Buscar

Marcia Tabone - psicologia transpessoal

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 88 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 88 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 88 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Marcia Tabone
ISBN 978-85-316-0327-3
j,,,,,, J327J
EDITORA CULTRIX
Há, nas organizaçõesuniversitárias,certos eventosmar-
cantesque constituemo sinal do início de umaprofundare-
voluçãonaciência.Estelivro deMarciaTabone- A Psicologia
Transpessoal- éumdesseseventos.
Profissionalda Psicoterapia,ela resolveuintegrara dimen-
são transpessoalno seu trabalho,pois sabiadesdecedo,por
experiênciaprópria,quea menteé umaespéciede campoque
ultrapassade longeo cérebroe se encontratão integradana
menteuniversalquantoasondasdomar.
Como professorauniversitária,ela não podia se contentar
com a simplesaplicaçãodosseusconhecimentos;sabedorade
queo homemé um seremplenaevolução,ela resolveuapro-
fundaros aspectosteóricosda terapiatranspessoal,submeter
esseestudoà críticauniversitáriae, depois,compartilharsuas
conclusõescomo público,soba formadelivro.
Nele,o leitorencontraráumaexcelenteapresentaçãodo es-
tado atualdos estudosda Psicologia Transpessoalem geral,
fornecendoassimumabaseteóricasólida parauma explana-
ção dos principaismétodosda terapiatranspessoalpropria-
mentedita.
Iniciativapioneirano Brasil no âmbitoda Universidade,e
escritocomexemplarpreocupaçãodesíntese,clarezae didatis-
mo, estetrabalhodeMarcia Taboneserá,semdúvida,um guia
de extremautilidadepara os profissionaise leigos da Psico-
logia que ambicionamum salto qualitativoem seus conhe-
cimentos,bemcomoparatodosos que queremultrapassaros
limitesdemasiadoestreitosdasdiferentesespecializaçõesden-
troou foradaPsicologia.
A PSICOLOGIA TRANSPESSOAL
Sumário
APRESENTAÇÃO, LuísPellegrini 11
PREFÁCIO, ProfessorPierreWeil........................................15
INTRODUÇÃO 'a NovaEdição...........................................17
CapítuloI
CONTEXTO CULTURAL, MUDANÇAS
E AS NOVAS DIREÇÕES EM CIÊNCIA
1.UMA CULTURA EMERGENTE....................................23
2.NOVAS DIREÇÕESEM CIÊNCIA................................27
2.1.A PesquisadoCérebroeaConsciência.....................29
2.2.A FísicaModernaeaPercepçãodaRealidade 33
2.3.As DrogasPsicodélicasnaPesquisadaConsciência..37
8 A Psicologia Transpessoal Sumário 9
CapítuloI II
PSICOTERAPIA DE ORIENTAÇÃO TRANSPESSOAL
148
97
145
145
111
112
116
122
125
125
128
129
132
134
137
101
105
CapítuloIV
CONSIDERAÇÕES FINAIS
1.SÍNTESE DAS IDÉIAS BÁSICAS DA PSICOLOGIA
TRANSPESSOAL
1.1.A PsicologiaTranspessoalcomoumadas
ManifestaçõesdoParadigmaEmergente
1.2.A PsicologiaTranspessoaléumaAbordagem
"Integradora"dosPrincipais"Insights"dasEscolas
PsicológicasOcidentaisedasDisciplinasdaTradição
Esotérica 146
1.3.A PsicologiaTranspessoalDesenvolveaTarefade
Integraro SistemaConceitualdaCiência
Contemporâneaà "BuscaEspiritual"dasTradições
Esotéricas
1.ORIGENS
2.PSICOTERAPIA HUMANISTA E PSICOTERAPIA
TRANSPESSOAL
3. PSICOTERAPIA TRANSPESSOAL. .
4.RECURSOS TÉCNICOS EM PSICOTERAPIA
TRANSPESSOAL
4.1.O TrabalhocomSonhos .
4.2.O TrabalhocomMeditação .
4.3.O TrabalhocomSímbolos .
5.SISTEMAS PSICOTERAPÊUTICOS ESPECÍFICOS ..
5.1.A TerapiadaQuatemidade .
5.2.O CursodosMilagres .
5.3.A Hiperventilação .
5.4.A Psicossíntese
5.5.MeditaçãoInterpessoaL .
5.6.TerapiaTerminal .
71
83
86
87
88
89
91
55
56
45
77
79
80
80
80
80
81
81
53
54
54
65
67
67
68
68
69
CapítuloII
A ESTRUTURA HOLÍSTICA DA CONSCIÊNCIA
1.NÍVEIS DE CONSCIÊNCIA - CONCEITUAÇÃO ...
2.A CARTOGRAFIA DA CONSCIÊNCIA PROPOSTA
POR STANISLAV GROF .
2.1.Nível Abstratoe Estético
2.2.Nível Psicodinâmico
2.3.Nível Perinatale Início dasExperiências
Transpessoais
2.4.Nível TranspessoaL .
3.A CARTOGRAFIA DA CONSCIÊNCIA PROPOSTA
POR ROBERT S. DE ROPP
3.1.O SonosemSonhos
3.2.O SonocomSonhos .
3.3.O SonoAcordado(Identificação)
3.4.A TranscendênciadoEu (ConsciênciadeSi Mesmo)
3.5.A ConsciênciaCósmica(ConsciênciaObjetiva) .
4.A CARTOGRAFIA DA CONSCIÊNCIA PROPOSTA
POR JOHN LlLLY
5.A CARTOGRAFIA DA CONSCIÊNCIA PROPOSTA
POR ROBERTO ASSAGIOLl
5.1.O InconscienteInferior .
5.2.O InconscienteMédio .
5.3.O InconscienteSuperiorouSuperconsciente .
5.4.O CampodaConsciência .
5.5.O "Eu"Conscienteou"Self" PessoaL .
5.6.O "Eu"Superiorou"SelfTranspessoal"
5.7.O InconscienteColetivo
6.A CARTOGRAFIA DA CONSCIÊNCIA PROPOSTA
POR KEN WILBER
6.1.Nível doEgo
6.2.Nível Existencial
6.3.Nível Transpessoal. .
6.4.Nível daMente (Unidade)
7.CONCLUSÃO
10 A Psicologia Transpessoal
2.AS PRINCIPAIS CONTRIBUIÇÕES DA PSICOLOGIA
TRANSPESSOAL PARA A PSICOTERAPIA.............. 151
2.1.A VisãoHolísticadaPsicoterapia- A Concepção
doUniverso,doHomem,daSaúde,daDoença
edaCura 151
2.2.A PsicoterapiaTranspessoal:Conteúdo,Contextoe
Processo 153
2.3.ApreciaçõesCríticasdosSistemasApresentados
comoEspecíficosdoNível Transpessoalno
Capítulo111........................................ 154
3. POSICIONAMENTO PESSOAL 159
BIBLIOGRAFIA . 163 Apresentação
Luís Pellegrini
A análisee projeçãono futurodastendênciasque,emní~
vel mundial,caracterizamo atualmomentohistórico,produzem
diagnósticosalarmantes.Se muitasdessastendênciasnãoforem
urgentementerevertidasoumesmoeliminadas(explosãopopula~
cional,poluiçãodomeioambiente,proliferaçãodosarmamentos
nucleares,paracitarapenasalgumas),nossacivilizaçãocorreo
riscopraticamentecertodechegaraopontodaexaustãoedocolap~
so.Paraqueissonãoaconteça,grandesmudançasdevemserfei~
tas,tantona áreaindividualquantonasociale naplanetária.E
qualquerprovidêncianessesentidodependeexclusivamentede
nós,poiso futuroseráapartirdospensamentos,daspalavrasedas
açõesdecadaumdenós.
Todosdesejamosqueessasmudançasparamelhorrealmente
aconteçam.Mas nossacapacidadevolitiva é determinadapelas
circunstânciasambientais(externasou internas)nasquaisnos
12 A Psicologia Transpessoal Apresentação 13
encontramos.Circunstânciasque,cadavezmaiscaóticase desu-
manizadas,limitamo lequedenossasopções.Emconseqüência,a
importânciadaescolhadeliberadae a suaorigem,a consciência
humana,tornou-secrítica.
A maioriadosespecialistasengajadosnanovíssimaciênciada
futurologiaafirmamque os gravesproblemascomos quaisnos
defrontamosnão podemsersuperadossemque se produzam
mudançasrevolucionáriasno contextodaprópriahumanidade,
tantonoplanodoindivíduoquantonodacoletividade.Podemos,
noentanto,depositaresperançanumarápidaalteraçãodosatuais
padrõesdo caráterhumano,de maneiraa produzirindivíduose
sociedadesmaissadios,assentadosemestilosdevidamaispacífi-
cose organizados?Tal esperançaseráirrealsepersistirmos,com
ópticaobtusa,nadefesadaposturamaterialistamoderna,obceca-
dapelaganadeconquistamaterial,comtodososseusvaloresde
tecnologia,progresso,consumodesenfreado,poluiçãoe destrui-
çãodosrecursosnaturais.O caminhodapreservaçãodavidaé,
hoje,sobretudoumproblemadeconsciência.E comoconsciên-
ciaé umfenômenoqueseprocessano interiordohomem,éjus-
tamenteemseuinteriorquedevemostrabalhar- comafincoe
urgência- paradaíextrairassoluções.
A percepçãocadavezmaisclaradesseurgenteestadodecoi-
sasinvadiu,nasúltimasdécadas,todasasáreasdoconhecimento
humanoocidental,asciências,asartes,asreligiõeseasfilosofias.
O ciclodoparadigmaracionalista,fragmentador eseparador- a
cujosexcessosdeveserdebitadaboapartedosproblemasqueho-
je vivemos- pareceestarchegandoaofim.Uma novaconcep-
çãodavidaedomundosurgiu,eestásendoestruturada,assumin-
doacadadiacontornosmaisdefinidos.Assistimosaonascimento
deumnovoparadigma,eumdosseusnomesdebatismoé "holis-
mo"(dogregoholos,totalidade).Trata-sedeumaconcepçãosis-
têmicadavidae domundo,baseadanaconsciênciadoestadode
inter-relaçãoeinterdependênciaessencialdetodososfenômenos
- físicos,biológicos,psicológicos,sociais,culturaiseespirituais.
É preciso,contudo,porquestãodejustiça,lembrarqueessa
concepçãoholísticaousistêmicasóénovano âmbitodochama-
do conhecimentooficial do Ocidente.Ela já eraconhecidae
desenvolvida,deformaveladaouexplícita,pelasgrandesescolas
datradiçãoocultistaocidental,taiscomoaalquimia,acabalaeaastrologia.Quantoàscivilizaçõesorientais,pode-seafirmarque
elasestãocompletamenteestruturadasdentrodaconcepçãosistê-
mica.Bastadizerque,nasuaquasetotalidade,asgrandesfiloso-
fiasqueessascivilizaçõesdesenvolveram,comoo hinduísmo,o
taoísmochinês,obudismoeo zen-budismo,propõemcomoaxio-
madebasea idéiadequetudoé "vivo", desdea menorpartícula
doátomoatéDeus.Equeaessência"vital"detodasasformascria-
daséexatamenteamesma.As doutrinasarcaicasdaÍndiachegam
mesmoa admitira existênciadeumintercâmbioperpétuoentre
osseres:"A matériaevoluiemdireçãoaoespíritoatravésdosreinosda
naturezaedasraçashumanas".
A psicologiatranspessoal,comoveremosnestetrabalhode
MarciaTabone,é filha diretado enfoqueholísticodarealidade.
Ao considerarosdiferentesníveisouestadosdaconsciênciaaces-
síveisaohomem,e a inter-relaçãodaconsciênciahumanacom
todososdemaisaspectosdavida,danaturezaedocosmos,elanos
retirado âmbitoestreitoa quefomosrelegadospelaconcepção
mecanicistacartesiana,ampliandooslimitesdohomempsicoló-
gicoparaalémdasfronteirasque,antes,sóeramalcançadaspela
arteepelareligião.
A autora,por outrolado,demonstraquea psicologiatrans-
pessoal,longedeserumsistemapsicológicoamarradoecristaliza-
do,deveserentendidamuitomaiscomoummovimentoemper-
manenteprocessodeexpansão.Seuobjetoprimordialdeestudo
é aconsciênciahumana,quenãopodeserreduzidaalimitesnem
sercaptadaemsuatotalidade.Masque,apesardisso,outalvezexa-
tamentepor isso,é o fio condutorsemcomeçonemfim quenos
guiarádeformaseguraatravésdo labirintoemquenosencontra-
mos.
Iniciativapioneirano Brasilno âmbitodaUniversidade,e
escritocomexemplarpreocupaçãodesíntese,clarezaedidatismo,
estetrabalhodeMarciaTaboneserá,semdúvida,umguiadeextre-
mautilidadeparaosprofissionaise leigosdapsicologiaqueambi-
14 A Psicologia Transpessoal
cionamumsaltoqualitativoemseusconhecimentos.Bemcomo
paratodosaquelesleitoresque,comoafirmaEdgarMorin emO
paradigmaperdido,já suspeitamque"oqueestáhojea morrernãoé
a noçãodehomem,massima noçãoinsulardo homem,separadoda
naturezaedasuapr6prianatureza;o quedevemorreréa auto-idola-
triadohomem,a maravilhar-secoma imagempretensiosadesuapr6-
priaracionalidade".
Prefácio
Prof. Pierre Weil
Há, nasorganizaçõesuniversitárias,certoseventosmarcan-
tesqueconstituemo sinaldo início deumaprofundarevolução
naciênciae,maisparticularmente,naepistemologia.
Defato,estamosemplenarevoluçãocientífica,caracterizada
porumamudançadeparadigma;o velhoparadigmanewtoniano-
cartesiano,cujalógicaprovocouumprogressoenormenosdomí-
niosdaMacrofísica,daBiologiaemesmodaPsicologia,serevela
comoexpressãodeumaverdadeparciale reducionista.Tantoa
Macrofísicaquânticacomoa PsicologiaTranspessoalapontam-
nosumanovaformaderealidadeefazemsurgirumnovoparadig-
ma,o paradigmaholístico,queestáaexigirumanovalógica.
O antigoparadigmalevoua umaconceptualizaçãofragmen-
tadadoconhecimento,comconseqüênciasdesastrosasparaapró-
priasobrevivênciadahumanidade.
Entreoseventosmarcantesdessasmudanças,há nasuniver-
16 A Psicologia Transpessoal
sidadesdetodoo mundoo surgimento,aindaqueesporádico,de
tesesqueassinalamostrabalhosrealizadosnessecampo.
No Brasil,emPsicologia,tivemosatesedeAdelaideLessaso-
breprecognição,dirigidapeloProfessorArrigoAngelini,naUni-
versidadedeSãoPaulo.Eagora,MarciaTaboneapresenta-noseste
primorosolivro, tambémfrutodeumatesedemestradoapresen-
tadanaPontifíciaUniversidadeCatólicadeSãoPaulo.
ProfissionaldaPsicoterapia,MarciaTaboneresolveuintegrar
a dimensãotranspessoalno seutrabalho,poissabiadesdecedo,
porexperiênciaprópria,queamenteéumaespéciedecampoque
ultrapassadelongeocérebroeseencontratãointegradanamente
universalquantoo sãoasondase o mar:podemossepararason-
dasdomar?
ComoprofessoradeUniversidade,elanãopodiasecontentar
comasimplesaplicaçãodosseusconhecimentos;sabedoradeque
o homeméumseremplenaevolução,elaresolveuaprofundaros
aspectosteóricosda terapiatranspessoal,submeteresseestudoà
críticauniversitáriae,depois,compartilharsuasconclusõescom
o público,sobaformadelivro.
Nele o leitorencontraráumaexcelentesinopsedo estadoa-
tualdosestudosdaPsicologiaTranspessoalemgeral,fornecendo
assimumabaseteóricasólidaparaumaexplanaçãodosprincipais
métodosdaterapiatranspessoalpropriamentedita.
Estamoscertosdequeo livro interessaráa todososqueque-
remultrapassaroslimitesdemasiadoestreitosdasdiferentesespe-
cializaçõesdentroouforadaPsicologia.
A descoberta,dentrodenósmesmos,doverdadeirosentido
da nossaexistêncianestaterra,confunde-secom o verdadeiro
sentidodavida.A PsicologiaTranspessoaleopresentelivrocons-
tituemumacontribuiçãoessencialparaforneceraohomemins-
trumentaçãometodológicaparachegara isto;equandotal sedá
atravésdavivênciatranspessoal,reinaapazinterior,averdadei-
ra liberdade;o homementãosetoma um verdadeiromagneto,
irradiandoemtomodesi beleza,verdadee amor.
Introdução
à NovaEdição
Quando fizaescolhadaPsicologiaTranspessoalcomotema
depesquisa,tinhaemmenteapreocupaçãoobjetivaemdesenvol-
verumaabordagemcientíficadapráticadapsicoterapiacomorien-
taçãotranspessoal.Poroutrolado,paraalémdaobjetividade,afun-
çãointuiçãomeconduziaaumamotivaçãomaisprofundaapoiada
navisãofuturadequeumagrandetransformaçãoestavaocorren-
dono campopsicológicoe euestavanaquelemomentodemodo
solitáriopreparando-meparacontribuirnasuacomunicação.
E, porformaçãoacadêmicaeporopçãoprofissional,atuona
áreadapsicologiaclínica,porémmuitoantesdeobtertalqualifi-
cação,já mepreocupavaemcompreenderemmeuprópriopro-
cessodeindividuaçãoo significadodeexperiênciasnasquaispude
vivenciarfenômenoscomo:telepatia,precognição,experiência
extracorpórea,clarividência,viagensno tempoe espaciais,iden-
tificaçãocomoutraspessoas,etc.
18 A Psicologia Transpessoal Introdução à Nova Edição 19
As escolaspsicológicasemgeralnãotêmvalorizadocomofo~
covastasáreasdopsiquismohumanoassociadasàdimensãotrans~
pessoalcomoasexperiênciasaltamentecriativase/oucurativas
quetranscendemoslimitesdoegoedaconsciênciausual.
Ficacadavezmaisevidentequeo modelocientíficoquefun~
damentaaPsicologiaconvencionalapoiadonacausalidadeélimi~
tadodiantedasgrandesmudançasculturaisecientíficasdasúlti~
masdécadas.Limitadosobretudoparadarcontadasnecessidades
humanase dosproblemasexistenciaisdestefinal demilênioco~
moapatologiaindividualecoletivadaperdadesentidoparaavi~
dae adapercepçãofragmentadadarealidade.
A PsicologiaTranspessoalsurgeemrespostaà "inconsistên~
cia"comoumatentativadeintegrar"novosinsights", enovascon~
tribuiçõesnacorrenteprincipaldasdisciplinascomportamentais
edasaúdementaldoOcidenteintroduzindoa"consciência"como
princípio fundamental,umavezque a compreensãoatravésda
"razão"nãoémaissuficienteparadarsuporteaonovoparadigma
emergente.
A PsicologiaTranspessoalé umaabordagemrecentee muito
importante,quesurgiunosEstadosUnidos nosanos60,a partir
deummovimentoquesetornouconhecidocomoa"quartaforça",
emPsicologia,apóso Behaviorismo,a Psicanálisee a Psicologia
Humanista.
Seusestudosestãofundamentadose relacionadosa várias
áreasdosaberefornecemumaampliaçãodosconhecimentosso-
breo serhumano.Essesestudose suasaplicaçõesà psicoterapia
encontram-sedivulgadosseparadamente,emmuitaspublicações,
querequeremumareuniãosistematizada.
Pelosmotivosacimaexpostos,nestelivroreunimosasprinci~
paiscontribuiçõesde iniciadorese representantesda Psicologia
Transpessoal,tais como Maslow, Sutich, Naranjo, Assagioli,
Wilber,Grof eoutros.
ComoosprimeirosrepresentantesdaPsicologiaTranspessoal
pertenceramanteriormenteàPsicologiaHumanista,sendoaque~
laconsideradacomoumdesdobramentohistóricodesta,julgoser
pertinenteestabelecercomparaçõesentreambas,dandodestaque
àspeculiaridadesdaprimeira.
Considerandoo fatode a PsicologiaTranspessoal,alémdos
recursosprópriosdaspsicoterapiasemgeral,utilizar-setambémdos
ensinamentosepráticasdatradiçãooriental,apresentamosalguns
recursostécnicosqueproduzemefeitosterapêuticosequepossibi-
litamatingirmetastranspessoais.
Resumindoas idéiasacimaexpostas,no presentetrabalho
temosapreocupaçãoemapresentar:1.SíntesedasidéiasdosprincipaisrepresentantesdaPsicolo~
giaTranspessoal.
2.Osprincipaisrecursostécnicosesistemasterapêuticosespe~
cíficosdaabordagemtranspessoalempsicoterapia.
3.Apreciaçãocríticaesíntesedosprincipaispressupostosda
PsicologiaTranspessoaledesuascontribuiçõesparaapsi~
coterapia.
Quantoaoconteúdodoscapítulos,encontram-sedesenvolvi~
dosdaseguintemaneira:
•O Capítulo r situa,historicamente,a PsicologiaTranspes-
soalemseucontextoculturalecientífico.Enfatizaasnovas
perspectivasda consciênciaprovenientesdapesquisado
cérebro,FísicaModernae drogaspsicodélicas.
•O CapítuloII introduzimportantenoçãoarespeitodosdife-
rentesníveisdeconsciência,queampliaasconcepçõespro-
postaspelaschamadasabordagensdinâmicasdaPsicologia.
Dentrodessaperspectiva,diferentesabordagensteóricase
práticassãoválidasparadeterminadosníveisdeconsciên-
cia e representamabordagenscomplementarese nãocon-
traditóriasentresi.
•O CapítulorlI apresentaasorigenseo desenvolvimentoda
PsicologiaTranspessoaleascomparaçõesentreestaeaPsi-
cologiaHumanista.Os principaisrecursostécnicosesiste~
20 A Psicologia Transpessoal
masterapêuticosespecíficosdaabordagemtranspessoalem
psicoterapia.
•O CapítuloIV, consideraçõesfinais,faza análisecríticada
PsicologiaTranspessoaledeseussistemasterapêuticosespe-
cíficosapartirdeumaarticulaçãoentreosvárioscapítulos,
levando-seemcontaosseusfundamentosteóricoseasimpli-
caçõesparaapsicoterapia.
CAPÍTULO I
ContextoCultural,
Mudançase as
NovasDireções
etnCiência
1
UmaCulturaEmergente
A décadainiciadaem 1960caracterizou~senospaísesoci~
dentais,particularmentenosEstadosUnidos, comoumperíodo
deintensasmanifestaçõesdecaráterrevolucionáriopolítico~cul~
tural.
MarilynFerguson(1980),emsuaobra"A conspiraçãoaquaria~
na",analisadetalhadamenteoprocessorevolucionáriodadécada
e suasconseqüentesimplicaçõesnasáreascientífica,filosófica,
religiosaesocial.SegundoFerguson:
"Por certo,os anossessentaassistirama umagrandeturbu~
lênciasocial,membrosdaclassemédiaedaalta,especialmen~
te,começaramaespecularsobreumanovasociedade.Forças
históricasesociaisvigorosasestavamconvergindoparacriaro
desequilíbrioqueprecedeasrevoluções.Os americanosesta~
vam,deformacrescente,percebendoa impotênciadasinsti~
24 A Psicologia Transpessoal I -Contexto Cultural, Mudanças e as Novas Direções ... 25
tuiçõesexistentes- governo,escolas,medicina,negocws,
igreja- emtratarcoletivamentedeproblemasqueseavolu~
maram." (p. 127)
Assim,ascontínuasmanifestaçõesdeoposiçãoao "sistema",
característicasdaépoca,e o frontalquestionamentodosvalores
tradicionaisdaculturaocidentallevaramsignificativossegmen-
tossociais- médicos,educadores,industriais,políticos,cientis-
tas,religiosos-, conscientesounão,acriaremcondiçõesparao
surgimentodeumaculturaalternativa.
Ferguson,na obracitada,qualificataisgruposcomo"Cons~
piradoresAquarianos"eafirma:
"Há legiõesdeconspiradores.Elesestãonascompanhias,uni~
versidadesehospitais,noscorposdocentesdeescolaspúblicas,
nasfábricasegabinetesmédicos,emórgãosestaduaisefede~
rais, emconselhosmunicipaisenogabinetedaCasa Branca,
nasassembléiasestaduais,emorganizaçõesvoluntáriasevir~
tualmenteemtodasasarenasdedecisõespolíticasdopaís...
Há tambémmilhõesdeoutrosquenuncapensaramemsimes~
moscomoparticipantesdeumaconspiração,masquesentem
quesuasexperiênciase lutasfazempartedealgomaior, de
umatransformaçãosocialmaisamplaquesetomacadavez
maisvisível,contantoquesesaibaparaondesedeveolhar."
(p.24)
Os chamados"conspiradores"nãoseinteressamporuma"afi~
liaçãoemsuasformastradicionais:partidospolíticos,gruposideológi~
cos,clubesou fraternidades"(p.25);preferembuscaroscaminhos
paraa transformaçãopessoale socialnasredesouagrupamentos
queseformamapartirdaconexãoentrepessoasdemesmosinte-
resses.(p. 25)
Os "ConspiradoresAquarianos"sãoatraídosunsparaosoutros
porpreocupaçãoemtornodosseguintesitens:"mudançadepara~
digma,transformaçãosocial,experiênciasmísticaspessoais,tecnologia
apropriada,descentralização,lançamentodeponteentreOrienteeOci~
dente,comunidadesintencionais,simplicidadevoluntária,modelosde
organizaçãomontadosà basedeconfiançae comunicação","formas
criativasatravésdasquaispossamosnosajudarunsaosoutros", "tec~
nologiaconsciente","vigore liberdadederelacionamento".(p.222)
No quadrodo processorevolucionário,nosEstadosUnidos,
essastendênciasculturaisresultaramdasíntesedaspropostasde
transformaçãoapresentadaspelo"ativismopolíticodosanossessen~
ta" epela"revoluçãodaconsciênciadosanossetenta".
Essanovasínteseenfatizaa transformaçãosocialcomoresul-
tantedatransformaçãopessoal- amudançadedentroparafora.
A culturaemergentepropõea renovaçãosocialatravésda
modificaçãodaconsciênciaindividuale coletiva;a ascendência
deumanovamentalidadedentrodaculturaantiga;aaglutinação
deumanovaordemsocial.
A "cosmovisão"resultantedo processointegraconquistas
atuaisdavanguardacientífica,comherançasculturaisdeantigas
civilizações,revivendosuastradiçõesreligiosase filosofiastradi-
cionais.
Emfunçãodasmudançasealteraçõesnoqueera,atéentão,es-
tabelecido,novosparadigmassefizerameoutrossefarãopresentes.
2
NovasDireçõesemCiência
A reformulaçãoculturaldosanossessenta,setentarepercu'
tiu emalgunssetoresacadêmicos,levando'osa dedicarmaiores
esforçosemáreasdo conhecimentoatéentãopoucovalorizadas
e/ouexploradas.
Particularmente,osproblemasconcernentesà naturezae às
alteraçõesdaconsciênciahumanatornaram,sepontosdeconver,
gênciado interessecientífico.SegundoHarman(1975):
"Uma ciênciaembrionáriadosestadosalteradosdeconsciên,
ciajá existiaháséculoemeio.Gravitava,maisoumenos,em
tomodosfenômenosdehipnose,masincluíaexploraçõesde
cnatividade,percepçãoextra,sensorial, diagnósticodeclarivi,
dência, curas instantâneas,estudosobrea imaginaçãoe a
intuição.Essecamponãologroudesenvolver,seporquea so,
ciedadecolocouseusrecursospsíquicos,humanose econômi,
28 A Psicologia Transpessoal I -Contexto Cultural, Mudanças e as Novas Direções ... 29
cosemoutrasáreas.Parecequeestamosagoramaisdispostos
a caminhardenovo,eseriamente,nessadireção."(p. 159)
Por outrolado,asrecentesdescobertasemváriosdomínios
científicos- Física,Neurologia,Psicofisiologia,Parapsicologia,
BiologiaMolecular-, emesmoo adventodasdrogasalucinóge-
nas,ofereceramnovasemaisamplaspossibilidadesparaapesqui-
sadaconsciência.
A sínteseda interaçãodessesconhecimentosparaa Psicolo~
giafoi o surgimentodenovasposturasnapesquisadasexperiên-
ciassubjetivas.Algumasdessasposturasagruparam-seemtornode
doismovimentosacadêmicos:a PsicologiaHumanistae a Psi-
cologiaTranspessoal.O segundomovimentopodeserentendido
comoumaexpansãodoprimeiro.(Sutich,1969)
ParaPierreWeil (1982),a PsicologiaTranspessoaltempor
finalidadeo estudodosváriosestadosdeconsciênciaporquepas-
saohomem,assimcomodassuasrelaçõescomarealidade,como
comportamentoe com os valoreshumanos.E desenvolvetais
metasatravésdeumaabordageminterdisciplinarquereúneten-
dênciasmetodológicasdeváriasdisciplinascientíficase filosófi-
cas.(p. 113)
Essatentativadesíntesena áreada Psicologiatemrefletido
umatendênciaculturalmuitomarcantenosúltimosanos.A esse
respeitoCláudioNaranjo,emvisitaaoBrasil,assimseexpressou:
"Onossotempotemcomocaracterísticaprincipala sínteseem
todososplanos,a sínteseemtodososcampos;a sínteseinter~
disciplinar,síntesequantoà integraçãodecultura,deescolas
eumamultiplicaçãodeescolas."(UNICAMP, 19.4.84)
Assim,aPsicologiaTranspessoalsesituacomoum"movimen~
to" nocampodaPsicologia,queutilizao conhecimentodevárias
disciplinase convergeparaumasínteseprogressivadedadosso-
breaconsciênciahumana.
Sobreorecenteinteressedapesquisapsicológicaemtera"cons~
ciência"comoobjetodeestudo,Ring (1974)assimsemanifesta:
"Com osurgimentodaPsicologiaTranspessoal,umavezmais
apesquisapsicológicavoltoua seocuparparticularmentecom
o estudodaconsciência.DesdeosprimeirosmomentosdaPsi~
cologiaocidental,nunca sedeu tantaatençãoà questãoda
naturezada consciênciaquantoatualmente.comosevê no
interessepela manipulaçãodos estadosde consciência."
(p.55)
Portanto,nestaépoca,encontra~seaPsicologiacomoumadis-
ciplinaqueretomaaoseuprimeirotrabalho- umexamedacons-
ciência-, porémagoraexisteafacilidadedasnovas"técnicas"que
têmsidocuidadosamentedesenvolvidasduranteesteséculo.
Em seqüência,examinaremosrapidamenteosavançoscien~
tíficose tecnológicosemalgumasáreasqueconsideramosmuito
relevantesparao surgimentoe conseqüentedesenvolvimentoda
PsicologiaTranspessoal.Sãoelas:apesquisadocérebro,asdrogas
psicodélicase aFísicamoderna.
2.1.A PesquisadoCérebroea Consciência
O progressorecentementeobtidono campodasneurociên-
cias- análisedoshemisfériosdocérebro,mediçãoderitmosce-
rebrais(EEG), biofeedback,teoriaholográficadocérebro,etc.-
indicaumaestreitarelaçãoentreo funcionamentodocérebroe
asatividadesdaconsciência.
Essasnovasdescobertaspermitemmelhorcompreensãotan-
tono queserefereàconexãoentreo cérebroeasexperiênciasda
consciência"ordinária",quantodasexperiênciasem"estadosalte~
radosde consciência".
J osephE.Bogen(1973)foiumpioneironasistematizaçãodas
evidênciasneurológicasquehá muitotemposugeriama duales-
pecializaçãodoshemisférioscerebrais.
RobertE. Ornstein(1972)analisoudoisdiferentesmodosou
estilosdeconsciênciaqueparecemestarligadosaoshemisférios
cerebrais.E concluiu:
30 A Psicologia Transpessoal I -Contexto Cultural, Mudanças e as Novas Direções ... 31
"Ohemisférioesquerdoestárelacionadoprincipalmentecom
asfunçõesverbaisematemáticas.Seumododeoperaré linear
ou seqüencial,analítico,lógicoe racional... Emcontraposi~
ção, o hemisfériodireitoencontra~semaisenvolvidocom a
orientaçãoespacial,apercepçãooua criaçãoestética,aauto~
imagem,etc.É emocional,intuitivoeholístico."(pp.66~68)
As duasgrandestradiçõesculturais,a ocidentale a oriental,
têmapresentadoessamesmadualidadeemsuasproposiçõesfilo-
sóficasfundamentais.(Moore 1978)Assim,enquantooshomens
ocidentaisenfatizama utilizaçãodasfunçõesdo hemisférioes-
querdo,sendopor issomaislógicoseracionais,seusequivalentes
orientaisdãomaiorvaloràsfunçõesdohemisfériodireito,sendo,
portanto,maisintuitivosemísticos.
A aproximaçãoculturalentreOcidenteeOrientepermitiua
comparaçãoentresuasdiferentesformasdeapreensãodarealida-
de,revelandoqueosdoismodosdeconhecimentopropostosnão
sãoauto-suficientes.
Emconseqüência,algunspsicólogosocidentaissugeriramque
deveriahaveranecessidadedeumacomplementaçãodasdiferen-
tesfunçõespsicológicasdoserhumano.
O psiquiatraRobertoAssagioli(1982)justificatal necessida-
de:
"A limitação- quetambémseaplicaa todasas outrastéc~
nicaseao usodetodasasoutrasfunções,masquetemdeser
reiterada- équeousoseparativodequalquerfunçãosópode
darresultadoslimitadoseunilaterais.É na cooperaçãoeuso
sintéticodetodasasfunçõeshumanasquepodeseralcançado
o êxito,emcogniçãoouação." (p. 230)
A Psicologiaatual,maisespecialmenteaabordagemtranspes-
soal,empenha-seemdesenvolvermétodospsicoterápicosmais
abrangentes,quefacilitemaoserhumanodesenvolver,concomi-
tantemente,todasassuasfunçõespsicológicas.
Com o objetivodepreencherlacunasdeixadaspor funções
nãodesenvolvidaspornossosistemaeducacional/cultural,aabor-
dagemtranspessoaldaPsicologiacombina,sempreconceitoscien-
tíficosouculturais,asváriastendênciasdopensamentopsicoló-
gico ocidentalcomasmetodologiasdesenvolvidaspor sistemas
esotéricoscomoo Budismo,o Yoga,o Tibetanismo,o Sufismoe
outros.
Outraforteevidênciadarelaçãocérebro/consciênciaencon-
tra-seno trabalhodeWilder Penfield(1975).Ele verificouque
experiênciasparticularespareciamestararmazenadasemdetermi-
nadasáreasdocérebroepodiamsertrazidasàconsciênciae,ain-
da,reexperimentadas,setaisáreasfossemestimuladaspormeiode
umacorrenteelétrica.
Além disso,asmemóriasevocadaseramacompanhadaspelo
padrãoemocionalligadoao incidenteoriginal.As experiências
realizadasporPenfieldfornecemnovoselementosparaa pesqui-
sacientíficadecertosfenômenospsíquicos,comotelepatia,clari-
vidênciae desenvolvimentoda "terceiravisão"ou "olhomental",
assimcomotambémestabelecemasbasescientíficasexperimen-
taisparaaprovocaçãodasensaçãodevivênciaextracorpórea(out~
of~bodyexperience)porestimulaçãofísicadecertaregiãodocére-
bro.
O funcionamentodocérebrotambémpodeserestudadoapar-
tir daanálisedesuaatividadeelétrica.Nesteparticular,o EEG
(registroeletroencefalográfico)temsereveladoummétodoneu-
rofisiológicomuitoeficienteparafocalizararelaçãoentreosmeca-
nismoscerebraiseasalteraçõesdaconsciênciaemgeral.
Até bempoucotempo,asalegaçõesdequeaconsciênciapode-
riaserexpandidaealteradaseapoiavamemprovasempíricas,ou
seja,emrelatosdeocorrências.Atualmente,taisestadossubjeti-
vosestãosendocorrelacionadosa evidênciasconcretasdemodi-
ficaçõespsicofisiológicas.
Dessaforma,asexperiênciasrealizadassobre"estadosalterados
deconsciência"- meditação,hipnose,sonhos,diferentestécnicas
psicoterápicas, etc.- , quesempredesafiaramasdefiniçõesrigo-
rosasdalógica,podemserestudadasatravésdeseusvárioscorre-
latos- ondasalpha,thetaedelta,rápidosmovimentosoculares,
etc.(Ornstein,1973)
32 A Psicologia Transpessoal I - Contexto Cultural, Mudanças e as Novas Direções ... 33
No campoda Psicofisiologia,trabalhosexperimentaiscomo
osdeKamiyaedoscientistasjaponesesKasamatsue Hirai (Tart,
1969)ensejamumatentativaderelacionarospadrõesdeEEG com
osestadospsicológicoseseuscorrelatoscomportamentais.
A aparelhagemdebiofeedbackpermitea identificaçãopor
meiodesonsoudeleiturasvisuaisdosprocessosorgânicoscomo:
atividadesdasondascerebrais,temperaturae condutividadeda
pele,sistemacirculatório,atividadesmuscularesetc.O treinamen-
toporbiofeedbackéoprocedimentoquepermiteconhecereobter
o controlevoluntáriodessesestadosinternos.(Brown,1975)
ParaKarlinseAndrews(1972),aparelhosdebiofeedbackpo-
demserusadosparaajudaro homemaobtero estadointernoque
desejeexplorar:
"Com o treinamentopor biofeedbaek,o homemaprendea
selecionarseusestadosdeser.Ele podeexplorarnovasexpe-
riênciassistematicamentecontroladassemdependerdousode
drogas... Ele podemudarsuamentesemlesarseucérebro."
(p. 70)
A descobertadobiofeedbacklevoupesquisadorescomoElmer
Green(1970),doDepartamentodePesquisasdaFundaçãoMen-
ningeremTopeka,Kansas,ainvestigarvogues,naÍndia,aosquais
seatribuíam"poderes"deautocontrole;e aodesenvolvimentode
pesquisasnosEstadosUnidos,utilizandobiofeedbacknumaclíni-
ca,numaprisãoenumasaladeaula.Tendoconcluídoque:
"A essênciatantodaYogacomodobiofeedbaekéo contro-
le da imagemcorporalbiopsicológicaatravésdevisualização
duranteumestadoderelaxamento."
Kar Pribam(1981),neurocientistada StanfordUniversity,
propôsumateoriasobreofuncionamentocerebral,omodeloholo-
gráfico,queunea pesquisado cérebroà Físicateórica.Segundo
essateoria,qualquerpartedocérebrocontémainformaçãototal,
istoé,amemóriaé distribuídaportodoo cérebro.
A holografia,inventadaporDenisGaborem1947,éumméto-
dodefotografiasemlentesquepermiterecuperara imagemórigi-
naldoobjeto,aparecendoumafiguratridimensional.(Tekulskye
Asinof,Ciência Ilustrada,pp.72-77.)
Deacordocomo Brain/MindBulletin(1977)aaproximação
entrePribameo físicoDavidBohm,queestavadescrevendoum
universoholográfico,permitiuaseguintesíntese:
"Nossoscérebrosconstroemmatematicamenteumarealidade
concretaatravésdainterpretaçãodefreqüênciasquetranscen-
demtempoe espaço.O cérebroéumhologramaqueinterpre-
taum universoholográfico... " (p. 1)
Pelateoriaholográfica,océrebrotomaconhecimento,simul-
taneamente,daspercepçõesnormais,dasexperiênciastranscen-
dentaise doseventosparanormais,demonstrandoquesãoparte
da naturezahumana,eliminando,assim,o carátersobrenatural
atribuídoaosfatostranspessoais.
2.2.A FísicaModernaea PercepçãodaRealidade
No princípio do séculoXX, a TeoriadosQuantade Max
Planck (1900) e a Teoria da Relatividadede Albert Einstein
(1905)propiciaramverdadeirasrevoluçõescientíficasesepropu-
serama substituira chamadaFísicaclássicapeloquesetomou
conhecidoporFísicamoderna.(Hamburger,1984)
O desenvolvimentodaFísicamodernaalterouprofundamen-teetranscendeutodosospostuladosdoparadigmacartesiano/new-
toniano,quehaviamdominadoo pensamentocientíficoociden-
talnosúltimostrêsséculos.
O físicoWernerHeisenberg(1981)classificouo paradigma
clássicocomo"estreitoerígido",aopassoqueo adventodaFísica
modernaimpôsmaioraberturaconceitual:
"A tendênciageraldopensamentohumano,noséculoXIX,
foi na direçãodeumaconfiançacrescenteno métodoeientífi-
34 A Psicologia Transpessoal I -Contexto Cultural, Mudanças e as Novas Direções ... 35
coenousodetermosracionaisprecisos,oquedeulugara um
ceticismoacercadaquelesconceitosda linguagemnaturalque
nãoseencaixassemno esquemafechadodopensamentocien~
tíficodaépoca- por exemplo,aquelesdareligião.A Física
moderna,de muitasmaneiras,veioreforçaressaatitudecéti~
ca; masela,ao mesmotempo,endereçou~acontraa superes~
timaçãodosconceitosconsideradosprecisose, também,con~
traopróprioceticismo."(p. 124)
Assim,o surgimentoda Físicamodernacontribuiuefetiva~
menteparaadissoluçãodorígidoesquemaconceitualdaciência
doséculoXIX. A fundamentação,predominantementemateria~
lista/mecanicista,dosconceitoscientíficosdoséculopassadoapro~
fundouoabismoexistenteentreopragmatismoocidentaleaespi~
ritualidadedoOriente.
Parao paradigmaclássico,o conceitoderealidadediziares~
peitoa coisase fenômenosquesãopercebidosatravésdosórgãos
sensoriaisou,então,aoquepodeserobservadograçasaoauxílio
deinstrumentosrefinados,desenvolvidospelatecnologia.
Dentrodessaperspectiva,o conflitoentreciênciae religião
erainevitável;osfenômenossubjetivoseostranscendentaiseram
vistoscomoausênciadematuridadeintelectual,superstiçãoou,
ainda,psicopatologia.(Grof, 1983)
No decorrerdoséculoatual,novasexperimentaçõesnoscam~
posdasTeoriasquânticaerelativistalevaramaumquestionamen~
todaMecânicanewtoniana.Osconceitosbásicosdematéria,espa~
ço/tempoecausalidadesofreramradicaistransformaçõesemsuas
bases.Emconseqüência,o conceitoderealidadedomaterialismo
científicotambémfoi revisado.
DentreasmodificaçõesintroduzidaspelaFísicamoderna,as
maisrevolucionáriasreferem~se,sobretudo,à estruturadamaté~
ria. De acordocoma fórmuladeEinstein- E=mc2 (a energia
contidaemumcorpoé igualà suamassamultiplicadapeloqua~
dradodavelocidadedaluz)- ficoudemonstradaaequivalência
dematériaeenergia,ouseja,suaintermutabilidade.
A Mecânicaquânticademonstrouo dualismoonda/partícula
apresentandoamesmaentidade,aenergia,sobaformadeondaele~
tromagnética,e,sobaformacorpuscular,o quantumdeenergia.
A TeoriadaRelatividaderevelouumaestruturaespaço/tempo
diversadaquelaatéentãoadmitidapelopensamentobaseadonas
leisdeNewton.O espaçodeixoudesertridimensionaleo tempo
deixoudeserumaentidadeindependente.Ambosapresentam~se
intimamenteconectadossoba formade um Continuum espa~
ço/tempoquadrimensional,equenãosãograndezasabsolutas,mas
relativas,dependendodeumsistemareferencial.
Entreassuposiçõesquestionadas,encontra~sea causalidade
mecânicacomoaplicávelatodososâmbitosdarealidade.A Físi~
caavançadanãoconsideraa relaçãocausa/efeitocomoumprin~
cípiodeligaçãoobrigatórionanatureza.
A Físicado séculoXX, pelaprofundidadedasmodificações
introduzidas,temlevadopensadoresfísicosepsicólogoscontem~
porâneosa refletiremsobresuasimplicaçõesfilosóficase a com~
pará~lascomalgumasdastradiçõesculturaismaisantigas.
O físicoFritjofCapra,emsuaobraoratraduzidaparao portu~
guês"O TaodaFísica"(1985),analisouosparalelosentreo conteú~
dofilosóficodasteoriasbásicasdaFísicamodernaeosensinamen~
tosmísticostradicionaisdo Oriente,incluindocivilizaçõescom
passadosculturaisdistintos,comoChina,Japão,ÍndiaeTibet.
Estendendo~sepor profundasreflexões,o autor procura
demonstrarqueastransformaçõestrazidaspelamodernaFísicateó~
ricaparecemlevaraumavisãodomundomuitosimilaràqueladas
filosofiasorientais.
Capra(1976)focalizaduasidéiasquesempreforamenfatiza~
daspelosmísticosdoOrienteequesãotemasrecorrentesnacon~
cepçãodomundodaFísicaatual:
" • o. a unicidadee inter~relaçãodetodasascausaseeventosea
naturezaintrinsecamentedinâmicadouniverso."(pp.62~70)
O psicólogoLeShan(1978)elaborouumquadrocomparati~
vo acercade "comoo mundofuncionaentredoisgrupos",por ele
denominados:"físicos~teóricos"e"místicossérios".LeShanreconhe~
36 A Psicologia Transpessoal I - Contexto Cultural, Mudanças e as Novas Direções ... 37
ce,emprincípio,queessesdoisgrupostêmcomopontodeparti-
daposturasteóricasdiferentes,utilizam-sedetécnicasdistintase
têm,ainda,objetivosdiversos.Porém,buscamcompreendera
essênciadarealidademaiscompleta.Semelhançasgeraisforam
observadasnasconclusõesapresentadasporambososgrupos.Le-
Shanconclui:
"Seaquelesquebuscaramdentrodesimesmoseaquelesque
buscaramnoexteriorchegamàsmesmasconclusões,podemos
nosassegurarumpoucomaisdestesresultados,"(p. 119)
JeanCharon,físicodaUniversidadedeParis,consideraopro-
gramadosfísicosdaépocaatual"reducionista",namedidaemque
deixamo "espírito"deforanassuasdescriçõescientíficasdoUni-
verso.Em suaobra"O Espírito, esteDesconhecido"(1981),Jean
Charonapresentauma"FísicaNeogn6stica",cujatendênciaprin-
cipaléexpressapelaidéiadeque:
"... oquechamamosespíritoé indissociáveldetodososfenô-
menosquevemosno Universo, sejamfísicos,sejampsíqui-
cos," (p. 12)
Na obra"Einstein'sSpaceand Van Gogh'sSky" (1982),Henry
Margenane LeShan,seusautores,umfísicoe o outropsicólogo,
uniram-separademonstrarquea visãoconvencionaldarealida-
deé limitada,e paraoferecercomoopçãooutraformadever o
"Real",fundamentadanasteoriasdaFísicamodernaenosconhe-
cimentosdaPsicologiacontemporânea.Essanovavisãodareali-
dadeenfatizaa idéiadequeamentepassapornumerososestados
ou fases,osquaistranscendemo processoe asexperiênciasnos
quaisarealidadesensorialoufísicabaseiasuaconstrução.
Os teóricosdaabordagemtranspessoalestãoparticularmente
interessadosna contribuiçãoda Físicamodernapararenovare
ampliaraconcepçãodemundo,imagemdohomem,inter-relacio-
namentohomem/cosmos,correlaçõesentreanaturezadarealida-
deesuapercepçãonosestadosdeconsciênciaemgeral.
ParaMárioSchenberg(1984),"aFísicaeaPsicologiasãoaspec-
tosdiferentesdamesmarealidade,vistossobangulosdiferentes"(p.27)
e consideraC. G. Jungumprecursornatarefadereunirconheci-
mentosdaFísicaedaPsicologia.
As recentespesquisascomdrogaspsicodélicas,técnicasexpe-
rimentaisdepsicoterapia,Parapsicologia,Tanatologia,Antropo-
logia,biofeedback,etc.,levadasa efeitopelaPsicologiaTranspes-
soal,revelaramcertaconvergênciaentrea Físicamoderna,o
misticismoe aconsciênciahumana.
NaspalavrasdeFritjofCapra:
"A ciêncianãonecessitado misticismoe estenãoprecisada
ciência;entretantoo homemnecessitadeambos."(p.69)
Cabe,portanto,à abordagemtranspessoalaampliaçãodepos-
sibilidadesquevisemreunira antigasabedoriado Orientee o
conhecimentocientíficodoOcidente.(Grof, 1982)
2.3.As DrogasPsicodélicasnaPesquisadaConsciência
A Químicadesempenharelevantepapelnaschamadasnovas
direçõesemciência,especialmenteno queserefereao emprego
decertosprodutosfarmacoquímicos,osquaisestãosendoutiliza-
dosna investigaçãodaconsciênciahumana.
Entreasprincipaissubstânciasemusopodemsercitadas:a
mescalina,apsilocibinaeo LSD (dietilamidadoácidolisérgico).
Porapresentaremefeitossimilares,essasdrogassãochamadas"psi-
codélicas", dogrego"quealterama mente".(Berent,1981)
O LSD é,dentreasdrogassemi-sintetizadasconhecidasque
alteramaconsciência,adeefeitomaispotenteeduradouro.
SegundoHossri(1984)o LSD, emdosagensequivalentes,é
cercadesetemil vezesmaisatuantequea mescalina- substân-
ciacujafontenaturalé o cactuspeyote- e cercadecemvezes
maispotentequea psilocibina,alcalóidederivadodoschamados
"cogumelossagrados"doMéxico. (p. 108)
Derivadodacravagemdo centeio,o LSD é umasubstância
38 A Psicologia Transpessoal I -Contexto Cultural, Mudanças e as Novas Direções ... 39
preparadaquimicamenteemlaboratório.Foi descobertoem1938
quandodaintoxicaçãoacidentaldeHofman,químicodoslabora-
tóriosSandoz,empresafarmacêuticasuíça.Hofmanfoi umpio-
neiroe realizouumasériedetrabalhosque,desdeentão,semul-
tiplicaramconsideravelmente.(Ollivenstein,1980)As drogaspsicodélicasemgeralcausammodificaçõespsíqui-
casnosindivíduosqueasingerem,afetandodepreferênciaasper-
cepçõesvisuais,e, por isso,sãoincluídasentreos "alucinógenos".
(p.49)
Em 1954,AldousHuxley- umdosmaisrenomadosconhe-
cedoresdafenomenologiapsicológicainduzidapor alucinógenos
- emsuaobra"As PortasdaPercepção",despertouointeressepelas
drogasalucinógenascomofontedepesquisaprofundadamente
humanaeconsideroutaisdrogas"modificadoresdoespírito".
Analisandoaspossibilidadesfuturasdo empregodospsico-
délicos,Huxleyachavaque,emboraaprincípiopudesseparecer
algodesconcertante,seuusoacabariapordarmaiorprofundida-
de espiritualà vida nascomunidadesondefossemconsumidos.
Acreditavaqueasdrogasproduziriamumarevivênciareligiosae,
assim,a religião,atividadeenvolvidaprincipalmentecomsím-
bolos,seriatransformadaemsuasbasese setornariamaispreo-
cupadacoma experiênciae a intuição,ou seja,como misticis-
modocotidiano.
TimothyLeary(1981)iniciousuasexperimentaçõespsicodé-
licasquandoeraprofessordoDepartamentodePsicologiadaUni-
versidadedeHarvard,no princípiodosanossessenta.Learyficou
conhecidomundialmentecomoumdosprincipaisteóricosdauti-
lizaçãodedrogaspsicodélicaspara"expandir"ou "alargar"acons-
ciência.SuasatividadesemHarvardteriamdadoinício aomovi-
mentohippie-psicodélico.(Harman,1975)
Durantea décadade 1960,partesignificativadajuventude
americana,seguindoa orientaçãode seus"gurus" - Timothy
Leary,RichardAlpert eRalphMetzner-, fezusodedrogasasso-
ciadasa práticasmísticasderivadasdosconhecimentosesotéri-
cosdoOriente.
Por essaépoca,a preocupaçãodosjovenscomasatividades
de"expansãoeexploração"daconsciênciafaziapartedeumcon-
junto maisamplodemanifestaçõesculturaisligadasa ummovi-
mentoquesetornouconhecidocomo"Contracultura".Naspala-
vrasdePereira(1984):
"Fundamentalmente,o quesebuscavaeramnovaspossibili-
dadesdeapreensãodarealidade,e tantoo misticismocomoa
drogaconstituíram-senumaformadeoposiçãoaoracionalis-
modominantenassociedadestecnocráticas,racionalismoeste
calcadosobreomododeconhecerdaciência,ouseja,sobrea
própriaestruturadopensamentocientíficoque,comotal,per-
mite,ao mesmotempoqueimpõe,umadeterminadapercep-
çãodarealidade."(p.85)
A contraculturaeomovimentohippie-psicodélicocertamen-
tedesempenharamumpapelimportantenastentativasdereno-
vaçãosocioculturalnosanossessenta.Porém,aposiçãodeLeary
emHarvardficouenormementeprejudicadaapóssuasexplora-
çõespsicodélicas.Seuentusiasmopelasdrogaspareciaameaçar
seuscolegasmaisconservadoreseacabaramporcausaro encerra-
mentodesuasatividades,tendoelesidoobrigadoa seafastarda
Universidade.
Emanosrecentes,Leary(1981)nãoseencontranocentrodo
interessepúblicocomojáhaviaocorrido,mas,emsuasatividades,
continuainteressadono desenvolvimentodaconsciênciae,ain-
da,dedica-seàclassificaçãodasáreasdeexploraçãocientíficaque,
segundosuaspesquisas,influenciarãoo presenteeo destinofutu-
rodahumanidade.(p. 126)
SeuscolegasdaHarvardseguiramcaminhosdiversos.
RichardAlpert (1978)teveumperíodopsicodélicoemsua
vida-de 1961a 1967-, duranteoqualtornou-seumativopes-
quisadoreexploradorutilizando-sedoLSD edeoutrospsicodéli-
cosoEmpesquisasnasquaisparticipoucomosujeitoinserindodro-
gas,dentreasquaiso LSD, vivenciouestadospsicológicosquea
Psicologiaocidentaljamaishaviaexplicado.Concluiuque,para
aquelesquepassampela"experiênciapsicodélica",nenhumaexpli-
40 A Psicologia Transpessoal I - Contexto Cultural, Mudanças e as Novas Direções ... 41
caçãoeranecessáriae,nemmesmo,possível.Em1967,emsuavia-
gemàÍndia,foiaKatmandu,paraísodasdrogas,noN epal,econhe-
ceuumhippiesaddhu,BhagwanDass,jovemamericanodevinte
e trêsanos,vindodeLagunaBeach,Califómia.Em suacompa-
nhia percorreua Índia descalçoe vestidoà indiana.Posterior-
mente,encontrouseu"guru"Maharaji,queo induziua experiên-
cias místicas,segundosuaprópriaafirmação,convincentese
indescritíveisparaquemas vivencia.RetomandoaosEstados
Unidos,mudouseunomeparaBabaRamDasse,desdeentão,vem
sededicandoapropagarsuasidéiasespiritualistas.
Ralph Metzner(1971)passoua consumiralucinógenosem
1961.Dedicou-seaváriasescolaspsicológicasocidentaiseorien-
tais:Yoga,Bioenergética,PsicossíntesedeAssagioli,Psicodrama,
Gurdjieff,etc.Em 1968,conheceuRusselPaulSchofieldesetor-
nou seudiscípuloestudando"Agni Yoga"na escoladenominada
"Actualismo".
A Históriaensinaque,desdetemposremotos,diversosgrupos
culturaisemváriaspartesdo mundofizeramusodeplantascom
poderdealterara mente,na tentativadebuscarvivênciastrans-
cendentais(místico-religiosas)e paradespertarpotencialidades
criadoras.As drogaspodemserrelativamenteúteiscomoponto
departidaparaproporcionarumaordemsuperiordepercepçãoda
realidade,porémseusresultadossãoperecíveisesuperficiais,rara-
menteumcaminhotransformadorporsi só.
É preciso,ainda,considerarqueusardrogas- comomeiode
induçãoparaatingirverdadesespirituais-, cujosefeitoscolate-
raisnocivosaindanãoforamtotalmentedeterminadospelaciên-
cia,podetrazersériosprejuízosfísicos,psíquicosemorais.
Provavelmentepelosmesmosmotivos,muitosindivíduosque,
naprocuradeumavidamaisricae significativa,seutilizaramde
drogasabandonaramseuusoe adotaramoutroscaminhos,como
o doZen,Yoga,Psicossíntese,biofeedback,Arica e outros.
Há tambémimplicaçõeséticasrelevantesa esseprocessode
pesquisaquemerecemum examecuidadoso.Setorespolíticos,
científicos,religiosos,etc.opõemresistênciaaousodedrogasem
experimentosquepodemalterarfunçõese valoreshumanos,os
maiscaros.No entanto,taispesquisasprosseguememâmbitores-
tritoeseusresultadosdeverãotornar-seconhecidosfuturamente.
StanislavGrof, professorassistentede Psiquiatriada Johns
Hopckins University, é umdosmaisrespeitáveispesquisadores
do LSD e deoutrassubstânciaspsicodélicasempsicoterapia.A
partirde 1956,observouos efeitosdospsicodélicosemmaisde
duasmil sessõespsicoterápicas,conduzidaspessoalmente,e, ain-
da, teveacessoàsgravaçõesdeoutrasoitocentassessõesdeseus
colegas,realizadasnosEstadosUnidosenaEuropa.
Na suaabordagempsicolítica,assessõesdeLSD ocorremapós
duasou trêssemanasdepsicoterapiapreparatória.Umasériepsi-
colíticaconsistedequinzea oitentasessões,a intervalosdeuma
a duassemanas.De acordocomanaturezadomaterialemergen-
teemsuassessões,podemserusadasabordagensdeorientaçãofreu-
diana,rankianaoujunguiananasváriasfasesdo tratamento.No
tratamentopsicolítico,a maioriadosclientesrecebemdosesque
variamdecemaduzentosecinqüentamicrogramasdeLSD , em
sessõesorientadaspsicanaliticamente.N essescasos,sãoobserva-
dosconteúdospsicodinâmicos,ouseja,manifestaçõesdelembran-
çadainfânciaoudeoutrasidades,agradáveisounão.Há mistura
complexade fantasiae realidade,simbolizações,dramatizações,
enfim,detudoaquiloaqueserefereo inconscientefreudiano.
Em 1967,Grof passoua empregaraltasdosagensdeLSD -
trezentosa quinhentosmicrogramas- num ambientee numa
perspectivaespecial,paratratamentospsicodélicos,visandofaci-
litar experiênciasmísticas.O usodesomestereofônico,demúsi-
casespecialmenteselecionadas,etc.contribuemparacriaro "cli-
ma"propícioparaesseprocessodetratamento.Grof (1983) afirma
queaanálisedesuasexperiênciasteriaumasignificaçãoheurísti-
camuitograndeparao pensamentopsicológicoocidental,jáque
elasnossugeremqueexistemdimensõesdamentehumanaquea
pesquisapsicológicaaindanãoexplorousatisfatoriamente.
Essefatorepresentouumdosmaioresincentivosparao surgi-
mentodonovomovimentoemPsicologia- aorientaçãotrans-
pessoal.(Sutich,1976)
42 A Psicologia Transpessoal
SegundoPlanck(1969),experiênciasmísticasnãosão,demo~
doalgum,universaisentreosusuáriosdedrogas.Taisexperiências
dependemdacombinaçãodeoutrosfatores:predisposiçãodoindi~
víduo,dosagem,introspectividade,interesseanteriornaespiritua~
lidade,expectativase ambienteapropriado.Nessascondições,a
drogafuncionaapenascomoumagentefacilitadorjotrabalhomais
árduosedáapósa experiência,quando,então,há a necessidade
deintegraçãodosinsights.A menosqueumaexperiênciapositi~
vasuperiorsejaintegradaà vidainteriordeumapessoa,o experi~
mentopermaneceránamemória,nãosignificandoumprocessoderenovaçãodespertadopelaautênticaexperiênciamística.
A partirdadécadade1960asexperiênciaspsicodélicaseseus
abusos,amplamentedisseminados,fizeramcomqueosprofissio~
naisdaPsicologiasedefrontassemcomumavariedadedeobser~
vaçõese deexperiênciasparaasquaisasestruturasteóricasexis~
tentesparao seuestudopareciamlimitadase inadequadas.
Essasobservaçõespermitiraminúmeraspesquisascientíficas
quetinhamporobjetivoestabeleceraspropriedadespsicoterápi~
casdasdrogas,assimcomodeterminaro critérioaseradotadono
seuempregoparaestudodapersonalidadehumana.
As drogaspsicodélicasusadascomdiscemimento,comométo~
dodepesquisacientífica,sobosdevidoscontroles,podemfuncio~
narcomo"amplificadoresinespecíficos"oucatalisadoresqueativam
níveisprofundosdo inconsciente,facilitandoa terapia.(Grof,
1976)
/
CAPITULO LI
A Estrutura
Holística
daConsciência
1
NíveisdeConsciência-
Conceituação
Um "mapeamento"do espaçointeriorqueespecifiquesuas
diferentes"regiões"podeserútilparaquesejaincluída,numaestru-
turateóricacoerente,todaa gamadeexperiênciasqueemanam
daconsciência.
Dessemodo,experiênciasaparentementediferentesou dis-
tantes- comoestadosinduzidospordrogas,psicoses,fenômenos
parapsicológicos,estadosdetranse,vivênciasreligiosas,etc.- po-
demterseusconteúdospsicológicoscorrelacionados.
Em geralossistemasesotéricosquetêmpor objetivoprinci-
paIo estudodaevoluçãooudesenvolvimentodaconsciênciahá
muitosepreocuparamem"mapear"essesestadosinteriores,pro-
curandoorganizardemaneiralógicaosconhecimentossobreesta-
dosdeconsciência.
Os modelospropostospelo conhecimentomístico,emsua
maiorparte,baseiam-senaVedanta,filosofiadesenvolvidaapar-
46 A Psicologia Transpessoal II - A Estrutura Holística da Consciência 47
tir dosensinamentosdosVedas,a "escriturareligiosamaisantigado
mundo".(Akhilamanda,1964)
Assim,segundoatradiçãofilosóficahindu,atotalidadedavi-
dapsíquicapodeserentendidacomoumaestruturadinâmicafor-
madadeváriosníveis,osquaissemanifestampartindodeumúni-
co centrode irradiação,o self. Em cadaum dessesníveis,são
percebidosaspectosda realidadecorrespondentesao estadode
consciência,a partirdo quala atençãodo indivíduosemantém
ativa.(Ramacháraca,1983)
Dentrodessaconceituação,subentende-sequeaconsciência
doeupodemudardeestado,pormeiodeautooudeheteroindu-
ção,quandoaatençãosedeslocadeumdeterminadoníveldecons-
ciênciaparaoutro.O estadodeconsciência"ordinário",oude"vigí-
lia", servede referencialpara se determinaros estadosde
consciênciatidoscomoalterados.
A experiênciade"expansão"oude"extensão"daconsciência
apresentaumagraduaçãodeníveis,cujabaseé apercepçãodual
eu/mundodonívelpessoal.O pontomáximodeexpansão,quese
caracterizaporumapercepçãounaeplenadarealidade,temrece-
bidonasdiferentestradiçõesespiritualistasváriasdenominações,
entreasquais:nirvana,êxtase,estadodeiluminação,consciência
cósmica,satori,samadhi,etc.
Como adventodaPsicologiaTranspessoal,todosessestermos
podemseragrupadosnumúnico:experiênciatranspessoalouní-
vel transpessoal.(Weil, 1978)
StanislavGrof (1985)nosdáumadefiniçãoda experiência
transpessoal:
"... a experiênciatranspessoalenvolveuma expansãoou
extensãoda consciênciaalémdas limitaçõesusuaisdo egoe
daslimitaçõesdetempoeespaço,comosãopercebidasnomun,
dotridimensional."(p.129)
UmadistinçãodeveserfeitaentreosEAC (estadosalterados
deconsciência)easexperiênciastranspessoais,poisnemtodosos
EAC atingemo critérioparaseremtranspessoais,emboratodasas
experiênciastranspessoaisocorramemEAC. São exemplosde
EAC, nãonecessariamentetranspessoais,asexperiênciasestéti-
cas(LSD), asexperiênciasresultantesdousodetécnicasdefan-
tasiasafetivasinduzidas,asexperiênciasde revivênciavívida e
complexadeumamemóriainfantil,etc.
Os EAC psicopatológicossãotambémoutroexemplodeuma
subcategoriadeestadosnão-ordináriosdeconsciência,quepreci-
samserdiferenciadosourelacionadoscomasexperiênciastrans-
pessoaIS.
A PsicologiaTranspessoalmostraqueos EAC tidoscomo
patológicostambémdãoorigema manifestaçõesquesignificam
expansãodaconsciênciaalémdaslimitaçõesnormaisdoegoede
tempo/espaço.Portanto,paralelamenteàsalucinações,delírios,
ilusões,etc. queocorremnos EAC psicopatológicos,há outros
fenômenoscomo:a clarividência,a premonição,a autoscopia
(out,of,bodyexperience),o transemístico,o contatocomarqué-
tipos,etc.queocorremnasexperiênciasdeprocessostranspessoais.
O psiquiatraAlbertoLira (1968)escrevea respeito:
"1. Há alteraçõesdosestadosdeconsciência(sobretudoda
consciênciado eu, da sômato,auto e alopsíquica)que
sobrevêmemindivíduosfracamentedoentesepodemser
consideradoscomoaberraçõesdamenteanormal.Mas há
alteraçõesdosestadosdeconsciênciaquepodemservistos
emindivíduosnormaisesemqueelasalteremavidaprag'
máticae lógicadessesindivíduos.
2. Há alteraçõesdosestadosde consciênciaque significam
reduçãoou deformaçãodo euou domundoexterior,e há
alteraçõesquemostramhaver,pelocontrário,ampliação
ou expansãodoeu, semquehajaperdadanoção,daiden,
tidadeeunidadedoeu.
E podehaverconcomitânciadeambososfenômenos.O mís-
ticoexpandeo seueu, escapado espaçoe do tempo,fogedo
mundodarazão. Comelesedánãoumareduçãoou defor,
maçãodo eu e da realidadematerial,masuma ampliação,
expansãodoeueum ultrapassardarealidade."(p.51)
48 A Psicologia Transpessoal II - A Estrutura Ho/(stica da Consciência 49
A psicólogaElizabethE.Mintz (1983),durantetrintaanosde
práticaclínica,temdedicadointeressenaobservaçãoeno estudo
dosaspectosparanormaise transpessoaisdapsicoterapia.Emsua
opinião:
"Semelhançasentrealgunsaspectosdasexperiênciasesquizo~
frênicasedasexperiênciasmísticassãotãocontundentesque
algunsclínicosrealmenteconsideramomisticismocomouma
esquizofrenia,enquantooutrosvêema esquizofreniacomo
misticismodeturpadoou malcompreendido".(p. 158)
E, paraMintz,nocampodaspossíveisrelaçõesentreesquizo~
freniaemisticismoencontram~seinacreditáveisdiferençasdeopi~
nião.As principaisidéiassobreo assuntopodemserexpostasem
quatrocategorias,queapresentamosa seguir:
• CATEGORIA I - CRISE TRANSPESSOAL
A esquizofreniaagudaéumacriseespiritualnaqualo indi~
víduoestáprestesa alcançaro conhecimentomísticováli~
do,talcomoaconsciênciaprofundairmanadacomahuma~
nidade,coma naturezae comDeus,cujoestágiofinal é a
consciênciadaunidade.Algumasvezes,o indivíduoperde
aforçadoegoaoabraçarseuprocessodecrescimento,oque
podeserterríveledoloroso.Elepode,então,falarincoeren~
tementeemostrarumcomportamentobizarro,o quepode
levá~loà hospitalizaçãoe aotratamentocomdrogasecho~
quesquecausamaregressãodaexperiênciamística.Nesse
caso,oueleretomaà sociedadeouacabaportornar~seum
pacientecrônicoreincidente.
Um grandenúmerodeclínicos,cujaorientaçãoterapêuti~
caseguea direçãodaPsicologiaTranspessoal,acreditaque
taispessoaspodemalcançarumníveldeintegraçãopessoal
e socialmaiselevadoqueo nível psicótico,istosedevida~
mentetratadas.
No InstitutoEsalen,umgrupodeterapeutasrecebetreina~
mentoparatrabalharcompsicóticoscujasituaçãoé vista
comode"emergênciaespiritual"oude"crisetranspessoál",o
quepoderáresultaremcurapsicossomática,transformação
depersonalidade,eevoluçãodaconsciência.
Duranteumworkshoprealizadoem1978,sobacoordena~
çãodaAssociaçãode PsicologiaHumanista,o psiquiatra
JackNelsonfezaseguinteafirmação:
"Esquizofreniaéumestadoalteradodeconsciência,oqual
expõeo egoa forçaspoderosasdosmaisprofundosreinos
daconsciênciahumana.O mesmopodeserditodosesta~
dosdeexaltaçãomística."
UmavariaçãodessaposiçãoéadeWilber(1980),quesuge~
re queo queaconteceé umrompimentodasbarreirasdo
egoquetemcomocausao stressexterno,fatoresbioquími~
cosendógenosoucrisesespirituais.Então,o egoé invadi~
do simultaneamentepor impulsosregressivos(do incons~
cientepessoalarcaico)e transpessoais(visõesmísticase
idéiasdosuperconscienteouinconscientecoletivodeJung).
ParaAssagioli,ospacientesesquizofrênicossãoconfundi~
dospelocontatocomverdadesespirituaismuitopoderosas
parasuacapacidadementalentenderouassimilar.
• CATEGORIA II - CULTURAL
As experiênciasmísticassãovistascomoeventosnormais,tratadospornossaculturacomoanormais.O comportamen~
to dosxamãs,taiscomotranseseataquesfísicos,emcultu~
rasnão~industriais,provavelmentelevariamà hospitaliza~
ção;e asvisõesmísticasmedievais,entendidascomoum
sinalde graçadivina,seriamconsideradascomoalucina~
ções.Essacategoriapostulaascausasculturaisno estabele~
cimento do comportamentomístico como "normal" ou
"patológico".
50 A Psicologia Transpessoal II - A Estrutura Holística da Consciência 51
• CATEGORIA lU - PATOLÓGICO
omisticismoévistocomototalmentepatológicoepareci~
docoma esquizofrenia.Uma versãodessepontodevistaé
a reduçãodetodaa experiênciahumanaa condiçõesbio~
químicaseneurológicas;aconsciênciaé entãomeramente
umepifenômenodamatéria.Desdequeadoençamentale
o misticismosãocausadospor condiçõesbiológicasanor~
mais,o tratamentoindicadoemambososcasosé o farma~
cológico.
• CATEGORIA IV - PSICOLÓGICO
O misticismoéessencialmenteummecanismodedefesaque
tema finalidadeou constituiumatentativade satisfazer
necessidadespsíquicaseresolverproblemasonipresentes.O
místicoé motivadoemsuaprocurapelodesapontamento
coma sociedade,pelanecessidadedeescaparda inaceitá~
velrealidadeexterna,paralivrar~sedadepressãooudosen~
timentoderejeição.O místicogeralmentenãoéumdoen~
te mental,porémsuacondiçãoé de interesseespecial,
porqueofenômenomísticopodedemonstrarformasdecom~
portamentointermediáriasentre normalidadee franca
pSIcose.
A Dra.Mintz concluidizendoqueo melhorcritérioparadis~
criminaro misticismoe adoençamentalé,provavelmente,con~
sideraremqueextensãoo pacienteécapazdereconhecerareali~
dadeecomoeleserelacionacomoutraspessoas.Emboraelaleve
emconsideraçãoasváriasabordagensapresentadas,suapreferên~
ciapessoalrecaisobreopontodevistateóricodaCategoriaI, mais
especialmenteasposiçõesdeWilbereAssagioli.
A complexidadedessecampodeestudoedeobservaçãoain~
darequera realizaçãodepesquisassistematicamenteorientadas
paraque,naprática,sepossachegara critériosmaisobjetivosde
delimitaçãodeexperiências.
Entendemosqueficaporcontadaexperiênciaedoconheci~
mentodoterapeutaacapacidadeparapercebercertascaraéterís~
ticasexperienciaisefenomenológicas,quepermitemdistinguiras
alteraçõesdaconsciêncianapersonalidade"normal"enosestados
psicopatológicospropriamenteditos.
No passado,a idéiaqueconfundiamisticismocomdoença
mentalquaseimpediuoestudocientíficodeaspectospossivelmen~
teimportantesparaacompreensãodapersonalidadehumanaeda
naturezadohomem.
O reconhecimentode experiências,atéentãosubestimadas
pelapsicologiaconvencional,contribuiuparao aparecimentoda
PsicologiaTranspessoalesugeriuanecessidadedoestabelecimen~
to deummapeamentodapsiquemaisabrangente.Váriosmode~
losjáforampropostosetodossãomuitosemelhantesàquelesoriun~
dosdaFilosofiaoriental,Vedanta,Yogaereligiõesorientais- ou
seja,tambémindicamsera consciênciapluridimensionalestrati~
ficadaemníveis.
Comoconseqüênciadessesconhecimentos,somosinduzidos
a concebero Universo (macrocosmo)e a consciênciahumana
(microcosmo)comosistemasdeenergia,formadosporváriossub~
sistemascadavezmaiscomplexos,queseinterpenetramforman~
doarealidadetotal.
O objetivodestecapítuloéapresentarumresumodascontri~
buiçõesdeteóricosdaPsicologiaTranspessoalquetêmsepreocu~
padocomanecessidadedetraçarmapasdaconsciênciamaiscom~
pletos,entreosquaisGrof, DeRopp,Lilly,Wilber eAssagioli.
2
A Cartografiada
ConsciênciaPropostapor
StanislavGrof
Stanislav Grof, psiquiatracomformaçãopsicanalítica,há
vintee cinco anosrealizaamplotrabalhodepesquisano campo
deestadosnão-ordináriosdeconsciência,induzidospordrogase
poroutrosprocedimentos.É autorentreoutrosdoslivros"Realms
of Human UnconsciousandLSD Psychotherapy"(1975)e "Beyond
theBrain" (1985).Nessasobras,eemoutrostrabalhos(Grof 1972
e 1973),apresentaumacartografiadoespaçointerior,baseadaem
suasobservaçõesdurante sessõesde psicoterapiapsicolítica
(empregodeLSD emsessõespsicanaliticamenteorientadas).Seu
mapeamentoindicasero "inconsciente"formadoporváriosníveis,
correspondendoa cadanível umdeterminadotipo deexperiên-
cia, com suasvariações;Grof distingueos seguintesníveis do
inconsciente:
54 A Psicologia Transpessoal II - A Estrutura Holística da Consciência 55
2.1. Nível AbstratoeEstético
As experiênciasabstrataseestéticasocorremnosestágiosini-
ciaisdaterapiacomLSD, quandosãoingeridasdosagenspeque-
nasde LSD (quinzea oitentamicrogramas).Essasexperiências
provavelmentecorrespondemaumaestimulaçãoquímicadoapa-
relhoótico:visãodecoresmaisbelasebrilhantes,deluzes,depes-
soaseobjetosinanimadosgeometrizados,desólidosquesemovem,
etc.
Ocasionalmente,oselementosabstratosefigurativossecom-
binamemimagenscomplexas,carregadasdefortecargaemocio-
nal,geralmenterelacionadasà históriadevidadopaciente.Aqui
osconteúdosapresentadosmarcamatransiçãoparaapróximaeta-
padeexploraçãodo inconsciente.
2.2.Nível Psicodinâmico
As experiênciaspsicodinâmicassãofreqüentesnaterapiapsi-
colíticae facilmentecompreendidasemtermosdo inconsciente
freudiano,comonosdizGrof, "aprova laboratorialdaspremissas
básicasdapsicanálise".
A fenomenologiadessenívelconsisteemregressõesclássicas
aosestádiosdeÉdipoeElectra,à angústiadacastração,aodesejo
dopênis,aosconflitosdaszonaslibidinais.
Paraumamelhorcompreensãodomaterialno nívelpsicodi-
nâmico,Grof introduzumnovo conceito:o sistemaCOEX (sis-
temadeexperiênciascondensadas),quepodeserdefinidocomo
umaconstelaçãoespecíficadememórias,consistindodeexperiên-
ciascondensadasdediferentesperíodosdevidado indivíduo.A
estruturadapersonalidadedeumamesmapessoapodetervários
COEX, quepodemfuncionardemaneiraautônoma.
De acordocoma cargaemocionalassociadaaosCOEX, eles
podemsediferenciaremsistemasCOEX positivos(memóriasagra-
dáveis)esistemasCOEX negativos(memóriasdesagradáveis).
2.3.Nível Perinatale IníciodasExperiências
Transpessoais
As experiênciasqueemanamdessaregiãonãopodemserabor-
dadasnaestruturateóricafomecidapelaPsicanálise.No entanto,
osconteúdosencontradosapóiamasidéiaselaboradasporalguns
psicanalistas,notadamenteporOtto Rank.
Nessenívelsituam-seasexperiênciasdamorteedonascimen-
to,assimcomoosproblemasdaagonia,dosofrimento,dadoença
edadecrepitude.Aqui, o indivíduosedácontadequenãoimpor-
tao quepossavir arealizarduranteasuavida,umdiaelemorre-
rá.A constataçãodasimilitudeentreo estadoqueprecedeo nas-
cimentoeo estadoquesesegueà morteé a maiorconseqüência
paraareflexãofilosóficadecorrentedasexperiênciasperinatais.
SegundoGrof,aoatingiro nívelperinatal,ocorreumaaber-
turadedimensõesespirituaisereligiosasqueparecemserumaparte
intrínsecadapersonalidadehumana.Istoé,sãoindependentesda
baseedaprogramaçãoculturalereligiosado indivíduo.
É importantenotarqueesse"nívelrankiano"representauma
zonadetransiçãoentreo pessoaleo transpessoal,ouentreapsi-
cologiaindividualeatranspessoaL
Os elementosobservadosnasexperiênciasperinataisforam
organizadosemquatroestágiosdiferentes,ouquatromatrizesbási-
cas,cadaumacorrespondendoa umestágiodiferentedaseqüela
donascimento.
Grofenumeraasseguintesmatrizesperinataisbásicas,asquais
eledefinecomosistemasdinâmicosorganizadores,queteriam,no
níveldo inconscienterankiano,amesmafunçãodosistemaCO-
EX no níveldo inconscientefreudiano:
II r- il'IMatriz Perinatal I união com a mãe!I:111Matriz Perinatal 11 antagonismo com a mãe111IMatriz Perinatal 11I sinergismo com a mãe11
II~
Matriz Perinatal IV
separação da mãe
1I--
J:
56 A Psicologia Transpessoal II - A Estrutura Ho/(stica da Consciência 57
~ J, ~ .~ C: ~ ~
eu Q) I nl eu Q) U ><
""E"O C "O, EEJ!QJ
.~êa~~~E·~~~ ~~~~
~ o .- ~ L o o ~ ~ eu eu ~ E
:>1 ~E~OI~Q)uo~'2 eu ""&.V1
~ S~~~~ol~~~·g ~~~~
CQ .- • QJ 'c ltO Uo E o .- VI b.O VJ L
~ ~~BEu~~OE~ QJ~~~
~ V1'OC~~~~~OX ~V100
eu c eu Q) tO '0 .- ..c Q) o E C ltO .
VI (Q) E vi" Q) ~ c: ~ (,f ri ln:l Q) .:t; tr oQ)'c'oooocu-uc UoL,_·-t
~Q)V1ula~~B.~·2 ~Q)~En:l
u c..~ 'c .- § ô'!!:! c "E '0 ~ :; ô a.
Q..'Vj ~ Q) ~~ 2 E uU u.... "'E Q) tO L o ltO :30_l...VI~ u- '+- V)Q...,v
As matrizesperinataissãoumfatoclínicoerepresentammar~casancestrais,estruturasfilogenéticasoumatrizesarquetípicas,no
sentidojunguiano.O estudodessasmatrizesestáprofundamente
ligadoàssíndromespsicopatológicasdeansiedade,depressão,ten~
dênciaincoercívelaosuicídio,deagressão,eoutras.(VerQuadro
I, pp. 57,58e59)
2.4.Nível Transpessoal
Apósmuitosanosdeobservaçãoeanálisedasexperiênciasdi~
tas"transpessoais",Grof concluiuqueelasrepresentamfenômenos
sui generis,originadosemníveisprofundosdo inconsciente,que
nãoforampercebidosnemreconhecidosnassessõespsicanalíticas
clássicas.Nãosãoexplicáveisemtermosfreudianoseseusconteú~
dosnãopodemserreduzidosaqualqueroutracategoriadeelemen~
tospsicodinâmicos.
De acordocomGrof, antesmesmodo aparecimentodaPsi~
cologiaTranspessoalcomoumramoindependentedaPsicologia,
omodelodapsiquedesenvolvidopelaPsicologiajunguianajáreco~
nheciaa existênciadessenível do inconsciente.Dessaforma,os
conceitosdeinconscientecoletivoedearquétiposdoarcabouço
da PsicologiaAnalítica deJ ungsãoindispensáveisparaa com~
preensãotranspessoaldaconsciênciahumana.
As experiênciastranspessoaisnãosão,segundoGrof, limita~
dasaosestadospsicodélicos.Elastambémpodemocorreremses~
sõesdepsicoterapia,taiscomo:abordagensneo~reichianas,tera~
pia primal,práticasgestálticas,sessõesde maratonas,e várias
formasderenascimento.Quanto àspráticasmísticas,há muito
vemsendoconfirmadaa ocorrênciade vivênciastranspessoais
atravésdameditaçãotranscendental,práticaszen,exercíciospsi~
coenergéticostibetanosouformasdeyoga.
Os fenômenostranspessoaistêmcomodenominadorcomum
a expansãodaconsciênciadita "normal"ou usual.Duranteuma
vivênciatranspessoalosensodeidentidadedoindivíduoseexpan~
deparaalémdaidentificaçãocomsuaimagemcorporal.Alémdis~
so, asfronteirasperceptuaisespaciaise temporaislimitadasà
mediaçãodosórgãossensoriaissãotranscendidas.
&i
'LL'I~
~
.2.-
V>
~«z
ã:w
Q..
~
~I-
,« -
<Xl "-
V> <Xl
~ ~
ã:
!;f:
I:
~
C
~
01-
&i
~
::, L. I (ti I I I I
.~ E g ~ ~ ,§ .~ 8 .!!:! &. 'p
~ & s rcs ti E ~ :J Q) 'Vi ~ E -tO.~ o :J ~ VI = eu..d c.. ~ .- E
c VJ tG :J C o ta "'O o RI'- Q):J
CQ)tGu)X~~:Jo E~ Nf:
'E ~ 8 ~ .S: ~ ~ '13 ~ ~ b.O~ ~ ~
.!:! "O '64 l3 o ,!!! '" iíl e ,. GIl '64 QJ
& ~:Q .g I~ ~ ~ ~ ~ .~ ~ ~:E o
VJ VI S c: eu >< .- c: ~ :J VI •• L.
Q) o tO o L. Q).,g "' .. :J tr o o ~
VI 4-' U U a.. VI ~ c 'Vt a..'p 'ti) ,~ c
~~~ô-8êSo~~E(i~~(i
o E QJ 'G. ~'S: 5 ~~ 8 .~~ > 'ü
.~ QJ VI ~ ta VI .- C"3 I C'L: c crr.~~~E-8 5-E 5 ~C~23 8C23
,
QJ ~ QJ 6 ~ ~
~ VI ~ ~~ :Q =;; ~ .& ~ ,~ QJ
U ~ VI .~ L. ~ .- J:: VI _-
'c 5,eO ~ ~ ~ (iE ~ g
c~ t c t QJ 0.0 ,º ..Q- QJ Ô ~
õo~~CJ~~~an15'~
'5 ~ ~:QJ .~ ~ ,!:: QJ m õ ~c--c X -o ~: VI QJ VI ~ ~
VI VI QJ o U VI o ~ ('(J VI 'ü
QJ S ;.:..,~ ~ .~~~ e... ri c
VI c ,~ c c VI QJ 'i: ~ 'ti) (QJ •
~ QJ ~ :;, .~ :o E o 'L: ~ --g ~
.ª ~ ~ E E a. 'g .~ --g ~ ~ ~
rr.~~~~-8~:S 8'8.-8-5
.g'~ C:.!! ~ B VI
~ :õ 'Ê :Q ~~ -5 VI :§ QJ g
.~ ~ o ~ ~ g l~ 5- ~ 5
c~ ~!!!..2~~ ~:n,~~õ a.. 5 E QJ~.& ~ :;, ':v VI •
N~ OVlJ::QJO~OQJ
.~ .~ -8 ~ 'Ê i4 VI ~ E -ê ~
~] S b ~.~~-ê ~ ~ ~
~ ~ ~ a ,~E ~ f '8. o e
VlEEU~'C"3~""~VI~
8s·p~~.::L~:n,§~._ c c ~QJ ~ ta VI :;, c Err.~~G E'üe.G~ 8 8
'"
<l:",
",I,d<l:UJ"a
~'o <l:
O-J::Z:
o::~Q
a~u
,?; o :5"'UUJ
~ct:
~~c '"
QJ e ~
~g.'~'" u o-
o c 'QJ
•••. QJ o-
~~~
6 ~~c :;,,:;,
GIl ai ai
5 d,1!
,~ QJ L.
~ :;, o
UO"'~
QJ 6, <ii , '
"O QJ •••. .~ b o l3 ~
12~ ~E ~l~ VI ~~o
.~ o o QJ :;, ~ o 8 VI E
~0t;oQJ605coVl-l~,_'ta(; ~,_ ~J::~
~~.g~C~b~:iQJ
-ceQJ~~:;'~]~5-
QJ ~-c 't ,~~'~-QJ rtJ
o '0"0 "''''êoE •...
IG. o 'G. QJ ~ o ('(J .~ ni'~
&b ~ ':; -c 60 E a.. ~ .~ ~
~ QJ L. o ~ VI ti':;' ~ o
~ E ~ ~ o &b,~ ~ '~ oL ~-8 ~ 'r;. 5 ~ S ';0 'Vi
. ,
QJ C '
E ~ c~ ,
..2e(i~~'~~;.:..,!:a.. •..•~-c VI L. X :;, ,~
QJ o :;, C1J o-c
~ o :;,":":C1J f
~..Q~~5~
o o VI C1J -c QJ
O-CC1J VI Ô-C
1G. o J! .2 ~ ~
~3C1J~QJI8.
~E-C •..•-C~
:;, 'p o VI Vl VI
a.t ~ IG. ~ ,e ~
•• A:s - Q) ~ ,
E ~ VI .o ,!! -c QJ o
~ ~ ~ o ~ .~ 5 ~
~ 0.0 g Q) ~ &.--: a..
g'e~.Q o~ ~,~
~~~]IG.O~a..
15 ~ - E ta .~ ta o
= g o Q) ,s :.a 5 Q)
~N~O~cora
10 ~ QJ Q) L. o .~.~
~VlE~~U~~
~ ~ 'g ~ o ~.~0.0
Q) o Q) :;, J:: Q) ~ :;,V) •... VI"'OCCVlO
~'"
~~'"
"'I-UJ<l:
UJ::Z:,,::z:
'a~,~s
~::Z:UJ§
::z:o"'UJ
~B;~a:
UJo
g§N
8
MBPIMBPIIMBPIIIMBPIV
Situaçõesposterioresdavi-
Situaçõesde perigoàLutas,batalhas,aventurasSalvaçãoafortunadade uma
da,onde são satisfeitas
sobrevivênciaou à integri-(ataquesembatalhasesituaçãoperigosa(fimde
necessidadesimportantes,
dadedo corpo (guerra,aci-revoluções,atividadesmili-guerraou revolução,sobre-
como momentosfelizesda
dentes,ferimentos,opera-tares,vôos de avião,viagensvivênciade acidenteou
infância(bonscuidados
ções,doençasdolorosas,em martempestuoso,corri-operação);superaçãode
MEMÓRIAS
maternais,brinquedoscomafogamentoiminente,sufo-dasperigosasde carro,severosobstáculospelo
ASSOCIADAS DA VIDA
amigos,períodosharmonio-cação,prisão,lavagemcere-box);memóriasaltamentepróprio esforço;episódios
PÓS-NATAL
sos nafamília,etc.),roman-bral,enterro,interrogaçãosexuais(carnaval,parques,de duro esforço ou luta,
cesamorosossatisfatórios;
ílegal,abusofísico,etc.);boites,divertimentosselva-dandocomo resultado
viagensou fériasem lugares
traumatismospsicológicosgens,orgíassexuais,etc.);sucessonotável;cenasnatu-
agradáveis;exposiçãode
severos(privaçãoemocio-observaçõesinfantisde ati-rais (iniciodaprimavera,fim
criaçõesartísticas,de alto
nal,rejeição,situaçõesvidadessexuaisde adultos;de umatempestadeno
valor estético;nadarno
ameaçadoras,atmosferaexperiênciasde seduçãoeoceano,pôr-do-sol,etc.)
mar,em lagos,etc.
famíliaropressiva,ridícula,rapto;emmulheres,parto
humilhações,etc.)
do próprio filho.
Vida intra-uterinanão-per-
ImensosofrimentofísicoeIntensíficaçãodo sofrimen-Enormedescompressão,
turbada:reminiscênciasrea-
psicológico;situaçãoinesca-to a dimensõescósmicas;expansãodo espaço,visões
Iísticasde experiênciasdo
pávele insuportávelquelimitesentredor e prazer;de salõesgigantescos;luz
"útero bom";êxtases"oceâ-
nuncaterminava,váriasima-êxtase"vulcânico";coresirradiantee belascores
nicos";experiênciasde uni-
gensdo inferno;sentimen-brilhantes;explosõese(azul-celeste,dourado,arco-
dadecósmica;visõesdo
tos de cair numaarmadilhaincêndios;orgiassadomaso-íris,penasde pavão);senti-
FENOMENOLOGIA
paraíso;Vida uterinapertur-e ser engaiolado(semsaí-quistas;assassinatose sacrí-mentosde renascimentoe
DAS SESSÕES DE LSD
bada:reminiscênciasrealís-da);sentimentosangustio-fíciosde sangue,participa-redenção;apreciaçãode um
ticasde"útero mau",com
sos de culpae inferioridade;ção ativaem terríveiscaminhosimplesdevída;
experiênciasde:crises
visãoapocalípticado mun-batalhas;atmosferade aven-intensificaçãosensorial;sen-
fetais,perturbaçõesemo-
do (horrores de guerra,deturasselvagense explora-timentosfraternais;tendên-
cionaisou por doençada
camposde concentração,ções perigosas;intensosciashumanitáriase caritati-
mãe,situaçãoentregêmeos,
terrores da Inquisíção;epí-sentimentossexuaisorgiás-vas;ocasionalmente,
tentativade aborto;
demiasmortíferas;doenças,ticos;cenasde harénsatividadesmaníacas
\Jl
00
~
'"
'"
(")
o
o
0.'3..,
:;-J.,
;:l
'"
"'"
'"
'"
'"
o
.,
FENOMENOLOGIA DAS
SESSÕES DE LSD
FASES DE UBERTAÇÃO
DO PARTO
MBPI
mergulhocósmico;ideação
paranóide;sensaçõesfísicas
desagradáveis(ressaca,cala-
frios,espasmosfinos,gostos
esquisitos,maugosto,senti-
mentode ter sidoenvene-
nado);associaçãocom
váriasexperiênciastrans-
pessoais(elementosarque-
típicos,memóriasraciaise
evolutivas,encontrocom
forçasmetafísicas,experiên-
ciasde encarnaçõesante-
riores,etc.).
União Primal coma mãe
MBPII
decrepitude,morte,etc.)
absurdoe ausênciade signi-
ficaçãoda existênciahuma-
na;"mundo de cartolina",
atmosferade artificialidade
e de insignificância;cores
escurasagourentase sinto-
masfísicosdesagradáveis
(sentimentosdeopressãoe
compressão,mal-estarcar-
díaco,ruborese calafrios,
suor,respiraçãodificil).
Antagonismo coma mãe
MBPIII
e carnavais;experiênciasde
morte e renascimento;
envolvimentoemsacrificios
religiosossangrentos(Aste-
cas,sofrimentoe crucifica-
ção de Cristo, Dionísio,
etc.);intensasmanifestações
físicas(pressões,dores,
sufocação,tensãomuscular
e descargaemtremorese
espasmos,náuseae vômito,
ondasde calore calafrios,
suor,mal-estarcardíaco,
problemasde controle
esfincteriano,zumbidosnos
ouvidos.
Sinergia coma mãe
~'3
\
MBPIV
e sentimentosgrandiosos;
transiçãoa elementosde
MPB I;sentimentosagradá-
veispodemser interrompi-
dos por "crisesumbilicais";
doresagudasno umbigo,
perdada respiração,medo
de morte e de castração,
mudançasno corpo,mas
não hápressõesexternas.
Separação da mãe
....
....
I
~
t1'J
'"~
...
;::~
;::
....,
::c
o
-,'"
(")
.,
.,..
.,
()
o
;:l
'"
(")
R.>
;:l
(")
.,
\Jl~
60 A Psicologia Transpessoal II - A Estrutura Holfstica da Consciência 61
Grof classificouas experiênciastranspessoais,obtidasem
sessõespsicodélicas,emduascategoriasprincipais(VerQuadro11,
pp.61e62).Numprimeirogrupoestãoasexperiênciasdeexpan-
sãodaconsciênciadentrodaestruturada"realidadeobjetiva"ouas
quesãocompreensíveise aceitáveisdo pontode vistado nosso
mundofenomenal.As experiênciasdacategoria1sãosubdividi-
dasemdoisitens:o IA. ExpansãoTemporal,e o lB. Expansão
Espacial.
O itemExpansãoTemporalrefere-searelatosdevivênciasque
sãointerpretadaspelosprópriosindivíduoscomo"regressãonotem-
po históricoeexploraçãodeseupassadobiológicoou espiritual".As-
sim,apartirdonívelperinatal,podemocorrerosepisódiosiden-
tificadoscomo memóriasfetaise embrionáriasou seqüências
vívidasdonível daconsciênciacelular,osquaispodemrefletira
existêncianaformadeumespermaouóvulonomomentodacon-
cepção.A regressãopodeatingirfaixasmaisprofundasdoincons-
cientee,aotransporo nívelperinatal,têm-seasrevivênciasdas
memóriasancestraise aquelasrelativasao inconscienteraciale
coletivo.Emalgunscasos,osindivíduostêmosentimentoderevi-
verepisódiosdesuasexistênciasemencarnaçõespassadas.
E no itemExpansãoEspacialestãoasexperiênciasqueimpli-
camatranscendênciadasbarreirasespaciaisdaconsciência.Nes-
sasvivênciaso indivíduopodesentir-seconectadoaoutrapessoa
emestadode"unidadedual", agruposdepessoasoupodeexperi-
mentarumaexpansãodaconsciênciaqueseestendeatodaahuma-
nidade.Eventualmente,a expansãoespacialpodetranscenderos
limitesda experiênciaespecificamentehumanae o indivíduo
identifica-secomaconsciênciaanimal,vegetalouaindacomobje-
tosinanimadosouprocessos.
Uma importantecategoriadeexperiênciastranspessoaisque
envolvea expansãodetempoe/ouespaçosãoosváriosfenôme-
nosdaPES (percepçãoextra-sensorial),taiscomoasexperiências
deOBE (out,of,bodyexperience),telepatia,precognição,clari-
vidência,clariaudiênciae "viagensno tempoeespaço".
No grupo2,aexpansãodaconsciênciapareceiralémdomun-
dofenomenaledocontinuumespaço/tempo,comoo percebemos
QUADRO 11- EXPERIÊNCIAS TRANSPESSOAIS
1.Extensão(ou expansão)experiencialdentro da
estrutura da"realidadeobjetiva":as que são
compreensíveise aceitáveisdo ponto de vistado
nosso mundo fenomenal.
A) • Expansãotemporal da consciência
• Experiênciasperinatais
• Unidade cósmica
• Engolfamentocósmico
•"Sem-saída"ou inferno
• Conflito morte/renascimento
• Experiênciamorte/renascimento
• Experiênciasembrionáriase fetais
• Experiênciasancestrais
• Experiênciascoletivase raciais
• Experiênciasfilogenéticas(evolucionárias)
• Experiênciasde "encarnaçõespassadas"
• Precognição,clarividênciae "viagensno tempo"
B) • Expansãoespacialda consciência
•Transcendênciado ego em relações interpessoais
• Identificaçãocom outras pessoas
• Identificaçãogrupale consciênciagrupal
• Identificaçãoanimal
• Identificaçãovegetal
62 A Psicologia Transpessoal ll- A Estrutura Holística da Consciência 63
• União com a vida e com toda a criação
• Consciência da matéria inorgânica
• Consciência planetária
• Consciência extraplanetária
• Experiências "forado corpo",viagens clarividentes,
"viagensespaciais"e telepatia
C) • Constrição espacial da consciência, consciência de
órgão, tecido ou célula.
2. Extensão (ou expansão) experiencial além da
estrutura da "realidadeobjetiva",
• Experiências de outros universos e de encontros
com seus habitantes
• Experiências arquetípicas
• Experiências de encontros com divindades bem-
aventuradas e furiosas
• Ativação dos chakras e despertar do poder
serpentivo (kundalini)
• Consciência da mente universal
• O vácuo supracósmico e metacósmico
emnossavidadiária.Sãoexemplososencontroscomentidades
espirituaisdepessoasfalecidasoucomentidadesespirituaissupra-
humanas,cujaexistênciaéatribuídaauniversosparalelos.Temos
tambémasexperiênciasarquetípicas,asdeencontrocomdivinda-
desbem-aventuradasefuriosas;asexperiênciasquemostramseme-
lhançascomaquelasdescritasnasváriasescolasdeYogaKundali-
ni, comoa ativaçãoe aberturadoschakrasdo indivíduoe as
experiênciasdesintoniadamenteindividualcoma MenteUni-
versalou como Absoluto.O graumaisprofundode todasessas
experiênciaséconsideradocomoo "vácuo-supracósmico"ou"meta-
cósmico",o misterioso"vazio"primordialou"nada"queéconscien-
tedesimesmoecontémtodaaexistênciaemformagerminal.
3
A Cartografiada
ConsciênciaPropostapor
RobertS.DeRopp
obioquímicoDe Roppinclui emseucampocientíficode
pesquisasváriosinteresses,entreosquais:o estudodocâncer,das
doençasmentais,dabioquímicado cérebro;tendomesmoreali-
zado,durantetrintaanos,experiênciasdeinduçãode"estadosalte-
radosdeconsciência"pormeiodedrogaspsicodélicaseoutrospro-
cedimentos.
Em suaobra"The Master Game" (1968),De Roppapresenta
umasíntesede suasdescobertassobrea consciênciahumana.
Propõea "PsicologiaCriativa" comoummétododeampliaçãoda
consciência,queintegrainformaçõesdosmuitosprocedimentos
já existentes.A "PsicologiaCriativa" envolvea aplicaçãodeexer-
cíciosqueatuamnosváriosaspectosdocomportamentohumano,
o instintivo,o motor,o emocionaleo intelectual.
O trabalho"criativo"levaoserhumanoaexercitarcertospode-
reslatentes,a conseguirnovose profundosinsightssobresi pró-
66 A Psicologia Transpessoal 11- A Estrutura Holística da Consciência 67
prio e a criar,por meiodeseusesforços,umanovaformadeser
(umsegundonascimento).
Emseulivro(op.cit.)DeRoppexpõeumacartografiadacons~
ciência,baseada,principalmente,no "sistemadepsicologiaecosmo~
logia"desenvolvidoporGurdjieff,talcomofoiexpostoporseudis~
cípuloOuspenskynos livros "Psicologiada Evolução Possívelao
Homem"(1981)e "Fragmentosdeum EnsinamentoDesconhecido"
(1978).
Deacordocomo "filósofoemestreespiritual"Gurdjieff,o esta~
dodevigília,o maiscomumdetodos,é,naverdade,umestadode
"adormecimento",de"automatismo"ede"condicionamento".Assim
sendo,a "consciêncialúcida"ou "consciênciadesperta"deveriaser
chamada"sonodesperto"ou consciênciarelativa.Os estadosde
vigíliae sonoalternam~sena vidadepraticamentetodasaspes~
soas;no entanto,alémdesses,o homempoderáconheceroutros
doisestados:a "consciênciadesi" e a "consciênciaobjetiva".Esses
doisúltimosestadossósãoacessíveisatravésdeprolongado"au~
to~estudo"e "trabalhosobresimesmo",sobaorientaçãodeumins~
trutorexperiente.
Há, ainda,paraDe Ropp,evidênciasdequeo homempode
experimentarcinconíveisdeconsciência:
"" I:
II 'I
PrimeiroNívelO SonosemSonhosI
I, I'
Ili SegundoNívelO SonocomSonhosI'
i
I'
I
TerceiroNívelO SonoAcordadoI
I
(identificação)I
!
I Quarto NívelI
A Transcendênciado Eu
I
,
(consciênciadesi)
,
!,
I Quinto Nível
A ConsciênciaCósmica
I
(consciênciaobjetiva)I i!
-
3.1.O SonosemSonhos
Nesseestado,háa impressãodeumaausênciatotaldacons~
ciência.As atividadesdoserhumanoestãoreduzidasàmanuten~
ção da sobrevivência:respiração,batimentoscardíacos,alguns
processosinstintivos,etc.Porém,nãoháconhecimentodessespro~

Outros materiais