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FUNDAÇÃO EDSON QUEIROZ UNIVERSIDADE DE FORTALEZA Vice-Reitoria de Ensino de Graduação – VREGRAD Divisão de Assuntos Pedagógicos – DAP Código Nome da Disciplina J589 – DIREITO ADMINISTRATIVO I Créditos Teórico / Prático 4,0 Curso DIREITO Centro CCJ Segundas e Quartas 19h00min – 20h40min 21h00min – 22h40min Professor: João Marcelo Rego Magalhães Aula 16 UNIDADE IV – ATO ADMINISTRATIVO ATO ADMINISTRATIVO Fatos e atos administrativos Requisitos de validade dos atos administrativos: competência, objeto, forma, motivo e finalidade Motivação dos atos administrativos Classificação quanto ao conteúdo e quanto à forma Atributos do ato administrativo Mérito do ato administrativo Atos vinculados e discricionários Desfazimento do ato administrativo – anulação, revogação e cassação Convalidação do ato administrativo Abuso de poder no ato administrativo Ato administrativo e controle realizado pelo Poder Judiciário 9. Convalidação do ato administrativo A doutrina administrativista tradicional costumava defender a tese de que os atos administrativos, relativamente à existência de vícios em sua formação, somente poderiam ser considerados válidos (caso não houvesse qualquer vício) ou nulos (caso presente vício em algum de seus requisitos). Não haveria, assim, possibilidade de convalidação de ato que apresentasse algum vício, ou seja, não poderia o ato viciado ser “corrigido” a fim de que passasse a ser considerado com válido. A possibilidade de convalidar um certo ato viciado seria exclusiva do direito privado, onde os atos com algum vício são meramente anuláveis (ou convalidáveis) pela exclusiva vontade das partes. Como no direito público vigora a indisponibilidade do interesse público não haveria que se falar em “vontade”: ou ato seria legal e válido ou ilegal e nulo. Assim se firmou por longas datas a doutrina administrativista pátria. A Lei nº 9.784/1999, que regula o processo administrativo federal, entretanto, divergiu frontalmente desta posição doutrinária clássica relativamente à possibilidade de convalidação dos atos administrativos. Com efeito, o art. 55 da Lei nº 9.784/1999 prevê a possibilidade de convalidação expressa, por inciativa discricionária da Administração, quando o ato tenha sido praticado com defeitos sanáveis, e desde que não acarrete lesão ao interesse público ou a terceiros. Há uma outra possibilidade de convalidação na Lei nº 9.784/1999, mas nada tem ela a ver com controle de legalidade. Trata-se do disposto no art. 54, segundo o qual, quando os efeitos do ato viciado forem favoráveis ao administrado, a Administração dispõe de 5 anos para anulá-lo. É um prazo decadencial. De fato, é uma convalidação por decurso de prazo, decorrente de omissão da Administração no controle de legalidade de certo ato (princípio da segurança jurídica). Em síntese, a partir da Lei nº 9.784/1999, a chamada teoria dualista, que sempre acatou a existência dos atos administrativos nulos e anuláveis, tornou-se positivada. A regra, porém, continua sendo a anulação dos atos ilegais, em homenagem aos princípios da legalidade e da indisponibilidade do interesse público. Aliás, a própria Lei nº 9.784/1999 estabelece que os atos que apresentam defeitos sanáveis poderão ser convalidados pela própria Administração. Como se vê, a convalidação foi positivada como uma faculdade, como uma discricionariedade da Administração. É interessante anotar que Celso Antônio Bandeira de Mello defende a idéia de que, como regra geral, o ato de convalidação deve ser considerado como ato administrativo vinculado. Segundo o autor, apenas o ato discricionário praticado com vício de competência permite apreciação discricionária da autoridade legalmente competente no sentido de convalidá-lo ou não. 10. Abuso de poder no ato administrativo O ato administrativo só pode ser praticado nos exatos limites legais. Além dos limites da lei o ato é viciado. Quando o ato desrespeita os limites do poder conferido ao agente público diz-se que houve abuso de poder. O abuso de poder admite 2 espécies: o excesso de poder e o desvio de poder (ou desvio de finalidade). O excesso de poder ocorre quando a competência é exercida além dos limites estabelecidos na lei; ocorre excesso de poder quando o agente administrativo pratica ato para o qual não tinha competência legal ou, embora competente para a prática do ato, ultrapassa suas atribuições legais, seja agindo patentemente além do que a lei permite, seja procurando burlar os limites legais para exorbitar de suas atribuições. O excesso de poder vicia o requisito competência. O desvio de poder (ou desvio de finalidade) ocorre quando o agente, embora competente para a prática do ato, o faz não visando o interesse público, mas tendo em vista tão-somente interesse privado, próprio ou de terceiro. O desvio de poder vicia o requisito finalidade. 11. Ato administrativo e controle realizado pelo Poder Judiciário Já tivemos a oportunidade de divisar os atos administrativos em atos vinculados e discricionários. Os atos vinculados são os que possuem todos os seus requisitos definidos em lei, não havendo espaço para decisão do administrador; este somente pode praticar o ato segundo o que já estipulado na norma. Os atos vinculados permitem pleno controle de legalidade pelo Poder Judiciário. Os atos discricionários permitem alguma liberdade de atuação do administrador na conveniência e na oportunidade de sua prática, bem como na escolha do objeto e do motivo da prática do ato. Essa liberdade que incide sobre a conveniência e a oportunidade da prática do ato e sobre seu objeto e motivo é que se denomina de mérito administrativo. Observe-se que mesmo no ato discricionário os requisitos competência, forma e finalidade são sempre vinculados, o que permite apreciação do Poder Judiciário quanto à legalidade desses requisitos (mesmo em atos discricionários, repita-se). Entretanto, e isto deve ficar ressaltado, não se admite a aferição do mérito administrativo pelo Poder Judiciário. � PAGE �2��
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