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FUNDAMENTOS DA GESTÃO AMBIENTAL Professora Dra. Cláudia Fabiane Meneguetti Professora Dra. Edneia Aparecida de Souza Paccola Professora Dra. Francielli Gasparotto GRADUAÇÃO Unicesumar C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância; MENEGUETTI, Cláudia Fabiane; PACCOLA, Edneia Aparecida de Souza; GASPAROTTO, Francielli. Fundamentos da Gestão Ambiental. Cláudia Fabiane Meneguetti; Edneia Aparecida de Souza Paccola; Francielli Gasparotto. Reimpressão Maringá-Pr.: UniCesumar, 2018. 281 p. “Graduação - EaD”. 1. Fundamentos. 2. Gestão. 3. Ambiental. 4. EaD. I. Título. ISBN 978-85-459-0059-7 CDD - 22 ed. 363.7 CIP - NBR 12899 - AACR/2 Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário João Vivaldo de Souza - CRB-8 - 6828 Impresso por: Reitor Wilson de Matos Silva Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de EAD Willian Victor Kendrick de Matos Silva Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi NEAD - Núcleo de Educação a Distância Direção Operacional de Ensino Kátia Coelho Direção de Planejamento de Ensino Fabrício Lazilha Direção de Operações Chrystiano Mincoff Direção de Mercado Hilton Pereira Direção de Polos Próprios James Prestes Direção de Desenvolvimento Dayane Almeida Direção de Relacionamento Alessandra Baron Head de Produção de Conteúdos Rodolfo Encinas de Encarnação Pinelli Gerência de Produção de Conteúdos Gabriel Araújo Supervisão do Núcleo de Produção de Materiais Nádila de Almeida Toledo Supervisão de Projetos Especiais Daniel F. Hey Coordenador de Conteúdo Silvio Silvestre Barczsz Design Educacional Yasminn Zagonel Iconografia Amanda Peçanha dos Santos Ana Carolina Martins Prado Projeto Gráfico Jaime de Marchi Junior José Jhonny Coelho Arte Capa Arthur Cantareli Silva Editoração Robson Yuiti Saito Qualidade Textual Hellyery Agda Ana Caroline de Abreu Viviane Favaro Notari Ilustração Bruno César Pardinho Viver e trabalhar em uma sociedade global é um grande desafio para todos os cidadãos. A busca por tecnologia, informação, conhecimento de qualidade, novas habilidades para liderança e so- lução de problemas com eficiência tornou-se uma questão de sobrevivência no mundo do trabalho. Cada um de nós tem uma grande responsabilida- de: as escolhas que fizermos por nós e pelos nos- sos farão grande diferença no futuro. Com essa visão, o Centro Universitário Cesumar assume o compromisso de democratizar o conhe- cimento por meio de alta tecnologia e contribuir para o futuro dos brasileiros. No cumprimento de sua missão – “promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento, formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária” –, o Centro Universi- tário Cesumar busca a integração do ensino-pes- quisa-extensão com as demandas institucionais e sociais; a realização de uma prática acadêmica que contribua para o desenvolvimento da consci- ência social e política e, por fim, a democratização do conhecimento acadêmico com a articulação e a integração com a sociedade. Diante disso, o Centro Universitário Cesumar al- meja ser reconhecido como uma instituição uni- versitária de referência regional e nacional pela qualidade e compromisso do corpo docente; aquisição de competências institucionais para o desenvolvimento de linhas de pesquisa; con- solidação da extensão universitária; qualidade da oferta dos ensinos presencial e a distância; bem-estar e satisfação da comunidade interna; qualidade da gestão acadêmica e administrati- va; compromisso social de inclusão; processos de cooperação e parceria com o mundo do trabalho, como também pelo compromisso e relaciona- mento permanente com os egressos, incentivan- do a educação continuada. Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está iniciando um processo de transformação, pois quan- do investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou profissional, nos transformamos e, consequente- mente, transformamos também a sociedade na qual estamos inseridos. De que forma o fazemos? Criando oportunidades e/ou estabelecendo mudanças capa- zes de alcançar um nível de desenvolvimento compa- tível com os desafios que surgem no mundo contem- porâneo. O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens se educam juntos, na transformação do mundo”. Os materiais produzidos oferecem linguagem dialó- gica e encontram-se integrados à proposta pedagó- gica, contribuindo no processo educacional, comple- mentando sua formação profissional, desenvolvendo competências e habilidades, e aplicando conceitos teóricos em situação de realidade, de maneira a inse- ri-lo no mercado de trabalho. Ou seja, estes materiais têm como principal objetivo “provocar uma aproxi- mação entre você e o conteúdo”, desta forma possi- bilita o desenvolvimento da autonomia em busca dos conhecimentos necessários para a sua formação pes- soal e profissional. Portanto, nossa distância nesse processo de cres- cimento e construção do conhecimento deve ser apenas geográfica. Utilize os diversos recursos peda- gógicos que o Centro Universitário Cesumar lhe possi- bilita. Ou seja, acesse regularmente o AVA – Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos fóruns e en- quetes, assista às aulas ao vivo e participe das discus- sões. Além disso, lembre-se que existe uma equipe de professores e tutores que se encontra disponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de aprendizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranqui- lidade e segurança sua trajetória acadêmica. Professora Dra. Cláudia Fabiane Meneguetti Graduada em Agronomia pela Universidade Estadual de Maringá (2000), mestrado em Agronomia pela Universidade Estadual de Maringá (2006) e doutorado em Agronomia pela Universidade Estadual de Maringá (2010). Atualmente, é CLT - professora adjunto da graduação da Universidade Estadual de Maringá e professora convidada da Centro Universitário de Maringá no sistema de educação a distância da graduação e pós-graduação em agronegócio e gestão ambiental. Tem experiência na área de Agronomia, com ênfase em meio ambiente, plantas medicinais, paisagismo e ciência e tecnologia de alimentos. Professora Dra. Edneia Aparecida de Souza Paccola Graduada em Ciências Biológicas pela Universidade Estadual de Londrina (1996), mestrado em Agronomia pela Universidade Estadual de Londrina (2002) e doutorado em Ciências Agrárias pela Universidade Estadual de Londrina (2006). Tem experiência na área de Agronomia, com ênfase em Fitopatologia, atuando principalmente nos seguintes temas: Colletotrichum sublineolum (antracnose), Doença Foliar, Microscopia Eletrônica, Recombinação Genética, Lentinula edodes (shiitake) e Resíduos Sólidos Urbanos. Atualmente, é professora do Curso de Agronomia e do Mestrado em Tecnologias Limpas do Centro Universitário de Maringá - UniCesumar. Professora Dra. Francielli Gasparotto Graduada em Agronomia pela Universidade Estadual de Maringá (2004), mestrado em Agronomia pela Universidade Estadual de Maringá (2006) e doutorado em Agronomia pela Universidade Estadual de Maringá (2010). Professora Adjunta do Centro Universitário Cesumar (UniCesumar), atuando como professora permanente no curso de Mestrado em Tecnologias Limpas e nos cursos de graduação em Agronomia, Tecnologia em Agronegócios e Tecnologia em Gestão Ambiental. Tem experiência na área de Agronomia, com enfase em Fitopatologia, Microbiologia do Solo e Produção Agrícola Sustentável. A U TO RE S SEJA BEM-VINDO(A)! Seja muito bem-vindo(a) ao livro que utilizaremos na disciplina de Fundamentos da Gestão Ambiental.Este livro foi especialmente organizado e planejado para você, de forma a ser uma ferramenta de base importante para direcioná-lo(a) e auxiliá-lo(a) na compreensão dos temas abordados. O objetivo é despertar a vontade de buscar o co- nhecimento e se sentir motivado para tal. O livro foi dividido em cinco unidades para facilitar a organização dos temas e a inter-re- lação entre eles. Todas as unidades se relacionam ao tema principal da nossa disciplina, “Fundamentos da Gestão Ambiental”, pois sabemos que na atualidade o foco que está em pauta diz respeito às discussões de assuntos ligados ao meio ambiente. Como os futuros profissionais que engajarão no mercado de trabalho certamente irão, direta ou indiretamente, lidar com a gestão ambiental, nada mais interessante então do que focar a questão ambiental, pelo fato desta estar diretamente ligada às diferentes atividades e segmentos. A crescente preocupação ambiental é notória dentro e fora do nosso país, uma vez que a utilização responsável dos recursos naturais é o foco da sustentabilidade, tema esse discutido amplamente por todos os setores da sociedade. Por acaso, você sabe o que é sustentabilidade? A tal sustentabilidade de que tanto se fala refere-se: como apresen- tado no relatório nosso futuro comum, à “capacidade de atender às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem a suas próprias necessidades”. Assim sendo, o planejamento e a adoção de práticas sustentá- veis pelas atividades devem ser assunto muito bem pautado e posicionado na tomada de decisões por profissionais de todas as áreas, sobretudo a ambiental. Na primeira unidade, iremos tratar da Gestão Ambiental de forma abrangente. Inicial- mente, partiremos de como ocorreu a relação homem X natureza para explicar a relação de depredação do ser humano sobre o meio ambiente. Abordaremos como as altera- ções climáticas, fruto da exploração antropogênica sobre os recursos naturais, afetam a economia de forma geral. Abordaremos também algumas definições sobre gestão ambiental, falaremos dos marcos ambientais que deram origem à gestão ambiental atual. Trataremos do sistema de gestão ambiental (SGA), ou seja, da metodologia de sistematização da gestão ambiental. Esses tópicos servirão de base para que você possa compreender alguns assuntos discutidos nas unidades a seguir. Na segunda unidade, trataremos da sustentabilidade e desenvolvimento sustentável que muito se fala hoje, mas que poucas vezes paramos para entender ou relacionar a nossa forma de vida. Afinal de contas, você colabora para o desenvolvimento sustentá- vel com suas ações? Abordaremos a questão da sustentabilidade empresarial, das exi- gências e necessidades de ações socioambientais por parte das organizações na atua- lidade e como podem contribuir para uma economia verde. Veremos também o papel da sociedade, do governo e das empresas, na busca por um mundo mais sustentável e mais humano. Ainda, veremos algumas considerações sobre responsabilidade social e discutiremos algumas diretrizes específicas sobre o tema. APRESENTAÇÃO FUNDAMENTOS DA GESTÃO AMBIENTAL Na unidade III, os tópicos tratados serão certificação ambiental, auditoria ambiental, ferramentas de gestão ambiental: análise do ciclo de vida (ACV), ecoeficiência e a produção mais limpa (P+L), além de estudarmos também sobre a gestão de custos ambientais. Outro tópico a ser estudado é a rotulagem ambiental, muito comentada na atualidade e que serve de critério para a classificação e escolha de produtos pro- duzidos de forma sustentável, por um nicho “ainda” exclusivo de consumidores fora e dentro do país. Essa realidade tende a mudar! Veremos que as certificações têm papel imprescindível para a empresa reduzir custos, aumentar lucros e agregar valor à sua marca e aos seus produtos, além de demonstrar confiabilidade e segurança para os consumidores. Na unidade IV, analisaremos como a Política Pública Ambiental pode ser entendida como o conjunto de objetivos, diretrizes e instrumentos de ação de que dispõe o poder público para produzir efeitos desejáveis sobre o meio ambiente. Assim, pode- mos tomar como exemplo a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) e o Novo Código Florestal Brasileiro, proposto pela bancada ruralista do senado e aprovado em maio de 2012. Essa pauta é motivo de crítica pelos ambientalistas. Vale a pena discutir para posicionarmo-nos a respeito do tema. Outro tema debatido nessa uni- dade é o Licenciamento Ambiental. Este será discutido juntamente com os tipos de licenças empregadas nos processos de licenciamento como ferramentas de garan- tia de preservação dos recursos naturais. Da mesma forma, os estudos ambientais são utilizados como mediadores entre os empreendimentos e os impactos, gerados por eles ao meio ambiente. Na quinta e última unidade, traçamos um panorama das ações socioambientais de- senvolvidas por atividades de diferentes segmentos, para ilustrar a necessidade e os benefícios de tais ações para as organizações e, mais ainda, para os consumidores. Acessando o site das empresas citadas, você poderá conhecer um pouco mais sobre os projetos. APRESENTAÇÃO É importante ressaltar aqui que em todas as unidades há algumas sugestões de lei- tura nos tópicos intitulados “saiba mais” e “leitura complementar”. Verifique as indi- cações, pois elas o(a) ajudarão bastante no entendimento e na formulação dos seus próprios conceitos. Quanto a nós, professores, estaremos disponíveis para lhe auxiliar da melhor forma possível, tirando suas dúvidas e acatando sugestões durante nossas aulas ao vivo sobre os temas abordados nas cinco unidades. Esperamos ter contribuir para o seu processo de aprendizado e formação cultural. “Formar cidadãos mais conscientes das suas responsabilidades com o meio ambien- te de forma a garantir nossa sobrevivência tranquila e pacífica, bem como de preser- vá-la às futuras gerações”. (Cláudia F. Meneguetti) Bom estudo e felicidades para você! Professora Cláudia Professora Edneia Professora Francielli APRESENTAÇÃO SUMÁRIO 11 UNIDADE I A FORMULAÇÃO DA GESTÃO AMBIENTAL ATUAL 17 Introdução 18 Meio Ambiente e Sociedade 35 Os Grandes Marcos Ambientais Mundiais 45 Gestão Ambiental 59 Considerações Finais UNIDADE II SUSTENTABILIDADE E RESPONSABILIDADE SOCIAL 65 Introdução 66 Sustentabilidade 74 A Sustentabilidade Empresarial 93 Economia Verde 95 Os Papéis na Busca da Sustentabilidade 100 Responsabilidade Social 103 Certificações e Normativas de Responsabilidade Social e Gestão Ambiental 107 Considerações Finais SUMÁRIO UNIDADE III CERTIFICAÇÕES E AUDITORIAS AMBIENTAIS, ROTULAGEM AMBIENTAL, FERRAMENTAS DE GESTÃO AMBIENTAL E GESTÃO DE CUSTOS AMBIENTAIS 113 Introdução 114 Certificações Ambientais 124 Auditorias Ambientais 133 Rotulagem Ambiental 140 Programas de Rotulagem Ambiental 145 Ferramentas de Gestão Ambiental: Análise do Ciclo de Vida (ACV), Ecoeficiência e Produção mais Limpa (P+L) 156 A Gestão de Custos Ambientais 163 Considerações Finais UNIDADE IV POLÍTICAS PÚBLICAS AMBIENTAIS E LICENCIAMENTO 169 Introdução 170 Políticas Públicas Ambientais 172 A Política Ambiental Brasileira 178 Licenciamento Ambiental SUMÁRIO 13 183 Estudos Ambientais 191 A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) 199 O Novo Código Florestal Brasileiro 207 Considerações Finais UNIDADE V GESTÃO AMBIENTAL DE SUCESSO 213 Introdução 214 Gestão Ambiental de Sucesso 215 Braskem 225 Klabin 233 Natura 245 Ambev 252 Walmart 255 Coca-Cola 260 Considerações Finais 265 CONCLUSÃO 267 REFERÊNCIAS 275 GABARITO U N ID A D E I Professora Dra. Cláudia Fabiane MeneguettiProfessora Dra. Edneia Aparecida de Souza Paccola Professora Dra. Francielli Gasparotto A FORMULAÇÃO DA GESTÃO AMBIENTAL ATUAL Objetivos de Aprendizagem ■ Apresentar as bases da terminologia básica ao aluno para a formulação e a definição relativa à Gestão Ambiental. ■ Refletir sobre os Marcos Ambientais Mundiais. ■ Desenvolver a capacidade crítica e reflexiva do aluno a respeito dos temas abordados. Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: ■ Meio Ambiente e Sociedade ■ Os Grandes Marcos Ambientais Mundiais ■ Gestão Ambiental INTRODUÇÃO Atualmente, vivemos em um século cujo foco é o meio ambiente. Não há como dizer que nunca ouvimos falar da falta de água para o consumo humano, causada por diversos aspectos, quais sejam: uso irracional; contaminação e poluição dos recursos hídricos; aquecimento global, causado pela grande emissão de gases; poluição de rios, lagos, mares e oceanos, provocada por despejos de esgotos e lixo; vazamento de petróleo; contaminação do ar por gases poluentes; queima de combustíveis fósseis e industriais; poluição do solo, provocada por agrotó- xicos, fertilizantes e produtos químicos; descarte incorreto do lixo; queimadas das matas e florestas, como forma de ampliar áreas para pasto ou agricultura; desmatamento da Amazônia com o corte ilegal de árvores para a comercializa- ção de madeira. Nesse sentido, a gestão ambiental, assim como as preocupações e ativida- des que dizem respeito a ela são atuais e, por esse motivo, ainda trazem muitas dúvidas e questionamentos. A gestão ambiental vem sendo formalizada e conceituada desde a década de 70, quando surgiram as primeiras manifestações ambientais, focando um novo modelo de desenvolvimento para os países. Da mesma forma que administramos nossa casa, nossas tarefas, nossa conta no banco, devemos também administrar a nossa relação com o meio ambiente. Afinal, de onde sai o que comemos e bebemos? Até quando teremos esses recursos para suprir as nossas necessidades? O que fazer com as sobras do que consumimos? Está vendo? Gestão ambiental cabe em qualquer lugar, seja em casa, no tra- balho ou qualquer outra ocupação. Tudo o que fazemos está relacionado ao meio ambiente e por isso somos tão dependentes dele. Assim, o gerenciamento res- ponsável das questões ambientais é o que define a gestão ambiental. O que define bons gestores é a importância dada às questões ambientais no desenvolvimento das atividades produtivas. Portanto, sem bons gestores não há gestão ambiental eficiente, comprometida e ética. Como você gerencia as questões ambientais no seu dia a dia? Você se considera um bom gestor? 17 Introdução Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . © sh ut te rs to ck A FORMULAÇÃO DA GESTÃO AMBIENTAL ATUAL Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. I MEIO AMBIENTE E SOCIEDADE A RELAÇÃO DE EXPLORAÇÃO E DE DEGRADAÇÃO AMBIENTAL Os primeiros relatos da existência de seres vivos na Terra aconteceram há mais de 3,0 milhões de anos. Além da teoria da evolução, outras teses religiosas e de cunho não religioso dão sua explicação para o surgimento do homem no planeta Terra. O caso é que, teoricamente ou não, a relação do homem com a natureza é uma história de relações de dependência, depredação e exploração. A verdade é que não há como enxergar a natureza separadamente do homem, ou seja, o homem depende do meio ambiente para sobreviver, visto que retira dele tudo o que necessita para viver, por exemplo, a água. Você conseguiria sobrevi- ver sem água? A resposta é óbvia, ou seja, não é possível, basta nos lembrarmos de que o corpo humano é composto por cerca de 70% de água e os nossos mem- bros servem de alimento ou energia para micro-organismos decompositores. Assim sendo, podemos dizer que somos parte integrante do meio ambiente em que vivemos. Por esse fato, a inclusão do homem ao conceito de meio ambiente é fundamental. O conceito de meio ambiente, como realça Barbieri (2007), reflete a inte- ração do homem com o seu ambiente. O prefixo ambi significa ao redor. Dessa forma, a noção de meio ambiente reforça a ideia de um lugar que está em volta do homem, sem incluí-lo. Ao contrário do próprio conceito de meio ambiente, 19 Meio Ambiente e Sociedade Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . este deve abranger todos os seres vivos, assim como as circunstâncias que tor- nam possível a vida na terra. Barbieri (2007, p. 6) explica as fronteiras do meio ambiente: O meio ambiente, como condição de existência da vida, envolve a bios- fera e estende-se muito além dos limites em que a vida é possível. Por exemplo, os seres vivos estão condicionados a uma certa exposição às radiações ultravioleta que, por sua vez, dependem da camada de ozô- nio existente na estratosfera, região da atmosfera que vai até cerca de 35 km de altitude e onde não há vida. A ecologia apresenta uma definição mais indutiva da relação homem X natureza. O termo oikos, do grego, significa casa; o sufixo logos quer dizer estudo; então, ecologia pode ser definida como o estudo da casa. Esse conceito leva em conta os seres vivos e as relações estabelecidas entre si (CAPRA, 2005). Apesar do conceito abrangente de ecologia, existem correntes que não enxer- gam a ecologia como ciência integradora. A ecologia rasa, por exemplo, prega que o homem está fora da natureza. Propõe que o ser humano tem o direito ilimitado de explorar os recursos naturais em prol do seu desenvolvimento, jus- tificando, dessa forma, as agressões contra o meio ambiente. A ecologia profunda, ao contrário da rasa, não restringe o homem da natu- reza. Sob essa nova visão, o mundo é constituído por teias da vida (CAPRA, 2005). A sociedade é constituída por redes sociais em que os seres humanos convivem, os quais são constituídos por uma rede de órgãos que são compostos por uma rede de células. Portanto, a manutenção da vida no planeta depende dos cuidados que temos com as teias. A definição de ecossistema é composta pelas palavras gregas oikos e sys- tema, que quer dizer sistema da casa. Esse conceito de ecossistema explora as inter-relações existentes entre os organismos vivos e os demais elementos que os compõem. Segundo Curi (2011), uma boa definição de ecossistema seria um conjunto composto por diversas comunidades biológicas que vivem e interagem em determinada região e, também, pelos fatores abióticos. Dessa forma, todas as alterações promovidas por um componente do ecossistema provocam mudan- ças no lugar onde esse vive, afetando o meio e os demais organismos. A relação estabelecida entre os organismos do ecossistema é que garante a eles a capacidade de manterem o equilíbrio necessário para sua sobrevivência. A FORMULAÇÃO DA GESTÃO AMBIENTAL ATUAL Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. I Esse equilíbrio permite o ciclo da matéria ou a renovação da matéria, orgânica ou mineral, para suprir as necessidades permanentes dos seres vivos, todavia, as características desenvolvidas pelo homem, como a capacidade de raciocinar e de desenvolver técnicas, colocaram o ser humano no topo de destaque, por conta de sua capacidade de promover impactos sobre o meio (ambiente). Para conseguir os bens e serviços de que necessita para sobreviver, o homem passou a manipu- lar a natureza, portanto, o homem é o principal agente transformador do espaço. Barbieri classifica oambiente em três tipos: ambiente natural, domesticado e fabricado (Quadro1). Dentre os três tipos, o fabricado é o mais dependente dos demais. Exemplo disso são os centros urbanos que são compostos por ambien- tes domesticados e naturais para manterem o abastecimento de alimentos e de outros recursos, como minerais, por exemplo. O resultado disso é o incha- mento dos centros urbanos e o aumento exacerbado de lixo produzido, sendo que grande parte desses materiais não biodegradáveis não tem destinação cor- reta, o que acaba por contaminar solo e água. TIPOS DE MEIO AMBIENTE EXEMPLOS Ambiente natural Matas virgens e outros ambientes ainda inexplorados pelo homem Ambiente domesticado Áreas de reflorestamento, açudes e lagos artificiais Ambiente fabricado Centros urbanos e estradas Quadro 01 - Tipos de ambiente Fonte: Barbieri (2007). Portanto, a relação de exploração do homem sobre o meio ambiente do qual faz parte está caminhando para a insustentabilidade. A capacidade de suporte do meio já está se exaurindo. A capacidade de suporte do meio pode ser entendida como nível de utilização dos recursos naturais que um sistema ambiental ou um ecossistema pode suportar, garantindo-se a sustentabilidade, a conservação de tais recursos e o respeito aos padrões de qualidade ambiental. Sendo assim, não importa se o recurso é reno- vável ou não, o meio ambiente sempre tem uma capacidade máxima de suporte relacionada ao tempo que aquele recurso leva para se regenerar naturalmente. 21 Meio Ambiente e Sociedade Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . Segundo Curi (apud BOFF, 2005, p.35), a ação humana alcançou um alto grau de exploração predatória nos últimos séculos: Como espécie – Homo sapiens ET demens -, temos ocupado 83% do planeta, explorando para nosso proveito quase todos os recursos natu- rais. A velocidade é tal que temos depredado os ecossistemas a ponto de a Terra ter superado já em 20% sua capacidade de suporte e de re- generação. Mais ainda, fizemo-nos reféns de um modelo civilizatório depredador e consumista que, se universalizado, demandaria três planetas seme- lhantes ao nosso. Atualmente, vemos se concretizando todas as alarmantes colocações feitas pelo filósofo Boff. Precisamos de muita urgência e de muitas ações concretas para revertermos o caminho de desastres que nos espera. Infelizmente, o homem é o centro de transformação desse processo e o primeiro passo é uma mudança de visão e comportamento do que o dinheiro não pode comprar, em tão pouco tempo (que é o tempo que nos resta para penalizar de vez o planeta), o que a natureza levou milhões de anos para construir. Hoje, não é incomum ouvirmos que o meio ambiente é um problema do governo, ou então, que não conseguimos mais reverter o quadro ambiental dese- nhado até agora. É verdade que o século XXI tem seu foco voltado em grande parte para as questões ambientais, pois muitas das ações ambientais desenca- deadas são para corrigirmos erros do passado. No entanto, não podemos dizer que o século XX foi o século da depredação ambiental, nem tampouco que foi a Revolução Industrial a grande responsável pela degradação ambiental e pelos impactos que sentimos hoje. Na verdade, a relação do homem com a natureza sempre foi marcada por grandes atos exploratórios, desde a descoberta do fogo, até a descoberta do petróleo e da energia elétrica. Não podemos deixar de men- cionar o desenvolvimento promovido por essas grandes descobertas e todo o conforto gerado à vida das pessoas. Devemos reconhecer que, como afirma o ex-ministro da cultura Gilberto Gil (2005, p. 45), a comunhão entre o homem e o meio ambiente nunca che- gou a se manifestar nos dias mais remotos da nossa existência. Desse modo, cabe a nós concluirmos que o homem nunca se sentiu parte integrante da natu- reza, pois as necessidades geradas com o desenvolvimento desde a pré-história © sh ut te rs to ck A FORMULAÇÃO DA GESTÃO AMBIENTAL ATUAL Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. I nos fizeram pensar somente sobre o que precisávamos e não sobre os limites da nossa forma de exploração. O homem sempre enxergou a natureza como fonte de recursos para satisfazer as suas necessidades. O ser humano sempre ignorou a capacidade de suporte do meio em prol de seus desejos. Na verdade, o que mudou com o passar do tempo foi o poder de destruição das suas ferramentas (GIL, 2005, p. 45). Diamond (apud CURI, 2011), em seu livro “Armas, germes e aço”, esclarece que a forma como a sociedade interage com o meio ambiente pode ser decisiva para o seu apogeu ou para o seu declínio. Entender a relação da natureza com a sociedade é fácil, quando analisa- mos a história e os marcos que influenciaram essa relação. Na pré-história, por exemplo, os nossos ancestrais se dedicavam à pesca e à caça, além da coleta de frutos e vegetais para suprir as suas necessidades. Essa forma de exploração não causava desequilíbrios ecológicos, pois, quando os alimentos ficavam escassos, eles migravam para outro lugar, permitindo que aquele ambiente se regenerasse. Quando o homem pas- sou a domesticar animais e a cultivar seu próprio ali- mento, ele se fixou e foi assim que surgiram os primeiros indícios de orga- nização social, há cerca de 10 mil anos. As civilizações gregas, por exemplo, utiliza- vam o chumbo para fabricar moedas. Cerca de 5% desse metal evaporavam e conta- minavam a atmosfera, chegando até a Groenlândia, onde grande quantidade desse metal foi encontrada nas geleiras recentemente (CURI, 2011). A Idade Média foi marcada pela agricultura que abria espaço derrubando matas para poder produzir mais. Já na época feudal, no século XV, assistiu-se ao fim desse sistema que deu origem ao capitalismo impulsionado pelo comércio. 23 Meio Ambiente e Sociedade Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . Com isso, grande parte do contingente humano do campo migrava para as cidades. O século XVI, marcado pelas grandes descobertas das navegações, foi tam- bém determinante para a exploração predatória da imensa quantidade de recursos extraídos das chamadas “colônias”. Exemplo disso são os portugueses que, ao chegarem ao Brasil, depararam-se com uma abundância inesgotável de recur- sos naturais e minerais, que fez com que muitos dos nossos recursos naturais: ao serem explorados, quase se exaurissem, como é o caso do pau-brasil. Fonte: Revista Brasil Sustentável (2011) A FORMULAÇÃO DA GESTÃO AMBIENTAL ATUAL Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. I Até o século XVIII, o impacto das atividades humanas sobre o meio ambiente só aumentou (CURI, 2011). Com a Revolução Industrial, houve a intensificação da produção para suprir as demandas de consumo que não paravam de cres- cer. A industrialização só alterou a forma de se produzir degradação ambiental. Esse cenário é o que vem se desenhando até os nossos dias, nos quais a ação exploratória do homem sobre a natureza é impulsionada pelo lucro e pelo con- sumismo descontrolado. A preocupação ambiental é uma realidade que só tende a aumentar, visto que os problemas ambientais decorrentes de formas indiscriminadas dos recursos não vêm somente afetando a qualidade de vida das pessoas, mas principalmente, comprometendo a sobrevivência das gerações futuras. Atualmente, as atividades de extração mineral, vegetal e animal têm alimen- tado uma crença ingênua e capacidade ilimitada das suas fontes. Astendências predatórias são acentuadas por novidades como mercadorias descartáveis e pro- dutos tecnológicos que se tornam obsoletos em pouco tempo, exigindo uma exploração mais veloz do meio ambiente como fornecedor de matéria-prima (CURI, 2011). Do ponto de vista ambiental, a história do homem pode ser vista como uma transição gradual do ambiente natural, passando pelo domesticado até o artificial (Figura 1). Não é possível falarmos de ação humana sobre o meio ambiente sem nos lembrarmos da classificação usual para os recursos naturais em renováveis e não renováveis. Há aqueles que preferem não adotar essa classificação por conside- rá-la inadequada, uma vez que todos os recursos podem se renovar por meio de seus ciclos naturais, ainda que para isso possam levar milhões de anos. A pers- pectiva de tempo humano e o modo de usar os recursos são condições que os tornam renováveis ou não, como sugere Barbieri (2007). 25 Meio Ambiente e Sociedade Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . Pré-história e antigui- dade O ser humano não contava com técnicas aprimoradas para mani- pular o meio ambiente, o que reduzia seu impacto ambiental no ecossistema local, a população mun- dial ainda era pequena. Idade Média e Idade Moderna A agricultura era a ativi- dade econômica predo- minante. Embora promo- vesse o desmatamento das florestas nativas, o impacto ambiental do homem ainda não tinha atingido seu ápice. Revolução Industrial em diante O poder de manipulação da natureza atinge seu potencial máximo, trans- formando por completo o meio ambiente e produ- zindo impactos profundos e irreversíveis. Figura 1: Evolução do impacto humano sobre o meio ambiente. Fonte: Curi (2011). O que ocorre quanto à classificação de um recurso em renovável ou não é a utilização que o homem faz desse recurso, como é o caso do petróleo e da água. O tempo de disponibilidade de um recurso está atrelado ao seu modo de extração sustentável, ou seja, deve-se respeitar a capacidade de suporte do meio (Figura 2). Os recursos naturais são bens e serviços originais, ou primários, dos quais todos os demais dependem. Esses envolvem solo, plantas, animais, minerais e tudo o que pode servir para a subsistência humana. Dessa forma, por recurso renovável entende-se aquele que pode ser obtido indefinidamente de uma mesma fonte, enquanto o recurso não renovável apresenta-se numa quantidade finita, passível de esgotamento pela exploração contínua (BARBIERI, 2007). Portanto, não basta discutirmos simplesmente uma classificação mais ade- quada aos recursos naturais, o que devemos pensar e repensar é o nosso modo de vida e as mudanças de comportamento e atitudes exigidas para manter os recursos preservados para as futuras gerações. © sh ut te rs to ck A FORMULAÇÃO DA GESTÃO AMBIENTAL ATUAL Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. I Figura 2: Recursos Naturais – tipos e exemplos. Fonte: Barbieri (2007, p.11). POPULAÇÃO E MEIO AMBIENTE No final do ano de 2011, che- gamos a marca dos 7 bilhões de seres humanos povoando o planeta Terra. As marcas dessa trajetória de crescimento popu- lacional são visíveis sob a ótica ambiental. Alcançamos mui- tas conquistas com essa marca: desmatamentos; poluição da água, do solo e da atmosfera; fome por conta da má distri- buição de recursos financeiros, dentre outros. 27 Meio Ambiente e Sociedade Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . É verídico que o crescimento populacional (Figuras 3 e 4) está ligado à misé- ria, pois muitos países ricos apresentam taxa negativa de crescimento. Muitos países que mantêm um nível de vida elevado para seu povo dependem de recursos obtidos em outros países. Então, trata-se de problemas socioambientais, porque decorrem mais do modo como os diferentes grupos obtêm sua subsistência e menos da disponibilidade de recursos (BARBIERI, 2007). População Mundial: 1950 - 2050 Anos 3 Bilhões 4 Bilhões 5 Bilhões 6 Bilhões 7 Bilhões 8 Bilhões 9 Bilhões Figura 3: Estimativa de crescimento populacional de 1950 a 2050. Fonte: Reuters (2002). Figura 4: Estimativa de crescimento populacional por continente, de 2002 a 2050. Fonte: Reuters (2002) A FORMULAÇÃO DA GESTÃO AMBIENTAL ATUAL Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. I De maneira genérica, podemos dizer que o modo de exploração dos recursos pelo ser humano tem ligação direta com a questão de exploração dos recursos naturais para a sua subsistência. Desse modo de desenvolvimento, surgiu a cha- mada poluição. Somente após a Revolução Industrial, esse termo começou a ser avaliado e repensado. Portanto, as consequências da poluição começaram a ser percebidas de forma descentralizada e gradativa. Como consequência do ato de poluir, temos os chamados impactos ambien- tais, cuja magnitude depende do nível e do tipo de poluição gerada, a qual pode ser classificada sobre diversos critérios (Quadro 2), como relata Barbieri (2007). Segundo o Artigo 1º da Resolução n.º 001/86, do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), Impacto Ambiental é: qualquer alteração das propriedades físicas, químicas, biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que afetem diretamente ou indire- tamente: a saúde, a segurança, e o bem estar da população; as ativida- des sociais e econômicas; a biota; as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente e a qualidade dos recursos ambientais. Falar de impactos ambientais requer uma avaliação da atividade a qual esta- mos nos referindo, pois é difícil compararmos os impactos causados por uma mineradora e aqueles causados por uma indústria têxtil, por exemplo. Quando falamos na relação homem X natureza e nos referimos aos impactos causados pelo agronegócio, os principais temas abordados certamente serão desmata- mento, transgênicos e contaminação por agrotóxicos. 29 Meio Ambiente e Sociedade Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . FONTE DE POLUIÇÃO MEIO RECEPTOR IMPACTOS AMBIENTAIS Origem: Natural, antropogênica Imediato: Ar, água, solo Final: Organismos, mate- riais, ecossistemas Alcance: Local, regional, global Danos: Aos seres humanos: toxicidade aguda ou crônica, alteração gené- tica... Fonte: Móvel, fixa À flora, fauna e aos solos Aos materiais, construção, equi- pamentos, monumentos, sítios aqueológicos... Emissão: Pontual, difusa Tipos de impactos: Eutrofização, acidificação, destrui- ção da camada de ozônio, perda da biodiversidade, aquecimento global... Poluente: Físico, físico-químico, bio- lógico, radioativo, sonoro... Atividades humanas: Agricultura, geração de energia, mineração, indús- trias, saúde, transporte... Quadro 2 - Critérios de classificação da poluição Fonte: Barbieri (2007, p. 22). ■ Fontes naturais – são constituídas por fumaças liberadas em queimas espontâneas, cinzas vulcânicas e tempestades marítimas carregadas de sais. ■ Fontes antropogênicas – decomposição de material orgânico presente no solo, refinarias de petróleo, fábricas de celulose, ou por processos indus- triais. Cada qual produz poluentes específicos, dependendo da atividade geradora (Quadro 3). ■ Fontespontuais – fábricas, hospitais, depósitos, portos, veículos etc. ■ Fontes difusas – lixo deixado na beira de estradas, partículas de fertili- zantes agrícolas levados pela chuva, entre outros. A FORMULAÇÃO DA GESTÃO AMBIENTAL ATUAL Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. I SETOR POLUENTES Agropecuária Metano (CH4), dióxido de carbono (CO2), compostos orgânicos voláteis (COV), metais pesados, embalagens de agrotóxicos, materiais não aproveitados, materiais particulados. Mineração CO2, monóxido de carbono (CO), óxidos de nitrogênio (NOX), óxidos de enxofre (SO2), metais pesados, águas residuárias, resíduos sólidos, ruídos, vibração. Siderurgia SO2, NO2, CO, COV, DBO, escórias e lodos de tratamen-tos de efluentes, ruídos, materiais particulados. Metais não metálicos SO2, CO, materiais particulados, DBO, lodos de trata-mentos de efluentes, ruídos. Usinas termoelétricas Materiais particulados, lodos, CO, CO2, CH4, NOx, SO2. Têxtil Materiais particulados, SO2, HC, DBO, ruídos. Refinaria de petróleo SO2, NOx, CO, COV, DBO, DCO, materiais particulados, derramamentos. Transporte CO, CO2, NOx, SO2, materiais particulados, hidrocar- bonetos, derramamentos de óleos e combustíveis, ruídos. Quadro 3 - Exemplos de poluentes de diferentes setores Fonte: adaptado de Barbieri (2007, p. 23). A permanência de um poluente no meio ambiente depende de suas característi- cas físico-químicas, bem como das próprias características dele como: umidade, luminosidade, grau de acidez. A trajetória dos poluentes depende das interações entre tais fatores. Portanto, dar destinação adequada aos poluentes é uma ques- tão muito importante, necessária e urgente, cuja finalidade é reduzir o grau de impacto ambiental dessas substâncias sobre o meio ambiente e sobre a saúde da população. © sh ut te rs to ck 31 Meio Ambiente e Sociedade Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . MUDANÇAS CLIMÁTICAS E ECONOMIA Olhar para trás é buscar enxergar o que talvez não conseguimos perceber no momento exato de impedir que algo de ruim acontecesse. Se observarmos a his- tória e conseguirmos tirar dela os bons e maus exemplos para nos servirem de guia, certamente erraremos muito menos no presente. Pensando assim, se formos capazes de entender quanto mal fizemos ao meio ambiente e o quanto estamos e tendemos a sofrer com as chamadas mudanças climáticas, aquecimento global, e outras consequências do nosso estilo de desenvolvimento atual, baseado no consumismo desenfreado, iremos entender quão importante são nossas ações. O século XXI é o século do meio ambiente, afinal nunca ouvimos e trata- mos as questões ambientais com tanta pompa como agora. Há muitas discussões e propostas apontadas por diferentes nações, para minimizar os impactos que viemos provocando, já faz um bom tempo. A única certeza é a de que não pode- mos mais ignorar os sinais que a natureza está emitindo, ou repensamos nosso modo de vida, ou inventamos uma nova fórmula para sobreviver sem os recur- sos naturais. ©Christian Johnsson A FORMULAÇÃO DA GESTÃO AMBIENTAL ATUAL Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. I Segundo reportagem da Revista Super Interessante (2011), a última década registrou 50 de 180 maio- res enchentes dos últimos 100 anos. Somente no Rio de janeiro, no verão de 2011, foram 700 mortos e 14000 desalojados por conta de desastres promovidos por enchentes. Na Índia e China, dois países superpopulosos, as enchentes matam milhões, sem contar as doenças que disseminam. Pela primeira vez, foi provado que os gases de efeito estufa são responsáveis pelo aumento das chuvas. “Agora podemos dizer com confiança que o aumento da intensidade de chuvas no final do século XX não pode ser explicado pelos modelos climáticos existen- tes”, disse a pesquisadora Gabriele Hegerl à revista Nature. Ela é líder de pesquisa na Universidade de Edimburgo, no Reino Unido. E aí? Ainda vamos dizer que não temos nada a ver com isso? Svante Arrhenius era um desconhecido físico sueco quando, em 1896, fez um alerta: se a humanidade continuasse a emitir dióxido de carbo- no na atmosfera no mesmo ritmo que fazia desde a alvorada da Revo- lução Industrial, em 1750, a temperatura média do planeta subiria de maneira dramática, em decorrência do efeito estufa (REVISTA VEJA, 2009). Segundo a Revista Super Interessante (2011), existe um alarmante cenário de seca a nossa espera. A falta de água poderá atingir cerca de 2/3 da população em 2025. África, Ásia, Austrália, Estados Unidos e até o nordeste brasileiro já estão em situação de escassez ou próximo disso. A imigração é o resultado mais certeiro nessas situações, em busca de alimentos e água. As previsões apontam para um aumento na ocorrência de secas e evaporação dos solos, em virtude da alta temperatura, mas as chuvas promovidas por esse vapor caíram em outras regiões, tornando os solos mais áridos. “Precisamos ser mais eficientes com nos- sos recursos”, diz Michael Hayes, diretor do Centro Nacional de Mitigação da Seca, dos EUA. 33 Meio Ambiente e Sociedade Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . Uso de energia suja no Brasil Entendemos por energia suja aquela que, quando utilizada, causa danos à saúde das pessoas e ao meio ambiente, provocando a poluição do ar. Essas fontes de energia suja são utilizadas, na maioria das vezes, para gerar a energia elétrica, como nos casos das usinas termelétricas que usam o carvão mineral, ou nos meios de transporte. Em se tratando de Brasil, embora tenhamos potencial hidroelétrico, ainda uti- lizamos energia suja, pois a geração de energia das hidrelétricas não é suficiente. Essas usinas ainda podem ser utilizadas em caso de crise hídrica, quando os reservatórios de água das hidrelétricas ficam muito baixos. Temos como exem- plo a situação da crise hídrica do verão 2013/2014, quando o nível de chuvas ficou muito abaixo do normal (www.suapesquisa.com). A Energia mais suja do Brasil As 260 usinas termelétricas instaladas nos estados do Acre, Rondônia, Amapá, Amazonas, Pará, Roraima e Mato Grosso queimam 6,3 milhões de litros de óleo por dia. Isso significa em termos de poluição: Seis milhões de toneladas de CO2 por ano, o dobro das emissões de poluentes de toda a frota de veículos da cidade de São Paulo. Cada petroleiro que abastece Manaus com óleo diesel produz poluentes equivalentes à queima de uma área de 28 hectares de floresta. Viagem longa e cara O óleo diesel que abastece as 260 usinas termelétricas, veículos e embarcações da Amazônia chega a Manaus em petroleiros vindos do Sudeste do Brasil ou é importado de países como Venezuela, Estados Unidos, Índia e Coreia do Sul. O ponto de partida de 50% dos petroleiros é o terminal da Petrobrás em São Sebastião, no litoral de São Paulo. A distância entre São Sebastião e Manaus é de 5930 quilômetros, o custo mensal da operação é de 10 milhões de reais, o óleo diesel por mês custa 180 milhões de litros, cinco petroleiros por mês são neces- sários e a duração da viagem é de 15 dias. ©shutterstock A FORMULAÇÃO DA GESTÃO AMBIENTAL ATUAL Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. I Um estudo realizado por pesquisadores das principais instituições públicas e pri- vadas do país afirma que a economia brasileira poderá perder até R$ 3,6 trilhões nos próximos 40 anos, em decorrência das mudanças climáticas.O estudo (denominado de Economia das Mudanças do Clima no Brasil) abordou vários setores, como: agricultura, energia, uso da terra e desmatamento, biodiversidade, recursos hídricos, zona costeira, migração e saúde, e descreveu que em 2050 o PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro seria de R$ 15,3 trilhões a R$ 16 trilhões, caso não houvesse mudanças no clima. Se forem considerados os impactos das mudanças climáticas, esses montantes seriam reduzidos de 0,5% a 2,3%. Conforme o documento, as perdas acumuladas até 2050 ficariam entre R$ 719 bilhões e R$ 3,6 trilhões. Foram projetados dois cenários para o Brasil, que levaram em conta duas possíveis trajetórias do clima futuro, desenvolvidas pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC). Os resultados do estudo provaram os seguintes fatos: é muito melhor antecipar essas mudanças; assumir políticas públicas de redução de emissões, por parte do setor produtivo; o Brasil deve reduzir o desmatamento. “Com tudo isso, estaremos reduzindo custos”, disse à BBC Brasil o coordenador do estudo, Jacques Marcovitch, pro- fessor da FEA/USP. O estudo estima que as mudanças climáticas resultariam em redução de 40% da cobertura florestal na região sul-sudeste-leste da Amazônia, que será substituída pelo bioma savana. No Nordeste, a redução de chuvas causaria perdas na agri- cultura e reduziria a capacidade de pastoreio de bovinos de corte. Nesse cenário, a saída seria as modificações genéticas, servindo como alternativas para reduzir os impactos das mudan- ças climáticas na agricultura, o que exigiria investimentos em pesquisa da ordem de R$ 1 bilhão por ano. 35 Os Grandes Marcos Ambientais Mundiais Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . No setor de energia, precisaria instalar capacidade extra de geração, a exem- plo da geração por gás natural, bagaço de cana e energia eólica, com custo entre US$ 51 bilhões e US$ 48 bilhões. O documento ainda sugere medidas mitiga- doras, como substituição de combustíveis fósseis, taxação de emissão de CO2, entre outras. OS GRANDES MARCOS AMBIENTAIS MUNDIAIS CONFERÊNCIA DE ESTOCOLMO EM 1972 A Conferência chamou a atenção das nações para o fato de que a ação humana estava causando séria degradação da natureza e criando severos riscos para o bem-estar e para a própria sobrevivência da humanidade. Foi marcada por uma visão antropocêntrica de mundo, em que o homem era tido como o centro de toda a atividade realizada no planeta, desconsiderando o fato de a espécie humana ser parte da grande cadeia ecológica que rege a vida na Terra. Essa Conferência se destacou pelo confronto entre as perspectivas tanto dos países desenvolvidos quanto dos países em desenvolvimento. Propuseram um programa internacional voltado para a Conservação dos recursos naturais e gené- ticos do planeta. A Conferência produziu a Declaração sobre o Meio Ambiente Humano, uma declaração de princípios de comportamento e responsabilidade que deveriam governar as decisões concernentes às questões ambientais. Outro resultado formal foi um Plano de Ação que convocava todos os países, os orga- nismos das Nações Unidas, bem como todas as organizações internacionais a cooperarem na busca de soluções para uma série de problemas ambientais. A FORMULAÇÃO DA GESTÃO AMBIENTAL ATUAL Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. I RIO 92 OU CÚPULA DA TERRA Com o objetivo de avaliar como os países haviam promovido a Proteção ambiental desde a Conferência de Estocolmo de 1972, a Assembleia Geral da ONU convo- cou a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD), que ficou conhecida como “Cúpula da Terra”, e marcou sua reali- zação para o mês de junho de 1992, de maneira a coincidir com o Dia do Meio Ambiente. Dentre os objetivos principais dessa conferência, destacaram-se os seguintes: 1. examinar a situação ambiental mundial desde 1972 e suas relações com o estilo de desenvolvimento vigente; 2. estabelecer mecanismos de transferência de tecnologias não poluentes aos países subdesenvolvidos; 3. examinar estratégias nacionais e internacionais para a incorporação de critérios ambientais ao processo de desenvolvimento; 4. estabelecer um sistema de cooperação internacional para prever amea- ças ambientais e prestar socorro em casos emergenciais; 5. reavaliar o sistema de organismos da ONU, eventualmente criando novas instituições para implementar as decisões da conferência. Como produto dessa Conferência, foram assinados 05 documentos, quais sejam: 1. Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento - Trata- -se de uma carta contendo 27 princípios que visam estabelecer um novo estilo de vida, um novo tipo de presença do homem na Terra, por meio da proteção dos recursos naturais, da busca do desenvolvimento susten- tável e de melhores condições de vida para todos os povos. 2. Agenda 21 - A Agenda 21 é um abrangente plano de ação para ser imple- mentado pelos governos, agências de desenvolvimento, organizações das Nações Unidas e grupos setoriais independentes em cada área em que a atividade humana afeta o meio ambiente. As quatro seções se subdividem em capítulos temáticos que contêm um conjunto de áreas e programas. Tais seções abrangem os seguintes temas: 37 Os Grandes Marcos Ambientais Mundiais Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . ■ dimensões econômicas e sociais: trata das relações entre meio ambiente e pobreza, saúde, comércio, dívida externa, consumo e população; ■ conservação e administração de recursos: trata das maneiras de gerenciar recursos físicos para garantir o desenvolvimento sustentável; ■ fortalecimento dos grupos sociais: trata das formas de apoio a grupos sociais organizados e minoritários que colaboram para a sustentabilidade; ■ meios de implementação: trata dos financiamentos e papel das ativida- des governamentais. 3. Princípios para a Administração Sustentável das Florestas - Os países par- ticipantes da CNUMAD adotaram essa declaração de princípios visando a um consenso global sobre o manejo, conservação e desenvolvimento sustentável de todos os tipos de florestas. Apesar de controvertido, esse foi o primeiro tratado a abordar a questão florestal de maneira universal. 4. Convenção da Biodiversidade - A Convenção da Biodiversidade foi assi- nada no Rio de Janeiro, em 1992, por 156 Estados e uma organização de integração econômica regional. Os objetivos da convenção estão expres- sos em seu artigo de número 1: Os objetivos dessa Convenção, a serem observados de acordo com as disposições aqui expressas, são a conservação da biodiversidade, o uso sustentável de seus componentes e a divisão equitativa e justa dos bene- fícios gerados com a utilização de recursos genéticos, através do acesso apropriado a referidos recursos, e através da transferência apropriada das tecnologias relevantes, levando-se em consideração todos os direi- tos sobre tais recursos e sobre as tecnologias, e através de financiamen- to adequado (MMA – Ministério do Meio Ambiente). A FORMULAÇÃO DA GESTÃO AMBIENTAL ATUAL Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. I 5. Convenção sobre Mudança do Clima - Foi assinada em 1992, no Rio de Janeiro, por 154 Estados e uma organização de integração econômica regional. Seus objetivos são: ■ estabilizar a concentração de gases efeito estufa na atmosfera num nível que possa evitar uma interferência perigosa com o sistemaclimático; ■ assegurar que a produção alimentar não seja ameaçada; ■ possibilitar que o desenvolvimento econômico se dê de forma sustentável. PROTOCOLO DE KYOTO No ano de 1997, ocorreu a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas na cidade de Kyoto, no Japão. Nessa ocasião, foi criado um acordo internacional denominado “Protocolo de Kyoto”, o qual entrou em vigor no ano de 2005. O acordo apresentou como objetivo maior estabilizar a emissão de gases de efeito estufa (GEE), visando à redução do aquecimento global e seus impactos. Foi assinado por 184 países que participaram da convenção e foram divididos em dois grupos, de acordo com seu grau de desenvolvimento/industrialização: países desenvolvidos (considerados anexo I) e países em desenvolvimento (não anexo I), sendo que cada grupo apresenta obrigações diferentes em relação ao Protocolo (Quadro 4). Entre os países desenvolvidos, destaca-se o fato de os Estados Unidos da América não ter ratificado esse tratado. Alemanha Islândia Austrália Itália Áustria Japão Bélgica Letônia Bulgária Liechtenstein Canadá Luxemburgo Dinamarca Mônaco Eslováquia Noruega 39 Os Grandes Marcos Ambientais Mundiais Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . Espanha Nova Zelândia Estados Unidos Países Baixos Estônia Polônia Federação Russa Portugal Finlândia Reino Unido França República Tcheca Grécia Romênia Hungria Suécia Irlanda Suíça Quadro 4 - Países que compõem o anexo I do Protocolo de Kyoto Fonte: Curi (2001, p. 38). O protocolo de Kyoto impôs tarefas mais árduas aos países desenvolvidos, de acordo com o princípio de “Responsabilidades comuns, porém diferenciadas”, fato que está ligado ao reconhecimento de tais países como os principais respon- sáveis pelos atuais níveis elevados de emissões de GEE na atmosfera. Os países desenvolvidos que assinaram o protocolo assumiram o compromisso de redu- zir em 5,2% suas emissões de gases do efeito estufa, considerando os níveis que emitiam em 1990, tendo um período entre 2008 e 2012 para cumprir a meta, o qual é denominado como primeiro período de compromisso. Visando à redu- ção das emissões dos GEE, foram propostos três Mecanismos de Flexibilização pelo Protocolo de Kyoto: 1) implementação conjunta: abrange a implantação de projetos de redução de emissões de GEE entre países do Anexo I; 2) comércio e Emissões: permite que países do Anexo I que tenham reduzido suas emissões abaixo de sua meta transfiram o excedente de suas reduções para outros países do Anexo I que não tenham obtido sua meta; 3) mecanismos de Desenvolvimento Limpo: permite que países desenvolvi- dos invistam em projetos de energia limpa nos países em desenvolvimento; A FORMULAÇÃO DA GESTÃO AMBIENTAL ATUAL Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. I Os países em desenvolvimento (não anexo I) não apresentam metas obriga- tórias de redução de GEE, mas devem participar também da redução desses gases a partir de ações governamentais e projetos descritos no Mecanismo de Desenvolvimento Limpo. Os países pertencentes ao não anexo I podem comer- cializar créditos de carbono gerados por projetos que estejam reduzindo a emissão de GEE para países desenvolvidos. Segundo Curi (2011), o crédito de carbono é um direito de poluir que pode ser vendido para países do anexo I, ou seja, uma moeda ambiental. Cada crédito de carbono representa a retirada da atmosfera de uma tonelada de CO2, com a compra de créditos, o comprador passa a ter o direito de emitir o equivalente em gases-estufa. Para você entender: Créditos de carbono ou Redução Certificada de Emissões (RCE) são certifica- dos emitidos quando ocorre a redução de emissão de gases do efeito estufa (GEE). Por convenção, uma tonelada de dióxido de carbono (CO2) equiva- lente corresponde a um crédito de carbono. Créditos de carbono criam um mercado para a redução de GEE dando um valor monetário à redução da poluição. O mercado ficou estabelecido a par- tir da assinatura, em 1997, do Protocolo de Kyoto, que estabeleceu metas de redução de emissões de dióxido de carbono para os países mais industriali- zados do planeta. Para que esses países consigam atingir suas metas, o protocolo lhes permite comprar os créditos de carbono de outras nações, como o Brasil, que tam- bém é signatário do acordo. Leia mais no site do Ministério de Ciência e Tecnologia: <www.mct.gov.br> Fonte: GREENCO2. Créditos de carbono - O que são. São Paulo. Disponível em: <http://www.greenco2.net/credito_oquesao.shtml>. Acesso em: 18 maio. 2015. 41 Os Grandes Marcos Ambientais Mundiais Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . CO-GERAÇÃO De acordo com o SEBRAE, a co-geração é o segmento mais explorado pelo Brasil no mercado de créditos de carbono, com 67 projetos aprovados, segundo o Ministério do Meio Ambiente. Um exemplo é a utilização do bagaço de cana para geração de energia nas usinas, um processo que rende créditos por preser- var a biomassa que seria queimada. Para medir os valores, existem metodologias que calculam quanto CO2 deixa de ser lançado no meio ambiente. Ainda segundo o SEBRAE, o segundo segmento mais explorado no país, com 22 projetos, é a produção de biogás por intermédio de disposição e manejo de dejetos. Nesse caso, a simples queima do biogás já é enquadrada no MDL. Outra forma de obter créditos com o biogás é sua utilização como combustí- vel, para geração de energia elétrica, térmica ou mecânica na propriedade rural, contribuindo para a redução dos custos de produção. Nas granjas de suínos, por exemplo, a energia obtida a partir dos dejetos dos animais pode alimentar as lâmpadas utilizadas para aquece-los. CONFERÊNCIA DE COPENHAGUE OU COP-15 A COP-15 ou 15ª Conferência das Partes, realizada pela UNFCCC – Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, de 7 a 18 de dezembro de 2009 em Copenhague (Dinamarca), foi espera- da com enorme expectativa por diversos governos, ONGs, empresas e pessoas interessadas para saber como o mundo vai resolver a ameaça do aquecimento global. De acordo com o 4º relatório do IPCC – Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas, publicado em 2007, a temperatura da Terra não pode aumentar mais do que 2º C, em relação à era pré-industrial, até o final deste século, ou as alterações climáticas sairão completamente do controle. Para isso, é necessário reduzir a concentração de gases de efeito estufa na atmosfera, já que são eles os responsáveis por reter mais calor na superfície terrestre. O ideal é que a quantidade de carbono não ultrapassasse os 350ppm, no entanto, já estamos em 387ppm, número que cresce 2ppm/ano. A FORMULAÇÃO DA GESTÃO AMBIENTAL ATUAL Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. I Diminuir a emissão de gases de efeito estufa implica modificações profundas no modelo de desenvolvimento econômico e social de cada país, como a redução do uso de combustíveis fósseis, a opção por ma- trizes energéticas mais limpas e renováveis, o fim do desmatamento e da devastação florestal e a mudança de nossos hábitos de consumo e estilos de vida. Por isso, até agora, os governos têm se mostrado bem menos dispostos a reduzir suas emissões de carbono do que deveriam (PLANETA SUSTENTÁVEL, online). Era para os países assinarem cortes de gases-estufa, segundo as recomen- dações científicas do IPCC. Mas o fruto de dois anos de preparativos e duas semanasde conferência foi um texto com duas páginas e meia. Não estabelece- ram metas; apresentaram algumas cifras, mas não explicaram como o dinheiro seria captado e administrado. Segundo a ONU, dos 111 países e União Europeia que expressaram apoio ao acordo de Copenhague, 75 países fixaram meta de emissão de gases-estufa para 2020. Mais preciso no capítulo financeiro do que no relativo à redução de emis- sões, o Acordo de Copenhague - um documento político não vinculante – apenas previu uma ajuda aos países mais vulneráveis de 30 bilhões de dólares em três anos (2010 a 2012) e um aumento progressivo para alcançar os cem bilhões de dólares anuais em 2020. O acordo de Copenhague foi criticado por muitos, uma vez que não estabe- leceu limites à poluição e indicou que os países concordassem que a tempe- ratura do planeta não poderia subir mais de 2º C até 2020. Prevendo ações para a manutenção do aumento da temperatura global a 2º C. No acordo não foi previsto qualquer redução de emissões dos gases que provocam o efeito estufa. Neste documento, foi descritA a criação de um fundo emer- gencial de US$ 30 bilhões pelos próximos três anos, para ajudar países po- bres a combater UM causas e efeitos das mudanças do clima e também para arrecadar fundos aos financiamentos de longo prazo de até US$ 100 bilhões até 2020. Para saber mais sobre o Acordo de Copenhague na íntegra, acesse o site: <http://g1.globo.com/Sites/Especiais/Noticias/0,,MUL1421535-17816,00. html> 43 Os Grandes Marcos Ambientais Mundiais Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . RIO+20: DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentá- vel (UNCSD), que foi organizada em conformidade com a Resolução 64/236 da Assembleia Geral (A/RES/64/236), tendo como país sede o Brasil de 20 a 22 de junho de 2012 marcando o 20º aniversário da Con- ferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (UNCED), que ocorreu no Rio de Janeiro em 1992, e o 10º aniversário da Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável (WSSD), ocor- rida em Johanesburgo em 2002. Com a presença de Chefes de Estado e de Governo ou outros representantes a expectativa foi de uma Con- ferência do mais alto nível, sendo que dela resultou a produção de um documento político focado. O objetivo da Conferência foi a renovação do compromisso político com o desenvolvimento sustentável, por meio da avaliação do progres- so e das lacunas na implementação das decisões adotadas pelas princi- pais cúpulas sobre o assunto e do tratamento de temas novos e emer- gentes (BRASIL, 2012, online). Os principais temas debatidos foram: (a) uma revisão do que foi feito nos últi- mos 20 anos em relação ao meio ambiente; (b) a importância e os processos da Economia Verde; (c) ações para garantir o desenvolvimento sustentável do pla- neta; (d) maneiras de eliminar a pobreza; (e) a governança internacional no campo de desenvolvimento sustentável. O documento com 53 páginas destaca aspectos sociais e ressalta o esforço conjunto para o combate à pobreza e à fome, à proteção das florestas, dos ocea- nos e da biodiversidade e o incentivo à agricultura e à energia sustentável. A FORMULAÇÃO DA GESTÃO AMBIENTAL ATUAL Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. I Em cada um dos 253 itens do texto final, há algum tipo de afirmação, seja reconhecendo um problema, seja se comprometendo com algum ideal ou mesmo propondo alguma ação específica. No entanto, a maior parte do documento ape- nas reforça ou reafirma compromissos estabelecidos em outras conferências, como a ECO-92, realizada há 20 ano, também no Rio de Janeiro, o que despertou críti- cas de ecologistas, organizações sociais e até delegações dos governos. Enquanto isso, alguns dos temas mais polêmicos, como a negociação das formas de finan- ciamento das metas estabelecidas, acabaram adiando para os próximos anos a definição de medidas práticas para garantir a proteção do meio ambiente. Muitos analistas disseram que a crise econômica mundial, principalmente nos Estados Unidos e na Europa, prejudicou as negociações e tomadas de decisões práticas. A Rio+20 ou Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sus- tentável reuniu líderes mundiais, os quais discutiram medidas com o obje- tivo de favorecer o progresso juntamente com à preservação do meio am- biente nas próximas décadas. Os dois temas principais discutidos foram a economia verde e a cooperação global. A economia verde trata-se de um modelo de crescimento econômico baseado na baixa emissão de carbono e no uso inteligente dos recursos naturais. Para você conhecer na íntegra o documento sobre a Conferência das Nações Unidas, acesse o link: <http://rio20.ebc.com.br/wp-content/uploads/2012/06/TheFutureWeWa- nt.pdf> Fonte: Confira os resultados da cobertura integrada da EBC. EBC, Empresa Brasil de Comunicação, Rio de Janeiro, 2012. Disponível em: <http://rio20.ebc.com.br/wp- -content/uploads/2012/06/TheFutureWeWant.pdf>. Acesso em: 18 maio 2015. 45 Gestão Ambiental Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . GESTÃO AMBIENTAL O SURGIMENTO DA GESTÃO AMBIENTAL NO CONTEXTO AMBIENTAL A Gestão Ambiental surgiu da necessidade do ser humano organizar melhor suas diversas formas de se relacionar com o meio ambiente (MORALES, 2006). A seguir, são descritos alguns marcos que contribuíram para a formação his- tórica da gestão ambiental, fizeram o mundo repensar acerca do desenvolvimento e a relação deste com o meio ambiente e a sociedade, até chegar à formulação da gestão ambiental na atualidade. Uma indicação bastante interessante são os apontamentos descritos no re- latório publicado pelo PNUMA (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente), conhecido como GEO-3 (Panorama Ambiental Global), em que são abordados os principais problemas ambientais que estão afligindo a humanidade. Dentre os problemas, está a concentração de gás carbônico na atmosfera, que provoca o aquecimento global terrestre; a crescente es- cassez de água potável devido a um aumento da população; o desenvol- vimento industrial e a expansão da agricultura irrigada; a degradação dos solos por erosão, salinização; o avanço contínuo da agricultura irrigada em grande escala; os desmatamentos; a poluição dos rios, lagos, zonas costeiras e baías, pelo despejo de resíduos e dejetos industriais e orgânicos; os des- matamentos contínuos. Para você conhecer melhor esses apontamentos sobre os principais proble- mas ambientais para a humanidade, acesse: <http://www.espacoacademico.com.br/014/14crattner.htm> Fonte: RATTNER, Henrique. Meio ambiente e desenvolvimento sustentável: o mundo na encruzilhada da História. Revista Espaço Acadêmico, São Paulo, ano II, n. 14, jul. 2002. Disponível em: <http://www.espacoacademico.com.br/014/14crattner.htm>. Acesso em: 18 maio 2015. A FORMULAÇÃO DA GESTÃO AMBIENTAL ATUAL Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. I Década de 1940 a 1950: ■ Bombas Atômicas em Hiroshima e Nagasaki. Década de 1960: ■ Industrialização acelerada - aceitação da ideia de que os prejuízos ambien- tais devem ser assumidos pela sociedade, em favor do desenvolvimento econômico. ■ Preocupação com acidentes de trabalho. ■ Legislação ambiental incipiente no Brasil. ■ Publicação do romance “Silent Spring” (Primavera Silenciosa), da bióloga americana Rachel Carson, que contribuiu decisivamente para a proibi- ção do usodo DDT. Década de 70: ■ Conferência de Estocolmo, promovida pela ONU em 1972. ■ Crise do Petróleo e aceleração dos programas nucleares na Europa. ■ Surgimento das ONG’s - em 1971, nasce o Greenpeace, que apresenta uma das atuações mais radicais em favor do meio ambiente. ■ Inicia-se a implantação da tecnologia de fim de tubo (ponto de descarga). ■ Em 1974, pela primeira vez, cientistas americanos chamam a atenção do mundo para os perigos da destruição da camada de ozônio, pelo uso dos CFCs. ■ Criação da Agência Ambiental Americana (EPA), do Selo Verde na Alemanha e do Anjo Azul na França. Década de 80: ■ Instituição da Política Nacional do Meio ambiente, em 1981, e criação de diversos órgãos de atuação ambiental. 47 Gestão Ambiental Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . ■ Legislação ambiental sobre zoneamento ambiental, licenciamento de ativi- dades poluidoras e avaliação de impacto ambiental (Resolução CONAMA 1/86), dentre outras. ■ Preocupação das empresas em atender às exigências dos órgãos ambientais. ■ Inclusão do planejamento ambiental nas empresas, investimentos e sis- temas de controle. ■ Pouca (ou nenhuma) visão das oportunidades de ganho decorrentes de uma gestão ambiental eficaz. ■ Mobilização das comunidades. ■ Convenção de Viena, de 1985, e o Protocolo de Montreal, em 1987, sobre o uso de substâncias nocivas à camada de ozônio. ■ Aprovação e divulgação pela ONU, em 1987, do Relatório “Nosso Futuro Comum”, no qual foi defendido o conceito de Desenvolvimento Sustentável. Década de 90: ■ Conferência Rio-92, que consolidou o conceito de desenvolvimento sus- tentável e aprovou a Agenda 21. ■ Promulgada, em 1991, pela Câmara Internacional do Comércio (ICC), a “Carta de Roterdã”, conhecida também por “Princípios do desenvolvi- mento sustentável”. ■ Gestão Proativa (ações preventivas para evitar a poluição no ponto de geração). ■ Intensificação da mobilização das comunidades, de forma organizada e reivindicativa. ■ Adesão das empresas a princípios estabelecidos por determinados gru- pos, com base no conceito de desenvolvimento sustentável. Exemplos: “Responsible Care” (Atuação Responsável), da Associação de Indústrias Químicas e “Princípios do Desenvolvimento sustentável”, da ICC. A FORMULAÇÃO DA GESTÃO AMBIENTAL ATUAL Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. I ■ Emissão da Norma ISO 14001 – Sistema de Gestão Ambiental, com ade- sões em escala crescente por parte das empresas internacionais e nacionais, antes mesmo de sua versão final em Outubro de 1996. ■ Negociações internacionais sobre a redução das emissões de CO2 (Protocolo de Kyoto). ■ Surgimento da legislação brasileira sobre “crimes ambientais” (1998). Década de 2000: ■ Introdução do conceito do ciclo de vida do produto (análise ambiental de todas as etapas de produção, incluindo fornecedores e consumidores, conhecida também pela expressão “do berço ao túmulo”). ■ Integração das questões ambientais às estratégias de negócios, gestão ambiental vista como um diferencial competitivo e um fator de melho- ria organizacional. ■ Exploração do “ecomarketing”; “empresa cidadã”; preocupação da empresa frente à sociedade. GESTÃO AMBIENTAL: DEFINIÇÃO Segundo a Enciclopédia Britânica, “gestão ambiental é o controle apropriado do meio ambiente físico, para propiciar o seu uso com o mínimo de abuso, de modo a manter as comunidades biológicas, para o benefício continuado do ser humano.” Ou ainda, a Gestão Ambiental consiste na administração do uso dos recursos ambientais, por meio de ações ou medidas econômicas, investimentos e potenciais institucionais e jurídicos, com a finalidade de manter ou recuperar a qualidade de recursos e desenvolvimento social (CAMPOS, 2002). 49 Gestão Ambiental Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . Há outros autores que definem Gestão Ambiental como: diretrizes e atividades administrativas e operacionais como planeja- mento, direção, controle, alocação de recursos e outras realidades com o objetivo de obter efeitos positivos sobre o meio ambiente, quer re- duzindo ou eliminando os danos ou problemas causados pelas ações humanas, quer evitando que eles surjam (BARBIERI, 2007, p. 25). Ou o “conjunto de medidas e procedimentos definidos e adequadamente aplicados que visam reduzir e controlar os impactos introduzidos por um empreendimento sobre o meio ambiente” (VALLE, 2000, p. 39). Meyer (2000) apresenta a gestão ambiental da seguinte forma: ■ objeto de manter o meio ambiente saudável (à medida do possível), para atender as necessidades humanas atuais, sem comprometer o atendimento das necessidades das gerações futuras; ■ meio de atuar sobre as modificações causadas no meio ambiente pelo uso e/ou descarte dos bens e detritos gerados pelas atividades humanas, a partir de um plano de ação viável, técnica e economicamente, com prio- ridades perfeitamente definidas; ■ instrumentos de monitoramentos, controles, taxações, imposições, sub- sídios, divulgação, obras e ações mitigadoras, além de treinamento e conscientização; ■ base de atuação de diagnósticos (cenários) ambientais da área de atua- ção, a partir de estudos e pesquisas dirigidos em busca de soluções para os problemas que forem detectados. A gestão ambiental deve visar o uso de práticas que garantam a conser- vação e preservação da biodiversidade, a reciclagem das matérias-pri- mas e a redução do impacto ambiental das atividades humanas sobre os recursos naturais. Fazem parte também do arcabouço de conheci- mentos associados à gestão ambiental técnicas para a recuperação de áreas degradadas, técnicas de reflorestamento, métodos para a explo- ração sustentável de recursos naturais, e o estudo de riscos e impactos ambientais para a avaliação de novos empreendimentos ou ampliação de atividades produtivas (FRANCISCO, online). A FORMULAÇÃO DA GESTÃO AMBIENTAL ATUAL Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. I A prática da gestão ambiental introduz a variável ambiental no planejamento empresarial e, quando bem aplicada, permite a redução de custos diretos (pela diminuição do desperdício de matérias-primas e de recursos cada vez mais escas- sos e dispendiosos, como água e energia) e de custos indiretos (representados por sanções e indenizações relacionadas aos danos ao meio ambiente ou à saúde de funcionários, e da população de comunidades que tenham proximidade geográ- fica com as unidades de produção da empresa). Um exemplo prático de políticas para a inserção da gestão ambiental em empresas tem sido a criação de leis que obrigam a prática da responsabilidade pós-consumo. Podemos citar, nesSe caso, a logística reversa aplicada às embalagens de agrotóxicos. A gestão ambiental se aplica a uma grande variedade de iniciativas relativas a qualquer tipo de problema ambiental. A qualidade de vida e a própria sobre- vivência da sociedade humana não podem ser estudadas simplesmente como variáveis do sistema econômico. O desafio é ultrapassar essa visão reducionista para alcançar soluções capazes de harmonizar o plano econômico, ambiental e social. A adoção de procedimentos mais responsáveis em relação aos efeitos ambientais das atividades econômicas é um jogo que não admite perdedores (ANDREOLI, 2002). A adoção da gestão ambiental deve passar por uma mudança em sua cultura empresarial e por uma revisão de seus paradigmas (Quadro
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