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Marcia Tabone ISBN 978-85-316-0327-3 j,,,,,, J327J EDITORA CULTRIX Há, nas organizaçõesuniversitárias,certos eventosmar- cantesque constituemo sinal do início de umaprofundare- voluçãonaciência.Estelivro deMarciaTabone- A Psicologia Transpessoal- éumdesseseventos. Profissionalda Psicoterapia,ela resolveuintegrara dimen- são transpessoalno seu trabalho,pois sabiadesdecedo,por experiênciaprópria,quea menteé umaespéciede campoque ultrapassade longeo cérebroe se encontratão integradana menteuniversalquantoasondasdomar. Como professorauniversitária,ela não podia se contentar com a simplesaplicaçãodosseusconhecimentos;sabedorade queo homemé um seremplenaevolução,ela resolveuapro- fundaros aspectosteóricosda terapiatranspessoal,submeter esseestudoà críticauniversitáriae, depois,compartilharsuas conclusõescomo público,soba formadelivro. Nele,o leitorencontraráumaexcelenteapresentaçãodo es- tado atualdos estudosda Psicologia Transpessoalem geral, fornecendoassimumabaseteóricasólida parauma explana- ção dos principaismétodosda terapiatranspessoalpropria- mentedita. Iniciativapioneirano Brasil no âmbitoda Universidade,e escritocomexemplarpreocupaçãodesíntese,clarezae didatis- mo, estetrabalhodeMarcia Taboneserá,semdúvida,um guia de extremautilidadepara os profissionaise leigos da Psico- logia que ambicionamum salto qualitativoem seus conhe- cimentos,bemcomoparatodosos que queremultrapassaros limitesdemasiadoestreitosdasdiferentesespecializaçõesden- troou foradaPsicologia. A PSICOLOGIA TRANSPESSOAL Sumário APRESENTAÇÃO, LuísPellegrini 11 PREFÁCIO, ProfessorPierreWeil........................................15 INTRODUÇÃO 'a NovaEdição...........................................17 CapítuloI CONTEXTO CULTURAL, MUDANÇAS E AS NOVAS DIREÇÕES EM CIÊNCIA 1.UMA CULTURA EMERGENTE....................................23 2.NOVAS DIREÇÕESEM CIÊNCIA................................27 2.1.A PesquisadoCérebroeaConsciência.....................29 2.2.A FísicaModernaeaPercepçãodaRealidade 33 2.3.As DrogasPsicodélicasnaPesquisadaConsciência..37 8 A Psicologia Transpessoal Sumário 9 CapítuloI II PSICOTERAPIA DE ORIENTAÇÃO TRANSPESSOAL 148 97 145 145 111 112 116 122 125 125 128 129 132 134 137 101 105 CapítuloIV CONSIDERAÇÕES FINAIS 1.SÍNTESE DAS IDÉIAS BÁSICAS DA PSICOLOGIA TRANSPESSOAL 1.1.A PsicologiaTranspessoalcomoumadas ManifestaçõesdoParadigmaEmergente 1.2.A PsicologiaTranspessoaléumaAbordagem "Integradora"dosPrincipais"Insights"dasEscolas PsicológicasOcidentaisedasDisciplinasdaTradição Esotérica 146 1.3.A PsicologiaTranspessoalDesenvolveaTarefade Integraro SistemaConceitualdaCiência Contemporâneaà "BuscaEspiritual"dasTradições Esotéricas 1.ORIGENS 2.PSICOTERAPIA HUMANISTA E PSICOTERAPIA TRANSPESSOAL 3. PSICOTERAPIA TRANSPESSOAL. . 4.RECURSOS TÉCNICOS EM PSICOTERAPIA TRANSPESSOAL 4.1.O TrabalhocomSonhos . 4.2.O TrabalhocomMeditação . 4.3.O TrabalhocomSímbolos . 5.SISTEMAS PSICOTERAPÊUTICOS ESPECÍFICOS .. 5.1.A TerapiadaQuatemidade . 5.2.O CursodosMilagres . 5.3.A Hiperventilação . 5.4.A Psicossíntese 5.5.MeditaçãoInterpessoaL . 5.6.TerapiaTerminal . 71 83 86 87 88 89 91 55 56 45 77 79 80 80 80 80 81 81 53 54 54 65 67 67 68 68 69 CapítuloII A ESTRUTURA HOLÍSTICA DA CONSCIÊNCIA 1.NÍVEIS DE CONSCIÊNCIA - CONCEITUAÇÃO ... 2.A CARTOGRAFIA DA CONSCIÊNCIA PROPOSTA POR STANISLAV GROF . 2.1.Nível Abstratoe Estético 2.2.Nível Psicodinâmico 2.3.Nível Perinatale Início dasExperiências Transpessoais 2.4.Nível TranspessoaL . 3.A CARTOGRAFIA DA CONSCIÊNCIA PROPOSTA POR ROBERT S. DE ROPP 3.1.O SonosemSonhos 3.2.O SonocomSonhos . 3.3.O SonoAcordado(Identificação) 3.4.A TranscendênciadoEu (ConsciênciadeSi Mesmo) 3.5.A ConsciênciaCósmica(ConsciênciaObjetiva) . 4.A CARTOGRAFIA DA CONSCIÊNCIA PROPOSTA POR JOHN LlLLY 5.A CARTOGRAFIA DA CONSCIÊNCIA PROPOSTA POR ROBERTO ASSAGIOLl 5.1.O InconscienteInferior . 5.2.O InconscienteMédio . 5.3.O InconscienteSuperiorouSuperconsciente . 5.4.O CampodaConsciência . 5.5.O "Eu"Conscienteou"Self" PessoaL . 5.6.O "Eu"Superiorou"SelfTranspessoal" 5.7.O InconscienteColetivo 6.A CARTOGRAFIA DA CONSCIÊNCIA PROPOSTA POR KEN WILBER 6.1.Nível doEgo 6.2.Nível Existencial 6.3.Nível Transpessoal. . 6.4.Nível daMente (Unidade) 7.CONCLUSÃO 10 A Psicologia Transpessoal 2.AS PRINCIPAIS CONTRIBUIÇÕES DA PSICOLOGIA TRANSPESSOAL PARA A PSICOTERAPIA.............. 151 2.1.A VisãoHolísticadaPsicoterapia- A Concepção doUniverso,doHomem,daSaúde,daDoença edaCura 151 2.2.A PsicoterapiaTranspessoal:Conteúdo,Contextoe Processo 153 2.3.ApreciaçõesCríticasdosSistemasApresentados comoEspecíficosdoNível Transpessoalno Capítulo111........................................ 154 3. POSICIONAMENTO PESSOAL 159 BIBLIOGRAFIA . 163 Apresentação Luís Pellegrini A análisee projeçãono futurodastendênciasque,emní~ vel mundial,caracterizamo atualmomentohistórico,produzem diagnósticosalarmantes.Se muitasdessastendênciasnãoforem urgentementerevertidasoumesmoeliminadas(explosãopopula~ cional,poluiçãodomeioambiente,proliferaçãodosarmamentos nucleares,paracitarapenasalgumas),nossacivilizaçãocorreo riscopraticamentecertodechegaraopontodaexaustãoedocolap~ so.Paraqueissonãoaconteça,grandesmudançasdevemserfei~ tas,tantona áreaindividualquantonasociale naplanetária.E qualquerprovidêncianessesentidodependeexclusivamentede nós,poiso futuroseráapartirdospensamentos,daspalavrasedas açõesdecadaumdenós. Todosdesejamosqueessasmudançasparamelhorrealmente aconteçam.Mas nossacapacidadevolitiva é determinadapelas circunstânciasambientais(externasou internas)nasquaisnos 12 A Psicologia Transpessoal Apresentação 13 encontramos.Circunstânciasque,cadavezmaiscaóticase desu- manizadas,limitamo lequedenossasopções.Emconseqüência,a importânciadaescolhadeliberadae a suaorigem,a consciência humana,tornou-secrítica. A maioriadosespecialistasengajadosnanovíssimaciênciada futurologiaafirmamque os gravesproblemascomos quaisnos defrontamosnão podemsersuperadossemque se produzam mudançasrevolucionáriasno contextodaprópriahumanidade, tantonoplanodoindivíduoquantonodacoletividade.Podemos, noentanto,depositaresperançanumarápidaalteraçãodosatuais padrõesdo caráterhumano,de maneiraa produzirindivíduose sociedadesmaissadios,assentadosemestilosdevidamaispacífi- cose organizados?Tal esperançaseráirrealsepersistirmos,com ópticaobtusa,nadefesadaposturamaterialistamoderna,obceca- dapelaganadeconquistamaterial,comtodososseusvaloresde tecnologia,progresso,consumodesenfreado,poluiçãoe destrui- çãodosrecursosnaturais.O caminhodapreservaçãodavidaé, hoje,sobretudoumproblemadeconsciência.E comoconsciên- ciaé umfenômenoqueseprocessano interiordohomem,éjus- tamenteemseuinteriorquedevemostrabalhar- comafincoe urgência- paradaíextrairassoluções. A percepçãocadavezmaisclaradesseurgenteestadodecoi- sasinvadiu,nasúltimasdécadas,todasasáreasdoconhecimento humanoocidental,asciências,asartes,asreligiõeseasfilosofias. O ciclodoparadigmaracionalista,fragmentador eseparador- a cujosexcessosdeveserdebitadaboapartedosproblemasqueho- je vivemos- pareceestarchegandoaofim.Uma novaconcep- çãodavidaedomundosurgiu,eestásendoestruturada,assumin- doacadadiacontornosmaisdefinidos.Assistimosaonascimento deumnovoparadigma,eumdosseusnomesdebatismoé "holis- mo"(dogregoholos,totalidade).Trata-sedeumaconcepçãosis- têmicadavidae domundo,baseadanaconsciênciadoestadode inter-relaçãoeinterdependênciaessencialdetodososfenômenos - físicos,biológicos,psicológicos,sociais,culturaiseespirituais. É preciso,contudo,porquestãodejustiça,lembrarqueessa concepçãoholísticaousistêmicasóénovano âmbitodochama- do conhecimentooficial do Ocidente.Ela já eraconhecidae desenvolvida,deformaveladaouexplícita,pelasgrandesescolas datradiçãoocultistaocidental,taiscomoaalquimia,acabalaeaastrologia.Quantoàscivilizaçõesorientais,pode-seafirmarque elasestãocompletamenteestruturadasdentrodaconcepçãosistê- mica.Bastadizerque,nasuaquasetotalidade,asgrandesfiloso- fiasqueessascivilizaçõesdesenvolveram,comoo hinduísmo,o taoísmochinês,obudismoeo zen-budismo,propõemcomoaxio- madebasea idéiadequetudoé "vivo", desdea menorpartícula doátomoatéDeus.Equeaessência"vital"detodasasformascria- daséexatamenteamesma.As doutrinasarcaicasdaÍndiachegam mesmoa admitira existênciadeumintercâmbioperpétuoentre osseres:"A matériaevoluiemdireçãoaoespíritoatravésdosreinosda naturezaedasraçashumanas". A psicologiatranspessoal,comoveremosnestetrabalhode MarciaTabone,é filha diretado enfoqueholísticodarealidade. Ao considerarosdiferentesníveisouestadosdaconsciênciaaces- síveisaohomem,e a inter-relaçãodaconsciênciahumanacom todososdemaisaspectosdavida,danaturezaedocosmos,elanos retirado âmbitoestreitoa quefomosrelegadospelaconcepção mecanicistacartesiana,ampliandooslimitesdohomempsicoló- gicoparaalémdasfronteirasque,antes,sóeramalcançadaspela arteepelareligião. A autora,por outrolado,demonstraquea psicologiatrans- pessoal,longedeserumsistemapsicológicoamarradoecristaliza- do,deveserentendidamuitomaiscomoummovimentoemper- manenteprocessodeexpansão.Seuobjetoprimordialdeestudo é aconsciênciahumana,quenãopodeserreduzidaalimitesnem sercaptadaemsuatotalidade.Masque,apesardisso,outalvezexa- tamentepor isso,é o fio condutorsemcomeçonemfim quenos guiarádeformaseguraatravésdo labirintoemquenosencontra- mos. Iniciativapioneirano Brasilno âmbitodaUniversidade,e escritocomexemplarpreocupaçãodesíntese,clarezaedidatismo, estetrabalhodeMarciaTaboneserá,semdúvida,umguiadeextre- mautilidadeparaosprofissionaise leigosdapsicologiaqueambi- 14 A Psicologia Transpessoal cionamumsaltoqualitativoemseusconhecimentos.Bemcomo paratodosaquelesleitoresque,comoafirmaEdgarMorin emO paradigmaperdido,já suspeitamque"oqueestáhojea morrernãoé a noçãodehomem,massima noçãoinsulardo homem,separadoda naturezaedasuapr6prianatureza;o quedevemorreréa auto-idola- triadohomem,a maravilhar-secoma imagempretensiosadesuapr6- priaracionalidade". Prefácio Prof. Pierre Weil Há, nasorganizaçõesuniversitárias,certoseventosmarcan- tesqueconstituemo sinaldo início deumaprofundarevolução naciênciae,maisparticularmente,naepistemologia. Defato,estamosemplenarevoluçãocientífica,caracterizada porumamudançadeparadigma;o velhoparadigmanewtoniano- cartesiano,cujalógicaprovocouumprogressoenormenosdomí- niosdaMacrofísica,daBiologiaemesmodaPsicologia,serevela comoexpressãodeumaverdadeparciale reducionista.Tantoa Macrofísicaquânticacomoa PsicologiaTranspessoalapontam- nosumanovaformaderealidadeefazemsurgirumnovoparadig- ma,o paradigmaholístico,queestáaexigirumanovalógica. O antigoparadigmalevoua umaconceptualizaçãofragmen- tadadoconhecimento,comconseqüênciasdesastrosasparaapró- priasobrevivênciadahumanidade. Entreoseventosmarcantesdessasmudanças,há nasuniver- 16 A Psicologia Transpessoal sidadesdetodoo mundoo surgimento,aindaqueesporádico,de tesesqueassinalamostrabalhosrealizadosnessecampo. No Brasil,emPsicologia,tivemosatesedeAdelaideLessaso- breprecognição,dirigidapeloProfessorArrigoAngelini,naUni- versidadedeSãoPaulo.Eagora,MarciaTaboneapresenta-noseste primorosolivro, tambémfrutodeumatesedemestradoapresen- tadanaPontifíciaUniversidadeCatólicadeSãoPaulo. ProfissionaldaPsicoterapia,MarciaTaboneresolveuintegrar a dimensãotranspessoalno seutrabalho,poissabiadesdecedo, porexperiênciaprópria,queamenteéumaespéciedecampoque ultrapassadelongeocérebroeseencontratãointegradanamente universalquantoo sãoasondase o mar:podemossepararason- dasdomar? ComoprofessoradeUniversidade,elanãopodiasecontentar comasimplesaplicaçãodosseusconhecimentos;sabedoradeque o homeméumseremplenaevolução,elaresolveuaprofundaros aspectosteóricosda terapiatranspessoal,submeteresseestudoà críticauniversitáriae,depois,compartilharsuasconclusõescom o público,sobaformadelivro. Nele o leitorencontraráumaexcelentesinopsedo estadoa- tualdosestudosdaPsicologiaTranspessoalemgeral,fornecendo assimumabaseteóricasólidaparaumaexplanaçãodosprincipais métodosdaterapiatranspessoalpropriamentedita. Estamoscertosdequeo livro interessaráa todososqueque- remultrapassaroslimitesdemasiadoestreitosdasdiferentesespe- cializaçõesdentroouforadaPsicologia. A descoberta,dentrodenósmesmos,doverdadeirosentido da nossaexistêncianestaterra,confunde-secom o verdadeiro sentidodavida.A PsicologiaTranspessoaleopresentelivrocons- tituemumacontribuiçãoessencialparaforneceraohomemins- trumentaçãometodológicaparachegara isto;equandotal sedá atravésdavivênciatranspessoal,reinaapazinterior,averdadei- ra liberdade;o homementãosetoma um verdadeiromagneto, irradiandoemtomodesi beleza,verdadee amor. Introdução à NovaEdição Quando fizaescolhadaPsicologiaTranspessoalcomotema depesquisa,tinhaemmenteapreocupaçãoobjetivaemdesenvol- verumaabordagemcientíficadapráticadapsicoterapiacomorien- taçãotranspessoal.Poroutrolado,paraalémdaobjetividade,afun- çãointuiçãomeconduziaaumamotivaçãomaisprofundaapoiada navisãofuturadequeumagrandetransformaçãoestavaocorren- dono campopsicológicoe euestavanaquelemomentodemodo solitáriopreparando-meparacontribuirnasuacomunicação. E, porformaçãoacadêmicaeporopçãoprofissional,atuona áreadapsicologiaclínica,porémmuitoantesdeobtertalqualifi- cação,já mepreocupavaemcompreenderemmeuprópriopro- cessodeindividuaçãoo significadodeexperiênciasnasquaispude vivenciarfenômenoscomo:telepatia,precognição,experiência extracorpórea,clarividência,viagensno tempoe espaciais,iden- tificaçãocomoutraspessoas,etc. 18 A Psicologia Transpessoal Introdução à Nova Edição 19 As escolaspsicológicasemgeralnãotêmvalorizadocomofo~ covastasáreasdopsiquismohumanoassociadasàdimensãotrans~ pessoalcomoasexperiênciasaltamentecriativase/oucurativas quetranscendemoslimitesdoegoedaconsciênciausual. Ficacadavezmaisevidentequeo modelocientíficoquefun~ damentaaPsicologiaconvencionalapoiadonacausalidadeélimi~ tadodiantedasgrandesmudançasculturaisecientíficasdasúlti~ masdécadas.Limitadosobretudoparadarcontadasnecessidades humanase dosproblemasexistenciaisdestefinal demilênioco~ moapatologiaindividualecoletivadaperdadesentidoparaavi~ dae adapercepçãofragmentadadarealidade. A PsicologiaTranspessoalsurgeemrespostaà "inconsistên~ cia"comoumatentativadeintegrar"novosinsights", enovascon~ tribuiçõesnacorrenteprincipaldasdisciplinascomportamentais edasaúdementaldoOcidenteintroduzindoa"consciência"como princípio fundamental,umavezque a compreensãoatravésda "razão"nãoémaissuficienteparadarsuporteaonovoparadigma emergente. A PsicologiaTranspessoalé umaabordagemrecentee muito importante,quesurgiunosEstadosUnidos nosanos60,a partir deummovimentoquesetornouconhecidocomoa"quartaforça", emPsicologia,apóso Behaviorismo,a Psicanálisee a Psicologia Humanista. Seusestudosestãofundamentadose relacionadosa várias áreasdosaberefornecemumaampliaçãodosconhecimentosso- breo serhumano.Essesestudose suasaplicaçõesà psicoterapia encontram-sedivulgadosseparadamente,emmuitaspublicações, querequeremumareuniãosistematizada. Pelosmotivosacimaexpostos,nestelivroreunimosasprinci~ paiscontribuiçõesde iniciadorese representantesda Psicologia Transpessoal,tais como Maslow, Sutich, Naranjo, Assagioli, Wilber,Grof eoutros. ComoosprimeirosrepresentantesdaPsicologiaTranspessoal pertenceramanteriormenteàPsicologiaHumanista,sendoaque~ laconsideradacomoumdesdobramentohistóricodesta,julgoser pertinenteestabelecercomparaçõesentreambas,dandodestaque àspeculiaridadesdaprimeira. Considerandoo fatode a PsicologiaTranspessoal,alémdos recursosprópriosdaspsicoterapiasemgeral,utilizar-setambémdos ensinamentosepráticasdatradiçãooriental,apresentamosalguns recursostécnicosqueproduzemefeitosterapêuticosequepossibi- litamatingirmetastranspessoais. Resumindoas idéiasacimaexpostas,no presentetrabalho temosapreocupaçãoemapresentar:1.SíntesedasidéiasdosprincipaisrepresentantesdaPsicolo~ giaTranspessoal. 2.Osprincipaisrecursostécnicosesistemasterapêuticosespe~ cíficosdaabordagemtranspessoalempsicoterapia. 3.Apreciaçãocríticaesíntesedosprincipaispressupostosda PsicologiaTranspessoaledesuascontribuiçõesparaapsi~ coterapia. Quantoaoconteúdodoscapítulos,encontram-sedesenvolvi~ dosdaseguintemaneira: •O Capítulo r situa,historicamente,a PsicologiaTranspes- soalemseucontextoculturalecientífico.Enfatizaasnovas perspectivasda consciênciaprovenientesdapesquisado cérebro,FísicaModernae drogaspsicodélicas. •O CapítuloII introduzimportantenoçãoarespeitodosdife- rentesníveisdeconsciência,queampliaasconcepçõespro- postaspelaschamadasabordagensdinâmicasdaPsicologia. Dentrodessaperspectiva,diferentesabordagensteóricase práticassãoválidasparadeterminadosníveisdeconsciên- cia e representamabordagenscomplementarese nãocon- traditóriasentresi. •O CapítulorlI apresentaasorigenseo desenvolvimentoda PsicologiaTranspessoaleascomparaçõesentreestaeaPsi- cologiaHumanista.Os principaisrecursostécnicosesiste~ 20 A Psicologia Transpessoal masterapêuticosespecíficosdaabordagemtranspessoalem psicoterapia. •O CapítuloIV, consideraçõesfinais,faza análisecríticada PsicologiaTranspessoaledeseussistemasterapêuticosespe- cíficosapartirdeumaarticulaçãoentreosvárioscapítulos, levando-seemcontaosseusfundamentosteóricoseasimpli- caçõesparaapsicoterapia. CAPÍTULO I ContextoCultural, Mudançase as NovasDireções etnCiência 1 UmaCulturaEmergente A décadainiciadaem 1960caracterizou~senospaísesoci~ dentais,particularmentenosEstadosUnidos, comoumperíodo deintensasmanifestaçõesdecaráterrevolucionáriopolítico~cul~ tural. MarilynFerguson(1980),emsuaobra"A conspiraçãoaquaria~ na",analisadetalhadamenteoprocessorevolucionáriodadécada e suasconseqüentesimplicaçõesnasáreascientífica,filosófica, religiosaesocial.SegundoFerguson: "Por certo,os anossessentaassistirama umagrandeturbu~ lênciasocial,membrosdaclassemédiaedaalta,especialmen~ te,começaramaespecularsobreumanovasociedade.Forças históricasesociaisvigorosasestavamconvergindoparacriaro desequilíbrioqueprecedeasrevoluções.Os americanosesta~ vam,deformacrescente,percebendoa impotênciadasinsti~ 24 A Psicologia Transpessoal I -Contexto Cultural, Mudanças e as Novas Direções ... 25 tuiçõesexistentes- governo,escolas,medicina,negocws, igreja- emtratarcoletivamentedeproblemasqueseavolu~ maram." (p. 127) Assim,ascontínuasmanifestaçõesdeoposiçãoao "sistema", característicasdaépoca,e o frontalquestionamentodosvalores tradicionaisdaculturaocidentallevaramsignificativossegmen- tossociais- médicos,educadores,industriais,políticos,cientis- tas,religiosos-, conscientesounão,acriaremcondiçõesparao surgimentodeumaculturaalternativa. Ferguson,na obracitada,qualificataisgruposcomo"Cons~ piradoresAquarianos"eafirma: "Há legiõesdeconspiradores.Elesestãonascompanhias,uni~ versidadesehospitais,noscorposdocentesdeescolaspúblicas, nasfábricasegabinetesmédicos,emórgãosestaduaisefede~ rais, emconselhosmunicipaisenogabinetedaCasa Branca, nasassembléiasestaduais,emorganizaçõesvoluntáriasevir~ tualmenteemtodasasarenasdedecisõespolíticasdopaís... Há tambémmilhõesdeoutrosquenuncapensaramemsimes~ moscomoparticipantesdeumaconspiração,masquesentem quesuasexperiênciase lutasfazempartedealgomaior, de umatransformaçãosocialmaisamplaquesetomacadavez maisvisível,contantoquesesaibaparaondesedeveolhar." (p.24) Os chamados"conspiradores"nãoseinteressamporuma"afi~ liaçãoemsuasformastradicionais:partidospolíticos,gruposideológi~ cos,clubesou fraternidades"(p.25);preferembuscaroscaminhos paraa transformaçãopessoale socialnasredesouagrupamentos queseformamapartirdaconexãoentrepessoasdemesmosinte- resses.(p. 25) Os "ConspiradoresAquarianos"sãoatraídosunsparaosoutros porpreocupaçãoemtornodosseguintesitens:"mudançadepara~ digma,transformaçãosocial,experiênciasmísticaspessoais,tecnologia apropriada,descentralização,lançamentodeponteentreOrienteeOci~ dente,comunidadesintencionais,simplicidadevoluntária,modelosde organizaçãomontadosà basedeconfiançae comunicação","formas criativasatravésdasquaispossamosnosajudarunsaosoutros", "tec~ nologiaconsciente","vigore liberdadederelacionamento".(p.222) No quadrodo processorevolucionário,nosEstadosUnidos, essastendênciasculturaisresultaramdasíntesedaspropostasde transformaçãoapresentadaspelo"ativismopolíticodosanossessen~ ta" epela"revoluçãodaconsciênciadosanossetenta". Essanovasínteseenfatizaa transformaçãosocialcomoresul- tantedatransformaçãopessoal- amudançadedentroparafora. A culturaemergentepropõea renovaçãosocialatravésda modificaçãodaconsciênciaindividuale coletiva;a ascendência deumanovamentalidadedentrodaculturaantiga;aaglutinação deumanovaordemsocial. A "cosmovisão"resultantedo processointegraconquistas atuaisdavanguardacientífica,comherançasculturaisdeantigas civilizações,revivendosuastradiçõesreligiosase filosofiastradi- cionais. Emfunçãodasmudançasealteraçõesnoqueera,atéentão,es- tabelecido,novosparadigmassefizerameoutrossefarãopresentes. 2 NovasDireçõesemCiência A reformulaçãoculturaldosanossessenta,setentarepercu' tiu emalgunssetoresacadêmicos,levando'osa dedicarmaiores esforçosemáreasdo conhecimentoatéentãopoucovalorizadas e/ouexploradas. Particularmente,osproblemasconcernentesà naturezae às alteraçõesdaconsciênciahumanatornaram,sepontosdeconver, gênciado interessecientífico.SegundoHarman(1975): "Uma ciênciaembrionáriadosestadosalteradosdeconsciên, ciajá existiaháséculoemeio.Gravitava,maisoumenos,em tomodosfenômenosdehipnose,masincluíaexploraçõesde cnatividade,percepçãoextra,sensorial, diagnósticodeclarivi, dência, curas instantâneas,estudosobrea imaginaçãoe a intuição.Essecamponãologroudesenvolver,seporquea so, ciedadecolocouseusrecursospsíquicos,humanose econômi, 28 A Psicologia Transpessoal I -Contexto Cultural, Mudanças e as Novas Direções ... 29 cosemoutrasáreas.Parecequeestamosagoramaisdispostos a caminhardenovo,eseriamente,nessadireção."(p. 159) Por outrolado,asrecentesdescobertasemváriosdomínios científicos- Física,Neurologia,Psicofisiologia,Parapsicologia, BiologiaMolecular-, emesmoo adventodasdrogasalucinóge- nas,ofereceramnovasemaisamplaspossibilidadesparaapesqui- sadaconsciência. A sínteseda interaçãodessesconhecimentosparaa Psicolo~ giafoi o surgimentodenovasposturasnapesquisadasexperiên- ciassubjetivas.Algumasdessasposturasagruparam-seemtornode doismovimentosacadêmicos:a PsicologiaHumanistae a Psi- cologiaTranspessoal.O segundomovimentopodeserentendido comoumaexpansãodoprimeiro.(Sutich,1969) ParaPierreWeil (1982),a PsicologiaTranspessoaltempor finalidadeo estudodosváriosestadosdeconsciênciaporquepas- saohomem,assimcomodassuasrelaçõescomarealidade,como comportamentoe com os valoreshumanos.E desenvolvetais metasatravésdeumaabordageminterdisciplinarquereúneten- dênciasmetodológicasdeváriasdisciplinascientíficase filosófi- cas.(p. 113) Essatentativadesíntesena áreada Psicologiatemrefletido umatendênciaculturalmuitomarcantenosúltimosanos.A esse respeitoCláudioNaranjo,emvisitaaoBrasil,assimseexpressou: "Onossotempotemcomocaracterísticaprincipala sínteseem todososplanos,a sínteseemtodososcampos;a sínteseinter~ disciplinar,síntesequantoà integraçãodecultura,deescolas eumamultiplicaçãodeescolas."(UNICAMP, 19.4.84) Assim,aPsicologiaTranspessoalsesituacomoum"movimen~ to" nocampodaPsicologia,queutilizao conhecimentodevárias disciplinase convergeparaumasínteseprogressivadedadosso- breaconsciênciahumana. Sobreorecenteinteressedapesquisapsicológicaemtera"cons~ ciência"comoobjetodeestudo,Ring (1974)assimsemanifesta: "Com osurgimentodaPsicologiaTranspessoal,umavezmais apesquisapsicológicavoltoua seocuparparticularmentecom o estudodaconsciência.DesdeosprimeirosmomentosdaPsi~ cologiaocidental,nunca sedeu tantaatençãoà questãoda naturezada consciênciaquantoatualmente.comosevê no interessepela manipulaçãodos estadosde consciência." (p.55) Portanto,nestaépoca,encontra~seaPsicologiacomoumadis- ciplinaqueretomaaoseuprimeirotrabalho- umexamedacons- ciência-, porémagoraexisteafacilidadedasnovas"técnicas"que têmsidocuidadosamentedesenvolvidasduranteesteséculo. Em seqüência,examinaremosrapidamenteosavançoscien~ tíficose tecnológicosemalgumasáreasqueconsideramosmuito relevantesparao surgimentoe conseqüentedesenvolvimentoda PsicologiaTranspessoal.Sãoelas:apesquisadocérebro,asdrogas psicodélicase aFísicamoderna. 2.1.A PesquisadoCérebroea Consciência O progressorecentementeobtidono campodasneurociên- cias- análisedoshemisfériosdocérebro,mediçãoderitmosce- rebrais(EEG), biofeedback,teoriaholográficadocérebro,etc.- indicaumaestreitarelaçãoentreo funcionamentodocérebroe asatividadesdaconsciência. Essasnovasdescobertaspermitemmelhorcompreensãotan- tono queserefereàconexãoentreo cérebroeasexperiênciasda consciência"ordinária",quantodasexperiênciasem"estadosalte~ radosde consciência". J osephE.Bogen(1973)foiumpioneironasistematizaçãodas evidênciasneurológicasquehá muitotemposugeriama duales- pecializaçãodoshemisférioscerebrais. RobertE. Ornstein(1972)analisoudoisdiferentesmodosou estilosdeconsciênciaqueparecemestarligadosaoshemisférios cerebrais.E concluiu: 30 A Psicologia Transpessoal I -Contexto Cultural, Mudanças e as Novas Direções ... 31 "Ohemisférioesquerdoestárelacionadoprincipalmentecom asfunçõesverbaisematemáticas.Seumododeoperaré linear ou seqüencial,analítico,lógicoe racional... Emcontraposi~ ção, o hemisfériodireitoencontra~semaisenvolvidocom a orientaçãoespacial,apercepçãooua criaçãoestética,aauto~ imagem,etc.É emocional,intuitivoeholístico."(pp.66~68) As duasgrandestradiçõesculturais,a ocidentale a oriental, têmapresentadoessamesmadualidadeemsuasproposiçõesfilo- sóficasfundamentais.(Moore 1978)Assim,enquantooshomens ocidentaisenfatizama utilizaçãodasfunçõesdo hemisférioes- querdo,sendopor issomaislógicoseracionais,seusequivalentes orientaisdãomaiorvaloràsfunçõesdohemisfériodireito,sendo, portanto,maisintuitivosemísticos. A aproximaçãoculturalentreOcidenteeOrientepermitiua comparaçãoentresuasdiferentesformasdeapreensãodarealida- de,revelandoqueosdoismodosdeconhecimentopropostosnão sãoauto-suficientes. Emconseqüência,algunspsicólogosocidentaissugeriramque deveriahaveranecessidadedeumacomplementaçãodasdiferen- tesfunçõespsicológicasdoserhumano. O psiquiatraRobertoAssagioli(1982)justificatal necessida- de: "A limitação- quetambémseaplicaa todasas outrastéc~ nicaseao usodetodasasoutrasfunções,masquetemdeser reiterada- équeousoseparativodequalquerfunçãosópode darresultadoslimitadoseunilaterais.É na cooperaçãoeuso sintéticodetodasasfunçõeshumanasquepodeseralcançado o êxito,emcogniçãoouação." (p. 230) A Psicologiaatual,maisespecialmenteaabordagemtranspes- soal,empenha-seemdesenvolvermétodospsicoterápicosmais abrangentes,quefacilitemaoserhumanodesenvolver,concomi- tantemente,todasassuasfunçõespsicológicas. Com o objetivodepreencherlacunasdeixadaspor funções nãodesenvolvidaspornossosistemaeducacional/cultural,aabor- dagemtranspessoaldaPsicologiacombina,sempreconceitoscien- tíficosouculturais,asváriastendênciasdopensamentopsicoló- gico ocidentalcomasmetodologiasdesenvolvidaspor sistemas esotéricoscomoo Budismo,o Yoga,o Tibetanismo,o Sufismoe outros. Outraforteevidênciadarelaçãocérebro/consciênciaencon- tra-seno trabalhodeWilder Penfield(1975).Ele verificouque experiênciasparticularespareciamestararmazenadasemdetermi- nadasáreasdocérebroepodiamsertrazidasàconsciênciae,ain- da,reexperimentadas,setaisáreasfossemestimuladaspormeiode umacorrenteelétrica. Além disso,asmemóriasevocadaseramacompanhadaspelo padrãoemocionalligadoao incidenteoriginal.As experiências realizadasporPenfieldfornecemnovoselementosparaa pesqui- sacientíficadecertosfenômenospsíquicos,comotelepatia,clari- vidênciae desenvolvimentoda "terceiravisão"ou "olhomental", assimcomotambémestabelecemasbasescientíficasexperimen- taisparaaprovocaçãodasensaçãodevivênciaextracorpórea(out~ of~bodyexperience)porestimulaçãofísicadecertaregiãodocére- bro. O funcionamentodocérebrotambémpodeserestudadoapar- tir daanálisedesuaatividadeelétrica.Nesteparticular,o EEG (registroeletroencefalográfico)temsereveladoummétodoneu- rofisiológicomuitoeficienteparafocalizararelaçãoentreosmeca- nismoscerebraiseasalteraçõesdaconsciênciaemgeral. Até bempoucotempo,asalegaçõesdequeaconsciênciapode- riaserexpandidaealteradaseapoiavamemprovasempíricas,ou seja,emrelatosdeocorrências.Atualmente,taisestadossubjeti- vosestãosendocorrelacionadosa evidênciasconcretasdemodi- ficaçõespsicofisiológicas. Dessaforma,asexperiênciasrealizadassobre"estadosalterados deconsciência"- meditação,hipnose,sonhos,diferentestécnicas psicoterápicas, etc.- , quesempredesafiaramasdefiniçõesrigo- rosasdalógica,podemserestudadasatravésdeseusvárioscorre- latos- ondasalpha,thetaedelta,rápidosmovimentosoculares, etc.(Ornstein,1973) 32 A Psicologia Transpessoal I - Contexto Cultural, Mudanças e as Novas Direções ... 33 No campoda Psicofisiologia,trabalhosexperimentaiscomo osdeKamiyaedoscientistasjaponesesKasamatsue Hirai (Tart, 1969)ensejamumatentativaderelacionarospadrõesdeEEG com osestadospsicológicoseseuscorrelatoscomportamentais. A aparelhagemdebiofeedbackpermitea identificaçãopor meiodesonsoudeleiturasvisuaisdosprocessosorgânicoscomo: atividadesdasondascerebrais,temperaturae condutividadeda pele,sistemacirculatório,atividadesmuscularesetc.O treinamen- toporbiofeedbackéoprocedimentoquepermiteconhecereobter o controlevoluntáriodessesestadosinternos.(Brown,1975) ParaKarlinseAndrews(1972),aparelhosdebiofeedbackpo- demserusadosparaajudaro homemaobtero estadointernoque desejeexplorar: "Com o treinamentopor biofeedbaek,o homemaprendea selecionarseusestadosdeser.Ele podeexplorarnovasexpe- riênciassistematicamentecontroladassemdependerdousode drogas... Ele podemudarsuamentesemlesarseucérebro." (p. 70) A descobertadobiofeedbacklevoupesquisadorescomoElmer Green(1970),doDepartamentodePesquisasdaFundaçãoMen- ningeremTopeka,Kansas,ainvestigarvogues,naÍndia,aosquais seatribuíam"poderes"deautocontrole;e aodesenvolvimentode pesquisasnosEstadosUnidos,utilizandobiofeedbacknumaclíni- ca,numaprisãoenumasaladeaula.Tendoconcluídoque: "A essênciatantodaYogacomodobiofeedbaekéo contro- le da imagemcorporalbiopsicológicaatravésdevisualização duranteumestadoderelaxamento." Kar Pribam(1981),neurocientistada StanfordUniversity, propôsumateoriasobreofuncionamentocerebral,omodeloholo- gráfico,queunea pesquisado cérebroà Físicateórica.Segundo essateoria,qualquerpartedocérebrocontémainformaçãototal, istoé,amemóriaé distribuídaportodoo cérebro. A holografia,inventadaporDenisGaborem1947,éumméto- dodefotografiasemlentesquepermiterecuperara imagemórigi- naldoobjeto,aparecendoumafiguratridimensional.(Tekulskye Asinof,Ciência Ilustrada,pp.72-77.) Deacordocomo Brain/MindBulletin(1977)aaproximação entrePribameo físicoDavidBohm,queestavadescrevendoum universoholográfico,permitiuaseguintesíntese: "Nossoscérebrosconstroemmatematicamenteumarealidade concretaatravésdainterpretaçãodefreqüênciasquetranscen- demtempoe espaço.O cérebroéumhologramaqueinterpre- taum universoholográfico... " (p. 1) Pelateoriaholográfica,océrebrotomaconhecimento,simul- taneamente,daspercepçõesnormais,dasexperiênciastranscen- dentaise doseventosparanormais,demonstrandoquesãoparte da naturezahumana,eliminando,assim,o carátersobrenatural atribuídoaosfatostranspessoais. 2.2.A FísicaModernaea PercepçãodaRealidade No princípio do séculoXX, a TeoriadosQuantade Max Planck (1900) e a Teoria da Relatividadede Albert Einstein (1905)propiciaramverdadeirasrevoluçõescientíficasesepropu- serama substituira chamadaFísicaclássicapeloquesetomou conhecidoporFísicamoderna.(Hamburger,1984) O desenvolvimentodaFísicamodernaalterouprofundamen-teetranscendeutodosospostuladosdoparadigmacartesiano/new- toniano,quehaviamdominadoo pensamentocientíficoociden- talnosúltimostrêsséculos. O físicoWernerHeisenberg(1981)classificouo paradigma clássicocomo"estreitoerígido",aopassoqueo adventodaFísica modernaimpôsmaioraberturaconceitual: "A tendênciageraldopensamentohumano,noséculoXIX, foi na direçãodeumaconfiançacrescenteno métodoeientífi- 34 A Psicologia Transpessoal I -Contexto Cultural, Mudanças e as Novas Direções ... 35 coenousodetermosracionaisprecisos,oquedeulugara um ceticismoacercadaquelesconceitosda linguagemnaturalque nãoseencaixassemno esquemafechadodopensamentocien~ tíficodaépoca- por exemplo,aquelesdareligião.A Física moderna,de muitasmaneiras,veioreforçaressaatitudecéti~ ca; masela,ao mesmotempo,endereçou~acontraa superes~ timaçãodosconceitosconsideradosprecisose, também,con~ traopróprioceticismo."(p. 124) Assim,o surgimentoda Físicamodernacontribuiuefetiva~ menteparaadissoluçãodorígidoesquemaconceitualdaciência doséculoXIX. A fundamentação,predominantementemateria~ lista/mecanicista,dosconceitoscientíficosdoséculopassadoapro~ fundouoabismoexistenteentreopragmatismoocidentaleaespi~ ritualidadedoOriente. Parao paradigmaclássico,o conceitoderealidadediziares~ peitoa coisase fenômenosquesãopercebidosatravésdosórgãos sensoriaisou,então,aoquepodeserobservadograçasaoauxílio deinstrumentosrefinados,desenvolvidospelatecnologia. Dentrodessaperspectiva,o conflitoentreciênciae religião erainevitável;osfenômenossubjetivoseostranscendentaiseram vistoscomoausênciadematuridadeintelectual,superstiçãoou, ainda,psicopatologia.(Grof, 1983) No decorrerdoséculoatual,novasexperimentaçõesnoscam~ posdasTeoriasquânticaerelativistalevaramaumquestionamen~ todaMecânicanewtoniana.Osconceitosbásicosdematéria,espa~ ço/tempoecausalidadesofreramradicaistransformaçõesemsuas bases.Emconseqüência,o conceitoderealidadedomaterialismo científicotambémfoi revisado. DentreasmodificaçõesintroduzidaspelaFísicamoderna,as maisrevolucionáriasreferem~se,sobretudo,à estruturadamaté~ ria. De acordocoma fórmuladeEinstein- E=mc2 (a energia contidaemumcorpoé igualà suamassamultiplicadapeloqua~ dradodavelocidadedaluz)- ficoudemonstradaaequivalência dematériaeenergia,ouseja,suaintermutabilidade. A Mecânicaquânticademonstrouo dualismoonda/partícula apresentandoamesmaentidade,aenergia,sobaformadeondaele~ tromagnética,e,sobaformacorpuscular,o quantumdeenergia. A TeoriadaRelatividaderevelouumaestruturaespaço/tempo diversadaquelaatéentãoadmitidapelopensamentobaseadonas leisdeNewton.O espaçodeixoudesertridimensionaleo tempo deixoudeserumaentidadeindependente.Ambosapresentam~se intimamenteconectadossoba formade um Continuum espa~ ço/tempoquadrimensional,equenãosãograndezasabsolutas,mas relativas,dependendodeumsistemareferencial. Entreassuposiçõesquestionadas,encontra~sea causalidade mecânicacomoaplicávelatodososâmbitosdarealidade.A Físi~ caavançadanãoconsideraa relaçãocausa/efeitocomoumprin~ cípiodeligaçãoobrigatórionanatureza. A Físicado séculoXX, pelaprofundidadedasmodificações introduzidas,temlevadopensadoresfísicosepsicólogoscontem~ porâneosa refletiremsobresuasimplicaçõesfilosóficase a com~ pará~lascomalgumasdastradiçõesculturaismaisantigas. O físicoFritjofCapra,emsuaobraoratraduzidaparao portu~ guês"O TaodaFísica"(1985),analisouosparalelosentreo conteú~ dofilosóficodasteoriasbásicasdaFísicamodernaeosensinamen~ tosmísticostradicionaisdo Oriente,incluindocivilizaçõescom passadosculturaisdistintos,comoChina,Japão,ÍndiaeTibet. Estendendo~sepor profundasreflexões,o autor procura demonstrarqueastransformaçõestrazidaspelamodernaFísicateó~ ricaparecemlevaraumavisãodomundomuitosimilaràqueladas filosofiasorientais. Capra(1976)focalizaduasidéiasquesempreforamenfatiza~ daspelosmísticosdoOrienteequesãotemasrecorrentesnacon~ cepçãodomundodaFísicaatual: " • o. a unicidadee inter~relaçãodetodasascausaseeventosea naturezaintrinsecamentedinâmicadouniverso."(pp.62~70) O psicólogoLeShan(1978)elaborouumquadrocomparati~ vo acercade "comoo mundofuncionaentredoisgrupos",por ele denominados:"físicos~teóricos"e"místicossérios".LeShanreconhe~ 36 A Psicologia Transpessoal I - Contexto Cultural, Mudanças e as Novas Direções ... 37 ce,emprincípio,queessesdoisgrupostêmcomopontodeparti- daposturasteóricasdiferentes,utilizam-sedetécnicasdistintase têm,ainda,objetivosdiversos.Porém,buscamcompreendera essênciadarealidademaiscompleta.Semelhançasgeraisforam observadasnasconclusõesapresentadasporambososgrupos.Le- Shanconclui: "Seaquelesquebuscaramdentrodesimesmoseaquelesque buscaramnoexteriorchegamàsmesmasconclusões,podemos nosassegurarumpoucomaisdestesresultados,"(p. 119) JeanCharon,físicodaUniversidadedeParis,consideraopro- gramadosfísicosdaépocaatual"reducionista",namedidaemque deixamo "espírito"deforanassuasdescriçõescientíficasdoUni- verso.Em suaobra"O Espírito, esteDesconhecido"(1981),Jean Charonapresentauma"FísicaNeogn6stica",cujatendênciaprin- cipaléexpressapelaidéiadeque: "... oquechamamosespíritoé indissociáveldetodososfenô- menosquevemosno Universo, sejamfísicos,sejampsíqui- cos," (p. 12) Na obra"Einstein'sSpaceand Van Gogh'sSky" (1982),Henry Margenane LeShan,seusautores,umfísicoe o outropsicólogo, uniram-separademonstrarquea visãoconvencionaldarealida- deé limitada,e paraoferecercomoopçãooutraformadever o "Real",fundamentadanasteoriasdaFísicamodernaenosconhe- cimentosdaPsicologiacontemporânea.Essanovavisãodareali- dadeenfatizaa idéiadequeamentepassapornumerososestados ou fases,osquaistranscendemo processoe asexperiênciasnos quaisarealidadesensorialoufísicabaseiasuaconstrução. Os teóricosdaabordagemtranspessoalestãoparticularmente interessadosna contribuiçãoda Físicamodernapararenovare ampliaraconcepçãodemundo,imagemdohomem,inter-relacio- namentohomem/cosmos,correlaçõesentreanaturezadarealida- deesuapercepçãonosestadosdeconsciênciaemgeral. ParaMárioSchenberg(1984),"aFísicaeaPsicologiasãoaspec- tosdiferentesdamesmarealidade,vistossobangulosdiferentes"(p.27) e consideraC. G. Jungumprecursornatarefadereunirconheci- mentosdaFísicaedaPsicologia. As recentespesquisascomdrogaspsicodélicas,técnicasexpe- rimentaisdepsicoterapia,Parapsicologia,Tanatologia,Antropo- logia,biofeedback,etc.,levadasa efeitopelaPsicologiaTranspes- soal,revelaramcertaconvergênciaentrea Físicamoderna,o misticismoe aconsciênciahumana. NaspalavrasdeFritjofCapra: "A ciêncianãonecessitado misticismoe estenãoprecisada ciência;entretantoo homemnecessitadeambos."(p.69) Cabe,portanto,à abordagemtranspessoalaampliaçãodepos- sibilidadesquevisemreunira antigasabedoriado Orientee o conhecimentocientíficodoOcidente.(Grof, 1982) 2.3.As DrogasPsicodélicasnaPesquisadaConsciência A Químicadesempenharelevantepapelnaschamadasnovas direçõesemciência,especialmenteno queserefereao emprego decertosprodutosfarmacoquímicos,osquaisestãosendoutiliza- dosna investigaçãodaconsciênciahumana. Entreasprincipaissubstânciasemusopodemsercitadas:a mescalina,apsilocibinaeo LSD (dietilamidadoácidolisérgico). Porapresentaremefeitossimilares,essasdrogassãochamadas"psi- codélicas", dogrego"quealterama mente".(Berent,1981) O LSD é,dentreasdrogassemi-sintetizadasconhecidasque alteramaconsciência,adeefeitomaispotenteeduradouro. SegundoHossri(1984)o LSD, emdosagensequivalentes,é cercadesetemil vezesmaisatuantequea mescalina- substân- ciacujafontenaturalé o cactuspeyote- e cercadecemvezes maispotentequea psilocibina,alcalóidederivadodoschamados "cogumelossagrados"doMéxico. (p. 108) Derivadodacravagemdo centeio,o LSD é umasubstância 38 A Psicologia Transpessoal I -Contexto Cultural, Mudanças e as Novas Direções ... 39 preparadaquimicamenteemlaboratório.Foi descobertoem1938 quandodaintoxicaçãoacidentaldeHofman,químicodoslabora- tóriosSandoz,empresafarmacêuticasuíça.Hofmanfoi umpio- neiroe realizouumasériedetrabalhosque,desdeentão,semul- tiplicaramconsideravelmente.(Ollivenstein,1980)As drogaspsicodélicasemgeralcausammodificaçõespsíqui- casnosindivíduosqueasingerem,afetandodepreferênciaasper- cepçõesvisuais,e, por isso,sãoincluídasentreos "alucinógenos". (p.49) Em 1954,AldousHuxley- umdosmaisrenomadosconhe- cedoresdafenomenologiapsicológicainduzidapor alucinógenos - emsuaobra"As PortasdaPercepção",despertouointeressepelas drogasalucinógenascomofontedepesquisaprofundadamente humanaeconsideroutaisdrogas"modificadoresdoespírito". Analisandoaspossibilidadesfuturasdo empregodospsico- délicos,Huxleyachavaque,emboraaprincípiopudesseparecer algodesconcertante,seuusoacabariapordarmaiorprofundida- de espiritualà vida nascomunidadesondefossemconsumidos. Acreditavaqueasdrogasproduziriamumarevivênciareligiosae, assim,a religião,atividadeenvolvidaprincipalmentecomsím- bolos,seriatransformadaemsuasbasese setornariamaispreo- cupadacoma experiênciae a intuição,ou seja,como misticis- modocotidiano. TimothyLeary(1981)iniciousuasexperimentaçõespsicodé- licasquandoeraprofessordoDepartamentodePsicologiadaUni- versidadedeHarvard,no princípiodosanossessenta.Learyficou conhecidomundialmentecomoumdosprincipaisteóricosdauti- lizaçãodedrogaspsicodélicaspara"expandir"ou "alargar"acons- ciência.SuasatividadesemHarvardteriamdadoinício aomovi- mentohippie-psicodélico.(Harman,1975) Durantea décadade 1960,partesignificativadajuventude americana,seguindoa orientaçãode seus"gurus" - Timothy Leary,RichardAlpert eRalphMetzner-, fezusodedrogasasso- ciadasa práticasmísticasderivadasdosconhecimentosesotéri- cosdoOriente. Por essaépoca,a preocupaçãodosjovenscomasatividades de"expansãoeexploração"daconsciênciafaziapartedeumcon- junto maisamplodemanifestaçõesculturaisligadasa ummovi- mentoquesetornouconhecidocomo"Contracultura".Naspala- vrasdePereira(1984): "Fundamentalmente,o quesebuscavaeramnovaspossibili- dadesdeapreensãodarealidade,e tantoo misticismocomoa drogaconstituíram-senumaformadeoposiçãoaoracionalis- modominantenassociedadestecnocráticas,racionalismoeste calcadosobreomododeconhecerdaciência,ouseja,sobrea própriaestruturadopensamentocientíficoque,comotal,per- mite,ao mesmotempoqueimpõe,umadeterminadapercep- çãodarealidade."(p.85) A contraculturaeomovimentohippie-psicodélicocertamen- tedesempenharamumpapelimportantenastentativasdereno- vaçãosocioculturalnosanossessenta.Porém,aposiçãodeLeary emHarvardficouenormementeprejudicadaapóssuasexplora- çõespsicodélicas.Seuentusiasmopelasdrogaspareciaameaçar seuscolegasmaisconservadoreseacabaramporcausaro encerra- mentodesuasatividades,tendoelesidoobrigadoa seafastarda Universidade. Emanosrecentes,Leary(1981)nãoseencontranocentrodo interessepúblicocomojáhaviaocorrido,mas,emsuasatividades, continuainteressadono desenvolvimentodaconsciênciae,ain- da,dedica-seàclassificaçãodasáreasdeexploraçãocientíficaque, segundosuaspesquisas,influenciarãoo presenteeo destinofutu- rodahumanidade.(p. 126) SeuscolegasdaHarvardseguiramcaminhosdiversos. RichardAlpert (1978)teveumperíodopsicodélicoemsua vida-de 1961a 1967-, duranteoqualtornou-seumativopes- quisadoreexploradorutilizando-sedoLSD edeoutrospsicodéli- cosoEmpesquisasnasquaisparticipoucomosujeitoinserindodro- gas,dentreasquaiso LSD, vivenciouestadospsicológicosquea Psicologiaocidentaljamaishaviaexplicado.Concluiuque,para aquelesquepassampela"experiênciapsicodélica",nenhumaexpli- 40 A Psicologia Transpessoal I - Contexto Cultural, Mudanças e as Novas Direções ... 41 caçãoeranecessáriae,nemmesmo,possível.Em1967,emsuavia- gemàÍndia,foiaKatmandu,paraísodasdrogas,noN epal,econhe- ceuumhippiesaddhu,BhagwanDass,jovemamericanodevinte e trêsanos,vindodeLagunaBeach,Califómia.Em suacompa- nhia percorreua Índia descalçoe vestidoà indiana.Posterior- mente,encontrouseu"guru"Maharaji,queo induziua experiên- cias místicas,segundosuaprópriaafirmação,convincentese indescritíveisparaquemas vivencia.RetomandoaosEstados Unidos,mudouseunomeparaBabaRamDasse,desdeentão,vem sededicandoapropagarsuasidéiasespiritualistas. Ralph Metzner(1971)passoua consumiralucinógenosem 1961.Dedicou-seaváriasescolaspsicológicasocidentaiseorien- tais:Yoga,Bioenergética,PsicossíntesedeAssagioli,Psicodrama, Gurdjieff,etc.Em 1968,conheceuRusselPaulSchofieldesetor- nou seudiscípuloestudando"Agni Yoga"na escoladenominada "Actualismo". A Históriaensinaque,desdetemposremotos,diversosgrupos culturaisemváriaspartesdo mundofizeramusodeplantascom poderdealterara mente,na tentativadebuscarvivênciastrans- cendentais(místico-religiosas)e paradespertarpotencialidades criadoras.As drogaspodemserrelativamenteúteiscomoponto departidaparaproporcionarumaordemsuperiordepercepçãoda realidade,porémseusresultadossãoperecíveisesuperficiais,rara- menteumcaminhotransformadorporsi só. É preciso,ainda,considerarqueusardrogas- comomeiode induçãoparaatingirverdadesespirituais-, cujosefeitoscolate- raisnocivosaindanãoforamtotalmentedeterminadospelaciên- cia,podetrazersériosprejuízosfísicos,psíquicosemorais. Provavelmentepelosmesmosmotivos,muitosindivíduosque, naprocuradeumavidamaisricae significativa,seutilizaramde drogasabandonaramseuusoe adotaramoutroscaminhos,como o doZen,Yoga,Psicossíntese,biofeedback,Arica e outros. Há tambémimplicaçõeséticasrelevantesa esseprocessode pesquisaquemerecemum examecuidadoso.Setorespolíticos, científicos,religiosos,etc.opõemresistênciaaousodedrogasem experimentosquepodemalterarfunçõese valoreshumanos,os maiscaros.No entanto,taispesquisasprosseguememâmbitores- tritoeseusresultadosdeverãotornar-seconhecidosfuturamente. StanislavGrof, professorassistentede Psiquiatriada Johns Hopckins University, é umdosmaisrespeitáveispesquisadores do LSD e deoutrassubstânciaspsicodélicasempsicoterapia.A partirde 1956,observouos efeitosdospsicodélicosemmaisde duasmil sessõespsicoterápicas,conduzidaspessoalmente,e, ain- da, teveacessoàsgravaçõesdeoutrasoitocentassessõesdeseus colegas,realizadasnosEstadosUnidosenaEuropa. Na suaabordagempsicolítica,assessõesdeLSD ocorremapós duasou trêssemanasdepsicoterapiapreparatória.Umasériepsi- colíticaconsistedequinzea oitentasessões,a intervalosdeuma a duassemanas.De acordocomanaturezadomaterialemergen- teemsuassessões,podemserusadasabordagensdeorientaçãofreu- diana,rankianaoujunguiananasváriasfasesdo tratamento.No tratamentopsicolítico,a maioriadosclientesrecebemdosesque variamdecemaduzentosecinqüentamicrogramasdeLSD , em sessõesorientadaspsicanaliticamente.N essescasos,sãoobserva- dosconteúdospsicodinâmicos,ouseja,manifestaçõesdelembran- çadainfânciaoudeoutrasidades,agradáveisounão.Há mistura complexade fantasiae realidade,simbolizações,dramatizações, enfim,detudoaquiloaqueserefereo inconscientefreudiano. Em 1967,Grof passoua empregaraltasdosagensdeLSD - trezentosa quinhentosmicrogramas- num ambientee numa perspectivaespecial,paratratamentospsicodélicos,visandofaci- litar experiênciasmísticas.O usodesomestereofônico,demúsi- casespecialmenteselecionadas,etc.contribuemparacriaro "cli- ma"propícioparaesseprocessodetratamento.Grof (1983) afirma queaanálisedesuasexperiênciasteriaumasignificaçãoheurísti- camuitograndeparao pensamentopsicológicoocidental,jáque elasnossugeremqueexistemdimensõesdamentehumanaquea pesquisapsicológicaaindanãoexplorousatisfatoriamente. Essefatorepresentouumdosmaioresincentivosparao surgi- mentodonovomovimentoemPsicologia- aorientaçãotrans- pessoal.(Sutich,1976) 42 A Psicologia Transpessoal SegundoPlanck(1969),experiênciasmísticasnãosão,demo~ doalgum,universaisentreosusuáriosdedrogas.Taisexperiências dependemdacombinaçãodeoutrosfatores:predisposiçãodoindi~ víduo,dosagem,introspectividade,interesseanteriornaespiritua~ lidade,expectativase ambienteapropriado.Nessascondições,a drogafuncionaapenascomoumagentefacilitadorjotrabalhomais árduosedáapósa experiência,quando,então,há a necessidade deintegraçãodosinsights.A menosqueumaexperiênciapositi~ vasuperiorsejaintegradaà vidainteriordeumapessoa,o experi~ mentopermaneceránamemória,nãosignificandoumprocessoderenovaçãodespertadopelaautênticaexperiênciamística. A partirdadécadade1960asexperiênciaspsicodélicaseseus abusos,amplamentedisseminados,fizeramcomqueosprofissio~ naisdaPsicologiasedefrontassemcomumavariedadedeobser~ vaçõese deexperiênciasparaasquaisasestruturasteóricasexis~ tentesparao seuestudopareciamlimitadase inadequadas. Essasobservaçõespermitiraminúmeraspesquisascientíficas quetinhamporobjetivoestabeleceraspropriedadespsicoterápi~ casdasdrogas,assimcomodeterminaro critérioaseradotadono seuempregoparaestudodapersonalidadehumana. As drogaspsicodélicasusadascomdiscemimento,comométo~ dodepesquisacientífica,sobosdevidoscontroles,podemfuncio~ narcomo"amplificadoresinespecíficos"oucatalisadoresqueativam níveisprofundosdo inconsciente,facilitandoa terapia.(Grof, 1976) / CAPITULO LI A Estrutura Holística daConsciência 1 NíveisdeConsciência- Conceituação Um "mapeamento"do espaçointeriorqueespecifiquesuas diferentes"regiões"podeserútilparaquesejaincluída,numaestru- turateóricacoerente,todaa gamadeexperiênciasqueemanam daconsciência. Dessemodo,experiênciasaparentementediferentesou dis- tantes- comoestadosinduzidospordrogas,psicoses,fenômenos parapsicológicos,estadosdetranse,vivênciasreligiosas,etc.- po- demterseusconteúdospsicológicoscorrelacionados. Em geralossistemasesotéricosquetêmpor objetivoprinci- paIo estudodaevoluçãooudesenvolvimentodaconsciênciahá muitosepreocuparamem"mapear"essesestadosinteriores,pro- curandoorganizardemaneiralógicaosconhecimentossobreesta- dosdeconsciência. Os modelospropostospelo conhecimentomístico,emsua maiorparte,baseiam-senaVedanta,filosofiadesenvolvidaapar- 46 A Psicologia Transpessoal II - A Estrutura Holística da Consciência 47 tir dosensinamentosdosVedas,a "escriturareligiosamaisantigado mundo".(Akhilamanda,1964) Assim,segundoatradiçãofilosóficahindu,atotalidadedavi- dapsíquicapodeserentendidacomoumaestruturadinâmicafor- madadeváriosníveis,osquaissemanifestampartindodeumúni- co centrode irradiação,o self. Em cadaum dessesníveis,são percebidosaspectosda realidadecorrespondentesao estadode consciência,a partirdo quala atençãodo indivíduosemantém ativa.(Ramacháraca,1983) Dentrodessaconceituação,subentende-sequeaconsciência doeupodemudardeestado,pormeiodeautooudeheteroindu- ção,quandoaatençãosedeslocadeumdeterminadoníveldecons- ciênciaparaoutro.O estadodeconsciência"ordinário",oude"vigí- lia", servede referencialpara se determinaros estadosde consciênciatidoscomoalterados. A experiênciade"expansão"oude"extensão"daconsciência apresentaumagraduaçãodeníveis,cujabaseé apercepçãodual eu/mundodonívelpessoal.O pontomáximodeexpansão,quese caracterizaporumapercepçãounaeplenadarealidade,temrece- bidonasdiferentestradiçõesespiritualistasváriasdenominações, entreasquais:nirvana,êxtase,estadodeiluminação,consciência cósmica,satori,samadhi,etc. Como adventodaPsicologiaTranspessoal,todosessestermos podemseragrupadosnumúnico:experiênciatranspessoalouní- vel transpessoal.(Weil, 1978) StanislavGrof (1985)nosdáumadefiniçãoda experiência transpessoal: "... a experiênciatranspessoalenvolveuma expansãoou extensãoda consciênciaalémdas limitaçõesusuaisdo egoe daslimitaçõesdetempoeespaço,comosãopercebidasnomun, dotridimensional."(p.129) UmadistinçãodeveserfeitaentreosEAC (estadosalterados deconsciência)easexperiênciastranspessoais,poisnemtodosos EAC atingemo critérioparaseremtranspessoais,emboratodasas experiênciastranspessoaisocorramemEAC. São exemplosde EAC, nãonecessariamentetranspessoais,asexperiênciasestéti- cas(LSD), asexperiênciasresultantesdousodetécnicasdefan- tasiasafetivasinduzidas,asexperiênciasde revivênciavívida e complexadeumamemóriainfantil,etc. Os EAC psicopatológicossãotambémoutroexemplodeuma subcategoriadeestadosnão-ordináriosdeconsciência,quepreci- samserdiferenciadosourelacionadoscomasexperiênciastrans- pessoaIS. A PsicologiaTranspessoalmostraqueos EAC tidoscomo patológicostambémdãoorigema manifestaçõesquesignificam expansãodaconsciênciaalémdaslimitaçõesnormaisdoegoede tempo/espaço.Portanto,paralelamenteàsalucinações,delírios, ilusões,etc. queocorremnos EAC psicopatológicos,há outros fenômenoscomo:a clarividência,a premonição,a autoscopia (out,of,bodyexperience),o transemístico,o contatocomarqué- tipos,etc.queocorremnasexperiênciasdeprocessostranspessoais. O psiquiatraAlbertoLira (1968)escrevea respeito: "1. Há alteraçõesdosestadosdeconsciência(sobretudoda consciênciado eu, da sômato,auto e alopsíquica)que sobrevêmemindivíduosfracamentedoentesepodemser consideradoscomoaberraçõesdamenteanormal.Mas há alteraçõesdosestadosdeconsciênciaquepodemservistos emindivíduosnormaisesemqueelasalteremavidaprag' máticae lógicadessesindivíduos. 2. Há alteraçõesdosestadosde consciênciaque significam reduçãoou deformaçãodo euou domundoexterior,e há alteraçõesquemostramhaver,pelocontrário,ampliação ou expansãodoeu, semquehajaperdadanoção,daiden, tidadeeunidadedoeu. E podehaverconcomitânciadeambososfenômenos.O mís- ticoexpandeo seueu, escapado espaçoe do tempo,fogedo mundodarazão. Comelesedánãoumareduçãoou defor, maçãodo eu e da realidadematerial,masuma ampliação, expansãodoeueum ultrapassardarealidade."(p.51) 48 A Psicologia Transpessoal II - A Estrutura Ho/(stica da Consciência 49 A psicólogaElizabethE.Mintz (1983),durantetrintaanosde práticaclínica,temdedicadointeressenaobservaçãoeno estudo dosaspectosparanormaise transpessoaisdapsicoterapia.Emsua opinião: "Semelhançasentrealgunsaspectosdasexperiênciasesquizo~ frênicasedasexperiênciasmísticassãotãocontundentesque algunsclínicosrealmenteconsideramomisticismocomouma esquizofrenia,enquantooutrosvêema esquizofreniacomo misticismodeturpadoou malcompreendido".(p. 158) E, paraMintz,nocampodaspossíveisrelaçõesentreesquizo~ freniaemisticismoencontram~seinacreditáveisdiferençasdeopi~ nião.As principaisidéiassobreo assuntopodemserexpostasem quatrocategorias,queapresentamosa seguir: • CATEGORIA I - CRISE TRANSPESSOAL A esquizofreniaagudaéumacriseespiritualnaqualo indi~ víduoestáprestesa alcançaro conhecimentomísticováli~ do,talcomoaconsciênciaprofundairmanadacomahuma~ nidade,coma naturezae comDeus,cujoestágiofinal é a consciênciadaunidade.Algumasvezes,o indivíduoperde aforçadoegoaoabraçarseuprocessodecrescimento,oque podeserterríveledoloroso.Elepode,então,falarincoeren~ tementeemostrarumcomportamentobizarro,o quepode levá~loà hospitalizaçãoe aotratamentocomdrogasecho~ quesquecausamaregressãodaexperiênciamística.Nesse caso,oueleretomaà sociedadeouacabaportornar~seum pacientecrônicoreincidente. Um grandenúmerodeclínicos,cujaorientaçãoterapêuti~ caseguea direçãodaPsicologiaTranspessoal,acreditaque taispessoaspodemalcançarumníveldeintegraçãopessoal e socialmaiselevadoqueo nível psicótico,istosedevida~ mentetratadas. No InstitutoEsalen,umgrupodeterapeutasrecebetreina~ mentoparatrabalharcompsicóticoscujasituaçãoé vista comode"emergênciaespiritual"oude"crisetranspessoál",o quepoderáresultaremcurapsicossomática,transformação depersonalidade,eevoluçãodaconsciência. Duranteumworkshoprealizadoem1978,sobacoordena~ çãodaAssociaçãode PsicologiaHumanista,o psiquiatra JackNelsonfezaseguinteafirmação: "Esquizofreniaéumestadoalteradodeconsciência,oqual expõeo egoa forçaspoderosasdosmaisprofundosreinos daconsciênciahumana.O mesmopodeserditodosesta~ dosdeexaltaçãomística." UmavariaçãodessaposiçãoéadeWilber(1980),quesuge~ re queo queaconteceé umrompimentodasbarreirasdo egoquetemcomocausao stressexterno,fatoresbioquími~ cosendógenosoucrisesespirituais.Então,o egoé invadi~ do simultaneamentepor impulsosregressivos(do incons~ cientepessoalarcaico)e transpessoais(visõesmísticase idéiasdosuperconscienteouinconscientecoletivodeJung). ParaAssagioli,ospacientesesquizofrênicossãoconfundi~ dospelocontatocomverdadesespirituaismuitopoderosas parasuacapacidadementalentenderouassimilar. • CATEGORIA II - CULTURAL As experiênciasmísticassãovistascomoeventosnormais,tratadospornossaculturacomoanormais.O comportamen~ to dosxamãs,taiscomotranseseataquesfísicos,emcultu~ rasnão~industriais,provavelmentelevariamà hospitaliza~ ção;e asvisõesmísticasmedievais,entendidascomoum sinalde graçadivina,seriamconsideradascomoalucina~ ções.Essacategoriapostulaascausasculturaisno estabele~ cimento do comportamentomístico como "normal" ou "patológico". 50 A Psicologia Transpessoal II - A Estrutura Holística da Consciência 51 • CATEGORIA lU - PATOLÓGICO omisticismoévistocomototalmentepatológicoepareci~ docoma esquizofrenia.Uma versãodessepontodevistaé a reduçãodetodaa experiênciahumanaa condiçõesbio~ químicaseneurológicas;aconsciênciaé entãomeramente umepifenômenodamatéria.Desdequeadoençamentale o misticismosãocausadospor condiçõesbiológicasanor~ mais,o tratamentoindicadoemambososcasosé o farma~ cológico. • CATEGORIA IV - PSICOLÓGICO O misticismoéessencialmenteummecanismodedefesaque tema finalidadeou constituiumatentativade satisfazer necessidadespsíquicaseresolverproblemasonipresentes.O místicoé motivadoemsuaprocurapelodesapontamento coma sociedade,pelanecessidadedeescaparda inaceitá~ velrealidadeexterna,paralivrar~sedadepressãooudosen~ timentoderejeição.O místicogeralmentenãoéumdoen~ te mental,porémsuacondiçãoé de interesseespecial, porqueofenômenomísticopodedemonstrarformasdecom~ portamentointermediáriasentre normalidadee franca pSIcose. A Dra.Mintz concluidizendoqueo melhorcritérioparadis~ criminaro misticismoe adoençamentalé,provavelmente,con~ sideraremqueextensãoo pacienteécapazdereconhecerareali~ dadeecomoeleserelacionacomoutraspessoas.Emboraelaleve emconsideraçãoasváriasabordagensapresentadas,suapreferên~ ciapessoalrecaisobreopontodevistateóricodaCategoriaI, mais especialmenteasposiçõesdeWilbereAssagioli. A complexidadedessecampodeestudoedeobservaçãoain~ darequera realizaçãodepesquisassistematicamenteorientadas paraque,naprática,sepossachegara critériosmaisobjetivosde delimitaçãodeexperiências. Entendemosqueficaporcontadaexperiênciaedoconheci~ mentodoterapeutaacapacidadeparapercebercertascaraéterís~ ticasexperienciaisefenomenológicas,quepermitemdistinguiras alteraçõesdaconsciêncianapersonalidade"normal"enosestados psicopatológicospropriamenteditos. No passado,a idéiaqueconfundiamisticismocomdoença mentalquaseimpediuoestudocientíficodeaspectospossivelmen~ teimportantesparaacompreensãodapersonalidadehumanaeda naturezadohomem. O reconhecimentode experiências,atéentãosubestimadas pelapsicologiaconvencional,contribuiuparao aparecimentoda PsicologiaTranspessoalesugeriuanecessidadedoestabelecimen~ to deummapeamentodapsiquemaisabrangente.Váriosmode~ losjáforampropostosetodossãomuitosemelhantesàquelesoriun~ dosdaFilosofiaoriental,Vedanta,Yogaereligiõesorientais- ou seja,tambémindicamsera consciênciapluridimensionalestrati~ ficadaemníveis. Comoconseqüênciadessesconhecimentos,somosinduzidos a concebero Universo (macrocosmo)e a consciênciahumana (microcosmo)comosistemasdeenergia,formadosporváriossub~ sistemascadavezmaiscomplexos,queseinterpenetramforman~ doarealidadetotal. O objetivodestecapítuloéapresentarumresumodascontri~ buiçõesdeteóricosdaPsicologiaTranspessoalquetêmsepreocu~ padocomanecessidadedetraçarmapasdaconsciênciamaiscom~ pletos,entreosquaisGrof, DeRopp,Lilly,Wilber eAssagioli. 2 A Cartografiada ConsciênciaPropostapor StanislavGrof Stanislav Grof, psiquiatracomformaçãopsicanalítica,há vintee cinco anosrealizaamplotrabalhodepesquisano campo deestadosnão-ordináriosdeconsciência,induzidospordrogase poroutrosprocedimentos.É autorentreoutrosdoslivros"Realms of Human UnconsciousandLSD Psychotherapy"(1975)e "Beyond theBrain" (1985).Nessasobras,eemoutrostrabalhos(Grof 1972 e 1973),apresentaumacartografiadoespaçointerior,baseadaem suasobservaçõesdurante sessõesde psicoterapiapsicolítica (empregodeLSD emsessõespsicanaliticamenteorientadas).Seu mapeamentoindicasero "inconsciente"formadoporváriosníveis, correspondendoa cadanível umdeterminadotipo deexperiên- cia, com suasvariações;Grof distingueos seguintesníveis do inconsciente: 54 A Psicologia Transpessoal II - A Estrutura Holística da Consciência 55 2.1. Nível AbstratoeEstético As experiênciasabstrataseestéticasocorremnosestágiosini- ciaisdaterapiacomLSD, quandosãoingeridasdosagenspeque- nasde LSD (quinzea oitentamicrogramas).Essasexperiências provavelmentecorrespondemaumaestimulaçãoquímicadoapa- relhoótico:visãodecoresmaisbelasebrilhantes,deluzes,depes- soaseobjetosinanimadosgeometrizados,desólidosquesemovem, etc. Ocasionalmente,oselementosabstratosefigurativossecom- binamemimagenscomplexas,carregadasdefortecargaemocio- nal,geralmenterelacionadasà históriadevidadopaciente.Aqui osconteúdosapresentadosmarcamatransiçãoparaapróximaeta- padeexploraçãodo inconsciente. 2.2.Nível Psicodinâmico As experiênciaspsicodinâmicassãofreqüentesnaterapiapsi- colíticae facilmentecompreendidasemtermosdo inconsciente freudiano,comonosdizGrof, "aprova laboratorialdaspremissas básicasdapsicanálise". A fenomenologiadessenívelconsisteemregressõesclássicas aosestádiosdeÉdipoeElectra,à angústiadacastração,aodesejo dopênis,aosconflitosdaszonaslibidinais. Paraumamelhorcompreensãodomaterialno nívelpsicodi- nâmico,Grof introduzumnovo conceito:o sistemaCOEX (sis- temadeexperiênciascondensadas),quepodeserdefinidocomo umaconstelaçãoespecíficadememórias,consistindodeexperiên- ciascondensadasdediferentesperíodosdevidado indivíduo.A estruturadapersonalidadedeumamesmapessoapodetervários COEX, quepodemfuncionardemaneiraautônoma. De acordocoma cargaemocionalassociadaaosCOEX, eles podemsediferenciaremsistemasCOEX positivos(memóriasagra- dáveis)esistemasCOEX negativos(memóriasdesagradáveis). 2.3.Nível Perinatale IníciodasExperiências Transpessoais As experiênciasqueemanamdessaregiãonãopodemserabor- dadasnaestruturateóricafomecidapelaPsicanálise.No entanto, osconteúdosencontradosapóiamasidéiaselaboradasporalguns psicanalistas,notadamenteporOtto Rank. Nessenívelsituam-seasexperiênciasdamorteedonascimen- to,assimcomoosproblemasdaagonia,dosofrimento,dadoença edadecrepitude.Aqui, o indivíduosedácontadequenãoimpor- tao quepossavir arealizarduranteasuavida,umdiaelemorre- rá.A constataçãodasimilitudeentreo estadoqueprecedeo nas- cimentoeo estadoquesesegueà morteé a maiorconseqüência paraareflexãofilosóficadecorrentedasexperiênciasperinatais. SegundoGrof,aoatingiro nívelperinatal,ocorreumaaber- turadedimensõesespirituaisereligiosasqueparecemserumaparte intrínsecadapersonalidadehumana.Istoé,sãoindependentesda baseedaprogramaçãoculturalereligiosado indivíduo. É importantenotarqueesse"nívelrankiano"representauma zonadetransiçãoentreo pessoaleo transpessoal,ouentreapsi- cologiaindividualeatranspessoaL Os elementosobservadosnasexperiênciasperinataisforam organizadosemquatroestágiosdiferentes,ouquatromatrizesbási- cas,cadaumacorrespondendoa umestágiodiferentedaseqüela donascimento. Grofenumeraasseguintesmatrizesperinataisbásicas,asquais eledefinecomosistemasdinâmicosorganizadores,queteriam,no níveldo inconscienterankiano,amesmafunçãodosistemaCO- EX no níveldo inconscientefreudiano: II r- il'IMatriz Perinatal I união com a mãe!I:111Matriz Perinatal 11 antagonismo com a mãe111IMatriz Perinatal 11I sinergismo com a mãe11 II~ Matriz Perinatal IV separação da mãe 1I-- J: 56 A Psicologia Transpessoal II - A Estrutura Ho/(stica da Consciência 57 ~ J, ~ .~ C: ~ ~ eu Q) I nl eu Q) U >< ""E"O C "O, EEJ!QJ .~êa~~~E·~~~ ~~~~ ~ o .- ~ L o o ~ ~ eu eu ~ E :>1 ~E~OI~Q)uo~'2 eu ""&.V1 ~ S~~~~ol~~~·g ~~~~ CQ .- • QJ 'c ltO Uo E o .- VI b.O VJ L ~ ~~BEu~~OE~ QJ~~~ ~ V1'OC~~~~~OX ~V100 eu c eu Q) tO '0 .- ..c Q) o E C ltO . VI (Q) E vi" Q) ~ c: ~ (,f ri ln:l Q) .:t; tr oQ)'c'oooocu-uc UoL,_·-t ~Q)V1ula~~B.~·2 ~Q)~En:l u c..~ 'c .- § ô'!!:! c "E '0 ~ :; ô a. Q..'Vj ~ Q) ~~ 2 E uU u.... "'E Q) tO L o ltO :30_l...VI~ u- '+- V)Q...,v As matrizesperinataissãoumfatoclínicoerepresentammar~casancestrais,estruturasfilogenéticasoumatrizesarquetípicas,no sentidojunguiano.O estudodessasmatrizesestáprofundamente ligadoàssíndromespsicopatológicasdeansiedade,depressão,ten~ dênciaincoercívelaosuicídio,deagressão,eoutras.(VerQuadro I, pp. 57,58e59) 2.4.Nível Transpessoal Apósmuitosanosdeobservaçãoeanálisedasexperiênciasdi~ tas"transpessoais",Grof concluiuqueelasrepresentamfenômenos sui generis,originadosemníveisprofundosdo inconsciente,que nãoforampercebidosnemreconhecidosnassessõespsicanalíticas clássicas.Nãosãoexplicáveisemtermosfreudianoseseusconteú~ dosnãopodemserreduzidosaqualqueroutracategoriadeelemen~ tospsicodinâmicos. De acordocomGrof, antesmesmodo aparecimentodaPsi~ cologiaTranspessoalcomoumramoindependentedaPsicologia, omodelodapsiquedesenvolvidopelaPsicologiajunguianajáreco~ nheciaa existênciadessenível do inconsciente.Dessaforma,os conceitosdeinconscientecoletivoedearquétiposdoarcabouço da PsicologiaAnalítica deJ ungsãoindispensáveisparaa com~ preensãotranspessoaldaconsciênciahumana. As experiênciastranspessoaisnãosão,segundoGrof, limita~ dasaosestadospsicodélicos.Elastambémpodemocorreremses~ sõesdepsicoterapia,taiscomo:abordagensneo~reichianas,tera~ pia primal,práticasgestálticas,sessõesde maratonas,e várias formasderenascimento.Quanto àspráticasmísticas,há muito vemsendoconfirmadaa ocorrênciade vivênciastranspessoais atravésdameditaçãotranscendental,práticaszen,exercíciospsi~ coenergéticostibetanosouformasdeyoga. Os fenômenostranspessoaistêmcomodenominadorcomum a expansãodaconsciênciadita "normal"ou usual.Duranteuma vivênciatranspessoalosensodeidentidadedoindivíduoseexpan~ deparaalémdaidentificaçãocomsuaimagemcorporal.Alémdis~ so, asfronteirasperceptuaisespaciaise temporaislimitadasà mediaçãodosórgãossensoriaissãotranscendidas. &i 'LL'I~ ~ .2.- V> ~«z ã:w Q.. ~ ~I- ,« - <Xl "- V> <Xl ~ ~ ã: !;f: I: ~ C ~ 01- &i ~ ::, L. I (ti I I I I .~ E g ~ ~ ,§ .~ 8 .!!:! &. 'p ~ & s rcs ti E ~ :J Q) 'Vi ~ E -tO.~ o :J ~ VI = eu..d c.. ~ .- E c VJ tG :J C o ta "'O o RI'- Q):J CQ)tGu)X~~:Jo E~ Nf: 'E ~ 8 ~ .S: ~ ~ '13 ~ ~ b.O~ ~ ~ .!:! "O '64 l3 o ,!!! '" iíl e ,. GIl '64 QJ & ~:Q .g I~ ~ ~ ~ ~ .~ ~ ~:E o VJ VI S c: eu >< .- c: ~ :J VI •• L. Q) o tO o L. Q).,g "' .. :J tr o o ~ VI 4-' U U a.. VI ~ c 'Vt a..'p 'ti) ,~ c ~~~ô-8êSo~~E(i~~(i o E QJ 'G. ~'S: 5 ~~ 8 .~~ > 'ü .~ QJ VI ~ ta VI .- C"3 I C'L: c crr.~~~E-8 5-E 5 ~C~23 8C23 , QJ ~ QJ 6 ~ ~ ~ VI ~ ~~ :Q =;; ~ .& ~ ,~ QJ U ~ VI .~ L. ~ .- J:: VI _- 'c 5,eO ~ ~ ~ (iE ~ g c~ t c t QJ 0.0 ,º ..Q- QJ Ô ~ õo~~CJ~~~an15'~ '5 ~ ~:QJ .~ ~ ,!:: QJ m õ ~c--c X -o ~: VI QJ VI ~ ~ VI VI QJ o U VI o ~ ('(J VI 'ü QJ S ;.:..,~ ~ .~~~ e... ri c VI c ,~ c c VI QJ 'i: ~ 'ti) (QJ • ~ QJ ~ :;, .~ :o E o 'L: ~ --g ~ .ª ~ ~ E E a. 'g .~ --g ~ ~ ~ rr.~~~~-8~:S 8'8.-8-5 .g'~ C:.!! ~ B VI ~ :õ 'Ê :Q ~~ -5 VI :§ QJ g .~ ~ o ~ ~ g l~ 5- ~ 5 c~ ~!!!..2~~ ~:n,~~õ a.. 5 E QJ~.& ~ :;, ':v VI • N~ OVlJ::QJO~OQJ .~ .~ -8 ~ 'Ê i4 VI ~ E -ê ~ ~] S b ~.~~-ê ~ ~ ~ ~ ~ ~ a ,~E ~ f '8. o e VlEEU~'C"3~""~VI~ 8s·p~~.::L~:n,§~._ c c ~QJ ~ ta VI :;, c Err.~~G E'üe.G~ 8 8 '" <l:", ",I,d<l:UJ"a ~'o <l: O-J::Z: o::~Q a~u ,?; o :5"'UUJ ~ct: ~~c '" QJ e ~ ~g.'~'" u o- o c 'QJ •••. QJ o- ~~~ 6 ~~c :;,,:;, GIl ai ai 5 d,1! ,~ QJ L. ~ :;, o UO"'~ QJ 6, <ii , ' "O QJ •••. .~ b o l3 ~ 12~ ~E ~l~ VI ~~o .~ o o QJ :;, ~ o 8 VI E ~0t;oQJ605coVl-l~,_'ta(; ~,_ ~J::~ ~~.g~C~b~:iQJ -ceQJ~~:;'~]~5- QJ ~-c 't ,~~'~-QJ rtJ o '0"0 "''''êoE •... IG. o 'G. QJ ~ o ('(J .~ ni'~ &b ~ ':; -c 60 E a.. ~ .~ ~ ~ QJ L. o ~ VI ti':;' ~ o ~ E ~ ~ o &b,~ ~ '~ oL ~-8 ~ 'r;. 5 ~ S ';0 'Vi . , QJ C ' E ~ c~ , ..2e(i~~'~~;.:..,!:a.. •..•~-c VI L. X :;, ,~ QJ o :;, C1J o-c ~ o :;,":":C1J f ~..Q~~5~ o o VI C1J -c QJ O-CC1J VI Ô-C 1G. o J! .2 ~ ~ ~3C1J~QJI8. ~E-C •..•-C~ :;, 'p o VI Vl VI a.t ~ IG. ~ ,e ~ •• A:s - Q) ~ , E ~ VI .o ,!! -c QJ o ~ ~ ~ o ~ .~ 5 ~ ~ 0.0 g Q) ~ &.--: a.. g'e~.Q o~ ~,~ ~~~]IG.O~a.. 15 ~ - E ta .~ ta o = g o Q) ,s :.a 5 Q) ~N~O~cora 10 ~ QJ Q) L. o .~.~ ~VlE~~U~~ ~ ~ 'g ~ o ~.~0.0 Q) o Q) :;, J:: Q) ~ :;,V) •... VI"'OCCVlO ~'" ~~'" "'I-UJ<l: UJ::Z:,,::z: 'a~,~s ~::Z:UJ§ ::z:o"'UJ ~B;~a: UJo g§N 8 MBPIMBPIIMBPIIIMBPIV Situaçõesposterioresdavi- Situaçõesde perigoàLutas,batalhas,aventurasSalvaçãoafortunadade uma da,onde são satisfeitas sobrevivênciaou à integri-(ataquesembatalhasesituaçãoperigosa(fimde necessidadesimportantes, dadedo corpo (guerra,aci-revoluções,atividadesmili-guerraou revolução,sobre- como momentosfelizesda dentes,ferimentos,opera-tares,vôos de avião,viagensvivênciade acidenteou infância(bonscuidados ções,doençasdolorosas,em martempestuoso,corri-operação);superaçãode MEMÓRIAS maternais,brinquedoscomafogamentoiminente,sufo-dasperigosasde carro,severosobstáculospelo ASSOCIADAS DA VIDA amigos,períodosharmonio-cação,prisão,lavagemcere-box);memóriasaltamentepróprio esforço;episódios PÓS-NATAL sos nafamília,etc.),roman-bral,enterro,interrogaçãosexuais(carnaval,parques,de duro esforço ou luta, cesamorosossatisfatórios; ílegal,abusofísico,etc.);boites,divertimentosselva-dandocomo resultado viagensou fériasem lugares traumatismospsicológicosgens,orgíassexuais,etc.);sucessonotável;cenasnatu- agradáveis;exposiçãode severos(privaçãoemocio-observaçõesinfantisde ati-rais (iniciodaprimavera,fim criaçõesartísticas,de alto nal,rejeição,situaçõesvidadessexuaisde adultos;de umatempestadeno valor estético;nadarno ameaçadoras,atmosferaexperiênciasde seduçãoeoceano,pôr-do-sol,etc.) mar,em lagos,etc. famíliaropressiva,ridícula,rapto;emmulheres,parto humilhações,etc.) do próprio filho. Vida intra-uterinanão-per- ImensosofrimentofísicoeIntensíficaçãodo sofrimen-Enormedescompressão, turbada:reminiscênciasrea- psicológico;situaçãoinesca-to a dimensõescósmicas;expansãodo espaço,visões Iísticasde experiênciasdo pávele insuportávelquelimitesentredor e prazer;de salõesgigantescos;luz "útero bom";êxtases"oceâ- nuncaterminava,váriasima-êxtase"vulcânico";coresirradiantee belascores nicos";experiênciasde uni- gensdo inferno;sentimen-brilhantes;explosõese(azul-celeste,dourado,arco- dadecósmica;visõesdo tos de cair numaarmadilhaincêndios;orgiassadomaso-íris,penasde pavão);senti- FENOMENOLOGIA paraíso;Vida uterinapertur-e ser engaiolado(semsaí-quistas;assassinatose sacrí-mentosde renascimentoe DAS SESSÕES DE LSD bada:reminiscênciasrealís-da);sentimentosangustio-fíciosde sangue,participa-redenção;apreciaçãode um ticasde"útero mau",com sos de culpae inferioridade;ção ativaem terríveiscaminhosimplesdevída; experiênciasde:crises visãoapocalípticado mun-batalhas;atmosferade aven-intensificaçãosensorial;sen- fetais,perturbaçõesemo- do (horrores de guerra,deturasselvagense explora-timentosfraternais;tendên- cionaisou por doençada camposde concentração,ções perigosas;intensosciashumanitáriase caritati- mãe,situaçãoentregêmeos, terrores da Inquisíção;epí-sentimentossexuaisorgiás-vas;ocasionalmente, tentativade aborto; demiasmortíferas;doenças,ticos;cenasde harénsatividadesmaníacas \Jl 00 ~ '" '" (") o o 0.'3.., :;-J., ;:l '" "'" '" '" '" o ., FENOMENOLOGIA DAS SESSÕES DE LSD FASES DE UBERTAÇÃO DO PARTO MBPI mergulhocósmico;ideação paranóide;sensaçõesfísicas desagradáveis(ressaca,cala- frios,espasmosfinos,gostos esquisitos,maugosto,senti- mentode ter sidoenvene- nado);associaçãocom váriasexperiênciastrans- pessoais(elementosarque- típicos,memóriasraciaise evolutivas,encontrocom forçasmetafísicas,experiên- ciasde encarnaçõesante- riores,etc.). União Primal coma mãe MBPII decrepitude,morte,etc.) absurdoe ausênciade signi- ficaçãoda existênciahuma- na;"mundo de cartolina", atmosferade artificialidade e de insignificância;cores escurasagourentase sinto- masfísicosdesagradáveis (sentimentosdeopressãoe compressão,mal-estarcar- díaco,ruborese calafrios, suor,respiraçãodificil). Antagonismo coma mãe MBPIII e carnavais;experiênciasde morte e renascimento; envolvimentoemsacrificios religiosossangrentos(Aste- cas,sofrimentoe crucifica- ção de Cristo, Dionísio, etc.);intensasmanifestações físicas(pressões,dores, sufocação,tensãomuscular e descargaemtremorese espasmos,náuseae vômito, ondasde calore calafrios, suor,mal-estarcardíaco, problemasde controle esfincteriano,zumbidosnos ouvidos. Sinergia coma mãe ~'3 \ MBPIV e sentimentosgrandiosos; transiçãoa elementosde MPB I;sentimentosagradá- veispodemser interrompi- dos por "crisesumbilicais"; doresagudasno umbigo, perdada respiração,medo de morte e de castração, mudançasno corpo,mas não hápressõesexternas. Separação da mãe .... .... I ~ t1'J '"~ ... ;::~ ;:: ...., ::c o -,'" (") ., .,.. ., () o ;:l '" (") R.> ;:l (") ., \Jl~ 60 A Psicologia Transpessoal II - A Estrutura Holfstica da Consciência 61 Grof classificouas experiênciastranspessoais,obtidasem sessõespsicodélicas,emduascategoriasprincipais(VerQuadro11, pp.61e62).Numprimeirogrupoestãoasexperiênciasdeexpan- sãodaconsciênciadentrodaestruturada"realidadeobjetiva"ouas quesãocompreensíveise aceitáveisdo pontode vistado nosso mundofenomenal.As experiênciasdacategoria1sãosubdividi- dasemdoisitens:o IA. ExpansãoTemporal,e o lB. Expansão Espacial. O itemExpansãoTemporalrefere-searelatosdevivênciasque sãointerpretadaspelosprópriosindivíduoscomo"regressãonotem- po históricoeexploraçãodeseupassadobiológicoou espiritual".As- sim,apartirdonívelperinatal,podemocorrerosepisódiosiden- tificadoscomo memóriasfetaise embrionáriasou seqüências vívidasdonível daconsciênciacelular,osquaispodemrefletira existêncianaformadeumespermaouóvulonomomentodacon- cepção.A regressãopodeatingirfaixasmaisprofundasdoincons- cientee,aotransporo nívelperinatal,têm-seasrevivênciasdas memóriasancestraise aquelasrelativasao inconscienteraciale coletivo.Emalgunscasos,osindivíduostêmosentimentoderevi- verepisódiosdesuasexistênciasemencarnaçõespassadas. E no itemExpansãoEspacialestãoasexperiênciasqueimpli- camatranscendênciadasbarreirasespaciaisdaconsciência.Nes- sasvivênciaso indivíduopodesentir-seconectadoaoutrapessoa emestadode"unidadedual", agruposdepessoasoupodeexperi- mentarumaexpansãodaconsciênciaqueseestendeatodaahuma- nidade.Eventualmente,a expansãoespacialpodetranscenderos limitesda experiênciaespecificamentehumanae o indivíduo identifica-secomaconsciênciaanimal,vegetalouaindacomobje- tosinanimadosouprocessos. Uma importantecategoriadeexperiênciastranspessoaisque envolvea expansãodetempoe/ouespaçosãoosváriosfenôme- nosdaPES (percepçãoextra-sensorial),taiscomoasexperiências deOBE (out,of,bodyexperience),telepatia,precognição,clari- vidência,clariaudiênciae "viagensno tempoeespaço". No grupo2,aexpansãodaconsciênciapareceiralémdomun- dofenomenaledocontinuumespaço/tempo,comoo percebemos QUADRO 11- EXPERIÊNCIAS TRANSPESSOAIS 1.Extensão(ou expansão)experiencialdentro da estrutura da"realidadeobjetiva":as que são compreensíveise aceitáveisdo ponto de vistado nosso mundo fenomenal. A) • Expansãotemporal da consciência • Experiênciasperinatais • Unidade cósmica • Engolfamentocósmico •"Sem-saída"ou inferno • Conflito morte/renascimento • Experiênciamorte/renascimento • Experiênciasembrionáriase fetais • Experiênciasancestrais • Experiênciascoletivase raciais • Experiênciasfilogenéticas(evolucionárias) • Experiênciasde "encarnaçõespassadas" • Precognição,clarividênciae "viagensno tempo" B) • Expansãoespacialda consciência •Transcendênciado ego em relações interpessoais • Identificaçãocom outras pessoas • Identificaçãogrupale consciênciagrupal • Identificaçãoanimal • Identificaçãovegetal 62 A Psicologia Transpessoal ll- A Estrutura Holística da Consciência 63 • União com a vida e com toda a criação • Consciência da matéria inorgânica • Consciência planetária • Consciência extraplanetária • Experiências "forado corpo",viagens clarividentes, "viagensespaciais"e telepatia C) • Constrição espacial da consciência, consciência de órgão, tecido ou célula. 2. Extensão (ou expansão) experiencial além da estrutura da "realidadeobjetiva", • Experiências de outros universos e de encontros com seus habitantes • Experiências arquetípicas • Experiências de encontros com divindades bem- aventuradas e furiosas • Ativação dos chakras e despertar do poder serpentivo (kundalini) • Consciência da mente universal • O vácuo supracósmico e metacósmico emnossavidadiária.Sãoexemplososencontroscomentidades espirituaisdepessoasfalecidasoucomentidadesespirituaissupra- humanas,cujaexistênciaéatribuídaauniversosparalelos.Temos tambémasexperiênciasarquetípicas,asdeencontrocomdivinda- desbem-aventuradasefuriosas;asexperiênciasquemostramseme- lhançascomaquelasdescritasnasváriasescolasdeYogaKundali- ni, comoa ativaçãoe aberturadoschakrasdo indivíduoe as experiênciasdesintoniadamenteindividualcoma MenteUni- versalou como Absoluto.O graumaisprofundode todasessas experiênciaséconsideradocomoo "vácuo-supracósmico"ou"meta- cósmico",o misterioso"vazio"primordialou"nada"queéconscien- tedesimesmoecontémtodaaexistênciaemformagerminal. 3 A Cartografiada ConsciênciaPropostapor RobertS.DeRopp obioquímicoDe Roppinclui emseucampocientíficode pesquisasváriosinteresses,entreosquais:o estudodocâncer,das doençasmentais,dabioquímicado cérebro;tendomesmoreali- zado,durantetrintaanos,experiênciasdeinduçãode"estadosalte- radosdeconsciência"pormeiodedrogaspsicodélicaseoutrospro- cedimentos. Em suaobra"The Master Game" (1968),De Roppapresenta umasíntesede suasdescobertassobrea consciênciahumana. Propõea "PsicologiaCriativa" comoummétododeampliaçãoda consciência,queintegrainformaçõesdosmuitosprocedimentos já existentes.A "PsicologiaCriativa" envolvea aplicaçãodeexer- cíciosqueatuamnosváriosaspectosdocomportamentohumano, o instintivo,o motor,o emocionaleo intelectual. O trabalho"criativo"levaoserhumanoaexercitarcertospode- reslatentes,a conseguirnovose profundosinsightssobresi pró- 66 A Psicologia Transpessoal 11- A Estrutura Holística da Consciência 67 prio e a criar,por meiodeseusesforços,umanovaformadeser (umsegundonascimento). Emseulivro(op.cit.)DeRoppexpõeumacartografiadacons~ ciência,baseada,principalmente,no "sistemadepsicologiaecosmo~ logia"desenvolvidoporGurdjieff,talcomofoiexpostoporseudis~ cípuloOuspenskynos livros "Psicologiada Evolução Possívelao Homem"(1981)e "Fragmentosdeum EnsinamentoDesconhecido" (1978). Deacordocomo "filósofoemestreespiritual"Gurdjieff,o esta~ dodevigília,o maiscomumdetodos,é,naverdade,umestadode "adormecimento",de"automatismo"ede"condicionamento".Assim sendo,a "consciêncialúcida"ou "consciênciadesperta"deveriaser chamada"sonodesperto"ou consciênciarelativa.Os estadosde vigíliae sonoalternam~sena vidadepraticamentetodasaspes~ soas;no entanto,alémdesses,o homempoderáconheceroutros doisestados:a "consciênciadesi" e a "consciênciaobjetiva".Esses doisúltimosestadossósãoacessíveisatravésdeprolongado"au~ to~estudo"e "trabalhosobresimesmo",sobaorientaçãodeumins~ trutorexperiente. Há, ainda,paraDe Ropp,evidênciasdequeo homempode experimentarcinconíveisdeconsciência: "" I: II 'I PrimeiroNívelO SonosemSonhosI I, I' Ili SegundoNívelO SonocomSonhosI' i I' I TerceiroNívelO SonoAcordadoI I (identificação)I ! I Quarto NívelI A Transcendênciado Eu I , (consciênciadesi) , !, I Quinto Nível A ConsciênciaCósmica I (consciênciaobjetiva)I i! - 3.1.O SonosemSonhos Nesseestado,háa impressãodeumaausênciatotaldacons~ ciência.As atividadesdoserhumanoestãoreduzidasàmanuten~ ção da sobrevivência:respiração,batimentoscardíacos,alguns processosinstintivos,etc.Porém,nãoháconhecimentodessespro~
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