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Teoria da Relação Jurídica II

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Vícios do negócio jurídico
Qualquer vício gera anulabilidade, só simulação gera nulidade
Erro
Palavra chave: espontâneo
Conceito: O erro ocorre nas decisões tomadas graças a falsa representação da realidade, ou seja, dá-se o erro a partir da tomada de decisão sobre ideias equivocadas dos fatos, coisas, riscos e pessoas que estão envolvidas no negócio jurídico
Características:
Substancial: se a pessoa soubesse a verdade, não faria o negócio
Escusável: Passa despercebido de qualquer pessoa de diligência normal
Se o erro é acidental (a pessoa tem praticado o negócio mesmo que tivesse sabido dele antes) ou indesculpável (o sujeito não percebeu o erro que seria perceptível por pessoa com diligência normal), o negócio jurídico é válido
Fundamentação legal: art 138-144 CC
Importante: análise do elemento subjetivo
Dolo
Palavra chave: malícia
Conceito: conhecido como erro induzido. No dolo, o negócio é feito porque há um artifício que leva o contratante a declarar a vontade de forma diversa da que faria, caso não houvesse o agir malicioso do outro contratante.
Elementos característicos:
Má-fé
Ilicitude no agir do contratante que induz ao erro
Exame da culpabilidade do agir do outro contratante
Exame do elemento subjetivo
Tipos de dolo:
Dolo essencial
Dolo acidental
Art 145, cc- dolo como causa
Art 146, cc- dolo não é a única causa do negócio
Dolus bonus
Não mente mas agrega valor ao produto
Dolus malus
Intenção de louvar ou exacerbar as qualidades do objeto do negócio, sem causar prejuízo
Dolo comissivo
Dolo ativo, a pessoa cria uma situação através de alguma ação própria
Dolo omissivo
Por ação
Por omissão (art 147,cc)
Silêncio intencional
Silêncio que decorreu de uma obrigação prévia de falar
Coação
Conceito: "É toda a pressão física ou moral exercida contra alguém, de modo à forçá-lo à prática de um determinado negócio jurídico, contra a sua vontade, tornando defeituoso o negócio" - Cristiano Chaves de Farias
Tipos:
Coação física(vis absoluta): pressão resultante de uma força exterior, para tolher os movimentos do agente, fazendo desaparecer a sua vontade
Coação moral (vis compulsiva): existência de uma ameaça séria e idônea de algum "dano", a ser causado ao declarante ou a alguém de sua família
Requisitos:
Gravidade
Seriedade
Iminência ou atualidade
Ou está prestes a acontecer ou acontecendo
Nexo causal
Que o ato ameaçado seja injusto
Importante: análise subjetiva
Coação: essencial / acidental (não vem a caracterizar anulação, possivelmente perdas e danos)
Excludentes (Art 153 CC)
Art. 153. Não se considera coação a ameaça do exercício normal de um direito, nem o simples temor reverencial.
Exercício regular de um direito
Temor reverencial
Observações:
Mal impossível, remoto ou evitável
Não caracteriza coação
Coação exercida por terceiros
Gera anulação quando o beneficiário da coação sabia
Comparativo:
Erro x Dolo x Coação
Espontâneo x Malícia x Força/Ameaça
Fundamentação legal Arts 151-155 CC
Art. 151. A coação, para viciar a declaração da vontade, há de ser tal que incuta ao paciente fundado temor de dano iminente e considerável à sua pessoa, à sua família, ou aos seus bens.
Parágrafo único. Se disser respeito a pessoa não pertencente à família do paciente, o juiz, com base nas circunstâncias, decidirá se houve coação.
Art. 152. No apreciar a coação, ter-se-ão em conta o sexo, a idade, a condição, a saúde, o temperamento do paciente e todas as demais circunstâncias que possam influir na gravidade dela.
Art. 153. Não se considera coação a ameaça do exercício normal de um direito, nem o simples temor reverencial.
Art. 154. Vicia o negócio jurídico a coação exercida por terceiro, se dela tivesse ou devesse ter conhecimento a parte a que aproveite, e esta responderá solidariamente com aquele por perdas e danos.
Art. 155. Subsistirá o negócio jurídico, se a coação decorrer de terceiro, sem que a parte a que aproveite dela tivesse ou devesse ter conhecimento; mas o autor da coação responderá por todas as perdas e danos que houver causado ao coacto.
Coacto: o que foi coagido
Lesão
Conceito: "É um prejuízo resultante da exagerada desproporção das prestações existentes nos negócios jurídicos" - Chaves de Farias
Desiquilíbrio entre o que cada um tem que fazer no negócio jurídico
Acontece na celebração do negócio jurídico
Espécies:
Lesão enorme ou propriamente dita
Lesão usuária ou usura real
Lesão especial (art 157 CC)
Art. 157. Ocorre a lesão quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou por inexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta.
§ 1o Aprecia-se a desproporção das prestações segundo os valores vigentes ao tempo em que foi celebrado o negócio jurídico.
§ 2o Não se decretará a anulação do negócio, se for oferecido suplemento suficiente, ou se a parte favorecida concordar com a redução do proveito.
Lesão consumerista
Características:
Desproporção
Prejuízo
Inexperiência
Elementos:
Objetivo: desproporção
Subjetivo: inexperiência
Admissibilidade: nos contratos bilaterais e onerosos
Importante: lesão != onerosidade excessiva (Art 478 CC)
Art. 478. Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de uma das partes se tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do contrato. Os efeitos da sentença que a decretar retroagirão à data da citação.
ESTADO DE PERIGO
Conceito: é a projeção do estado de necessidade do direito penal, mas na esfera negocial (art 156 CC)
Um dos contraentes assume obrigação excessivamente onerosa, por conta da necessidade de salvar a si ou a alguém ligado por vínculos afetivos
O perigo real e iminente passa a ser fator de desequilíbrio, que limita a liberdade de manifestação
Inferioridade
Ameaça pelas circunstâncias
Elementos:
Objetivo: obrigação exageradamente onerosa no momento da declaração de vontade
Subjetivo: condições de inferioridade em que se encontrava a vítima no momento da contratação
Analogia: Art 157, parágrafo segundo, CC
Distinção
Dolo(malícia) x Lesão(desequilíbrio) x Coação(ameaça-força) x Estado de perigo (ameaça-circunstâncias-inferioridade)
Lesão(inexperiência) x Estado de perigo(inferioridade)
Fraude contra credores
Conceito: vício social, traduzível pela prática de um ato de disposição patrimonial do devedor, com o propósito de prejudicar o seu credor, pela diminuição ou esvaziamento do patrimônio
Elementos característicos:
Diminuição ou esvaziamento do patrimônio do devedor até a sua insolvência (elemento objetivo)
O intuito malicioso do devedor de causar o dano (elemento subjetivo) - Má fé
Remédio: ação pauliana/ação revocatória
Observação: na fraude à execução, a alienação do bem ocorre depois da citação do bem, e tem como efeito a ineficácia do ato
Na fraude contra credores não houve ainda citação, ainda não está sendo processado, só está devendo
Palavra chave: golpe, esvaziamento patrimonial
Simulação
Conceito: prática de ato jurídico que esconde a real intenção, já que a verdadeira intenção é encoberta mediante disfarce, partindo-se da divergência intencional entre a vontade e a declaração [Má fé]
Simulação gera nulidade[ex tunc], os outros geram anulação[ex nunc]
Requisitos:
Acordo simulatório
Intencionalidade na divergência
Declaração de vontade livre
Intuito de enganar terceiros
Distinção
Simulação X Coação
Simulação X Reserva mental
Simulação X Dolo
Só não tem o acordo simulatório no dolo
Ato ilícito
Conceito: Toda e qualquer conduta praticada por pessoa imputável, que viola um dever juridicamente previsto, causando prejuízo a alguém
Gera ato indenizatório se os elementos de imputação do dano estiverem presentes
Ato ilícito não necessariamente reproduz responsabilidade civil
Ato lícito pode causar responsabilidade civil
Conduta legal pode causar penalização, ao contrário de como acontece no direito penal
Fundamentação legal:
Arts 186 e ss, CC
Elementos da imputação do dano:
Conduta do agente
Culpa (lato sensu)
Dano
Nexo de causalidade
Distinção: responsabilidade civil/penal
Ato ilícito X Responsabilidade civil
Autonomia conceitual
Imputação do dano
Responsabilidade civil
Noções introdutórias:
Responsabilidade civil
Contratual (Arts 389 e ss. e 395 e ss CC)
Obrigações de meio
Descumprimento
A vítima prova a culpa
Obrigações de resultado
Descumprimento
Presume-se a culpa pela circunstância
Pessoa jurídica também pode ser responsabilizada
Extracontratual (Arts 186, 187 e 927e ss CC)
Objetiva (regra CDC, consumidor em regra não precisa comprovar a culpa)
Propriamente dita
Desnecessário comprovar a prova
Risco
Presume-se a culpa
Vide Art 6º, VIII, CDC (inversão do ônus da prova caso a parte hipossuficiente não consiga provar, pode ser utilizado por analogia no CC)
Subjetiva (regra CC)
Comprova-se a culpa
Pessoa jurídica também pode ser responsabilizada
Cláusulas de não indenizar são nulas, não é possível refutar direitos fundamentais
Prescrição e decadência
Sobre a influência do tempo nas relações jurídicas
Dormientibus non scurrit jus
O direito não socorre aos que dormem
Prescrição
Arts 189 a 206 CC
Trata-se da perda da pretensão a um direito subjetivo (de crédito, por exemplo)
Prazos
Art 205 CC prazo geral
10 anos
Art 206 CC prazos especiais
De 1 a 5 anos
Formula para identificação do prazo
Premissa 1: Identifique o prazo: se ele for em dias, meses ou ano e dia, é decadencial
Se for em anos, depende
Premissa 2: Identifique o artigo se o prazo estiver nos arts 205 e 206 CC, será prescricional se estiver fora; decadencial
Premissa 3: Identifique a ação correspondente se for condenatória (cobrança, reparação de danos) o prazo é prescricional. Se a ação for constitutiva (positiva ou negativa), o prazo é decadencial. As ações declaratórias são imprescritíveis
Quando ocorre o início do prazo prescricional?
Doutrina clássica: da lesão do direito subjetivo se for um caso de reparação de danos, a partir do ato ilícito. Se for ação de cobrança, a partir do inadimplemento
Doutrina contemporânea: teoria da actio nata. O prazo prescricional tem início a partir do conhecimento da lesão.
Prescrição de ofício
Lei n 11.280/2006 - revogação do art 194 CC
Princípio da celeridade processual
Juiz declara espontaneamente a prescrição
E na hipótese da renúncia à prescrição (art 191 CC)?
Afronta à autonomia privada
Ex.: Ação de cobrança
Interrupção, impedimento e suspensão da prescrição:
197 a 201(impedimento e suspensão) 202-204(interrupção)
Impedimento: o prazo não começa, e quando inicia, começa do zero
Suspensão: O prazo começa (1, 2...) e depois, quando cessa a suspensão, continua de onde parou (3,4...)
Interrupção: Começa (1,2...) e quando interrompe, volta para o começo (1,2...)
Obs: A interrupção da precrição só pode acontecer uma vez
Decadência
Arts 207 a 211 CC
Trata-se da perda de um direito potestativo
Todos os prazos que não estão no 205 ou 206 são decadenciais
Em regra, não pode ser interrompida, suspensa ou impedida - Art 207 CC
Exceção: Art 208 CC
Tipos: Legal(lei) e convencional(contrato)
Obs: O tratamento dado à decadência convencional era igual ao dado à prescrição. Mudança provocada pela lei nº 11 280/06
É nula a renúncia à decadência legal, mas e a convencional, pode ser renunciada? (Vide art 211 CC)
Pretensões imprescritíveis:
A prescritibilidade é a regra
Não prescrevem as pretensões:
Protegem os direitos de personalidade
As que se prendem ao estado de pessoas
Ex.: declaração de união estável, emancipação
As de exercício facultativo, em que não existe direito violado
As referente aos bens públicos de qualquer natureza
As que protegem o direito de propriedade
As pretensões de reaver bens confiados à guarda de outrem
As destinadas a anular inscrição do nome empresarial, feita com violação de lei ou de contrato
Prescrição e institutos afins de natureza processual:
Preclusão
Perempção

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