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Avaliação Neuropsicológica de Adultos e Idosos Maria Paula Foss Psicóloga Maria Paula Foss – mpfoss@gmail.com Lesão cerebral – Breve histórico sobre a Neuropsicologia O estudo sobre o cérebro Egípcios (3500 a.c. ); e comportamento Gregos (séc 5 a.c.) Idade Média “ Faculdades Mentais” - “ 3 Ventrículos Laterais” O termo Neuropsicologia só foi utilizado no século XX por Osler Gall início XIX MAPAS FRENOLÓGICOS DE GALL (1809) SEM INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA “Centro para as imagens motoras das palavras “ – Afasia A investigação científica iniciou-se com Paul Broca (1861) Terço posterior do giro Frontal Inferior Comprometimento na fala expressiva Wernicke (1873) “ centro para as imagens sensoriais das palavras”. CENTRO DA COMPREENSÃO DA FALA BASES NEURAIS DA LINGUAGEM Escola Localizacionista X Globalistas Contrários a existência de centros específicos para as funções cognitivas Vygostsky Teoria Sócio-Cultural: as funções cognitivas se organizam em sistemas funcionais dinâmicos que estão sobre a influência do contexto sócio-cultural. Alexander Luria: Psicologia + Fisiologia + Neurologia Higher Cortical Functions in Man (1962) The working brain (1970) Estudos de Caso The mind of the Mnemonist (1968) The man with a Shattered World (1972) 1950-70 – Novas abordagens para as relações entre cérebro e comportamento Psicologia Cognitiva Modelos teóricos para explicar os processos cerebrais e psicológicos, sem correlação anátomo-clínica Neuropsicologia Experimental ✓ Grupos de Estudo ✓ Protocolos planejados e medidas quantitativas. ✓ Análise Estatística Neuropsicologia Cognitiva Neuropsicologia + Psicologia Cognitiva Neuropsicologia Experimental abordava as diferenças mais sutis entre os grupos normais e doentes, requerendo a análise estatística para comprovar esses achados Neuropsicologia Cognitiva Modelos de Dissociação e Dupla Dissociação Dissociação: diferença de desempenho de 2 tarefas num mesmo indivíduo. Dupla dissociação: 2 indivíduos com lesões distintas, sendo que um tem desempenho deficitário numa tarefa e não na outra e o outro, apresenta desempenho inverso. Essa metodologia poderia provar que as diferentes lesões se baseiam em sistemas de processamento distintos e independentes. NEUROIMAGEM FUNCIONAL Nas últimas duas décadas PET (Pósitron Emisson Tomography): imagens da utilização regional de glicose, fluxo sanguíneo, consumo de oxigênio ou densidade de receptores no cérebro humano. SPECT ( Single Photon Emission Computed Tomography) EEG ( Eletroencefalografia) MEG ( Magnetoencefalografia) f MRI ( Resonância Magnética Funcional) As bases da neuropsicologia atual são influenciadas por esses avanços científicos Neuropsicologia Definição: “ Neuropsicologia clínica é uma ciência que focaliza a expressão do comportamento de uma disfunção no cérebro, presumida ou verificada, logo, seu campo de conhecimento e atuação é referente as relações entre cérebro e comportamento”. (Lezak, 1995) O comportamento engloba 3 sistemas funcionais: representa a maneira como lidamos com as informações do ambiente circundante. sentimentos e motivações. regulação. Cognição : representa a maneira como manipulamos as informações. Funções Receptivas: Seleção, aquisição, classificação e integração Memória e Aprendizagem: armazenamento e integração Funções de Execução: comunicação ou informação colocada em ação. Pensamento: organização e reorganização mental A neuropsicologia especializou-se no estudo da cognição: ✓ É o aspecto mais proeminente nos quadros de lesão cerebral ; ✓ É o mais fácil de ser quantificado e correlacionado com localizações anatômicas; ✓ As avaliações geralmente precisam ser limitadas no tempo e podem acabar não abrangendo todos esses aspectos. MAS, AS LESÕES CEREBRAIS GERALMENTE, ABRANGEM OS 3 ASPECTOS (COGNITIVO, EMOCIONAL E DO FUNCIONAMENTO EXECUTIVO) Exemplo: Psicose de Korsakoff ( associada ao alcoolismo), descreve-se: ✓ amnésia anterógrada, desorientação temporal e confabulações (COGNITIVO) . ✓ emocionalmente vazios e monótonos ( AFETO) ✓ não conseguem se organizar para cumprirem objetivos mais complexos ( FUNCIONAMENTO EXECUTIVO) O Córtex Cerebral Organização Neuronal O cérebro pesa em média 1,4 kg. Existem cerca de 100 bilhões de neurônios, dispostos num modelo laminar. • Comportamento-Cérebro AS SINAPSES NEURÔNIO - MIL A CENTENAS DE MILHARES DE SINAPSES. LOGO O CÉREBRO PODE PRODUZIR 1000 TRILHÕES DE CONEXÕES AS REDES NEURAIS Mapas Citoarquitetônicos de Broadman Diferencia as áreas funcionais do cortex com base na estrutura de suas células e na disposição dessas em camadas tex Cerebral Áreas Funcionais Funções fisiológicas elementares ( sensação cutânea, visão, audição e movimento) representadas em áreas definidas no córtex MONAKOW (1914), HEAD (1926) E GOLDSTEIN (1927;1944 E 1948) “O CORTÉX CEREBRAL funciona como um todo integrado, no qual cada área citoarquitetural é responsável pelo desempenho de determinada função”. O envolvimento do córtex pressupõe o de outras áreas corticais e subcorticais numa colaboração extensa Sintoma lesão de cada uma das (perda de uma dada função) áreas do sistema funcional Não remetendo a uma única localização RM funcional (adultos saudáveis) : execução de tarefas mentais – ativação de circuitos neuroanatômicos por todo o córtex e não localizados (Weintraub,2000) Processos mentais – interativos o comprometimento em um desses pode afetar o desempenho em teste em outros domínios Exemplo: comprometimento em tarefas de cálculo Atenção deficitária Linguagem deficitária Inabilidade para dar seqüência Extensão, Localização e Duração da lesão Idade, Gênero, Condições Físicas, Antecedentes Psicológicos e Sociais, a Condição atual do paciente e as Diferenças neuroanatômicas e fisiológicas de cada indivíduo. AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA aplicação e interpretação de testes, escalas, questionários e entrevistas que são utilizadas para avaliar o funcionamento cerebral por meio da cognição, habilidades sensoriais e motoras, estado emocional e comportamento social. Avaliação neuropsicológica • Século XX: I Guerra Mundial • II Guerra Mundial: primeiros estudos experimentais com testes psicológicos e lesões focais: Hans- Lukas Teuber, Brenda Milner, Alexander Luria, Arthur Benton, Henry Hàcaen, Ward Halstead. • Interesse de localizar a lesão cerebral “localizar a lesão cerebral de acordo com a premissa da existência de centro funcionais do sistema nervoso” Avaliação neuropsicológica Lesões difusas: Esquizofrenia, Transtorno afetivo Doença de Alzheimer, AIDS, Doenças desmielinizantes. ORGANICIDADE • Distinguir o que orgânico X funcional “distinguir alterações de comportamento e cognitivas geradas por alterações cerebrais daquelas não- orgânicas”. Neurologia – localização das lesões. Psiquiatria – identificar organicidade. Avaliação neuropsicológica: finalidade • Desenvolvimento de técnicas de imagem e neurofisiológicas: medidas eficientes morfológicas e neurofisiológicas do SNC. NP: Localização??? • Desenvolvimento da neurociência: mostrou as bases neurais de transtornos mentais que acabou com a dicotomia orgânico e funcional. NP: Organicidade ??? Avaliação neuropsicológica • Imagem mostra o local e extensão da lesão Mas, não é capaz de identificar a natureza dos recursos residuais e as habilidades deficitárias que os acompanham. (Lezak,2004) Avaliação neuropsicológica – Casos que parecem semelhantes na neuroimagem, mas com resultados psicossociais diferentes. – Documentar habilidades cognitivas que se mostram inconsistentes com os achados anatômicos, como o da freira de 101 anos que mostrou desempenho superior nos testes cognitivos, mas foi constatada neuropatologia avançada de DA na autópsia (Snowdon, 1997). CARACTERIZAÇÃO Qual é a natureza dos sintomas cognitivos e emocionais para essa pessoa? Avaliação neuropsicológica • Traumas, Epilepsia, Depressão, Demência, Doença de Parkinson, Esquizofrenia, Alteração de conduta, Transtorno do desenvolvimento, Déficit cognitivo pós lesões cerebrais decorrentes de Traumatismos, Déficit cognitivo pós Acidente Vascular Cerebral (AVC), Déficit cognitivo pós tumores, Déficit cognitivo pós meningo-encefalites, Déficit associado ao alcoolismo e/ou às drogas, entre outras doenças neurodegenerativas. Avaliação neuropsicológica: aplicações e usos. • Diagnóstico • Cuidados ao paciente, incluindo, questões de manejo e planejamento. • Tratamento-1)Identificação das demandas: programas individualizados de tratamento e acompanhamento de mudanças no foco do tratamento. • Tratamento – 2)Avaliação de eficácia • Pesquisa. • Avaliação na área forense. (Lezak, 2004) Avaliação neuropsicológica: aplicações • Diagnóstico: – Distinguir Psiquiátrico x Neurológico – Identificar uma possível desordem neurológica na população geral – Auxilio para diferenciar condições neurológicas diversas – Prover dados do comportamento para localizar a lesão, ou pelo menos, seu hemisfério. – Prognóstico – Triagem Avaliação neuropsicológica: aplicações • Cuidado ao paciente: • Avaliações descritivas, ou seja, para caracterização da função cognitiva, alterações de comportamento e de personalidade após a lesão cerebral. – Informações aos pacientes: auto- conhecimento dos seus problemas. – Informações aos familiares: para lidarem melhor com as mudanças dos pacientes. Busca pelo entendimento da situação atual • Planejamento : considerar as habilidades e as dificuldades cognitivas do paciente, as alterações emocionais que estão vivendo e o impacto dessas no modo de verem a si mesmos e o seu comportamento. – Como essa pessoa reage a deficiência , a melhor maneira de compensá-los e se poderá se beneficiar de treinamento. Cuidado à pessoa com lesão cerebral • Reavaliações: em intervalos estipulados de tempo. – Acompanhar o curso de algumas doenças neurológicas: documentar mudanças, tempo e modo de ocorrência . • Avaliar inconsistências oriundas de déficits atencionais. • Estimar deterioração – processos demenciais. • Efeitos de procedimentos cirúrgicos, tratamento médico e treinamento. • Avaliar efeitos de distúrbios psiquiátricos (psicose) e tratamento empregados sobre o estado neuropsicológico. • Tratamento: 1) reabilitação. • Planejamento: delineamento dos problemas, avaliação das habilidades/recursos para reabilitação. • Reavaliação • Tratamento: 2) eficácia • Estratégias de reabilitação • Avaliar eficácia de cirurgias, estimulação craniana, medicamentos Avaliação neuropsicológica: aplicações • Pesquisa: - A pesquisa aprimorou a compreensão desses transtornos mentais e o entendimento do funcionamento normal do cérebro. • Neuropsicologia Forense: – Compensação financeira – Aposentadoria – Curatela – Simulação Avaliação neuropsicológica: aplicações A avaliação neuropsicológica consta das seguintes etapas: 1. Encaminhamento: A avaliação inicia mesmo antes da aplicação dos testes propriamente ditos, abrange a : • Seleção do Paciente Pessoas que não cooperam, com fadiga, em surto psicótico, gravemente deprimidos ou muito ansiosos. • Preparação do Paciente: obtendo sua maior cooperação e aliviando ansiedades desnecessárias. Esclarecer o Motivo e a Natureza da Avaliação Estabelecer o Contrato de Trabalho Validade da Avaliação depende de obter o melhor desempenho do paciente • Motivo do Encaminhamento: quanto mais claro, maior a probabilidade de prover informações necessárias. – Questões diagnósticas: alterações de comportamento e cognitivas sem uma etiologia conhecida – Questões descritivas : diagnóstico estabelecido e o encaminhamento é para caracterização do comportamento apresentado. 2. Processo da Avaliação: • Entrevista Clínica e Observação do Comportamento Apresentado: são os pontos principais pelos quais as avaliações irão se nortear. Entrevista neuropsicológica • Relato do paciente pode ser distorcido em relação a presença ou ausência de sintomas, sua gravidade e o tempo de evolução da doença. • PACIENTES COM BAIXO INSIGHT E DÉFICIT DE MEMÓRIA PODEM SER MAL INFORMANTES. Entrevista neuropsicológica • Presença de acompanhantes ENTREVISTA NEUROPSICOLÓGICA Nome: Prontuário: Endereço: Procedência: Natural: Telefone para contato: Sexo: Data de Nascimento: Idade: Data da Entrevista: Data ou Período da Avaliação: Encaminhado por: Motivo do Encaminhamento: Ambulatório e Médico que acompanham a paciente: Se já foi avaliado por psicólogo, especifique o tipo de atendimento e a época (datas): Escolaridade: Língua de origem e outras: Destro ou canhoto: Ocupação: Emprego atual ou último: Estado Civil: Medicamentos em uso: Entrevista • História Atual : explicitar as queixas do paciente e sua família, circunstâncias em que os problemas surgiram e a atitude do paciente perante esses problemas. Habilidades sensoriomotoras. • História médica e psicológica: adoecimentos anteriores ao atual. Uso de medicações e internações. Atendimentos psicológicos e avaliação psicológica e neuropsicológica. • História de Abuso de Substâncias. Entrevista • História Pregressa: Gestação, Parto e Nascimento. Desenvolvimento neuropsicomotor. Infância, alfabetização, histórico escolar. Histórico ocupacional. Lazer. • Histórico familiar: doenças neurológicas e psiquiátricas. • História Pessoal: casamento, filhos, moradia atual. • Estimar habilidades pregressas: personalidade prévia, histórico ocupacional e educacional, contexto social e o modo como utiliza seu tempo de lazer. Entrevista • Adaptação psicossocial e Atividades de Vida Diária. • Inventários, Escalas e Questionários: comportamento e estado emocional. • Exames recentes: exames de imagem e exame oftalmológico e auditivo. Quanto maior o número de informações coletadas antes da seleção dos testes, melhor a formulação de hipóteses específicas. Auto-aplicado: ✓Paciente ✓Acompanhante – familiar Questionário Background-Adulto (Strauss, Sherman & Spreen, 2006) Informações suplementares Informantes e documentos: • Informações educacionais; • Informações ocupacionais; • Informações jurídicas; • Informações médicas; • Informações sobre saúde mental; • Dados sobre abuso de substâncias em tratamento; • Dados militares. Observação do comportamento • Nível de consciência • Aparência geral (contato visual, modulação da fala, expressão facial, hábitos pessoais e de vestimenta). • Atividade motora (hemiplegia, tiques, relaxamento, hiper ou hipocinesia). • Humor • Grau de cooperação • Alterações na linguagem, prosodia, pensamento, julgamento e memória. Seleção dos Testes: ✓ Objetivo da Avaliação ✓ Qualidades psicométricas: ▪ Validade ▪ Precisão ✓ Parâmetros avaliativos: ▪ Sensibilidade ▪ Especificidade ✓ Dados normativos ✓ Formas paralelas ✓ Tempoe custo ✓ Uso de técnicas não padronizadas “Seleção dos testes pelo examinador depende da história, entrevista e a observação do desempenho do paciente durante a avaliação”. “Avaliação deve ser adaptada a necessidade e habilidade do paciente”. (Lezak, 2004) Seleção dos Testes: Natureza dos Testes: • Testes Construídos para Triagem de Disfunções Neuropsicológicas. Logo, pode ser acertado por todos os indivíduos saudáveis e o erro pode indicar comprometimento. Exemplo: Testes simples de apraxia. • Testes construídos para pessoas sem comprometimento neuropsicológicos. A maioria obtém um desempenho dentro da média. Um desempenho inferior a 2 DPs da média indica comprometimento, pois, 97,8% estão acima. • Seleção dos Testes: Testes organizados em Baterias : um conjunto de testes ou técnicas que possam corroborar ou refutar as hipóteses iniciais, atendendo ao objetivo da avaliação (Cunha, 2000) Baterias “Fixas” ou Padronizadas X Baterias Flexíveis ou Não Padronizadas – Baterias Padronizadas: voltadas para certo tipos de pacientes e avaliações especializadas (avaliações neuropsicológicas). Ainda assim, podem ser acrescentados testes específicos. Ex: Haltead-Reitan Battery, Luria Nebraska Neuropsychological Battery etc. – Baterias Não Padronizadas: organizadas de acordo com as questões diagnósticas, podem ser aumentadas ou diminuídas conforme a necessidade. Uso em contexto clínico. 3. Aplicação dos Testes: no mínimo de 4 hs 4. Apuração dos Resultados: deve-se considerar o tipo de resposta em vista de padrões que tenham significado neuropsicológico e inconsistências. 5. Relatório As indicações de lesão cerebral originam-se dos aspectos qualitativos( observação, tipo de resposta e análise dos erros) e quantitativos (escores) Eficiência Intelectual Atenção e Funcionamento Executivo Habilidades Viso Espaciais Habilidades Viso Construtivas Linguagem Memória Raciocínio e Abstração Propõem-se um protocolo básico de testes para a avaliação Neuropsicológica Clínica, abrangendo os seguintes domínios: Eficiência Intelectual • Utilidade de medidas de QI na avaliação neuropsicológica. Prós ✓ Evidências de precisão maior que 0,95. ✓ Predizem rendimento acadêmico e consequentemente, provável carreira profissional. Contras ✓ Escores compostos não informam o tipo de comprometimento subjacente (Lezal, 2004). Perfil do funcionamento do indivíduo áreas de áreas comprometimento preservadas Esses instrumentos são sensíveis para estimar o nível de inteligência, mas falta especificidade para compreender os motivos que levaram ao comprometimento (Rao, 1996) Eficiência Intelectual Ex: Escala de Inteligência Wechsler para Adultos – Wais III Escala Wechsler Abreviada de Inteligência - WASI Escalas de Inteligência Não-Verbal : Teste das Matrices Progresivas de Raven Testes de Rastreio Cognitivo Mini Exame do Estado Mental de Folstein ( Folstein et al, 1975 ) Modificações para o contexto brasileiro propostas por Brucki et al (2003) Testes de Rastreio Cognitivo são sensíveis, rápidos e de fácil aplicação, mas pouco específicos. BATERIAS MULTIFUNCIONAIS CONSORTIUM TO ESTABLISH A REGISTRY OF ALZHEIMER DISEASE (1986) Subtestes: ➢FLUÊNCIA VERBAL (CATEGORIA ANIMAIS) ➢TESTE DE NOMEAÇÃO DE BOSTON ( versão abreviada) – 15 figuras. ➢MEMÓRIA (APRENDIZAGEM) – Evocação imediata de uma lista de 10 palavras não-relacionadas em 3 tentativas consecutivas e ordenadas de maneira diversa. ➢PRAXIA CONSTRUTIVA – Cópia de 4 figuras (CÍRCULO, DIAMANTE, RETÂNGULOS SOBREPOSTOS E CUBO) ➢EVOCAÇÃO DA LISTA DE PALAVRAS ➢RECONHECIMENTO DA LISTA DE PALAVRAS ➢EVOCAÇÃO DA PRAXIA Baterias multifuncionais são mais específicas ao comprometimento neuropsicológico, mas não fornecem uma medida de inteligência. Atenção Prejuízos destas afetam a maioria dos domínios avaliados. Atenção: capacidade para selecionar e manter controle sobre a entrada de informações. – Seletividade: focalizar um estímulo específico e ignorar distratores. – Alternância : alternar entre um estímulo ou um conjunto de estímulos ou entre um tipo de tarefa e outro. – Sustentação/Concentração: manter um foco de atenção. Ordem Direta 2-4-7 7-2-5 3-9-1-8 1-5-3-7 9-6-2-1-5 1-8-4-6-3 Ordem Indireta 7-1 3-7 7-1-9 4-8-2 1-3-5-9 5-7-2-6 Span de Digitos – WAIS III ✓ Neuropsicologia desvantagem em se usar o escore composto das escalas Wechsler. Armazenamento de curto-prazo • OD: memória imediata • OI: memória operacional Envolvem atividades mentais distintas e são afetadas por diferentes lesões cerebrais. ✓ Informação da quantidade de informação armazenada num dado intervalo de tempo é confundida com a consistência do span atencional. Atenção • Memória Operacional – Sequência de Números e Letras – Wais III Ex : 4L71AJ – 147AJL • Atenção complexa:procura visual com um componente de velocidade e agilidade motora. – Procurar Símbolos –Wais III – Teste das Trilhas Coloridas – CTT • CTT 1 e CTT 2 tempo e erros Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade • Seis ou mais sintomas de desatenção e/ou de hiperatividade-impulsividade que persistiram por pelo menos 6 meses. • Alguns dos sintomas devem estar presentes precocemente (antes dos 12 anos). • Esses sintomas afetam pelo menos 2 contextos diferentes (por exemplo: trabalho, na vida social, na faculdade, no relacionamento conjugal ou familiar). • Esses sintomas causam prejuízos evidentes. • Esses sintomas não podem ser melhor explicados por outro transtorno mental (tal como depressão, deficiência mental, psicose etc). Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade Avaliação Neuropsicológica (ANP) • A grande heterogeneidade dos resultados de pessoas com TDAH nos testes neuropsicológicos não permite afirmar a existência de um grupo de sintomas cognitivos que possa definir um padrão neuropsicológico associado ao transtorno (Louzã et al, 2010). • McGough; Barkley (2004) avaliação neuropsicológica das funções executivas tem poder preditivo positivo ou negativo para justificar seu uso na prática clínica em adultos ou crianças. • ANP contribui para diferenciar quadros de déficits de aprendizagem específicos e rebaixamento intelectual. Além de contribuir para orientar sobre fraquezas e forças individuais do indivíduo com TDAH. Funções Executivas: Prejuízos destas afetam a maioria dos domínios avaliados. “Como” determinado comportamento se apresenta. As funções executivas fazem parte dos comportamentos humanos mais complexos e são intrinsecas a habilidade para responder de maneira adaptada a situações novas e também a base para muitas habilidades cognitivas, emocionais e sociais (Lezak, 2004). ➢ Formular objetivos e conceitos, Motivação, Planejamento, Insight, Abstração, Manipular conhecimentos e Flexibilidade mental. Lobo Frontal, no entanto, lesões em outras áreas corticais e subcorticais podem comprometer o funcionamento executivo. ✓ Anoxia, Psicose de Korsakoff, Doença de Parkinson, Esclerose Múltipla e outras O comprometimento discreto dessas funções pode passar despercebido durante a avaliação neuropsicológica, por ser estruturada e dirigida pelo examinador, não exigindo habilidades de planejamento e adaptação a situações sociais Funções Executivas Teste de Classificação de Cartas de Winconsin ✓ Flexibilidade Mental ✓ Abstração Visoespacial Teste dos Cinco Dígitos – FDT ✓ Flexibilidade mental ✓ Controle inibitório Figuras Complexas de Rey cópia ✓ Organização visoespacial Avaliação neuropsicológica nem sempre obtém resultados que condizem com o comportamento do paciente.✓ Considerando a perda de insight recorrer ao relato de terceiros. ENTREVISTA CLÍNICA: roteiros estruturados de entrevista – Inventário de Comportamento Frontal (FBI, Kertesz, 1997). OBSERVAÇÃO COMPORTAMENTAL : situações de vida real em contextos específicos. ESCALAS DE AVALIAÇÃO Disfunção Executiva • Phineas P. Gage, 25 anos, capataz da construção civil. • No verão de 1848 enquanto trabalhava no assentamento de trilhos de uma estrada de ferro sofre um acidente – uma explosão – “uma barra de ferro entra pela face esquerda de Gage, trespassa a base do crânio, atravessa a parte anterior do cérebro e sai a alta velocidade pelo topo da cabeça” Damasio, 1996*. * Damasio, A.R. O Erro de Descartes. Emoção, Razão e o Cérebro Humano. São Paulo: Companhia das Letras, 1996. “A lesão comprometeu sobretudo os córtices pré-frontais nas superfícies ventral e interna de ambos os hemisférios, preservando os aspectos laterais, ou externos, dos referidos córtices” Damasio, 1996. Região ventromediana do lobo frontal Phineas Gage • Após a explosão – foi jogado ao chão a 30 metros de distancia. • Imediatamente após: atordoado, silencioso, mas consciente • Logo após: falava, caminhava e permanecia coerente Infeccão – febre - abcesso • 20 dias após o acidente: (após a fase crítica da lesão) – Tocar, ouvir e sentir, sem paralisia (membros e língua). – Perdeu a visão OE, mas OD estava perfeita. – Caminhava nl e tinha destreza nas mãos. – Fala e linguagem sem dificuldades. Phineas Gage • Alterações: – Caprichoso e irreverente. – Linguagem tornou-se obscena. – Pouca deferência com os colegas. – Impaciente, principalmente se contrariado. – Fazia planos que eram concebidos e logo, abandonados. – Obstinado e por vezes, vascilante e caprichoso. – Comportamento de colecionador Alterações de Personalidade “Gage deixou de ser Gage” Comportamento ✓ Capacidade de antecipar o futuro e de elaborar planos de acordo com a antecipação do contexto de um ambiente social complexo; ✓ A responsabilidade perante si próprio e os outros; ✓ A capacidade de orquestrar deliberadamente sua própria sobrevivência sob o comando do livre-arbítrio. Damásio (1996) Dificuldades: Funções Executivas Habilidades Viso - Espaciais Triagem para avaliar acuidade visual e habilidades visomotoras, pois interferem nos escores dos testes. ✓ posição, orientação e direção de estímulos no espaço, imaginar a configuração espacial de estímulos parcialmente visíveis, imaginar um estímulo a partir de diferentes perspectivas e orientação e analisar o arranjo espacial e as relações recíprocas que compõem um modelo. Completar Figuras-Wais III Heminegligência de Linhas – Neupsilin Verificação de igualdades e diferenças de linhas Percepção de faces Reconhecimento de faces Inatenção Visual ( Negligência visual) Uma das maiores síndromes perceptivas, lesões cerebrais focais. Lobo parietal direito ✓ Fase aguda do AVC e TC Consiste na diminuição ou ausência da percepção de um estímulo num dos lados do espaço dessa pessoa com sistema sensorial intacto. Inatenção Visual ( Negligência visual) Habilidades Viso-Construtivas Atividades formativas – montar, construir e desenhar - modelo mental, imaginado ou real. Atividade perceptual motora complexa Lobos occipital, parietal e frontal. Teste do Desenho do Relógio - TDR Construção Cubos- Wais III Armar Objetos- Wais III Desenho Livre Cópia Teste Gestáltico Visomotor de Bender Figura Complexa Rey cópia Habilidades Viso-Construtivas Fenômeno de “Closing in” na DA • Apraxia construtiva: inabilidade ou dificuldade para construir, montar e desenhar objetos. ✓ Preservação na compreensão. ✓ Preservação das habilidades motoras. ✓ Motivado para com a tarefa. • Lesões à esquerda (AVC): preserva a estrutura da figuras, simplifica detalhes ou os omite nas tarefas de memória. • Lesões à direita (AVC): não mantém a estrutura da figura, perda das relações espaciais (transpostos para diferentes posições ou orientações), desenhos por justaposição de detalhes, desenhos assimétricos, distorcidos e heminegligência. • Demências: pode aparecer como sintomas inicial ou com a progressão da Doença de Alzheimer. Linguagem Estudos das afasias – correlatos anatomo-clínicos – Hemisfério Esquerdo como dominante para linguagem em destros. A avaliação de distúrbios de linguagem requer: Fala Espontânea Repetição Compreensão Nomeação Leitura e Escrita Nomeação Fala Espontânea Compreensão Bateria Neuropsicológica – Neupsilin -Linguagem oral - Linguagem escrita Vocabulário – Wais III Fluência Verbal – FAS e animais Leitura, Escrita e Cálculo Pacientes afásicos são agrupados de acordo com a principal desordem na linguagem: Fala Compreensão Repetição Broca´s Não fluente, fala escassa com esforço, melodia monótona. + - Wernicke´s Fluente, fala abundante, bem articulada, melodica - - Condução Fluente com alguns defeitos articulatórios + - Global Fala escassa, monossilábica e estereotipada - - Damasio, Damasio, 2000 Memória Sistemas Sensoriais Visual Auditivo Somatosentorial Armazenamento Temporário Memória de Curta-Duração/ Memória Primária / Memória Operacional Testes: Digit Span / Lista de Palavras de 3 a 4. Armazenamento Permanente Memória de Longa-Duração / Memória Secundária / Memória Recente e Remota / Memória Episódica e Semântica Testes: Lista de Palavras ( + de 7) / Evocação Tardia / Figura Complexa Memória Lesões cerebrais focais ou difusas acarretam perdas na memória Encefalite herpética, Hipoxia, TCE, Doenças Neurológicas Degenerativas, Esclerose Múltipla, Coréia de Huntington e Síndrome de Korsakoff. Na maior parte das lesões cerebrais a memória para informações pregressas a injúria são relativamente preservadas quando comparada com a aprendizagem de novos conteúdos Escala de Memória de Wechsler, Teste da Aprendizagem Auditivo-Verbal de Rey, Figura Complexa de Rey Avaliação da Memória: MEMÓRIA EPISÓDICA DECLARATIVA AQUISIÇÃO- ARMAZENAMENTO- EVOCAÇÃO TESTES ESPECÍFICOS PARA CONTEÚDOS VERBAIS E VISO ESPACIAIS Memória Figura Complexa de Rey – Cópia de um homem com 23 anos, com queixa de dificuldade sociais, emocionais e de aprendizagem ao longo da vida, com QI verbal dentro da normalidade. Lentidão e falta de destreza dos membros esquerdos no desempenho de testes motores sugeriram lesão precoce ao hemisfério cerebral direito Síndromes Clássicas de Amnésia no Sistema Límbico • Caso HM (Scovile e Milner, 1950): Lesão no Lobo Temporal Medial. – Tratamento de crises epiléticas intratáveis. – 01 de Setembro de 1953: ressecção bilateral da parte anterior do lobo temporal medial. Caso HM Esquerdo: HM / Direito: homem de 66 anos Amígdala e Córtex entorrinal severamente comprometidos Córtex Transentorrial relativamente preservado Formação hipocampal lesão bilateral junto com cortex entorrinal. Cortéx perrinal relativamente preservado. Formação hipocampal e parte do cortex entorrinal ausente. Memória – HM 23 anos, destro e inteligência normal (QI acima de 100). – Após cirurgia: diminuição na frequência de crises e possibilitou o controle com medicamento. – NO ENTANTO, HM perdeu a habilidade para formar novas memórias que fossem estáveis ao longo do tempo. Caso HM • Incapaz de reter datas e se manter orientado no tempo. • Incapaz de manter eventos e acontecimentos a respeito do mundo e da sua própria vida. “Every day is alone, whatever enjoyment I´ve had, and whatever sorrow I´vehad” (HM, pg 217) • POR OUTRO LADO, habilidades sociais adequadas e preservação na expressão verbal. • Inteligência (QI) nl • Memória operacional nl • Leitura, Escrita e Cálculo nl • Memória autobiográfia retrógrada nl, exceto para fatos que ocorreram um ano antes da cirurgia. Caso HM • Memória episódica anterógrada: comprometimento severo. • Lembrava de poucos fragmentos de novas informações Ex: assassinato do presidente Kennedy. • Capaz de reter e adquirir certos tipos de informações dentro de condições especiais de apresentação e evocação de estímulos e capaz de ter aprendizado implícito: aprendizagem de habilidades, priming e condicionamento. Raciocínio e Abstração Interpretação de Provérbios: construção de princípios gerais através de exemplos concretos. Semelhanças: abstração de atributos comuns a objetos aparentemente diferentes. Medidas não-verbais A maioria dos testes neuropsicológicos requer a formação de conceitos. Wais- III : Compreensão, Aritmética, Arranjo de Figuras, Semelhanças, Cubos e outros Referências • Brucki, SMD., Magaldi, RM., Morillo, LS. Demências Enfoque Multidisciplinar das Bases Fisiopatológicas ao Diagnóstico e Tratamento. São Paulo: Editora Atheneu, 2011. • Teixeira, AL., Caramelli, P. Neurologia Cognitiva e do Comportamento. Revinter, 2011. • Kandel, ER., Schwartz, JH., Jessel, TM. Fundamentos da Neurociência e do Comportamento. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2000, 591 p. • Lezak, MD., Howieson, DB., Loring, DW. Neuropsychological Assessment. 4 Ed. New York: Oxford University Press, 2004. • Miotto, EC. Neuropsicologia: Conceitos Fundamentais. In: Miotto, EC., de Lucia, MCS., Scaff, M. Neuropsicologia e as Interfaces com as Neurociências. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2007. • Strauss, E., Sherman, EMS., Spreen, O. A Compandium of Neuropsychological Tests: Administration, Norms and Commentary. 3a. Ed. New York: Oxford University Press, 2006. OBRIGADA!!! mpfoss@gmail.com
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