Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Exame clínico geral e contenção física de répteis Mariana Pereira Gabriel Pedroso Nathália Pulici Imagens retiradas da internet Répteis Répteis são animais vertebrados pertencentes à classe Reptilia: (1) Squamata (lagartos e serpentes); (2) Testudinata ( Quelonios); (3) Crocodilia(crocodilianos). Apresentam características anatomofisiológicas diferentes das aves e dos mamíferos. Imagens retiradas da internet Semiologia de répteis Inicia-se o exame semiológico com a anamnese/histórico, Inspeção de recinto, Inspeção do animal a distância, Exame físico com animal contido, Por último, exames complementares, tais como: radiografias, endoscopias, exame de sangue, fezes, urina, punção-biopsia aspirativa etc. Anamnese A anamnese é adaptável para os três grupos de animais Perguntas são realizadas a respeito do proprietário do ambiente, do recinto e, finalmente, do animal; São animais pecilotérmicos, o metabolismo, a atividade corporal, o desenvolvimento de doenças e a cura/cicatrização dependem da temperatura ambiente Imagens retiradas da internet Anamnese Perguntas a respeito da relação do proprietário ou responsável com o réptil: Quem é responsável pelo animal? Quem trata do animal? Essa pessoa sempre será a que terá a maior quantidade de informação e as informações mais corretas e detalhadas. Como é o local onde vive o animal? Casa? Apartamento? Recebe chuva? Tem acesso ao sol (esporadicamente, constantemente, nunca)? É um lugar ventilado, arejado? Úmido? Muito quente? As condições climáticas podem interferir com o estado de saúde do animal. Anamnese Perguntas referentes ao recinto do animal: Existe convivência direta ou próxima com outros animais domésticos? Houve alguma aquisição recente de outro animal? Quando? Existe outro animal convivendo que esteja doente atualmente ou que esteve doente há algum tempo? Essa pergunta elucida possíveis doenças contagiosas ou traumatismo entre animais. Tem acesso a plantas? Quais? Lembrar-se de que os répteis podem ingerir plantas ornamentais que sejam tóxicas Anamnese Quais são as condições de umidade relativa do ar, temperatura, luminosidade e radiação ultravioleta nesse ambiente? Lembrar-se de que esses fatores ambientais são essenciais ao bem-estar e ao desenvolvimento adequado dos répteis e suas necessidades variam entre as espécies. Perguntas referentes ao animal: Qual a origem do animal (nascido em cativeiro ou em vida livre)? Veio para o cativeiro ainda filhote? Adulto? Quando filhote, qual foi a sua alimentação? Anamnese Qual é o volume de consumo de líquidos? Como a maioria dos proprietários não sabe informar volumes precisos, recomenda-se perguntar o tamanho do bebedouro e quantas vezes é reabastecido por dia. A vasilha de água oferecida é ao mesmo tempo utilizada para banhos? Em caso positivo, o consumo final não provém apenas de ingestão. Com relação às fezes do animal, deve-se perguntar: Qual a cor? Lembrar-se de que a coloração das fezes está diretamente relacionada com a alimentação e a funcionalidade da digestão. Já foi apresentado antes a um médico-veterinário? Qual foi o diagnóstico, tratamento, resultado? Objetivo não é controlar ou avaliar o outro profissional, mas sim aproveitar sua experiência. Testudines Quelônios Quelônios De acordo com o seu habitat são distribuídos em aquáticos e terrestres; Anatomicamente, apresentam dois membros torácicos e dois membros pélvicos, ambos com cinco falanges e unhas; A pele é recoberta por escamas ou placas; O crânio é fixo à coluna cervical por apenas um côndilo; Em vez de dentes, há placas córneas cortantes para dilacerar os alimentos. Inspeção a Distância É avaliado principalmente o comportamento do animal, cuja alteração geralmente é relatada pelos responsáveis; Dependendo do comportamento do animal(muito apático ou inativo), a inspeção a distância poderá não ser feita, passando direto à inspeção com animal já contido. Aquário de Santos: Referência no Atendimento à Fauna Marinha Locomoção Importante observar a locomoção e a posição do animal dentro da água; Ficar inclinado lateralmente pode indicar problemas pulmonares ou ingestão de corpos estranhos (pedras); Enquanto ficar flutuando e não mergulhar sugerem alterações pulmonares ou existência de gases nos intestinos ou na cloaca. Na foto o animal apresenta-se adernando para direita que junto à história clínica sugere pneumonia. Ilustração fotográfica do teste de flutuação, (teste utilizado para diagnóstico de afecções pulmonares Contenção A contenção dos aquáticos se torna mais difícil que dos terrestres, por sua extensão de pescoço e amplitude de movimentos de membros serem maiores; Na cavidade bucal, há placas córneas e o bico é formado por material córneo muito afiado, o que representa perigo na contenção; Tamanho do animal é decisivo que por sua vez os animais: Menores (cerca de 20 cm/1 a 2 kg) podem ser segurados pela lateral; Maiores (em torno de 30 a 40 cm/5 a 6 kg) devem ser segurados na lateral, mas mais caudal; Muito grandes (aproximadamente 60 a 80 cm/15 a 20 kg) é necessário segurar na borda lateral da carapaça ou sustentar pela carapaça Contenção Toda contenção deverá ser feita com luvas de raspa de couro ou com luvas de tecidos emborrachados, antiderrapantes, para evitar que o animal molhado e frequentemente escorregadio Contenção de testudine de água doce, cágado-de-barbicha (Phrynops geoffroanus), com uso de luva de borracha antiderrapante Contenção A tartaruga-mordedora (Chelydra serpentina) deverá ser contida pela cauda, pois apresenta grande flexibilidade do pescoço e consegue morder com facilidade. A contenção feita na porção caudal do casco evita mordidas, mas as unhas dos membros posteriores também podem lesionar quem estiver manipulando o animal. Boom Animals Profile Information Tartaruga-mordedora- Chelydra serpentina https://stalktr.net/tag/tartarugamordedora Inspeção OLHOS Necessário que estejam abertos, apresentem movimento de pálpebras (piscar), sejam brilhantes e sem secreção. Olhos fechados, pálpebras inchadas e pele esbranquiçada recobrindo o olho são alterações frequentemente observadas em animais aquáticos com alimentação deficiente. Testudine de água doce com edema de pálpebras, olho entreaberto, aumento de volume do globo ocular e existência de membrana cobrindo parcialmente o olho. (1) Inspeção 2. NARINAS Abertas, desobstruídas (sem muco, nem secreções), assim como a cavidade oral. Bolhas tanto nas narinas como na cavidade bucal podem indicar pneumonias. Na inspeção, é importante observar se existem ruídos tanto inspiratórios como expiratórios, que indicam problemas do aparelho respiratório. 3. OUVIDO Pavilhão auricular é inexistente e o tímpano fica imediatamente abaixo da pele. Para localizar, basta seguir em linha reta em direção caudal a partir dos olhos. A avaliação dessa região é fundamental para detectar alterações do ouvido, tais como otite, perfurações Inspeção 4. CAVIDADE ORAL observam-se a língua, coloração da mucosa existência de placas diftéricas, áreas de necrose, deposição de muco, descamação de epitélio. 5. PLACAS CÓRNEAS DO BICO Essas placas, que revestem as mandíbulas e os maxilares, podem também apresentar crescimento excessivo e dificultar a alimentação do animal 6. PELE Nota-se a pele ao redor do pescoço e nos membros pélvicos e torácicos, observando hidratação, descamação, feridas, cicatrizes, existência de ectoparasitas Inspeção de membrana auditiva (em destaque) de jabutipiranga pequena perfuração patológica (seta) localizada no centro da membrana que reveste o tímpano.(3) Placas córneas da cavidade oral com crescimento excessivo (seta vermelha) e edema de conjuntiva ocular (seta amarela). (5) Avaliação tegumentar de tigre-d’água-de-orelhas vermelhas na qual se observa abundante descamação de pele (setas), evidenciada pela imersão do animal na água.(6)Inspeção 7. UNHAS Observa-se o comprimento: excessivo é sinal de falta de desgaste, curto demais pode ser decorrente de superfície do recinto muito áspera. 8. CASCO Pode apresentar descamação, lesões, feridas e traumas. As causas podem ser desde problemas nutricionais, temperatura e umidade ambiental ou afecções infecciosas, tais como fungos e bactérias. 9. CLOACA Observa-se temperatura corpórea e ocorrência de prolapso, seja de pênis, oviduto ou cloaca propriamente dita. Jabutipiranga após 3 anos da queimadura apresenta a carapaça recuperada. Alteração na pigmentação. (8) Exemplar de jabutipiranga macho, com prolapso de pênis.(9) Prolapso de cloaca em fêmea de jabutipiranga, mostrando mucosa vermelho-vivo e edemaciada.(9) Jabutipiranga com deformação em casco. (8) Lagartos Squamata Lagartos Podem ser aquáticos, terrestres ou arborícolas, e vivem tanto em biomas desérticos quanto em ambientes ricos em vegetação tropical; A maioria é dotada de quatro membros bastante desenvolvidos para locomoção; cada membro tem cinco falanges e unhas; Existem algumas espécies, as lagartixas, por exemplo, podem apresentar ventosas na sola dos pés que possibilitam aderência em superfícies lisas e em posições verticais. Inspeção a distância São animais ariscos e muito ágeis, é interessante obter informações principalmente com relação ao seu comportamento durante a inspeção a distância; Os aspectos que devem ser reparados são: Locomoção; Movimento da cabeça; Respiração; Ingestão de alimentos ou água; Atenção do animal com relação às atividades que ocorrem ao seu redor etc. Imagens retiradas da internet Contenção Apresentam dentição bem desenvolvida e musculatura mandibular muito forte, principalmente nos teiús, a contenção visa inicialmente segurar a cabeça/mandíbula, juntamente com o tórax; A outra mão deverá imobilizar os membros pélvicos juntamente com os ossos da cintura pélvica (quadril); Preferencialmente, os membros torácicos e pélvicos deverão ser virados para trás lateralmente rentes ao corpo. Dependendo do tamanho do animal em questão, toalhas ou luvas de couro podem ser boas ferramentas de auxílio na contenção. Contenção correta de iguana-verde (Iguana iguana). Uma das mãos imobiliza a cabeça e abraça uma parte do tórax e a outra segura na bacia, juntamente com os membros posteriores. Inspeção 1. OLHOS Devem estar abertos, brilhantes e sem secreção, as pálpebras devem mexer regularmente e não estar inchadas; 2. NARINA Abertas e desobstruídas e sem muco ou secreções; 3. PELE Avaliação deve considerar a hidratação, possível descamação excessiva ou muda incompleta com retenção das escamas das placas córneas da muda anterior, além de feridas, cicatrizes e ectoparasitas. Visão dorsal de iguana-verde com aumento de volume unilateral na região do ouvido e descamação irregular de pele, ao longo de todo o corpo. Detalhe da descamação na cauda de iguana-verde Exame semiológico de teiú mostrando a técnica de abertura da cavidade oral e tracionando delicadamente a pele da região submandibular. Inspeção 4. CAVIDADE ORAL A abertura deve ser feita com delicadeza e com auxílio de objetos macios, avaliar a coloração dos dentes, sua posição e seus formatos, atenção para muco esbranquiçado, lesões, úlceras ou sangue; 5. OUVIDO Pavilhão auricular é inexistente e geralmente, há escamas com formato e desenho diferentes no local; A principal alteração observada é aumento de volume no local. 6. CLOACA Semelhante à cloaca das aves, é o local de encontro de porções renais, digestivas e reprodutivas; em geral, deve estar limpa e sem aderências Em lagartos, o pênis é duplo, também chamado de hemipênis. Cavidade bucal de teiú com hemorragia decorrente de atropelamento. Exemplar de iguana-verde com aumento de volume no tímpano (seta), causado por infecção com Criptosporidium sp. e abscesso na ponta do nariz, decorrente de briga com contactantes. Serpentes Squamata Serpentes São distribuídas em aquáticas e terrestres; Existem serpentes que dispõem de glândulas de veneno na cavidade bucal e outras não, e matam suas presas por asfixia e compressão; Os ossos da boca estão unidos lateralmente e nas sínfises apenas por ligamentos, o que possibilita grande abertura da cavidade bucal; Nos olhos das serpentes, com a ausência das pálpebras, não se observa o piscar para umedecer a córnea. O globo ocular e a córnea estão protegidos por trás da escama ocular, que seria semelhante a uma única pálpebra transparente. Imagens retiradas da internet Inspeção a distância Como a maioria das serpentes, dependendo da hora do dia, apresenta pouca atividade física, a inspeção a distância serve para ver frequência respiratória em repouso; Quanto ao comportamento, é necessário avaliá-lo antes de conter o animal. As serpentes sempre permanecem na posição ventral; animais que porventura são virados de costas normalmente tentam desvirar-se, voltando à posição ventral. Tremedeiras, convulsões, cabeça virada ou movimentos incoordenados e incapacidade de se locomover em linha reta são sinais de problemas. Contenção Nunca se deve realizá-lo sozinho; A contenção deve ser rápida, pegando diretamente atrás da cabeça. Se for preciso, pode-se apoiar um gancho logo após a cabeça e imobilizar o animal contra o chão, para então se aproximar com as mãos e pegar na cabeça; Serpentes maiores a contenção é feita com uma das mãos, na cabeça, com a outra, se sustenta o corpo, sempre o mais esticado possível, para evitar que o animal se enrole na pessoa; O uso de tubo de plástico transparente poderá ser muito útil na contenção O diâmetro do tubo não pode ser muito largo para não possibilitar que a serpente dê voltas dentro dele; e também não pode ser muito apertado, pois ela poderá ficar presa dentro do tubo. Contenção de corn snake utilizando tubo plástico transparente. Contenção de jiboia (Boa constritor). Uma das mãos imobiliza a cabeça, na qual o dedo indicador e o polegar seguram logo após a mandíbula. A outra mão deverá sustentar o peso do corpo da serpente enquanto estiver sendo manipulada. A- Local de pressão com o gancho, B- Posicionamento correto dos dedos em serpentes peçonhentas Inspeção OLHOS Devem estar brilhantes e apresentar a pigmentação característica da espécie. Ao redor dos olhos, é comum encontrar pequenos ácaros que podem provocar anemia das serpentes. 2. PELE A muda da pele nas serpentes ocorre na íntegra, começando pela cabeça. Deve-se reparar se houve muda completa ou se sobraram fragmentos de pele no corpo Observar ectoparasitas entre as escamas, tais como carrapatos, piolhos, sarna Inspeção 3. CAVIDADE BUCAL Ao abrir delicadamente a cavidade bucal, nota-se que a mandíbula e as sínfises são todas soltas, parecendo que houve fratura ou luxação, mas é absolutamente normal. As serpentes têm ligamentos nesses locais e apresentam essa fragilidade para que seja possível engolir as presas; Dentro da cavidade, deve-se observar língua, coloração da mucosa, placas diftéricas, áreas de necrose, deposição de muco, descamação de epitélio. Inspeção da cavidade bucal de jiboia com auxílio de uma pinça. Observar coloração de mucosa, existência de secreção, lesões sugestivas de estomatite etc Inspeção 4. CLOACA Na cloaca, deve ser avaliada a ocorrência de prolapso, seja de pênis (dois hemipênis), oviduto ou cloaca propriamente dita; As mucosas podem estar avermelhadas e vivas ou escurecidas e necrosadas. 5. ESCAMA Observar se existe perda irregular das escamas; mudança de cor principalmente nas bordas das escama pode indicar infecções principalmente fúngicas Crocodilianos Crocodilia Crocodilo A distribuição dos crocodilianos ocorre por quase todo o mundo. Podendo viver em grandes agregados, sempre presentes em áreas marginais de rios, lagos e pântanos. Os jacarés e os crocodilos costumam investir pela frente, ou movendo a cabeça lateralmente. Suas mandíbulaspossuem grande poder de fechamento, porém sua abertura é bem menos problemática Imagens retiradas da internet Contenção Para os crocodilianos o uso muitas vezes de cambão, cordas, redes se fazem necessários devido à agressividade e força do animal; Após efetuação desse processo é colocado um pano úmido sobre os olhos do animal para que assim ele se acalme e não consiga fixar o olhar num alvo; Após a contenção da cabeça, deve-se imobilizar a cauda com um cambão ou as mãos; Em seguida imobilizar os membros para trás do corpo amarrando-os com corda ou fita resistente. http://institutojacare.blogspot.com/2010/11/curso-de-capacitacao-e-treinamento-no.html http://ibimm.org.br/wp-content/uploads/2017/04/APOSTILA-BIOLOGIA-E-MANEJO-DE-ANIMAIS-SILVESTRES-Prof-Durval-silva.pdf Referências Livro semiologia veterinária a arte do diagnóstico – Francisco Leydson Feitosa 3ª edição Semiologia de Animais Silvestres Karin werther 2ª edição Tratado de animais selvagens Zalmir Silvino Cubas, Jean Carlos Ramos Silva, Jose Luiz Catao-Dias 1ª edição Clínica de animais exóticos: referência rápida Lance Jepson 1ª edição Obrigada!
Compartilhar