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Fundação Centro de Ciências e Educação a Distância do Estado do Rio de Janeiro Centro de Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro Universidade Federal Fluminense Curso de Licenciatura em Letras- UFF / CEDERJ Disciplina: Português V Coordenador: Marli Pereira AD 1 – 2019. 1 Aluno(a): _____________________________________________________________________ Matrícula _____________________________________ Leia o poema abaixo e responda às questões propostas: POEMA À LINGUA PORTUGUESA Oldney Lopes A língua portuguesa que amo tanto Que canto enquanto encanto-me ao ouvi-la Em cada canto é fala, é riso, é pranto E nada há que a cale e que a repila. É essa língua tórrida e faceira Inebriante e meiga e doce e audaz Que envolve e enleia a gente brasileira E quem a utiliza é quem a faz. É a língua dos domingos, no barzinho A mesma das segundas, no escritório A que fala o andrajoso, no caminho E o cientista, no laboratório. É a mesma língua, embora evoluída, Que veio de outras terras com Cabral Escrita por Caminha, foi trazida Na descoberta do Monte Pascoal Não há quem fale errado ou fale mal De norte a sul, é belo o que é falado Na língua de Brasil e Portugal. Para julgar quem fala certo ou fala errado Não há no mundo lei, nem haverá: Quem faz da fala língua, é quem a fala Gramática nenhuma a calará Gramático nenhum irá cegá-la! 1- O texto tem como temática a língua portuguesa falada no Brasil. O eu-lírico defende a ideia de que quem faz a língua é o seu usuário (falante) e não os gramáticos ou a gramática. Diante disso, diferencie fonética e fonologia e exemplifique essa distinção com versos do poema. (2,0) A fonética e a fonologia são disciplinas que estudam os sons da língua a partir de pontos de vista distintos. A fonética estuda os sons linguísticos em seu aspecto material ou físico, ao passo que a fonologia cuida dos sons em seu aspecto funcional. Todos os sons (fones) que figuram no sistema linguístico do português são estudados no plano fonético, sem levar em conta sua função dentro do sistema. Como exemplo, podemos citar o caso da palavra “utilização” em que, dependendo do dialeto, o som correspondente à letra “t” pode apresentar, pelo menos, duas realizações [t] (dialeto nordestino) ou [t] dialeto carioca. São duas realizações possíveis para o fonema /t/. A unidade de estudo da fonética é o fone e vem transcrito entre colchetes. Já, no plano fonológico, há uma preocupação em identificar quais sons que têm valor funcional distintivo no sistema, denominados de fonema e quais são variantes (alofones) de um mesmo fonema. O fonema vem transcrito entre barras. A partir do par mínimo é possível caracterizar o fonema como, por exemplo, /e/ X /a/ no par fale X fala, ou /t/ X /k/ no par tanto X canto. A substituição de uma unidade sonora pela outra implica mudança de significado, por isso, as quatro unidades são consideradas fonemas em português /e, a, t,k/. OBSERVAÇÃO: outra exemplificação possível, pode ser feita através de alguns versos que falem do uso da língua ou de sua realização (âmbito da fonética): “E quem a utiliza é quem a faz”, “É a língua dos domingos, no barzinho”, “A mesma das segundas, no escritório”, “ A que fala o andrajoso, no caminho” e “E o cientista, no laboratório.” Ou ainda os seguintes versos: “Não há quem fale errado ou fale mal”, “De norte a sul, é belo o que é falado”, “Na língua de Brasil e Portugal.”, “ Para julgar quem fala certo ou fala errado”. No âmbito da fonologia, versos que fazem referência à língua portuguesa enquanto sistema linguístico, como, por exemplo, “A língua portuguesa que amo tanto”, “É a mesma língua, embora evoluída, Que veio de outras terras com Cabral” 2- Os versos da primeira estrofe estão relacionados a dois tipos de fonética. Quais? Explique cada um. (2,0) Os versos da primeira estrofe estão relacionados à fonética articulatória e à fonética auditiva. O verso “ Que canto enquanto encanto-me ao ouvi-la” está associado à fonética articulatória, porque diz respeito à produção da fala “que canto” e à fonética auditiva (ou perceptiva), já que demonstra como o falante percebeu “ao ouvi-la”, recebeu, captou ou entendeu a unidade sonora. Trata-se de recepção e de captação do som da fala, portanto, está no âmbito da fonética auditiva. 3- Você estudou que os sons linguísticos são produzidos, em sua maioria, com a corrente de ar egressiva. Em sua trajetória, essa corrente pode passar livremente, pode encontrar uma barreira parcial ou total. Retire, do poema, uma palavra iniciada com um som que exemplifique cada tipo de articulação (livre, parcial ou total). 1,5 Articulação livre – qualquer palavra do poema iniciada por vogal (amo, encanto, irá, ouvi-la etc.) Articulação impedida totalmente – qualquer palavra do poema iniciada por oclusiva (poema, barzinho, tanto, doce, caminha, gramático etc.) ou por nasais (nada, meiga etc.) Articulação impedida parcialmente – qualquer palavra do poema iniciada por fricativas, laterais e vibrantes (fala, riso, gente, julgar, cegá-la, língua etc.) 4- Considerando a palavra “PORTUGUESA”, responda: a) Tem quantas letras e quantos sons? (1,0) LETRAS = 10 SONS = 9 (dígrafo gu) b) Que tipo de consoantes é predominante? (0,5) OCLUSIVAS [p,t,g] c) Há quantas consoantes vozeadas? Quais são? (1,0) 2 [g, z] OU 3, se considerar que o som correspondente à letra “r”, em alguns dialetos, pode ser vozeado 5- Dê o símbolo fonético correspondente às consoantes iniciais das palavras abaixo e classifique- as articulatoriamente (modo de articulação + ponto de articulação + grau de vozeamento): (2,0) Canto [k] consoante oclusiva velar desvozeada Gente [] consoante fricativa alveopalatal vozeada Cientista [s] consoante fricativa alveolar (ou dental) desvozeada Julgar [] consoante fricativa alveopalatal vozeada Gramática [g] consoante oclusiva velar vozeada Observação: cada item vale 0,4 (0,1 para o símbolo e 0,1 para cada traço (modo, ponto e grau de vozeamento) Chega mais perto e contempla as palavras. Cada uma tem mil faces secretas sob a face neutra e te pergunta, sem interesse pela resposta, pobre ou terrível, que lhe deres: Trouxeste a chave? Procura da Poesia. Carlos Drummond de Andrade
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