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1/13 APOSTILA RESUMIDA DE PEQUENAS BARRAGENS DE TERRA I. DEFINIÇÕES: OBSERVAÇÃO: Devido ao alto custo de SERVIÇOS TOPOGRÁFICOS in situ, para os cálculos da COTA DE INUNDAÇÃO, ÁREA INUNDADA e ÁREA DE CONTRIBUIÇÃO da Bacia de um RIO BARRADO, utilizam-se as seguintes FERRAMENTAS DIGITAIS: a) Softwares: AutoCAD; ArcGIS; QuantumGIS (este último GRATUITO e em PORTUGUÊS); 2/13 b) Modelos de Terreno: - MDE Modelo Digital de Elevação; - MDT Modelo Digital de Terreno; - MNT Modelo Numérico de Terreno; (Siglas internacionais: DEM e DTM). c) Estes Modelos são obtidos por Imagens de Satélites, Aerofotogrametria e/ou Drones. d) Os Modelos, DISPONÍVEIS GRATUITOS, na INTERNET são: - EUA SRTM Precisão máxima de 30 metros de Pixel; - Japonês Aster-GDEM-V2 Precisão de 20 metros, podendo ser reamostrados para 5 metros, suficiente para qualquer Barragem de pequeno porte de Terra. e) ÁREAS DE INTERESSE e Índices calculados pelos CADs: - At ÁREA TOTAL DA BACIA - Ai ÁREA DE INUNDAÇÃO (Espelho d´água); - Ac ÁREA DE CONTRIBUIÇÃO ou Área compreendida entre as Linhas de Crista envoltórias e o Lago de Contenção da Barragem. - i Inclinação média do terreno em relação ao lago de contenção. - AVegetação Segmentação da área de contribuição em tipos de cobertura vegetal da Ac. II. DESENHO ESQUEMÁTICO e COMPOSIÇÃO GENÉRICA de uma Barragem de Terra: a) O Núcleo de uma Barragem se apoia em um alicerce de cerca de 1 metro de profundidade (dependendo do solo em uso), composto, normalmente por: - Camada inferior (3,3 metros) Brita 0,1,2,3,4,5 (dependendo da vazão do Rio Barrado); - Camada Intermediária (3,3 metros) Brita 0 ou Pedregulho; - Camada Superior (3,3 metros) Areia Grossa ou Cascalho. - A LARGURA do alicerce é a MESMA LARGURA DO NÚCLEO. 3/13 A FINALIDADE DO ALICERCE, além de suportar o peso do NÚCLEO são, basicamente duas: 1- Permitir a percolação da LINHA FREÁTICA, causada pela pressão da água da barragem que penetra no Talude de Montante, passando pela OMBREIRA de Montante e umedecendo o Núcleo da Barragem; 2- Permitir a PERCOLAÇÃO HORIZONTAL da água da Barragem, fazendo a ligação entre os ENROCAMENTOS de Montante e Jusante, GARANTINDO a VAZÃO à JUSANTE. b) OMBREIRAS DE MONTANTE E JUSANTE são os apoios VERTICAIS do Núcleo. MONTANTE Espessura mínima de 0,2 metros; JUSANTE Espessura mínima de 0,4 metros - Composição: Concreto POROSO DE SECAGEM RÁPIDA Cimento + Areia Grossa + Brita >3 + Água, com ou sem ferragens, contidos em uma forma de madeira (que não será retirada após a construção). São CONSTRUÍDOS logo depois do DESVIO do rio e construção do ALICERCE do Núcleo, com ESTAIAMENTO DE ESTACAS DE MADEIRA REMOVÍVEIS. c) NÚCLEO: É o CORAÇÃO da Barragem. É composto de ARGILA+SILTE+AREIA, na sua compactação MÁXIMA, dependendo do tipo de solo, da CAIXA DE EMPRÉSTIMO. - É construído com SOLO SECO, depois compactado com máquinas, acompanhado do Volume de água do SOLO NATURAL, para sua ESTABILIZAÇÃO. - Método de construção: 1) Sua LARGURA, recomendada pela ABNT NBR 9732/1987 (“Barragens de Terra”) é de 10 metros, podendo ser menor até o limite de 4 metros (o correspondente a uma pista de rolamento rodoviário) 3,6 m + 0,4 m, para as ombreiras. 2) Sua altura MÁXIMA, recomendada pela NBR acima, não deve EXCEDER a 16 metros. Contudo essas dimensões são condicionadas ao terreno e aos tipos de bordas do rio barrado. 3) Depois das OMBREIRAS construídas, retiram-se os estaiamentos internos do Núcleo, completando-o com SOLO SECO COMPACTADO, como se segue. 4/13 4) O VOLUME de solo a ser compactado, no Núcleo, será dado pela tabela de EMPOLAMENTO, abaixo, já com um exemplo numérico: Dessa Forma se CALCULA o VOLUME DE CORTE de SOLO NATURAL ÚMIDO, a partir co cálculo do Volume do Núcleo (Vn): - H Altura da Parede da Barragem (acima do ALICERCE); - Lb Largura da Parede (de 10 à 4 metros); - Lc Comprimento da Parede. Segundo a Norma acima, não deve exceder à 120 metros, porém DEPENDE da TOPOGRAFUA da Bacia, podendo ser MAIOR, em caso de Bacias muito RASAS: Vn = H x Lb x Lc (em metros cúbicos) 5/13 - A Estabilização da compactação do Núcleo é dado pela adição de água, durante a compactação, cujo volume de água é obtido pela relação: VH2O = (VNS – Vn) x hNU, onde: VH2O Volume água a ser adicionado na compactação; VNS Volume do Solo Natural Seco; Vn Volume do Núcleo = Volume do Solo Compactado SECO; HNU Umidade do Solo Natural Úmido (em decimais). III. CÁLCULO DO TALUDE E ENROCAMENTO DE MONTANTE. O Talude de Montante é o responsável pela interface entre o núcleo da barragem e o lago de contenção e permitir a vazão de Jusante, através de seu Enrocamento É composto por uma parte de TERRA ARGILOSA (preferencialmente Caulinita ou Ilita), sem compactação e a extremidade inferior de Brita (3, 4 ou 5), ensacada em Gabiões Prismáticos triangulares (triângulo isósceles). É estabilizado pela PRESSÃO HIDROSTÁTICA do Lago de Contenção da Barragem. O ENROCAMENTO de Montante tem duas finalidades: 1) Sustentar o Talude de Montante; 2) Permitir a percolação HORIZONTAL da água do Lago de Contenção, garantindo a Vazão de Jusante. a. Método Construtivo: O Talude de Montante, pela norma, deve ter um ângulo MÁXIMO igual à ArcTg (1/3) = α = 18,435o. A razão entre a base e a altura deve ser no mínimo 1 para 3 (1 para a altura da barragem, 3 para a base do talude), como mostra o desenho abaixo: 6/13 a.1) Usando a Razão 3 para 1 (base por altura) calcula-se o comprimento da BASE DO TALUDE. Exemplo: Suponha uma parede de 8 metros de altura. A Base seria: 1/3 = 8/x x = 24 metros de Base do Talude de Montante; a.2) Cálculo do Volume do Talude e do Enrocamento de Montante: Como o enrocamento tem como seção reta um triângulo Isóceles, então, prosseguindo no exemplo anterior: - Os dois lados do triângulo isósceles do enrocamento, teriam medidas: i) Comprimento da RAMPA do Talude de Montante: (Rampa)2 = 242 + 82 Rampa ≈ 25,30 metros. ii) Lados do triângulo isósceles do Enrocamento: Lados = 1/6 x 25,30 ≈ 4,22 metros. iii) Altura do triângulo isósceles (ht) usando o ângulo α: sen (α) = ht / Lado do triângulo, então ht = sen (α = 18,435 o) x 4,22 1,33 metros Base do Triângulo do Enrocamento de Montante: Lado2 = ht 2 + (Base_tri/2)2 4,222 = 1,332 + (Base_tri/2)2 Base_tri/2 ≈ 4,00 metros Base_tri ≈ 8 metros iv) Área do triângulo de enrocamento: Área = (b x ht) / 2 Área = (8 x 1,33) / 2 = 5,32 m2 v) Volume do Enrocamento de Montante, supondo o comprimento da parede = 70 metros: VEM = Áreat x Comprimento VEM = 5,32 m 2 x 70 m = 372,4 m3 (britas 3,4 e/ou 5) vi) Volume de TERRA do Talude de Montante: VtM = Vtotal do talude de montante - VEM Vtotal do talude de montante = 24m x 8m x 70m = 13.440,0 m 3 VtM = 13.440,0 m 3 – 372,4 m3 13.067,60 m3 7/13 IV. CÁLCULO DO TALUDE E ENROCAMENTO DE JUSANTE. O Talude de Jusante é o responsável por ESCORAR o núcleo da barragem e permitir o escoamento da vazão de Jusante É composto por uma parte de TERRA ARGILOSA (preferencialmente Caulinita ou Ilita), sem compactação e a extremidade inferior de Brita (3, 4 ou 5), ensacada em Gabiões Prismáticos triangulares (triângulo isósceles).É estabilizado de 3 formas ou associação delas: 1) Vegetação de raízes radiculares (gramíneas); 2) Degraus para amortecer a força potencial gravitacional da água da chuva, associado à drenagem e canaletas para o fim de drenagem; 3) Muros de arrimo compostos de gabiões de britas (0,1, 2 e/ou 3), dispostos uns sobre os outros, acompanhando a rampa do Talude de Jusante. O ENROCAMENTO de Jusante tem duas finalidades: 1) Escorar o Núcleo da Barragem; 2) Permitir a percolação HORIZONTAL da água do Lago de Contenção, garantindo a Vazão de Jusante. b. Método Construtivo: O Talude de Jusante, pela norma, deve ter um ângulo MÁXIMO igual à ArcTg (1/2) = β = 26,565o. A razão entre a base e a altura deve ser no mínimo 1 para 2 (1 para a altura da barragem, 2 para a base do talude), como mostra o desenho abaixo: 8/13 a.1) Usando a Razão 2 para 1 (base por altura) calcula-se o comprimento da BASE DO TALUDE de Jusante. Exemplo: Suponha uma parede de 8 metros de altura. A Base seria: 1/2 = 8/x x = 16 metros de Base do Talude de Montante; a.2) Cálculo do Volume do Talude e do Enrocamento de Jusante: Como o enrocamento tem como seção reta um triângulo Isóceles, então, prosseguindo no exemplo anterior: - Os dois lados do triângulo isósceles do enrocamento, teriam medidas: i) Comprimento da RAMPA do Talude de Jusante: (Rampa)2 = 162 + 82 Rampa ≈ 17,89 metros. ii) Lados do triângulo isósceles do Enrocamento: Lados = 1/6 x 17,89 ≈ 2,98 metros. iii) Altura do triângulo isósceles (ht) usando o ângulo α: sen (β) = ht / Lado do triângulo, então ht = sen (β = 26,565 o.) x 2,98 1,33 metros Base do Triângulo do Enrocamento de Montante: Lado2 = ht 2 + (Base_tri/2)2 2,982 = 1,332 + (Base_tri/2)2 Base_tri/2 ≈ 3,77 metros Base_tri ≈ 7,54 metros iv) Área do triângulo de enrocamento: Área = (b x ht) / 2 Área = (7,54 x 1,33) / 2 = 5,01 m2 v) Volume do Enrocamento de Montante, supondo o comprimento da parede = 70 metros: VEM = Áreat x Comprimento VEM = 5,01 m 2 x 70 m = 350,7 m3 (britas 3,4 e/ou 5) vi) Volume de TERRA do Talude de Montante: VtM = Vtotal do talude de montante - VEM Vtotal do talude de montante = 16m x 8m x 70m = 8.960,0 m 3 VtM = 8.960,0 m 3 – 350,7 m3 8.609,30 m3 V. CÁLCULO DO VOLUME DE TERRA TOTAL A SER TRANSPORTADO PARA A PAREDE DA BARRAGEM. Vtotal = Volume do Talude de Montante + Volume do Talude de Jusante + Volume do Núcleo. 9/13 VI. VERTEDOUROS OU SANGRADOUROS. Como NÃO É O OBJETIVO DESTE ESTUDO, esgotar o assunto Barragens de Terra, apenas CITAREMOS os tipos de VERTEDOUROS ou SANGRADOUROS, utilizados em Barragens de Terra: 1) Tipo TULIPA; 2) Tipo Abertura na Parede da Barragem; 3) Tipo Canal de Contorno da Parede Barragem. A vazão dos VERTEDOUROS ou SANGRADOUROS deve ser calculada para ESCOAR o VOLUME correspondente à Vazão EXCEPCIONAL de RUPTURA: VE = Vazão média pluvial de 1 dia, multiplicada pela Área Total da Bacia da Barragem e multiplicada por 200, cujo VOLUME EXCEPCIONAL deve ser ESCOADO pelo VERTEDOURO em 6 HORAS! VII. VAZÕES DE UMA BARRAGEM. 1. Equação da Barragem: , Onde: QB = Vazão da Barragem; QR = Vazão do Rio Barrado; Qp = Vazão Pluvial Qp = QPH + QPC, onde: QPH = Vazão pluvial sobre o Ai; QPC = Vazão pluvial sobre a AC QA = Vazão SUBTRATIVA TOTAL QA = QJ + QPer + QET, onde: QJ = Vazão de Jusante; QET = Vazão de Evapotranspiração; QPER = Vazão de Percolação pelo leito do lago de contenção. 2. Equação da Vazão do Rio Barrado: { [(( ) ) ∫ ]} Onde: QR = Vazão do rio barrado em m/s; hp = Profundidade máxima do Rio na seção reta da barragem; a = Argumento da Corda da Catenária: SUGESTÃO: faça a=1m; LR = Largura do Rio na Seção reta da barragem; VR = Velocidade média do rio barrado, na seção reta da barragem; 10/13 OBSERVAÇÃO: O Cálculo da VELOCIDADE MÉDIA do Rio Barrado, deve seguir o que prescreve a NBR, no ítem MÉTODO EXPEDITO DE CÁLCULO DE VELOCIDADE DE PEQUENOS CURSOS D´ÁGUA. 3. Equação da Vazão Pluvial , Onde: Qp = Vazão Pluvial Total; QpH = Vazão Pluvial sobre o Lago de Contenção; QpC = Vazão Pluvial sobre a ÁREA de CONTRIBUIÇÃO da Barragem: 3.1. QpH Vazão Pluvial sobre o Lago de Contenção; QpH = IpMA (em m/s) x Ai Onde: IpMA Índice de Pluviosidade Média Anual Ai Área do Lago de Contenção ou Área Inundada. 3.2. QpC Vazão Pluvial sobre o Lago de Contenção; QPc = IpMA (em m/s) x AC x √ onde: IpMA Índice de Pluviosidade Média Anual AC Área de Contribuição do Lago de Contenção; PARCELA de MANNING η = Índice de Absorção MÉDIO da AC: - Arenoso = 0,8; - Areno – Silte – Argiloso (misto) = 0,5; - Argiloso = 0,4; IV = Índice de Retenção Vegetativo: - Gramíneas = 1,2; - Arbustiva = 1,4; - Floresta = 1,6 i = Índice Médio de Declividade da AC em relação ao Lago de Contanção (lâmina d´água), fonecido pela análise do DEM. 11/13 4. Equação da Vazão de Jusante: Onde: Aenrocamento de Montante = Rampa Inclinada do Enrocamento de Montante x Largura da barragem; Kh = Coeficiente de percolação linear por tipo de areia: - Areia Grossa, Britas ≥ 0,1 cm/s - 0,09 cm/s ≥ Areia Média ≥ 0,001 cm/s - Areia Fina ≤ 0,001 cm/s; 5. Equação da Vazão de Evapotranspiração: , Onde: AI = Área Inundada; Coeficiente de Amortecimento Térmico Médio Anual; VSolo = Velocidade média anual do Vento ao nível do solo dividido por 1000;. 6. Equação de Volume do Lago de Contenção: Vol = Hmáximo / 3 x AI , Onde: Hmáximo = Profundidade Máxima do Lago de Contenção = 80% da Altura da parede da Barragem; AI = Área Inundada; 7. Equação da Vazão de Percolação do Leito do Lago: QPER = Vol x ρLeito do Lago x (- Ln (h/ Hmáximo))/100 ρLeito do Lago = Velocidade de Percolação VERTICAL da água Considerar ρLeito do Lago ≤ 0,0001 m/s (areia fina + silte + argila) 12/13 9. Balanço de Vazões: Em situação NORMAL, com os Enrocamentos de MONTANTE e JUSANTE, além do Alicerce do Núcleo, completamente desentupidos, a Vazão do Rio barrado (em situação normal) deve se igualar à Vazão de JUSANTE, quando h (altura do nível da água do Lago de Contenção) for igual à HMáximo da barragem (correspondendo à 80% da ALTURA TOTAL da parede da Barragem). Quando isso não ocorrer DEVE-SE ALTERAR a RAMPA do ENROCAMENTO de MONTANTE, para que esta igualdade se efetive, gerando ESTABILIDADE ao Lago de Contenção Completamente Cheio, obedecendo o limite de altura à 80% da altura total da parede da barragem. 8. Vazão EXCEPCIONAL de RUPTURA: VE = Vazão média pluvial de 1 dia multiplicada por 90. EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO a. Velocidade do Rio = 0,25 m/s; b. Largura do Rio = 1,87 m; c. Profundidade máxima do rio = 1,24 m; d. Altura de projeto da Parede da Barragem = 12,5 m; e. Largura Projetada para a Parede da Barragem: 60m; f. Área Inundada previstaem Modelo Digital de Elevação: 34.700,0 m 2 ; g. Área de Contribuição prevista em Modelo Digital de Elevação: 117.200,0 m 2 ; h. Índice de Pluviosidade média anual: 2.650,0 mm chuva/ano; 13/13 i. Velocidade média anual dos ventos no nível da Barragem: 5 Km/h (transforme para metros/segundo); j. Temperaturas médias máximas e mínimas anual: 32ºC e 14ºC; PEDIDOS: 1) Grandezas Geométricas da Parede da Barragem; 2) Volume total de Terra Seca a ser transportada para a Barragem; 3) Volume de água para estabilização do Núcleo Compactado; 4) Vazões: QB, QR, QP e QA; 5) Vazão Pluvial de Ruptura FIM
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