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APOSTILA RESPONSABIIDADE CIVIL (1)

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RESPONSABILIDADE CIVIL
NOÇÕES INTRODUTÓRIAS
 
A ordem jurídica por meio da imposição de deveres visa a proteção da sociedade e dos indivíduos. Segundo Caio Mario da Silva Pereira, citado por Simone Gomes Rodrigues Casoretti in CAMILLO e outros (p. 732), a classificação da responsabilidade civil emerge a ideia dualista de um sentimento social e humano. No primeiro, a ordem jurídica não se compadece com o fato de que uma pessoa possa causar mal a outra pessoa. No segundo, além da social, à mesma ordem jurídica repugna que o agente reste incólume em face do prejuízo individual.
O instituto responsabilidade civil tem por fim restabelecer a harmonia e o equilíbrio violados pelo dano injusto. 
1.2 HISTORICIDADE DA RESPONSABILIDADE CIVIL
Direito Romano – Responsabilidade enquanto Vingança (coletiva, superior e mais brutal)
Lei de Talião – Responsabilidade limitada ao indivíduo causador do dano.
Lex Aquilia – Responsabilidade com a reparação do dano de forma subsidiária (em moeda ou espécie, não mais quanto a pessoa). Responsabilidade subjetiva 
Desenvolvimento Industrial – Responsabilidade objetiva (baseada na teoria do risco)
A responsabilidade civil remonta o Direito Romano manifestando inicialmente, na era primitiva, como vingança capaz de compensar o dano, sendo aplicada em grau superior e mais brutal do que o dano causado à vítima. Permitia-se a aplicação da vingança pela intervenção contra o indivíduo e também todo grupo da família. 
	O conceito de vingança coletiva foi construído em detrimento de famílias, grupos clãs e tribos, sem preocupação de individualizar o autor do dano. Dados os efeitos nefastos da vingança coletiva – como por exemplo a eliminação de grupos – passa-se a vingança individual.
	A Lei “Talião” foi institucionalizada a fim de limitar as represálias às individuais. A ideia de justiça foi disposta em prol da reciprocidade, valendo-se da igualdade dos direitos individuais, daí olho por olho, dente por dente. Até aqui não havia análise de culpa.
	Curiosidade: O Código da Inquisição seguiu a mesma linha da Lei “Talião”, enumerando a vingança privada em desfavor daqueles que atentassem contra a divindade.
	Depois, com a evolução das relações sociais (mercancia), tornou-se mais interessante a reparação do dano de forma subsidiária (em espécie ou moeda e não por meio da vingança), quando então o Estado avocou para si referida tarefa, o que se percebe denotadamente pela Lex Aquilia, onde, inclusive, reconheceu-se a necessidade de demonstração da culpa para que se pudesse exsurgir o direito à indenização.
Curiosidade: Todavia, pode-se dizer que foi no direito francês que o instituto experimentou evolução maior, pois o Código de Napoleão, veio a regulamentar a ideia da culpa como parte necessária da responsabilidade de indenizar os prejuízos causados.
	Segue a Lex Aquilia, erigindo-se como base da responsabilidade civil subjetiva,	A Lex Aquilia distinguiu os graus de culpa – grave, leve e levíssima –, distinguindo também a intenção de provocar o dano – dolo. 
Com fundamentos na Lex Aquilia as codificações do século XIX erigiram a regra geral da responsabilidade civil subjetiva, que conformava-se aos anseios da sociedade da época.
	Neste sentido pondera DUARTE observando que o princípio da culpa era extremamente benéfico ao sistema econômico vigente no séc. XIX, já que subtraia ao empresário a responsabilidade pelos danos ocasionados sem culpa. …. O princípio da responsabilidade por culpa era, também, uma consciente opção política do direito, de modo a permitir o desenvolvimento da atividade industrial, que serviria de alavanca para a economia dos países entrantes na era da produção de massa. Era entendimento corrente que o sistema de responsabilidade civil não deveria prejudicar o desenvolvimento da indústria. (p. 61)
	Dado o grande desenvolvimento industrial e a precariedade das condições de trabalho, que tinham como resultado os grandes números de acidentes, a responsabilidade civil passa a ser repensada. Neste período a industrialização já se mantinha em nível autossustentável. A indústria já estava protegida e era o momento de proteger a vítima.
	Desenvolve-se então a teoria do risco-proveito, determinado-se que quem aufere lucros no desempenho de uma atividade deve suportar o ônus, independente de culpa. Seguiram-se outras modalidades de risco, como o risco-criado, quando o dever de indenizar surge na esfera de uma terceira pessoa que não o lesado independentemente da prática de qualquer fato ilícito voluntário.
	Em nosso ordenamento, o legislador de 1916 optou pela regra da responsabilidade subjetiva, e o de 2002, pela harmonia de duas regras, a subjetiva e a objetiva. 
	Coadunando duas regras – a responsabilidade subjetiva e a subjetiva – entende-se por aplicar a primeira aos casos de igualdade e outra nas situações de desigualdade.
	Segundo Nelson Rosenvald, a responsabilidade civil dos nossos dias pode ser comparada a um edifício em construção. De um lado já temos vários conceitos e categorias assentados, mas, de outro, devido a dinâmica da sociedade e a incorporação de novos valores, vão surgindo outros “danos”, outras modalidades de reparação. Ex: Reparação por abandono afetivo.
ESPÉCIES DE RESPONSABILIDADE CIVIL
A responsabilidade civil pode apresentar-se sob diferentes espécies , conforme a perspectiva que se analisa. Assim sendo, poderá ser classificada:
I) Quanto ao fato gerador:
Responsabilidade contratual/obrigacional: presente nos casos de desrespeito a uma norma contratual (existe um contrato)
Responsabilidade extracontratual/aquiliana: não há relação contratual entre as partes, decorre da inobservância de um dever genérico de não causar dano a outrem (art. 927)
Essa segunda seria mais genérica, a primeira um tipo de responsabilidade mais específica (existe um instrumento, o contrato). A aproximação entre as duas é tendência defendida e compreensível, sendo que a bipartição do estudo faz sentido apenas didático e teórico. 
II) Em relação ao seu fundamento:
Responsabilidade subjetiva; exige comprovação de culpa.
Responsabilidade objetiva: não tem necessidade de demonstrar culpa, funda na teoria do risco
III) Quanto ao agente:
Responsabilidade direta: o dano é praticado/causado pelo próprio agente da conduta.
Responsabilidade indireta: por atos de terceiros que têm vínculo legal de responsabilidade (pais, tutores, empregadores, etc.)
FUNDAMENTOS DA RESPONSABILIDADE CIVIL
Embora não haja unanimidade na doutrina sobre quais sejam os elementos estruturais da responsabilidade civil, ou pressupostos do dever de indenizar, prevalece os quatro elementos abaixo (art. 186).
Conduta humana : ação ou omissão do agente: o ato ilícito pode advir não só de uma ação, mas também de omissão do agente.
Nexo de Causalidade: liame entre o dano e culpa entre a ação do agente e o dano causado tem que haver um nexo de causalidade, pois é possível que tenha havido um ato ilícito e tenha havido dano, sem que um seja causa do outro.
- Várias são as leituras do nexo causal e as teorias quanto ao nexo. Ex: causalidade interrompida, causalidade antecipada. 
Existência de dano: tem que haver um dano (seja moral, material, estético, pela perda de uma chance,etc), pois a responsabilidade civil baseia-se no prejuízo para que haja uma indenização.
- No passado se indenizava apenas os danos individuais e patrimoniais. Atualmente se indenizam danos extrapatrimoniais, difusos/coletivos, chances perdidas e até o interesse de futuras gerações entra na pauta. Lidamos, hoje, progressivamente, com danos complexos e não lineares.
Culpa lato sensu/genérica: é necessário que o agente tenha agido com dolo ou culpa.
PRINCIPAIS FUNÇÕES DA RESPONSABILIDADE CIVIL 
Função reparatória: essa é função clássica e ainda dominante da responsabilidade civil, busca o reestabelecimento (a compensação) do equilíbrio econômico desfeito por ocasião do fato danoso. 
Função punitiva: No nosso Estado Constitucional existem também as sanções punitivas civis. 
Funçãoprecaucional: O mero risco de dano exige que sejam adotadas medidas prévias necessárias para evitar que o dano ocorra. Princípios da precaução e da prevenção. 
De certa maneira todas elas buscam desestimular práticas de caráter danoso. Culpa lato sensu/genérica: é necessário que o agente tenha agido com dolo ou culpa.
A RESPONSABILIDADE CIVIL
O instituto da responsabilidade civil é quase tão antigo quanto a história da humanidade, porquanto sempre houve ações ou omissões por parte dos seres humanos, que de alguma forma vieram a ocasionar dano a outrem, surgindo, por conseguinte, a subsequente necessidade de ressarcimento.
No início, donde se tem as primeiras notícias do instituto, vigorava a vingança generalizada, onde não se buscava a restauração do status quo, mas tão somente impingir ao ofensor dano de igual magnitude ao que foi causado. 
Depois, com a evolução das relações sociais, tornou-se mais interessante a reparação do dano de forma subsidiária (em pecúnia), quando então o Estado avocou para si referida tarefa, o que se percebe denotadamente pela Lex Aquilia, onde, inclusive, reconheceu-se a necessidade de demonstração da culpa para que se pudesse exsurgir o direito à indenização.
Todavia, pode-se dizer que foi no direito francês que o instituto experimentou evolução maior, pois o Código de Napoleão, veio a regulamentar a ideia da culpa como parte necessária da responsabilidade de indenizar os prejuízos causados.
Pode-se afirmar, sem margem a questionamentos, que a responsabilidade civil no direito brasileiro sempre pautou-se na necessidade de demonstração de quatro requisitos principais: o ato ilícito, o dano e o nexo causal e a culpa como pressuposto para que haja a obrigação de reparar o prejuízo experimentado.
Com efeito, a responsabilidade civil surgiria a partir do momento em que o indivíduo deixa de cumprir determinada obrigação, ou ainda, que sua atitude venha a ocasionar dano a outrem, surgindo daí o entendimento de que se trataria de um dever jurídico sucessivo, vindo somente a existir após a violação de um dever jurídico originário (contratual ou extracontratual).
Portanto, a responsabilidade civil deve ser encarada como fato humano, ou seja, a necessidade de se proporcionar a devida reparação em virtude de ato causador de danos.
Todavia, como ocorre em diversos casos, a demonstração de culpa não é de simples constatação, vale dizer, em muitos casos, fazer tal exigência à vítima seria o equivalente a negar o direito à reparação.
Neste panorama, foi necessária a construção, doutrinária e jurisprudencial, também com origens no direito francês (Saleilles e Josserand), de novas formas de atender aos anseios de justiça que inspiram o instituto da responsabilidade civil, de modo a ampliar as possibilidades de indenização, fornecendo uma entrega de tutela jurisdicional de forma mais eficaz, proporcionando, assim, a pacificação social, que é o escopo principal do processo civil moderno.
Exemplos dessa atividade podem ser encontrados em vários precedentes jurisprudenciais pátrios, em especial no que diz respeito aos acidentes em transportes de passageiros, onde buscou-se uma interpretação inegavelmente extensiva do artigo 17 do Código das Estradas de Ferro.
Ainda, no que diz respeito à responsabilidade por ato de terceiro, tal como previsto nos artigos 1527 e seguintes do Código Civil de 1916, havia interpretação dos pretórios totalmente contrária ao texto da lei. A despeito dessa situação, essa foi a forma que a jurisprudência, à míngua de um diploma legal que regulasse apropriadamente a matéria, encontrou de fornecer a tutela pretendida pelas partes.
A responsabilidade civil pode apresentar-se sob diferentes espécies , conforme a perspectiva que se analisa e conforme já visto. 
CONSIDERAÇÕES ESPECÍFICAS SOBRE A RESPONSABILIDADE SUBJETIVA
Como salientado, o direito brasileiro sempre buscou inspiração nas legislações francesas, mormente no Código de Napoleão, que, conforme preceituam seus artigos 1382 e seguintes, busca na culpa o fundamento para a existência da obrigação de reparar o dano causado, teoria essa que deve ser creditada a DOMAT e POTHIER.
Nosso Código Civil de 1916 adotou expressamente essa concepção – da responsabilidade subjetiva – dado que em seu artigo 159 era expressamente prevista a ideia de conduta culposa do agente como pressuposto para o dever de indenizar.
Segundo a teoria da responsabilidade subjetiva, para que haja a obrigação de indenizar é necessário que seja demonstrada a culpa do suposto violador do direito da vítima, sendo desta última a incumbência de provar tal situação para que tenha direito à indenização.
Por certo, em nosso direito a interpretação literal dos dispositivos constantes do Código Civil de 1916, em especial o artigo 159 e 1523, por exemplo, não deixam dúvida de que, segundo palavras do autor em referência, a doutrina legal a respeito da responsabilidade civil é a subjetiva.
Todavia, fato é que a responsabilidade subjetiva há muito tempo já não vinha sendo uma forma satisfatória de se proceder a entrega da tutela jurisdicional, dado que em muitos casos era impossível à vítima fazer prova da conduta faltosa do autor do dano, como nos casos de acidente de trabalho, em que ao empregado era praticamente impossível demonstrar a negligência do patrão, seja pela dificuldade na colheita de provas documentais, seja ainda pela ausência de testemunhas, todas zelosas no sentido de manterem seus empregos.
Em termos de direito comparado, os primeiros questionamentos começaram a surgir após a Revolução Industrial, onde o aumento de acidentes de trabalho, com a subsequente impossibilidade de demonstração de culpa por parte do patrão, apenas para citar exemplo mais comum, acabava por relegar o direito de obter a competente indenização a um plano meramente hipotético, senão utópico, dada a dificuldade na produção da prova.
Diante de situações como a acima externada, e de outros exemplos que poderiam se perpetuar, o que também ocorreu em nosso direito, foram surgindo algumas legislações esparsas, de modo a possibilitar, em alguns casos, a responsabilização de forma objetiva, independente da culpa do autor do dano, servindo de exemplo o Código das Estradas de Ferro, Lei do Acidente de Trabalho, Código Brasileiro do Ar e mais recentemente o Código de Defesa do Consumidor.
Os diplomas legais referidos, certamente abriram caminho para a reparabilidade plena, fundada na teoria do risco, onde o simples exercício de determinada atividade com o proveito econômico daí decorrente, cria o dever de indenizar eventuais danos causados a terceiros.
Nesse panorama e contexto histórico é que se mostrou necessária a reformulação das regras concernentes à responsabilidade civil, transmudando-se conceitos antigos e inadequados à realidade do desenvolvimento das relações sociais, de modo a conferir e ampliar de forma objetiva as possibilidades daquele que foi lesado em seu direito de obter a correspondente indenização.
Outrossim, conforme se perceberá da análise dos dispositivos do Código Civil vigente, é lícito afirmar que existe no direito brasileiro a tendência irrefragável de se adotar a responsabilidade objetiva como regra geral nos casos de indenização por danos causados a outrem, seja porque mais se coadunam com a realidade das relações sociais, seja ainda porque o antigo sistema fundado na existência de culpa mostrou-se insatisfatório como meio de proporcionar a reparabilidade plena.
CONSIDERAÇÕES ESPECÍFICAS SOBRE A RESPONSABILIDADE OBJETIVA - TEORIA DO RISCO 
Costuma-se conferir ao direito romano o período primeiro onde se reconheceu a existência da responsabilidade objetiva. Com efeito, nesta época não interessava a verificação da culpa, mas simplesmente impor ao lesado o direito recíproco de impingir dano de igual magnitude ao experimentado, sendo somente ao depois, com a promulgação da Lei Aquilia, instituída efetivamente a necessidade de apuração da conduta faltosa como fundamento paraa responsabilidade.
A partir do momento em que a apuração da culpa, ou melhor dizendo, a necessidade de prova da conduta ilícita para que surgisse o direito à indenização, deixava muitos dos casos apresentados aos tribunais sem a devida resposta, ocasionando a insatisfação social, que, por seu turno, acabou por impulsionar estudos a respeito de outros fundamentos para a responsabilidade civil que não a culpa.
Com efeito, referidos autores buscaram uma nova interpretação aos artigos 1382 e seguintes do Código de Napoleão, em especial ao artigo 1384, inciso I, no sentido de buscar o fundamento para sua teoria.
A necessidade dessa nova interpretação, como mencionado, remontou à Revolução Industrial, onde um número cada vez mais crescente de acidentes de trabalho tornavam indenes os prejuízos daí resultantes, dada a impossibilidade de demonstração da culpa por parte do patrão, valendo ainda exemplos como os casos de transportes de passageiros.
Responsabilidade civil subjetiva e objetiva: qual é a norma geral? A responsabilidade subjetiva e objetiva estão previstas no artigo 927 do CC, mas o que há de se indagar é se a norma continua sendo a responsabilidade subjetiva ou se passa a ser a objetiva.
Em nosso ordenamento, o legislador de 1916 optou pela regra da responsabilidade subjetiva, e o de 2002, pela harmonia de duas regras, a subjetiva e a objetiva. 
Coadunando duas regras – a responsabilidade subjetiva e a subjetiva – entende-se por aplicar a primeira aos casos de igualdade e outra nas situações de desigualdade.
Ler artigos 186, parágrafo único 927, 931, 933....CC
Aponta Miguel Reale, citado por GONÇALVES (p. 33), que Responsabilidade subjetiva, ou responsabilidade objetiva? Não há que fazer essa alternativa. Na realidade, as duas formas de responsabilidade se conjugam e dinamizam. Deve ser reconhecida, penso eu, a responsabilidade subjetiva como norma, pois o indivíduo deve ser responsabilizado em princípio, por sua ação ou omissão, culposa ou dolosa. Mas isto não exclui que, atendendo à estrutura dos negócios, se leve em conta a responsabilidade objetiva...
Para MORAES, 2006, p. 19-20, … a responsabilidade objetiva não veio substituir ou eliminar a responsabilidade fundada na culpa. Considera-se geralmente que nas relações individuais, a adoção da responsabilidade subjetiva ainda se apresenta como conveniente, ficando a responsabilidade objetiva reservada especialmente às relações em que há intrínseca desigualdade entre as partes, tais como as relações de consumo, os acidentes de trabalho e as relações com o Estado. 
A distinção dada por MORAES funda-se em conceitos de justiça diferenciados. A responsabilidade subjetiva funda-se na justiça retributiva ou comutativa e a objetiva funda-se na justiça distributiva. A primeira se referiria ao juízo de reciprocidade, e a segunda a um juízo de proporcionalidade. Assim, enquanto a justiça compensatória regula o equilíbrio entre os interesses em conflito, a justiça distributiva pronuncia-se sobre a repartição dos bônus e dos ônus. Em consequência, a responsabilidade subjetiva referir-se-ia à conduta pessoal do causador dos danos enquanto a responsabilidade objetiva funcionaria como uma espécie de seguro coletivo. (p. 20)
RESPONSABILIDADE CONTRATUAL (Estudada em Direito das Obrigações)
A responsabilidade contratual se origina da inexecução contratual. Pode ser de um negócio jurídico bilateral ou unilateral. Resulta, portanto, de ilícito contratual, ou seja, de falta de adimplemento ou da mora no cumprimento de qualquer obrigação. 
RESPONSABILIDADE EXTRACONTRATUAL (Objeto principal da nossa matéria)
A responsabilidade extracontratual, também chamada de aquiliana, resulta do inadimplemento normativo, ou seja, da prática de um ato ilícito ou de uma conduta geral de não causar dano injusto a outrem.
RESPONSABILIDADE CIVIL E OBRIGAÇÃO
LER art. 927, CC.
A obrigação não se confunde com a responsabilidade civil. Obrigação é o dever jurídico originário e responsabilidade é um dever jurídico sucessivo, consequência da violação do primeiro. Veja a distinção no artigo 389 do CC. 
GONÇALVES, p. 2 e 3, dispõe acerca da distinção, vejamos: Obrigação é o vínculo jurídico que confere ao credor (sujeito ativo) o direito de exigir do devedor (sujeito passivo) o cumprimento de determinada prestação. Corresponde a uma relação de natureza pessoal, de crédito e débito, de caráter transitório (extingue-se pelo cumprimento), cujo objeto consiste numa prestação economicamente aferível. ... A obrigação nasce de diversas fontes e deve ser cumprida livre e espontaneamente. Quando tal não ocorre e sobrevém o inadimplemento, surge a responsabilidade. Não se confundem, pois, obrigação e responsabilidade. Esta só surge se o devedor não cumpre espontaneamente a primeira. A responsabilidade é pois, a consequência jurídica patrimonial do descumprimento da relação obrigacional.
Assim, podemos afirmar que em toda obrigação há um dever jurídico originário, enquanto na responsabilidade há um dever jurídico sucessivo. (CAVALIERI FILHO, p. 2)
O art. 927 do CC dispõe que o dever de reparar é uma obrigação, se assim entender, teremos então mais uma modalidade de obrigação, além das já existentes (dar, fazer, não fazer). Segundo CAVALIERI FILHO (p. 3) o legislador teria incluído mais uma categoria obrigacional, que seria a responsabilidade. Continua o autor: Sempre se disse que o ato ilícito é uma das fontes da obrigação, mas nunca a lei indicou qual seria essa obrigação. Agora o Código diz – aquele que cometer ato ilícito fica obrigado a indenizar. A responsabilidade civil opera a partir do ato ilícito, com o nascimento da obrigação de indenizar, que tem por finalidade tornar indemne o lesado. Colocar a vítima na situação em que estaria sem a ocorrência do fato danoso.
Daí: 1) a obrigação é preexistente, a responsabilidade é sucessiva; 2) não há responsabilidade, em qualquer modalidade, sem violação de dever jurídico preexistente, uma vez que responsabilidade pressupõe o descumprimento de uma obrigação 3) para se identificar o responsável é necessário precisar o dever jurídico violado e quem o descumpriu.
	
PRESSUPOSTOS DA RESPONSABILIDADE CIVIL (CONDUTA, DANO, NEXO CAUSAL, CULPA)
. Conduta (ação ou omissão do agente – ato ilícito) : o ato ilícito pode advir não só de uma ação, mas também de omissão do agente.
. Relação de causalidade: entre a ação do agente e o dano causado tem que haver um nexo de causalidade, pois é possível que tenha havido um ato ilícito e tenha havido dano, sem que um seja causa do outro.
. Existência de dano: tem que haver um dano injusto (seja moral, material, existencial, perda de uma chance), pois a responsabilidade civil baseia-se no prejuízo para que haja uma indenização.
. Culpa em sentido amplo (dolo ou culpa): é necessário que o agente tenha agido com dolo ou culpa.
A CONDUTA COMO PRESUPOSTO DA RESPONSABILIDADE CIVIL
ELEMENTOS/FUNDAMENTOS: Destaque-se que apesar do título “Da Responsabilidade Civil” estar disciplinado nos arts. 927 a 954 do Código Civil, a doutrina extrai como base os seus elementos do art. 186. LER
O Art. 186 do Código Civil Brasileiro de 2002 prescreve que “aquele que por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito”. 
FUNDAMENTOS: O conteúdo contido no dispositivo citado traz os elementos/fundamentos da responsabilidade civil. Observe-se que o primeiro a ser contemplado é a conduta humana, seja ela comissiva ou omissiva.
TIPOS DE CONDUTA: Positiva (causada por uma ação) ou Negativa (causadas por uma omissão). A regra é a ação ou a conduta positiva. Para a configuração da omissão é necessário: a) que exista o dever jurídico de praticar determinado ato; b) prova de que a conduta não foi efetivamente praticada e c) demonstração de que, caso a conduta fosse praticada, o dano poderia ter sido evitado.
EXS: berçário e dever do condomínio em relação a furtos de veículos (nesseúltimo caso deve ser verificada se o rateio do condomínio garante ou não serviço de guarda e vigilância)
FOCO: AÇÃO HUMANA. Cabe-nos fundamentar que apenas a ação humana, seja ela omissiva ou comissiva, é capaz de dar origem ao dever de indenizar. Essa afirmativa pode ser extraída da análise do próprio art. 186 do Código Civil, ao estabelecer a ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência como geradoras de dano e a responsabilização para reparar o prejuízo.
Obs 1: VOLUNTARIEDADE x INCONSCIÊNCIA DO ATO: Importante observar que embora o núcleo da conduta humana seja visto no aspecto da voluntariedade, o que poderia ser entendido como liberdade de escolha do agente imputável, com discernimento necessário para ter consciência daquilo que faz (GAGLIANO, 2012, p. 75), há também a previsão de responsabilização mesmo sem a consciência do ato (EX. incapaz). 
Obs2: RESPONSABILIDADE DIRETA E POR ATO PRÓPRIO: Embora o mais comum seja que o indivíduo responda por atos praticados diretamente por ele e com patrimônio seu (ler art. 942), o que acaba sendo a regra da responsabilidade civil, a pessoa também pode responder indiretamente por atos de terceiro (art.932), por fato de animal (art.936), por fato de uma coisa inanimada (937/938) ou por produto colocado no mercado (CDC, Lei 8.078/90)
A CONDUTA COMO ATO ILÍCITO: (normalmente o dever de reparar nasce de cum conduta que caracteriza um ato ilícito, mas também pode haver atos ilícitos que não caracterizam o dever de reparar, como atos lícitos que caracterizam – COMENTAR. Exs: art.188, e exemplo de casos de desapropriação ou de solicitação de bens por agente do Estado). 
A conduta humana, na maioria das vezes, resulta de negligência ou imprudência, sendo que quando tal ato viola o direito de outrem, gerando-lhe dano, temos um ato ilícito. O art. 187 (ler) acrescenta, ainda, que também constitui ato ilícito o exercício de um direito, além dos limites (excesso). O art. 188 (Ler) traz os atos que não constituem ilícitos e, portanto, não indenizáveis, mesmo que gerem dano.
Destarte, em análise sucinta, vale destacar que no primeiro elemento da responsabilidade civil – a conduta humana – depreende-se que esta pode ser comissiva ou omissiva, negligente ou imprudente, e sendo ela ilícita (lembrando que como estudado há casos que mesmo não tendo uma conduta ilícita, haverá o dever de indenizar. Ex. Abandono Afetivo), gerando um dano a outrem, surge o dever de indenizar. A conduta deve gerar um dano, mesmo que seja ele puramente moral.
A CULPA COMO PRESSUPOSTO DA RESPONSABILIDADE CIVIL
	- Culpa x dolo
	Culpa, em sentido amplo – culpa e dolo – compreende toda espécie de comportamento contrário ao Direito, seja intencional ou não. 
	Tanto no dolo como na culpa há conduta voluntária do agente. Em suma, no dolo o agente quer a ação e o resultado, ao passo que na culpa ele só quer a ação, vindo a atingir o resultado por desvio acidental de conduta de falta de cuidado. CAVALIERI FILHO, p. 31.
Pode-se conceituar culpa como conduta voluntária contrária ao dever de cuidado imposto pelo Direito, com a produção de um evento danoso involuntário, porém previsto ou previsível. (CAVALIERI FILHO, p. 34.)[0: Segundo MORAES, 2006, p. 21, De fato, se se entende por culpa não o conceito psicológico mas o conceito normativo, baseado em standards de conduta, sempre mais a culpa se torna “objetiva”, configurando-se como o descumprimento de um dever de cuidado ou de diligência.]
	Dolo é a vontade conscientemente dirigida à produção de um resultado ilícito. O dolo possui dois elementos. Neste sentido pondera CAVALIERI FILHO: ... a representação do resultado e a consciência da sua ilicitude. Representação é, em outras palavras, previsão, antevisão mental do resultado. Antes de desencadear a conduta, o agente antevê, representa mentalmente, o resultado danoso e o elege como objeto de uma ação. ... O agente está consciente de sua conduta e que age contrário ao dever jurídico.	
Elementos da conduta culposa: a) conduta voluntária com resultado involuntário b) previsão ou previsibilidade e c) falta de cuidado, cautela, diligência e atenção (imprudência, negligência e imperícia). (CAVALIERI FILHO, p. 35.)
Daí tem-se que: 
a) a conduta será voluntária por advir da vontade do agente que comete ato ilícito, mas o resultado alcançado será involuntário, no sentido de não ter sido buscado, ou seja, a conduta é tencional; 
b) previsão e previsibilidade: previsto é o resultado que foi antevisto pelo agente, é a culpa consciente, que se avizinha ao dolo, mas difere pelo fato do resultado não ser querido. Já a previsibilidade é a possibilidade da previsão. Embora não previsto, não antevisto, não representado mentalmente, o resultado poderia ter sido previsto e, consequentemente, evitado. (CAVALIERI FILHO, p. 35). Há que se observar que a previsibilidade necessária à configuração da culpa não é a previsibilidade genérica, mas a específica, presente, atual, inerente às circunstâncias do momento da realização da conduta. Será necessário que determinado acontecimento, concretamente considerado, pudesse ter sido previsto pelo agente, e consequentemente evitado, mas não o foi por falta de cuidado. Se, embora genericamente previsível, não foi possível prever a efetiva ocorrência do fato danoso, não haverá que se falar em previsibilidade.
	
	Não havendo previsibilidade não há estabelecimento de nexo causal.
c) a falta de cuidado – conduta inadequada – ou seja, a culpa materializa por meio da imprudência, negligência e imperícia. Imprudência é falta de cautela ou cuidado por conduta comissiva positiva; negligência é a mesma falta de cuidado, mas por conduta negativa; e a imperícia decorre da falta de habilidade no exercício de atividade técnica. 
Em resumo:
DOLO : vontade de produzir o dano.
CULPA: quando, mesmo sem intenção de causar dano a outrem, omite-se o agente de usar aquela diligência que teria permitido evitar as consequências danosas
	
Espécies de culpa: 
a) grave, leve e levíssima. Será grave quando o agente atuar com grosseira falta de cautela, com descuido injustificável ao homem normal, impróprio ao comum dos homens. É a culpa com previsão de resultado. Haverá culpa leve se a falta puder ser evitada com atenção ordinária, com cuidado próprio do homem comum e será levíssima quando ficar caracterizado a falta de atenção extraordinária, pela ausência de habilidade especial ou conhecimento singular.
O Código Civil de 1916 não fez menção ao grau de culpa, utilizando-o apenas como fundamento à existência da obrigação de reparar. No entanto, o CC de 2002 introduziu o grau de culpa como critério para quantificar a indenização. CALIXTO, 2008, p. 303, aponta que o legislador optou por uma sistemática que se pode dizer de regra e exceção. Vejamos: De fato,a questão está toda centrada na interpretação a ser dada ao artigo 944 do Código Civil, o qual parece trazer a regra em tema de reparação em seu caput, admitindo, contudo a exceção no parágrafo único do mesmo dispositivo.
Em resumo: Como regra geral, no direito civil (art. 944, caput), é irrelevante, em princípio, o grau de culpa para reconhecimento do dever de reparar. O que importa, independente do grau de descaso do ofensor, é a intensidade do bem jurídico atingido. Entretanto, excepcionalmente, embora a gradação da culpa não influencie na constatação acerca da existência da obrigação de indenizar (podendo ser mínimo o grau de culpa), porém na extensão desta obrigação (o quantum), pode o juiz utilizar-se de equidade (parágrafo único, art. 944) para reduzir o valor da indenização em situações em que se observe tanto uma culpa mínima quanto um limite humanitário do autor em relação a indenização. Exemplos em sala. Ex1. Celular quebrado por dolo ou por descuido, o valor de indenização será o mesmo, indiferente do grau de culpa. Ex2: Um catador de papelão, diante de um descuido mínimo, arranha um carro importado. Mesmo tendo o julgador o dever de reconhecer a responsabilidade, pode reduzir equitativamenteo valor da indenização ao aferir que se o catador viesse a ser condenado em toda a extensão do dano, demoraria anos para pagar, colocando, inclusive, em risco, a sobrevivência de sua família. 
DANO MATERIAL
Tradicionalmente o dano patrimonial é entendido como a diferença entre o que se tem e o que se teria, não fosse o evento danoso. Trata-se da teoria da diferença.
OBS: Nelson Rosenvald discorda desse conceito, pois ele impediria, por exemplo, o reconhecimento de dano pela perda de uma chance, já que estar-se-ia, nesse diante de uma oportunidade frustrada que não poderia ser contabilizada como decréscimo econômico da vítima.
Para CAVALIERI FILHO (p.71) o dano material é aquele que atinge os bens integrantes do patrimônio da vítima, podendo ser patrimonial ou extrapatrimonial, entendendo-se como tal o conjunto de relações jurídicas de uma pessoa apreciáveis em dinheiro. O dano material pode atingir o patrimônio presente da vítima, mas também pode atingir o futuro: ... pode não somente provocar a sua diminuição, mas também impedir o seu aumento. Por isso, o dano material se subdivide em dano emergente e lucro cessante. CAVALIERI FILHO, p. 72.
a) Dano emergente (dano positivo): o dano emergente caracteriza-se como sendo aquilo que a vítima efetivamente perdeu. CAVALIERI FILHO, p. 72.
b) Lucro cessante (dano negativo): consiste ... na perda do ganho esperável, na frustação da expectativa de lucro, na diminuição potencial do patrimônio da vítima. Pode decorrer não só da paralisação da atividade lucrativa ou produtiva da vítima, como, por exemplo, a cessação dos rendimentos que alguém já vinha obtendo da sua profissão, como também, da frustação daquilo que era razoavelmente esperado.
ATENÇÃO: prova mais difícil de ser feita do que no caso dos danos emergentes, demanda um juízo de razoabilidade entre probabilidade e razoabilidade. 
PERDA DE UMA CHANCE 
Conceito: Oriunda de construção doutrinária e jurisprudencial do direito Francês, A perda de uma chance consiste em uma oportunidade dissipada/perdida de obter futura vantagem patrimonial. 
A teoria flexibiliza a afirmativa tradicional no sentido de que os danos, para serem indenizáveis, devem ser diretos e imediatos
O dano consistirá a frustração legítima (que pode ser objeto de reparação, como os danos emergentes e lucros cessantes)
Frustração Legítima: não abasta apenas ser um dano hipotético, tem que ser sério, razoável, provável.
Pode ser entendido a partir da teoria bipartida: a) como oportunidade perdida de obter futura vantagem; b) como oportunidade perdida de se evitar um prejuízo. 
No primeiro caso, mais comum exemplo clássico: candidato que passa em todas as fases do concurso e no dia da prova oral é atropelado por um condutor embriagado. 
Nessa modalidade, não há a frustração de uma chance de obter uma vantagem futura, porém a frustração da chance de evitar um dano cujos passos iniciais já foram dados. Ex: erro médico que tenha reduzido as possibilidades de cura de um paciente que venha a falecer (REsp 1.254.141)
DANO REFLEXO OU EM RICOCHETE
O dano pode ser, ainda, direto e imediato (ou reflexo). Este é também denominado dano em ricochete e se configura quando uma pessoa sofre o reflexo de um dano causado a outrem. É o que acontece, por exemplo, quando o ex-marido, que deve à ex-mulher ou aos filhos pensão alimentícia, vem a ficar incapacitado para prestá-la, em consequência de um dano que sofreu decorrente de um acidente de trânsito. Nesse caso, o prejudicado tem ação contra o causador do dano, embora não seja ele diretamente o atingido, porque existe a certeza do prejuízo. GONÇALVES, p. 339.
Caio Mario da Silva Pereira, citado por GONÇALVES, p. 339, aponta que Se o problema é complexo na sua apresentação, mais ainda o será na sua solução. Na falta de um princípio que o defina francamente, o que se deve adotar como solução é a regra da certeza do dano. Se pela morte ou incapacidade da vítima, as pessoas, que dela se beneficiavam, ficaram privadas de socorro, o dano é certo, e cabe ação contra o causador. Vitimando a pessoa que prestava alimentos a outras pessoas, privou-se do socorro e causou-lhes prejuízo certo. 
O dano reflexo não requer que a vítima imediata seja morta, o essencial para apreciar a sua incidência é que o dano reverbere na órbita patrimonial ou existencial de pessoas vinculadas á vítima. 
O dano é medido pelo nexo de causalidade, assim, até o momento em que houver causalidade deverá o autor dano responder.
DANO MORAL
Aquele que sofre um dano moral deve ter direito a uma satisfação de cunho compensatório. Diz-se compensação, pois o dano moral não é propriamente indenizável; indenizar vem do latim in dene, que significa devolver (o patrimônio) ao estado anterior, ou seja, eliminar o prejuízo e suas consequências – o que, evidentemente, não é possível no caso de uma lesão de ordem extrapatrimonial.... MORAES, 2003, p.145.
Até relativamente pouco tempo atrás, entendia-se como contrário à moral e, portanto, ao Direito, todo e qualquer pagamento indenizatório em caso de lesão de natureza extrapatrimonial se esta se delineava unicamente como sofrimento. MORAES, 2003, p. 145. Era imoral reparar a dor, que não tinha preço. Neste momento, tinha-se que ...aquilo que não se pode medir, não se pode indenizar: a indenização, é justamente, a medida do dano. Assim, tanto do ponto de vista moral quanto do ponto de vista dos instrumentos jurídicos disponíveis, a reparação do dano moral parecia impraticável. MORAES, 2003, p. 146.
COM A EVOLUÇÃO DO DIREITO, NOS DIZ MORAES Se era imoral receber alguma remuneração pela dor sofrida, não era a dor que estava sendo paga, mas sim a vítima, lesada em sua esfera extrapatrimonial, quem merecia ser (re) compensada pecuniariamente, para assim desfrutar de alegrias e outros estados de bem-estar psicofísico, contrabalançando (resctius, abrandando) os efeitos que o dano causara em seu espírito. MORAES, 2003, p. 147.
CONCEITO: Assim, no momento atual, doutrina e jurisprudência dominantes têm como adquirido que o dano moral é aquele que, independentemente de prejuízo material, fere direitos personalíssimos, isto é, todo e qualquer atributo que individualiza cada pessoa, tal como a liberdade, a honra, a atividade profissional, a reputação, as manifestações culturais e intelectuais, entre outros.... Entendem ainda, que o constrangimento, a tristeza, a humilhação intensos são tidos como danos morais. MORAES, 2003, p. 157.
No entanto, dada a proteção conferida a pessoa, pela normativa constitucional, tem-se que o melhor conceito ao dano moral é o desrespeito a dignidade da pessoa humana (refletidas no constrangimento, na dor, na humilhação, no vexame, etc). 
O dano moral como lesão à dignidade: Qual seria, então, o objeto do dano moral? Como reconduzir-se aqui a um conceito jurídico, sem cair na armadilha que o tema enseja? Como já foi ressaltado, afirmar que o dano moral é dor, vexame, humilhação, ou constrangimento é semelhante a dar-lhe o epíteto de mal evidente. Através destes vocábulos, não se conceitua juridicamente, apenas se descrevem sensações e emoções desagradáveis, que podem ser justificáveis, compreensíveis, razoáveis, moralmente legítimas até, mas que, se não forem decorrentes de danos injustos, ou melhor, de danos a situações merecedoras da tutela por parte do ordenamento, não são reparáveis. MORAES, 2003, p.130
Além disso, ao definir o dano moral por meio da noção de sentimento humano, isto é, utilizando-se dos termos dor, espanto, emoção, vergonha, aflição espiritual, desgosto, injúria física ou moral, em geral qualquer sensação dolorosa experimentada pela pessoa, confunde-se o dano com a sua (eventual) conseqüência... MORAES, 2003, p.131.
Ao optar por fazer decorrer o dano moral dos sentimentos de dor e humilhação, das sensações de constrangimento ou vexame, teve a jurisprudência acertada intuição acerca de sua real natureza jurídica. Normalmente, o que nos humilha, ofende, constrange, o que nos magoa profundamente,é justamente o que fere a nossa dignidade. O dano moral tem como causa a injusta violação a uma situação jurídica subjetiva extrapatrimonial, protegida pelo ordenamento jurídico através da cláusula geral de tutela da personalidade que foi instituída tem sua fonte na Constituição Federal, em particular e diretamente decorrente do princípio (fundante) da dignidade da pessoa humana (também identificado com o princípio geral de proteção à dignidade humana). MORAES, 2003, p.133.
A Problemática do dano moral 
O dano moral envolve diversas problemáticas, que serão aqui expostas.
O primeiro problema que se enfrenta é a conceituação do dano moral, ou seja, o que deve ser considerado como dano moral? Neste sentido aponta MORAES, 2003, p. 42, a dor, a humilhação, o constrangimento, o vexame são, individualmente, elementos suficiente para a sua configuração? Como distinguir tais sentimentos, que podem gerar danos morais, segundo a doutrina e a jurisprudência dominantes, daqueles outros, tais como os dissabores, as mágoas, as irritações profundas, que não se considerem como tais? Que intensidade deve ter a dor? Que dimensão deve alcançar a pertubação psíquica? Que magnitude há de ter o sofrimento? Como medir?
Recentemente, a Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça julgou improcedente o pedido de indenização de danos morais por uso não consentido de imagem, de duas enfermeiras, publicada em material publicitário da clínica em que trabalhavam. Em seu voto, a Ministra Relatora afirma que “o dano moral compensável deve ser qualificado por um elemento psicológico que evidencie o sofrimento a que foi submetida a vítima, o sentimento de tristeza, desconforto, vexame, embaraço na convivência social ou a exposição ao ridículo no meio social onde reside ou trabalha”.  As autoras, em vez de alegarem tristeza profunda e constrangimento infinito, haviam afirmado não ser necessária a prova da ocorrência de dano moral pelo uso inconsentido da imagem, por se tratar de dano in re ipsa como, aliás, entende o STF. (MORAES, in SOUZA NETO e SARMENTO, 2007, p. 443-444)[1: ][2: ]
Problema que decorre da conceituação é a prova do dano moral, assim, pode o dano moral ser presumido ou deve ser provado por quem alega. Análise do caso concreto.
Tem-se também a problemática da funcionalização da quantificação do dano moral, apresentando-se na forma compensatória e a punitiva. 
Da função punitiva tem-se problemas: deve-se punir o ofensor, mas não a ponto de enriquecer a vítima? Como aplicar a função punitiva quando o ordenamento civilista não tem natureza punitiva. 
Para os seus defensores, a função punitiva tem que ser sempre ... considerada na reparação como forma de dissuadir condutas ilícitas e anti-sociais através da penalização do ofensor e, mesmo que em pequena medida, como meio de aumentar o valor das indenizações pagas sob aquele título.MORAES, 2003, p. 28.
No entanto conforme aponta MORAES, 2003, p.31 A função punitiva na reparação do dano moral, todavia, insere-se numa problemática mais específica e tortuosa: a da avaliação e liquidação do dano moral. Ensejando perplexidade entre os operadores do Direito e, mais do que isto, gerando graves distorções e contradições teleológicas devidas à disparidade de tratamento entre acontecimentos homólogos ou semelhantes, a fixação de uma parcela punitiva no quantum debeatur da indenização pelo dano moral tem representado um importante obstáculo à certeza do direito, por causar grave insegurança, dada a completa imprevisibilidade das decisões judiciais em matéria.
Aponta MORAES, 2003, p. 258, que a função punitiva tem origem no sistema common law, que deu origem ao instituto dos punitive damages, constituindo-se uma figura anômala entre Direito Civil e o Direito Penal, pois tem o objetivo precípuo de punir o agente causador do dano, embora o faça por meio de pena pecuniária que deve ser paga a vítima.
A função punitiva coloca em perigo princípios fundamentais do nosso sistema jurídico, que tem na lei a sua fonte normativa. A função punitiva induz que o instituto da responsabilidade civil deixa de ter apenas a função reparadora, de equilíbrio das relações sociais, passando também a exercer a função punitiva. MORAES, 2003, p. 258.
Se se estabelecesse a função punitiva como finalidade da reparação civil ter-se-ia alguns problemas a serem apontados, taís como: quais critérios a definir o valor da punição. No Brasil, os Tribunais têm aplicado indistintamente a função punitiva, sob o fundamento da gradação da culpa e do nível econômico do ofensor. Deste modo, haverá, de fato, verdadeira punição se se arbitrar a reparação do dano considerando-se não o que se fez… mas quem o praticou…. MORAES, 2003, p. 258.
Cabe observar que, em grande parte dos danos morais, aos quais pode impor o caráter punitivo, configura-se também como crime. Assim, ter-se-ia a posibilidade de se punir duas vezes, uma pela jurisdição cível e outra pela penal.
Outra crítica é a possibilidade de punição sem que seja colocado a disposição do ofensor meios de defesa hábeis a garantir as garantias processuais, como por exemplo, a maior acuidade quanto ao ônus da provas.
Situações excepcionais onde normalmente se verifica a atribuição da função punitiva: MORAES, 2003, p. 263, aponta que em situações excepcionais e previstas na legislação, que se demonstrarem particularmente sérias, há a possibilidade de se atribuir a função punitiva ao dano moral. Aponta a autora que, em situações em que for imperioso dar uma resposta a sociedade, isto é, à consciência social, tratando-se, por exemplo, de conduta particularmente ultrajante, ou insultuosa, em relação à consciência coletiva, ou, ainda, quando se der o caso, não incomum, de prática danosa reiterada. Continua a autora, é de aceitar-se, ainda, um caráter punitivo na reparação de dano moral para situações potencialmente causadoras de lesões a um grande número de pessoas, como ocorre nos direitos difusos, tanto na relação de consumo quanto no Direito Ambiental. Aqui, a ratio será a função preventiva-precautória, que o caráter punitivo inegavelmente detém, em relação às dimensões do universo a ser protegido. 
Na problemática da reparação por dano moral apresenta-se o fato da não fundamentação das decisões, as decisões geralmente não são motivadas, utilizam da razoabilidade e do bom senso sem justificativas.
Na extensa gama de problemas ainda não resolvidos, deve-se incluir a legitimidade para o pedido de indenização. Se se conceitua o dano moral como o sentimento de dor causado injustamente a alguém, não seria possível limitar, a priori, a legitimidade a parentes de 1º grau, além do cônjuge ou companheiro. Afinal, outras pessoas, que não sejam tão próximas, ou que, talvez, nem mesmo sejam parentes consaguineos, podem ter, em relação à vítima do mal, um sentimento de afeição suficientemente forte a ponto de poderem ser consideradas vítimas do evento. Se para pai, mãe e filhos o dano moral pode ser presumido, o que se dirá dos avós de criação, irmãos gêmeos, primos e sobrinhos que habitam no mesmo local, ou até de amigos íntimos, os quais, com muita freqüência, são mais queridos que os próprios irmãos? MORAES, 2003, p. 45.
Dentre toda a problemática que envolve o dano moral, aponta MORAES, 2003, p. 50, que o mais difícil se refere a quantificação do dano moral. Se, como de fato se trata de situações existenciais, haverá alguma possível fórmula pela qual, com justiça, se indenizará pecuniariamente os danos causados às pessoas?
Este ambiente de indenizações a todo vapor, normalmente abaixo valor, aliado a loterias e enigmas, está a resultar na desmoralização do dano moral, e, consequentemente, da dignidade humana. Quando tudo se pode indenizar, passa-se a acreditar que tudo tem seu preço, transformando, por essa via, todas as situações jurídicas subjetivas, inclusive as extrapatrimoniais, em situações patrimoniais, sob um certo sentido, na medida em que passíveis de indenização em dinheiro. A solução de destinar os valores assim recebidosa fundos benemerentes, embora seja aqui e ali defendida, por corresponder ao princípio da solidariedade, ainda carece, entre nós, de maior desenvolvimento. MORAES, 2003, p. 53.
O que se espera de uma decisão, ainda que baseada em normas abertas, é conhecer a justificação da avaliação feita pelo juiz, ter acesso à explicitação, na motivação da decisão, do critério que ele considerou prevalente no caso concreto. MORAES, 2003, p. 271. E isso não vem ocorrendo na quantificação dos danos morais. 
Outro problema é que a falta de motivação cerceia, inclusive, a possibilidade de Recurso a um Tribunal Superior.
Conforme apontamentos dado por MORAES, 2003, p. 274, o sistema jurídico lógico funda-se nas decisões racionais, e se as decisões não são racionais, não há que se falar em sistema lógico-racional. A racionalidade da decisão judicial aparece como requisito mínimo, necessário, embora insuficiente, para que o ordenamento possa se constituir em um sistema. (grifos da autora)
A racionalidade de uma decisão deve poder ser objeto de controle de verificação externos, para que se possam analisar as razões sobre as quais o seu juízo (racional) se formou, conforme estabelecido no artigo 131 do CPC. MORAES, 2003, p. 274.
Os critérios de fundamentação adotados na compensação do dano moral no Brasil vem variando muito, mas nota-se com frequência a a utilização dos critérios da extensão do prejuízo, o critério do grau da culpa e o critério relativo à situação econômico-financeira, tanto do ofensor quanto da vítima. Faz-se referência à razoabilidade (lógica do razoável).[3: ]
Escassez de critérios à fundamentação da quantificação do dano moral: As disposições contidas no Código Civil são insuficientes para garantir a fundamentação das decisões, vejamos as disposições dos artigos 949 e 953:
Art. 949: No caso de lesão ou outra ofensa à saúde, o ofensor indenizará o ofendido das despesas do tratamento e dos lucros cessantes até o fim da convalescença, além de outro prejuízo que o ofendido prove have sofrido.
A disposição normativa “outro prejuízo que o ofendido prove haver sofrido” é vaga, vazia de conteúdo.
Art. 953: A indenização por injúria, difamação ou calúnia consistirá na reparação do dano que delas resulte ao ofendido. Parágrafo único: se o ofendido não puder provar prejuízo material, caberá ao juiz fixar equitativamente , o valor da indenização, na conformidade das circunstâncias do caso.
As Leis especias (Lei 4117-62 – Código Brasileiro de Telecomunicações – e a Lei 5250-67 – Lei de Imprensa - ), não recepcionadas pela CF/88, ofereciam maior número de diretrizes. Vejamos:
Art. 84, da Lei 4117-62: na estimação do dano moral o juiz terá em conta, notadamente, a posição social ou política do ofendido, a situação econômica do ofensor, a intensidade do ânimo de ofender, a gravidade e repercussão da ofensa.
Art. 53, da Lei 5250-67: no arbitramento da indenização do dano moral o juiz terá em conta, notadamente: I- a intensidade do sofrimento… gravidade, a natureza e repercussão da ofensa e a posição social e política do ofendido; II – a intensidade do dolo ou grau de culpa do responsável, sua situação econômica e sua condenação em anterior ação criminal ou cível, fundada em abuso no exercício da liberdade de manifestação do pensamento e informação.
No mesmo sentido apontam-se as regras do CDC, art. 6, VI e VII e ECA, em seus artigos 17 e 201, V, VIII e IX. 
Critério da reparação integral: Primeira distinção a ser observada é o que se entende por dano moral. Neste sentido, deve ser apreciada toda a afronta a dignidade da pessoa humana, fim do ordenamento jurídico, razão de sua existência. Assim, deve-se tutelar a igualdade, liberdade, integridade psicofísica e solidariedade. 
Em segundo lugar deve-se observar todo o injusto do dano, toda a sua extensão,não importando se a conduta foi mais ou menos grave.
Em terceiro, ter-se-á o dever de compensar o dano moral todas as vezes que a pessoa humana for desrespeitada. 
A quantificação do dano moral deve ser arbitrada a fim de restabelecer o equilíbrio rompido, e não como instrumento de punição, desestímulo, vingança.
Aponta MORAES, 2003, p. 306, que a mudança de perspectiva em direção à adoção do conceito de dignidade humana como fundamento do dano moral influencia ainda o critério da reparação integral, em razão do peso atribuído às próprias condições pessoais da vítima. Se foi sua dignidade lesionada, tornar-se-ão mais objetivamente apreciáveis os fatores individuais a serem levados em consideração pelo juízo de reparação. Assim, ficam excluídos todos os aspectos patrimoniais, como poderio econômico das partes e seu nível social.
DANO ESTÉTICO
O dano estético vem sendo considerado pela jurisprudência brasileira como uma forma autônoma de dano extrapatrimonial, ou seja, como um dano diferente do dano moral. Nesse sentido, o enquanto o dano moral se caracterizaria pela ofensa injusta causada à pessoa (como dor e sofrimento, por exemplo, mas também visto como desrespeito à dignidade da pessoa), o dano estético se caracteriza pela ofensa direta à integridade física da pessoa humana.
Resta bem clara essa diferença quando lembramos que enquanto o dano moral pode ser causado à pessoa jurídica, o dano estético só pode ser causado à pessoa física, única que possui integridade física, corpo.
A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça brasileiro já vem conferindo essa autonomia e concedendo reparações em valores apartados para esses danos (por exemplo, em caso de perda das duas pernas, reparação de dano moral pelo sofrimento e desrespeito à pessoa e reparação de dano estético pela gravíssima ofensa à integridade física da vítima, que perdeu suas duas pernas).
DANO EXISTENCIAL (conceito...)
NEXO CAUSAL COMO PRESSUPOSTO A INCIDÊNCIA DA RESPONSABILIDADE CIVIL[4: CRUZ, Gisela Sampaio da. O PROBLEMA DO NEXO CAUSAL NA RESPONSABILIDADE CIVIL. Rio de Janeiro: Renovar, 2005.]
Por causa de um prego, perdeu-se a ferradura.
Por causa de uma ferradura, perdeu-se um cavalo.
Por causa de um cavalo, perdeu-se uma batalha.
Por causa de uma batalha, perdeu-se uma guerra.
Por causa de uma guerra, perdeu-se um reino.
Por causa de um prego, perdeu-se um reino.
A busca do nexo causal é indispensável à obrigação de reparar, pois esta só nasce quando for possível estabelecer um nexo causal entre a conduta do agente e o resultado danoso. Para que se configure a obrigação de indenizar, não basta que o agente haja procedido contra o Direito, nem que tenha criado um risco, tampouco que a vítima sofra um dano; é preciso que se verifique a existência de uma relação de causalidade a ligar a conduta do agente, ou sua atividade, ao dano injustamente sofrido pela vítima. CRUZ, 2005, p. 4.
É necessário que haja o estabelecimento do liame causal, não adianta que o dano coincida com a existência de uma culpa ou dano injusto – coincidência não implica liame causal. 
EXEMPLO: Vejamos: Agostinho Alvim, citado por CRUZ, 2005, p. 4, assim explica: suponha-se que uma ponte, existente em estrada pública, parte-se quando por ela passa um auto-ônibus lotado, resultando daí dano aos passageiros. Ainda mesmo que a empresa de ônibus não estivesse executando fielmente o contrato celebrado com os passageiros, como de motorista não habilitado, nenhuma responsabilidade haveria para ela, desde que não é possível estabelecer que o dano derivou daquele abuso. Aquela incorreção e o dano coincidiram; mas não há relação de causa e efeito entre um e outro, e pois não há dano ressarcível, em relação à empresa. 
A prova do nexo em muitas situações é de difícil configuração.
2.2.1 O nexo causal como elemento da responsabilidade civil
A nova realidade social – fundada depois do advento da Constituição Federal de 1988, que tem como princípios fundamentais a dignidade da pessoa humana (art. 1, III) e a solidariedade social (art. 3, I) – impõe que hoje a responsabilidade civil tenha por objetivo não mais castigar comportamentos negligentes, senão protegera vítima do dano injusto. (CRUZ, 2005, p. 16)
Em busca da reparação mais ampla possível, assistiu-se a um manifesto processo de desculpabilização, com o incremento das hipóteses de responsabilidade objetiva.( CRUZ, 2005, p. 17)
Neste contexto, o nexo causal também é flexibilizado, para permitir a reparação integral à vítima, chegando-se até a presumir o nexo causal. Daí a problemática.
O dispositivo que normatiza o nexo causal está previsto no artigo 403, do CC. LER (...por efeito dela direto e imediato)
FUNÇÃO DO NEXO CAUSAL: No campo da responsabilidade civil, o nexo causal cumpre uma dupla função: por um lado, permite determinar a quem se deve atribuir um resultado danoso, por outro, é indispensável na verificação da extensão do dano a se indenizar, pois serve como medida da indenização. (CRUZ, 2005, p. 22). EX: MOTORISTA DE AMBULÂNCIA BATE EM MEU CARRO Q EU DIRIGIA SEM CINTO. PACIENTE DA AMBULÂNCIA DE 95 ANOS MORRE.
Não mais importa a gravidade da culpa, mas sim o nexo de causalidade. Deve-se identificar o agente que agiu provocando desarmonia, sendo injusto.[5: Neste sentido, entende-se que o parágrafo único do artigo 944 (se houver excessiva desproporção entre a gravidade da culpa e o dano, poderá o juiz reduzir, equitativamente, a indenização) destoa da funcionalidade do nexo causal e, consequentemente do dever de reparar que, deve buscar reestabelecer integralmente o equilíbrio rompido pelo dano injusto.]
O FENÔMENO DA CONCORRÊNCIA DE CAUSAS: quanto ao nexo causal dois problemas o circundam: a dificuldade de sua prova e a identificação do fato que constitui a verdadeira causa do dano.
A grande problemática apresenta-se na medida em que o fato constitutivo da responsabilidade não precisa ser a única causa do dano.
Quanto à concorrência de causa convém destacar: i) causas complementares, ii) causas cumulativas e iii) causas alternativas.
Verifica-se a ocorrência de causas complementares quando duas ou mais causas concorrem para a produção de um resultado que não teria sido alcançado de forma isolada por nenhuma delas. As causas complementares são também conhecidas como concausas... Há, portanto, concausas quando o resultado lesivo é decorrência de fatos diversos que, isoladamente, não teriam eficácia suficiente para causar o dano. (CRUZ, 2005, p. 28)
A concausa ou a causalidade cumulativa podem ocorrer na forma simultânea ou sucessiva, ou seja, ao mesmo tempo ou posteriormente a outra. Veja-se: Suponha-se que Caio ministra em Tício uma pequena dose de veneno, insuficiente para causar-lhe a morte, mas que, em conjunto com a dose ministrada por Simprônio são concausas do evento danoso: simultâneas, se as doses forem injetadas ao mesmo tempo; sucessivas, se uma foi posterior à outra. (CRUZ, 2005, p. 29)
ATENÇÃO: Sendo simultâneas a ofensa será tida como única, razão pela qual aplica-se a regra da solidariedade – art. 942, do CC. Contudo, quando as causas são sucessivas, é possível cogitar-se de uma espécie de causalidade parcial em que cada uma das causas vai dar origem a uma parcela independentemente do dano que, justamente por ser formado por partes autônomas, será imputado a diferentes autores sem a regra da solidariedade. (CRUZ, 2005, p.30)
ATENÇÃO2: E ainda quanto às causas sucessivas questiona-se se a causa posterior (2º fato) interrompe ou não o nexo de causalidade (com 1º fato). 
Exemplo: Veja-se o exemplo dado por Agostinho Alvim: Suponha-se que certo doente não tenha sido operado com observância das regras de assepsia, complicando-se o seu estado de saúde. Suponha-se mais que, chamado outro médico, o tratamento, indicado como corretivo, seja contraproducente, e o doente venha a falecer. A morte, aqui supõe pluralidade de causas, a saber, a operação menos feliz, em desacordo com os preceitos da arte, e a imperícia do médico chamado para corrigir o primeiro erro. Temos, pois, a hipótese de concausas sucessivas. Em casos tais é que surge o problema de se saber se o fato posterior interrompe o nexo de causalidade, liberando o primeiro devedor, com relação ao segundo dano. (CRUZ, 2005, p. 31)
Neste exemplo tem-se a concausa sucessiva, e daí a problematização: o fato posterior libera o anterior? VER PRÓXIMO TÓPICO – TEORIAS SOBRE A RELAÇÃO DE CAUSALIDADE
Já a causalidade cumulativa pressupõe independência das causas, e de forma isolada, determinam o resultado. Ex: dois salteadores, ignorando um o que o outro fazia, atiraram sobre o passante: os tiros atingem a vítima, que morreria com qualquer um dos tiros. (CRUZ, 2005, p. 29) São também denominadas concorrentes.
Por fim, a causalidade alternativa expressa uma situação em que a identificação da causa exata é incerta, sabe-se que o autor faz parte de um grupo, mas não é possível identificá-lo.
TEORIAS SOBRE A RELAÇÃO DA CAUSALIDADE: as teorias da causalidade procuram saber, dentre todos os fatores sem os quais um determinado dano não teria ocorrido, quais devem ser selecionados como dele determinantes. Os fatores determinantes serão causas, os demais serão meras condições. 
As teorias acerca da relação da causalidade se dividem em generalizadoras, que equipara as causas à condição e as teorias individualizadoras, que destacam as condições das causas.
A- Teoria generalizadora: teoria da equivalência dos antecedentes causais, também conhecida como condicio sine qua non (condição sem a qual não).
Teoria alemã desenvolvida pelo magistrado Von Buri, defendendo ser causa toda condição da qual dependeu a produção do resultado, sem considerar sua maior ou menor proximidade ou importância, pois todas as condições eram equivalentes. Von Liszt dá novos contornos à ideia de Von Buri 
A crítica estabelecida em desfavor desta teoria é que não há distinção entre condição e causa, o que acarreta resultados aberrantes. 
EXEMPLO: Quando ... um indivíduo é empurrado e cai sobre um muro protegido com cacos de vidro, pelos quais fica gravemente ferido, não pode dizer-se que o dono do muro foi causa do prejuízo e que o caso fortuito de haver aqueles vidros é equivalente ao empurrão.( CRUZ, 2005, p. 44.)
EXEMPLO 2: A teoria da equivalência dos antecedentes acarreta série causal sem limitação. Por exemplo, responderia a montadora e a concessionária pelo homicídio no trânsito; o marceneiro, pela fabricação da cama, no homicídio em razão do adultério.
B- Teorias individualizadoras
B.1 Teoria da causa próxima: no complexo de antecedentes, de condições, considera-se causa a condição que aparece em último lugar, a causa derradeira. Isto porque é a última condição que dá a todas as outras a força causal.
Crítica: cabe observar que muitas vezes a carga de nocividade efetiva não está no último fator atuante, senão em outro precedente.
A teoria da causa próxima reduz a responsabilidade do agente à mera questão cronológica. 
EXEMPLO: Suponha-se que dolosa ou culposamente alguém troca um remédio, que deveria ser dado a determinado enfermo, por uma substância tóxica, e a enfermeira, ignorando a substituição, dá o suposto remédio ao doente que, em razão disso morre. A enfermeira, não obstante ter produzido a condição mais próxima, não é a causante do homicídio, mas sim, o agente que, no lugar do remédio, colocou a substância tóxica. (CRUZ, 2005, p.56.)
B.2 Teoria da causa eficiente e da causa preponderante: 
Pela teoria da causa eficiente não interessa mais o acontecimento que precedeu imediatamente o dano, senão aquele que estabeleceu a relação causal de maior grau de eficiência no resultado.
CRÍTICA: A grande dificuldade encontrada por estas teorias consiste em estabelecer qual das diversas condições de um resultado é mais eficiente ou preponderante para a produção do evento danoso. 
B.3 Teoria da causalidade adequada: A teoria da causalidade adequada examina a adequação da causa em função da possibilidade e probabilidade de determinado resultado vir a ocorrer, à luz da experiência comum. 
Probabilidade que, no âmbito doutrinário, é denominado “prognose póstuma” (retrospectiva) 
Ou ainda: A teoria da causalidadeadequada parte da observação daquilo que comumente acontece na vida (id quod plerumque accidit) e afirma que uma condição deve ser considerada causa de um dano quando, segundo o curso normal das coisas, poderia produzi-lo. Essa condição seria a causa adequada do dano ( e daí o nome da teoria); as demais condições seriam circunstâncias não causais. NORONHA, p. 600. 
Quanto maior a probabilidade com que determinada causa se apresente para um dano, tanto mais adequada é a relação a esse dano = CAUSA.
Assim, diante de uma pluralidade de concausas, indaga-se qual delas, em tese, poderia ser considerada apta a causar o resultado (domínio ontológico). Respondida esta primeira pergunta, questiona-se se essa causa, capaz de causar o dano, é também hábil segundo as leis naturais (domínio do saber gnomológico). CRUZ, 2005, p.65
O raciocínio deve ser este: Apreciando certo dano, temos que concluir se o fato que originou era capaz de lhe dar causa. Mas, pergunta-se, tal relação de causa e efeito existe sempre, em casos dessa natureza, ou existiu nesse caso, por força de circunstâncias especiais? Se existe sempre, diz-se que a causa era adequada a produzir o efeito; se somente uma circunstância acidental explica essa causalidade, diz-se que a causa não era adequada. CRUZ, 2005, p.66
O julgador deve se colocar no momento da ação, como se o resultado não tivesse ocorrido, a fim de determinar sua probabilidade, por isso, a análise é de prognose póstuma.
A prognose póstuma deve observar as situações conhecidas à data da produção do fato, por uma pessoa normal (prognose objetiva) e àquelas conhecidas do agente (prognose subjetiva). Exemplo: C agride D com um pequeno encontrão, o qual, em todo o caso, lhe ocasiona a morte, devido a uma grave lesão craniana. A agressão de C a D não é, em princípio, adequada a pôr em perigo a vida deste último. Porém, se a deficiência de D era conhecida de C, ou este tinha obrigação de conhecê-la, já existirá um nexo de causalidade adequada entre a agressão e a morte. p.69. 
Segundo NORONHA, p. 601: Para determinar se o dano pode ser considerado conseqüência normalmente previsível do fato, a teoria apela para o que chama de prognose retrospectiva. É prognose, porque constitui tentativa de adivinhar, a partir de um determinado fato, o que pode vir a acontecer como sua conseqüência; essa prognose é retrospectiva, porque o exercício é feito depois de já se saber o que efetivamente aconteceu. Nesse exercício de prognose retrospectiva, o observador coloca-se no momento anterior àquele em que o fato ocorreu e tenta prognosticar, de acordo com as regras da experiência comum, se era normalmente previsível que o dano viesse a ocorrer. Se concluir que o dano era imprevisível, a causalidade ficará excluída. Se concluir que era previsível, como conseqüência do fato praticado, mesmo que estatisticamente não fosse muito provável que visse a ocorrer, a causalidade será adequada. 
Neste sentido observa-se:
TJSP DANO MORAL – Responsabilidade civil – Acidente no trabalho – Funcionário Público – Queda do servidor em local de trabalho causando amputação de dedo do pé – Autora que pouco após seu ingresso no serviço público recebeu licença para tratamento de insuficiência vascular periférica – Demonstração de que já era portadora da enfermidade – Ausência de comunicação do acidente ao Departamento de Recursos Humanos ou ao Supervisor de segurança – Nexo de causalidade entre o acidente e a doença não evidenciado – Aplicação da teoria da causalidade adequada – Inviabilidade de responsabilização da Administração Pública pelo evento danoso – Indenizatória improcedente – Recurso improvido.(Apelação Civil n. 217.472-5/9-00 – Porto Feliz - 9º Câmara de Direito Público – Relator Desembargador ANTÔNIO RULLI – Porto Feliz - vu - voto n.14.098) 
AÇÃO DE REPARAÇÃO DE DANO - Alegação de ocorrência de nexo causal, ante a enfermidade adquirida e o acidente sofrido - Inadmissibilidade - Mérito - Perícia médica que concluiu que o autor/apelante apresenta Osteoartrose e profusão discal lombo-sacra, não se verificando nexo causal entre a seqüela e o acidente sofrido e que as entidades mórbidas diagnosticadas geraram uma incapacidade parcial e permanente para o desempenho das funções, pelo que recomendou evitar atividades que exijam esforços físicos intensos ou moderados - Para que haja o pagamento de indenização por responsabilidade civil, deve restar provada a relação de causalidade adequada entre o fato e dano, ou seja, que aquele venha, por si mesmo e pelo curso normal das coisas, a causar este - Não configuração do nexo causal entre o acidente mencionado e a enfermidade - Recurso improvido. (Apelação Cível n. 174.633-5/2 - Campinas - 9ª Câmara de Direito Público - Relator: Antonio Rulli - 11.05.05 - V.U.)
A teoria da causalidade adequada se reveste de duas formulações, conforme bem observado por Antônio Lindbergh: De acordo com a primeira concepção – positiva - , uma condição é adequada para produzir evento danoso quando o ato praticado pelo lesante foi relevante para provocar o dano, levando-se em conta o curso ordinário das coisas e a experiência corrente da vida. A concepção formal negativa sustenta de forma mais ampla que uma condição será inadequada, e por conseguinte também irrelevante, quando for inteiramente indiferente para a verificação do dano, o qual só ocorreu por força de circunstâncias anormais ou extraordinárias que atuaram no caso concreto. Consideremos agora o exemplo da agressão de A sobre B, o qual ao levar um soco, vem a falecer por ser portador de grave enfermidade do coração. De acordo com a primeira concepção, a agressão não terá sido causa adequada do dano. Contudo, se for escolhida a segunda concepção, será possível admitir o nexo causal. CRUZ, 2005, p.71
Ou ainda: (na formulação positiva) o fato será causa adequada do dano, sempre que este constitua uma conseqüência normal ou típica daquele, ou seja, quando verificado o fato, se possa prever o dano como uma conseqüência natural ou como efeito provável dessa verificação. (....) para a formulação negativa... causa adequada é a que, segundo as regras de experiência, não é indiferente ao surgir do dano. ANTUNES VARELA, citado por NORONHA, p. 602. 
Aponta-se a validade da formulação negativa, eis que: a) a formulação negativa deixa entrever a razão de subsistência do nexo causal mesmo quando outros fatos tenham contribuído para o evento danoso; b) a formulação negativa dilata o âmbito da causalidade; c) é mais favorável para o lesado, porque facilita a prova do nexo causal, e d) é mais vantajosa também quando o caso seja de simples modificação dos riscos a que a coisa ou a pessoa estavam sujeitas. Fernando Noronha, citado por CRUZ, 2005, p. 71-72.
Os críticos da teoria da causalidade adequada consideram-na por demais filosófica – a começar pela dicotomia existente entre o saber ontológico e gnomológico – além de complexa e imprecisa. Como de fato não é fácil determinar qual dentre as concausas é, em tese, a adequada para produzir o dano, censurou-se o método de trabalho adotado: por que examinar o que já aconteceu como se ainda não houvesse realizado, se na verdade já se verificou? (CRUZ, 2005, p.78)
Enquanto crítica há que se apontar que o conceito de causa adequada é fluídico, dependendo do arbítrio do julgador.
Os Tribunais brasileiros têm decido pela teoria da causalidade adequada, vejamos.
TJRJ - 2006.001.17471 - APELACAO CIVEL JDS. DES. LUIZ FERNANDO DE ANDRADE PINTO - Julgamento: 25/04/2006 - DECIMA OITAVA CAMARA CIVEL PAGAMENTO DE CHEQUE REAPRESENTADO POR DIVERGÊNCIA DE ASSINATURA. Ofício do Bacen que demonstra a falha na prestação do serviço, ao esclarecer que o cheque devolvido por divergência de assinatura impediria seu pagamento. A prova dos autos demonstra, outrossim, que o cheque foi emitido pelo correntista, pelo que não andou bem o douto julgador em determinar a devolução do valor correspondente, sob pena de enriquecimento sem causa do apelante adesivo. DANO MORAL. INOCORRÊNCIA. Correntista que continuoua emitir cheques, mesmo tendo consciência da regular emissão do cheque reapresentado e do encerramento da conta corrente, podendo-se afirmar, sem medo de errar, que os títulos apresentados posteriormente seriam devolvidos, de qualquer maneira, acaso aquele reapresentado fosse normalmente compensado por ocasião da primeira apresentação. Em conseqüência, a falha na prestação do serviço, por si só, não seria capaz de dar a causa à devolução dos títulos mencionados na inicial. Aplicação da teoria da causalidade adequada, elaborada por Von Kries, segundo a qual, em sede de responsabilidade civil, nem todas as condições que concorrem para o resultado são equivalentes, mas somente aquela que foi mais adequada a produzir concretante o resultado deve ser considerada. Provimento do primeiro apelo, prejudicado o recurso adesivo. 
TJRJ - 2006.001.16013 - APELACAO CIVEL DES. MARIA AUGUSTA VAZ - Julgamento: 02/05/2006 - PRIMEIRA CAMARA CIVEL AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS. Autora que alega ter ido à bancarrota em razão da perda de crédito na praça decorrente do protesto indevido de duplicatas frias pelo réu. Aplicação da teoria da causalidade adequada. Para que se estabeleça o nexo de causalidade entre uma conduta e o dano é necessário não apenas que uma causa tenha concorrido concretamente para a ocorrência do dano, mas também que tal interferência tenha sido decisiva. Só nessa hipótese é que a causa será adequada a gerar o dano, ficando estabelecido, por conseguinte, o nexo de causalidade. No caso em exame, não há provas no sentido de que a autora apresentava boa saúde financeira no momento em que os títulos foram protestados, nem, tampouco, que esse ato tenha influído decisivamente para a derrocada de seus negócios. Dessa forma, embora não se discuta que a restrição ao crédito prejudicou as atividades da autora, não está comprovado que tenha sido essa a causa adequada dos danos apontados na inicial, razão pela qual deve ser excluído o nexo de causalidade. Sentença que se mantém[6: Refere-e aos fundamentos da causalidade preponderante. ]
TJRJ-2006.001.12216 - APELACAO CIVEL - DES. ELISABETE FILIZZOLA - Julgamento: 11/04/2006 - SEGUNDA CAMARA CIVEL RESPONSABILIDADE CIVIL. CONTRATO DE TRANSPORTE. CLÁUSULA DE INCOLUMIDADE, RESPONSABILIDADE OBJETIVA. QUEDA DO COLETIVO. CONCURSO DE CAUSAS. TEORIA DA CAUSALIDADE ADEQUADA. MOTORISTA QUE GUIAVA O VEÍCULO, EM MOVIMENTO, COM AS PORTAS ABERTAS. CONDUTA DECISIVA PARA O ACIDENTE. INCAPACIDADE PARCIAL PERMANENTE. PENSIONAMENTO. PROCEDÊNCIA DO PEDIDO REPARATÓRIO. Militar que, quando reagia a um assalto, ao travar um confronto físico com um dos assaltantes, terminou por sofrer uma queda do ônibus da empresa ré, quando este se encontrava em movimento, pois o motorista da empresa conduzia o coletivo imprudente e indevidamente com as suas portas abertas. Aplicação da teoria da causalidade adequada, pela qual conclui-se pela influência direta, imediata, preponderante e decisiva da conduta imprudente do preposto da Ré no evento danoso. Não afastado o nexo de causalidade entre a atuação da empresa e os danos causados ao Autor, persiste a responsabilização da transportadora. Redução permanente da capacidade laborativa do Autor. Pensionamento devido. RECURSO PROVIDO.[7: Distintas fundamentações.]
No último aresto percebe-se o equívoco ao adotar a teoria da causalidade adequada, eis que, a fundamentação “...tenha sido decisiva...” é da teoria do nexo causal direto e imediato. Ou seja, busca-se a necessariedade entre causa e efeito, de modo que o resultado danoso seja conseqüência direta do fato lesivo.
Equivocadamente, veio o autor CAVALIERI FILHO (p. 66 e 67) utilizar da teoria da causalidade adequada, quando na verdade a fundamentação é da teoria do dano direto e imediato, pois autor no aresto acostado, defende a idéia de rompimento com as demais condições, estabelecendo a exclusividade da condição, vejamos: 
TJRJ – Ap. Cível 1347-94 – Rel. Sérgio Cavalieri Filho – RESPONSABILIDADE CIVIL – DESMORONAMENTO DE ENCOSTA – CAUSA ADEQUADA – INOCORRÊNCIA DE FORÇA MAIOR: O fato de ter o desmoronamento ocorrido durante a realização de obras de terraplanagem e apenas no local onde havia movimentação de terras evidencia que as chuvas, embora torrenciais, não foram a causa determinante do evento, mormente quando já eram prevista na região.... 
Continua o autor: 
TJRJ – Ap. Cível 271-95 – Rel Sérgio Cavalieri Filho – RESPONSABILIDADE CIVIL- DANOS CAUSADOS EM IMÓVEL POR INVASÃO DE CUPINS NEXO DE CAUSALIDADE INEXISTENTE – Ninguém responde por aquilo a que não tiver dado causa, segundo fundamental princípio do Direito. E, de acordo com a teoria da causa adequada adotada em sede de responsabilidade civil, também chamada de causa direta ou imediata, nem todas as condições que concorrem para o resultado são equivalentes, ... mas somente aquela que foi a mais adequada a produzir concretamente o resultado.
B.4 Teoria do dano direto e imediato: também conhecida como teoria da interrupção do nexo causal –art. 403 do CC. [8: A fonte desse preceito foi o art. 1511 do Código Civil francês, que é de 1803. Segundo este dispositivo , “mesmo no caso em que a inexecução da convenção resulte de dolo do devedor, as perdas e danos não devem compreender, com relação à perda sofrida pelo credor e ao ganho de que este tenha sido privado, senão o que é uma conseqüência imediata e direta da inexecução da convenção. NAORONHA, p. 592.]
Para esta teoria embora muitos sejam os fatores que contribuem para a produção do dano; nem por isso se deve chamar de causa todos eles, mas tão-só os que se ligam ao dano em uma relação de necessariedade, a romper o equilíbrio existente entre as outras condições. A teoria do dano direto e imediato distingue, então, entre o conjunto de antecedentes causais, a causa das demais condições. Se várias condições concorrem para o evento danoso, nem todas vão ensejar o dever de indenizar, mas apenas aquela elevada à categoria de causa necessária do dano. CRUZ, 2005, p.102.
A causa direta e imediata nem sempre é a mais próxima do dano, mas, sim, aquela que necessariamente o ensejou, pois não é a distância temporal entre a inexecução e o dano que rompe o nexo causal. CRUZ, 2005, p.103.
Neste sentido: 
TJRJ - DES. ELISABETE FILIZZOLA - Julgamento: 11/04/2006 - SEGUNDA CAMARA CIVEL RESPONSABILIDADE CIVIL. CONTRATO DE TRANSPORTE. CLÁUSULA DE INCOLUMIDADE, RESPONSABILIDADE OBJETIVA. QUEDA DO COLETIVO. CONCURSO DE CAUSAS. TEORIA DA CAUSALIDADE ADEQUADA. MOTORISTA QUE GUIAVA O VEÍCULO, EM MOVIMENTO, COM AS PORTAS ABERTAS. CONDUTA DECISIVA PARA O ACIDENTE. INCAPACIDADE PARCIAL PERMANENTE. PENSIONAMENTO. PROCEDÊNCIA DO PEDIDO REPARATÓRIO. Militar que, quando reagia a um assalto, ao travar um confronto físico com um dos assaltantes, terminou por sofrer uma queda do ônibus da empresa ré, quando este se encontrava em movimento, pois o motorista da empresa conduzia o coletivo imprudente e indevidamente com as suas portas abertas. Aplicação da teoria da causalidade adequada, pela qual conclui-se pela influência direta, imediata, preponderante e decisiva da conduta imprudente do preposto da Ré no evento danoso. Não afastado o nexo de causalidade entre a atuação da empresa e os danos causados ao Autor, persiste a responsabilização da transportadora. Redução permanente da capacidade laborativa do Autor. Pensionamento devido. RECURSO PROVIDO. 
RE 130764 / PR – PARANA RECURSO EXTRAORDINÁRIO Relator(a):  Min. MOREIRA ALVES Julgamento:  12/05/1992 Órgão Julgador:  PRIMEIRA TURMA Publicação:  DJ 07-08-1992 PP-11782 EMENT VOL-01669-02 PP-00350 RTJ VOL-00143-01 PP-00270 Ementa Responsabilidade civil do Estado. Dano decorrente de assalto por quadrilha de que fazia parte preso foragido vários meses antes. - A responsabilidade do Estado, embora objetiva por força do disposto no artigo 107 da Emenda Constitucional n. 1/69 (e, atualmente, no paragrafo 6. do artigo 37 da Carta Magna), não dispensa, obviamente, o requisito, também objetivo, do nexo de causalidade entre a ação

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