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RESPONSABILIDADECIVIL02

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UNIVERSIDADE PAULISTA 
	
  
	
  
PAULO AUGUSTO TIAGO SEIXAS 
 
 
	
  
	
  
	
  
	
  
	
  
	
  
RESPONSABILIDADE CIVIL NO TRANSPORTE DE PESSOAS	
  
	
  
	
  
	
  
	
  
	
  
	
  
	
  
	
  
	
  
	
  
	
  
	
  
	
  
	
  
SÃO PAULO	
  
2014	
  
	
  
	
  
	
  
PAULO AUGUSTO TIAGO SEIXAS 
	
  
	
  
 
 
	
  
	
  
	
  
RESPONSABILIDADE CIVIL NO TRANSPORTE DE PESSOAS	
  
	
  
	
  
Trabalho de conclusão de curso para 
obtenção do título de graduação em 
Direito apresentado à Universidade 
Paulista – UNIP.	
  
	
  
Orientador: Prof. Nehemias Melo	
  
	
  
	
  
	
  
	
  
	
  
	
  
	
  
	
  
SÃO PAULO	
  
2014	
  
	
  
	
  
PAULO AUGUSTO TIAGO SEIXAS 
	
  
	
  
 
 
	
  
	
  
	
  
RESPONSABILIDADE CIVIL NO TRANSPORTE DE PESSOAS	
  
	
  
	
  
Trabalho de conclusão de curso para 
obtenção do título de graduação em 
Direito apresentado à Universidade 
Paulista – UNIP.	
  
	
  
	
  
	
  
Aprovado em: ____/____/____	
  
	
  
	
  
BANCA EXAMINADORA	
  
	
  
___________________________ ___/___/___	
  
Professor Nehemias Melo	
  
	
  
___________________________ ___/___/___	
  
Professor Glauco Bauab Boschi 
 
	
  
AGRADECIMENTOS	
  
	
  
 Agradeço, em primeiro lugar, ao UNIVERSO, por ser a razão de tudo e a 
fonte de inspiração e sabedoria dos humildes.	
  
 Aos meus pais, Fernando e Lurdes, por todo suporte que sempre dedicaram a 
mim, tendo sido capazes me incutir valores os quais, orgulhosamente, me apego e 
busco passar adiante nesta áspera jornada.	
  
 À minha querida esposa, Andréa, por todo estímulo, apoio e companheirismo, 
sem os quais, eu jamais teria obtido sucesso neste desafio chamado graduação.	
  
Por fim, agradeço a todos os mestres que me mostraram o caminho a ser 
seguido, ressalte-se, com o desprendimento típico dos sábios, pois a superação de 
tantos obstáculos que, ao longo desta preparação se apresentaram, não seria 
possível sem o conhecimento deles herdado.	
  
	
  
	
   	
  
	
  
	
  
	
  
	
  
	
  
	
  
	
  
	
  
	
  
	
  
	
  
	
  
	
  
	
  
	
  
	
  
	
  
	
  
	
  
	
  
	
  
	
  
	
  
	
  
	
  
	
  
	
  
“O mais competente não discute, domina 
a sua ciência e cala-se.”	
  
	
  
(Voltaire) 
	
  
RESUMO 
 
As relações entre consumidores e prestadores de serviços mereceram, por parte do 
ordenamento pátrio, especial atenção, justamente para que aqueles que detém o 
meio específico para sua prestação não se sintam estimulados a violar os direitos 
daqueles que com eles celebram contratos. Assim, o instituto da responsabilidade 
civil na seara consumerista presta-se a dois propósitos, dissuadir o fornecedor à 
prática de ilícitos, bem como, buscar restaurar a condição anterior ao evento danoso 
a que foi exposto o consumidor. Com relação ao transporte de pessoas, visto se 
tratar de uma relação de consumo, prevê o nosso sistema jurídico uma série de 
regras tendentes à estabilização dessas relações, imputando, em regra, 
responsabilidade objetiva ao prestador de serviços e estabelecendo as condições 
em que este poderá se abster de indenizar. 	
  
 
Palavras chave: Responsabilidade Civil. Transportes. Pessoas. 
	
  
ABSTRACT 
 
The relationship between consumers and service providers have earned, by the 
Brazilian laws, special attention, precisely so that those who have the specific means 
for their delivery will not feel encouraged to violate the rights of those who enter into 
contracts with them. Thus, the institution of civil responsibility in a consumerist 
context have two purposes: prevent the illegal practice of the supplier as well, 
restoration of the previous condition. With respect to the people transportation, as 
this is a consumer relationship, our legal system provides a series of rules aimed at 
stabilizing these relationships, establishing strict liability to the service provider and 
determining the conditions under which it may refrain to indemnify. 
 
Keywords: Civil Liability. Transport. People. 
	
  
SUMÁRIO 
	
  
INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 1 
	
  
1 HISTÓRIA DOS TRANSPORTES .......................................................................... 3 
1.1. Dos Animais às Máquinas .................................................................................... 3 
1.2. O Trem .................................................................................................................. 3 
1.3. O Automóvel ......................................................................................................... 4 
1.4. Sobre Duas Rodas ................................................................................................ 4 
1.5. O Sonho de Voar .................................................................................................. 5 
	
  
2. ETIMOLOGIA, ELEMENTOS E ESTATÍSTICAS .................................................. 7 
	
  
3. RESPONSABILIDADE CIVIL ................................................................................ 9 
3.1. Origem da Responsabilidade Civil ........................................................................ 9 
3.2. Desígnio da Responsabilidade Civil ................................................................... 11 
3.3. Elementos da Responsabilidade Civil ................................................................. 12 
3.4. Responsabilidade Civil Contratual e Extracontratual .......................................... 14 
3.5. Responsabilidade Subjetiva ................................................................................ 15 
3.6. Responsabilidade Objetiva ................................................................................. 17 
	
  
4. O CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR .................................................... 19 
4.1. Teoria do Risco ................................................................................................... 19 
4.2. A Responsabilidade Civil do Transportador à Luz do CDC ................................ 21 
4.2.1. Ausência de Defeito na Prestação do Serviço ................................................. 22 
4.2.2. Culpa Exclusiva do Consumidor ou de Terceiro .............................................. 23 
	
  
5. CÓDIGO CIVIL .................................................................................................... 24 
5.1. Contrato de Transporte ....................................................................................... 24 
5.2. Contrato de Transporte de Pessoas ................................................................... 25 
5.2.1. Caso Fortuito ou Força Maior .......................................................................... 26 
5.2.2. Culpa Concorrente ........................................................................................... 27 
5.2.3. Culpa de Terceiro ............................................................................................ 28 
5.2.4. Transporte Gratuito .......................................................................................... 30 
5.2.5. Passageiro Clandestino ................................................................................... 31 
	
  
6. ALGUMAS PECULIARIDADES INERENTES A CERTAS MODALIDADES ...... 32 
6.1. Transporte Aéreo ................................................................................................ 32 
6.1.1. Internacional ....................................................................................................32 
6.1.2. Nacional ou Doméstico .................................................................................... 33 
6.2. Transporte Marítimo ............................................................................................ 33 
	
  
CONCLUSÃO ............................................................................................................ 34 
	
  
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 36 
	
  
	
  
	
  
1	
  
	
  
RESPONSABILIDADE CIVIL NO TRANSPORTE DE PASSAGEIROS	
  
	
  
INTRODUÇÃO 
	
  
	
   Este trabalho de graduação tem por objetivo analisar a responsabilidade civil 
do prestador de serviços, mais especificamente, no tocante ao transporte de 
pessoas.	
  
 Cumpre, a esta altura, observar que o foco deste trabalho é a 
responsabilidade civil do transportador em relação aos passageiros, já que o tema é 
bastante dilatado e pode alcançar, ainda, empregados e terceiros. É isso que ensina 
o Mestre Carlos Roberto Gonçalves em sua brilhante obra “Responsabilidade Civil”:	
  
A responsabilidade do transportador pode ser apreciada em relação aos 
seus empregados, em relação a terceiros e em relação aos passageiros. 
(GONÇALVES, 2012, p. 431)	
  
	
  
 Obviamente, uma vez que o tema possui tal dimensão, não há a pretensão de 
esgotá-lo nesta obra, todavia, os principais aspectos relacionados ao assunto serão 
abordados de forma sistemática e independente, porém, não excludente.	
  
 O aspecto histórico, entenda-se, a evolução dos transportes e suas origens, 
importante para a introdução do tema, será, ainda que de forma bastante sintética, 
abraçado por esta monografia no intuito de, com vênia para o trocadilho, conduzir o 
leitor ao assunto e, dessa forma, tornar mais fluida e agradável a sua análise ante a 
importância que esta matéria possui.	
  
 Antes de adentrarmos ao tema propriamente dito, será necessário o estudo 
do instituto “responsabilidade civil”. Através desse estudo, será possível entender 
qual é a sua origem, sua função, elementos e a forma como se apresenta no tocante 
ao fato gerador, seja ele contratual ou extracontratual e, ainda, as suas formas 
objetiva e subjetiva, além da previsão legal a tanto pertinente.	
  
 Uma vez que este trabalho está direcionado ao estudo da responsabilidade 
civil no transporte de pessoas, evidente que não se poderá deixar de abordar a 
2	
  
	
  
relação existente entre transportador e transportado, qual seja, a de consumo e, em 
razão disso, analisar a previsão normativa do Código de Defesa do Consumidor em 
relação ao tema.	
  
 Após o enfrentamento do tema supra, será o momento de analisarmos o 
contrato de transporte com base no Novo Código Civil de 2002 para, em seguida, 
estudarmos o contrato de transporte de pessoas propriamente dito sob a luz do 
mesmo Diploma 
3	
  
	
  
1. HISTÓRIA DOS TRANSPORTES 
	
  
1.1. Dos Animais às Máquinas 
	
  
 Parece que não há como se negar que a domesticação de animais representa 
o ponto inicial na história dos transportes da forma como entendemos, sejam eles de 
carga ou de pessoas. A invenção da roda ganha ares de “upgrade” nessa equação, 
fazendo surgir carroças tracionadas por animais como cavalos e bois. 
Posteriormente, com a invenção da máquina a vapor, do motor à explosão ou 
mesmo do motor elétrico, o transporte passou a ser realizado por trens, ônibus, 
automóveis, entre outros.	
  
	
  
1.2. O Trem 
	
  
 É comum se atribuir ao jesuíta belga Ferdinand Verbiest o pioneirismo no 
desenvolvimento do trem por idealizar, em 1678 (antes da Revolução Industrial, 
portanto), em Pequim, uma máquina auto-propulsora a vapor. Posteriormente, em 
1769, 91 anos depois, portanto, Joseph Cugnot, militar francês, construiu em Paris 
uma máquina a vapor para o transporte de munições.	
  
 Após diversas tentativas frustradas, o engenheiro inglês Richard Trevithick, 
em 1804, logrou certo êxito ao construir uma locomotiva a vapor capaz de tracionar 
cinco vagões transportando um total de dez toneladas e setenta passageiros a uma 
velocidade de 8 quilômetros por hora. Por ser fabricada de ferro fundido era, 
obviamente, muito pesada e sobrecarregava o "sistema" férreo daquela época, além 
do mais, suas constantes avarias acabariam por encurtar a sua história. Contudo, o 
pioneirismo desses homens, apesar dos percalços, não pode jamais ser esquecido, 
esses foram os primeiros passos em direção à implantação de um dos mais 
eficientes meios de transporte como hoje conhecemos.	
  
 
	
   	
  
4	
  
	
  
 
1.3. O Automóvel 
	
  
 Indiscutivelmente, o automóvel é um dos mais utilizados meios de transporte 
em todo o mundo. Em todas as categorias, dos mais populares aos mais luxuosos, 
as evoluções tecnológicas, por óbvio, se fazem presentes em se comparando ao 
que existia em seu momento inaugural. Melhores técnicas construtivas, melhores 
motores, aumento de segurança e economia de combustíveis são alguns dos 
exemplos do desenvolvimento desse sempre presente meio de transporte. Em 
nosso país, o automóvel surgiu há, aproximadamente, cem anos.	
  
 Pode não parecer, mas o Brasil está entre os primeiros países a construir um 
protótipo de automóvel. Em 1919, a Ford montava o lendário "Ford T" em São Paulo. 
Em 1925, a Chevrolet construiu o modelo vulgarmente conhecido por "Cabeça de 
Cavalo". Ressalte-se, contudo, que esses automóveis não se destinavam ao 
mercado interno, portanto, nem chegaram a ser comercializados, à essa época, no 
Brasil. Na data de 31 de março de 1952, o engenheiro naval, comandante Lúcio 
Meira, presidente da Comissão de Desenvolvimento Industrial (CDI), realizou a 
instalação da "Subcomissão de Jipes, Tratores, Caminhões e Automóveis". 
Finalmente, em novembro de 1957, começaram a circular pelas ruas brasileiras os 
primeiros carros fabricados no Brasil.	
  
	
  
1.4. Sobre Duas Rodas 
	
  
	
   Os primeiros traços da existência da bicicleta tal como a conhecemos hoje, 
ocorreram em projetos do gênio italiano Leonardo da Vinci, por volta de 1490. Na 
China a invenção da bicicleta é atribuída ao antigo inventor chinês Lu Ban, nascido 
há mais de 2.500 anos. Em 1680, Stephan Farffler, um alemão construtor de 
relógios, projetou e construiu algumas cadeiras de rodas tracionadas por propulsão 
manual através de manivelas, mas o certo é que o alemão Barão Karl von Drais 
pode ser considerado o inventor da bicicleta, pois, em 1817 “incrementou” um 
artefato chamado celerífero, desenvolvido pelo Conde de Sivrac em 1780. O 
5	
  
	
  
celerífero era construído de madeira com duas rodas interligadas por uma viga e um 
suporte para o apoio das mãos e destinava-se apenas a tração utilizando-se dos pés 
quando o "velocipedista" postava-se na viga de madeira. O Barão Drais instalou no 
celerífero um sistema de direção - o guidão - que permitia fazer curvas, e com isto, 
manter o equilíbrio da bicicleta quando em movimento, além de um rudimentar 
sistema de frenagem. O sucesso foi tanto que, em abril de 1818, o próprio Barão 
Drais apresenta seu invento no parque de Luxemburgo, em Paris, e meses mais 
tarde faz o trajeto Beaune - Dijon, na França. Drais patenteou a novidade em 12 de 
janeiro de 1818 em Baden, Paris e outras cidades europeias. Mesmo sendo um 
avanço para a época, seu "produto" não tornou-se popular e o Barão foi 
ridicularizado e seu projeto o tornou um homem falido. De qualquer forma, estava 
delineado o que hoje conhecemos como bicicleta, um dos mais populares meios de 
transporte do mundo.	
  
 Com o desenvolvimento dos motores à explosão, e sua consequente 
compactação, estes passarama ser instalados nas bicicletas. Surgem, dessa 
maneira, as primeiras motocicletas. Atualmente, por óbvio, muito mais 
desenvolvidas, dividem o espaço das ruas e estradas com outros meios de 
transporte.	
  
	
  
1.5. O Sonho de Voar 
	
  
 O sonho de voar remonta, para o ser humano, desde a pré-história. Muitas 
lendas, crenças e mitos da antiguidade envolvem ou possuem fatos relacionados 
com o voo, como a lenda grega de Ícaro. Leonardo da Vinci, entre outros inventores 
visionários, desenhou um avião, no século XV. Com o primeiro voo feito pelo homem 
(Jean-François Pilâtre de Rozier e François Laurent d'Arlandes) num aeróstato 
(aeronave mais leve que o ar), um balão, o maior desafio tornou-se a criação de um 
aerodino (máquina mais pesada do que o ar), capaz de alçar voo por meios próprios.	
  
 Anos de pesquisas por muitas pessoas ávidas do tão sonhado voo 
produziram resultados fracos e lentos, mas contínuos. Em 28 de agosto de 1883, 
John Joseph Montgomery tornou-se a primeira pessoa a fazer um voo controlado em 
6	
  
	
  
uma máquina mais pesada do que o ar, em um planador. Outros aviadores que 
fizeram voos semelhantes naquela época foram Otto Lilienthal, Percy Pilcher e 
Octave Chanute.	
  
 No começo do século XX, o primeiro voo numa máquina mais pesada do que 
o ar, capaz de gerar a potência e sustentação necessária por si mesmo, foi 
realizado. Porém, isto é um fato polêmico, já que Santos Dumont é creditado no 
Brasil como o responsável pelo primeiro voo num avião, enquanto que na maior 
parte do mundo, o crédito à invenção do avião é dado aos irmãos Wilbur e Orville 
Wright, de origem norte-americana, sendo a exceção a França, onde o crédito é 
dado a Clément Ader; os voos deste, efetuados em 9 de Outubro de 1890, no 
entanto são ignorados pelo resto do mundo por terem sido realizados em segredo 
militar e só revelados muitos anos depois. É curioso notar que, apesar de não ser 
reconhecido como o pai da aviação, o nome dado por Ader à sua invenção, "avion" 
(avião, em francês), é usado em todas as línguas latinas para designar o aparelho 
mais pesado que o ar.	
  
	
  
	
   	
  
7	
  
	
  
2. ETIMOLOGIA, ELEMENTOS E ESTATÍSTICAS 
	
  
 A etimologia da palavra "transporte" nos revela sua raiz no Latim. Trata-se da 
junção de dois termos: trans, que significa "através" e portare, que significa 
"carregar"1. Em definição, e de forma sintética, pode-se então dizer que transporte é 
o movimento de pessoas ou coisas de uma parte a outra. Dividem-se, basicamente, 
entre públicos e privados, ou seja, enquanto aqueles destinam-se a um 
indeterminado número de indivíduos, e podem ser prestados pelo poder público ou 
de forma particular, estes possuem alcance restrito a alguns, em regra, seus 
proprietários.	
  
 Três elementos fundamentais compõem qualquer sistema de transportes:	
  
● Infraestrutura; 
○ A infraestrutura é representada pela "malha" de transportes e compõe-
se de rodovias, ferrovias, hidrovias, aerovias e etc. 
● Veículos; 
○ Os veículos constituem o elemento que se utiliza da infraestrutura para 
o desempenho da atividade de transporte, ou seja, de maneira 
exemplificada, os automóveis e os ônibus dependem das ruas e 
estradas, os trens das ferrovias e os aviões e helicópteros, das 
aerovias. 
● Operação. 
○ Por operação se entende a forma como os veículos se utilizam da 
infraestrutura. É preciso regular o seu uso, e isso é feito através de 
normatização legal. 
 Podemos, portanto, dividir os meios de transporte da seguinte forma:	
  
● Terrestres: Carros, ônibus, trens, etc.;	
  
● Aquáticos: Navios, balsas, barcos, etc.;	
  
● Aéreos: Aviões, helicópteros, balões, etc.;	
  
● Tubulares: Gasodutos, oleodutos, etc..	
  
	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  
1 Fonte: <http://origemdapalavra.com.br/site/palavras/transporte/>. Acessado em 24/07/2014.	
  
8	
  
	
  
 Estatística de utilização dos diversos tipos de transportes por passageiros no 
Brasil (2006)2:	
  
Posição	
   Tipo	
   Representa	
  
1º	
   Rodoviário	
   96,2%	
  
2º	
   Aquaviário	
   2,12%	
  
3º	
   Ferroviário	
   1,37%	
  
4º	
   Aéreo	
   0,31%	
  
 
 
 
 
	
   	
  
	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  
2 Fonte: Confederação Nacional dos Transportes. Disponível em: 
<http://www.sistemacnt.org.br/informacoes/pesquisas/atlas/2006/index.htm> Acessado em 
23/06/2014.	
  
9	
  
	
  
3. RESPONSABILIDADE CIVIL 
	
  
3.1. Origem da Responsabilidade Civil 
	
  
 O início da vida do homem em sociedade parece coincidir com o encetamento 
do conceito de responsabilidade civil. Ao que se sabe, contudo, àquela altura, a 
responsabilidade extravasava o âmbito patrimonial. Com impacto na esfera pessoal, 
o indivíduo era levado a honrar as suas obrigações com o próprio corpo, daí, ainda, 
a idéia de prisão civil, ressalte-se, de há muito ultrapassada.	
  
 A forma de resolução de conflitos, à época, estava adstrita à vingança 
privada, em verdade, tratava-se do exercício da autotutela. É fato que o direito 
estava intrinsecamente relacionado com a força, assim, aquele, ou aqueles que a 
detinham, eram capazes de subjugar os menos privilegiados. O termo "força" deve 
ser entendido em sentido lato, ou seja, extravasa o âmbito físico e envolvia até 
mesmo a maior adaptação ao ambiente social ou, ainda, o aspecto financeiro.	
  
 A Lei de talião3 (aprox. 1780 a.C.) é um dos primeiros documentos normativos 
a regular a matéria em comento, verificada no Cógido de Hamurabi4, no reino da 
Babilônia, visava a reparação do dano experimentado por intermédio de outra 
conduta danosa e proporcional em resposta, é o que se convencionou chamar de 
"olho por olho, dente por dente".	
  
 A autocomposição, com a criação da Lei das Doze Tábuas (450 a.C.), vinha 
prevista já na Tábua de nº 1, e representava enorme avanço em direção à solução 
ideal de conflitos.5	
  
 Pertinente, neste momento, contudo, uma observação a respeito da Tábua de 
nº 1. Pese a “previsão normativa” da autocomposição, a expressar inexorável 
avanço, fato é que, no mesmo conjunto normativo, de forma contrastante, restava 
	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  
3	
  Do Latim, talionis: Como tal, idêntico.	
  
4 WIKIPÉDIA. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Lei_de_talião>. Acessado em 23/07/2014.	
  
5 WIKIPÉDIA. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Lei_das_Doze_Tábuas>. Acessado em 
24/07/2014.	
  
10	
  
	
  
ainda contemplada a responsabilidade corpórea, ou seja, persistia a possibilidade do 
devedor responder com seu corpo pelas suas obrigações inadimplidas. Em suma, o 
devedor que, citado, não comparecesse em juízo, poderia ser capturado pelo credor 
que passaria a se servir daquele ou, até mesmo, poderia vendê-lo pelo valor do 
débito. Se houvesse mais de um credor, havia a absurda possibilidade de se 
fracionar o corpo do inadimplente em quantas partes fossem os credores, não 
importando se cada credor ficasse com um “pouquinhoa mais ou a menos” nessa 
divisão.	
  
 Mais adiante, a arbitragem, seja de forma privada ou pública, passou a 
representar um óbice importante ao exercício arbitrário das próprias razões. Buscou-
se, com isso, minimizar os conflitos interfamiliares romanos e estabelecer uma 
justiça integrativa das vontades exercida por uma autoridade a tanto competente. 
Em síntese, não mais competia à vítima a busca pela reparação por intermédio da 
vingança, mas sim, a resignação com o quanto disposto em lei e aplicado pela 
autoridade competente para isso, qual seja, o juiz.	
  
 Posteriormente, em torno do ano 286 a.C., mas ainda em Roma, começa-se 
admitir a necessidade da culpa como requisito para a indenização pelos danos 
suportados e, dessa forma, a proporcionalidade entre agravo e reparação começa a 
se delinear. Tem-se, a partir daí, o surgimento do conceito da responsabilidade 
subjetiva.	
  
 O Código Civil Francês de 1804 (Código Napoleônico) em seu artigo 1.382, 
consagrou a responsabilidade civil subjetiva:	
  
1382. Tout fait quelconque de l’homme, qui cause à autrui um dommage, 
oblige celui par la faute duquel il est arrivé, à le réparer. (Qualquer fato 
oriundo daquele que provoca um dano a outrem obriga aquele que foi a 
causa do que ocorreu a reparar este dano)6	
  
	
  
	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  
6 Stoco, Rui. Responsabilidade Civil no Código Civil Francês e no Código Civil Brasileiro. 
Disponível em: <http://www.buscalegis.ufsc.br/revistas/files/anexos/9704-9703-1-PB.pdf>. Acessado 
em 30/07/2014.	
  
	
  
11	
  
	
  
 Após a Revolução Industrial, a aferição do elemento culpa começa a se 
tornar cada vez mais difícil, ainda mais quando se tem em mente a utilização de 
novas tecnologias, como a máquina a vapor, e os riscos daí decorrentes. Assim 
sendo, ainda que a culpa representasse elemento subjetivo determinante para a 
responsabilização do causador do dano, esta tornava-se, paulatinamente, 
verdadeiro óbice ao exercício do jurisdictio7. Ao final do séc. XIX, então, certas 
decisões jurídicas passaram a ser tomadas deixando-se o elemento culpa de lado. 
Assim, doutrina e jurisprudência, ao deixarem de analisar, por entenderem 
desnecessária, em certos casos, a prova da culpa do agente, inauguram o conceito 
da responsabilidade objetiva, hodiernamente aplicado de maneira profusa.	
  
 Por corolário, a responsabilidade objetiva carrega em seu bojo, como se fosse 
seu “DNA”, a teoria do risco. Tal teoria, decorrente do aperfeiçoamento dos 
dispositivos protetivos trabalhistas, propõe que, aquele que sofreu determinado 
dano, pelo elevado grau de dificuldade de provar a culpa do causador do mal, 
adquire, contra o ofensor, direito de ser indenizado por tal acontecimento. Assim 
sendo, o causador do dano assume, em função da atividade que desenvolve, os 
riscos a tanto inerentes, devendo, portanto, prestar reparação civil àquele que sofreu 
com sua ação/omissão.	
  
	
  
3.2. Desígnio da Responsabilidade Civil 
	
  
 Hodiernamente, debate-se sobre qual seria a função, ou quais seriam as 
funções, da responsabilidade civil. Resta incontroverso o fato, ao menos na opinião 
da maior parcela da doutrina, do escopo compensatório ou reparador da medida, no 
intuito de se restabelecer a condição, na medida do possível, ao estado anterior ao 
dano, o statu quo ante. Não se pode olvidar, contudo, de outras funções a que se 
presta o instituto.	
  
 A função punitiva do causador do dano é, sem dúvida, um segundo viés que 
não se pode desconsiderar. Tem-se que tal função possui o objetivo de dissuadir o 
	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  
7 Ato de dizer o direito, jurisdição.	
  
12	
  
	
  
agente à prática de novas condutas ilícitas ou mesmo impedir a continuidade da que 
se faz presente. 	
  
O mestre Carlos Roberto Gonçalves assim ensina:	
  
	
  
É de salientar que o ressarcimento do dano material ou patrimonial tem, 
igualmente, natureza sancionatória indireta, servindo para desestimular o 
ofensor à repetição do ato, sabendo que terá de responder pelos prejuízos 
que causar a terceiros. O caráter punitivo é meramente reflexo, ou indireto: 
o autor do dano sofrerá um desfalque patrimonial que poderá desestimular a 
reiteração da conduta lesiva. (GONÇALVES, 2012, p. 849)	
  
	
  
 Pode-se ainda observar uma terceira função, que deflui, de forma indireta, da 
punitiva ou sancionadora, qual seja, a sócio-educativa, é dizer, seus efeitos não se 
restringem ao causador do dano, mas a toda sociedade, como uma espécie de 
advertência para a reprovabilidade de determinada conduta.	
  
	
  
3.3. Elementos da Responsabilidade Civil 
	
  
 Entende-se por responsabilidade civil o dever jurídico sucessivo que decorre 
da violação de outro dever jurídico, este chamado de primário ou originário, com 
gênese na lei, no contrato ou mesmo em decisões judiciais. Assim sendo, tem-se 
que, para o seu surgimento, faz-se necessária a violação de obrigação (ou de 
direito) preexistente resultando em dano para a parte. 	
  
 Carlos Roberto Gonçalves, em sua obra, Direito Civil Brasileiro, assim ensina:	
  
Todo aquele que violar direito e causar dano a outrem comete ato ilícito 
(CC, art. 186). Complementa este artigo o disposto no art. 927, que diz: 
“Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica 
obrigado a repará-lo”. A responsabilidade civil tem, pois, como um de seus 
pressupostos, a violação do dever jurídico e o dano. Há um dever jurídico 
originário, cuja violação gera um dever jurídico sucessivo ou secundário, 
que é o de indenizar o prejuízo. (GONÇALVES, 2012, p. 5)	
  
 	
  
13	
  
	
  
 Nessa toada, para o reconhecimento da responsabilidade civil e a 
consequente demanda por reparação, alguns elementos devem se fazer presentes, 
quais sejam:	
  
● Autor: é o responsável pela lesão ao bem jurídico protegido, cabendo aqui 
duas ressalvas:	
  
o O absolutamente incapaz não responde pelo dano causado, salvo 
subsidiariamente, no caso das pessoas por ele responsáveis restarem 
desobrigadas ou desprovidas de meios suficientes, é o que preconiza o 
art. 9288 do Código Civil e;	
  
o No caso da responsabilidade objetiva, nem sempre o causador do 
dano é diretamente responsabilizado por sua conduta. Por vezes, isso 
se dá em ação regressiva proposta por aqueles que, objetivamente, 
responderam pela lesão em face daquele que a causou; 
● Vítima: é quem, em decorrência da conduta do autor, experimenta o dano;	
  
● Conduta: é a ação ou omissão do autor capaz de proporcionar o dano à 
vítima; 	
  
● Dano: é o agravo, em âmbito patrimonial ou extrapatrimonial, efetivamente 
experimentado pela vítima. De toda sorte, para que haja a reparação do dano, 
este deve ser indenizável, ou seja, depende de três quesitos:	
  
o Deve ser certo - deve ser a consequência de um ato específico; 	
  
o Precisa ser atual - contemporâneo à conduta ilícita;	
  
o Subsistente - não pode ter havido reparação anterior pelo autor;	
  
● Nexo de Causalidade: é o liame, ou seja, a conexão entre conduta e dano.8 Art. 928. O incapaz responde pelos prejuízos que causar, se as pessoas por ele responsáveis não 
tiverem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de meios suficientes.	
  
14	
  
	
  
3.4. Responsabilidade Civil Contratual e Extracontratual 
	
  
 Quanto à origem, o nosso ordenamento jurídico adota a teoria dualista e 
classifica a responsabilidade civil em contratual e extracontratual.	
  
 Como responsabilidade contratual devemos entender aquela que se origina 
no descumprimento de uma obrigação decorrente de negócio jurídico, seja este 
bilateral ou unilateral.	
  
 Uma das características do contrato é a materialização do que se costuma 
chamar de livre manifestação da vontade, dessa materialização surgem obrigações 
para os contraentes.	
  
 Por corolário, uma vez que o contrato é uma fonte de obrigações, o seu 
descumprimento também o é, e faz surgir uma nova obrigação para o inadimplente. 
Importante observar que a responsabilidade não está atrelada à obrigação contratual 
propriamente dita, mas sim, aos efeitos decorrentes de seu descumprimento, ou 
seja, ao impacto causado por tal inadimplemento.	
  
 Sob outro aspecto, a responsabilidade civil extracontratual não possui a sua 
origem em uma relação contratual ou obrigacional pré-existente, ela surge em 
decorrência de um ato ilícito do causador do dano. É chamada também de aquliliana 
essa forma de responsabilidade, assim ensina César Fiuza:	
  
	
  
A responsabilidade civil por atos ilícitos é chamada aquiliana em razão da 
Lex Aquília, que foi a primeira lei que regulamentou de maneira sistemática 
a responsabilidade civil delitual. A Lex Aquília era na verdade plebiscito 
votado por proposição de um tribuno da plebe, de nome Aquilius, mais ou 
menos, em fins do século III a.C. É lei de circunstância, provocada pelos 
plebeus que, desse modo, se protegiam contra os prejuízos que lhes 
causavam os patrícios, nos limites de suas propriedades. (FIUZA, 1999, p. 
288/289)	
  
	
  
 Essa forma de responsabilidade tem por origem o descumprimento ou 
inobservância da lei, concretizando-se como uma lesão a direito, sem que, 
necessariamente, preexista qualquer relação jurídica entre o agente e a vítima, 
15	
  
	
  
como p. ex.: se alguém colidir com veículo alheio, causando-lhe prejuízo, deverá, em 
função de ter lhe causado dano, suportar o ônus da responsabilidade, conforme se 
extrai dos arts. 186, 187 e 927, todos do Código Civil.	
  
 Leciona Carlos Roberto Gonçalves:	
  
	
  
Quando a responsabilidade não deriva de contrato, diz-se que ela é 
extracontratual. Neste caso, aplica-se o disposto no art. 186 do Código Civil. 
Todo aquele que causa dano a outrem, por culpa em sentido estrito ou dolo, 
fica obrigado a repará-lo. É a responsabilidade derivada de ilícito 
extracontratual, também chamada aquiliana. (GONÇALVES, 2012, p. 95/96)	
  
	
  
 Resta cristalino, portanto, que sobre os ombros do causador do dano recai a 
responsabilidade de reparar o prejuízo por este ocasionado, tudo em decorrência do 
descumprimento de preceito legal ou violação de dever de abstenção inerente aos 
direitos reais ou de personalidade.	
  
 Na lição do mestre Fábio Ulhoa Coelho, a diferença entre as duas formas fica 
bastante delineada:	
  
A doutrina tradicionalmente divide a responsabilidade civil em contratual e 
extracontratual. No primeiro caso, há contrato entre o credor e o devedor da 
obrigação de indenizar; no segundo, não. Quando o advogado indeniza o 
cliente por ter perdido o prazo para contestar, sua responsabilidade é 
considerada por este enfoque como contratual porque entre os sujeitos da 
obrigação de indenizar (prestação) há um contrato de mandato. Já na 
hipótese do acidente de trânsito, entre os motoristas não há nenhuma 
relação contratual, e o enfoque tradicional chama a hipótese, então, de 
responsabilidade civil extracontratual. (COELHO, 2012, p. 218)	
  
 
3.5. Responsabilidade Subjetiva 
	
  
 No Brasil, a teoria da responsabilidade civil subjetiva foi adotada por ocasião 
do Código Civil de 1916, seguindo o que já ocorria mundialmente, desde 1804, com 
o advento do Código Civil francês, que já consagrava tal instituto.	
  
16	
  
	
  
 A denominação - Responsabilidade Subjetiva - se dá em função da 
necessidade de se comprovar ou de se demonstrar, por parte do ofendido, o 
elemento subjetivo, culpa ou dolo, na conduta do agente.	
  
 Ensina Carlos Roberto Gonçalves:	
  
Diz-se, pois, ser “subjetiva” a responsabilidade quando se esteia na ideia de 
culpa. A prova da culpa do agente passa a ser pressuposto necessário do 
dano indenizável. Dentro desta concepção, a responsabilidade do causador 
do dano somente se configura se agiu com dolo ou culpa. (GONÇALVES, 
2012, p. 91)	
  
	
  
 A teoria clássica, também conhecida como teoria da culpa, entendia que, sem 
o elemento culpa lato sensu, não existiria responsabilidade, não podendo ser o 
agente causador do dano implicado de qualquer forma, obstando, portanto, que a 
“vítima” pudesse pleitear eventual reparação.	
  
 É de se entender o termo culpa, em seu sentido amplo supramencionado, 
como albergador da culpa em sentido estrito (imprudência, imperícia e negligência) e 
o dolo (desejo livre e consciente de alcançar determinado resultado com a conduta 
praticada).	
  
 Como alhures mencionado, em decorrência dos diversos avanços 
tecnológicos experimentados ao longo do tempo, a dificuldade em se demonstrar o 
elemento subjetivo aumentou significativamente, quase que impedindo por completo 
o exercício do direito à reparação por parte do ofendido.	
  
 Nessa toada, fez-se necessário adotar sistema diverso de responsabilização, 
conforme a situação, para que o lesionado em seus direitos não se visse 
desamparado.	
  
	
  
 
	
   	
  
17	
  
	
  
3.6. Responsabilidade Objetiva 
	
  
 Assim, desponta a ideia da responsabilidade objetiva, que decorre dos riscos 
inerentes a determinadas atividades e, assim sendo, a obrigação de reparar resta a 
elas atrelada de forma indissociável, bastando, para tanto, que haja nexo de 
causalidade entre a conduta do agente e o dano efetivamente experimentado.	
  
 A responsabilidade civil objetiva prescinde de comprovação, por parte da 
vítima do evento, do elemento subjetivo. Dessa forma facilita-se sobremaneira que 
se obtenha êxito em demandas nas quais, em face da natureza da relação, a 
reparação restaria prejudicada. Para tanto, necessário se faz que a atividade 
enquadre-se naquelas consideradas como de risco, seja pela lei ou pela 
jurisprudência, e que esteja presente o nexo de causalidade (liame) entre o dano 
suportado e tal atividade desempenhada.	
  
 Assim, é de se entender que a teoria da responsabilidade objetiva decorre, 
inexoravelmente, da teoria do risco.	
  
 Sobre a teoria do risco vale transcrever o ensinamento do mestre Nehemias 
Domingos de Melo:	
  
A teoria do risco foi desenvolvida a partir da constatação de que a 
responsabilidade fundada na culpa se mostrava insuficiente para que o 
lesado obtivesse a plena satisfação de seus prejuízos. Essa constatação, 
que ocorreu inicialmente no campo dos acidentes de trabalho (o aumento 
dos riscos causados pelas máquinas, associado à sucessão de acidentes 
ocorridos, exigia uma solução que protegesse o trabalhador), foi se 
alargando para contemplar as atividades ditas perigosas, tais como as de 
transportes, de exploração de minas, de produção de gás e a de exploração 
de energia nuclear. Nessas situações, a obrigação de reparar o dano surge 
tão somente do simples exercício da atividade que, em vindo a causar 
danos a terceiros, fará surgir, para o agente que detenha o controle da 
atividade, o dever de indenizar. (MELO,2014, p. 140)	
  
	
  
 Ainda, de acordo com a percuciente análise do professor Carlos Roberto 
Gonçalves:	
  
	
  
Na teoria do risco se subsume a ideia do exercício de atividade perigosa 
como fundamento da responsabilidade civil. O exercício de atividade que 
possa oferecer algum perigo representa um risco, que o agente assume, de 
18	
  
	
  
ser obrigado a ressarcir os danos que venham resultar a terceiros dessa 
atividade. (GONÇALVES, 2012, p. 75)	
  
	
  
 Na abordagem de Fábio Ulhoa Coelho:	
  
	
  
Pela teoria do risco, quem tem o proveito de certa atividade deve arcar 
também com os danos por ela gerados (ubi emolumentum, ibi onus). Em 
decorrência, deve ser imputada responsabilidade objetiva a quem explora 
atividade geradora de risco para que não venha a titularizar vantagem 
injurídica. (COELHO, 2012, p. 299)	
  
	
  
 Não obstante a importância de tal modalidade, necessário frisar que, em 
nosso ordenamento, a responsabilidade fundada na culpa, ou seja, subjetiva, ainda 
está consagrada. Todavia, atualmente, o que se observa é a coexistência entre os 
dois institutos, já que a responsabilidade objetiva, antes verificada apenas em leis 
esparsas, atualmente se encontra inserida até mesmo no Novo Código Civil.	
  
 A título de exemplo:	
  
	
  
Art. 734. O transportador responde pelos danos causados às pessoas 
transportadas e suas bagagens, salvo motivo de força maior, sendo nula 
qualquer cláusula excludente da responsabilidade.	
  
	
  
 
	
   	
  
19	
  
	
  
4. O CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR 
	
  
4.1. Teoria do Risco 
	
  
 O Código de Defesa do Consumidor foi promulgado em 11 de setembro de 
1990, em atendimento ao comando constitucional do art. 5º, XXXII9, com o objetivo 
de preencher uma lacuna existente em nosso ordenamento jurídico no que tange as 
relações de consumo.	
  
 Com ele, a teoria do “risco do consumo”, segundo a qual se entendia que o 
consumidor era quem deveria assumir, quase que na totalidade, os riscos por danos 
causados pelos bens adquiridos, com ressalva apenas para os casos de vícios 
redibitórios, foi deitada por terra.	
  
 A necessidade de prova inequívoca de que o fornecedor de produtos ou 
serviços teria agido com culpa ou dolo para que, só assim, fosse responsabilizado, 
deixou de existir.	
  
 Assim sendo, o que se verifica é que o CDC adotou a teoria do risco alhures 
mencionada, mas não a teoria do risco do consumidor, e sim a teoria do risco 
decorrente da atividade empresarial desenvolvida, isso fica cristalino nos arts. 12 e 
14 do Código Consumerista:	
  
Art. 12. O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o 
importador respondem, independentemente da existência de culpa, 
pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos 
decorrentes de projeto, fabricação, construção, montagem, fórmulas, 
manipulação, apresentação ou acondicionamento de seus produtos, bem 
como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e 
riscos. (Grifei)	
  
 	
  
Da mesma forma:	
  
	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  
9 Art. 5º [...]	
  
XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor;	
  
[...]	
  
	
  
20	
  
	
  
	
  
Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da 
existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos 
consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como 
por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos. 
(Grifei)	
  
	
  
 Com isso, a condição de hipossuficiência do consumidor face ao fornecedor 
de bens ou serviços resta, ao menos em tese, diminuída, uma vez que, em qualquer 
relação consumerista, pelo princípio da especialidade, ou mesmo por se tratar de 
questão de relevante interesse social, deverá se observar o quanto disposto no 
Código de Defesa do Consumidor.	
  
 Em relação à hipossuficiência do consumidor, o professor José Geraldo Brito 
Filomeno assim nos ensina:	
  
	
  
(...)não há como fugir, todavia, à definição de consumidor como um dos 
partícipes das relações de consumo, que nada mais são do que relações 
jurídicas por excelência, mas que devem ser obtemperadas precisamente 
pela situação de manifesta inferioridade frente ao fornecedor de bens e 
serviços. Conclui--se, pois, que toda relação de consumo: envolve 
basicamente duas partes bem definidas: de um lado o adquirente de um 
produto ou serviço (consumidor); de outro o fornecedor ou vendedor de um 
serviço ou produto (produtor/ fornecedor); destina--se à satisfação de uma 
necessidade privada do consumidor; o consumidor, não dispondo, por si só, 
de controle sobre a produção de bens de consumo ou prestação de serviços 
que lhe são destinados, arrisca--se a submeter--se ao poder e condições 
dos produtores daqueles mesmos bens e serviços. (FILOMENO, 2010, p. 
23)	
  
	
  
 Dessa forma, inolvidável que o CDC busca, com isso, conferir ao fornecedor, 
a responsabilidade pela qualidade dos serviços e produtos que coloca à disposição 
no mercado. Basta, portanto, para o consumidor que se sinta lesado, demonstrar o 
nexo de causalidade entre o dano experimentado e a conduta do agente para que 
esteja legitimado a demandar uma eventual reparação.	
  
 Assim o é, pois, o fornecedor de produtos ou serviços possui o dever de 
segurança, isso significa que ele, ao ofertar qualquer tipo de produto ou de serviço, 
deve fazê-lo sem oferecer riscos ao consumidor ou, então, se os riscos forem 
intrínsecos àquilo que se está oferecendo, deve, o fornecedor, informar de maneira 
21	
  
	
  
clara ao consumidor. Veja-se que o fornecedor não está proibido de fornecer 
produtos ou serviços que sejam, por sua natureza, perigosos. No entanto, está 
obrigado a prestar informações.	
  
 Na lição do professor Nehemias Melo:	
  
Cabe advertir que o CDC não desconhece nem proíbe que produtos 
naturalmente perigosos sejam colocados no mercado de consumo, o 
que não pode acontecer é que qualquer falha ou defeito crie uma 
periculosidade não previsível ou não informada ao consumidor. (Grifo do 
autor) (MELO, 2014, p. 189)	
  
	
  
4.2. A Responsabilidade Civil do Transportador à Luz do CDC 
	
  
 Como podemos observar nos artigos 12 e 14 supratranscritos, a 
responsabilidade do transportador, de acordo com o CDC, é objetiva, pois inerente 
aos riscos da própria atividade. No entanto, três são as hipóteses principais que 
obstam a responsabilização desse prestador de serviço e estão elas elencadas nos 
dois incisos do §3º, do art. 14 desse Diploma:	
  
	
  
§ 3° O fornecedor de serviços só não será responsabilizado quando provar:	
  
I - que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste;	
  
II - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.	
  
	
  
 A análise das excludentes contidas no §3º deve ser realizada em conjunto 
com o quanto disposto no Código Civil de 2002. Naquele Diploma, as excludentes 
de responsabilidade são: caso fortuito e força maior, prevendo-se, ainda, a culpa 
concorrente, que não se trata de excludente, mas de verdadeira atenuante da 
responsabilidade do prestador do serviço de transportes.	
  
 É importante observarmos, contudo, que, se houver incompatibilidade entre o 
CDC e o Código Civil, devem prevalecer as determinações deste em detrimento 
daquele.	
  
 Nessa toada, podemos entender, por exemplo, que o transportador não pode 
ser responsabilizado integralmente por qualquer dano experimentado pelo tomador 
22de serviço que tenha concorrido para a ocorrência do evento danoso. Trata-se da 
culpa concorrente, não prevista no CDC, mas contemplada no Código Civil, que 
analisaremos à frente, em tópico específico.	
  
 Leciona Carlos Roberto Gonçalves:	
  
	
  
Verifica-se, assim, que a culpa concorrente da vítima constitui causa de 
redução do montante da indenização pleiteada, em proporção ao grau de 
culpa comprovado nos autos. Desse modo, havendo incompatibilidade entre 
o Código de Defesa do Consumidor e o Código Civil, nesse particular, 
prevalecem as normas deste. (GONÇALVES, 2014, p. 137/138)	
  
 
	
  
 O caso fortuito e a força maior também não possuem previsão expressa no 
CDC, assim, da mesma forma como ocorre com a culpa concorrente, deve ser 
considerada sua aplicabilidade em função do quanto disposto no Código Civil de 
2002, além do mais, a ocorrência da tais eventos constitui óbice à responsabilização 
do prestador de serviços pelo afastamento do liame necessário entre conduta e 
dano.	
  
	
  
4.2.1. Ausência de Defeito na Prestação do Serviço 
	
  
 Antes de falarmos dessa excludente de responsabilidade, mister se faz 
entender o que o CDC considera como serviço defeituoso. O §1º, do art. 14, do 
Código Consumerista, assim define:	
  
	
  
 § 1° O serviço é defeituoso quando não fornece a segurança que o 
consumidor dele pode esperar, levando-se em consideração as 
circunstâncias relevantes, entre as quais:	
  
 I - o modo de seu fornecimento;	
  
 II - o resultado e os riscos que razoavelmente dele se esperam;	
  
III - a época em que foi fornecido.	
  
	
  
 Dessa forma, será considerado defeituoso aquele serviço prestado sem o 
atendimento aos requisitos supra, entre outros, já que esse não é um rol taxativo. É 
oportuno observarmos que o CDC é explícito quanto à segurança do consumidor, 
23	
  
	
  
portanto, qualquer prestação que a ponha em risco, de forma não esperada, pode 
ser considerada defeituosa.	
  
 Assim sendo, deve o transportador provar que prestou o serviço sem 
qualquer defeito para que possa lançar mão de tal excludente em eventual demanda 
judicial a pleitear a reparação civil.	
  
 Bruno Miragem assim nos ensina:	
  
	
  
No regime europeu, basta a demonstração de uma mera probabilidade de 
inexistência do defeito para excluir--se a responsabilidade do produtor. Não 
é, a toda vista, a regra da lei brasileira. Dentre nós, optou o legislador por 
um regime mais rigoroso de responsabilidade, em conta da proteção do 
consumidor--vítima de acidentes de consumo, ao exigir prova positiva da 
inexistência do defeito. (MIRAGEM, 2013, p. 381)	
  
	
  
4.2.2. Culpa Exclusiva do Consumidor ou de Terceiro 
	
  
	
   A culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro exclui a responsabilidade do 
transportador pelo simples fato de que o dano ocorreu por situação alheia à conduta 
do prestador de serviço, ou seja, da prestação de serviço propriamente dita não 
decorreu qualquer prejuízo. Inexiste relação deste com a atividade desenvolvida. 
Não há, portanto, nexo de causalidade entre o serviço prestado e o mal sofrido.	
  
 Sobre a culpa exclusiva do consumidor ensina Fábio Ulhoa Coelho:	
  
	
  
(...)se as informações prestadas pelo empresário acerca dos riscos 
oferecidos por seus produtos ou serviços são adequadas e suficientes, e o 
consumidor sofre danos por ignorar as recomendações de segurança, não 
haverá acidente de consumo por periculosidade. Descaracteriza-se a 
relação de causalidade entre os danos e a atividade empresarial do 
fornecedor porque a culpa pelo acidente é exclusiva da vítima (CDC, art. 12, 
§ 3º, III).	
  
	
  
 No tocante à culpa exclusiva de terceiros, será o tema abordado mais 
adiante, quando da análise da Seção II, do Capítulo XIV, do Código Civil, que trata 
do contrato de transporte de pessoas.	
   	
  
24	
  
	
  
5. CÓDIGO CIVIL 
	
  
5.1. Contrato de Transporte 
	
  
 O Novo Código Civil buscou, em seu Capítulo XIV, disciplinar a matéria em 
questão, dividindo-a em duas categorias, quais sejam: transporte de pessoas e de 
coisas. Traz, ainda, definição de contrato de transporte no art. 730, verbis:	
  
	
  
Art. 730. Pelo contrato de transporte alguém se obriga, mediante retribuição, 
a transportar, de um lugar para outro, pessoas ou coisas.	
  
	
  
 Houve preocupação, por parte do legislador, em compatibilizar o quanto 
disposto no Diploma civilista com leis especiais ou mesmo com tratados e 
convenções internacionais dos quais o Brasil seja signatário:	
  
	
  
Art. 732. Aos contratos de transporte, em geral, são aplicáveis, quando 
couber, desde que não contrariem as disposições deste Código, os 
preceitos constantes da legislação especial e de tratados e convenções 
internacionais.	
  
	
  
 Com relação aos contratos de transporte cumulativo, ou seja, naqueles casos 
em que se verifica a responsabilidade de mais de uma empresa, o art. 733 prevê 
que “cada transportador se obriga a cumprir o contrato relativamente ao respectivo 
percurso, respondendo pelos danos nele causados a pessoas e coisas.” Entretanto, 
dispõe o §1º que o dano ocasionado em função de atraso ou interrupção da viagem 
deva ser determinado tendo como base a totalidade do percurso. Por fim, no §2º 
vem inserida a previsão de solidariedade em caso de substituição de algum dos 
transportadores durante o percurso, estendendo-se esta ao substituto.	
  
 Sobre o contrato de transporte cumulativo, assim leciona Carlos Roberto 
Gonçalves:	
  
Ocorre o transporte cumulativo quando vários transportadores efetuam, 
sucessivamente, o deslocamento contratado. Para ser assim considerado, 
faz-se mister que haja unidade da relação contratual a que se vinculam os 
diversos transportadores. No aludido contrato vários transportadores 
realizam o transporte, por trechos, mediante um único bilhete que 
25	
  
	
  
estabelece a unidade, como se a obrigação estivesse sendo cumprida por 
uma única empresa. (GONÇALVES, 2012, p. 434)	
  
	
  
 O §2º, do art. 733, do CC, deixa clara a solidariedade passiva entre todos os 
obrigados, não obstante, tratou o legislador de reforçar a ideia através do art. 756 do 
mesmo Diploma:	
  
Art. 756. No caso de transporte cumulativo, todos os transportadores 
respondem solidariamente pelo dano causado perante o remetente, 
ressalvada a apuração final da responsabilidade entre eles, de modo que o 
ressarcimento recaia, por inteiro, ou proporcionalmente, naquele ou 
naqueles em cujo percurso houver ocorrido o dano.	
  
	
  
5.2. Contrato de Transporte de Pessoas 
	
  
 A seção II é, para este trabalho, a de maior relevância por tratar 
especificamente do transporte de pessoas, trazendo expressamente em seu bojo a 
previsão da responsabilidade objetiva do transportador, obstando a inserção de 
cláusulas excludentes dessa, bem como fazendo limitar as causas excepcionais 
capazes de afastá-la.	
  
 Em tempo, é preciso que observemos que a responsabilidade objetiva do 
transportador, pese sua positivação no Código Civil de 2002, não é propriamente 
instituto cronologicamente recente. E assim o é, pois, o Decreto nº 2.681, de 07 de 
dezembro de 1912, que regulava a responsabilidade civil das estradas de ferro, já 
delineava os seus contornos ao prever, em seu art. 17, o seguinte:	
  
	
  
Art. 17 – As estradas de ferro responderão pelos desastres que nas suas 
linhas sucederem aos viajantes e de que resulte a morte, ferimento ou lesão 
corpórea.	
  
Será sempre presumida a culpa e contra esta presunção só se admitirá 
alguma das seguintes provas: (Grifei)	
  
	
  
 No Texto de 1912, observa-se claramente a responsabilidade objetiva do 
transportador, cabendo, no sentido de afastá-la,apenas algumas hipóteses abaixo 
elencadas:	
  
26	
  
	
  
 1ª - Caso fortuito ou força maior;	
  
 2ª - Culpa do viajante, não concorrendo culpa da estrada.	
  
	
  
 Voltando à análise do Código Civil de 2002, podemos notar que as 
excludentes não são assim tão distantes. O rol atual também contempla o caso 
fortuito ou força maior, no entanto, inova ao prever a culpa concorrente entre o 
transportador e a vítima. No diploma de 1912, essa culpa era excludente. 	
  
Art. 734. O transportador responde pelos danos causados às pessoas 
transportadas e suas bagagens, salvo motivo de força maior, sendo nula 
qualquer cláusula excludente da responsabilidade. (Grifei)	
  
	
  
Art. 738. A pessoa transportada deve sujeitar-se às normas estabelecidas 
pelo transportador, constantes no bilhete ou afixadas à vista dos usuários, 
abstendo-se de quaisquer atos que causem incômodo ou prejuízo aos 
passageiros, danifiquem o veículo, ou dificultem ou impeçam a execução 
normal do serviço.	
  
Parágrafo único. Se o prejuízo sofrido pela pessoa transportada for 
atribuível à transgressão de normas e instruções regulamentares, o juiz 
reduzirá eqüitativamente a indenização, na medida em que a vítima 
houver concorrido para a ocorrência do dano. (Grifei)	
  
	
  
5.2.1. Caso Fortuito ou Força Maior 
	
  
 O mestre Fábio Ulhoa Coelho equipara o caso fortuito à força maior e os 
considera excludentes de responsabilidade por inexistência de relação de 
causalidade. Leciona o autor que a ocorrência de qualquer evento que rompa o nexo 
de causalidade, frise-se, por imprevisibilidade ou por inevitabilidade, faz desaparecer 
a obrigação de reparar o prejuízo suportado pela vítima. Entretanto, esclarece o 
mestre, no caso de responsabilidade subjetiva, o fortuito natural ou humano será 
sempre causa excludente, contudo, em se tratando de responsabilidade objetiva, 
apenas a primeira hipótese constituirá óbice à reparação:	
  
	
  
O fortuito é todo evento desencadeador de danos não originado pela culpa 
de alguém. Pode referir-se a fatos da natureza (enchentes, queda de raio, 
terremoto) ou humanos (produção em massa, prestação de serviços 
empresariais).	
  
A característica fundamental do fortuito é a inevitabilidade. O evento é 
inevitável em razão da imprevisibilidade (inevitabilidade cognoscitiva), da 
incapacidade humana de obstar seus efeitos danosos (inevitabilidade 
material) ou da falta de racionalidade econômica em obstá-los 
(inevitabilidade econômica).	
  
27	
  
	
  
O fortuito natural ou humano é sempre excludente da responsabilidade 
civil subjetiva, porque descaracteriza a relação de causalidade entre o 
dano do credor e a conduta culposa do devedor. Quando objetiva a 
responsabilidade, porém, apenas o fortuito natural descaracteriza a 
relação de causalidade. (COELHO, 2012, p. 335)	
  
	
  
 Há que se considerar ainda, no tocante ao caso fortuito, que este pode ser 
classificado, segundo a doutrina, de duas formas: fortuito interno e fortuito externo.	
  
Fortuito interno é aquele relacionado diretamente com a atividade 
desenvolvida e, assim sendo, não pode ser oposto como excludente de 
responsabilidade do prestador de serviço. Um exemplo de fortuito interno é a falha 
no sistema de freios do ônibus. Neste caso, deve o prestador de serviços indenizar 
o passageiro em eventual acidente decorrente desse evento. Entende-se que o 
transportador não logrou cumprir o contrato de transporte em sua plenitude, 
deixando de adotar medidas que afastassem o risco, como exemplo, as 
manutenções preventivas.	
  
Já o fortuito externo é aquele entendido como sendo um evento sem 
qualquer relação com a atividade desenvolvida pelo prestador do serviço. Dessa 
forma, os elementos imprevisibilidade e inevitabilidade operam a favor do 
transportador, fazendo desaparecer a obrigação de indenizar quando de sua 
ocorrência. Como exemplo de caso fortuito, podemos conceber uma circunstância 
em que um cabo de energia se rompa, vindo a atingir um coletivo e, desse evento, 
reste ferido um passageiro. A causa do evento é desconhecida, assim, suas 
consequências não poderiam ter sido evitadas.	
  
 
5.2.2. Culpa Concorrente 
	
  
 O parágrafo único do art. 738 traz em sua redação a ideia da culpa 
concorrente, nos conduzindo ao entendimento de que, na medida em que a vítima 
tiver contribuído para o dano a que se viu exposta, fará diminuir, na mesma 
proporção, a responsabilidade de indenizar do transportador.	
  
 No mesmo sentido, o art. 945, do Código Civil:	
  
28	
  
	
  
Art. 945. Se a vítima tiver concorrido culposamente para o evento danoso, a 
sua indenização será fixada tendo-se em conta a gravidade de sua culpa 
em confronto com a do autor do dano.	
  
	
  
 Assim ensina Carlos Roberto Gonçalves:	
  
	
  
Desse modo, havendo incompatibilidade entre o Código de Defesa do 
Consumidor e o Código Civil, nesse particular, prevalecem as normas deste. 
Sendo assim, não poderão mais os tribunais condenar as empresas de 
transporte a pagar indenização integral às vítimas de acidentes, em casos 
de culpa concorrente destas, como vinha ocorrendo, por exemplo, nas 
hipóteses de passageiros que viajam no estribo do vagão ou como 
“pingentes”, dependurados nas portas, que permanecem abertas, 
caracterizando a culpa do passageiro e também a da ferrovia, por não 
prestar o serviço com a segurança que dele legitimamente se espera, 
obrigando as pessoas que têm necessidade de usá-lo a viajar em condições 
perigosas, e por não vigiar para que tal não se verifique. (GONÇALVES, 
2012, p. 208/209)	
  
	
  
5.2.3. Culpa de Terceiro 
	
  
 A culpa, ou fato de terceiro, no caso de responsabilidade objetiva, não 
constitui, em regra, excludente de responsabilidade em favor do prestador de 
serviços de transporte, que deve valer-se de ação regressiva contra aquele a fim de 
recompor o prejuízo a que se viu obrigado a indenizar. É esse o teor do art. 735 do 
CC/2002:	
  
	
  
Art. 735. A responsabilidade contratual do transportador por acidente com o 
passageiro não é elidida por culpa de terceiro, contra o qual tem ação 
regressiva.	
  
	
  
 No mesmo sentido, já afirmou o Supremo Tribunal Federal, por intermédio da 
Súmula 187, que não constitui hipótese de exclusão da responsabilidade do 
transportador o chamado fato de terceiro.	
  
 Mais uma vez, valho-me dos ensinamentos de Fábio Ulhoa Coelho:	
  
(...)o empresário do transporte coletivo por ônibus explora atividade de que 
se esperam legitimamente determinadas garantias associadas ao meio 
empregado. Se ocorrer acidente de trânsito, o passageiro deve ser 
indenizado pela empresa de transporte, ainda que o evento danoso tenha 
29	
  
	
  
sido causado por clara culpa do motorista do outro veículo envolvido. Neste 
caso, o ato do terceiro é interno à atividade do devedor, porque diretamente 
ligado ao serviço de transporte pelas ruas da cidade, onde a possibilidade 
de acidente de trânsito está sempre presente. Observa-se, então, a Súmula 
187 do STF, pertinente a qualquer meio de transporte: “a responsabilidade 
contratual do transportador, pelo acidente com passageiro, não é ilidida por 
culpa de terceiro, contra a qual tenha ação regressiva” (COELHO, 2012, p. 
338)	
  
	
  
 Sob outro vértice, contudo, uma particularidade acerca do fato de terceiro 
merece importante estudo. Pese este não constituir, em regra, de acordo com o 
Código Civil, excludente de responsabilidade em favor do transportador, restam 
algumas hipóteses que, em função do rompimento do nexo de causalidade e total 
ausência de conexão com o serviço prestado, poderão representar óbice à 
obrigação de indenizar do transportador. É o caso de fato exclusivo de terceiro.	
  
 Nestahipótese, o dano experimentado pela vítima não guarda qualquer 
relação com o contrato de transporte e, mesmo que o transportador quisesse, não 
seria capaz de obstar o resultado danoso, é o caso, por exemplo, da “bala perdida”.	
  
 Dessa maneira já decidiu o Superior Tribunal de Justiça, no julgamento do 
REsp 613402/SP: “Bala perdida não é fato conexo aos riscos inerentes do 
deslocamento, mas constitui evento alheio ao contrato de transporte, não implicando 
responsabilidade da transportadora.”	
  
 Ainda, se analisarmos a Súmula 187 supramencionada, perceberemos que a 
Suprema Corte menciona, na parte final da disposição, replicando o art. 735, a 
seguinte prescrição: “(...)contra o qual tem ação regressiva.”	
  
 Em casos como o do Recurso Especial supra, parece evidente que, além de 
não guardar relação lógica com o contrato de transporte, retira-se do transportador a 
faculdade da ação regressiva, constituindo, portanto, de forma excepcional, 
excludente de responsabilidade em favor do prestador de serviço.	
  
 Carlos Roberto Gonçalves analisa o art. 735, do Código Civil, na obra 
coordenada pelo professor Pedro Lenza, “Direito Civil Esquematizado”, da seguinte 
forma:	
  
30	
  
	
  
	
  
O citado dispositivo tem a mesma redação da Súmula 187 do Supremo 
Tribunal Federal, retromencionada. Ocorrendo um acidente de transporte, 
não pode o transportador, assim, pretender eximir-se da obrigação de 
indenizar o passageiro, após haver descumprido a obrigação de resultado 
tacitamente assumida, atribuindo culpa ao terceiro (ao motorista do 
caminhão que colidiu com o ônibus, por exemplo). Deve, primeiramente, 
indenizar o passageiro, para depois discutir a culpa pelo acidente, na ação 
regressiva movida contra o terceiro.	
  
Diversa a solução em caso de dolo de terceiro, como na hipótese de assalto 
à mão armada, que se equipara ao fortuito, constituindo causa estranha ao 
transporte. (GONÇALVES, 2014, p. 139/140)	
  
	
  
 Resta claro, portanto, que a excludente de responsabilidade pelo fato 
exclusivo de terceiro é admitida, de forma excepcional, ainda que se fale em 
responsabilidade objetiva. Carlos Roberto Gonçalves, no trecho supratranscrito, fala 
em “dolo de terceiro” e equipara tal excludente ao caso fortuito. Trata-se de evidente 
rompimento do nexo de causalidade e ausência de conexão lógica com a atividade 
desenvolvida.	
  
	
  
 5.2.4. Transporte Gratuito 
	
  
 O transporte de passageiros realizado de forma gratuita não gera para o 
transportador a obrigação de responsabilizar, uma vez que, nesta hipótese, não há 
se falar em rompimento da cláusula de incolumidade típica desse contrato, já que 
este nem se considera entabulado, é o que prevê o art. 736, do Código Civil:	
  
	
  
Art. 736. Não se subordina às normas do contrato de transporte o feito 
gratuitamente, por amizade ou cortesia.	
  
	
  
	
  
 Por outro lado, ainda que o transporte seja realizado sem remuneração, mas, 
no entanto, de sua realização o prestador do serviço obtenha qualquer vantagem, 
não poderá este ser entendido como gratuito, afastando-se o quanto disposto no 
caput do art. 736 supra, passando a valer a prescrição do parágrafo único do mesmo 
dispositivo:	
  
	
  
31	
  
	
  
Parágrafo único. Não se considera gratuito o transporte quando, embora 
feito sem remuneração, o transportador auferir vantagens indiretas. 
 
	
  
5.2.5. Passageiro Clandestino 
	
  
 A responsabilidade civil do transportador, em relação ao passageiro, 
pressupõe a formação de um contrato de transporte específico para tal propósito. O 
passageiro clandestino não pode ser visto como parte nessa relação, fazendo 
desaparecer, portanto, a responsabilidade contratual do prestador de serviços de 
transporte.	
  
	
  
	
   	
  
32	
  
	
  
6. ALGUMAS PECULIARIDADES INERENTES A CERTAS MODALIDADES 
	
  
6.1. Transporte Aéreo 
	
  
 Com relação aos transportes aéreos, é importante observarmos que esta 
modalidade deve ser dividida entre nacional e internacional. De acordo com essa 
divisão é que analisaremos a responsabilização do prestador de serviços de 
transportes.	
  
	
  
 6.1.1. Internacional 
	
  
 A responsabilização do prestador de serviços, em se tratando de transporte 
aéreo internacional, é regulada, essencialmente, pela Convenção de Varsóvia de 
1929. Prevê, tal convenção, uma responsabilidade subjetiva do transportador ao 
estabelecer a culpa presumida como fundamento de imputação da obrigação. O seu 
art. 17 assim dispõe:	
  
	
  
(...)responde o transportador pelo dano ocasionado por morte, ferimento ou 
qualquer outra lesão corpórea sofrida pelo viajante, desde que o acidente, 
que causou o dano, haja ocorrido a bordo da aeronave, ou no curso de 
quaisquer operações de embarque ou desembarque(...)	
  
 	
  
A fim de elidir a responsabilidade do transportador, o art. 20, I, da mesma 
Convenção:	
  
(...)o transportador não será responsável se provar que tomou, e tomaram 
os seus prepostos, todas as medidas necessárias para que se não 
produzisse o dano, ou que lhes não foi possível tomá-las(...)	
  
	
  
	
   No entanto, em termos práticos, o que tem se verificado é que os tribunais, 
interpretando os dispositivos supra, têm entendido pela responsabilização de 
maneira objetiva, não sendo entendida como excludente nem mesmo a força maior.
	
   	
  
33	
  
	
  
 6.1.2. Nacional ou Doméstico 
	
  
 O transporte aéreo realizado em território nacional, conhecido também como 
doméstico, é regulado pelo Código Brasileiro de Aeronáutica, Diploma este 
elaborado à luz da Convenção de Varsóvia. Prevê tal norma a responsabilidade 
objetiva do transportador, excetuando-se apenas naquelas hipóteses taxativamente 
previstas em lei.	
  
 A presunção de responsabilidade só será afastada “se a morte ou lesão 
resultar, exclusivamente, do estado de saúde do passageiro, ou se o acidente 
decorrer de sua culpa exclusiva” (art. 256, § 1º, a, CBA).	
  
 Não há, portanto, referência em tal norma, à excludente de responsabilidade 
por fortuito interno, externo, ou mesmo, fato de terceiro.	
  
 
6.2. Transporte Marítimo 
	
  
 Antigamente, a jurisprudência admitia a cláusula limitativa de 
responsabilidade típica dessa modalidade de transportes, desde que fosse feita de 
forma clara na passagem ou no conhecimento de transporte, de modo que o 
aderente não pudesse sustentar o desconhecimento de tal óbice. Era possível sua 
recusa quando tal cláusula era impressa em documento desconexo do contrato em 
questão, além do mais, era praxe, como contrapartida, a redução no valor da tarifa.	
  
 Atualmente não há se falar em admissibilidade de tal cláusula, a 
jurisprudência é farta no sentido de sua impossibilidade por simples adequação ao 
quanto disposto na parte final do art. 734, do Código Civil, que prevê a nulidade de 
qualquer cláusula excludente de responsabilidade.	
  
	
  
 
 
34	
  
	
  
CONCLUSÃO 
	
  
 Esta monografia teve como objeto de estudo a responsabilidade civil no 
contrato de transporte de pessoas, tema relevante e, ao mesmo tempo, amplo e com 
inúmeros reflexos. 
 A história dos transportes, enfrentada neste trabalho, ainda que de maneira 
sucinta, nos trouxe um panorama do desenvolvimento da sociedade e as 
necessidades daí decorrentes, sendo-nos útil à visualização do instituto estudado. A 
história da evolução dos transportes, sem dúvida, constitui trilha paralela aos 
conceitos de preservação de direitos e recomposição de danos. 
 Abordamos o instituto da responsabilidade civil, em sentido lato, percorrendo 
sua evolução histórica, para concluirmos como sendo tal instituto o deverde 
indenizar àquele que se viu lesado, ou seja, trata-se do direito do ofendido em 
buscar a recomposição do statu quo ante perante o causador do dano. Aqui, em se 
tratando de responsabilidade civil estudada em sentido amplo, o dever de indenizar 
pode decorrer de uma relação contratual, objeto deste trabalho, mas, também, pode 
ter origem na lei, quando se verificar a ocorrência de algum ilícito. 
 No tocante à responsabilidade civil do transportador, agora estudada em 
sentido estrito, em decorrência de tratar-se de relação contratual, tanto o Código de 
Defesa do Consumidor, quanto o Código Civil, além de outros Diplomas citados 
nesta obra, nos conduzem ao entendimento de que a responsabilidade desse 
prestador de serviços é sempre objetiva, sendo, contudo, excluída apenas em 
hipóteses nas quais o fornecedor prova a inexistência de defeito na prestação de 
serviço ou quando o nexo de causalidade não se verifica no caso concreto. 
 Assim sendo, o caso fortuito, a força maior e a culpa exclusiva de terceiros 
podem ser opostos pelo transportador, a título de excludentes, justamente por 
tratarem-se de elementos de desconexão lógica, ou seja, o prejuízo não se deu por 
ação ou omissão desse prestador de serviços, outrossim, não seria este capaz de 
afastar o resultado danoso. Dessa maneira, em face da ausência de liame e 
35	
  
	
  
previsibilidade, além da inevitabilidade do resultado, não há que se falar em 
responsabilização. 
 Sob outro vértice, contudo, o contrato de transporte de passageiros carrega 
em seu bojo, entre outras, a cláusula de incolumidade, ou seja, obriga o 
transportador a conduzir o transportado em segurança até o seu destino, buscando 
afastar ou atenuar os riscos inerentes à atividade para que, ao final, tenha-se 
perfeito o contrato. A violação dessa e de outras cláusulas, independentemente de 
dolo ou culpa, daí a responsabilidade objetiva fundada na teoria do risco, obriga o 
transportador a indenizar, salvo, naturalmente, na ocorrência dos eventos 
mencionados no parágrafo anterior, àquele que experimentou dano decorrente de tal 
relação. 
 Resta claro, portanto, que, ainda que objetiva a responsabilidade civil do 
transportador, para que esta se efetive não se pode deixar de considerar, em cada 
caso concreto, a maneira como o evento ocorreu e se há relação direta com a 
atividade desenvolvida. Sendo positiva a resposta, não há que se falar em ausência 
de responsabilidade, no entanto, se for negativa, estará configurada alguma das 
hipóteses de excludentes, afastando-se, dessa forma, o dever de indenização. 
 
 	
   
36	
  
	
  
REFERÊNCIAS 
	
  
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Paulo: Saraiva, 2013. 
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COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de Direito Civil v. 2., 5. ed. São Paulo: Saraiva, 
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GONÇALVES, Carlos Roberto. Responsabilidade Civil. 4. ed. São Paulo: Saraiva 
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GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Esquematizado v. 3: Coordenador 
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LISBOA, Roberto Senise. Manual de Direito Civil, v. 2: Obrigações e 
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MIRAGEM, Bruno. Curso de Direito do Consumidor. São Paulo: Editora Revista 
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15/11/2013;

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