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1 Química Orgânica ESPECTROMETRIA DE MASSAS 2 SUMÁRIO Introdução .......................................................................................................................................3 Objetivos ..........................................................................................................................................3 Conceitos .........................................................................................................................................3 Um pouco de História.... ................................................................................................................3 Definição de Espectrometria de Massas ......................................................................................3 Fragmentação .................................................................................................................................4 Exercícios .........................................................................................................................................6 Gabarito ...........................................................................................................................................7 Resumo ............................................................................................................................................9 3 Introdução Nesta aula estudaremos a espectrometria de massas, conhecendo um pouco de seu histórico, definições, princípios e aplicações como técnica analítica. Objetivos • Compreender espectrometria de massas. • Aprender sobre fragmentações das moléculas. • Correlacionar as fragmentações com estruturas dos compostos. Conceitos Nesse material, vamos entender o que é espectrometria de massas e suas principais funções. Além disso, vamos compreender como os compostos podem ser identificados através dessa técnica analítica. Um pouco de História.... O primeiro espectroscópio de massa foi criado em 1907 por J.J. Thomson e as imagens eram obtidas de forma parabólica, sendo utilizado por ele em seu trabalho sobre a análise de raios positivos. Um de seus orientados, F.W. Aston utilizou a técnica em estudos com isótopos estáveis recebendo em 1922 o Prêmio Nobel de Química. Ao longo dos anos a técnica foi se desenvolvendo se tornando atualmente uma das ferramentas analíticas de grande importância na obtenção do peso molecular e características estruturais da amostra. A espectrometria de massas permite obter informações sobre a composição elementar de amostras, sua estrutura molecular, realizar análises qualitativa e quantitativa de misturas complexas, entre outras finalidades. Definição de Espectrometria de Massas Há algum tempo, a massa molecular de uma substância era determinada pela densidade de seu vapor ou pela depressão de seu ponto de fusão, e as fórmulas moleculares determinadas por análise elementar, fazendo as proporções relativas dos elementos presentes na substância. Além de serem demoradas e tediosas, essas técnicas necessitavam de grandes quantidades amostra, com alto grau de pureza. Hoje, a espectrometria de massas permite determinar as massas e fórmulas moleculares de maneira muito mais rápida e utilizando pequena quantidade de amostra. Na espectrometria de massas, uma pequena amostra de substância é introduzida em um instrumento chamado espectrômetro de massas, onde é 4 volatizada e depois ionizada como resultado da remoção de um elétron de cada molécula. A ionização pode ser realizada de várias maneiras. O método mais comum bombardeia as moléculas volatizadas com um feixe de elétrons de alta energia. A energia do feixe de elétrons pode variar, porém um feixe de aproximadamente 70 elétron-volts (eV) é o mais comumente utilizado. Quando um feixe de elétrons atinge uma molécula, ele retira um elétron, produzindo um íon molecular, que é um cátion radical – uma espécie com um elétron desemparelhado e carga positiva. M Feixe de elétrons M + e molécula íon molecular cátion radical elétron A perda de um elétron da molécula enfraquece as ligações moleculares. Portanto, muito dos íons moleculares se fragmentam em cátions, radicais, moléculas neutras e outros radicais catiônicos. Não é de surpreender que as ligações com maior probabilidade de rupturas sejam as mais fracas e que resultem na formação de produtos mais estáveis. Todos os fragmentos carregados positivamente da molécula passam entre duas placas carregadas negativamente, as quais aceleram os fragmentos dentro de um tubo analisador. Fragmentação O espectro de massas do pentano está apresentado na figura 1. Cada valor de m/z é a massa molecular nominal do fragmento – a massa molecular relativa ao número inteiro mais próximo. O 12C é definido por possuir uma massa de 12000 unidades de massa atômica (uma) e as massas de outros átomos são baseadas neste padrão. Por exemplo, um próton possui uma massa de 1,007825 uma. O pentano, portanto, possui uma massa molecular de 720939 e uma massa molecular nominal de 72. O pico de maior valor de m/z no espectro – nesse caso, à m/z=72 – é relativo ao fragmento que resulta da retirada de um elétron de uma molécula da amostra injetada – nesse caso, uma molécula de pentano. Em outras palavras, o pico com maior valor de m/z representa o íon molecular (M) do pentano. Uma vez que não se sabe qual ligação perde o elétron, o íon molecular é colocado entre chaves e a carga positiva e o elétron desemparelhado são assinalados para toda a estrutura. O valor de m/z do íon molecular fornece a massa molecular da substância. Os picos com valores menores de m/z – chamados picos de fragmento iônico – representam os fragmentos carregados positivamente da molécula. 5 Figura 1: Espectro de massas do pentano, apresentado como gráfico de barras e em forma de tabela. O pico base representa o fragmento que aparece em maior abundância. O valor de m/z do íon molecular fornece a massa molecular da substância. CH3CH2CH2CH2CH3 Feixe de elétrons CH3CH2CH2CH2CH3 + e - íon molecular m/z = 72 O pico base é o maior pico de maior intensidade devido à sua maior abundância relativa. O pico base é assinalado com intensidade relativa de 100%, e a intensidade relativa de cada um dos outros picos é descrita como uma porcentagem do pico base. Os espectros de massas podem ser apresentados tanto como gráficos de barras quanto em forma de tabela. Um espectro de massas nos dá informações estruturais sobre a substância porque os valores de m/z e as abundâncias relativas dos fragmentos dependem da força das ligações de íon molecular e da estabilidade dos fragmentos. Ligações fracas se rompem preferencialmente em relação às ligações fortes, e ligações que se rompem para formar fragmentos mais estáveis se rompem preferencialmente àquelas que formam fragmentos menos estáveis. Por exemplo, as ligações C-C do íon molecular formado a partir do pentano possuem a mesma força. No entanto, a ligação C2-C3 é mais propensa a se romper do que a ligação C1-C2 porque a fragmentação de C2-C3 leva a um carbocátion primário e a um radical primário que, juntos, são mais estáveis do que o carbocátion primário e o radical metila (ou o radical primário e o cátion metila) obtidos a partir da fragmentação de C1-C2. A fragmentação de C2-C3 forma íons com m/z=43 ou 29, e a fragmentação de C1-C2 forma íons com m/z=57 ou 15. O pico base de 43 no espectro demassas do pentano indica a preferência pela fragmentação de C2-C3. 6 CH3CH2CH2CH2CH3 CH3CH2 + CH2CH2CH3 m/z=43 CH3CH2 + CH2CH2CH3 m/z=29 CH3 + CH2CH2CH2CH3 m/z=57 CH3 + CH2CH2CH2CH3 m/z=15 Um método normalmente empregado para identificar fragmentos iônicos é a determinação de diferença entre o valor de m/z de um fragmento iônico e o valor de m/z do íon molecular. Por exemplo, o íon com m/z=43 no espectro de massas do pentano é 29 unidades menor que o íon molecular (M – 29 = 43). Um radical etila (CH3CH2) possui uma massa molecular de 29 (porque os números de massa de C e de H são 12 e 1, respectivamente); logo, o pico em 43 pode ser atribuído ao íon molecular menos um radical metila. Os picos à m/z=15 e m/z=29 são facilmente reconhecidos como relativos aos cátions metila e etila, respectivamente. Os picos são normalmente observados em valores de m/z com uma ou duas unidades a menos do que os valores de m/z de carbocátions porque os carbocátions podem sofrer novas fragmentações – perdendo um ou dois átomos de hidrogênio. Exercícios 1. (BRUICE) Como seria possível distinguir o espectro de massas do 2,2- dimetilpropano do espectro de massas do pentano e do 2-metilbutano? 2. (BRUICE) Qual o valor de m/z é o mais provável para o pico base no espectro de massas do 3-metilpentano? 3. (BRUICE) Os espectros de massas de dois cicloalcanos muito estáveis mostram um pico de íon molecular à m/z=98. Um dos espectros apresenta um pico base à m/z=69, e o outro apresenta um pico base à m/z=83. Identifique os cicloalcanos. 7 Gabarito 1. Para resolvermos esse exercício, precisamos colocar em prática nosso conhecimento sobre fragmentações. O pico em m/z=57 será mais intenso para 2,2-dimetilpropano do que para o 2-metilbutano ou para o pentano pois o pico com m/z=57 é devido a perda de um grupo metil: a perda de um grupo metila do 2,2-dimetil resulta na formação de um carbocátion terciário, enquanto que a perda de um grupo metila do 2-metilbutano e pentano resulta na formação de carbocátions secundário e primário, respectivamente: CH3CCH3 CH3 CH3 CH3CCH3 CH3 CH3+ m/z=57 carbocátion terciário2,2-dimetilpropano CH3CHCH2CH3 CH3 CH3+ m/z=57 carbocátion secundário 2-metilbutano CH3CHCH2CH3 CH3CH2CH2CH2CH3 CH3+ m/z=57 carbocátion primário pentano CH3CH2CH2CH2 Note que o espectro de massa do 2-metilbutano pode ser diferenciado dos outros isômeros devido ao pico com m/z=43. Esse pico será mais intenso para o 2-metilbutano, pois esse pico é devido à perda de um grupo etil, o que resulta na formação de um carbocátion secundário. Pentano forma um pico menos intenso de m/z=43 pois a perda de um grupo etil do pentano forma um carbocátion secundário. 2,2-dimetilpropano não é capaz de formar um pico de m/z=43, pois não possui nenhum grupo etil. CH3CHCH2CH3 CH3 m/z=432-metilbutano CH3CH + CH3CH2 CH3 CH3CH2CH2CH2CH3 + m/z=43 pentano CH3CH2CH2 CH3CH2 Portanto, seria possível distinguir através do pico m/z=43. 2. Para resolvermos esse exercício, precisamos colocar em prática nosso conhecimento sobre fragmentações. Deveriam ocorrer picos com m/z=57 devido a perda de um grupo etil (86-29) e em m/z=71 devido a perda de um grupo metil (86-15). Um carbocátion secundário é formado em ambos casos. Como o radical etil é mais estável do que o metil, o pico base será em m/z=57. 8 m/z=43 CH3CH2CHCH2CH3 CH3 CH3CH2CH CH3 + CH3CH2 m/z=43 CH3CH2CHCH2CH3 CH3 CH3CH2CHCH2CH3 + CH2 Portanto, valor de m/z mais provável é 57. 3. Para resolvermos esse exercício, precisamos colocar em prática nosso conhecimento sobre fragmentações. A fórmula molecular para um cicloalcano é CnH2n. Como a massa molecular de ambos os cicloalcanos é 98, suas fórmulas moleculares devem ser C7H14 (7x12=84+14=98). Um pico de base de 69 significa a perda de um substituinte etila (98 – 69 = 29), enquanto um pico base de 83 significa a perda de uma substituinte metila (98 – 83 = 15). Sabendo que os cicloalcanos são muito estáveis, podemos descartar os cicloalcanos com três ou quatro membros no anel. Um cicloalcano de sete carbonos com um pico base representando a perda de um substituinte etila é, provavelmente, o etil-ciclopentano. Um cicloalcano de sete carbonos com um pico base representando a perda de uma substituinte metila é, provavelmente, o metilciclo-hexano. Portanto, os cicloalcanos são mostrados abaixo: CH2CH3 Etilciclopentano Feixe de elétrons m/z=69 + CH3CH2 CH3 Metilciclohexano Feixe de elétrons m/z=83 + CH3 9 Resumo Espectrometria de Massas Na espectrometria de massas, uma pequena amostra de substância é introduzida em um instrumento chamado espectrômetro de massas, onde é volatizada e depois ionizada como resultado da remoção de um elétron de cada molécula. A ionização pode ser realizada de várias maneiras. O método mais comum bombardeia as moléculas volatizadas com um feixe de elétrons de alta energia. A energia do feixe de elétrons pode variar, porém um feixe de aproximadamente 70 elétron-volts (eV) é o mais comumente utilizado. Quando um feixe de elétrons atinge uma molécula, ele retira um elétron, produzindo um íon molecular, que é um cátion radical – uma espécie com um elétron desemparelhado e carga positiva. Fragmentações O pico base é o maior pico de maior intensidade devido à sua maior abundância relativa. O pico base é assinalado com intensidade relativa de 100%, e a intensidade relativa de cada um dos outros picos é descrita como uma porcentagem do pico base. Um método normalmente empregado para identificar fragmentos iônicos é a determinação de diferença entre o valor de m/z de um fragmento iônico e o valor de m/z do íon molecular. 10 Referências BRUCE, P. QUÍMICA ORGÂNICA, V.1., 4º EDIÇÃO, SÃO PAULO, 2001. PG. 479-494.
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