................8 m² 
Refeitório.....................................................................1......................................12 m² 
Sala para lavagem de roupas........................................1........................................8 m² 
Banheiros para funcionários.........................................2........................................9 m² 
Sub-total, para um serviço espaçosamente ideal................................................171 m² 
Circulação / Paredes..................................................15%...............................25,71 m² 
Total, para um serviço espaçosamente ideal......................................................197 m² 
Declaração da Prefeitura Definindo a Equipe 
 A Secretaria Municipal de Saúde deve anexar ao projeto do novo serviço local 
de Saúde Mental uma declaração, assinada pelo prefeito ou pelo secretário municipal, 
 17
especificando quem são os profissionais que trabalharão no serviço em fase de criação: 
nome dos funcionários, sua profissão ou formação, seu cargo ou função. Nesta 
declaração deve ficar claro que tais pessoas estão contratadas pela prefeitura ou têm 
alguma forma de vínculo por convênio ou cessão com outra instituição. 
O Pedido de Credenciamento 
 Este tipo de serviço especializado pode ser registrado no sistema SIA/SUS, e 
receber os pagamentos do Ministério da Saúde pelo procedimento denominado 
“Atendimento em CAPS/NAPS”, que é uma espécie de “diária” pelos trabalhos feitos 
no centro ou no núcleo de atenção psicossocial. Para tanto, o secretário municipal de 
Saúde deve solicitar à Secretaria de Estado, através da Regional de Saúde, o 
cadastramento do serviço. 
 Este pedido de cadastramento, em ofício, deve ser acompanhado de: 
a) -projeto do serviços, com sua identificação, justificativa, objetivos, 
plano terapêutico e descrição da área física. 
b) relação dos recursos humanos envolvidos (declaração). 
c) planta física do prédio (planta baixa). 
 A Regional de Saúde vai examinar o projeto e o teto orçamentário do município 
e encaminhar o pedido, com o parecer da Regional, ao Serviço de Saúde Mental da 
Secretaria de Estado da Saúde. Este setor estudará o projeto e providenciará uma 
fiscalização, em acordo com o setor de Controle e Avaliação do SUS. 
A Cobrança 
 Cada equipe técnica de seis profissionais de nível superior poderá, num NAPS 
ou num CAPS, ter até quinze pacientes por turno, para fins de cobrança do SUS. Este 
pacientes deverão ser cadastrados em formulários adequados. 
 18
 O valor pago em CAPS ou NAPS é maior do que o de procedimentos em 
ambulatórios comuns. A prefeitura recebe, portanto, uma diária por paciente atendido 
no dia, independente da atividade que ele realizar no serviço. 
 Os municípios que estão na gestão semi-plena arcam com os custos no primeiro 
ano de funcionamento do novo serviço, caso não o tenham colocado no seu orçamento e 
nas negociações com a secretaria estadual. Porém, contabilizam estes custos, para as 
negociações de aumento do teto financeiro do ano seguinte, pois têm uma produção 
nova a mostrar. 
 Os serviços não cadastrados como NAPSou CAPS podem cobrar todas as 
ações realizadas na área da Saúde Mental através dos códigos comuns para 
ambulatórios, ou seja, os de consulta médica, consulta médica com medicação, etc. 
 19
 
II. UMA CONVERSA COM OS PROFISSIONAIS RECÉM 
INICIANDO NA SAÚDE MENTAL 
 
 
 
1. ESPAÇOS E TEMPOS PARA A ATENÇÃO 
PSICOSSOCIAL 
 
 Definição de NAPS e CAPS 
 Os núcleos ou centros de atenção psicossocial do SUS, conhecidos pelas siglas 
NAPS e CAPS são unidades de saúde locais ou regionalizadas, que se propõem a 
atender uma população geograficamente definida. Oferecem cuidados intermediários 
entre o nível local e a internação hospitalar. Funcionam em um ou dois turnos de quatro 
horas. Funcionam graças a uma equipe técnica multidisciplinar. Podem servir de porta 
de entrada da rede de serviços públicos, para ações relativas à saúde mental. Mas podem 
também, dependendo da política adotada pela prefeitura a que está ligado, atender 
somente pacientes referenciados por outros serviços de saúde. Em geral encarregam-se 
do seguimento de todos os egressos de internação psiquiátrica. Contam com leitos para 
repouso eventual e servem refeição aos pacientes que permanecem um turno inteiro em 
atividades e convívio dentro da unidade. As atividades incluem o atendimento 
psicoterápico, o medicamentoso, e o de orientação. O atendimento poderá ser individual 
ou em grupo. Uma oficina terapêutica, ou mais de uma, poderá estar acoplada ao 
serviço. A equipe precisa contar, no mínimo, com um enfermeiro, um médico 
psiquiatra e quatro outros profissionais de nível superior (psicólogo, assistente social, 
terapeuta ocupacional e/ou outros profissionais capazes de realizar os trabalhos). 
Sugestão de Horário 
 
 20
O serviço poderá funcionar, por exemplo, das oito às doze horas no período 
matutino e das treze às dezessete horas no período vespertino, ou no horário definido 
pela equipe como mais adequado à realidade local. . 
 
- Atividades 
 
a) Atendimento grupal e individual, por equipe multiprofissional. 
 
b) Realizar atividades educativas em grupo na comunidade e na unidade. 
 
c) Fazer divulgação do serviço no município. 
 
d) Realizar visitas domiciliares. 
 
e) Distribuir medicamentos a pacientes de baixa renda, diante de avaliação 
sócio-econômica. 
 
f) Com relação a equipe: 
 
• realizar reuniões sistemáticas da equipe para planejamento e avaliação das 
ações desenvolvidas; 
 
• fazer estudo de caso a fim de estabelecer estratégias de intervenção; 
 
• eleger um coordenador para a mesma, caso a Secretaria de Saúde não tenha 
indicado um; 
 
• planejar anualmente as ações da unidade; (Anexo 6) 
 
• buscar permanente capacitação; 
 
• analisar e avaliar mensalmente as atividades desenvolvidas. 
 
 
 
2. A EQUIPE 
 
 
Funções dos Profissionais 
 
Função do Coordenador do CAPS 
 
• Integrar as ações da equipe multiprofissional 
• Agendar e coordenar reuniões; 
• Controlar e avaliar se as atividades estão sendo realizadas de acordo com 
as normas e cronograma estabelecidos. 
• Fazer intercâmbio entre o setor e a Secretaria Municipal de Saúde. 
 21
• Procurar solucionar problemas que ocorram com usuários e equipe 
multiprofissional. 
• Servir de referência para a equipe multiprofissional nas questões 
relacionadas com a saúde mental coletiva. 
• Representar o serviço em reuniões e eventos municipais, estaduais e 
federais quando necessário. 
• Promover a integração do CAPS com outros serviços especializados 
• Gerir administrativamente o CAPS com atenção a: 
a) Distribuição da carga horária dos profissionais; 
b) Controle dos boletins de produção; 
c) Controle dos medicamentos; 
d) Controle dos materiais de consumo; 
e) Controle na conservação de materiais permanentes; 
f) Enviar ou receber memorandos e/ou comunicados de outros setores 
administrativos. 
• Delegar poderes ao sub-coordenador ou outro membro da equipe quando 
for 
necessário. 
 
Função do Sub-Coordenador do CAPS 
 
a) Substituir o coordenador na sua ausência; 
b) Auxiliar o coordenador na execução de suas atividades; 
c) Executar atividades propostas pelo coordenador. 
 
Funções comuns a todos os profissionais 
 
Tendo em vista a proposta de tratar o usuário como unidade biológica, 
psicológica e social são funções comuns da equipe: 
 
- auxiliar o indivíduo a aprimorar sua condição humana; 
- participar dos planejamentos e realizar atividades culturais, terapêuticas e 
recreativas com o objetivo de propiciar a reinserção social e profissional dos usuários 
que utilizam dos serviços do CAPS; 
- coordenar e supervisionar os estágios em áreas específicas; 
- realizar pesquisas visando a construção e ampliação do conhecimento teórico 
aplicado no campo da Saúde Mental; 
- efetivar triagens quando necessário; 
- participar de grupos de estudos para aprimoramento da equipe; 
- colaborar nos estudos dos casos; 
- fazer boletins de atividades diárias e o condensado mensal; 
- tentar promover ações educativas de Saúde; 
- fazer controle de retornos de usuários inscritos no serviço; 
- fazer anotações no prontuário, sobre a assistência prestada; 
- dar orientações individuais aos usuários e familiares; 
- acompanhar as atividades do serviço, observando a realização de atividades e 
avaliando o comportamento dos usuários frente as mesmas; 
- contribuir para a análise do trabalho multiprofissional 
 22
- estabelecer relacionamento confiável com os usuários, que possibilite interação 
terapêutica; 
- fazer visitas domiciliares, escolares, hospitalares e em locais de trabalho, se 
necessário. 
 
Função da Assistente Social 
 
Objetivos: 
 
1. Trabalhar nos determinantes sociais que envolvem a situação de doença, 
destacando as influências e/ou conseqüências destas no contexto da saúde; 
2. Criar meios e impulsionar um processo educativo junto à clientela usuária; 
3. Desenvolver trabalhos no sentido de conhecer, divulgar e viabilizar a 
integração/intercâmbio dos equipamentos sociais e de Saúde da região; 
4. Imprimir em sua ação caráter de “ação-fim”, visando o atendimento global 
do usuário que procura o serviço. 
 
Detalhamento dos Procedimentos/Atribuições Técnicas da Assistente Social: 
 
1. Triagem social ou preliminar: 
• fazer regularmente visitas domiciliares aos usuários do serviço, com o 
objetivo de conhecer através de entrevistas e observação direta a realidade sócio-
econômica, cultural e dinâmica familiar; contribuindo desta maneira com 
informações e dados que possam colaborar para melhor evolução do caso; 
• liberar medicamentos gratuitos conforme avaliação sócio-econômica; 
• executar a triagem pré-consulta. 
 
2. Internação/Alta: 
• a Assistente Social deverá acompanhar todo o processo de um usuário que 
tenha a necessidade de se internar por indicação do psiquiatra; 
• favorecer o contato médico-família-usuário possibilitando, assim, 
esclarecimentos e informações sobre a doença; 
• acompanhar a alta do usuário de hospital psiquiátrico ou de ala psiquiátrica 
de hospital geral e reencaminhá-lo ao serviço de Saúde Mental; 
• preparar a família para receber o paciente sempre que ele esteja afastado 
(viagem, internamento por qualquer doença, etc). 
 
Função do Psicólogo: 
• O psicólogo, além de trabalhar com questões individuais dos pacientes, 
visará sua inserção familiar e social, através de consultas individuais e 
familiares e de trabalhos grupais e comunitários. 
• Auxiliará nas atividades de terapia ocupacional e nas de cunho 
reabilitativo. 
• Exercerá suas funções específicas, de psicodiagnóstico, psicoterapia 
individual, e psicoterapia em grupo, segundo métodos de sua escolha, 
sozinho ou em co-terapia com outro psicólogo ou com psiquiatra. 
 
Atividades Diárias:23
• participação efetiva na coordenação, planejamento e controle das 
atividades; 
• participar nas atividades de terapia ocupacional e de grupos de pacientes; 
• promover atividades de integração com a comunidade; 
• promover atividades de cunho reabilitativo e profissionalizante. 
 
Função do Terapeuta Ocupacional: 
 
• fazer as avaliações próprias para indicação de terapia ocupacional; 
• indicar e encaminhar pacientes para atividades socioterápicas e oficinas 
terapêuticas; 
• prescrever atividades para os grupos (CAPS/NAPS e oficinas); 
• orientar atividades; 
• atender individualmente (consulta de terapia ocupacional); 
• promover atividades de cunho reabilitacional e profissionalizante; 
• promover atividades de integração com a comunidade. 
 
Função da Enfermeira: 
 
1. orientar o usuário sobre a assistência que será realizada; 
2. verificar sinais vitais; 
3. administrar medicação conforme prescrição; observar e intervir nas 
alterações provocadas; 
4. observar, estimular, supervisionar e ajudar o usuário quanto à alimentação 
e hidratação; 
5. observar, estimular, supervisionar as atividades de higiene do usuário; 
6. fazer uso da relação terapêutica; 
7. observar, anotar, comunicar e intervir nas alterações do quadro clínico; 
8. coordenar a equipe de enfermagem; 
9. prescrever a assistência de enfermagem; 
10. realizar reunião de discussão técnica com a equipe; 
11. participar e realizar treinamento e reciclagens; 
12. fazer controle dos psicofármacos; 
13. participar como terapeuta ou co-terapeuta nos grupos terapêuticos; 
14. executar pré-consulta e consulta de enfermagem; 
15. acompanhar internações e alta dos usuários; 
16. participar nas atividades de cunho reabilitativo e profissionalizante para 
os pacientes; 
17. participar das atividades de integração do paciente com a comunidade. 
 
Função do Médico Psiquiatra: 
 
• Dentro do contexto de atuação do CAPS/NAPS, que visa a inserção do 
paciente no seu meio social (comunidade, família, trabalho) encontra-se o 
atendimento psiquiátrico. Serão realizadas consultas ambulatoriais individuais, 
atendimentos em grupos com pacientes e familiares, tendo como objetivo a atuação 
em conjunto e integrada com os demais profissionais que compõem o serviço, 
 24
visando promover a saúde e integrar o usuário de forma adequada na comunidade 
onde ele está inserido. 
 
São Funções Específicas do Psiquiatra: 
 
1. prescrever e acompanhar o tratamento médico especializado, bem como 
suspendê-lo quando necessário; 
2. determinar intervenções para usuários em surto psicótico agudo, com risco 
de suicídio ou riscos a outrem; 
3. participar no planejamento e organização de atividades reabilitacionais e 
de integração dos pacientes; 
4. orientar as famílias quanto à conduta e quanto ao tratamento médico, 
buscando garantir a adesão; 
 
Função de um Professor de Educação Física num Serviço de Saúde Mental: 
 
Educação Física é a educação e a tomada de consciência do corpo. É a educação 
do movimento, num meio social. 
O profissional de educação física dentro de uma unidade de atendimento 
psicossocial, atua de forma global com os conceitos de educação física. No 
CAPS/NAPS ele poderá atuar uma ou duas vezes por semana, ou permanentemente, 
integrado nas atividades da terapia ocupacional. 
Assim sendo, os pacientes terão uma seqüência de atividades físicas específicas 
respeitando as habilidades e limitações de cada paciente, dentro dos seguintes objetivos: 
1. melhorar o comportamento geral e a inserção na sociedade; 
2. desenvolver, quando possível, potencialidades organo-funcionais; 
3. favorecer motricidade; 
4. proporcionar vivências e sucessos; 
5. melhorar a auto-confiança; 
6. possibilitar o domínio de formas recreativas; 
7. ajudar na reativação do paciente. 
8. contribuir para o seu estado de saúde e de higiene. 
 
Sugestão de Estratégias para a Educação Física: 
 
A educação física poderá agir, como complemento num serviços de Saúde 
Mental através de: 
1. estudo e compreensão de regras, posturas e da desenvoltura; 
2. atividades aeróbicas; 
3. atividades elaboradas, como repetições, desenvolvimento espacial, 
lateralidade, etc; 
4. jogos, gincanas e improvisações; 
5. música, dança, brincadeiras e passeios; 
6. exercício cronometrados, jogos de salão, atividades externas e na 
comunidade. 
 
Função do Auxiliar de Enfermagem: 
 
 25
1. recepcionar as pessoas que procuram os serviços; 
2. agendar os usuários para os respectivos profissionais; 
3. verificar sinais vitais; 
4. administrar medicações via oral e via parenteral quando prescritas e a 
pedido do médico; 
5. encaminhar documentos ou objetos a pedido da coordenação ou dos 
profissionais; 
6. auxiliar no serviço de copa quando necessário; 
7. vender na recepção trabalhos feitos pelos grupos, bem como receber 
encomendas dos mesmos; 
8. ajudar na orientação dos pacientes e das famílias sobre a medicação; 
9. fazer abertura de prontuários e efetuar o devido registro. 
 
Função do Auxiliar de Serviços Gerais: 
 
• realizar a limpeza do setor diariamente: 
• fazer e servir os lanches, diariamente, aos usuários; 
• fiscalizar a higiene do bebedouro e utensílios do CAPS 
• controlar o uso de materiais de limpeza, higiene e alimentação mensal; 
• apresentar a lista de compras necessárias para a realização de seu trabalho 
no final de cada mês; 
• auxiliar na transmissão de noções de limpeza, modos à mesa e convívio 
social nos ambientes da cozinha e refeitório aos pacientes. 
 
Outros Profissionais na Equipe 
 
Poderá, a critério da Secretaria Municipal de Saúde, haver acréscimos na equipe, 
conforme o desenvolvimento de planos terapêuticos que venham a ser criados. 
Poderá haver, em tempo parcial, total, ou mesmo em dias especiais, a participação de 
artista, artesão, marceneiro, técnico agrícola, professor de artes plásticas, professor 
de música. 
 
 
 
3.RECURSOS 
 
 
Sugestões de Recursos Imóveis e de Materiais Mínimos: 
 
Área Física: 
 
• 01 sala de espera; 
• 02 consultórios; 
• 02 salas de trabalho em grupo; 
• 01 cozinha equipada com: uma geladeira, um fogão, uma pia, um armário, 
um balcão, uma mesa, um liquidificador, uma batedeira; 
• 01 corredor de circulação; 
 26
• 02 banheiros 
 
Materiais Permanentes 
 
• 01 arquivo com 04 gavetas; 
• 02 mesas e cadeiras para uso em grupo (cerca de 30, dependendo do 
número de pacientes a serem atendidos); 
• 01 estante de consultório; 
• 01 maca ou cama, com colchão ou colchonete, travesseiro, fronha e lençóis 
• 02 armários de 02 portas; 
• 01 televisor colorido com controle remoto; 
• 01 vídeo cassete quatro cabeças com controle remoto; 
• 01 suporte para TV e vídeo; 
• 01 rádio gravador AM e FM; 
• 01 termômetro; 
• 01 esfigmomanômetro; 
• 01 balança de adulto; 
• 01 bebedouro; 
• 03 circuladores de ar. 
 
Materiais de Consumo 
 a )material de expediente 
• material de escritório 
• impressos 
• receituário médico 
• prontuário médico 
• envelope de prontuário 
• ficha de Estudo Social 
• cartão de identificação 
• ficha nominal 
• ficha de controle de medicação 
• requisição/resultado de exame 
• comunicação interna 
• boletim diário do serviço. 
• mapa de psicofármacos. 
 
b) Materiais de Limpeza 
c) Alimentos 
d) Materiais para uso em terapia ocupacional (argila, papel, lápis de cor, lápis 
para desenho, tintas, etc.) 
e) Medicamentos (psicofármacos) para uso em emergências (V.O., I. M. e 
E.V.), pelo médico. 
 
 
 
 
 27
 
4. SUGESTÃO DE PLANO DE FUNCIONAMENTO 
DE UM CAPS OU NAPS DE UM TURNO 
 
O Atendimento aos Transtornos Mentais 
 
Objetivo Geral: 
Proporcionar alternativas de tratamento ambulatorial, individual e grupal, às 
pessoas com transtornosmentais mais graves que, no momento, não estejam em 
condições de se manterem adequadamente inseridas no seu contexto social. 
 
Objetivos Específicos: 
- realizar atendimento individual, multiprofissional; 
- proporcionar oportunidades para realização de atividades diversas em grupos 
(psicoterápicas, de lazer, educativas, esportivas, culturais, artísticas e sociais); 
- promover inter-relacionamentos sociais; 
- prevenir possíveis internações e reinternações; 
- integrar o paciente no grupo familiar; 
- promover ações educativas para que o paciente adquira novos hábitos nas 
atividades diárias (grupo operativos ou grupos com discussão de temas de higiene, 
alimentação, etc.); 
- promover comunicação com outros serviços de Saúde, do município ou 
estaduais, visando a atenção global à saúde e a organização de sistemas de 
referência e contra-referência. 
 
Atendimentos Individuais: 
Sempre que necessárias, serão realizadas consultas psiquiátricas e psicológicas, 
bem como de outros profissionais, aos pacientes, visando seu tratamento individual. Se 
indicado, e se o serviço dispuser de psicoterapia de grupo, o paciente poderá ser 
indicado para esta modalidade de tratamento. Procurar-se-á encaixar o máximo de 
pacientes possível nos grupos de atividades, que visam sua socialização, a neutralização 
do ócio e a reabilitação sócio-profissional. 
 
Grupos Psicoterápicos: 
Caso haja grupos com finalidades psicoterápicas, eles serão organizados por 
psicólogo ou por psiquiatra, segundo as regras estabelecidas por estes profissionais, de 
acordo com a técnica psicoterápica adotada. Poderá haver trabalhos em co-terapia. 
 
Grupos de Atividades: 
Serão os grupos com finalidades operativas, reabilitativas, educacionais ou de 
reflexão, visando atividades e discussões de temas práticos do cotidiano, sem pretensões 
psicoterápicas, no sentido estrito. Tais grupos poderão ter no máximo 15(quinze) 
pacientes por turno. 
 
Normas Internas de um Grupo de Atividades: 
 
 28
a) Se houver terapeuta ocupacional na equipe, as atividades deverão ser 
prescritas pelo mesmo, em conjunto com os outros membros da equipe 
multiprofissional; 
b) O grupo desenvolverá as atividades nos dias e horários previstos de acordo 
com um cronograma; 
c) Não será permitido fumar cigarros ou assemelhados durante o grupo 
realizado em local fechado, por norma extensiva também aos profissionais; 
d) Qualquer eventualidade ocorrida durante o grupo que possa prejudicar o 
objetivo terapêutico do mesmo, deverá ser imediatamente comunicada pelo 
profissional responsável ao coordenador do serviço; 
e) O grupo deverá ter um livro onde serão relatadas as atividades 
desenvolvidas, ao final de cada período, bem como o número de participantes e 
situações relativas ao ítem anterior. Esta atividade será realizada pelo técnico 
responsável do dia e o referido livro deverá permanecer no serviço para avaliação de 
outros profissionais do programa; 
f) Os horários de entrada e saída das atividades deverão ser cumpridos e os 
atrasos registrados no livro acima citado; 
g) As faltas deverão ser justificadas. As não justificadas terão o limite de 
tolerância de no máximo cinco dias alternados no mês, após o qual , o cliente e a 
família serão advertidos. O caso deverá ser estudado pela equipe e caso persistam as 
faltas, haverá possibilidade de desligamento do serviço; 
h) O técnico responsável julgará a necessidade de afastamento de um 
paciente durante a reunião do grupo e responderá pela decisão; 
i) Cada participante do grupo deverá passar por avaliação terapêutica 
ocupacional bimestral, ou quando necessário, a fim de se acompanhar a evolução do 
tratamento. 
j) Cada participante assinará ou colocará impressões digitais em boletim 
diário e os profissionais responsáveis, assinatura e carimbo, para fins de pagamento 
do SIH/SUS. 
 
O Trabalho Ambulatorial com Dependências de Álcool e de Outras 
Drogas 
 
Sugestão deRotina de Funcionamento para um Programa de Álcool e Drogas 
 
O programa para atender usuários de drogas e de etanol poderá abranger 
atendimentos individuais e grupais. O CAPS da Policlínica Regional de Florianópolis, 
mantido pelo governo do estado, tem uma rotina que pode servir de exemplo para outros 
serviços interessados no assunto. Faz-se uma entrevista com o paciente por ocasião de 
sua entrada no serviço. Ele é avaliado pelo médico e é encaminhado às quatro 
modalidades de grupo próprios para o trabalho com dependentes: o Grupo de Apoio à 
Desintoxicação (GAD), o Grupo Terapêutico, o Grupo de Prevenção à Recaída e o 
Grupo de Família. 
 
1° Passo: Entrada no Programa 
* Agendamento, via central de marcação de consultas, com duas vagas 
semanais, no período da tarde, para pacientes que vêm ao serviço pela primeira vez. 
* Atendimento: 
 29
* No balcão: identificação do paciente e encaminhamento para verificação de 
sinais vitais e posterior entrevista com técnico do programa. 
* 1ª Entrevista com o paciente: roteiro pré estabelecido para colher história do 
paciente. Quando necessário, faz-se entrevista com o familiar que acompanha o caso. 
 
2° Passo: GAD - Grupo de Apoio à Desintoxicação 
* Freqüência: diária. 
* Duração para cada paciente: 10 encontros. 
* Objetivo Geral: estabelecer metas individuais visando abstinência. 
* Objetivos Específicos: Estabelecer padrão de consumo real e evolução do 
mesmo (etapa de conscientização do paciente de seu problema e quebra de defesas). 
• Reconhecimento do papel do álcool/drogas na vida do 
paciente nos aspectos: trabalho, família, vida social e prejuízos que vêm 
causando. 
• Percepção de si mesmo antes do uso e com o uso do 
álcool/droga 
• Perspectivas futuras 
• Avaliação do grau de dependência e risco, fornecendo 
orientação específica ao paciente e à família com relação aos cuidados 
preventivos de hidratação, alimentação e suporte medicamentoso, e 
encaminhamento clínico e psiquiátrico de rotina. 
 
Critérios para admissão no Grupo de Apoio à Desintoxicação: 
* ser usuário e/ou dependente de substâncias psicoativas. 
* ter disponibilidade para comparecimento diário durante cerca de 10 encontros. 
* estar acompanhado de um familiar visando sua participação no processo de 
desintoxicação e compreensão da dependência química. 
 
 
3° Passo: Grupo Terapêutico e G.P.R (Grupo de Prevenção à Recaída) 
* Freqüência: semanal. 
* Duração: tempo indeterminado. 
- Objetivo Geral: manutenção da abstinência. 
- Objetivos Específicos: 
* avaliação de situação de risco de recaída 
* prevenção à recaída 
* reorganização da rotina diária: mudanças de hábito de vida diária. 
* continência às necessidades do paciente com relação às suas dificuldades de 
enfrentamento da vida sem bebida e/ou droga. 
* fornecimento de informações sobre o abuso enquanto doença e prejuízos 
orgânicos na medida em que o grupo manifeste interesse. 
 
Critério para Admissão no Grupo Terapêutico e no de Prevenção de 
Recaída 
* Ter alta do Grupo de Apoio à Desintoxicação e disponibilidade para 
comparecimento semanal. 
 
O Grupo de Família: 
 30
* Freqüência: semanal. 
* Duração: tempo indeterminado. 
- Objetivo Geral: dar apoio e esclarecimentos ao familiar que procura o serviço 
com problemas relacionados ao uso de álcool/droga em casa. 
- Objetivos Específicos: 
* fornecer esclarecimentos a respeito do funcionamento do programa. 
* orientar manejo de situações relacionadas ao abuso do álcool/droga em casa. 
* elaborar junto com o familiar estratégias para trazer o paciente para 
tratamento. 
* mostrar ao familiar a sua parcela de responsabilidade tanto no processo de 
tratamento quanto no processo de manutenção da doença. 
 
Critérios para admissão no Grupo de Família: 
Qualquer pessoa da comunidade que tenha interesse em conhecer o programa embusca do atendimento da dependência bem como participação no processo de 
tratamento. 
 
Estratégias utilizadas no Programa de Atendimento às Dependências Químicas: 
• roteiro de entrevista inicial 
• roteiros de avaliação de situações de risco 
• técnicas verbais de grupo 
• técnica de enfrentamento com espelho 
• técnicas de desempenho representando imagens 
• técnica para estabelecimento de padrão de consumo(quadro) 
• técnica visual para estabelecimento de prejuízos nas áreas Família, 
Trabalho e Vida Social 
• vídeos educativos ou filmes que tratem do assunto 
• técnicas de dinâmicas de grupos oportunizando vivências de situações de 
risco 
• resgate de pacientes faltosos: No Grupo de Apoio à Desintoxicação insiste-
se por até três faltas consecutivas. Os resgates são feitos diariamente. No Grupo de 
Prevenção de Recaídas, faz-se três resgates para até três grupos consecutivos. O não 
comparecimento é considerado abandono do tratamento. 
 Semestralmente pode ser enviada uma carta-convite para todos os pacientes 
faltosos do período, no sentido de informá-lo da disponibilidade para atendê-lo quando 
ele desejar reiniciar o tratamento novamente. 
 
 
 
5. SUGESTÕES PARA O FUNCIONAMENTO 
DA OFICINA TERAPÊUTICA 
 
 
Objetivo: 
 
Desenvolver atividades manuais com diversos tipos de materiais que serão 
confeccionados com objetivo de socialização, expressão e inserção social. 
 31
 
Sugestão de Horários: 
 
Duas vezes por semana, uma manhã inteira, ou uma tarde inteira. 
 
Número de Participantes: 
 
No mínimo cinco e no máximo quinze. 
 
Justificativa: 
 
A terapia ocupacional justifica-se na medida em que faz do trabalho um 
instrumento que traga autonomia, valor social e transforme completamente a qualidade 
de vida das pessoas com transtornos psíquicos, reintegrando na sociedade. 
 
Normas Internas 
 
1. As atividades deverão ser planejadas pela equipe, sob inspiração dos conceitos 
de terapia ocupacional. 
 
2. O grupo somente poderá desenvolver as atividades nos dias e horários 
previstos, exceto em ocasiões especiais que serão previamente analisadas. 
 
3. Será realizada avaliação periódica dos pacientes em oficina, quanto ao seu 
aproveitamento. 
 
4. Não será permitindo fumar cigarros ou assemelhados durante o grupo, quando 
em local fechado. Esta norma é extensiva também aos profissionais. 
 
5. É vetada a participação de pacientes que não foram indicados para tal 
atividade. 
 
6. Nos dias previstos para tal atividades, os referidos pacientes deverão 
participar somente deste grupo. 
 
7. Qualquer eventualidade ocorrida durante o grupo que possa prejudicar o 
objetivo terapêutico do mesmo, deverá ser imediatamente comunicado ao profissional 
responsável pela atividade. 
 
8. O grupo deverá ter um livro onde serão relatadas as atividades desenvolvidas 
ao final e cada sessão ocorrida, bem como o número de participantes e situações 
relativas ao item anterior. Esta atividade será realizada pelo técnico responsável da 
atividade prática e o referido livro deverá permanecer no serviço para avaliação de 
outros profissionais do programa. 
 
9. Os atrasos deverão ser devidamente registrados no livro acima citado. 
 
 32
10. As faltas deverão ser justificadas. As não justificativas terão o limite de 
tolerância de no máximo três ausências alternadas no mês, podendo o cliente será 
advertido e desligado, se persistir. 
 
11. Qualquer saída do grupo em horário de atividade, deverá ser solicitada ao 
técnico responsável. 
 
12. O técnico responderá pelo afastamento do cliente da oficina terapêutica. 
 
 
6. SUGESTÃO DE FUNCIONAMENTO PARA O 
ATENDIMENTO 
AMBULATORIAL 
 
O Serviço de Consultas Psiquiátricas e Psicológicas: 
 
Objetivo Geral: 
 
Prestar atendimento ambulatorial à população de ambos os sexos, numa faixa 
de idade definida pelo projeto, que apresente algum tipo de transtorno mental, residente 
no município. 
 
Coordenação: 
 
O serviço ambulatorial será organizado pelo coordenador do programa em 
conjunto com os demais membros da equipe multidisciplinar. 
 
Normas de Funcionamento 
 
1. O ambulatório terá atendimento exclusivo à pacientes com grave 
sofrimento psíquico. 
 
2. Os pacientes de demanda espontânea ou referenciada utilizar-se-ão do 
serviço agendando consultas com dia e hora marcados, para o profissional solicitado 
ou disponível. 
 
3. Os profissionais que atenderão em nível individual terão agendas 
organizadas de acordo com os dias e horário de trabalho respeitando-se o planejamento 
anual do serviço. 
 
4. As consultas deverão ser agendadas pelas recepcionistas/auxiliares de 
enfermagem que trabalham na recepção do serviço. 
 
5. Para cada profissional, será permitindo somente dois agendamentos de 1ª 
vez, para cada período de trabalho. 
 
 33
6. Todos os pacientes agendados para a primeira consulta deverão fazer uma 
pré-triagem por qualquer profissional disponível no momento, para abertura de 
prontuário, contendo dados relativos a identificação e estado atual de saúde do paciente. 
 
7. Todo paciente receberá uma ficha/controle contendo seu número do 
prontuário, hora, data e profissional que o atenderá. 
 
8. O paciente com consulta agendada que por algum motivo não poderá 
comparecer a mesma, deverá comunicar com antecedência de 24 horas o responsável 
pelo agendamento, para que seu horário seja ocupado por outro. 
 
9. As faltas não comunicadas, darão direito, ao responsável pelo 
agendamento, de remarcar de acordo com a disponibilidade de vaga para determinado 
profissional. Exemplo: consulta marcada e não comparecida, onde o próximo 
atendimento só poderá ser marcado 30 dias depois, em função de todos os horários 
anteriores estarem ocupados. 
 
10. As consultas com psicólogo só poderão ser agendadas de acordo com os 
horários disponíveis deste profissional no programa, devido ao fato de que, em geral, 
toda consulta ter retorno rápido e continuidade do tratamento. Quando todos os horários 
deste profissional estiverem ocupados, o responsável pelo agendamento deverá fazer 
uma lista de espera por ordem de pedido. Estes começarão seu tratamento quando algum 
dos pacientes regulares tiverem alta ou desistirem do mesmo. O mesmo se aplica às 
consultas psiquiátricas eletivas, quando não houver urgência ou risco de quebra de 
tratamento. 
 
11. O paciente faltoso, em estado grave, poderá receber visita domiciliar por 
profissional do serviço para avaliar o motivo da não continuidade do tratamento. 
 
12. A partir do atendimento ambulatorial o paciente poderá ser encaminhado 
às outras atividades existentes no serviço. 
 
13. A alta será efetuada em concordância com o paciente e segundo avaliação 
da equipe multiprofissional. 
 
O Grupo de Apoio ao Tratamento Ambulatorial: 
 
Objetivo: 
 
Conscientizar os pacientes de que poderão utilizar-se do Grupo de Apoio como 
instrumento de ajuda ao tratamento medicamentoso. 
 
 
Objetivos Específicos: 
 
•Aliviar a ansiedade/tensão relacionada ao tratamento. 
 
 34
•Encorajar os pacientes a compartilhar preocupações e dúvidas a cerca do 
estigma da doença psiquiátrica. 
 
•Discutir sobre acontecimentos estressantes do seu cotidiano e simultaneamente 
confrontá-los com outros membros do grupo. 
 
•Diminuir a sensação de isolamento quanto à vida externa do paciente. 
 
•Possibilitar a participação colaborativa dos pacientes entre si e melhorar as 
relações interpessoais. 
 
Sugestão de Tempo: 
• O grupo poderá ser realizado semanalmente ou quinzenalmente, com duração 
de uma hora. 
 
Encaminhamento: 
 
Os pacientes poderão ser encaminhados por qualquer membro da equipe que 
sinta a possibilidade de aproveitamento das reuniões por parte do paciente. 
 
Número departicipantes: 
 
O grupo deverá ter no mínimo 5 e no máximo 15 pessoas. 
 
Coordenação: 
 
A coordenação do grupo será feita pelo médico psiquiatra, pela enfermeira ou 
por psicólogo. 
 
Normas Internas do Grupo de Apoio: 
 
1. Cada sessão deverá começar e terminar dentro do horário previsto. 
 
2. Quando um paciente tiver alta, ou optar pela desistência da participação no 
grupo, deverá comunicar e justificar ao coordenador o motivo de sua saída. 
 
3. No final de cada sessão deverá ser agendada a próxima reunião do grupo. 
 
4. Os colegas de grupo devem ser respeitados quanto a sua opinião e no 
momento em que estão falando. 
5. Não será permitido fumar cigarros e assemelhados se a reunião for em 
local fechado. 
 
Sugestões para o Funcionamento de um Grupo de Familiares: 
 
Justificativa: 
 
 35
O atendimento familiar baseia-se no pressuposto de que o paciente psicótico é o 
elemento emergente de uma dinâmica familiar patológica. Por outro lado a sua presença 
provoca uma desestruturação nas relações familiares. Por acreditarmos que o tratamento 
da doença mental terá bons resultados somente se houver a participação efetiva da 
família ou do responsável, mostra-se de extrema utilidade a organização de grupos 
sistemáticos com familiares. 
 
Objetivo Geral: 
 
Desenvolver um trabalho integrado entre a equipe multiprofissional e familiares. 
 
Objetivos Específicos: 
 
1. Dar continência e aliviar tensões intra-familiares; 
2. Trabalhar com a angústia, instrumentalizando os familiares para o 
convívio com o paciente. 
3. Dilatar a tolerância dos familiares que convivem com o paciente diante de 
seus sintomas. 
4. Transmitir informações aos familiares ou responsáveis a respeito do 
tratamento em geral (medicação, conduta, etc.); 
5. Receber dos familiares informações sobre o paciente referentes ao seu 
comportamento em geral; 
6. Promover troca de experiências entre os familiares através de relatos de 
casos; 
7. Orientar, de modo geral, sobre o comportamento dos pacientes 
psiquiátricos e planejar com a família modos de melhor atingir os objetivos do 
tratamento. 
 
Coordenação: 
Psicólogo, terapeuta ocupacional ou enfermeiro. O pessoal encarregado de 
organizar e conduzir o grupo poderá ser variado e composto por quaisquer membros 
habilitados / experientes da equipe 
 
Cronograma: 
 
Poderá ser, por exemplo, realizado quinzenalmente ou mensalmente, com 
duração de uma hora e meia. 
 
Número de Participantes: 
 
De acordo com a demanda. 
 
Normas Internas 
 
1. Cada sessão deverá começar e terminar dentro do horário previsto. 
2. Esclarecer aos participantes a importância da pontualidade para que se 
evite atrasos indesejados. 
 36
3. Os assuntos deverão ser previamente agendados, respeitando-se a ordem 
dos mesmos. 
4. No final de cada sessão deverá ser agendada a próxima reunião do grupo. 
5. Não será permitido fumar cigarros ou assemelhados durante a execução da 
mesma. 
 
 
 
 
 
 37
 
 
III. OS TIPOS DE UNIDADES QUE OFICIALMENTE 
PODEM COMPOR A REDE DE SAÚDE MENTAL 
 
 
 
Conceito de Rede 
 
Rede e território são dois conceitos fundamentais para o entendimento 
do papel estratégico dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) e isso se 
aplica também à sua relação com a rede básica de saúde. Entretanto, é a rede 
básica de saúde o lugar privilegiado de construção de uma nova lógica de 
atendimento e de relação com os transtornos mentais. 
 
1. Rede de Atenção Básica 
 
Pressupõe a atenção básica um conjunto de unidades e ações 
articuladas em um território, sob o eixo do acolhimento, vínculo e diálogo. A 
atenção em saúde mental no espaço da atenção básica deve ser não somente 
local e acessível, como também estar em condições de atender às múltiplas 
necessidades dos usuários. 
Identificam-se como princípios orientadores para a saúde mental na 
atenção básica: diagnóstico, intervenção precoce, participação do usuário, 
parceria com a família e envolvimento com a comunidade local. 
Considerando as recomendações da Assembléia Mundial da OMS (maio 
de 2001) e da III Conferência Nacional de Saúde Mental (dezembro de 2001) 
no que se refere às deliberações pela ampliação dos cuidados em saúde 
mental na atenção básica à saúde propõe: 
● Estabelecer como porta de entrada da rede de atenção em saúde mental as 
Unidades Básicas de Saúde, preferencialmente por meio da estratégia Saúde 
da Família; 
● Priorizar as ações de cuidados primários de saúde mental nas unidades 
básicas de saúde no que tange os quadros clínicos de depressão, ansiedade e 
suas relações de comorbidade; 
 38
● Possibilitar que a rede básica de saúde desenvolva ações de vigilância em 
saúde mental, localizando e atuando nas áreas de risco geradoras de 
sofrimento mental (locais de trabalho, condições de moradia e outras), 
contribuindo assim, para desenvolver ações intersetoriais necessárias para a 
redução do sofrimento; 
● Incentivar a incorporação das ações de saúde mental nas equipes de Saúde 
da Família (PSF), mediante oferta de ações mais locais por parte dos seus 
profissionais. 
 
1.1 Estratégia de Saúde da Família (PSF) 
Responsabilidades Atividades 
• Busca ativa de casos • Identificação de usuários em situação de risco, egressos de 
internações psiquiátricas, casos de transtornos psiquiátricos severos 
e com uso prejudicial de álcool e outras drogas. 
• Diagnóstico clínico de 
casos 
• Diagnóstico clínico com apoio de equipe do serviço municipal de 
saúde mental ou do CAPS. 
• Cadastramento de 
portadores de transtornos 
mentais 
• Alimentação e análise dos sistemas de informações. 
• Acompanhamento 
ambulatorial e domiciliar 
• Acompanhamento de usuários egressos de internações 
psiquiátricas e dos CAPS; 
• Fornecimento, acompanhamento e administração de 
medicamentos específicos; 
• Acompanhamento da pessoa com uso prejudicial de álcool e 
outras drogas; 
• Ações educativas • Incorporar a saúde mental às ações de outras políticas específicas;
• Acompanhamento, promoção e/ou realização de grupos 
específicos; 
• Ações voltadas para a diminuição do preconceito quanto à 
problemática de transtornos mentais, uso de álcool e outras drogas. 
• Medidas preventivas e de 
promoção de saúde 
• Promoção de ações referentes às condições de risco e/ou às 
demandas de alta prevalência local; 
• Mobilização de recursos comunitários. 
 
Recursos humanos: equipe de PSF, tendo um profissional de nível superior 
capacitado em saúde mental. 
Abrangência populacional da supervisão: as atuais diretrizes orientam que, 
onde houver cobertura do PSF, deverá haver uma equipe de apoio matricial às 
equipes da atenção básica, isto é, fornecer-lhes orientação e supervisão, 
atender conjuntamente situações mais complexas, realizar visitas domiciliares 
 39
acompanhadas pelas equipes da atenção básica. Uma equipe de apoio 
matricial em saúde mental deve atender no mínimo 06 e no máximo 09 equipes 
de PSF. 
 
1.2 Serviço Municipal de Saúde Mental 
A referência para o serviço municipal de saúde mental, a ser organizado 
por cada prefeitura, é a Portaria nº224, de 29/01/1992, do Ministério da Saúde. 
O atendimento em Saúde Mental prestado nesse nível poderá ser 
realizado em centro de saúde, ambulatório especializado e policlínicas. 
Atividades do serviço de saúde mental: 
● Atendimento individual (consulta/ psicoterapia). 
● Atendimento em grupo (grupo operativo, terapêutico, atividades sócio-
terapêuticas, grupos de orientação, atividades de sala de espera, atividades 
educativas em saúde). 
● Visitas domiciliares por profissional de nível médio e/ou superior. 
● Atividades comunitárias. 
Recursos humanos: quandopossível a equipe multiprofissional poderá ser 
composta por: médico psiquiatra, médico clínico capacitado em saúde mental, 
psicólogo, enfermeiro, assistente social, terapeuta ocupacional e profissionais 
de nível médio (técnico de enfermagem). 
Abrangência populacional: deverá ser estabelecida pelo gestor municipal de 
saúde. 
 
2 . Rede de Atenção Especializada 
 
É a rede composta pelas diversas modalidades de centros de atenção 
psicossocial (CAPS) e pelos Serviços Residenciais Terapêuticos em Saúde 
Mental. 
 
2.1 Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) 
 O CAPS é um serviço de saúde aberto e comunitário do Sistema Único 
de Saúde. É um lugar de referência e tratamento para pessoas que sofrem com 
transtornos mentais graves, cuja severidade e/ou persistência justifiquem sua 
 40
permanência num dispositivo de cuidado intensivo, comunitário, personalizado 
e promotor de vida. 
Os CAPS devem buscar uma integração permanente com as equipes da 
rede básica de saúde em seu território, pois têm um papel fundamental no 
acompanhamento, na capacitação e no apoio para o trabalho dessas equipes 
com as pessoas com transtornos mentais. 
A assistência referente aos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) 
tem como referência a Portaria S/M nº 336 de 19/02/2002. 
Modalidade dos Serviços e Capacidade Operacional: 
● CAPS I: municípios com população entre 20.000 e 70.000 habitantes. 
● CAPS II: municípios com população entre 70.000 e 200.000 habitantes. 
● CAPS III: municípios com população acima de 200.000 habitantes. 
● CAPS i II (crianças e adolescentes): população cerca de 200.000 habitantes 
ou outro parâmetro populacional, atendendo critérios epidemiológicos. 
● CAPS ad II (álcool e drogas): municípios com população superior a 70.000 
habitantes. 
Características dos Serviços: 
● Responsabilizar-se, sob coordenação do gestor local, pela organização da 
demanda e da rede de cuidados em saúde mental no âmbito do seu território; 
 ● Possuir capacidade técnica para desempenhar o papel de regulador da porta 
de entrada da rede assistencial no âmbito do seu território e/ou módulo 
assistencial, definido na Norma Operacional de Assistência à Saúde (NOAS), 
de acordo com a determinação do gestor local; 
● Coordenar, por delegação do gestor local, as atividades de supervisão de 
unidades hospitalares psiquiátricas no âmbito do seu território; 
● Supervisionar e capacitar as equipes de atenção básica e os serviços de 
saúde mental no âmbito do seu território e/ou do módulo assistencial; 
● Realizar e manter atualizado o cadastramento dos pacientes que utilizam 
medicamentos essenciais para a área de saúde mental, regulamentados pala 
Portaria GM/MS nº 1077 de 24/08/1999, e os medicamentos excepcionais, 
regulamentados pela Portaria SAS/MS nº 341 de 22/08/2001, dentro de sua 
área assistencial; 
 41
● Funcionar no período de 08 às 18 horas, em 02 (dois) turnos, durante os 
cincos dias úteis da semana. 
Obs.: - CAPS II, CAPS ad e CAPS i poderão comportar um terceiro turno – até 
as 21 horas. 
 - CAPS III – mantém atenção continua, durante 24 horas, diariamente, 
incluindo feriados e finais de semana. 
 
 
Assistência Prestada: 
Todo o trabalho desenvolvido no CAPS deverá ser realizado em um 
“meio terapêutico”, isto é, tanto as sessões individuais ou grupais como a 
convivência no serviço têm finalidade terapêutica. Isto é obtido através da 
construção permanente de um ambiente facilitador, estruturado e acolhedor, 
abrangendo várias modalidades de tratamento. 
Cada usuário de CAPS deve ter um projeto terapêutico individual, isto é, 
um conjunto de atendimentos que respeite a sua particularidade, que 
personalize o atendimento de cada pessoa na unidade e fora dela e proponha 
atividades durante sua permanência diária no serviço, segundo suas 
necessidades. O projeto terapêutico de deve definir a modalidade de 
atendimento que pode ser: 
● Intensivo: trata-se de atendimento diário, oferecido quando a pessoa se 
encontra com grave sofrimento psíquico, em situação de crise ou dificuldades 
intensas no convívio social e familiar, precisando de atenção contínua. Esse 
atendimento pode ser domiciliar, se necessário; 
● Semi-intensivo: é oferecido quando o sofrimento e a desestruturação 
psíquica da pessoa diminuíram, melhorando as possibilidades de 
relacionamento, mas a pessoa ainda necessita de atenção direta da equipe 
para se estruturar e recuperar sua autonomia; 
● Não intensivo: oferecido quando a pessoa não precisa de suporte contínuo 
da equipe para viver em seu território e realizar suas atividades na família e/ou 
no trabalho. 
Quando uma pessoa é atendida em um CAPS, ela tem acesso a vários 
recursos terapêuticos: 
 42
● Atendimento individual: prescrição de medicamentos, psicoterapia, 
orientação; 
● Atendimento em grupo: oficinas terapêuticas, de expressão, geradoras de 
renda, de alfabetização, grupos terapêuticos, atividades esportivas, atividades 
de suporte social, grupos de leitura e debate; 
● Atendimento para a família: atendimento nuclear e a grupo de familiares, 
visitas domiciliares, atividades de lazer com familiares; 
● Atividades comunitárias: atividades desenvolvidas em conjunto com 
associações de bairro e outras instituições existentes na comunidade, com o 
objetivo de integração do serviço e do usuário com a família, a comunidade e a 
sociedade em geral; 
● Assembléias ou reuniões de organização do serviço: instrumento importante 
para o efetivo funcionamento dos CAPS como um lugar de convivência. São 
espaços onde se discutem os problemas e sugestões sobre a convivência, as 
atividades e a organização do CAPS, ajudando a melhorar o atendimento 
oferecido. 
Por sua vez, cada CAPS deve ter um projeto terapêutico do serviço, que 
leve em consideração às diferentes contribuições técnicas dos profissionais 
dos CAPS, as iniciativas de familiares e usuários e o território onde se situa, 
com sua identidade, sua cultura local e regional. 
Recursos Humanos: 
Os profissionais que trabalham nos CAPS possuem diversas formações 
e integram uma equipe multiprofissional. É um grupo de diferentes técnicos de 
nível superior e de nível médio. Os profissionais de nível superior são: 
enfermeiros, médicos (psiquiatra e/ou com formação em saúde mental), 
psicólogos, assistentes sociais, terapeutas ocupacionais, pedagogos, 
professores de educação física ou outros necessários para as atividades 
oferecidas nos CAPS. Os profissionais de nível médio podem ser: técnicos e/ou 
auxiliares de enfermagem, técnicos administrativos, educadores, artesãos e 
profissionais de limpeza e de cozinha. 
 43
Todos os CAPS devem obedecer à exigência da diversidade profissional 
e cada tipo de CAPS (I, II, III, i, ad) tem suas próprias características quanto 
aos tipos e à quantidade de profissionais, conforme Portaria nº 336/2002. 
 
Aspectos Gerais: 
● A iniciativa de criar um CAPS é do gestor municipal. Ele deve consultar a 
coordenação estadual de saúde mental e avaliar a disponibilidade orçamentária 
do Ministério da Saúde. O processo de cadastramento de um CAPS segue o 
caminho: implantação efetiva do CAPS; encaminhamento do projeto à 
Gerência Regional de Saúde da região que a encaminhará à coordenação 
estadual de saúde mental para análise e parecer; aprovação na Comissão 
Intergestores Bipartite; encaminhamento ao Ministério da Saúde para 
homologação e cadastramento; 
 ● Os CAPS deverão funcionar em área física específica. Se localizados dentro 
dos limites da área física de uma unidade hospitalar geral, ou dentro de um 
hospital universitário, deverá contar com acesso privativo e equipe profissional 
própria.

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