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Direito do Consumidor Resumido

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MAGISTRATURA ESTADUAL (Grupo de estudo) 
MEGE 
https://www.facebook.com/groups/magistraturaestadualgrupodeestudo/ 
 
 
DIREITO DO CONSUMIDOR RESUMIDO 
 
O intuito do material é servir de apoio para revisão em qualquer das fases do 
concurso da magistratura estadual na esfera consumerista. A abordagem é pautada em pontos 
legais, doutrinários e jurisprudenciais de forma simples e objetiva. O conteúdo é resultado da 
conjugação de materiais diversos com uma visão direcionada aos temas mais abordados em provas. 
Pressupõe a leitura do Código de Defesa do Consumidor e doutrina básica. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ARNALDO BRUNO OLIVEIRA 
1. ART. 1º, CDC 
Art. 1° O presente código estabelece normas de proteção e defesa do consumidor, 
de ordem pública e interesse social, nos termos dos art. 5°, inciso XXXII, 170, 
inciso V, da Constituição Federal e art. 48 de suas Disposições Transitórias. 
Ordem pública: o juiz pode intervir de ofício nas relações de consumo. 
Exceção: Súmula 381, STJ – nos contratos bancários o juiz está proibido de declarar de 
ofício a abusividade das cláusulas contratuais neles inseridas (Nos contratos bancários, é 
vedado ao julgador conhecer, de ofício, da abusividade das cláusulas). 
Interesse social: quando há ofensa ao direito do consumidor, essa ofensa interessa a toda a 
coletividade e não só a parte. 
2. RELAÇÃO DE CONSUMO 
- ELEMENTOS: 
Subjetivos: 
 CONSUMIDOR: art. 2º 
 FORNECEDOR: art. 3º 
Objetivos: 
 PRODUTO: art. 3º, §1º 
 SERVIÇO: art. 3º, §2º 
 
2.1. CONSUMIDOR: 
CONSUMIDOR STRCTO SENSU OU STANDART: 
Art. 2° Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza 
produto ou serviço como destinatário final. 
Consumidor: 
 Pessoa física; 
 Pessoa jurídica de direito público ou de direito privado; 
 Adquire ou utiliza; 
 Produto; 
 Serviço; 
 Destinatário final. 
O que seria o destinatário final? 
Teorias: 
 MAXIMALISTA: dar destinação final é retirar o produto de circulação. É feita uma 
análise OBJETIVA, FÁTICA. Analisa-se apenas se o produto foi retirado do 
mercado, pouco importando a utilização que se dará ao mesmo. 
 FINALISTA OU SUBJETIVA: o consumidor destinatário final é aquele que adquire 
produto ou serviço para consumo próprio ou de sua família. Tecnicamente significa 
dizer que o consumidor destinatário final é o consumidor fático (retirou o bem do 
mercado de consumo) e econômico (consumiu o bem) do produto e/ou serviço. A 
análise feita por essa teoria é subjetiva. Essa corrente traz o conceito restritivo de 
consumidor, uma vez que para ela o profissional e a pessoa jurídica não podem ser 
considerados consumidores. Esses não são enxergados como destinatário final. 
Pela teoria finalista mitigada, o profissional ou a PJ poderão ser enquadrados no conceito 
de consumidor desde que comprovada a sua vulnerabilidade (REsp 476.428). 
Espécies de vulnerabilidades (STJ): 
1. Técnica: falta de conhecimentos específicos sobre o produto/serviço; 
2. Jurídica ou científica: faltam na relação conhecimentos de direito, contabilidade, 
engenharia, etc. 
3. Fática ou Econômica: consumidor é a parte mais fraca na relação socioeconômica. 
4. Informacional: quando faltam informações importantes para o consumidor agir de maneira 
consciente na relação. 
STJ: o mutuário do sistema financeiro de habitação possui uma vulnerabilidade fática em 
relação ao mutuante. 
Embora a doutrina traga essas quatro vulnerabilidades, o STJ entende que no caso concreto 
podem ser reconhecidas outras espécies de vulnerabilidade. Identificando-se uma dessas 
espécies de vulnerabilidade, identifica-se o consumidor e, por conseguinte, aplica-se o CDC. 
Não se identificando a vulnerabilidade, aplica-se o CC. 
STJ: adota a teoria finalista atenuada (mitigada ou aprofundada) – analisa-se a 
vulnerabilidade no caso concreto. Identificando-se que uma das partes é vulnerável, aplica-
se a teoria finalista atenuada; se não, apenas a teoria finalista. 
Na prática, tecnicamente o que se comprova não é a vulnerabilidade, mas a hipossuficiência. 
Ex: profissional liberal compra um computador para desenvolver o seu trabalho – aqui, ele pode 
ser entendido como a parte mais fraca da relação, a parte vulnerável, hipossuficiente. Por conta 
disso, será reconhecido como consumidor. 
CONSUMIDOR EQUIPARADO: 
Art.2º, parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade de 
pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de 
consumo. 
Art. 29. Para os fins deste Capítulo e do seguinte, equiparam-se aos 
consumidores todas as pessoas determináveis ou não, expostas às 
práticas nele previstas. 
Art. 17. Para os efeitos desta Seção, equiparam-se aos consumidores todas 
as vítimas do evento. (Bystanders) 
Consumidores equiparados: 
- Coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis. 
- Bystanders: art.17 – vítimas de acidentes de consumo 
2.2. FORNECEDOR 
Art.3º: 
Art. 3° Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, 
nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que 
desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção, 
transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização 
de produtos ou prestação de serviços. 
O conceito de fornecedor é extremamente amplo: qualquer pessoa, física ou jurídica, e até os 
entes despersonalizados podem ser fornecedores, DESDE QUE desenvolvam uma atividade 
com habitualidade. 
Fornecedor é gênero que tem como espécies: produção; montagem; criação; construção; 
transformação; Importação; exportação; distribuição; comercialização. 
 
O Estatuto do Torcedor, art.3º, equipara a fornecedor toda entidade responsável pelo 
evento esportivo e a entidade responsável que tenha o mando de jogo. Já quem compra o 
ingresso do jogo é equiparado a consumidor. 
- Classificação de fornecedor: 
 Fornecedor real: é o fabricante, o produtor e o construtor. 
 Fornecedor aparente: é aquele que coloca o seu nome no produto, no serviço. 
 Fornecedor presumido: é o importador e o comerciante (nos produtos anônimos – que 
não tem marca). 
2.3. PRODUTO 
Art.3º, §1º: 
 Art. 3º, § 1°. Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou 
imaterial. 
É um conceito amplo, não delimitado. 
2.4. SERVIÇO 
Art.3º, §2º: 
Art.3º, § 2°. Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, 
mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito 
e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista. 
Serviço é aquilo exercido mediante REMUNERAÇÃO (direta e indireta). 
A remuneração indireta: não se paga diretamente pelo serviço, mas esse é prestado de modo a 
atrair o consumidor. Ex: estacionamento em supermercados – não se paga o estacionamento, 
mas o serviço é oferecido pela empresa para atrair consumidores para realizar compras no local. 
STF/STJ: os contratos bancários são regidos pelo CDC. 
Observação: Nas relações de trabalho não se aplicam o CDC. 
2.5. JURISPRUDÊNCIAS STJ 
APLICAÇÃO DO CDC 
 
I. Relação jurídica existente entre entidade de previdência privada e seus participantes 
(Súmula 321 do STJ); 
 
II. Súmula 469 do STJ: “Aplica-se o Código de Defesa do Consumidor aos contratos de plano 
de saúde”. 
 
III. Taxista (quando compra o veículo). 
 
IV. Relação entre o agente financeiro do SFH, que concede empréstimo para aquisição de 
casa própria, e o mutuário (REsp. 436.815/DF). 
 
Observação: quando o SFH possuir a cláusula de FCVS (Fundo de Compensação de Variação 
Salarial), por importar a presença da garantia do Governo em relação ao saldo devedor, 
não seaplica o CDC. Nesse sentido: STJ, REsp. 489701/SP, Relª. Minª. Eliana Calmon, DJ 
16/04/2007. 
 
V. Sociedades e associações sem fins lucrativos quando fornecem produtos ou prestam 
serviços remunerados (Resp 436815/DF e REsp 519.310/SP) 
 
VI. Relação entre condomínio e concessionária de serviço público (REsp 650.791/RJ). 
 
VII. “A cooperativa de crédito integra o sistema financeiro nacional, estando sujeita às 
normas do CDC.” (STJ, AgRg no Ag 1224838 / DF, DJe 15/03/2010) 
 
VIII. Serviços funerários. REsp 1090044/SP 
 
IX – Correios e usuários. REsp 527137/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, Primeira Turma, DJ 
31/05/2004) 
NÃO APLICAÇÃO DO CDC 
 
I. Crédito educativo (REsp. 479.863/RS); 
 
II. Relações decorrentes de condomínio (condômino x condomínio) (REsp 187502/SP); 
 
III. Relações decorrentes de contratos de locação predial urbana (REsp 280577/SP); 
 
IV. Atividade notarial (cartórios) não é regida pelo CDC (REsp 625144/SP); 
 
V. Contrato de franquia – relação entre franqueador e franqueado é relação empresarial (REsp 
687.322/RJ); 
 
VI. Execução Fiscal (REsp 641541/RS). 
 
VII. Beneficiários da Previdência Social não são enquadrados como consumidores (REsp 
143.092/PE) 
 
VIII. Aquisição de bens ou a utilização de serviços para implemento ou incremento de sua 
atividade comercial (CONSUMIDOR INTERMEDIÁRIO). (REsp. 1.014.960-RS) No 
mesmo sentido, envolvendo insumo agrícola (adubo). (REsp 1016458/RS) – ATENÇÃO: se 
identificada uma relação de VULNERABILIDADE aplica-se o CDC. 
 
IX. Relação entre o contador e o condômino. 
 
X. Relação tributária. 
 
XI. Representante comercial autônomo e a sociedade representada. (REsp 761557 / RS) 
 
XII. Contratos firmados entre postos e distribuidores de combustíveis (REsp 782852/SC) – 
SALVO SE IDENTIFICADA RELAÇÃO DE VULNERABILIDADE. 
 
XIII. Lojistas e Administradores de Shopping Center. (REsp 1259210/RJ) 
 
XIV. Serviços advocatícios. Não aplicação do CDC. (REsp 1228104/PR) 
3. DIREITOS BÁSICOS DO CONSUMIDOR 
Art.6º, CDC. 
Direitos só constantes no CDC: 
3.1. Art.6º, V: 
V - a modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações 
desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos supervenientes que as tornem 
excessivamente onerosas; 
- Modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações desproporcionais: LESÃO 
NO CDC. 
Lesão no CDC Lesão no CC 
- Art.6º, V: a modificação das cláusulas 
contratuais que estabeleçam prestações 
desproporcionais. 
 
 
 
- Prestação desproporcional; 
 
 
- Não se exige qualquer requisito, pois o 
- Art.157: Ocorre a lesão quando uma pessoa, 
sob premente necessidade, ou por 
inexperiência, se obriga a prestação 
manifestamente desproporcional ao valor da 
prestação oposta. 
 
- Prestação desproporcional; 
 
 
- Inexperiência ou premente necessidade. 
consumidor é presumidamente 
VULNERÁVEL. 
 
- com a lesão, pode-se modificar o contrato; 
 
 
- regra geral, há a resolução do contrato. 
 
 
- Revisão do contrato em razão de fato superveniente que torna a cláusula excessivamente 
onerosa. A desproporção ocorre posteriormente: não se aplica a teoria da imprevisão. 
Na teoria da imprevisão do CC, o fato superveniente deve ser IMPREVISÍVEL pelas partes 
para se permitir a RESOLUÇÃO do contrato, excepcionalmente, contudo, pode-se manter o 
contrato se a parte que foi beneficiada abrir mão da vantagem (art.478, CC). 
No CDC, o fato superveniente não tem que ser imprevisível: basta que cause uma 
onerosidade excessiva. Ademais, a onerosidade excessiva permite a REVISÃO para se 
restabelecer o equilíbrio contratual e não a resolução, como no CC. 
3.2. Art.6º, VI: 
VI - a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, 
coletivos e difusos; 
- REPARAÇÃO: princípio da reparação integral – não pode haver indenização tarifada, 
ou seja, indenização delimitada por lei, decreto, etc. 
- DANO MORAL (STJ): 
O simples travamento da porta giratória não gera dano moral, salvo, no caso concreto, se 
o consumidor ficar por um período substancial preso, se for humilhado, ou ocorrer outros 
dissabores. 
Alarme antifurto: o simples soar falso do alarme não gera dano moral. Contudo, a forma 
como o estabelecimento lida com a situação pode ensejar constrangimento apto a ocasionar 
dano moral. 
Insetos em alimentos: se o consumidor consumiu o alimento cabe dano moral. 
 
A Súmula 388, STJ trata do dano in re ipsa: não precisa demonstrar o sofrimento, basta a 
devolução indevida para caracterizar o dano moral. 
DANO MORAL COLETIVO VEM EXPRESSO NO CDC: trata-se da ofensa ao sentimento 
comum de determinada sociedade, coletividade. 
3.3. Art.6º, VIII 
VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da 
prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a 
alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de 
experiências; 
- Inversão do ônus da prova: prestigia o acesso à justiça. As provas a ser produzidas pelo 
consumidor são transferidas ao fornecedor quando for ele hipossuficiente ou for verossímil a 
alegação por ele realizada. 
A inversão do ônus da prova NÃO é automática. Será deferida pelo juiz quando houver 
 
Teoria estática do ônus da prova (art. 333 CPC) x Teoria da Carga dinâmica da prova 
(art. 6º VIII, CDC). 
O CPC adotou a teoria estática do ônus da prova (art.333). Já o CDC adotou a teoria 
dinâmica – no caso concreto, o juiz poderá transferir o ônus da prova. 
Momento de inversão do ônus da prova (Regra de procedimento): 
- Regra de procedimento: a inversão deve ocorrer até o despacho saneador. É adotada 
pelo STJ. 
- Regra de julgamento: a inversão pode ocorrer até a sentença. 
Pagamento das despesas da prova (STJ): 
No processo civil, quem requer deve arcar com os custos da produção da prova. Se o juiz 
requerer, cabe ao autor da ação o pagamento. Esse entendimento também é aplicado no 
CDC. 
Observação: É nula a cláusula que inverte o ônus da prova em prejuízo ao consumidor. 
A inversão do ônus da prova pode ser aplicada nas ações ambientais e coletivas (STJ). 
Inversão do ônus da prova Ope Judicis: 
A inversão do ônus da prova do art.6º, VIII é “ope judicis”: cabe ao juiz determinar a 
inversão probatória. 
Inversão do ônus da prova Ope Legis: 
Há três hipóteses de inversão “ope legis” (feita pela lei): art.12, §3º, II, art.14, §3º, I e art.38, 
CDC. (fabricante, produtor, importador, construtor, fornecedor de serviços e informação 
publicitária). 
4. DIÁLOGO DAS FONTES 
Art. 7° Os direitos previstos neste código não excluem outros decorrentes de 
tratados ou convenções internacionais de que o Brasil seja signatário, da 
legislação interna ordinária, de regulamentos expedidos pelas autoridades 
administrativas competentes, bem como dos que derivem dos princípios gerais do 
direito, analogia, costumes e equidade. 
Na relação de consumo aplica-se o diálogo das fontes: havendo uma regra mais favorável ao 
consumidor prevista em outra norma que não no CDC, será ela aplicada. 
CONTRATOS RELACIONAIS: contratos cativos de longa duração. 
Exemplos: contratos de plano de saúde; de previdência. Nesses contratos, deve-se agir com 
boa-fé objetiva, lealdade e informação, buscando-se, no sistema normativo, a melhor solução 
para o caso concreto (posição do STJ). 
Planos de saúde: quando o idoso fazia 60 anos, os planos de saúde, como não podia resolver o 
contrato de forma unilateral, aumentava a mensalidade de forma abusiva. Isso acabava 
implicando na exclusão do consumidor do contrato, poisnão tinha condições de arcar com o 
plano. O STJ, aplicando o diálogo das fontes, aplicou o art.15, Estatuto do Idoso, que 
determina que o idoso não pode sofrer discriminação e o princípio da boa-fé objetiva, que 
tem como pilares a lealdade e confiança, entendeu abusiva essas cláusulas abusivas contidas 
nos planos de saúde. 
ATENÇÃO! A Lei nº 12.741, de 8 de dezembro de 2012, publicada dia 10/12/12, com 
vacatio legis de 6 meses, alterou a redação do inciso III para incluir como direito à 
informação do consumidor os tributos incidentes nos produtos e serviços. A redação, a 
partir de 11/06/2013, será o seguinte: “III - a informação adequada e clara sobre os 
diferentes produtos e serviços, com especificação correta de quantidade, características, 
composição, qualidade, tributos incidentes e preço, bem como sobre os riscos que 
apresentem;”. 
5. RESPONSABILIDADE CIVIL NO CDC 
O CDC adotou a Teoria Unitária: a responsabilidade pré-contratual, contratual e pós-
contratual é tratada da mesma forma. 
A diferença é quando à responsabilidade “pelo fato” do produto ou serviço (externo – 
acidente de consumo; fala-se em defeito) e responsabilidade “pelo vício” do produto e do 
serviço (interno – fala-se em vício). 
Teoria da qualidade-segurança: responsabilidade pelo fato (qualidade do produto que afeta a 
segurança do consumidor) – art.12/14. 
Teoria da qualidade-adequação: responsabilidade pelo vício (qualidade do produto no 
tocante a adequação deles, a expectativa que se espera deles) – art.18/21. 
Art.7º, § único: 
Parágrafo único. Tendo mais de um autor a ofensa, todos responderão 
solidariamente pela reparação dos danos previstos nas normas de consumo. 
A responsabilidade do fornecedor é SOLIDÁRIA – não importa quem causou o dano (busca-
se a satisfação do consumidor). 
Responsabilidade pelo fato: 
- art.12: 
Art. 12. O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o 
importador (menos o comerciante) respondem, independentemente da existência 
de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos 
decorrentes de projeto, fabricação, construção, montagem, fórmulas, 
manipulação, apresentação ou acondicionamento de seus produtos, bem como por 
informações insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e riscos. 
Não menciona fornecedor, mas as espécies desse. Só não será responsável pelo defeito do 
produto ou serviço o COMERCIANTE, que só será responsabilizado nos termos do art.13. 
Responsabilidade Objetiva (Teoria do risco da atividade) 
A responsabilidade do art.12 é OBJETIVA (teoria do risco da atividade: a prática do 
fornecedor gera um risco pela atividade). 
PRODUTO DEFEITUOSO: 
§ 1° O produto é defeituoso quando não oferece a segurança que dele 
legitimamente se espera, levando-se em consideração as circunstâncias relevantes, 
entre as quais: 
 I - sua apresentação; 
 II - o uso e os riscos que razoavelmente dele se esperam; 
 III - a época em que foi colocado em circulação. 
Art.12, §2º: o fato de um produto ser, posteriormente, fabricado com uma qualidade melhor não 
significa que o produto anterior é defeituoso. 
§ 2º O produto não é considerado defeituoso pelo fato de outro de melhor 
qualidade ter sido colocado no mercado. 
Excludentes da responsabilidade: 
O CDC não adota a teoria do risco integral – o fornecedor não responde em toda e qualquer 
hipótese. Preferiu o legislador adotar a teoria do risco da atividade (admite excludente de 
responsabilidade). 
§ 3° O fabricante, o construtor, o produtor ou importador só não será 
responsabilizado quando provar: 
I - que não colocou o produto no mercado; 
II - que, embora haja colocado o produto no mercado, o defeito inexiste 
(INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA OPE LEGIS – CABE AO 
FORNECEDOR PROVAR A INEXISTÊNCIA DO DEFEITO); 
III - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro. 
O fornecedor pode alegar a culpa exclusiva do comerciante para isentar sua 
responsabilidade? 
O STJ entendeu que não. 
Caso fortuito ou força maior podem isentar o fornecedor da responsabilidade? E a culpa 
concorrente? 
O STJ admite a aplicação da culpa concorrente no CDC – a responsabilidade do fornecedor 
será proporcional à culpa da vítima. 
Quanto ao caso fortuito e força maior (evento imprevisível, inevitável), algumas hipóteses 
poderão gerar a responsabilidade do fornecedor: 
- Caso fortuito interno: é aquele que se liga à atividade da empresa. Nesses casos. A empresa 
será responsável pelo dano, ainda que o mesmo seja inevitável ou imprevisível. Não há exclusão 
de responsabilidade. Ex: carro forte de uma instituição financeira é assaltado. A instituição é 
responsável pelos danos ocasionados aos correntistas, uma vez que o assalto, embora 
imprevisível (naquele momento), liga-se à atividade da empresa. 
Sumula 479, STJ: fraude aos correntistas de banco – a instituição financeira é responsabilizada 
pelos danos gerados aos correntistas (caso fortuito interno). 
- Caso fortuito externo: não se liga à atividade da empresa. O caso fortuito externo gera a 
exclusão de responsabilidade do fornecedor. 
Exemplos: assalto à mão armada em transporte coletivo. A empresa não pode ser 
responsabilizada pelo dano gerado ao consumidor. O mesmo ocorre no caso de arremesso de 
pedras em ônibus. 
RISCO DO DESENVOLVIMENTO: o fornecedor coloca no mercado produtos aos quais não 
tinha como saber, por desconhecimentos técnicos e científicos, que o mesmo poderia causar 
danos aos consumidores. O fornecedor poderia alegar a tese do risco do desenvolvimento para 
excluir sua responsabilidade? 
O STJ ainda não decidiu acerca da questão. Contudo, os consumeristas entendem que a teoria 
do risco do desenvolvimento não seria uma excludente de responsabilidade do fornecedor. 
- RESPONSABILIDADE DO COMERCIANTE: 
Art.13: 
Art. 13. O comerciante é igualmente responsável, nos termos do artigo anterior, 
quando: 
I - o fabricante, o construtor, o produtor ou o importador não puderem ser 
identificados; 
II - o produto for fornecido sem identificação clara do seu fabricante, produtor, 
construtor ou importador; 
III - não conservar adequadamente os produtos perecíveis. 
Parágrafo único. Aquele que efetivar o pagamento ao prejudicado poderá exercer 
o direito de regresso contra os demais responsáveis, segundo sua participação na 
causação do evento danoso (c/c art.88, CDC - DIREITO DE REGRESSO). 
Art. 88. Na hipótese do art. 13, parágrafo único deste código, a ação de regresso poderá ser 
ajuizada em processo autônomo, facultada a possibilidade de prosseguir-se nos mesmos autos, 
vedada a denunciação da lide. 
O direito de regresso pode ser exercido em ação autônoma ou no corpo de uma ação, sendo 
vedada a denunciação da lide. 
Observação: No caso de produto com validade vencida, o fornecedor responderá 
solidariamente com o comerciante (STJ). Contudo, há uma jurisprudência do STJ que diz que 
quando se compra um produto dentro do prazo de validade e, posteriormente, o 
consumidor o consome quando já estava vencido não se pode alegar qualquer tipo de dano 
– cabe ao consumidor analisar o prazo do produto, não se podendo responsabilizar o 
fornecedor ou o comerciante. 
- RESPONSABILIDADE PELO FATO DO SERVIÇO: 
Art.14: 
Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de 
culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos 
à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas 
sobre sua fruição e riscos. 
§ 1° O serviço é defeituoso quando não fornece a segurança que o consumidor 
dele pode esperar, levando-se em consideração as circunstâncias relevantes, entre 
as quais:I - o modo de seu fornecimento; 
 II - o resultado e os riscos que razoavelmente dele se esperam; 
 III - a época em que foi fornecido. 
§ 2º O serviço não é considerado defeituoso pela adoção de novas técnicas. 
§ 3° O fornecedor de serviços só não será responsabilizado quando provar: 
 I - que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste (INVERSÃO DO ÔNUS 
DA PROVA OPE LEGIS); 
 II - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro. 
§ 4° A responsabilidade pessoal dos profissionais liberais será apurada mediante 
a verificação de culpa. 
A responsabilidade dos profissionais liberais será aferida com a comprovação de culpa, ou 
seja, a responsabilidade não será objetiva, mas SUBJETIVA. 
Existem dois tipos de obrigação do profissional liberal: 
 Obrigação de meio: é aquela que o profissional não garante o resultado, mas o meio de 
prestação do serviço. Nesse caso, a responsabilidade será subjetiva. 
 Obrigação de resultado: o profissional garante o resultado. Ex: cirurgia plástica 
embelezadora. O profissional deve garantir o resultado. Aqui, a responsabilidade é 
objetiva, segundo a maioria da doutrina. (Responsabilidade por culpa presumida, 
inversão do ônus da prova). 
Parte da doutrina entende que como o CDC trouxe a responsabilidade subjetiva do profissional 
liberal. Assim, há que se falar na responsabilidade por culpa provada (responsabilidade de 
meio – deve-se provar a “negligencia, imprudência ou imperícia” do profissional), ou na 
“responsabilidade por culpa presumida” do profissional liberal (aqui, há inversão do ônus 
da prova – cabe ao profissional provar que não agiu com culpa). 
Com base nesse entendimento doutrinário, o STJ adota esse modelo de responsabilidade do 
profissional liberal – responsabilidade por culpa provada e responsabilidade por culpa 
presumida. 
 
RESPONSABILIDADE MÉDICA: 
STJ: 
 Se o dano causado ao consumidor for relacionado a um ato de responsabilidade do 
hospital, este será responsabilizado e não o médico. A responsabilidade do médico 
será objetiva, nos moldes do art.14, caput. 
 Se o dano for causado pelo médico e esse não é subordinado ao hospital, a 
responsabilidade será tão somente do médico. Nesse caso, a responsabilidade é 
subjetiva – art.14, §3º. 
 Se o ato for do médico e esse tiver vínculo com o hospital, a responsabilidade do 
hospital será “solidária e objetiva pela culpa do médico”, desde que demonstrada a 
“responsabilidade subjetiva do médico”. 
Fato é o que causa acidente de consumo, que gera dano à saúde do consumidor. Vício é 
aquilo que causa inadequação do produto ou serviço. É intrínseco ao produto. 
 - ART.18: RESPONSABILIDADE PELO VÍCIO DE QUALIDADE DO PRODUTO 
 Art. 18. Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não duráveis 
respondem solidariamente pelos vícios de qualidade ou quantidade que os tornem 
impróprios ou inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes diminuam o 
valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade, com as indicações 
constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou mensagem publicitária, 
respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, podendo o consumidor 
exigir a substituição das partes viciadas. 
 § 1° Não sendo o vício sanado no prazo máximo de trinta dias, pode o 
consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha: 
 I - a substituição do produto por outro da mesma espécie, em perfeitas 
condições de uso; 
 II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem 
prejuízo de eventuais perdas e danos; 
 III - o abatimento proporcional do preço. 
 § 2° Poderão as partes convencionar a redução ou ampliação do prazo 
previsto no parágrafo anterior, não podendo ser inferior a sete nem superior a 
cento e oitenta dias. Nos contratos de adesão, a cláusula de prazo deverá ser 
convencionada em separado, por meio de manifestação expressa do consumidor. 
Observação: Prazo entre 7 e 180 dias (por vício do produto). 
 § 3° O consumidor poderá fazer uso imediato das alternativas do § 1° deste 
artigo sempre que, em razão da extensão do vício, a substituição das partes 
viciadas puder comprometer a qualidade ou características do produto, diminuir-
lhe o valor ou se tratar de produto essencial. 
 § 4° Tendo o consumidor optado pela alternativa do inciso I do § 1° deste 
artigo, e não sendo possível a substituição do bem, poderá haver substituição por 
outro de espécie, marca ou modelo diversos, mediante complementação ou 
restituição de eventual diferença de preço, sem prejuízo do disposto nos incisos II 
e III do § 1° deste artigo. 
 § 5° No caso de fornecimento de produtos in natura, será responsável 
perante o consumidor o fornecedor imediato, exceto quando identificado 
claramente seu produtor. 
 § 6° São impróprios ao uso e consumo: 
 I - os produtos cujos prazos de validade estejam vencidos; 
 II - os produtos deteriorados, alterados, adulterados, avariados, falsificados, 
corrompidos, fraudados, nocivos à vida ou à saúde, perigosos ou, ainda, aqueles 
em desacordo com as normas regulamentares de fabricação, distribuição ou 
apresentação; 
 III - os produtos que, por qualquer motivo, se revelem inadequados ao fim a 
que se destinam. 
A responsabilidade pelo vício de qualidade do produto é SOLIDÁRIA entre os 
FORNECEDORES. 
No caso de vício pela qualidade do produto, o fornecedor possui o direito potestativo 
(impositivo) de consertar o produto, salvo exceções legais, em até 30 dias. Ultrapassado o 
prazo sem que o fornecedor conserte o produto, o consumidor, a sua escolha, poderá: 
- exigir a substituição do produto por outro da mesma espécie; 
- a restituição imediata da quantia paga, atualizada monetariamente, sem prejuízo de eventuais 
perdas e danos; 
- o abatimento proporcional do preço. 
O prazo de 30 dias para o fornecedor consertar o produto pode ser alterado entre esse e o 
consumidor, desde que não superior a 180 dias e nem inferior a 07 dias. Nos contratos de 
adesão, essa alteração do prazo deve ser convencionada de modo separado, com manifestação 
expressa do consumidor (garante o direito de informação do consumidor). 
Exceções ao direito do fornecedor de consertar o produto (o consumidor poderá exigir 
imediatamente uma das hipóteses do §1º): 
- a substituição das partes viciadas puder comprometer a qualidade ou características do 
produto; 
- quando o conserto diminuir o valor do produto; 
- quando se tratar de um produto essencial (conceito jurídico indeterminado, a ser analisado no 
caso concreto): entende-se que o produto essencial é aquele que não pode esperar o prazo de 
conserto. 
Não sendo possível a substituição do bem, poderá o mesmo ser substituído por outro de 
diferente marca, modelo ou espécie diferente, havendo a complementação ou devolução do 
preço pago. 
VÍCIO DE QUANTIDADE: 
Art.19: 
Art. 19. Os fornecedores respondem solidariamente pelos vícios de quantidade do 
produto sempre que, respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, seu 
conteúdo líquido for inferior às indicações constantes do recipiente, da 
embalagem, rotulagem ou de mensagem publicitária, podendo o consumidor 
exigir, alternativamente e à sua escolha: 
 I - o abatimento proporcional do preço; 
 II - complementação do peso ou medida; 
 III - a substituição do produto por outro da mesma espécie, marca ou modelo, 
sem os aludidos vícios; 
 IV - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem 
prejuízo de eventuais perdas e danos. 
§ 1° Aplica-se a este artigo o disposto no § 4° do artigo anterior. 
§ 2° O fornecedor imediato seráresponsável quando fizer a pesagem ou a 
medição e o instrumento utilizado não estiver aferido segundo os padrões 
oficiais. 
Aqui, o fornecedor NÃO tem o direito de sanar o vício. 
O consumidor, no caso de vício pela quantidade do produto, poderá: 
- substituir o produto; 
- restituição do valor pago; 
- abatimento proporcional do preço; 
- complementação do peso. 
Quando o vício de quantidade ocorrer devido a um problema no instrumento de aferição do 
estabelecimento, responderá tão somente o fornecedor imediato – aquele que realiza a 
pesagem do produto. 
- VÍCIO DE QUALIDADE DO SERVIÇO: 
Art.20: 
Art. 20. O fornecedor de serviços responde pelos vícios de qualidade que os 
tornem impróprios ao consumo ou lhes diminuam o valor, assim como por 
aqueles decorrentes da disparidade com as indicações constantes da oferta ou 
mensagem publicitária, podendo o consumidor exigir, alternativamente e à sua 
escolha: 
 I - a reexecução dos serviços, sem custo adicional e quando cabível; 
 II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem 
prejuízo de eventuais perdas e danos; 
 III - o abatimento proporcional do preço. 
 § 1° A reexecução dos serviços poderá ser confiada a terceiros devidamente 
capacitados, por conta e risco do fornecedor. 
 § 2° São impróprios os serviços que se mostrem inadequados para os fins que 
razoavelmente deles se esperam, bem como aqueles que não atendam as normas 
regulamentares de prestabilidade. 
O consumidor, diante de um vício de qualidade do serviço, o consumidor, à sua escolha, poderá: 
- exigir a reexecução do serviço, sem qualquer custo adicional; 
- exigir a restituição do dinheiro; 
- abatimento proporcional do preço. 
A reexecução do serviço poderá ser feita por um terceiro, que será pago pelo fornecedor qe 
prestou mal o serviço contratado. 
VÍCIO DE QUANTIDADE DO SERVIÇO: 
Não há um artigo específico no CDC para o vício de quantidade do serviço. Por isso, aplica-se 
analogicamente o art.19. 
Art. 19. Os fornecedores respondem solidariamente pelos vícios de quantidade do 
produto sempre que, respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, seu 
conteúdo líquido for inferior às indicações constantes do recipiente, da 
embalagem, rotulagem ou de mensagem publicitária, podendo o consumidor 
exigir, alternativamente e à sua escolha: 
 I - o abatimento proporcional do preço; 
 II - complementação do peso ou medida; 
 III - a substituição do produto por outro da mesma espécie, marca ou modelo, 
sem os aludidos vícios; 
 IV - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem 
prejuízo de eventuais perdas e danos. 
6. SERVIÇOS PÚBLICOS 
- QUAIS OS SERVIÇOS PÚBLICOS TUTELADOS PELO CDC? 
Para o serviço público ser tutelado pelo CDC exige-se que a sua contratação pelo consumidor 
não seja obrigatória e que haja a CONTRAPRESTAÇÃO – o consumidor paga pelo serviço 
público na exata medida do que ele recebe. 
Para o STJ o que importa é a contraprestação, para caracterizar se se aplica ou não o CDC. Ex: 
serviço de energia elétrica; água; telefonia. 
Os serviços públicos em que há contraprestação, remunerados mediante tarifa será aplicado 
o CDC. 
Art.22, CDC: 
Art. 22. Os órgãos públicos, por si ou suas empresas, concessionárias, 
permissionárias ou sob qualquer outra forma de empreendimento, são obrigados a 
fornecer serviços adequados, eficientes, seguros e, quanto aos essenciais, 
contínuos. 
Parágrafo único. Nos casos de descumprimento, total ou parcial, das obrigações 
referidas neste artigo, serão as pessoas jurídicas compelidas a cumpri-las e a 
reparar os danos causados, na forma prevista neste código. 
PODE-SE INTERROMPER O SERVIÇO PÚBLICO DE ENERGIA ELÉTRICA EM 
CASO DE INADIMPLEMENTO? 
No art.22, CDC, está estabelecido que os serviços públicos essenciais devem ser prestados de 
forma contínua (princípio da continuidade dos serviços públicos). 
O STJ entende, desde 2003, que o serviço público pode ser interrompido em razão de 
inadimplemento do consumidor, baseado na Lei 8987/95 (trata dos serviços públicos 
prestados pelas concessionárias), art.6º: autoriza a interrupção do serviço público por 
inadimplemento, “desde que haja previa comunicação ao consumidor”. Ademais, a própria 
Lei determina que essa interrupção não vai ferir o principio da continuidade do serviço 
público. 
O princípio da continuidade não é analisado individualmente, mas de forma coletiva – o 
serviço de energia elétrica deve ser prestado à sociedade de maneira contínua. Mas isso não 
significa que aquela pessoa que não paga pelo serviço deva ser beneficiada pela prestação do 
mesmo, pois isso causaria dano à empresa prestadora e aos demais consumidores, uma vez que, 
com o inadimplemento, o serviço não seria prestado com a qualidade exigida. 
Excepcionalmente, no caso concreto, demonstrada a miserabilidade, a fragilidade do 
consumidor e em razão do princípio da dignidade da pessoa humana, o STJ admite a não 
interrupção do serviço público. 
 
ATENÇÃO: o inadimplemento que enseja a interrupção do fornecimento do serviço deve 
ser ATUAL, sob pena de ser considerado cobrança abusiva, ensejando a aplicação do 
art.42, CDC. 
E as PJ de direito público, podem ter a prestação do serviço público interrompido, em 
caso de inadimplência? 
STJ: diálogo das fontes – Lei 8987/95 + Lei 7783/89, art.10/11 (Lei da Greve): a lei de greve 
determina que alguns serviços públicos, em razão da sua essencialidade, não poderão 
sofrer uma paralisação total. O STJ, combinando essas duas leis, permite o corte do serviço 
público por inadimplência, desde que a PJ de direito público seja previamente avisada. 
Porém, no tocante aos serviços enumerados na Lei de Greve, as PJ não poderão sofrer o corte 
do fornecimento do serviço, já que são essenciais à sociedade. Exemplo: hospitais. 
SÚMULAS E JURISPRUDÊNCIAS DO STJ: 
O débito deve ser atual para ensejar o corte do fornecimento do serviço público. 
Quando houver uma discussão judicial quanto à fraude do medidor da energia elétrica o 
serviço não poderá ser interrompido, enquanto não proferida decisão definitiva de mérito. 
 
7. PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA 
Responsabilidade pelo fato: prescrição. 
Responsabilidade pelo vício: decadência – art.18/20 e art. 26, CDC. 
- DECADÊNCIA: 
Decadência liga-se ao direito potestativo (que não admite contestações) de exigir o conserto do 
vício. 
Prazos: 
 30 dias: produtos e serviços não duráveis; 
 90 dias: produtos e serviços duráveis. 
Quando o vício for aparente ou de fácil constatação, o prazo começa a correr do momento da 
entrega do produto ou término do serviço. 
Quando o vício for oculto, o prazo é contado a partir do momento em que evidenciado o vício 
(30 ou 90 dias). O que muda é apenas o momento inicial da contagem do prazo. 
 
 Art. 26. O direito de reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil constatação 
caduca em: 
 I - trinta dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos não 
duráveis; 
 II - noventa dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos 
duráveis. 
 § 1° Inicia-se a contagem do prazo decadencial a partir da entrega efetiva do 
produto ou do término da execução dos serviços. 
 § 2° Obstam a decadência: 
 I - a reclamação comprovadamente formulada pelo consumidor perante o 
fornecedor de produtos e serviços até a resposta negativa correspondente, que 
deve ser transmitida de forma inequívoca; 
 II - (Vetado). 
 III - a instauração de inquérito civil, até seu encerramento. 
 § 3° Tratando-se de vício oculto, o prazo decadencial inicia-seno momento 
em que ficar evidenciado o defeito. 
O prazo decadencial pode ser paralisado: 
I. Quando o consumidor faz uma reclamação comprovada ao fornecedor acerca do 
vício. A contagem do prazo ficará sem correr até a negativa do fornecedor em 
reparar o vício. 
II. Quando houver a instauração do Inquérito Civil pelo MP. Encerrado o 
inquérito, o prazo volta a correr. 
Existe um prazo máximo para o aparecimento do vício oculto? 
STJ: o prazo máximo de aparecimento do vício oculto é o prazo de vida útil do produto. 
Sumula 477, STJ: o prazo do art.26 não será utilizado em relação a extratos, tarifas, 
encargos cobrados pelos Bancos dos correntistas. 
Ou seja, a decadência do artigo 26 do CDC não é aplicável à prestação de contas para obter 
esclarecimentos sobre cobrança de taxas, tarifas e encargos bancários. 
 
PRESCRIÇÃO: 
Art.27, CDC. 
 Art. 27. Prescreve em cinco anos a pretensão à reparação pelos danos causados 
por fato do produto ou do serviço prevista na Seção II deste Capítulo, iniciando-
se a contagem do prazo a partir “do conhecimento do dano e de sua autoria”. 
O prazo prescricional relaciona-se a acidente de consumo, cuja reparação se dá através de uma 
ação condenatória. O prazo prescricional é de 05 anos, contados do conhecimento do dano 
ou de sua autoria. 
Jurisprudência do STJ sobre os prazos prescricionais 
1. Súmula 101 do STJ. Em se tratando de ações entre segurados e seguradores, o STJ tem 
aplicado o prazo de 01 ano, com base no art. 206, § 1º, II do Código Civil. 
2. Repetição do indébito da tarifa de água e esgoto. Súmula 412 do STJ: “a ação de repetição 
de indébito de tarifas de água e esgoto sujeita-se ao prazo prescricional estabelecido no 
Código Civil.” PRAZO GERAL DO ART. 205, CC. 
3. Cigarro. Prazo de 05 anos do art. 27 para as ações envolvendo danos causados pelo 
tabaco. O STJ não vem reconhecendo a responsabilidade da indústria do tabaco. 
4. Abusividades em contratos. Prazo para discutir abusividades em contratos é do CC (10 
anos) – inexistência de prazo específico no CDC. (REsp 995995⁄DF). 
5. Acidente aéreo. Prazo de prescrição em caso de acidente aéreo é de 05 anos (REsp 
1281090/SP) – CDC, art.27. 
6. Prazo geral do Código Civil de 1916. Não cabe aplicação do prazo prescricional geral do 
Código Civil de 1916 (entendimento da Segunda Seção do STJ). O prazo trazido pelo CC/1916 
era mais benéfico do que o do CDC. Contudo, ele não será aplicado nos casos envolvendo 
direito do consumidor. 
7. Cobrança do Valor Residual Garantido nos contratos de leasing. Prazo prescricional para 
cobrança do VRG nos contratos de leasing é o geral de 10 anos. (REsp 1174760/PR) 
8. DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA 
Art.28, CDC. 
Art. 28. O juiz poderá desconsiderar a personalidade jurídica da sociedade 
quando, em detrimento do consumidor, houver ABUSO DE DIREITO, 
EXCESSO DE PODER, INFRAÇÃO DA LEI, FATO OU ATO ILÍCITO OU 
VIOLAÇÃO DOS ESTATUTOS OU CONTRATO SOCIAL. A desconsideração 
também será efetivada quando houver falência, estado de insolvência, 
encerramento ou inatividade da pessoa jurídica provocados por má 
administração. 
§ 1° (Vetado). 
§ 2° As sociedades integrantes dos grupos societários e as sociedades controladas, 
são subsidiariamente responsáveis pelas obrigações decorrentes deste código. 
§ 3° As sociedades consorciadas são solidariamente responsáveis pelas 
obrigações decorrentes deste código. 
§ 4° As sociedades coligadas só responderão por culpa. 
§ 5° Também poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua 
personalidade for, de alguma forma, obstáculo ao ressarcimento de prejuízos 
causados aos consumidores. 
O caput do art.28 elenca vários requisitos para a desconsideração da personalidade jurídica 
numa relação de consumo. O §5º, art.28, CDC, determina que a desconsideração ocorrerá 
sempre que a personalidade for, de algum modo, obstáculo ao ressarcimento de prejuízos 
causados aos consumidores. Ou seja, basta a insolvência do fornecedor para a 
desconsideração da personalidade jurídica. O CDC traz uma hipótese mais ampla para a 
desconsideração da personalidade. 
Adota a TEORIA MENOR – basta provar a insolvência do fornecedor para que haja a 
desconsideração da personalidade jurídica. 
Grupos empresariais: desconsideração 
 
 
Sociedade controlada ou de grupo societário - art.28, §2º: a responsabilidade das empresas 
integrantes de grupos societários ou de sociedades controladas é SUBSIDIÁRIA. As empresas 
que não assumiram a obrigação perante o consumidor poderão ter seu patrimônio atingido caso 
a empresa obrigada não consiga adimplir com suas obrigações. 
Empresas consorciadas – art.28, §3º: a responsabilidade perante o consumidor das empresas 
consorciadas é SOLIDÁRIA. O consumidor, caso sofra danos, pode ajuizar ação contra 
qualquer das empresas consorciadas. 
Empresas coligadas – art.28, §4º: é aquela que possui 10% ou mais do capital social de 
outra empresa, mas não tem poder de gestão. A responsabilidade é SUBJETIVA – a 
sociedade só responderá se provada a culpa dela. O fornecedor direto responderá de forma 
objetiva e direta, mas a coligada só responderá a título de culpa. 
- DESCONSIDERAÇÃO NO CC/2002. 
Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de 
finalidade, ou pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da 
parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, que os 
efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens 
particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica. 
No CC/2002 é preciso demonstrar o desvio de finalidade ou a confusão patrimonial, a 
caracterizar o abuso da personalidade, para ser possível a desconsideração que não pode 
ocorrer de ofício – deve ser a requerimento da parte ou do MP. 
O CC/2002 adota a TEORIA MAIOR DA DESCONSIDERAÇÃO: deve-se demonstrar 
um dos requisitos para ser possível a desconsideração. 
Lei 9605/98, art.4º; Lei 12529/11, art.34: tratam da desconsideração da personalidade jurídica. 
O art.34, Lei 12.529/11 adota a TEORIA MAIOR – traz vários requisitos para a 
desconsideração. Já o art.4º, Lei 9.605/98 adotou o §5º, art.28, CDC, bastando a insolvência 
do fornecedor para a desconsideração da personalidade nas relações ambientais (adota a 
TEORIA MENOR). 
DESCONSIDERAÇÃO INVERSA: atinge o patrimônio da PJ pelas obrigações assumidas 
pelos sócios. 
9. PUBLICIDADE 
- OFERTA: 
 Informação: qualquer informação prestada pelo fornecedor ao consumidor é oferta. 
 Publicidade: é vinculativa. 
- PRINCÍPIOS: 
 1. PRINCÍPIO DA VINCULAÇÃO CONTRATUAL DA PUBLICIDADE OU 
OFERTA – art.30, CDC: 
Art. 30. Toda informação ou publicidade (OFERTA), suficientemente precisa, 
veiculada por qualquer forma ou meio de comunicação com relação a produtos e 
serviços oferecidos ou apresentados, obriga o fornecedor que a fizer veicular ou 
dela se utilizar e integra o contrato que vier a ser celebrado. 
Qualquer informação ou publicidade, suficientemente precisa, prestada ao consumidor, vincula 
o fornecedor, integrando o contrato. 
PUFFINGS: exageros publicitários, utilizados para enaltecer o produto/serviço – são aceitos, 
desde que não configurem publicidade enganosa. 
Se o fornecedor não cumprir com a oferta poderá o consumidor se valer de uma das 
alternativas do art.35: 
Art. 35. Se o fornecedor de produtos ou serviços recusar cumprimento à oferta, 
apresentação ou publicidade, o consumidor poderá, alternativamente e à sua livre 
escolha: 
I - exigir o cumprimento forçado da obrigação, nos termos da oferta, 
apresentação ou publicidade; 
II - aceitar outro produto ou prestação de serviço equivalente; 
III- rescindir o contrato, com direito à restituição de quantia eventualmente 
antecipada, monetariamente atualizada, e a perdas e danos. 
Erro grosseiro: hipótese em que o preço e as condições ofertadas pelo fornecedor estão 
muito aquém da realidade, tendo o consumidor plenas condições de verificá-lo. Nesse caso, 
tendo-se em vista a boa-fé objetiva, o consumidor não pode se valer do princípio da 
vinculação da oferta, não se aplicando o art.30, CDC. 
 2. PRINCÍPIO DA IDENTIFICAÇÃO OBRIGATÓRIA DA MENSAGEM 
PUBLICITÁRIA – art.36: 
A publicidade deve ser veiculada de forma a permitir que o consumidor a 
identifique de maneira fácil e imediata. 
Art. 36. A publicidade deve ser veiculada de tal forma que o consumidor, fácil e 
imediatamente, a identifique como tal. 
Publicidade x Propaganda: 
 Propaganda: difusão de ideias, de cunho político, religioso, social, etc.; 
 Publicidade: relaciona-se a algo comercial, de cunho econômico. 
- Publicidade institucional: fortalecer a marca da empresa e não um produto ou serviço 
específico. 
- Publicidade promocional: visa divulgar determinado produto/serviço específico e não a 
marca empresária. 
- Publicidade dissimulada: é aquela revestida de cunho jornalístico. A empresa paga a 
empresa jornalística para veicular uma matéria jornalística sobre determinado produto. O 
consumidor não sabe que o produto ou serviço tratado como matéria jornalística no 
programa foi pago pela empresa. Isso viola o art.36, CDC. 
- TEASER: não ofende o art. 36. Trata-se da expectativa da publicidade. Ex: outdoor que 
expõe a mensagem “vem aí...”. Isso cria a expectativa no consumidor sobre a vinda de 
determinado produto ou serviço, que ainda não foi identificado. 
- MERCHANDISING: técnica publicitária de aparecimento de um produto ou serviço dentro 
de um determinado contexto em programas televisivos sem, contudo, fazer referência 
expressa sobre a marca. Exemplo: carro utilizado pelo ator na novela. O merchandising não 
é proibido se o consumidor for informado da prática dessa técnica de forma clara, seja 
previamente ou posteriormente. 
- PUBLICIDADE SUBLIMINAR: é aquela que trabalha com o inconsciente do 
consumidor. O consumidor não tem consciência plena que está diante de um 
produto/serviço. É extremamente gravosa e difícil de ser identificada. É totalmente proibida 
por violação ao art.36, CDC. Ex: Walt Disney utilizou uma imagem, em um desenho, de uma 
mulher com os seios à mostra, de forma sutil, disfarçada. 
 3. PRINCÍPIO DA TRANSPARÊNCIA DA FUNDAMENTAÇÃO DA 
PUBLICIDADE – art.36, § único: 
Parágrafo único. O fornecedor, na publicidade de seus produtos ou serviços, 
manterá, em seu poder, para informação dos legítimos interessados, os dados 
fáticos, técnicos e científicos que dão sustentação à mensagem. 
O fornecedor deve manter os dados técnicos, fáticos e científicos que vão sustentar a 
publicidade, de modo a fundamentar, provar a veracidade daquilo que está veiculando. 
 4. PRINCÍPIO DA VERACIDADE DA PUBLICIDADE – art. 37, §1º, CDC: 
§ 1° É enganosa qualquer modalidade de informação ou comunicação de caráter 
publicitário, inteira ou parcialmente falsa, ou, por qualquer outro modo, mesmo 
por omissão, capaz de induzir em erro o consumidor a respeito da natureza, 
características, qualidade, quantidade, propriedades, origem, preço e 
quaisquer outros dados sobre produtos e serviços. 
Publicidade enganosa é aquela que induz o consumidor a erro. 
Não se analisa o dolo ou culpa do fornecedor quanto à intenção de induzir o consumidor a 
erro. A análise é meramente objetiva: se a publicidade é capaz de induzir a erro o fornecedor 
será responsabilizado, pouco importando a sua intenção. 
Publicidade enganosa por omissão – art.37, §3º: é aquela que deixa de informar um dado 
essencial do produto/serviço. 
Art.37, § 3° Para os efeitos deste código, a publicidade é enganosa por omissão 
quando deixar de informar sobre dado essencial do produto ou serviço. 
 5. PRINCÍPIO DA NÃO ABUSIVIDADE DA PUBLICIDADE – art.37, §2º, CDC: 
§ 2° É abusiva, dentre outras a publicidade discriminatória de qualquer natureza, 
a que incite à violência, explore o medo ou a superstição, se aproveite da 
deficiência de julgamento e experiência da criança, desrespeita valores 
ambientais, ou que seja capaz de induzir o consumidor a se comportar de forma 
prejudicial ou perigosa à sua saúde ou segurança. 
Em síntese: Publicidade abusiva é aquilo que ofende valores sociais. 
 6. PRINCÍPIO DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA NA PUBLICIDADE – 
art.38, CDC: 
Art. 38. O ônus da prova da veracidade e correção da informação ou 
comunicação publicitária cabe a quem as patrocina. 
A prova da veracidade da informação veiculada na publicidade é do fornecedor. 
A inversão do ônus da prova, nesse caso, OPE LEGIS. 
 7. PRINCÍPIO DA CORREÇÃO DO DESVIO PUBLICITÁRIO (art.56, XII e 
art.60) – CONTRAPROPAGANDA: 
Art. 56. As infrações das normas de defesa do consumidor ficam sujeitas, conforme 
o caso, às seguintes sanções administrativas, sem prejuízo das de natureza civil, 
penal e das definidas em normas específicas: 
XII - imposição de contrapropaganda. 
Art. 60. A imposição de contrapropaganda será cominada quando o fornecedor 
incorrer na prática de publicidade enganosa ou abusiva, nos termos do art. 37 e 
seus parágrafos, sempre às expensas do infrator. 
§ 1º A contrapropaganda será divulgada pelo responsável da mesma forma, 
frequência e dimensão e, “preferencialmente” no mesmo veículo, local, espaço e 
horário, de forma capaz de desfazer o malefício da publicidade enganosa ou 
abusiva. 
Cabe ao fornecedor arcar com as despesas da contrapropaganda para corrigir a publicidade 
enganosa ou abusiva, da mesma forma como veiculada a propaganda incorreta.Trata-se de uma 
sanção administrativa aplicada pela autoridade administrativa, no âmbito de sua atribuição, 
podendo ser aplicada cumulativamente com outras sanções, inclusive, cautelarmente, 
antecedente ou incidente de procedimento administrativo – art.56, § único. 
 8. PRINCÍPIO DA LEALDADE PUBLICITÁRIA – art.4º, VI, CDC: 
Art. 4º A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o 
atendimento das necessidades dos consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde 
e segurança, a proteção de seus interesses econômicos, a melhoria da sua 
qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia das relações de 
consumo, atendidos os seguintes princípios: 
VI - coibição e repressão eficientes de todos os abusos praticados no mercado de 
consumo, inclusive a concorrência desleal e utilização indevida de inventos e 
criações industriais das marcas e nomes comerciais e signos distintivos, que 
possam causar prejuízos aos consumidores; 
Está relacionado ao direito concorrencial. A publicidade deve ser leal com o consumidor e 
com o próprio concorrente. 
10. PRÁTICAS ABUSIVAS – ART.39, CDC 
Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras práticas 
abusivas: 
 I - condicionar o fornecimento de produto ou de serviço ao fornecimento de 
outro produto ou serviço, bem como, sem justa causa, a limites quantitativos; 
(VENDA CASADA) 
 II - recusar atendimento às demandas dos consumidores, na exata medida de 
suas disponibilidades de estoque, e, ainda, de conformidade com os usos e 
costumes; 
 III - enviar ou entregar ao consumidor, sem solicitação prévia, qualquer 
produto, ou fornecer qualquer serviço; 
 IV - prevalecer-se da fraqueza ou ignorância do consumidor, tendo em vista 
sua idade, saúde, conhecimento ou condição social, para impingir-lhe seus 
produtos ou serviços; 
 V - exigir do consumidor vantagem manifestamente excessiva; 
 VI - executarserviços sem a prévia elaboração de orçamento e autorização 
expressa do consumidor, ressalvadas as decorrentes de práticas anteriores entre 
as partes; 
 VII - repassar informação depreciativa, referente a ato praticado pelo 
consumidor no exercício de seus direitos; 
 VIII - colocar, no mercado de consumo, qualquer produto ou serviço em 
desacordo com as normas expedidas pelos órgãos oficiais competentes ou, se 
normas específicas não existirem, pela Associação Brasileira de Normas 
Técnicas ou outra entidade credenciada pelo Conselho Nacional de Metrologia, 
Normalização e Qualidade Industrial (Conmetro); 
 IX - recusar a venda de bens ou a prestação de serviços, diretamente a 
quem se disponha a adquiri-los mediante pronto pagamento, ressalvados os casos 
de intermediação regulados em leis especiais; 
 X - elevar sem justa causa o preço de produtos ou serviços. 
 XI - Dispositivo incluído pela MPV nº 1.890-67, de 22.10.1999, 
transformado em inciso XIII, quando da conversão na Lei nº 9.870, de 23.11.1999 
 XII - deixar de estipular prazo para o cumprimento de sua obrigação ou 
deixar a fixação de seu termo inicial a seu exclusivo critério. 
 XIII - aplicar fórmula ou índice de reajuste diverso do legal ou 
contratualmente estabelecido. 
Parágrafo único. Os serviços prestados e os produtos remetidos ou entregues ao 
consumidor, na hipótese prevista no inciso III, equiparam-se às amostras grátis, 
inexistindo obrigação de pagamento. 
ROL MERAMENTE EXEMPLIFICATIVO. 
A boa-fé objetiva é utilizada para se identificar uma prática abusiva. 
- Art.39, I: venda casada – atrelar um produto/serviço a outro (condicionar o fornecimento de 
produto ou de serviço ao fornecimento de outro produto ou serviço, bem como, sem justa causa, 
a limites quantitativos). 
- Art.39, III: oferecimento ao consumidor de produtos e serviços não solicitados por ele (enviar 
ou entregar ao consumidor, sem solicitação prévia, qualquer produto, ou fornecer qualquer 
serviço). Esses produtos e serviços fornecidos sem solicitação do consumidor são considerados 
amostras grátis, não podendo o fornecedor cobrar pelos mesmos (§ único, art.39). 
11. COBRANÇA DE DÍVIDAS – ART.42, CDC: 
Art. 42. Na cobrança de débitos, o consumidor inadimplente não será exposto a 
ridículo, nem será submetido a qualquer tipo de constrangimento ou ameaça. 
Art. 42-A. Em todos os documentos de cobrança de débitos apresentados ao 
consumidor, deverão constar o nome, o endereço e o número de inscrição no 
Cadastro de Pessoas Físicas – CPF ou no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica 
– CNPJ do fornecedor do produto ou serviço correspondente. 
O fornecedor, ao realizar uma cobrança, não pode expor o consumidor inadimplente a ridículo, 
nem o constranger ou o ameaçar, de qualquer modo, a pagar a dívida. 
REPETIÇÃO DO INDÉBITO – ART.42, § ÚNICO: 
Parágrafo único. O consumidor cobrado em quantia indevida tem direito à 
repetição do indébito, por valor igual ao dobro do que pagou em excesso, 
acrescido de correção monetária e juros legais, salvo hipótese de engano 
justificável. 
REQUISITOS: 
 Cobrança indevida; 
 Ter pagado o valor em excesso; 
 Ausência de engano justificável: analisa a culpa do fornecedor na cobrança indevida. 
A restituição é do valor pago em excesso. 
STJ: não cabe repetição em dobro do pagamento de matrícula universitária no caso que o 
aluno realize apenas uma matéria. Caberá a devolução do valor pago em excesso (o aluno só 
teria que pagar pela única matéria realizada e não pelas demais), mas não em dobro. 
STJ: sempre que houver cobrança indevida de prestação de serviço público caberá repetição 
do indébito em dobro. 
STJ: nos casos de abusividade de cláusula contratual cabe repetição do indébito, mas não 
em dobro, pois, como a abusividade foi analisada posteriormente pelo Judiciário não há que se 
falar em repetição em dobro, mas somente em repetição simples. 
12. BANCO DE DADOS E CADASTRO DE CONSUMIDORES – ART.43 DO CDC 
Direito dos consumidores: 
Direito de acesso – art.43, caput: sempre que algum dado do consumidor estiver inscrito em 
um banco de dados ou cadastro de consumidores ele tem o direito de acesso aos mesmos. 
Art. 43. O consumidor, sem prejuízo do disposto no art. 86, terá acesso às 
informações existentes em cadastros, fichas, registros e dados pessoais e de 
consumo arquivados sobre ele, bem como sobre as suas respectivas fontes. 
O cadastro de consumidores é feito pelas próprias empresas para relacionar uma transação que 
está sendo realizada; já o banco de dados é aquele que coleta e fornece para empresas 
informações dos consumidores (ex: SPC e SERASA). Quando for negado o direito de acesso 
ao consumidor esse poderá impetrar Habeas Data, uma vez que os bancos de dados e de 
cadastro de consumidores são considerados entidades de caráter público (art.43, §4º) – 
art.5º, LXXXX, CF/88. 
Direito à informação – art.43, §2º: o consumidor tem o direito de ser informado da inscrição 
do seu nome no banco de dados ou cadastro de consumidores. 
§ 2° A abertura de cadastro, ficha, registro e dados pessoais e de consumo deverá 
ser comunicada por escrito ao consumidor, quando não solicitada por ele. 
Se ele não for informado do cadastro do seu nome no banco de dados ou cadastro de 
consumidores, a princípio, cabe dano moral, SALVO se o consumidor já estiver negativado 
anteriormente. 
 
De quem é a responsabilidade pela informação da negativação do nome do consumidor? 
STJ, Súmula 359: a responsabilidade pela falta de informação ao consumidor da negativação 
do seu nome é do arquivo de consumo – SPC e SERASA. A informação quanto à inscrição do 
nome do consumidor no cadastro de inadimplentes deve ser PRÉVIA. 
Não é necessário que a notificação do consumidor quanto à negativação do seu nome se dê 
por AR (Súmula 404, STJ). Pode ser simples. 
Direito à retificação – art.43, §3º: o arquivo de consumo tem 05 dias (STJ) para informar 
outros arquivos, outros bancos de dados a retificação quanto ao nome do consumidor 
inserido incorretamente no órgão de negativação. 
§ 3° O consumidor, sempre que encontrar inexatidão nos seus dados e cadastros, 
poderá exigir sua imediata correção, devendo o arquivista, no prazo de cinco dias 
úteis, comunicar a alteração aos eventuais destinatários das informações 
incorretas. 
O STJ, aplicando esse prazo do §3º, analogicamente, entendeu que os bancos de dados e 
cadastros de consumidores terão 05 dias para realizar a retificação do nome. 
Direito à exclusão – art.43, §§1º e 5º: 
É realizado em dois momentos: 
 O tempo máximo que o consumidor pode permanecer no banco de dados ou cadastro 
de consumidores é de 05 anos. Ultrapassado tal prazo, a informação não poderá mais 
ser utilizada para negar crédito ao consumidor, sob pena de ensejar dano moral. 
§ 1° Os cadastros e dados de consumidores devem ser objetivos, claros, 
verdadeiros e em linguagem de fácil compreensão, não podendo conter 
informações negativas referentes a período superior a cinco anos. 
 Prescrição da dívida: o nome do consumidor não pode mais ser fornecido pelos 
bancos de dados para ensejar a negativa de crédito ao mesmo. 
§ 5° Consumada a prescrição relativa à cobrança de débitos do consumidor, não 
serão fornecidas, pelos respectivos Sistemas de Proteção ao Crédito, quaisquer 
informações que possam impedir ou dificultar novo acesso ao crédito junto aos 
fornecedores. 
Quando a pretensão executória do título prescrever, mas não a pretensão do direito, 
havendo a possibilidade do fornecedor ajuizar uma ação monitória ou de conhecimento para 
cobrar a dívida, o nome do consumidor poderá continuar a constar no cadastropelo prazo 
máximo de 05 anos do §1º. 
Súmulas sobre Bancos de Dados: 
- Súmula 359, STJ: “Cabe ao órgão mantenedor do Cadastro de Proteção ao Crédito a 
notificação do devedor antes de proceder à inscrição”. 
 
- Súmula 404, STJ: “É dispensável o Aviso de Recebimento (AR) na carta de comunicação ao 
consumidor sobre a negativação de seu nome em bancos de dados e cadastros”. 
 
- Súmula 323, STJ: “A inscrição do nome do devedor pode ser mantida nos serviços de 
proteção ao crédito até o prazo máximo de cinco anos, independentemente da prescrição da 
execução”. MUITAS VEZES HÁ PRESCRIÇÃO DA EXECUÇÃO, MAS NÃO DO 
DIREITO, PODENDO SER AJUIZADA AÇÃO MONITÓRIA OU DE CONHECIMENTO. 
 
- Súmula 385, STJ: “Da anotação irregular em cadastro de proteção ao crédito, não cabe 
indenização por dano moral, quando preexistente legítima inscrição, ressalvado o direito ao 
cancelamento”. 
 
- Súmula 380 do STJ: “A simples propositura da ação de revisão do contrato não inibe a 
caracterização da mora do autor". A propositura de uma ação de revisão contratual não 
descaracteriza a mora – o nome do consumidor continuará inscrito no banco de dados, salvo 
se preenchidos os requisitos a seguir: 
 
STJ: para permitir o cancelamento ou a abstenção da inscrição do nome do consumidor é 
necessária a presença concomitante de três elementos: 
a) a existência de ação proposta pelo devedor, contestando a existência integral ou parcial do 
débito; 
b) a efetiva demonstração de que a cobrança indevida se funda em jurisprudência 
consolidada do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça (houve certa 
relativização, exigindo apenas “fumaça do bom direito”): a causa de pedir, o fundamento da 
ação não pode apenas alegar uma abusividade genérica; é necessário que o mérito esteja 
consolidado nos Tribunais Superiores ou que ao menos haja um fundamento relevante acerca da 
abusividade. 
c) o depósito do valor referente à parte incontroversa do débito ou que seja prestada 
caução idônea: demonstração de boa-fé por parte do consumidor. 
DANO MORAL IN RE IPSA: a negativação indevida do nome do consumidor enseja o dano 
moral. Basta o cadastro indevido, não sendo necessária a prova do dano efetivo. 
A negativação indevida só não ensejará dano moral quando o consumidor já estiver 
inscrito, anteriormente, de forma devida, no banco de dados – Súmula 385, STJ. 
Cheque sem fundo: só pode negativar aquele que assinou o cheque. Assim, em caso de conta 
conjunta, apenas aquele que assinou o cheque é que poderá ter seu nome inserido no 
cadastro de inadimplentes (STJ). 
Quando há uma negativação no banco de dados, cabe ao fornecedor retirar o nome do 
consumidor do cadastro quando adimplida a dívida, em até 05 dias. 
No cartório de protesto, contudo, será responsável pela retirada do nome do cadastro o 
próprio CONSUMIDOR (STJ). 
13. PROTEÇÃO CONTRATUAL DO CONSUMIDOR 
Art. 46. Os contratos que regulam as relações de consumo não obrigarão os 
consumidores, se não lhes for dada a oportunidade de tomar conhecimento 
prévio de seu conteúdo, ou se os respectivos instrumentos forem redigidos de 
modo a dificultar a compreensão de seu sentido e alcance. 
 PRINCÍPIO DA INTERPRETAÇÃO MAIS FAVORÁVEL AO CONSUMIDOR: 
art.47 
 Art. 47. As cláusulas contratuais serão interpretadas de maneira mais favorável 
ao consumidor. 
Doença pré-existente deve ser informada pelo consumidor ao contratar um plano de saúde. Caso 
não informe, a empresa poderá exigir alguns exames e o preenchimento de formulários ao 
consumidor para saber se há alguma doença. Não sendo feito isso, o STJ entende que, na 
dúvida se o consumidor tinha ou não uma doença pré-existente, interpreta-se em favor 
deste. 
 
 DIREITO DE ARREPENDIMENTO: art.49 
Art. 49. O consumidor pode desistir do contrato, no prazo de 07 dias a contar de 
sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviço, sempre que a 
contratação de fornecimento de produtos e serviços ocorrer fora do 
estabelecimento comercial, especialmente por telefone ou a domicílio. 
 Parágrafo único. Se o consumidor exercitar o direito de arrependimento previsto 
neste artigo, os valores eventualmente pagos, a qualquer título, durante o prazo 
de reflexão, serão devolvidos, de imediato, monetariamente atualizados. 
REQUISITOS DO DIREITO DE ARREPENDIMENTO: 
- Compra realizada fora do estabelecimento comercial; 
- Prazo de 07 dias para o exercício do direito de arrependimento, do recebimento do produto 
ou da assinatura do contrato. 
O consumidor não precisa justificar a devolução do produto. 
O fornecedor não poderá cobrar do consumidor nenhum valor pela devolução, devendo os 
valores pagos ser devolvidos, corrigido monetariamente. 
STJ: o consumidor que compra um veículo e, para tanto, realiza um financiamento em 
uma instituição financeira dentro da própria concessionária de veículos, entendeu possível 
o arrependimento pelo consumidor do financiamento, tendo em vista que o financiamento 
não ocorreu dentro do estabelecimento da instituição, mas na própria concessionária. 
Aqui, o consumidor não está desistindo da compra do veículo, mas da contratação do 
financiamento. 
Motivação do art.49: o legislador presumiu que quando o consumidor realiza uma contratação 
fora do estabelecimento comercial, ele não tem contato com o produto, com informações 
certas acerca do mesmo e, por isso, não teria condições de avaliar o benefício da compra 
de forma precisa, consciente. 
Observação: Time sharing: contratos de múltiplas propriedades, por tempo compartilhado. 
Uma mesma propriedade terá vários donos que poderão utilizá-la, cada um, por determinado 
período do ano, definido no contrato. Nessa hipótese, buscou-se a razão da norma para se 
aplicar o art.49 – embora o contrato tenha sido celebrado no estabelecimento, o direito de 
arrependimento pode ser exercido por não ter sido a venda consciente, devido à utilização 
de subterfúgios que ludibriaram o consumidor. 
 GARANTIA: art.50 
A garantia contratual, dada pelo fornecedor de forma facultativa, é complementar à garantia 
legal (art.23 – a garantia legal de adequação não precisa ser expressa e não pode ser recusada 
pelo fornecedor). 
Art. 50. A garantia contratual é complementar à legal e será conferida mediante 
termo escrito. 
Parágrafo único. O termo de garantia ou equivalente deve ser padronizado e 
esclarecer, de maneira adequada em que consiste a mesma garantia, bem como a 
forma, o prazo e o lugar em que pode ser exercitada e os ônus a cargo do 
consumidor, devendo ser-lhe entregue, devidamente preenchido pelo fornecedor, 
no ato do fornecimento, acompanhado de manual de instrução, de instalação e 
uso do produto em linguagem didática, com ilustrações. 
Garantia legal: o consumidor tem o direito de adquirir um produto/serviço adequado, sem 
vícios. 
Garantia contratual: é uma faculdade do fornecedor, devendo estar expressa, com todos os 
seus requisitos elencados. 
Quando o fornecedor estabelecer uma garantia contratual, o prazo para reclamar dos vícios só 
começará a correr do término da garantia contratual, ou seja, só se conta o prazo da 
garantia lega depois de decorrido o prazo da garantia contratual. 
Garantia estendida: é um seguro – compra-se o direito de ter a prestação de um serviço caso 
apareça um vício naquele período contratado. Não se confunde com a garantia legal e nem 
contratual. É regulada pela SUSEP. 
 CLÁUSULAS ABUSIVAS: art.51 
O art.51, CDC, traz um rol exemplificativo. 
As cláusulas abusivas são NULAS de pleno direito, podendo ser declaradas de ofício pelo 
juiz. 
Contudo, nos contratos bancários, o juiz não pode reconhecer de ofício a abusividade das 
cláusulas contratuais– Súmula 381, STJ. 
 Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas 
ao fornecimento de produtos e serviços que: 
 I - impossibilitem, exonerem ou atenuem a responsabilidade do fornecedor 
por vícios de qualquer natureza dos produtos e serviços ou impliquem renúncia 
ou disposição de direitos. Nas relações de consumo entre o fornecedor e o 
consumidor pessoa jurídica, a indenização poderá ser limitada, em situações 
justificáveis; 
 II - subtraiam ao consumidor a opção de reembolso da quantia já paga, nos 
casos previstos neste código; 
 III - transfiram responsabilidades a terceiros; 
 IV - estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que coloquem o 
consumidor em desvantagem exagerada, ou sejam incompatíveis com a boa-fé ou 
a eqüidade; 
 V - (Vetado); 
 VI - estabeleçam inversão do ônus da prova em prejuízo do consumidor; 
 VII - determinem a utilização compulsória de arbitragem; 
 VIII - imponham representante para concluir ou realizar outro negócio 
jurídico pelo consumidor; 
 IX - deixem ao fornecedor a opção de concluir ou não o contrato, embora 
obrigando o consumidor; 
 X - permitam ao fornecedor, direta ou indiretamente, variação do preço de 
maneira unilateral; 
 XI - autorizem o fornecedor a cancelar o contrato unilateralmente, sem que 
igual direito seja conferido ao consumidor; 
 XII - obriguem o consumidor a ressarcir os custos de cobrança de sua 
obrigação, sem que igual direito lhe seja conferido contra o fornecedor; 
 XIII - autorizem o fornecedor a modificar unilateralmente o conteúdo ou a 
qualidade do contrato, após sua celebração; 
 XIV - infrinjam ou possibilitem a violação de normas ambientais; 
 XV - estejam em desacordo com o sistema de proteção ao consumidor; 
 XVI - possibilitem a renúncia do direito de indenização por benfeitorias 
necessárias. 
§ 1º Presume-se exagerada, entre outros casos, a vantagem que: 
 I - ofende os princípios fundamentais do sistema jurídico a que pertence; 
 II - restringe direitos ou obrigações fundamentais inerentes à natureza do 
contrato, de tal modo a ameaçar seu objeto ou equilíbrio contratual; 
 III - se mostra excessivamente onerosa para o consumidor, considerando-se a 
natureza e conteúdo do contrato, o interesse das partes e outras circunstâncias 
peculiares ao caso. 
§ 2° A nulidade de uma cláusula contratual abusiva não invalida o contrato, 
exceto quando de sua ausência, apesar dos esforços de integração, decorrer ônus 
excessivo a qualquer das partes. 
§ 3° (Vetado). 
§ 4° É facultado a qualquer consumidor ou entidade que o represente requerer 
ao Ministério Público que ajuíze a competente ação para ser declarada a 
nulidade de cláusula contratual que contrarie o disposto neste código ou de 
qualquer forma não assegure o justo equilíbrio entre direitos e obrigações das 
partes. 
- Art.51, I: as indenizações, regra geral, não poderão ser limitadas, salvo quando tiver, de um 
lado, fornecedor e do outro, consumidor PJ. Nesse caso, permite-se a limitação da 
indenização desde que haja uma situação que a justifique. 
I - impossibilitem, exonerem ou atenuem a responsabilidade do fornecedor por 
vícios de qualquer natureza dos produtos e serviços ou impliquem renúncia ou 
disposição de direitos. Nas relações de consumo entre o fornecedor e o 
consumidor pessoa jurídica, a indenização poderá ser limitada, em situações 
justificáveis; 
- Art.51, VI: é nula a cláusula contratual que estabeleça a inversão do ônus da prova em prejuízo 
do consumidor. A inversão do ônus da prova deve ser a favor do consumidor para 
equilibrar a relação de consumo, uma vez que o consumidor é presumidamente a parte 
vulnerável dessa relação. 
 VI - estabeleçam inversão do ônus da prova em prejuízo do consumidor; 
- SEMPRE que uma cláusula ofender a boa-fé objetiva será nula de pleno direito. 
- Art.51, VII: é vedada a cláusula de arbitragem COMPULSÓRIA. 
 VII - determinem a utilização compulsória de arbitragem; 
Pode haver arbitragem nas relações de consumo, desde que haja anuência do consumidor. 
- Art.51, XVI: é nula de pleno direito cláusula que renuncia o direito de indenização por 
benfeitorias necessárias. 
 XVI - possibilitem a renúncia do direito de indenização por benfeitorias 
necessárias. 
- Art.51, §2º: a nulidade de uma cláusula contratual não invalida todo o contrato, salvo quando 
ocorrer ônus excessivo a uma das partes – princípio da conservação do contrato. 
§ 2° A nulidade de uma cláusula contratual abusiva não invalida o contrato, 
exceto quando de sua ausência, apesar dos esforços de integração, decorrer ônus 
excessivo a qualquer das partes. 
A cláusula abusiva será nula, devendo o juiz readequar o contrato com o fim de mantê-lo 
vigente, salvo quando dessa readequação ocorrer um ônus excessivo para uma das partes. 
- Súmula 382, STJ: a simples estipulação de juros acima de 12% não implica, por si só, a 
abusividade da cláusula. Cabe ao juiz readequar a cláusula a um patamar equilibrado. 
- STJ, Súmula 302: é abusivo o plano de saúde limitar o tempo de internação do consumidor, 
por ofensa a boa-fé objetiva. 
- STJ: limitar o valor do tratamento médico no plano de saúde configura cláusula abusiva, 
sendo nula de pleno direito. 
- STJ: o plano pode excluir algumas doenças da cobertura do plano de saúde, mas o 
tratamento não poderá ser limitado. Mas as doenças de notificação compulsória pelo 
profissional da saúde não poderão ser excluídas do plano. 
- STJ: as empresas de cartão de crédito não podem estabelecer cláusula que obrigue o 
consumidor a arcar com os valores gatos por terceiro em razão do furto ou perda de seu 
cartão, ainda que o mesmo demore a notificar a empresa sobre o furto ou perda. 
14. CONCESSÃO DE CRÉDITO 
Art.52, CDC. 
Art. 52. No fornecimento de produtos ou serviços que envolva outorga de crédito 
ou concessão de financiamento ao consumidor, o fornecedor deverá, entre outros 
requisitos, informá-lo prévia e adequadamente sobre: 
 I - preço do produto ou serviço em moeda corrente nacional; 
 II - montante dos juros de mora e da taxa efetiva anual de juros; 
 III - acréscimos legalmente previstos; 
 IV - número e periodicidade das prestações; 
 V - soma total a pagar, com e sem financiamento. 
 § 1° As multas de mora decorrentes do inadimplemento de obrigações no seu 
termo não poderão ser superiores a dois por cento do valor da prestação. 
 § 2º É assegurado ao consumidor a liquidação antecipada do débito, total ou 
parcialmente, mediante redução proporcional dos juros e demais acréscimos. 
Duty to mitigate the loss: trata-se do dever de mitigar as perdas – se o fornecedor pode fazer 
algo para ajudar o consumidor ele DEVE colaborar, de modo a diminuir a sua própria perda. 
Assim, na concessão de financiamento, o fornecedor deve agir com lealdade, boa-fé, de modo a 
oferecer ao consumidor a melhor alternativa quando o esse precisar de um financiamento 
ou de um crédito. Ao realizar um financiamento e o consumidor pretender realizar 
antecipadamente o pagamento, terá direito a uma diminuição dos juros embutidos. 
 CLÁUSULA DE DECAIMENTO: art.53 
É a perda total das prestações já pagas quando o consumidor desistir da contratação. É cláusula 
altamente abusiva. O STJ admite apenas a retenção de um percentual para cobrir as 
despesas de manutenção, mas não a retenção do valor total já pago. (Teoria do 
adimplemento substancial) 
Art. 53. Nos contratos de compra e venda de móveis ou imóveis mediante 
pagamento em prestações,

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