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TEXTO AUXILIAR ENGENHARIA “HOMEM”, CULTURA E SOCIEDADE PROF. HAULEY SILVA VALIM PLATÃO E O MUNDO DAS IDÉIAS ENTRE A RAZÃO E A SENSAÇÃO EM PLATÃO Gente, para o pensamento de Platão, nosso filósofo do mundo das idéias, é fundamental que se hierarquize a experiência humana. Desde a perspectiva da teoria dos valores, método que logo aprenderemos sobre ele, Platão coloca o exercício da razão sobre as experimentações sensíveis. Em grau de valor, gente, a razão é muito mais valiosa que a sensação, justamente por ser a reflexão racional o único caminho possível para visualizar a verdadeira forma das coisas, conforme vimos na aula anterior, que permanece fora do mundo que vivenciamos, isto é, no mundo das idéias (Marcondes, 2001:47). Teoria dos Valores em Platão Hierarquização da Experiência Platão utiliza a palavra eidos (idéia) para se referir ao exercício intelectual (através da razão) que permite a apreensão segura da realidade. Em contraposição está a sensibilidade, que fornece apenas uma impressão. Razão Sensações O mundo sensível é o mundo experimentado pelo corpo físico. Conforme o mundo sensível é experimentado pelo corpo o ser humano vai perdendo proximidade com o Bem Supremo, a Suprema Beleza, das Idéias Perfeitas, do deus dos filósofos. O corpo humano, neste sentido, constitui-se como o túmulo da alma, o grande obstáculo a ser vencido em direção a perfeição da razão. Conforme as sensações vão sendo controladas (veremos a culminância desde exercício em René Descartes) conforme se constrói o conhecimento sobre as coisas passamos do doxa para a episteme. Isto é, substituímos a opinião sobre um determinado ser ou objeto para um conhecimento (científico) sobre ele (ARANHA, 1993:96). O Dicionário Houaiss traz as seguintes conceituações sobre estes dois caros estágios na Teoria do Conhecimento em Platão Doxa Episteme “Sistema ou conjunto de juízos que uma sociedade elabora em um determinado momento histórico supondo tratar-se de uma verdade óbvia ou evidência natural, mas que para a filosofia não passa de crença ingênua, a ser superada para a obtenção do verdadeiro conhecimento”. “Na filosofia grega, especialmente, no platonismo, o conhecimento verdadeiro, de natureza científica, em oposição à opinião infundada ou irrefletida”. Para Platão, no entanto, existe um conhecimento inato que é, sem dúvidas, o ponto de partida para qualquer outro tipo de conhecimento. Em Santo Agostinho, que resgata o pensamento platônico durante a Idade Média, se assim podemos dizer, é através da Iluminação Divina que este aspecto inerente ou inato do conhecimento se desperta no ser humano. Sobre a questão do conhecimento intato em Platão, Danilo Marcondes chega à seguinte conclusão: A solução platônica consiste em supor que temos um conhecimento prévio que a alma traz consigo desde o se nascimento e que resulta na contemplação das formas, as essências das coisas, às quais contemplou antes de encarnar no corpo material (2001:59). A possibilidade de contemplar as formas, neste sentido, só é chegada partindo do auxílio do filosofo, aquele que através de suas práticas reflexivas chegou a autonomia através da razão. Conforme veremos na próxima aula, o culminar do esforço para “sair da caverna” é passar das impressões fornecidas pelas sensações e passar para o conhecimento verdadeiro proporcionado pelo exercício da razão. Isto é, é redescobrir o que as sensações fornecidas pela experiência do corpo nos fizeram esquecer. Observe a figura ao lado. Ao observarmos os cavalos preenchidos com cor na figura ao lado, podemos afirmar baseados em nossa doxa (opinião) que algum destes cavalos é perfeito. No entanto, com nossa episteme, ao verificarmos no mundo vivido chegaríamos à conclusão que cada um deles possui defeitos, logo, o único cavalo perfeito é aquele encontrado na idéia, isto é, no Mundo das Idéias é que estão contidos todos os modelos perfeitos encontrados com imperfeição no mundo sensível. Conhecer é relembrar. ALEGORIA DA CAVERNA: AUTONOMIA E RAZÃO NO PENSAMENTO DE PLATÃO A Alegoria da Caverna1 é a metáfora de Platão para falar sobre a realidade experimentada cotidianamente. Observem bem a figura abaixo: 1. As pessoas sentadas no fundo da caverna estão ali acorrentadas, de frente para a parede, desde que nasceram, logo, as sombras projetadas é tudo o que conhecem como realidade, pois só estas imagens viram e interiorizaram. Tudo que estas pessoas podem falar sobre o que vêem, segundo Platão, são somente opiniões (doxa). Mas se apresentam como uma realidade última, pois não existem outras referências quaisquer. 1 Esta interpretação da Alegoria da Caverna foi realizada com o auxílio da seguinte bibliografia: ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando: Introdução à Filosofia. São Paulo: Moderna, 1993. CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. São Paulo: ed. Ártica, 1999. MARCONDES, Danilo. Iniciação à História da Filosofia: dos Pré-Socráticos a Wittgenstein. Jorge Zahar Ed. Rio de Janeiro 2001. Existe para você algum sentido a imagem do quadro ao lado? O que vê aquele sujeito ou quem porventura é? Se não, pesquise nos inúmeros verbetes na internet o que nos ensina o Mito ou a Alegoria da Caverna. Sugestão: http://pt.wikipedia.org/wiki/Mito_da_cavern a 2. As sombras projetadas na parede não são imagens irreais, mas ilusórias. Gente é como a tela de cinema. Não são projetados os próprios personagens, mas apenas a imagens deles. No entanto, é como se as imagens projetadas fossem os próprios personagens. 3. Só é possível libertar-se da realidade ilusória do mundo sensível através de uma pulsão interna: o Éros, um impulso de curiosidade, de buscar algo além de si mesmo. É este incomodo conflito interno que impulsiona a dialética, processo fundamental para que o conhecimento real das coisas seja constituído. 4. O filosofo é aquele que rompe as cadeias do senso comum e impulsionado segue em direção à luz (as idéias verdadeiras) que se encontra fora da caverna. Neste sentido, o senso comum é uma visão ilusória da realidade, ou, ainda, a visão de somente um fragmento da realidade. 5. Fora da caverna está a verdadeira luz aquela que permite visualizar as coisas, seres e objetos com precisão. Somente através do esforço para compreender a realidade sob os moldes racionais esta realidade ideal pode ser atingida. As três Fases da Alegoria da Caverna 1. A reclusão Consiste em uma condição dada da realidade que a sociedade vivencia cotidianamente quando o acesso a somente uma impressão da realidade mantém os seres humanos aquém dos processos em uma condição de dominação. 2. A nova visão Nova visão é aquela experimentada pelo exercício de racionalização do mundo, conforme se distancia do fundo da caverna impulsionado pela força emancipatória do Eros. O filósofo com a reflexão filosófica ganha sua autonomia através da episteme, isto é, com o conhecimento real e preciso sobre o mundo 3. Vulgarização É dever de quem saiu da caverna, e conquistou a visão da realidade concreta, retornar ao fundo dela para resgatar aqueles que lá permanecem. Isto é, é papel do filosofo, através da dialética, levar o conhecimento emancipatório da filosofia para aqueles que estão reclusos. É um esforçapara vulgarizar o conhecimento, ou melhor, tornar o conhecimento e os caminhos até eles conhecido. Para Platão é o corpo humano e suas sensações os principais obstáculos para se chagar ao conhecimento verdadeiro. O ser humano, neste, sentido, está aprisionado no corpo. O ato emancipatório do ser humano passa pela assimilação do processo de construção do conhecimento ideal, conforme apresentado pelo quadro abaixo desenvolvido pelo filósofo Danilo Marcondes e adaptado por mim (2001:61). É da ação política a responsabilidade de tirar a humanidade da escuridão dos sentidos e transformando os seres humanos através do modelo ideal. Isso significa introduzir o ser humano no Mundo das Idéias, cabe ao sábio orientar e dirigir a ação humana tendo como parâmetro o ideal contemplado (Marcondes, 2001:67). Hauley S. Valim Bibliografia disponível no texto completo.
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