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Análise do Poema Autopsicografia de Fernando Pessoa

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ANÁLISE DO POEMA AUTOPSICOGRAFIA DE FERNANDO PESSOA
Departamento de Literatura
Tendências Contemporâneas na Literatura Portuguesa: Poesia
Docente: Sandra Aparecida Ferreira
Discente: Karina Isabelli de Carvalho
Período: Diurno
 
ASSIS 
2019
O poema Autopsicografia do poeta português Fernando Pessoa, é uma de suas poesias mais conhecidas, lidas e estudadas. Mas a razão pela qual eu escolhi este poema para a interpretação e análise, foi para além disso. Primeiramente, para homenagear o poeta Fernando Pessoa que, se estivesse vivo, completaria 131 anos de idade no dia 13 de junho de 2019, dia em que realizei minha apresentação em sala de aula; e, em segundo lugar, para agradecer minha professora de literatura do ensino médio, Eveline, a qual emanava paixão pela arte da literatura e pela arte de lecionar. Devido a ela, tivemos a oportunidade de conhecer mais profundamente sobre o poeta Fernando Pessoa e suas obras, além de homenageá-lo em uma feira de ciências realizada nas dependências da escola onde realizei meus estudos e me formei.
Autopsicografia é uma extraordinária contribuição do pensamento de Fernando Pessoa ao fazer poético, e, por isso, é voltada para reflexões sobre identidade, noções de real e imaginário e existencialismo (condizentes com a era moderna em que o mesmo estava inserido). E o próprio título do poema já nos denúncia isso. Autopsicografia é a junção da palavra "auto", que por sua vez, é um termo utilizado para designar quando nos referimos a nós mesmos, transmitindo a noção de si próprio; e, "psicografia", que faz referência a noção de descrição da alma. Autopsicografia, portanto, é um neologismo que se refere a alguém (nesse caso Fernando Pessoa) descrevendo a própria alma, nos revelando o que existe de mais profundo e íntimo dentro de si. 
O poema apresenta três estrofes compostas por quatro versos cada, ou seja, doze versos ao todo. Os versos são divididos em sete sílabas poéticas (heptassílabo ou redondilha maior). O esquema de rima é alternado ou cruzado (ABAB/CDCD/EFEF) e apresenta uma irregularidade no primeiro e terceiro versos da última estrofe.
A primeira estrofe contém a ideia essencial do poema. Nela, o autor-poeta ou poeta-autor imprime metaforicamente a definição “fingidor” sobre o poeta. Isso não significa que o poeta seja um mentiroso, mas que é capaz de se transformar nos próprios sentimentos que estão dentro dele. Por essa razão, consegue se expressar de maneira única, tendo a noção que o ato de fingir é um instrumento da criação literária. E tal capacidade de fingir, do ortônimo Fernando Pessoa, explica a criação dos heterônimos pelos quais ficou conhecido, tais como: Álvaro de Campos, Alberto Caeiro e Ricardo Reis. Por meio deles, Fernando Pessoa consegue abordar várias emoções e se transformar em cada uma delas, criando assim diferentes personagens com formas distintas de ser e de sentir, e, isso se torna sincero nos versos do presente poema. 
No primeiro verso, “O poeta é um fingidor”, à primeira vista, parece que o poeta é elevado à condição de mentiroso. Porém, ao desenrolar do poema, a ideia do eu lírico vai tomando forma, e se descobre que ele está falando sobre a própria condição, ou seja, sobre a condição do poeta, criando-se assim, uma espécie de metapoeta ou de metapoesia, que ele mesmo denomina de Autopsicografia.
 No segundo verso, “Finge tão completamente”, confirma a condição do poeta. Ele não só finge, como também afirma e reafirma que finge por completo e com determinação da própria necessidade de fingir. No terceiro verso, “Que chega a fingir que é dor”, ele revela sobre o que realmente finge. E, no último e quarto verso, “A dor que deveras sente”, encerra-se a primeira estrofe de forma irônica e paradoxal, quando o poeta revela que o seu fingimento, na verdade, transcendeu o real e se materializou no plano da arte. 
“O poeta é um fingidor
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.”
A segunda estrofe mostra que a capacidade do poeta de expressar certas emoções desperta sentimentos no leitor. Apesar disso, o que o leitor sente não é a dor (ou a emoção) que o poeta sentiu nem a que "fingiu", mas a dor derivada da interpretação da leitura do poema. As duas dores que são mencionadas são a dor original que o poeta sente e a "dor fingida", que é a dor original que foi transformada pelo poeta.
“E os que leem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.”
A terceira e última estrofe, o coração é descrito como um comboio de corda, que gira e que tem a função de distrair ou divertir a razão. Observa-se neste caso a dicotomia emoção x razão que faz parte do cotidiano do poeta. Podemos então concluir que o poeta usa o seu intelecto (razão) para transformar o sentimento (emoção) que ele viveu.
E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.
Em Autopsicografia, Fernando Pessoa explora o autoconhecimento do poeta, algo que faz com que este se distancie do real e o faça querer atingir um mundo da arte, no qual reside a perfeição. Ele também mostra um conceito metafórico com relação ao trabalho do poeta, o qual se utiliza da dor para entreter e estabelecer um contato entre o eu lírico, o leitor e o efeito que a poesia possui sobre ambos.

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