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Ana Feijóo - A escuta e a fala em Psicoterapia

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Ana 1'1aria Lopez Calvo de Feijoo 
4.1.1 · A análise fenomenológica 
A pesquisa seguiu as etapas propostas por Brice (1991), que 
também as utilizou ao investigar a estrutura do luto materno, As 
fases) respectivamente, são: 
1 ª) dedução de unidades significativas, através do sentido 
da totalidade e da complexidade que aparecem nos discur-
sos psicoterapêuticos; 
2ª) delineamento dos aspectos centrais expressos nas uni-
dades de significado; 
3') descrição das temáticas principais do processo psico-
terapêutico; 
4') descrição estrutural situada do processo de escuta e de 
fala, bem como dos elementos constitutivos deste pro-
cesso; 
5') caracterização estrutural geral. 
As falas constituem as unidades de significado, destacadas 
através das questões que aparecem em algumas relações psico-
terapêuticas. Os seus aspectos centrais foram devidamente deli-
neados e suas temáticas descritas no modo em que apareceram 
no proc~sso. O destaque foi dado às formas como aparecem tais 
questões e às possibilidades de atuar do psicoterapeuta até a ca-
racterização geral de um processo de escuta e fala, que possibilita 
conhecer mais do ofício do psicólogo. 
4.1.1.1 · A fala do cliente 
A investigação, em um primeiro momento, ateve-se à fala dos 
clientes. Delas foram extraídas algumas temáticas que ocorrem 
no contexto psicoterapêutico, a título de ilustração. Algumas pos-
síveis senain: 
131 
CAPÍTULO •I Metodologia 
a) Culpa existencial - o cliente mostra no seu discurso a 
culpa existencial de várias maneiras. Aparece, por exemplo, 
corno lamentação das possibilidades que não foram escolhidas, 
da seguinte forma: Ah! Se eu tivesse ... _A queixa fica em torno da-
~ ilo do qual outrora se abriu 1:;!.o. 
A culpa existencial pode ser exemplificada pela fala de uma 
mulher de 44 anos que se queixava de depressão da seguinte 
forma: Quando, casei, meu marid,o me proibiu de estudar. Falou: 
ou estudo ou casamento. Eu casei e hoje fico muito triste porque 
não sou a advogada famosa que eu sempre quis ser. Ah! Que ar-
rependimento. Ah! Se eu tivesse estudado, hoje não estaria 
aguentando marido efilhos. 
Na visão existencialista, a culpa existencial caracteriza-se pelº-
aprisionamento do existente aos acontecimentos passados. Assim, 
não se lança para o futuro. A culpa, para Kierkegaard, se dá pelo 
fato de a liberdade não ter sido exercitada em suas possibilidades. 
Para Heidegger, trata-se do débito que, sob a forma de lamenta-
ção, clama pelo devir como ser mais próprio. O psicoterapeuta 
traz à tona a expressão do cliente, mobilizando-o a assumir o ca-
ráter de liberdade de escolha e, também, clarifica para este que, à 
medida que se lamenta, permanece na mesma escolha. Um exem-
plo da fala do psicoterapeuta: Parece que, no ppssado, você optou ( 
pelo casamento e, hoje, você se lamenta pela escolha do passado. } 
b) Medo existencial - expresso pelo cliente através da par.a-
~ ão no Jlresente. Acreditando-se não escolhendo, crê que não 
corre risco, por imaginar que, desta forma, controla a imperma-
nência da existência. Um relato de urna mulher de 54 anos, em 
dúvida entre .dois relacionamentos: Eu não vou me encontrar com 
ele, não sei o que pode acontecer. Tenho medo do que vou ouvir: 
Prefiro esperar que as coisas se resolvam por si mesmas. En-
quanto isto, fico sozinha, mesmo temendo a solidão. 
132 
Ana Maria Lopez Calvo de Feijoo 
c) Angústia existencial - sentimento de estranheza, da inquie-
tude, onde se fala: "um não-sei-o -quê", que traz o querer-ter-
consciência. Não querer ter consciência, trata-se de um engodo, 
fadado a vivenciar a angústia em plenitude, porque se sabe esco-
lhendo, porém se justificando pelo medo, pelo pânico, pelo outro 
que impede. Sente como se sua liberdade não lhe pertencesse, em-
bora sabendo de sua pertença. Relato de uma mulher de 30 anos: 
É um mal-estar, sinto que não eslf!U bem, mas não tenho do que 
reclamar, meu casamento, meus filhos, tudo está bem. Mas eu me 
sinto estranha como se as coisas não estivessem bem na minha 
vida. O psicoterapeuta existencial atua mantendo a angústia frente 
àquilo que sustenta a questão, não facilitando a fuga para o im-
pessoal. Pode atuar da seguinte forma: Mesmo que tudo em torno 
de você esteja bem, em você mesma as coisas vão mal. 
d) Perda no impessoal - perde-se o próprio referencial, quer a 
tutela do mundo. ~ discurso compõe-se pela incapacidade de tomar 
decisões: pergunta sempre ao outro sobre como deve agir, inclusive 
ao psicoterapeuta. Sente-se pe1turbado pelas observações do outro a 
seu respeito. Como um barco à deriva, sente-se feliz frente ao elogio 
do outro e infeliz frente à crítica. Sua ação é mediada pela insegu-
rança e suas possibilidades, desconhecidas. Afasta-se de seu ser mais 
próprio, na medida em que se perde no impróprio, no impessoal. 
Uma cliente queixando-se de suas filhas: Elas não cuidam bem dos 
seus filhos e eu sofro por isto, afinal, são meus netos. O que você me 
aconselha afazer? Eu li na revista que a experiência da avó deve se 
fazer valei'. Eu não sei, mas você, que é psicóloga, deve saber. 
A perda do próprio referencial é revelada pelo pleno desconhe-
cimento do seu sentido, do seu projeto, desconhecendo, também, 
os próprios referenciais. O existente fica à mercê do que lhe dizem, 
das normas que lhe são impostas. Perde-se no mundo, não sabe o 
que é seu e o que é do outro. O psicoterapeuta, nestas situações, 
133 
CAPÍTULO 4 Metodologia 
pode atuar de fo1IDa a buscar - juntamente com o cliente - seus re-
ferenciais. Deve cuidar para que as suas crenças não sejam jamais 
passadas ao cliente e também cuidar para que não indique qualquer 
caminho ao cliente, mesmo que este insista que direções lhe sejam 
indicadas. Nesta situação, uma das possibilidades- terapêuticas é 
clarificar a fo1IDa como abre mão de sua liberdade, deixando que o 
outro ~scolhayor el~: A revista te diz q~e o que vale~ a experiência / 
da avo. Agora, voce quer que eu te diga o que voce deve faze,~ E 
assim, você vai vivendo, perguntando aos outros o que deve fazer. 
e) Rigidez frente ao referencial próprio - Neste caso, o 
existente perde-se em si mesmo e desconsidera o mundo ao seu 
redor. 9 existente, na condição de compreens ibilidade, perce..b..e 
seus critérios corno sendo o refocen.ci al do_mundo. Vive tão au-
tocentrado, que qualquer situação que esteja em oposição ao que 
acredita constitui-se em um grande erro, e mais: tem a intenção 
de atingi-lo. Esquece-se de gue o mundo do ser-aí é O-ID-unclo 
( 
compartilhado, o ser-com. Relaciona-se com o outro de modo a 
-tutelá-lo e submetê-lo. As relações de convivência se dão na 
forma de desconfiança e indiferença. Liga-se apenas a si próprio. 
Fala uma cliente, referindo -se à sua mãe: Ela atrapalha meu ca-
samento. Está sempre ali. Meu filho diz que não tem nada de-
mais. Eu fico magoada com ele, ele não se coloca no meu lugar. 
Não sabe o que é isto, acho que ele quer é me ver mal. 
No discurso, coloca-se sempre no centro, uti liza-se demasia-
damente do pronome "eu". Diz que todos estão errados - ou que 
são contra ele ou nutrem por ele uma grande inveja. Os fatos são 
relatados com tamanha lógica, que não deixa possibilidade de 
discordância, inclusive por parte do psicoterapeuta. Este modo 
de mostrar-se requer muito tato do psicoterapeuta, uma vez que 
este pode se tornar aos olhos do cliente um grande invejoso e, 
desta forma, romper-se a confiança. 
134 
Ana Maria Lopez Calvo de Feijoo 
A princípio, e até mesmo em todo o processo, a postura do te-
rapeuta é de aceitação e centrada no próprio relato do cliente, 
tentando astutamente descentrar o referencial do cliente na sua 
própria ação. Por exemplo: quando o cl iente traz uma queixa de 
alguém (do chefe, de seu pai, enfim, de alguém que tenha alguma 
ascendência sobre ele, e o aborde de formaautocentrada), o psi-
coterapeuta, a partir deste relato, pode mostrar-lhe, pouco a 
pouco, indiretamente, que o outro existe em uma relação . A at-
mosfera, o astral é fre quentemente de raiva do outro, de vaidade 
e orgulho. As relações estabelecidas vêm carregadas de conflito. 
f) Projeto de aceitação e aprovaçã o por parte do outro - o 
discurso do cliente, na maioria das vezes, revela-se de forma re-
ticente, pois ele espera conhecer um pouco mais do outro, p,ar,'L 
po~deunostrar-se de acordg ÇQID_a.1,.xp_ectativa daquele com guem. 
se relaci._ona, Nos primeiros contatos,._a ansiedade é sua marca re-
gistrada, parecendo inseguro, frágil. 
Uma adolescente de 18 anos traz o seguinte re lato : Eu até sei 
que não devo ceder às vontades do meu namorado, nem da mãe 
dele. Mas também não quero parecer inconveniente, então pre-
firo mostrar-me como uma moça muito fina como eles querem 
que eu seja, também não é tanto sacrifício . 
A existência presenteia o existente, no seu surgimento no 
mundp, pela falta de sentido e pela solidão. Na tentativa de es-
capar à solidão, o outro pode se tornar u ma necessidade, impres-
cindível para que sua vida tenha continuidade. Quando o outro 
se torna uma necessidade, o suj eito em questão abre mão de seus 
referenciais. Embora conhecendo os seus valores, enfim seu pro-
jeto, seu sentido maior é escapar à solidão . 
O psicoterapeuta, nestes casos, deve atuar de forma atenta 
pois, se deixa transparecer suas expectativas, é segundo tais ex-
pectativas que o cliente vai se revelar. Caminha passo a passo, a 
135 
CAPÍTULO 4 Metodologia 
fim de que o cliente entre em contato com a sua solidão e com 
seu medo. 
g) Dificuldade de assumir o sofrimento como possibilidade -
a minimização cio sofrimento aparece no relato do cliente e ocorre 
muitas vezes de fomrn a não contar a realidade tal como ela o afeta. 
Foge da situação, evita-a ou distorce-a. Na linguagem vem: "não é 
bem assim", "ele não é tão ruim". Justifica "o não observar bem" pela 
fa lta de tempo, pelo medo de ser injusto, enfim, não há tempo nem 
espaço para ver o que realmente acontece: Eu digo ruim com ele, pior 
sem ele. Ele tem muitos ciúmes, chega a me empurrai; mas é bom 
para mim, faz isto porque gosta de mim. Muitas vezes minimizar a 
dor consiste em uma estratégia que pennite o alívio. No entanto, não 
falar deste sentimento, implica em não deixar que este se desfaça. 
O ps icoterapeuta existencial pode manter a angústia frente à 
estranheza do cliente de sua própria condição . Mesmo que o 
cliente insista em não falar de si próprio, o terapeuta insiste, su-
tilmente, nos indícios, a fim de qu e o cliente tenh a a oportuni-
dade de se confrontar com a sua s ituação. 
h) Maximização do sofrimento - Nes ta situação, o__ciie.n.te 
tenta convencer o outro o quanto é digno de piedade. O relato é 
rico em lamentação. Vê o mundo com uma desconfiança ex-
trema, utiliza "os olhos da imaginação" para, assim, dar ampli-
tude ao seu sofrimento. Relato do cliente, adulto jovem: Ninguém 
na minha casa me entende, ninguém liga para mim. Eu/aço tudo 
por eles, mas quando eu preciso, me abandonam, ninguém dei-
xou de viajar porque eu estava sofi-endo, não consegui o emprego 
e eles até gostam, estavam felizes porque iam viajar. O psicote-
rapeuta pontua o exagero, rompendo com "os olhos da imagina-
ção", trazendo à tona as incoerênci as . 
i) Não-aceitação dos próprios limites - muitos clientes mos-
tram-se insatisfei tos com suas condições, sejam financeiras, in-
136 
Ana Maria Lopez Calvo de Feijoo 
lelectuais ou sociais. Queixam-se, até mesmo, da sua constituição 
física ou motivacional. Lutam desesperadamente a fim de torna-
rem-se aquilo que em sua ação não se realiza. 
Em O desespero humano, afirma Kierkegaard: 
[ ... ) é certo que um eu tem sempre ângulos, 
mas daí apenas se conclui que é preciso dar-
lhes resistência, e não limá-los e de modo 
algum significa que, por receio de outrem, 
ou eu deva renunciar a ser ele próprio ou 
não ousar sê-lo cm toda a sua originalidade, 
na qual somos plenamente nós para nós pró-
prios. (KIERKEGAARD, s/d, p. 39) 
A não-aceitação do seu ser com suas possibilidades e limita-
ções pode implicar uma tentativa de limar seus ângulos, ou então 
criar ângulos não-possíveis, uma vez que somos nós próprios e 
nenhum outro. 
Relato da cliente com quase 30 anos, que queixa-se da perda 
da juventude: Não quero envelhecer, 30 anos não dá, não queria 
sair dos 29 anos. O psicoterapeuta existencial, nestes casos, mui-
tas vezes em primeiro lugar, amplia, dá voz à vivência desespe-
rada, em que o existente se debate contra si mesmo, luta contra 
a maré. Depois, mostra-lhe como sua luta toma-se vazia; por fim, 
procede de forma que o cliente se esmere no polimento de seus 
ângu los e deixe de tentar limá-los, na medida em que se aceite 
em sua originalidade. Enfim facilita o acesso ao seu modo de ser 
que se faz em ato, na vida. 
j) Medo da solidão - ao perceber-se como lançado e esta con-
dição como algo inevitável, este existente agarra-se ao outro 
como se agana à vida. Aceita qualquer imposição, mesmo que, 
para tal, tenha que abrir mão daquilo que, em si mesmo, lhe é 
mais próprio, seu cuidado. 
137 
CAPfrULO 4 Merodologia 
Uma cliente de 21 anos: Eu prefiro não terminar o namoro, 
pois não aguentaria ficar sozinha, mesmo ele sendo dependente 
químico e até correndo o risco de um dia acabar sendo presa 
com ele. Ainda é melhor do que morre,: Sem ele, eu morro. Esta 
cliente cuida de si ao modo do descuido. Cabe ao psicoterapeuta 
lembrar à cliente que o seu cuidado lhe pertence. 
k) Desconhecimento das próprias possibilidades - suas rea-
lizações são ditadas pelas detenni_naç:.ões do impessoal, por descg;. 
nhecer aquilo que faz,_assuiae a posição que é mais beíll=,Yista. 
Neste caso, o modo de ser temeroso obscurece as suas possibili-
dades. Uma arquiteta, muito valorizada pelos projetos realizados, 
posiciona-se da seguinte forma: Fico pensando que tenho que 
agradar meus clientes de todas as formas. Fazer tudo que eles exi-
jam que eu faça. Ser bastante boazinha. Refazer os projetos todas 
as vezes que assim quiserem. Cobrar pouco. Penso que se deixar 
de fazer assim, vou ficar sem trabalho. O psicoterapeuta pode 
então questionar estas certezas. Desfazer este aglomerado, no qual 
percepção, lembrança e expectativas encontram-se emaranhados. 
1) Projeto idealizado de si mesmo - não aceita cometer erros, 
equivocar-se. Está no mundo para realizar-se como perfeição, tendo 
de dar conta de todas as possibilidades. Acredita que assim não ficará 
em débito, embora, com relação ao passado, sinta-se sempre em débito. 
Muitas vezes, aquele que assim se encontra chega ao psicólogo com 
pretensões de curar-se, tomando-se perfeito, inatingível, infalível, não 
mais vulnerável às contingências do mundo. Idealiza uma situação de 
vida perfeita. Quer tornar-se um ente pronto e acabado. Segue-se um 
exemplo: Imaginei que, na minha vida, tudo daria certo: meu marido, 
meus filhos, minha vida profissional. No entanto, não fui bem-sucedida 
profissionalmente. Assim como eu gostaria. Dediquei-me demais aos 
meus filhos e, hoje, não sou a professora que gostaria de sei; sabe? 
Uma acadêmica, com doutorado, livros publicados. 
138 
A11a Maria Lopez Calvo ele Feijoo 
A psicoterapia vai acontecer de forma que o cliente, em tal 
situação, possa reconhecer a vulnerabilidade, a abertura, a morte 
e a imperfeição em que a existência sempre se encontra. 
111) Falta de diálogo consigo próprio - perde-se nos fa lató-
rios. Fala de tudo e de todos, mas não se implica naquilo que esta 
fa lando. Vive na curiosidade. A fala pode dar-se da seguinte 
forma: Isso é coisa de mulher fresca. Deve ser igual ao que o 
povo fala que tem enjoo na gravidez. Isso é mulher doente que 
fica enjoada. Menopausa é uma coisatão boa que acaba a mens-
truação. Ora diz uma coisa, logo fala tudo ao contrário . Não sabe 
dizer no que realmente acredita. O psicoterapeuta acompanha 
atentamente, ao mesmo tempo em que tenta trazer uma situação 
por ela experienciada, para assim perguntar-lhe, por exemplo: E, 
na sua gravidez, como foi? 
n) Não-liberdade - transfere toda a responsabilidade de sua 
vida ao outro, ao acaso, a Deus, à energia do mundo . Todos são 
responsáveis pelos rumos de sua v ida, não reconhece nenhuma 
de suas escolhas. Uma mulher de 40 anos que se queixa da pes-
soa com quem se relaciona e que, ultimamente, '(em até pensando 
na separação: Ah! Se eu ganhasse na loteria, eu não vou te dizer 
que não teria problemas, mas esse problema não existiria, por-
que obviamente eu gosto do cara, senão eu não estaria nessa ba-
talha toda para ele mudar. 
O psicoterapeuta pode atuar, pouco a pouco, apontando su as 
escolhas, com muito cuidado, para que o cliente não oponha re-
sistência. Como, por exemplo, poderia dizer- lhe: Então, parece 
que ganhar na loteria não seria suficiente pra a sua decisão? 
o) Espaçamento - neste modo, o ser mostra-se como que to-
talmente determinado pelo impessoal, permanecendo sob a tutela 
dos outros . Seu valor está"na aprovação do outro. Ao modo da 
medianidade, desconhece-se a ; i próprio, define-se no mundo 
139 
como todo mundo. Fala o cliente: No meu campo de atuação, 
tenho que me mostrar confiante. Se pareço muito carente, elas 
não negociam comigo. Tenho que estar sempre bem-vestido, para 
parecer bem-sucedido. Tenho que ser admirado. O psicotera-
peuta pode atuar pontuando, junto ao cliente, o seu modo de ser 
na aparência, da seguin te forma: Você tem que representar muito 
bem para que as pessoas te deem valo,~ não pelo que você faz, 
mas pelo que você aparenta fazer . 
4. 1.l.2 - A fala do psicoterapeuta 
Em um segundo momento da investigação fenomenológica, 
serão descritas as unidades de significado referentes à fala da 
psicoterapeuta, que buscará mobilizar, no cliente, a possibilidade 
de sua liberdade, responsabilidade, ação e aceitação dos riscos. 
Algumas das falas possíveis para um psicoterapeuta serão aqui 
descritas, sem se pretender esgotar todo um infinito de possibi-
lidades. A investigação destas falas pretende elucidar a forma 
com que o psicoterapeuta se conduz, com o exerce a hermenêu-
tica, pouco a pouco buscando o sentido daquele que se mostra, 
mesmo que de forma velada. 
O processo p sicoterápico compõe-se de momentos em que se 
torna importante conhecer o dia a dia do cliente, sendo necessá-
ri o, para tal , exp lorar seu cotidiano. O psicoterapeuta tenta, 
então, colher mais informações e organizar-se quanto ao con-
teúdo relatado. Afinal, é preciso, para se estabelecer a compreen-
são psicoterapêutica, ir até o lugar onde o outro se encontra. Para 
tanto, é necessário saber o que o outro sabe de si mesmo. Nas 
sessões psicoterapêuticas investigadas, encontraram-se nos psi-
coterapeutas existenciais fa las do tipo: 
140 
M.110 1· 10110 L UfJt'l. l.dlVU ue retJOO 
- Exemplificadora - O terapeuta pede ao cliente que 
exemplifique como o que está relatando acontece em outras si-
tuações ou, se for o caso, o próprio terapeuta exemplifica, através 
daquilo que já sabe de relatos anteriores. 
O cliente relata: Parecia que ela nem fava ali.foi uma coisa rá-
pida, eu não sei o que me deu, que a gente tava conversando. E 
ela já tinha me escrito uma carta, dizendo do desejo dela. E eu 
tinha até respondido pra ela, olha não rola, eu amo muito a Ro-
sana, e eu não me sinto bem, até imaginando isso. Aí, de repente 
ali na festa, ali eu nem sei o que me deu ... Acabado de chegar, 
fazendo planos de ficar lá, junto com ela, amando tanto ela .. . O 
que será que aconteceu? Eu não entendi, parece que brinco com 
as situações, brinco com os outi·os. 
Fala do psicoterapeuta: Você poderia me dar um exemplo em 
que você se percebe brincando com as situações, brincando 
com os outros? 
\ 
- Exploradora do cotidiano - O terapeuta, a partir da ex-
ploração do cotidiano do cliente, busca que ele identifique fatos 
que desencadearam um determinado modo de sentir as coisas, 
como os fatos o afetam. 
Fala o cliente: Acabei ficando com uma menina, eu não sei o 
quê que deu, tava tendo uma festa, e eu fiquei com uma menina 
lá da clínica mesmo, eu não sei o que deu em mim, o que me deu. 
Psicoterapeuta: Relata pra mim o que aconteceu. 
l -Inquisitiva - Quando o terapeuta faz perguntas sobre o fato, as intenções ou os sentimentos implicados em um deter-minado relato. 
Cliente: Eu não sei. Quando ela contou, eu neguei. 
Psicoterapeuta : Negou o quê? 
141 
CAPÍTULO 4 Metodologia 
Em outros momentos psicoterápicos, torna-se fundamental fa-
cilitar o aprofundamento nas questões trazidas pelo cliente, 
porém de forma compreensiva e de modo que o cliente não opo-
nha resistência. Outras falas possíveis seriam: 
- Clarificadora da atmosfera afetiva - O cliente traz um 
relato e, junto ao relato, o afeto . O terapeuta clarifica para o 
cliente a emoção que percebe no seu relato. Desta forma, escla-
rece o sentir e facilita o reconhecimento de seu sentimento frente 
à situação. Pode ser formulada como pergunta ou como afirma-
tiva. Este tipo de fala foi amplamente utilizada por Rogers 
(1961 ), que a denominou de "clarificadora de vivência emocio-
nal". Uma situação psicoterapêutica pode dar-se assim: 
Fala do cliente: Mais ou menos isso. Um exemplo, não é o meu \ 
caso. Vamos supor que eu quero ser canto,~ aí eu sonho com isso, 
e aí eu chego lá e não consigo, vou ficar muito decepcionado . 
Psicoterapeuta: E para 11ão se decepciona,; você prefere não 
querer. 
- Refletora de conteúdo verbal - O cliente traz um re-
lato extenso e o terapeuta sintetiza-o,' apresentando-o novamente 
ao cliente. Reduz o conteúdo ao essencial. Ao sintetizar, o tera-
peuta mostra que compreende o cliente, que está atento e o con-
vida ao aprofundamento do conteúdo. Pode ser elaborada de 
forma inquisitiva ou afirmativa. Esta fala também foi elaborada 
por Rogers (1961), que a utilizava mais frequentemente sob a 
forma afirmativa. Virgínia Axline (1989) uti lizava-a predomi-
nantemente sob forma interrogativa, como pode ser constatado 
em seu livro Dibs, em busca de si mesmo. 
Cliente: Não, eu não penso nada, para quê? O que vai acontecer 
é o que tiver de ser. 
Psicoterapeuta: Você acha que tudo já está decidido, que nós 
não podemos Jazer nada? 
142 
Ana Maria Lopez Calvo de Feijoo 
Na impropriedade, o humor se dá de modo ambíguo. Muitas 
vezes, a fim de chegar mais próximo do astral que o envolve, 
faz-se necessário reconhecer tais ambiguidades. O psicoterapeuta 
pode clarificar tais situações, mostrando-as aos clientes quando 
elas aparecem, porém, nestes momentos faz-se necessária paciên-
cia. Com impaciência, pode-se afastar o outro de uma possibili-
dade mais própria. 
- Refletora de conteúdo não-verbal - Quando se mostra 
( 
ao cliente sua postura fisionômica ou corporal, frente a uma de-
terminada situação oposta ao que, por exemplo, é verbalizado 
por ele. 
Fala do cliente: O chefe me demitiu, vai ser péssimo. Como vou 
pagar minhas contas? (Ao mesmo tempo que relata, mostra-se 
de forma risonha). 
Fala do psicoterapeuta: Interessante, você lamenta a demissão, 
mas ao-mesmo tempo mostra uma expressão de felicidade . 
- Reveladora de situações conflitivas - Traz à tona a 
inautenticidade. O cliente, por vezes, diz uma coisa e sua aparência 
parece negá-la. Ou tem dois pesos e duas medidas para a mesma 
situação - isto é, pensamento, sentimento e ação não caminham 
juntos. O terapeuta revela a situação conflitiva que se mostra. 
Fala o cliente: Porque com meu filho eu coloco disciplina. 
Psicoterapeuta: De que forma você impõe a disciplina? 
Cliente: Por exemplo, às vezes ele almoça uma. hora,às vezes 
às duas. 
Responde o psicoterapeuta: Parece que por mais que, no teu 
pensamento, a imposição da disciplina seja a sua verdade, quem 
põe a ordem é o seu.filho . 
- Adversativa ou paradoxal - O psicoterapeuta dá ao 
cliente a idéia contrária daquilo que ele está passando, a fim de 
143 
que ele tome consciência de sua verbalização e possa perceber 
mais claramente seu ponto de conflito ou de desordem. Em psi-
codrama, diz-se que o terapeuta faz o duplo. 
Diz o cliente: Bem, não quero irritar-me. Vou tentar falar sobre 
isto de forma mais tranquila. 
Psicoterapeuta: Estou vendo o quanto você está tranquilo fa- 11 
!ando do seu fracasso. 
Cliente: (Silêncio, reflete.) Não, não, na verdade estou nervoso 
falando disto. Mas por alguma razão, não queria mostrar assim. 
- Promotora de responsabilidade - A responsabilidade é 
uma questão crucial a ser trabalhada na psicoterapia de base exis-
tencial, considerando-se que o cliente é o único que pode decidir 
sobre si próprio, e nunca as situações ou pessoas envolvidas em 
sua vida decidirão por ele - mesmo quando atribui a terceiros ou 
ao impessoal a decisão, ainda assim está sendo responsável. 
Afirma a cliente: Se não fosse ela, a minha vida seria um mar 
de rosas. 
O psicoterapeuta pode recorrer à palavra "você", invertendo-
se a direção da ação dada pelo cliente, que responsabiliza o 
mundo pelas suas escolhas - posição psicológica de não-liber-
dade. Juntamente com a fala de núcleo comum, torna possível 
fazer a ponte entre o que se repete na história do cli ente e qual a 
sua responsabilidade nesta repetição. 
Diz o psicoterapcuta : E o que você faz para que sua vida seja 
um mar de rosas? 
- Focalizadora do "aqui e agora" - O cliente vive com 
o terap euta uma situação, que também é vivida com os demais. 
O terapeuta traz a situação no presente, a partir do que está acon-
tecendo al i. Tal situação pode fac ilitar o cliente a assumir sua 
responsabilidade pela sua escolha. 
]44 
Ana Mana Lopez Laivo de t-e1JOO 
Diz o cliente: Claro, as coisas são como são e eu ... Não deve-
ríamos perder tempo com as coisas que não têm remédio. 
Responde o psicoterapeuta: Você realmente não quer ver até 
que ponto é escravo do desejo de preservar essa imagem de 
homem confiante. Na verdade, está tentando impingi-la a mim 
agora mesmo. 
- Esclarecedora do núcleo comum - O terapeuta levanta 
diferentes situações em que a forma de atuar do cliente se repete, 
buscando, com ele, a sua responsabilidade pelo seu acontecer. 
Cliente: Gostaria que meu sócio saísse para que ela tivesse mais 
tranquilidade. 
Psicoterapeuta: Parece que em muitas situações de sua vida, 
você quer que os outros decidam por você. 
O psicoterapeuta não tenta distraí-lo para que a angústia con-
tiime se pronunciando; deste modo, acaba se colocando, nas se-
guintes falas: 
- Provocativa - Quando o psicoterapeuta estrutura sua 
fala de forma a dar continuidade àquilo que mobiliza o inquie-
tante reconhecimento da indeterminação do seu existir. 
Fala o cliente: Acho que eu estava meio irritado. E não vejo van-
tagem nenhuma de mostrar minha irritação. 
Psicoterapeuta: Parece que você insiste em querer se mostrar 
como na verdade não é. 
- Manutenção da atmosfera em que emergem as situa-
ções-limite da existência - Consis te em levar o cliente a man-
ter-se na sua angústia, possibilitando a abertura à possibilidade 
de uma escolha singular. 
Fala do cliente: Não sei se você vai acredita,: mas não consigo 
lembrar do que estávamos falando. 
Psicoterapeuta: A credito sim, parece que isto costuma acontece,; 
145 
CAPÍTULO 4 Metodologia 
sempre que você teme como o vão avaliar a partir do que está 
mostrando. 
- Manutenção do estar em débito - O psicoterapeuta 
existencialista tanto corre como promove o risco. Se o cliente in-
siste no mesmo modo de atuar no mundo, pode ser por não querer 
correr risco. O terapeuta busca saber o que pode acontecer se o 
cliente correr o risco. 
Pergunta: O que teme? 
Diz o cliente: Na verdade, não estou aqui para passar uma ima-
gem falsa de mim mesmo. Embora seja assim em todos os meus 
relacionamentos: Por isto não dá certo. Mostre-me que ... como 
não sou. 
Psicoterapeuta: O que você teme que possa te acontecer se você 
se mostrar como é? 
- Definidora -A fala se revela totalmente na impessoa-
lidade, no impessoal, mesmo apreendido como pessoal. O psico-
terapeuta mantém-se atento para, no impessoal, buscar o pessoal. 
Nestes casos, o cliente utiliza-se de expressões como "ninguém", 
utodo mundo". 
Exemplificando, se o cliente diz: Ninguém. 
Pergunta o psicoterapeuta: Quem especificamente? 
Diz o cliente: Todo mundo. 
Novamente, o psicoterapeuta: Quem? 
Diz o cliente: Ninguém permitiu que eu fosse, percebi que todos 
ficaram contra mim. 
Psico terapeuta: Especificamente, quem ficou contra você? 
- Busca do centro de referência - O terapeuta, nesta 
situação, atua no sentido de ajudar o cliente a considerar seus 
próprios critérios e a diferenciá-los dos critérios das pessoas que 
lhe são significativas. 
146 
Ana Maria Lopez Calvo de Feljoo 
Fala a cliente: Eu não sei o que fazer se telefono para ele, 
mesmo sabendo que estou dando esperança ou se não telefono e 
dou uma de ingrata. Todos dizem para eu não telefona,~ Minha 
mãe diz que não foi assim que ela me ensinou. 
Psicoterapeuta: E você, o que diz? 
4.1.1.3 - Caracterização da estrutura geral 
As expressões aqui destacadas - tanto na fala do cliente como 
do psicoterapeuta - apontam para a estrutura geral do processo 
de psicoterapia por mostrarem a sua relevância e essencialidade: 
escutas e falas. Estrutura esta sem a qual o processo psicotera-
pêutico deixa de existir. As diferentes expressões do cliente em 
estado de queda são reveladas na fala, que até mesmo se pronun-
cia como silêncio. É importante ressaltar que estas falas se dão 
tanto de modo impróprio quanto de modo próprio. Leva-se em 
conta, no entanto, que o próprio do ser no início e na maioria das 
vezes é da ordem do impróprio. O próprio e o impróprio, o pes-
soal e o impessoal, o autêntico e o inautêntico são modificações 
existenciárias do existencial constitutivo. Deve-se a isto a pos-
sibilidade de se constituir uma psicoterapia em que o próprio e o 
impróprio, o pessoal e o impessoal constituem-se no jogo do 
existir do ser-aí. 
O discurso, segundo Heidegger (l989), como articulação em 
significações de compreensibilidade inserida na disposição de 
ser-no-mundo, tem como constitutivos: o referencial do discurso; 
aquilo sobre o que se discorre; a comunicação e o anúncio. O psi-
coterapeuta atua em uma possibilidade existencial incrente ao 
próprio discurso: a escuta. Nesta situação, o sentido do cliente 
vai ser transmitido e o terapeuta vai atuar através das reduções 
para que não haja a transmissão do sentido de sua compreensibi-
147 
!idade do mundo, urna vez que tal fato pertence ao espaço do 
cliente. Cabe ao terapeuta ampliar a perspectiva do sentido do 
cliente - através de sua fala, e através das reduções fenomenoló-
gicas realizadas pelo terapeuta. 
O psicoterapeu1a acompanha o acontecer de seu cliente. Es-
tabelece uma relação libertando o outro para si mesmo. Na maio-
ria das vezes, o cliente procura o psicoterapeuta, colocando-se 
corno ente - logo, com sentidos e determinações previamente 
dados. O psicólogo vai, pouco a pouco, através da hennenêutica 
do sentido daquilo que se mostra, abrindo o que aparenta e se 
manifesta. O psicoterapcuta, na sua técnica como produção 
mútua, vai - através do que se mostra - buscar o que se vela, de 
forma a que as possibilidades se desvelem. 
4. 1.2 - Análise fenomenológica de um discurso clínico6 
A análise fenomenológica de um discurso clínico caracteriza-
se como uma modalidade de investigação, em que apenas uma si-
tuação pode ser descrita, a fimde gue se possa proceder a um 
estudo detalhado acerca da forma, neste caso, em que se dá o per-
curso psicoterapêutico, pautado em um tecer e destecer de senti-
dos, que permeiam todo o discurso, em uma perspectiva 
fenomenológico-existencial. Neste estudo poderão ser observados: 
1) a fala e escuta do processo psicoterapêutico (unidades de signi-
ficado); 2) a forma como ocorre a tentativa de resolução dos para-
doxos; 3) a posição psicológica de liberdade e não-liberdade; 4) o 
clamor da consciência, o débito, a impessoalidade e o impróprio, 
a decisão e a i_ndecisão, a não-aceitação do ser-para-a-morte. 
6 Trata-se de um caso vedd ico, cuja gravação e divulgação foram autorizadas pe!a 
cliente. O nome foi trocado para preservm· a identidade da mesma. 
148

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