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APOSTILA DIREITO CONSTITUCIONAL I

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DIREITO CONSTITUCIONAL – 1º BIMESTRE
SAMIRA QUINAGLIA SANTOS
PROF.º: RENAN
Conceito: “O Direito Constitucional é o conhecimento sistematizado das regras jurídicas relativas à forma de Estado, à forma de governo, ao modo de aquisição e exercício do poder, ao estabelecimento de seus órgãos e limites de sua ação.”. – Manoel Gonçalves Ferreira Filho.
Direito Constitucional enquanto ciência: Estuda o conjunto de normas
Direito Constitucional enquanto norma: Trata sobre as normas que organizam o Estado, que integram a constituição e estabelece os limites do poder do Estado frente ao indivíduo.
O DC trata sobre: As formas de Estado; As formas de governo; Estabelecimentos dos órgãos de poder e define suas competências; Como se adquire, se exerce e se extingue um poder, limitando-o; Estabelece limites à atuação do Estado, com direitos e garantias fundamentais. 
Os direitos fundamentais protegem o indivíduo de más atuações do Estado. 
Regras que regulam e limitam o poder estatal em face do individuo
Trata sobre formas de Estado e de governo, garantias fundamentais
Trata do funcionamento do Estado e da relação entre os indivíduos com o mesmo.
“É um conjunto de normas que criam o Estado e determinam o exercício do seu poder, dando sentido objetivo aos valores que consagram” – Paulo Napoleão Nogueira da Silva. 
“Conjunto de normas que regulam a forma do Estado, a forma do seu governo, o modo de aquisição e o exercício do poder, o estabelecimento de seus órgãos e limites de sua ação, os direitos fundamentais da pessoa e as respectivas garantias.” – José Afonso da Silva.
Origens e Evolução
Desde o surgimento dos Estados Antigos havia regras que podem ser ditas constitucionais; Ao final do século XVIII: Surgimento do Constitucionalismo (acabar com o poder dos monarcas) – Aqui, havia a lei maior que estabelece direitos às pessoas apenas pelo fato de serem pessoas e que o Estado está submetido. Esse movimento vem com a ideia de que há uma lei que prevalece a todos (universalidade de direitos) – Separação de funções do Estado, para não ocorrer arbítrio. No começo, a não atuação do Estado era visto como satisfatório ao que estava escrito na constituição (Ex: Direito à vida, o Estado não se metendo na vida da pessoa era um respeito a essa lei) – Aqui o Estado é liberal. Com o fenômeno do Constitucionalismo nascem às primeiras cadeiras nas faculdades de direito sobre a Ciência Jurídica Constitucional, onde os estudiosos da área passaram a teorizar o assunto. Nas subseqüentes Constituições, era dito que o Estado devia atuar positivamente na sociedade, onde nascem os Direitos Fundamentais de 2ª Geração.
1ª Geração – lema: Liberdade (Não atuação do Estado)
2ª Geração – lema: Igualdade (Atuação positiva do Estado)
3ª Geração – lema: Fraternidade (Direitos difusos – proteção de toda a humanidade) – Ex: Direito ao meio ambiente (a titularidade dos direitos é de todos)
Direito Constitucional Positivo: Estuda o Direito Constitucional posto, faz uma análise crítica da Constituição de um determinado Estado.
Direito Constitucional Comparado: Faz o estudo de duas ou mais constituições, mostrando singularidades, avanços etc. 
Direito Constitucional Geral: Se preocupa em conceituar os principais institutos de Direitos Constitucionais, estabelece teorias. Ex: Como quando se conceituou o DC outorgado e promulgado. 
DIREITO CONSTITUCIONAL 
O Direito Constitucional tem como seu principal objeto de estudo a Constituição. Esta deve ser escrita; conter uma enumeração de direitos fundamentais individuais; deve adotar um sistema democrático quanto a sua elaboração e assegurar a limitação do poder do Estado mediante a divisão de poderes.  
O DC não atua isolado de outras áreas de estudo, o mesmo se envolve com a Política, Sociologia e a Filosofia. Assim, na visão sociológica, a constituição é concebida como fato social, e não como uma norma propriamente dita, a mesma seria resultado da realidade social do país. Aqui, caberia à constituição sistematizar os valores sociais num documento formal que só seria eficaz se correspondesse aos valores presentes na sociedade. O principal representante dessa visão sociológica de constituição foi Ferdinand Lessalle, onde, segundo o mesmo a constituição de um país é a soma dos fatores reais de poder; dentre essas forças ele destacava a monarquia, aristocracia, burguesia, banqueiros e a classe operária. 
Na concepção política de constituição, a validade da mesma não se apoia na justiça de suas normas, mas sim na decisão política que lhe dá existência. Dessa forma o poder constituinte equivale à vontade política. Assim, a constituição surge a partir de um ato constituinte, fruto de uma vontade política fundamental de produzir uma decisão eficaz sobre o modo  e forma da existência política de um Estado. O principal representante foi Carl Schmitt, que estabeleceu uma distinção entre Constituição e leis constitucionais. A constituição trata somente das matérias de grande relevância jurídica e as demais normas integrantes do texto constitucional seriam as leis constitucionais.  
Em sentido jurídico a constituição é compreendida de uma perspectiva estritamente formal, apresentando-se como pura norma jurídica, como norma fundamental do Estado e da vida jurídica de um país, deste modo, ela consiste um sistema de normas jurídicas. O pensador associado à visão jurídica é Hans Kelsen.  
	SENTIDO SOCIOLÓGICO
	SENTIDO POLÍTICO
	SENTIDO JURÍDICO
	A Constituição é a soma dos fatores reais de poder que regem uma nação (poder, econômico, militar, político, religioso etc.), de forma que a Constituição escrita só teria eficácia, isto é, só determinará efetivamente as interrelações sociais de um Estado quando for construída em conformidade com tais fatores, do contrário, terá efeito meramente retórico ("folha de papel")
	A Constituição é uma decisão política fundamental sobre a definição do perfil primordial do Estado, que teria por objeto, principalmente, a forma e o regime de governo, a forma de Estado e a matriz ideológica da nação; as normas constantes do documento constitucional que não derivem da decisão política fundamental não são "Constituição", mas tão somente "leis constitucionais".
	A Constituição é compreendida de uma perspectiva estritamente formal, consistindo na norma fundamental de um Estado, "paradigmas" de validade de todo o ordenamento jurídico e instituidora da estrutura primacial do Estado, a Constituição é considerada norma pura, como puro dever-ser, sem qualquer consideração de cunho sociológico, político ou filosófico.
Constituição em sentido material: conjunto de normas escritas ou não, essencial à estruturação do Estado, à regulação do exercício do poder e ao reconhecimento de direitos fundamentais aos indivíduos. "Do ponto de vista material, a constituição é o conjunto de normas pertinentes à organização do poder, à distribuição da competência, ao exercício da autoridade, à forma de governo aos direitos da pessoa humana, tanto individual como sociais." - Paulo Bonavides. Aqui, o que possui relevância para a caracterização da norma como constitucional é o seu conteúdo, não importando a forma pela qual tenha sido introduzida ao ordenamento jurídico. Não há Estado sem Constituição. 
 Constituição  em sentido formal: O que define uma norma como constitucional é a forma pela qual ela foi introduzida no ordenamento jurídico, e não o seu conteúdo. Por isso, somente faz sentido falar em Constituição formal nos Estados dotados de constituição escrita e rígida.  
RELAÇÃO DO DIREITO CONSTITUCIONAL COM O DEMAIS RAMOS DO DIREITO
Primeiramente, é o Direito Constitucional que norteia os demais ramos do direito interno; é a Constituição quem organiza e traça o caminho para as outras matérias. A CF diz os princípios que regem tais ramos, ou seja, é a centralidade de todos os demais direitos. Todos os outros ramos, tais como o Direito Penal, Civil, Empresarial etc. não podem contrariar o que está descrito na CF; havendo contradição, a norma que contrariou a CF torna-seinconstitucional. 
“A disciplina básica do Direito Público Interno é o Direito Constitucional, que fixa as normas fundamentais de organização jurídica e condiciona, debaixo de seus princípios, os demais ramos do Direito Publico e Privado internos, com os quais se relaciona.”
Existe um grau de reciprocidade, de influencia entre o Direito Constitucional e o Direito Internacional Público. Ex. Art. 4º CF/88 (diz como o Brasil rege suas relações internacionais). “O grau de influencia entre o DC e o DIP é mútuo. É notório que o DC incorpora institutos de DIP, como por exemplo, a CF no artigo 4º, e que o DIP adota institutos de DC, como por exemplo, a carta da ONU. Não existe subordinação entre seus ramos do Direito, já que seus objetos são diversos.”
CLASSIFICAÇÃO E ESTRUTURA DA CF/88 
A atual Constituição da Republica Federativa do Brasil foi promulgada em 5 de outubro de 1988. É classificada como: escrita codificada, democrática, dogmática eclética, rígida, formal, analítica, dirigente, normativa, principiológica, social e expansiva.  
Preâmbulo: "O preâmbulo constitui uma proclamação mais ou menos solene, mais ou menos significante, anteposta ao articulado constitucional, e não é componente necessário de qualquer constituição, mas tão somente um elemento natural de constituições feitas em momentos de ruptura histórica ou de grande transformação político-social" - Jorge Miranda. 
Parte dogmática: constitui o seu corpo principal ou permanente. Divide-se em nove títulos: I) Dos Princípios Fundamentais; II) Dos Direitos e Garantias Fundamentais; III) Da Organização do Estado; IV) Da Organização dos Poderes; V) Da Defesa do Estado e Das Instituições Democráticas; VI) Da Tributação e do Orçamento; VII) Da Ordem Econômica e Financeira; VIII) Da Ordem Social; IX) Das Disposições Constitucionais Gerais.  
Atos das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT): Divide-se em dois grupos - Os que contêm regras necessárias para assegurar uma harmoniosa transição do regime constitucional anterior para o novo regime constitucional e os que estabelecem regras que, embora não sejam relacionas à transição de regime constitucional, tem sua eficácia jurídica exaurida tão logo ocorra à situação nelas prevista.  
 
CLASSIFICAÇÃO E ESTRUTURA DA CF/88 
A) Elementos orgânicos: contêm nas normas que regulam a estrutura do Estado e do Poder; concentram-se, predominantemente nos títulos: III, IV, Capítulos II e II do Título V e VI. 
B) Elementos limitativos: normas que consagram o elenco dos direitos e garantias fundamentais. Título II. (Limitam a atuação do Estado em face do indivíduo) 
C) Elementos socioideológicos: normas que revelam o caráter de compromisso das Constituições modernas entre o Estado individualista e o Estado Social. Capítulo II do título II, e títulos VII e VIII. – normas de inclusão social (2ª Geração)
D) Elementos de estabilização constitucional: normas destinadas a assegurar a solução de conflitos constitucionais, a defesa da Constituição, do Estado e das instituições democráticas. Arts. 34 a 36; art. 59, I; art. 60; art. 102, I, "a"; art. 102 e 103 e título V, cap. I
CONCEPÇÕES
Sociológica: Ferdinand Lessale – Constituição real e formal em consonância serão legítimas.
Jurídica: Hans Kelsen – A Constituição é norma de puro dever-ser; tudo o que estiver na norma deve ser seguido. 
Política: Carl Shmitt – Somente será Constituição a decisão política fundamental do titular do poder constituinte, se não, será apenas lei constitucional. 
ESTRUTURA DA CONSTITUIÇÃO:
Preâmbulo: Não faz parte da Constituição positiva, revela os propósitos do constituinte com a elaboração da Constituição. Vem antes da Constituição. – Não tem força normativa.
Parte permanente: Regula de forma perene os institutos tratados na parte permanente. Ex. Art. 81º - Parte permanente: Art. 1º ao 250º.
Parte Transitória (ADCT): Vem depois do art. 250º. Seus objetivos são: regular e estabelecer a transição do modelo constitucional anterior para nova constituição (Possui 98 artigos). Em sua maior parte, possuem valor histórico; situações de transições ou temporárias. “Normalmente, as Constituições são constituídas por um preâmbulo (declaração na qual são registrados os valores supremos e a finalidade do Estado), uma parte permanente e uma parte transitória (que enumera regras acerca de situações novas trazidas pela Constituição e também sobre a transição Constitucional. São regras que depois de aplicadas tem sua eficácia exaurida.)”.
Emenda Constitucional: Modificação no texto da Constituição. Pode acrescentar suprimir ou alterar a redação de um ou diversos dispositivos constitucionais. A emenda transforma imediatamente a parte da CF que deseja alterar. Os artigos que sofreram modificações possuem observações de qual emenda a mudou. 
 Normas formalmente Constitucionais e Materialmente Constitucionais: As normas formalmente constitucionais são as descritas na Constituição, enquanto as normas materialmente constitucionais são aquelas que contenham assuntos próprios de Constituição. Existem normas que não deveriam ou não têm necessidade de estar na Constituição, pois não tratam de matéria constitucional; tais normas vão parar na CF, pois uma vez lá, seus textos são de difícil alteração, havendo assim, uma maior estabilidade da norma. Existem normas que são apenas materialmente constitucionais, mas não estão dispostos, formalmente, na constituição. Um exemplo disso é a Lei da Ficha Limpa, que por tratar sobre a aquisição de poder, ou seja, ter relevância constitucional foi inserido nas leis infraconstitucionais, por serem facilmente maleáveis. 
CLASSIFICAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO:
Quanto à origem: Aqui é visto como a Constituição se apresenta,se em sua forma escrita (maioria das Constituições existentes) ou em sua forma costumeira ou esparsa, onde há os costumes e usos, que estão consolidados nos documentos esparsos. Ex: Inglaterra.
Quanto à forma: Podem ser promulgadas (quando são elaboradas em consonância com a vontade popular = Const. 1891; 1934; 1946; 1988) ou outorgada (quando são impostas = 1937; 1967; EC 1969). 
Quanto à estabilidade: podem ser Rígidas (aquela cujo procedimento de emenda constitucional é mais solene do que o procedimento nela previsto para elaboração de lei ordinária), Semi-rígidas (onde parte do texto é de difícil modificação e a outra parte é modificada por leis ordinárias; ex: Constituição de 1824), Flexíveis ou plásticas (possuem o mesmo processo de elaboração das leis, ou seja, não há hierarquia entre a norma constitucional e a infraconstitucional), Imutáveis e Super-rígidas. 
Quanto à extensão e finalidade: Podem ser sintéticas (se preocupam em estabelecer a organização do Estado e os direitos que o mesmo deve respeitar em relação ao individuo, chamada também de Constituição negativa, é uma característica do Estado Liberal. Ex: Constituição Americana) e Analíticas (tem finalidade de regular a atuação do Estado em reação aos indivíduos; dirige a atuação do governante)
PODER CONSTITUINTE
Segundo Pedro Lenza, citando Canotilho “o poder se revela sempre como uma questão de poder, de força ou de autoridade política que está em condições de, numa determinada situação concreta, criar, garantir ou eliminar uma Constituição entendida como lei fundamental da comunidade política”. É o poder de fazer/estabelecer normas constitucionais e constituir o Estado. Esse poder estabelece os demais poderes, tornando-os poderes constituídos. Segundo conceituação do Prof. Renan “é o poder de elaborar a Constituição. Poder de constituir o Estado. Manifestação soberana da suprema vontade política de um povo, social e juridicamente organizada. A obra do poder constituinte é a Constituição.”
A titularidade do poder encontra-se nas mãos do povo que escolhe um representante legal para ter o exercício do poder. Para ser legítimo o poder exercido pelo representante legal, deve-se ser eleito pela maioria, ou seja, para o poder se tornar legítimo deve haver o apoio popular. Assim, o agente do poder constituinteé um grupo de pessoas designadas pelos titulares para elaborar a Constituição (Assembléia Nacional Constituinte). O poder constituinte é permanente. 
Quanto a sua natureza existem três correntes doutrinárias: a corrente positivista, onde o poder constituinte é um poder de fato, dotado de caráter absoluto e não conhece limites jurídicos, ou seja, para essa corrente o poder constituinte se funda em si mesmo e não em uma regra de direito anterior, pela qual não há uma preocupação com a sua legitimidade. A corrente jusnaturalista diz que o poder constituinte é um poder de direito que encontra sua legitimidade nas regras do Direito Natural, que é anterior ao próprio Estado. E a ultima corrente é a política, onde o poder constituinte é o poder político que, sem perder a característica de poder de fato, dotado de natureza extrajurídica, não escapa à consideração de sua legitimidade, devendo ser a expressão da vontade soberana da Nação ou do povo.
Direito de Revolução: É a quebra da Constituição vigente por uma nova, por meios não previstos na constituição anterior (juridicamente falando). A revolução é uma reestruturação, uma nova formatação de Estado, enquanto o golpe de Estado é a tomada do poder por um grupo de pessoas interessadas em exercê-lo, sem mudança na ordem econômica, política ou social, é uma ação não prevista juridicamente.
Poder Constituinte Originário
Este rompe, por completo, com a ordem jurídica anterior, ou seja, seu objetivo é fundamentar um novo Estado. O PCO constitui os demais poderes e divide-se em histórico e revolucionário: Histórico: É o verdadeiro poder constituinte originário, estruturará o Estado pela primeira vez. Temos como exemplo a Constituição de 1824; Revolucionário: Todos os posteriores ao originário; rompem com a antiga ordem e instauram um novo Estado. 
Tem por características, segundo Pedro Lenza: É inicial, autônomo, ilimitado juridicamente, incondicionado, soberano na tomada de suas decisões, um poder de fato e permanente. Para fins de estudo vamos conceituar: 
Permanente: o poder não acaba com uma nova Constituição;
Ilimitado: não encontra limites no direito positivo; 
Incondicionado: não tem forma pré-fixada para sua elaboração, ou seja, não existe condicionamento prévio;
Inicial: Inicia a ordem jurídica; os demais poderes se fundamentam nele (base dos demais).
Poder Constituinte Originário Histórico: um exemplo deste é a Constituição de 1824 que constituiu o primeiro Estado. Este vai constituir um “poder” (o primeiro) para ser recriado e reformado.
Poder Constituinte Revolucionário: novas constituições “nascidas” de acordo com as novas relações sociais. O exercício do poder constituinte nunca é do povo. O poder constituído é limitado pelo poder constituinte originário. 
 Reformador Propriamente dito 
Poder Constituinte Derivado Revisão
	 Decorrente
Poder Constituinte Derivado: é criado pelo PCO
Poder Reformador: É o poder de fazer emendas à constituição, é previsto pelo originário, portanto está limitado e condicionado. Na CF/88 está previsto no artigo 59, I e 60. É um poder pontual, ou seja, manifesta-se de tempos em tempos. Para emendar a constituição exige-se uma forma solene, é a prevista no artigo 60, §2º: votação em dois turnos em ambas as casas do Congresso Nacional por 3/5. Até hoje forma propiciadas 68 emendas à constituição por esse processo. Acompanha as evoluções sociais e dividem-se em propriamente dito e de revisão:
Propriamente dito: poder permanente, ordinário de emendar a CF (art. 60, CF) – CN, aprovação de 3/5 dos membros etc.[2: Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta: I - de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal; II - do Presidente da República; III - de mais da metade das Assembléias Legislativas das unidades da Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros. § 1º - A Constituição não poderá ser emendada na vigência de intervenção federal, de estado de defesa ou de estado de sítio. § 2º - A proposta será discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos respectivos membros. § 3º - A emenda à Constituição será promulgada pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, com o respectivo número de ordem. § 4º - Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: I - a forma federativa de Estado; II - o voto direto, secreto, universal e periódico; III - a separação dos Poderes; IV - os direitos e garantias individuais. § 5º - A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por prejudicada não pode ser objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa.]
Revisão: ADCT – É um poder extraordinário, ou seja, manifesta-se uma única vez, no caso do Brasil já se manifestou em 1994. É o poder de atualizar a constituição às realidades sociais após a sua promulgação (5/10/88), está previsto no artigo 3º do ADCT, determinou que após cinco anos da promulgação da constituição seria feita uma revisão por um processo menos dificultoso, votação por maioria absoluta (50%+1) dos membros do Congresso Nacional em sessão unicameral. Não pode mais ser aplicado devido a sua eficácia exaurida e aplicabilidade esgotada. Propiciou 6 emendas.
Decorrente: É o poder que os Estados Membros da federação possuem de elaborar a constituição Estadual ou Distrital, no caso do DF. Sua missão é estruturar a Constituição dos Estados-membros. Decorre da capacidade de auto-organização (art. 25, caput) e autogoverno (art. 27, 28 e 125) e autoadministração (art. 18 e 25 a 28), devendo observar os princípios da constituição, além dos princípios constitucionais sensíveis, os princípios constitucionais estabelecidos (organizatórios) e os princípios constitucionais extensíveis. O poder constituinte decorrente, conferido aos Estados-membros e ao DF, não se faz na órbita dos municípios
ASSIM:
O Poder Constituinte Derivado Reformador é criado e instituído pelo originário, dessa forma deve obedecer às regras impostas pelo originário, sendo limitado e condicionado aos parâmetros impostos pelo poder originário, que em tese é inicial, incondicionado e ilimitado. 
Também chamado de competência reformadora, o poder constituinte derivado reformador tem o intuito, e a capacidade, de modificar a constituição, por meio de um procedimento específico, estabelecido pela constituição. 
Segundo Pedro Lenza o Poder constituinte derivado divide-se em reformador, revisor e decorrente. Porém, alguns autores dividem o poder reformador em propriamente dito e revisor. 
O poder constituinte derivado reformador propriamente dito é um poder ordinário, ou seja, manifesta-se de tempos em tempos, pontualmente. É o poder de fazer emendas à constituição, está previsto no artigo 59, I, e 60 da CF/88. Para reformar a constituição através de emendas exige-se que se cumpram algumas solenidades, é o caso do artigo 60 par. 2º da CF, que exige quorum qualificado de 3/5 em cada casa do congresso nacional em dois turnos, lembrando que o congresso é bicameral: senado e câmara dos deputados, este composto de 513 membros e aquele de 81. Além de outras limitações que serão explicadas a diante. 
O poder constituinte revisor é um poder extraordinário, ou seja, manifesta-se uma única vez, como já visto é limitado e condicionado, pois é fruto do originário. Está previsto no artigo 3º do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, que determinou que a revisão constitucional se manifestasse depois de decorridos 5 anos (no mínimo, podendo ser 6,7,8...) da data da promulgação da constituição (5 de outubro de 1988) permitindo a atualização da constituição, adaptando-a as realidades que a sociedade apontasse como necessárias. Exigiu-se um procedimento simplificado para a modificação, voto da maioria absoluta (50%+1) dos membros do Congresso Nacionalem sessão unicameral, ou seja, senadores e deputados juntos, tratados como congressistas revisores. O artigo 13 da Resolução nº 1-RCF estabeleceu a votação das matérias em 2 turnos. A competência revisional propiciou a elaboração de 6 emenda à constituição, não sendo mais possível a sua manifestação devido a sua eficácia exaurida e aplicabilidade esgotada. Encontra limitação materiais.
LIMITES AO PODER REFORMADOR
Os limites podem ser temporais, ou seja, a CF não pode ser emendada por um lapso de tempo (ex: a cf não poderá ser emendada nos seus cinco primeiros anos – CF 1988), estes consistem em uma vedação de alteração das normas constitucionais por um lapso de tempo, e ainda, apenas o poder constituinte pode por esse limite onde tal limitação deve ser expressa e clara.
Ainda, as limitações podem ser circunstanciais onde a CF não pode ser emendada por um lapso de tempo, por circunstâncias determinadas pela própria constituição. Art. 60, CF/88 (Estado de sítio, defesa e intervenção federal).
Por fim, temos as limitações materiais, que podem ser implícitas ou explicitas, aqui, há uma limitação de conteúdo. As limitações explicitas ou expressas são as que estão insculpidas na constituição, escritas etc. e não podem ser abolidas por emendas constitucionais, Determinadas matérias não podem ser emendadas, como é o caso do artigo 60 §4º, que determina as chamadas cláusulas pétreas: “não será projeto de deliberação a proposta tendente a abolir a forma de Estado, o voto direito, secreto, universal e periódico, a separação dos poderes e os direitos e garantias individuais”.. As implícitas são decorrentes do sistema jurídico, decorrem de uma lógica geral imposta pela constituição. São quatro limitações:
Art. 60, parágrafo 4º. Proibição da chamada “dupla revisão”, ou seja, não podem ser abolidos os artigos que tratam de limitações expressas (“não se podem fazer emendas que modifiquem artigos que impedem a modificação”);
Condição de manifestação do poder constituinte reformador – não pode ser modificada a forma solene de modificação da CF (artigo 60§2º),
Proibição de modificar o órgão que exerce o poder de reforma da Constituição – não pode ser modificado o agente do poder reformador
Princípios (matrizes) Constitucionais – não podem ser mudados os princípios da CF, pois são as bases de sustentação de todo o texto, qualquer modificação na mesma, abalaria todo o sistema jurídico. 
Recepção: A partir da entrada em vigor de uma nova constituição, para evitar o caos e a insegurança nas relações sociais e jurídicas, existe por parte dela, norma, a recepção de leis infraconstitucionais anteriores a nova constituição e compatíveis, assim, sua validade se dá na nova CF. Se forem incompatíveis serão revogadas. 
Repristinação: Esta não é admitida pelo Direito Brasileiro, pois causaria um caos, e geraria uma grande insegurança jurídica no nosso ordenamento jurídico. O que o ordenamento jurídico permite é o efeito repristinatório.
Desconstitucionalização: A nova constituição recepciona a velha como lei infraconstitucional, mas é necessária a expressividade da nova constituição em relação a isso. 
CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE (DEPOIS QUE A NORMA FOI FEITA) 
É a verificação de compatibilidade formal ou material de um ato normativo (lei) com a constituição, caso seja incompatível, a norma será inconstitucional. 
A inconstitucionalidade pode ser em aspecto formal ou material. No aspecto material a norma tem sua matéria em desconformidade com o CF. Um exemplo disso seria uma lei estabelecer que homens e mulheres possuem direitos diferentes um do outro, sendo que nossa constituição diz que todos são iguais perante a lei. Já o aspecto formal não tem o formato para dispor de uma norma, tal como prevê a CF. Um exemplo é a Lei de Trânsito seria pela lei federal e a lei municipal tratar desse assunto. Assim, se a lei vier de um órgão legítimo, há uma presunção de legitimidade, portanto, de sua constitucionalidade. 
Controle Preventivo (antes de a norma entrar no ordenamento)
Aqui, tenta-se evitar que leis inconstitucionais entrem no ordenamento jurídico, desta forma, o poder legislativo em consonância com o poder executivo fazem essa prevenção por meio de uma comissão de constitucionalidade e justiça, ou seja, analisam a constitucionalidade dos projetos-leis. Ainda, o presidente pode vetar um projeto de lei por considerá-lo inconstitucional, ainda que em partes. 
Controle repressivo
Este só se torna possível quando a o projeto já virou uma lei sancionada, assim, busca-se o controle de constitucionalidade das leis. Ordinariamente tal controle é feito pelo Poder Judiciário que é considerado o guardião da Constituição. 
Ainda existe o sistema de controle político, que na França acaba funcionando como um 2º Poder Legislativo.
CONTROLE JUDICIAL (DE CONSTITUCIONALIDADE)
Quanto ao órgão pode ser: 
Difuso: qualquer juiz, de qualquer tribunal, em qualquer processo pode declarar a inconstitucionalidade da lei. O Controle Difuso, repressivo, ou posterior, é também chamado de exceção ou de defesa, ou controle aberto, é o controle de constitucionalidade realizado por qualquer juiz ou tribunal do Poder Judiciário. Verifica-se em um caso concreto, e a declaração de inconstitucionalidade dá-se de forma incidental (incidenter tantum). O que se busca não é a inconstitucionalidade da norma, mas sim sanar um direito que está sendo lesado pela norma inconstitucional, a alegação de inconstitucionalidade será a causa de pedir processual, o juiz declara inconstitucional a norma para garantir o direito lesado. Cabe à parte lesada recorrer ao tribunal. (Forma: via de exceção)
Concentrado: Somente um órgão competente pode declarar a inconstitucionalidade da lei, ou seja, o órgão de cúpula, representado, no Brasil, pelo STF. 
O determinante para qual órgão declarará qual inconstitucionalidade é quanto à sua forma (de ação = concentrado; de exceção = difuso) 
Quanto à forma temos a via de ação que se divide em: 
Ação Direta de Constitucionalidade (ADIN) – aqui, o objetivo é a declaração de inconstitucionalidade da lei, tirando-a, desta forma, do ordenamento jurídico, onde a sua conseqüência é a sua não aplicação (geral). Essa declaração é proposta exclusivamente pelo STF (artigo 102, I, “a” da CF/88), que a ajuíza diretamente, buscando, assim, combater a lei federal ou estadual que contrarie a constituição. Seus efeitos são ex tunc, erga omnes e vinculante, pois vincula os demais órgãos do Poder Judiciário e da administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal. As pessoas que possuem legitimidade para propor esse tipo de ação são as pessoas do art. 103, CF/88. 
***A decisão liminar é EX NUNC (os efeitos que a lei produziu até o presente momento não serão alterados, apenas a partir de agora.). Via de regra, os efeitos são: ex tunc, erga omnes e vinculante, porém, o STF tem a possibilidade, em situações que haja o interesse social ou a insegurança jurídica de regular outra data da qual valha a decisão de inconstitucionalidade, para isso, deve-se haver 2/3 de aprovação de seus membros e sua intenção deve ser explicita – normalmente esse tipo de decisão é ex nunc na forma do artigo 27 da lei 9.868/99, mas pode ser prospectivo (quando a inconstitucionalidade de uma lei passa a valer daqui dois anos). 
ADIN por omissão – Combate a omissão legislativa para que a força normativa da constituição valha. Aqui, o legislador de omite na emissão de uma lei, impedindo sua aplicação, assim, a falta da lei impede sua aplicação. Exemplo disso são aquelas leis que dizem que seu conteúdo é regulamentado por lei especial (quem nem ao menos foram editadas). 
Ação Declaratória de constitucionalidade (ADC ou ADECON) – Criada pela Emenda Constitucional nº 03. Busca-se por meio da ADC declarar a constitucionalidade de lei ou ato normativo federal. Deriva da presunção relativa (juris tantum) de constitucionalidade das leis. O objetivo é transformar essa presunção relativa de constitucionalidade em absoluta (jure et dejure), não se admitindo mais prova em contrário. Só pode ser interposta em favor de lei ou ato normativo do âmbito federal. É necessário também que quem a ajuíza demonstre que existe controvérsia judicial que coloque em risco a presunção de constitucionalidade da lei (ou seja, decisões que na via de exceção proclamam a inconstitucionalidade da referida lei). A ADECON pode ser proposta pelas mesmas pessoas que na ADIN (artigo 103, CF). Uma vez declarada constitucional (através da ADECON) a lei não pode mais sofrer ADIN. A ADECON, se julgada procedente, resulta na declaração de constitucionalidade da lei, com efeitos “erga omnes” e “ex tunc”. Se julgada improcedente, produz os mesmo efeitos que uma ADIN (“erga omnes” e “ex tunc”). Da mesma forma ocorre com a ADIN. Se julgada procedente o tribunal declara a inconstitucionalidade da lei; se julgada improcedente, o tribunal declara a lei constitucional (efeitos de ADECON). Este é o chamado efeito dúplice ou ambivalente, que se trata da possibilidade de indeferimento do pedido da ADC a tornando uma ADIN, ações de sinais trocados. Ambas as ações, ADIN e ADC, possuem os mesmos efeitos, “erga omnes”, “ex tunc” e vinculante, a diferença é que a ADIN pode ser imposta contra leis ou atos normativos federais e estaduais, a ADC contra lei federal. O quorum de abertura é de 8 ministros, devendo ser aprovada por maioria absoluta (art. 97), assim como na ADIN. Em resumo o efeito ambivalente é a possibilidade de uma ADC possuir efeitos de uma ADI. Cabe liminar em ADC. Na liminar o STF antecipa, até julgamento final, a decisão provisória de que a lei é constitucional. Declarada a liminar, a lei produz efeitos “erga omnes” e “ex nunc” (da liminar para frente). 
Arguição de Descumprimento de preceito fundamental (ADPF) – Está prevista no artigo 102, §1º, CF. É subsidiária, pois só pode ser utilizada quando a lesão a preceito fundamental não puder ser sanada por outra via judicial (via de ação ou via de exceção). De acordo com a Lei nº 9.882/99 à ADPF cabe para evitar lesão a preceito fundamental, resultante de ato do poder público, para reparar a lesão ou quando for relevante o fundamento da controvérsia constitucional sobre a lei ou ato normativo federal, estadual ou municipal, incluídos os anteriores à Constituição. Não basta que o ato argüido ofenda a Constituição, é necessário que ofenda preceito fundamental dela. Por preceito fundamental podem ser entendidas as seguintes normas: 
a) os princípios fundamentais (art. 1º a 4°, CF); 
b) as matérias enumeradas nos incisos I a IV do artigo 60, §4º, CF; 
c) os princípios constitucionais sensíveis, enumerados no artigo 34, CF. 
É de competência das pessoas previstas no artigo 103, da CF, propor a ADPF. A mesma será julgada, sempre, pelo STF, visto que só é prevista em âmbito federal. A crítica que se faz à ADPF é que, na prática, só serve para questionar a constitucionalidade de lei municipal ou de lei federal, estadual ou municipal anterior à Constituição. A ADPF, uma vez julgada procedente, possui efeitos “erga omnes” e vinculante. Na via de ação a decisão é feita pelo STF e tem efeito “erga omnes” (geral; p/ toda a sociedade) 
 Via de Exceção (art. 97). Essa atinge não apenas a inconstitucionalidade da lei, indo além deste objetivo, satisfazendo um direito individual. Aqui, a decisão é ex tunc (efeito retroativo, ou seja, é atingida desde seu nascimento) e inter partes (atinge o direito individual da pessoa), ou seja, retroage até o início da lei, desde a sua edição, tornando-a nula de pleno direito, valendo somente para as partes que argüirem o processo. Convém lembrar que o STF já se posicionou a respeito da possibilidade de a lei declarada inconstitucional pelo controle difuso possuir efeitos “ex nunc”, ou pro futuro, prospectivos. Caso a questão chegue ao STF, por meio de recurso extraordinário (hipóteses do artigo 102, III, “a”, “b”, “c”), observando a regra do artigo 97 (quorum de maioria absoluta), na via de exceção, pode o pretório excelso declarar inconstitucional a lei, devendo, de acordo com o artigo 178 do RISTF, comunicar o Senado Federal após o transito em julgado, para que se produzam os efeitos do artigo 52, X, da CF/88. Tal artigo, 52, X, determina a competência privativa do Senado de suspender a execução, no todo ou em parte, da lei declarada inconstitucional por decisão definitiva do STF, por meio de resolução. A suspensão poderá ser de Leis federais, estaduais, distritais ou municipais. O Senado pode suspender no todo ou em parte, como já dito, ou seja, se o STF declarar inconstitucional uma parte da lei fica o Senado restrito a suspender apenas essa parte, não podendo estender além, se o STF declarar inconstitucional toda a lei, fica o Senado restrito a suspender a eficácia de toda a lei, sendo vedada a subsistência de parte declarada inconstitucional. Caso o Senado opte por suspender a execução da lei, lembrando que ele não é obrigado, se fosse seria uma afronte ao princípio da separação dos Poderes, a decisão terá efeitos “ex nunc” e “erga omnes”. Hodiernamente discute-se a “teoria da abstrativização” do controle difuso, encalçada na mutação constitucional do entendimento do artigo 52, X da CF/88. Tal teoria sustenta que a função do Senado é apenas de publicação da decisão do STF, arguindo que tribunal excelso poderia declarar efeito “erga omnes”, já na decisão. Além de declarar efeito vinculante à ratio decidendi. Baseia-se nos princípios: da força normativa da constituição, supremacia da constituição. Porém, cabe ressaltar, que tal tese não está sedimentada, carecendo de apreciação pelo STF, e caso aceita, seria uma completa reformulação do entendimento do artigo 52, X. 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL – 2º BIMESTRE
PRINCÍPIOS NA INTERPRETAÇÃO DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS: 
Princípio da unidade da Constituição: considerando que a Constituição possui uma vontade única, deve o intérprete buscar conciliar dois princípios aparentemente contraditórios, de modo a harmonizá-los mediante um processo de cadencia recíproco. Diz respeito ao fato de que a Constituição tem um pensamento único, é um corpo único. Isso contra-indica a interpretação isolada de seus dispositivos. Todo e qualquer dispositivo constitucional é importante, pois compõe a vontade da Constituição e deve ser levado em conta na interpretação dos demais dispositivos. Os preceitos de uma norma são relativizados por outras normas, por isso não podem ser interpretados de forma absoluta, mas apenas de forma sistemática. Ex. a liberdade de locomoção é restrita; direito a informação x direito a honra
Princípio da máxima efetividade: ao interpretar uma norma constitucional deve-se aplicar o sentido que mais lhe de eficácia e efetividade. Toda e qualquer norma constitucional deve ser interpretada buscando-se dar a ela a maior eficácia possível. O intérprete deve sempre dar o máximo de valor a cada dispositivo contido na lei maior. Toda e qualquer NC possui um mínimo de eficácia, pois elas produzem no mínimo três efeitos: revoga toda legislação anterior que disciplinava sobre tema constitucional; proíbe que o legislador infraconstitucional edite lei contraria ao seu conteúdo; é elemento sistemático de interpretação da Constituição, pois contribui para a formação do que está na Constituição.
Princípio da interpretação extensiva: é uma interpretação que se faz buscando identificar aquilo que ela implicitamente elencou. Ela preceitua alguma coisa, mas na realidade quis dizer mais, além do que realmente diz. A Constituição DEVE ser interpretada extensivamente sempre que se tratar de Direito fundamental. Ex: art. 5º LXIII . [3: LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado;]
Princípio da interpretação restritiva das restrições aos Direitos fundamentais: se a regra geral é que Direitos devem ser interpretados extensivamente, as restrições dos Direitos devem ser interpretadas restritivamente. Significa que se a norma não for suficientementeclara, a interpretação que se faz deve ser restritiva. Ex. Art. 15, III Constituição Federal. Um entendimento do TRE contra uma decisão do professor foi de que tal dispositivo devia ser interpretado como “condenação criminal por crimes DOLOSOS transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos”, ou seja, não cabia contra crimes culposos. A interpretação foi de extensão de termos, mas de restrição de conteúdo, beneficiando o candidato nesse caso concreto,[4: Art. 15 - É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou suspensão só se dará nos casos de:III - condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos;]
Princípio da supremacia constitucional: todo e qualquer dispositivo constitucional tem relevância de norma constitucional, mesmo que seja um dispositivo apenas formalmente constitucional, mas é elemento constituinte de vontade da Constituição e deve ser interpretado sempre se levando em conta essa posição hierárquica mais elevada, tendo importância própria de NC, com hierarquia superior às leis infra-constitucionais.
MUTAÇÃO CONSTITUCIONAL
É uma forma de Alteração da Constituição sem que haja modificação no texto escrito, se faz pela mudança na interpretação da Constituição. 
Uma forma é através da chamada reforma constitucional, pelas emendas e a outra forma é por meio da interpretação. Essa mudança do alcance, da intensidade, dos conceitos da Constituição, chama-se mutação. É a mudança de interpretação sobre os termos da Constituição. Ocorre quando se modifica o entendimento que se tem de uma norma constitucional. Se numa época posterior passar a ter uma nova interpretação da Constituição, ocorreu a mutação constitucional, ou seja, ela continua escrita do mesmo jeito, mas tem outros efeitos, pois sua interpretação alterou-se. 
Mutação é diferente de reforma constitucional, pois esta muda o texto da Constituição, enquanto na mutação o texto permanece intacto, mas a interpretação para aquele dispositivo é outra, por isso, os efeitos também são outros.
Isso só se dá com constituições duradouras, estáveis. Normalmente as constituições que têm um tempo de vigência muito pequeno, não sofrem mutações, pois não há tempo para mudar de interpretação.
O caso mais claro de mutação constitucional da nossa Constituição é a da extensão da norma constitucional que fala do princípio da individualização da pena (Art. 5º LXVI). Esse dispositivo sofreu várias mudanças em sua interpretação. Uma delas ocorreu com o advento da lei dos crimes hediondos.[5: XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes:a) privação ou restrição da liberdade;b) perda de bens;c) multa;d) prestação social alternativa;e) suspensão ou interdição de direitos;]
Os ministros do STF no Brasil se aposentam compulsoriamente aos 70 anos. Isso é bom, pois oxigena o tribunal, evita que as pessoas fiquem muito velhas e sem condições de julgar. O nosso STF passou a entender que o princípio da individualização da pena tinha uma extensão maior do que aquela que se entendia antes. Em virtude disso, a antiga lei dos crimes hediondos, que proibia a progressão de regime, passou a ser entendida com uma amplitude menor, pois não poderia ser aplicável, uma vez que contrariava o disposto no princípio supracitado.
A mutação também pode ser doutrinária, em virtude de uma mudança de comportamento da sociedade no cumprimento de algum preceito constitucional. Da mesma forma ocorre com os usos e costumes.
Mutação constitucional: existem duas formas de modificar a Constituição. A primeira se dá por meio de reforma constitucional, via Emenda Constitucional e consiste na alteração do texto escrito na Constituição. A segunda se dá por meio da chamada mutação constitucional. A mutação é a modificação da Constituição pela mudança do modo como se a interpreta. O texto escrito permanece o mesmo, mas o entendimento sobre o alcance e o sentido de uma determinada norma se modifica. A mutação é mais facilmente verificada quando comparados dois momentos históricos, afastados no tempo, do modo como se interpretava determinado dispositivo.
A mesma norma, com a mesma redação passa a ser interpretada de outro sentido, de acordo com o momento histórico no qual ela está inserida.
INTERPRETAÇÃO CONFORME A CONSTITUIÇÃO
É uma norma, um princípio de interpretação dirigido ao intérprete das leis infraconstitucionais. É uma interpretação que deve ser utilizada buscando adequar uma lei infraconstitucional à Constituição. 
Deve-se entender a intenção de constitucionalidade da lei, ou seja, sempre que for possível ao intérprete fazer o entendimento da lei tornando-a compatível com a Constituição, esse entendimento deve ser consagrado. Isso possibilita afirmar que uma lei só é inconstitucional se nenhuma interpretação a torne compatível com a Constituição. 
É adotada em razão da presunção de constitucionalidade das normas infraconstitucionais. A interpretação conforme a Constituição deve ser adotada sempre que uma norma tenha duas ou mais interpretações possíveis, umas contrárias à Constituição e outra conforme a Constituição. Se houver esta possibilidade de dupla, tripla, ou outro número de interpretações, deve-se adotar aquela que compatibiliza a lei com a Constituição Federal. Somente se declara inconstitucional uma lei, quando não exista nenhuma interpretação possível capaz de conformá-la à Constituição.
EFICÁCIA E APLICABILIDADE DAS NC
Distinção entre vigência e eficácia: Vigência é a existência de uma lei, enquanto a eficácia diz respeito à interpretação da lei. Ex de uma lei vigente sem ser eficaz: são casos de medidas provisórias, que vale por 60 dias, prorrogável uma vez por igual período, a não ser que o congresso não esteja em recesso. Se ela não for aprovada em 120 dias, o que acontece com ela? Perde a eficácia e não pode mais ser aprovada no mesmo ano, se contiver o mesmo conteúdo. Durante a vigência de uma MP, algumas leis podem ser alteradas por ela. Isso ocorre muito com tributos. Ex. uma lei diz que um determinado juro é de 0,5%, vem uma MP dizendo que ele deve ser de 1%. Mas aquela MP não virou lei, pois não foi aprovada. A lei teve sua eficácia paralisada pela MP. Ela não foi revogada, pois sua modificadora era uma MP, e não uma lei, para ter poder de revogação. A lei (aquela do 0,5%) continuou vigendo, porém temporariamente sem eficácia, mas volta a ser aplicada após a saída da MP. Exemplo de lei que foi revogada, mas pode ter eficácia é a lei 9437/97, lei do porte de armas, dizia que a pena para quem andasse armado era de 1 a 2 anos. Essa lei foi revogada pela 10.826/03, que dizia que a pena para o mesmo crime era de 2 a 4 anos. Se um cara estava com porte ilegal de armas em 97, na vigência da lei A, o delegado, por esquecer-se do inquérito, foi julgar o réu em 2004. Ele deve aplicar a lei antiga, ou seja, mesmo revogada, ela produzirá efeito. Pelo princípio da máxima eficácia (aquele que diz que a lei constitucional produz no mínimo três efeitos), todas as NC produzem esses efeitos. Isso é a eficácia jurídica.
Diferença de vigência e eficácia: a vigência é a existência da lei, enquanto que a eficácia é a aptidão para produzir efeitos. A regra geral é que toda a norma vigente seja eficaz. Entretanto, pode uma norma não mais existir (não ter vigência) e ainda produzir efeitos (ter eficácia) ou, ainda existir (ter vigência) e não produzir seus efeitos (ser eficaz). No primeiro caso temos o exemplo da ultraatividade da lei penal; ex.: o estupro, com o advento de uma Lei criada em 1984, era punido com 4 a 10 anos de reclusão; com a Lei de 1999 passou a ser punido com 10 a 13 anos de reclusão. Se um indivíduo comete um crime de estupro em 1994 e é sentenciado apenas em 2005, será julgado com base na lei de 1984; nesse exemplo a lei de 1984 não está mais vigente mais ainda produz seus efeitos. No segundo caso, tem-se o exemplo de uma lei que deixa de ser eficaz por ter seu assunto tratado por uma Medida Provisória; ao transcorrer o período máximo de 120 dias dado à Medida Provisória,a antiga lei volta a produzir seus efeitos, a ter eficácia; na verdade tal lei nunca deixou de existir, ela só passou por um intervalo de tempo onde teve sua eficácia suspensa, deixou de produzir efeitos.
APLICABILIDADE DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS
Existe a eficácia social que é a possibilidade da norma constitucional ser aplicada a casos concretos. Na eficácia social, não há necessidade da norma constitucional ser regulamentada para que assim possa ser aplicada, ela já produz seus efeitos, já é eficaz. Porém, nem todas as normas constitucionais possuem eficácia social, apenas a possuem as normas constitucionais de eficácia plena e de eficácia contida, mas todas possuem a eficácia jurídica. A norma constitucional de eficácia limitada não possui eficácia social, apenas eficácia jurídica. Assim, todas as normas constitucionais possuem eficácia jurídica, pois ao estarem na constituição revogam o direito anterior que seja contrário a ela, direciona a atuação do governante e ainda serve como elemento de interpretação, restando saber qual seu grau de aplicabilidade.
Eficácia plena: As normas produzem todos seus efeitos (a partir o momento que entram no ordenamento). 	Possuem aplicabilidade direta, porque não dependem de qualquer outro dispositivo legal para ser aplicada, imediata, pois não depende de qualquer condição e integral, pois não se sujeita a restrições. É uma norma ideal. Ainda, não admite que lei reduza seu conteúdo, pois não necessita que lei alguma regulamente seu conteúdo. Exemplos: Art. 5º, XI; Art. 230; Art. 82 CF. Como regra geral, cria órgãos ou atribuem, aos entes federativos, competências. 
Eficácia Contida: Deixa margem ao legislador infraconstitucional para restringir sua eficácia. “É plena até que outra norma limite seus efeitos”. Em suma, é uma norma restringível. Prevê a possibilidade de que a lei reduza seu conteúdo. Seu âmbito de atuação é amplo, porém, pode ser restringida por lei infraconstitucional. É a própria norma constitucional quem admite que uma lei a restrinja, sempre de maneira expressa, definindo seu conteúdo. É direta, imediata, porém não é integral, pelo fato de sujeitar-se a restrições encontradas na própria Constituição ou em leis infraconstitucionais, também, porque ora dependem de regulamentação. Exemplos: Art. 5º XII, CF/88 (outras leis podem estabelecer requisitos às profissões). 
Eficácia Limitada: Precisa de uma norma que a regulamente. É indireta (depende de outro dispositivo legal para ser aplicada), mediata (possui condição para sua aplicação) e reduzida. É a norma constitucional que não consegue valer aquilo que ela quer sem a presença de uma legislação infraconstitucional. Se tal legislação não existir há a presença de inconstitucionalidade por omissão do legislador. Dividem-se em normas constitucionais de eficácia limitada de princípio institutivo e de princípio programático.
Princípio institutivo: Normas constitucionais precisam de lei para dar corpo – dizer como funcionam – aos órgãos previstos na CF. Regulamentam os funcionamentos institutivos. Criam diretrizes para regular os institutos. Em suma, são normas que precisam de lei para dar corpo a uma instituição, órgão ou pessoa jurídica. Exemplos: Art. 89, 90, parágrafo 2º: O conselho da República não funcionará sem a edição da referida lei. Essa lei diz respeito a um órgão. Às vezes a NC não diz expressamente que é necessário uma regulamentação por lei infraconstitucional, ou seja, ela não necessariamente pede a lei, isso fica implícito.
Princípio programático: Regulamentam os programas governamentais (se a norma não existir para regulamentar tal instituto, não possuem aplicabilidade). Assim, precisam de lei para que sejam desenvolvidos os programas de atuação do governo. Dispõe sobre direitos de 2ª geração. Em suma, estabelece um programa a ser desenvolvido pelo Estado, no entanto, tal programa depende de legislação infraconstitucional para que produza efeitos. Exemplos: Art. 5º, XXXII. Outro exemplo é o art. 7º II. As normas que instituem princípios sociais, de modo geral, são de conteúdo programático, pois estabelecem obrigações do Estado para com seus cidadãos. Se essa lei não for elaborada, esse dispositivo pode ser questionado através de uma ADIN por omissão, pois houve uma omissão do legislador.
PREÂMBULO
É a parte que antecede o principal; declaração de dispositivos formados pelo constituinte; este declara os propósitos e fins que o levaram a elaborar a Constituição Federal. É sempre elaborado ao final dos trabalhos constituintes. Existem três correntes quanto a sua natureza jurídica: 
A primeira diz que o preâmbulo não possui natureza jurídica, já uma segunda corrente diz que o mesmo possui natureza jurídica e que possui as mesmas características de uma norma constitucional de eficácia limitada e ainda, pode sofrer ADIN. Quanto a terceira e ultima corrente, diz que o preâmbulo possui relevância jurídica especifica e subsidiária (serve como elemento de interpretação da CF, quando não seja possível se interpretar por ela mesma) – Na pratica não funciona. 
Princípios Constitucionais 
Estes são as ideias centrais (iniciais, nucleares, básicas) do ordenamento jurídico, são os valores sobre os quais o nosso ordenamento se ergue. É desenvolvido para dar coerência geral, harmonizar e também, servem como critério de interpretação para as demais normas. São desenvolvidos dentro do texto constitucional. 
Princípios político-constitucionais: Decisões políticas fundamentais que tratam sobre o estado. São normas sínteses, origem das demais normas constitucionais. As demais normas desdobram as ideias desses princípios. Estão nos artigos 1º ao 4º da Constituição Federal. 
Princípios jurídico-constitucionais: São os princípios constitucionais gerais, informadores da ordem jurídica infraconstitucional. São desdobramentos dos princípios fundamentais e tem por objetivo “contaminar” com seus valores as normas infraconstitucionais. Ex.: princípio da irretroatividade da lei penal.
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS POSITIVOS
República: A República pressupõe alternância e eletividade no poder, além da temporariedade. A eleição é periódica (manifesta-se de tempos em tempos). O Brasil é uma democracia semi-direta. A república é um governo sem privilégios, ou seja, res = coisa; publica... Coisa pública. A idéia de república não é somente da alternância de poder, é a idéia de responsabilidade dos governantes, de igualdade jurídica entre as pessoas, no sentido de não haver privilégios despropositados entre governantes e governados.
Federação: A federação é uma forma de Estado. Até 1889 o Brasil era um Estado Unitário e a partir de 1891, com um movimento de descentralização (movimento centrífugo) houve a criação de unidades autônomas (Estado, União, Municípios, DF – não há hierarquia entre estes). Não pode haver secessão. A união é soberana internacionalmente, ela atua em nome do Estado brasileiro no meio internacional. Prevê dois níveis de poder: governo central e dos Estados-membros. Estes últimos são vistos como mini países, onde perdem sua soberania assim que ingressam na Federação. Ainda, os Estados-membros não podem separar-se do Brasil, sendo considerado crime (secessão). A Federação é a forma de Estado pela qual se procura distribuir poder, preservando a autonomia política das entidades que a compõem. Não se pode falar em Federação sem que exista a autonomia política e administrativa dos Estados-membros. A autonomia política é o poder de auto-regência dos Estados. Poder de fazer suas leis e constituições estaduais e regerem-se por elas. A autonomia administrativa traduz-se pelo direito de o povo eleger seus governantes e independência que tem o governo eleito para administrar os negócios do Estado sem estar subordinado a uma autoridade superior (governo federal). É proibida a secessão (separação) das unidades federativas de um Estado Federado. Tentar separar a federação resulta em crime contra a segurança nacional. Os Estados-membros podem unir-se, fundir-se ou extinguir-se, desde que asalterações sejam feitas dentro do território nacional. O Brasil possui 27 unidades federativas.
Estado Democrático de Direito: Antigamente, no Estado de Direito quem prevalecia era a Constituição, onde havia uma submissão do governante à CF e às leis, assim, só as leis obrigavam as pessoas, e não a vontade de qualquer governante. Com o Estado Democrático de Direito houve uma preocupação com a origem da lei, onde, apenas uma lei democraticamente elaborada valesse (democraticamente elaborada por meio da população, diretamente, ou por meio de seus representantes eleitos para essa finalidade). A lei deve ser justa, igualitária e preservadora da liberdade. Segundo José Afonso da Silva “o Estado Democrático de Direito sujeita-se ao império da lei, mas da lei que realize o princípio da igualdade e da justiça, não pela sua generalidade, mas pela busca da igualização das condições dos socialmente desiguais”.
Fundamentos do Estado Brasileiro
Soberania: Capacidade de autodeterminação que o Estado tem dentro de sua jurisdição e igual em âmbito internacional. Assim, nenhum organismo interno poderá interferir nas decisões governamentais, onde, dessa forma, o Estado brasileiro, também, não poderá atentar contra a soberania de outros estados. Em suma, “a soberania significa que o poder do Estado Brasileiro, na ordem interna é superior a todas as demais manifestações de poder, não é superado por nenhuma outra forma de poder, ao passo que, em âmbito internacional, encontra-se em igualdade com os demais Estados independentes.”
Cidadania: Aspecto jurídico: cidadão é o eleitor, pois este tem a capacidade eleitoral ativa (ser eleitor) ou passiva (ser eleito), podendo interferir na formação da vontade política do governo. Aspecto sociológico: possibilidade de fruição das prerrogativas constitucionais. É cidadão aquele que possui a possibilidade de alcançar todos os direitos e garantias previstos na Constituição Federal. “A cidadania está prevista no art. 1º, II, CF. Assim, no sentido sociológico, cidadão é o indivíduo que tenha plenitude de exercício de todos os poderes que lhe são cabíveis em uma determinada sociedade. No sentido jurídico, como visto, refere-se ao poder legal do indivíduo de participar do governo, seja votando, seja sendo eleito, seja fiscalizando a atividade do Estado etc. o conceito de cidadania, portanto, é mais amplo, reconhecendo os cidadãos como pessoas integradas na sociedade estatal, significando que o funcionamento estatal estará submetido à vontade popular”.
Dignidade da pessoa humana: O fim último do Estado Brasileiro é o ser humano, ou seja, sua proteção. Esse fundamento “contamina” todas as normas e interpretações constitucionais, como também, as normas infraconstitucionais. Busca evitar a humilhação e degradação do ser humano. Busca, também, garantir o mínimo de vida digna ao ser humano. “É a regra matriz dos direitos fundamentais, núcleo essencial do constitucionalismo moderno. Foi inicialmente fundamentado por Kant que afirmava que todas as coisas possuem valor, menos os seres humanos, pois possuem dignidade. O princípio da dignidade da pessoa humana coloca o ser humano como fim último da sociedade e não como simples meios para alcançar certos objetivos.”.
Livre iniciativa: “A ordem econômica funda-se na valorização do trabalho humano e na livre-iniciativa, nos termos do artigo 170, caput. O constituinte assegura a todos a existência digna, conforme os ditames da justiça social. O trabalho é a base fundamental da economia pátria, por tal motivo a constituição protege a dignidade do trabalhador e a liberdade.” É através do trabalho que o homem garante a sua subsistência e o crescimento do país, prevendo a Constituição a liberdade, o respeito e a dignidade ao trabalhador. Assim, o Estado deve dar condições dignas, tal como uma justa remuneração ao trabalhador, não podendo, dessa forma, dificultar com “sua mão pesada” o trabalhador e o empreendedor. 
Pluralismo político: Enaltece uma sociedade plural, visa estabelecer uma convivência harmônica de ideias, fundamentos filosóficos, partidos políticos etc. em um mesmo território no mesmo espaço de tempo, respeitando e pacificando. Segundo José Afonso da Silva “o pluralismo é uma realidade, pois a sociedade se compõe de uma pluralidade de categorias sociais, de classes, grupos sociais, econômicos, culturais e ideológicos. Optar por uma sociedade pluralista significa acolher uma sociedade conflitiva, de interesses contraditórios e antinômicos”. 
Separação dos Poderes: O poder político estatal é um só, o que ocorre é a separação de funções. O legislativo cria as leis, o Executivo aplica e fiscaliza as leis e a administração do Estado e o Judiciário soluciona os conflitos causados pela aplicação das leis, de forma coercitiva e definitiva, busca a pacificação social (só age quando chamado). Para que não haja arbítrio, tais tarefas são exercidas em órgãos diferentes e independentes entre si. Apesar dessa independência, devem ser harmônicos (evitar o arbítrio) – sistema de freios e contrapesos (permite a interferência e fiscalização entre os órgãos de governo para impedir que a independência de um em relação aos outros seja absoluta e evitar o arbítrio e o desmando de um em prejuízo dos demais e da própria população). 
Objetivos da R.F.B: Previsto no artigo 3º, CF/88, a Republica aborda quatro metas a serem cumpridas, não de pronto, com a promulgação da Constituição, mas sim com o evoluir da sociedade. A CF é um plano de governo irrenunciável e deve ser seguida por aquele quem governa o país; este é subordinado àquela. O plano de governo do governante deve amoldar-se à Constituição Federal. Os objetivos são: “construir uma sociedade livre, justa e solidária”, “garantir o desenvolvimento nacional”, “erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais” e “promover o bem de todos, sem preconceito de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação”.
O Brasil na Ordem Internacional: Previsto no artigo 4º da Constituição Federal, rege diretrizes comportamentais a serem seguidas pelo Brasil, que são próprias do Direito Internacional Público. 
PRINCIPIO DA PROPORCIONALIDADE OU RAZOABILIDADE
“Por esse principio constitucional implícito, as conseqüências da norma só podem ser validamente exercidas na extensão e intensidade proporcionais ao que seja necessário para o cumprimento da finalidade de interesse público a que estão vinculadas. Possibilita a verificação da compatibilidade entre o meio empregado pelo legislador e os fins visados pela norma, assim, como da legitimidade aos fins. Se a medida é excessiva, injustificável, não cabe moldura da proporcionalidade, é inconstitucional.” Assim sendo, verifica se os meios são compatíveis com o fim buscado pela norma, buscando verificar os excessos. O direito, acima de tudo requer bom senso. Pode ser feita tanto em forma de ADIN quanto levada em conta à situação em concreto. 
Direitos Fundamentais – artigo 5º, título II: Dos direitos e garantias fundamentais
Os direitos humanos diferem-se dos direitos fundamentais. Os direitos humanos são aqueles reconhecidos pelos tratados internacionais: é a forma mais usual para denominar os direitos materiais positivados nas declarações e convenções internacionais como aquelas exigências relacionadas com a dignidade, a liberdade e a igualdade da pessoa que não alcançaram um estatuto jurídico positivo, enquanto os direitos fundamentais são os direitos positivados em nível interno pela constituição de cada Estado; significa que os direitos fundamentais podem variar de um Estado para o outro.
Quanto à evolução dos direitos fundamentais temos os de 1ª geração, onde havia a não atuação do Estado, visando à liberdade do indivíduo (direito a vida, igualdade e propriedade), os de 2ª geração (necessidades) que buscavam um mínimo de igualdade com a atuação positiva do Estado (direitos sociais e econômicos) e os de 3ª geração (solidariedade e fraternidade) onde é frisada a preservação do gênero humano,havendo uma titularidade difusa ou coletiva, ou seja, todos aqueles ligados à idéia de proteção do gênero humano como um todo, à idéia de solidariedade (direito ao meio ambiente, à paz etc.). Existem ainda os direitos de 4ª geração que são relacionados à proteção do genoma humano. Todas as gerações são cumulativas. 
Os direitos fundamentais possuem como características: universalidade (diz respeito à aplicação dos direitos fundamentais, são aplicados a toda raça, etnia etc. Existem direitos que são dirigidos diretamente ao ser humano, mas também os que devem ser dirigidos aos seres humanos dentro de algumas categorias, exemplo: trabalhador), imprescritibilidade (os direitos fundamentais não desaparecem com o decurso do tempo), inalienabilidade (os direitos fundamentais não são comerciáveis, alienáveis) e a irrenunciabilidade (são, permanentemente, irrenunciáveis, mas pode-se abrir mão momentaneamente, exemplo: direito à privacidade e o BBB). Ainda, historicidade (possuem caráter histórico, nascendo com o Cristianismo, passando pelas diversas revoluções chegando aos dias atuais), limitabilidade (os direitos fundamentais não são absolutos, havendo, muitas vezes, no caso concreto, confronto, conflito de interesses. A solução ou vem discriminada na própria Constituição, ou caberá ao intérprete, ou magistrado, no caso concreto, decidir qual direito deverá prevalecer, levando em consideração da regra da máxima observância dos direitos fundamentais envolvidos, conjugando-a com a sua mínima restrição) e a concorrência (podem ser exercidos concorridamente)
Há de se diferenciar direitos e garantias. Os direitos são prerrogativas e vantagens que os indivíduos possuem contra o Estado e os demais indivíduos e são exercidos voluntariamente. As garantias são instrumentos acessórios ao direito. Viabilizam, garantem e restabelecem direitos que foram violados. Como espécie do gênero garantias existe os remédios constitucionais: habeas corpus, habeas data, mandado de injunção, ação popular e mandado de segurança. Porém, em certos casos, a garantia pode estar na própria norma que assegura o direito. Quanto mais garantias possuir uma constituição, mais democrática a mesma será. O Poder Judiciário “é o maior garantidor de direitos”, pois um Poder Judiciário forte é sinônimo de uma forte democracia.
Quanto aos destinatários dos direitos, como preleciona o artigo 5º, caput, são os brasileiros e estrangeiros residentes no país, mas, segundo a doutrina, o legislador foi infeliz ao dizer isso, ou seja, disse menos do que almejava. Segundo a doutrina, os direitos se estendem a todos aqueles que estejam em contato com a ordem jurídica nacional, ou seja, todos aqueles que se encontram no território nacional (estrangeiros que vieram a trabalho, turistas etc.). Também, as pessoas jurídicas podem ser destinatárias, quando o direito que forem invocar for compatível com sua capacidade (por exemplo, não pode invocar o inciso III, art. 5º CF: “ninguém será submetido à tortura nem a tratamento desumano ou degradante”).
Ainda, os direitos fundamentais, em sua maior parte são relativos, ou seja, os direitos fundamentais encontram seus limites em outros direitos fundamentais ou em direitos iguais dado às outras pessoas (exemplo, meu direito de locomoção é limitado pelo direito de locomoção da outra pessoa). Essa relatividade é permanente. Porém, existe um direito, que segundo a maior parte da doutrina é absoluto: o direito de não ser torturado.
Já as restrições, diferente da relatividade, não são dadas pela existência de outros direitos, são temporárias e são medidas que em situação de instabilidade institucional, tempos de guerra ou em caso de desastres naturais. Tais restrições estão previstas nos artigos 136 ao 137, CF/88 sendo eles: Estado de Defesa e Estado de Sítio. O estado de defesa é uma medida mais branda, aplicada em casos de desastres naturais e instabilidade institucional, devendo haver uma desordem social para sua aplicação. O presidente decreta o estado de defesa que deve ser aprovado pelo Congresso Nacional, se for rejeitado, cessa imediatamente o estado decretado pelo presidente. Já o estado de sítio é uma medida mais séria/grave, sendo aplicada na ineficácia do estado de defesa ou em tempos de guerra, aqui, a presidente precisa de uma aprovação prévia do Congresso Nacional para poder decretar o estado de sítio. 
DIREITOS INDIVIDUAIS (1ª geração ou liberdades negativas)
Direito à vida
É um direito fundamental por excelência. O processo da vida (nascer, morrer) pode ser interrompido apenas por causas, fatos naturais, pois quando o ato for atentatório a vida, passa a constituir um crime. Compreende ainda, outros três direitos: 
Direito à integridade física: a vida se realiza em um corpo e esse objeto físico deve ser protegido. Aquele que o lesionar, fica sujeito a suprir tal lesão por uma indenização por danos materiais, além de, dependendo do caso, sofrer uma condenação por lesão corporal, independente se dolosa ou culposa. É através desse princípio que se decreta proibido o comércio de órgãos ou sangue (art. 199, §4º, CF). Segundo preleciona José Afonso “agredir o corpo humano é um modo de agredir a vida, pois esta se realiza naquele. A integridade físico-corporal constitui, por isso, um bem vital e revela um direito fundamental do indivíduo. Daí por que as lesões corporais são punidas pela legislação penal [...] A constituição foi expressa em assegurar o respeito à integridade física dos presos (art. 5º, XLIX).”
Direito à integridade moral: é o direito das pessoas a possuírem um bom nome, uma boa imagem, uma boa fama e uma boa honra, junto às demais pessoas da sociedade. Está positivado no art. 5º, V e X, CF. Crimes contra a integridade moral: calúnia (dizer que alguém praticou um crime sabendo que a pessoa é inocente), difamação (espalhar fato ofensivo à honra de alguém) e injúria (ofensa à honra subjetiva de alguém, em razão de raça, cor ou credo) – São condutas que prevêem punição a título de dolo, se forem a título de culpa, irão para esfera cível e não penal. (Uma conduta pode ser ilícita civilmente e não ser ilícita penalmente)
Direito à existência: é o direito das pessoas de nascer, viver e morrer por causas naturais. O direito à existência é o direito de não ser morto. Juridicamente, a vida inicia a partir do momento que há implantação do óvulo no útero, e termina a partir do momento em que há morte cerebral. No Brasil, são constitucionalmente proibidos: a pena de morte, a eutanásia (morte antecipada – assistida) e o aborto provocado. O aborto é aceito apenas em caso de gravidez de risco (vida contra vida) ou provocada por estupro (violência sexual). Segundo José Afonso da Silva, o direito à existência “consiste no direito de estar vivo, de lutar pelo viver, de defender a própria vida, de permanecer vivo. É o direito de não ter interrompido o processo viral senão pela morte espontânea e inevitável.”
Direito à privacidade
É o direito que a pessoa tem de manter a sua vida privada (aspecto objetivo: modo de ser do indivíduo: seus relacionamentos familiares e interpessoais) e intimidade (aspecto subjetivo: diz respeito ao íntimo da pessoa, seus planos, pensamentos, origens; é a esfera mais secreta da vida do indivíduo) em seu estrito conhecimento ou, por escolha, falar para outras pessoas escolhendo a ocasião. A privacidade é o conjunto de informações a respeito do individuo, que se pode manter em seu controle, ou passar para outras pessoas. Quanto o respeito a esse direito existem: sigilo profissional (padres, psicólogos), inviolabilidade domiciliar etc.
A inviolabilidade domiciliar está prevista do artigo 5º, I, CF/88. Tal inviolabilidade não é absoluta, ex: corpo de bombeiros; prestação de socorro; situação de flagrante. Quanto a ultima existem duas correntes, uma primeira diz que quando não há a certeza do crime, e houver o crime, não é abuso de autoridade, e uma segunda diz que, não havendo certeza, havendo ou não o crime, caracteriza-se como abuso de autoridade, tendo, dessa forma, a violaçãodomiciliar, onde as provas colhidas tornam-se ilícitas, dessa forma, a suspeita por si só torna nula a apreensão. 
Outra questão importante é quanto à busca e apreensão e o horário da mesma. Quando feita durante a noite e sem consentimento da pessoa, a prova encontrada torna-se ilícita. Fica a dúvida do que seria dia e noite, alguns adotam dia como sendo das 6 a.m às 6 p.m, dessa forma, caracterizando a noite das 6 p.m às 6 a.m (art. 5º, XI), outros adotam ser dia com os primeiros raios solares até os últimos, sendo noite o contrário à isso. Ainda, a busca e apreensão pode acontecer em qualquer fase do processo ou investigação. Contraditório deferido – só após da pratica dos atos que a defesa pode ver o que foi feito (interceptação telefônica, busca e apreensão etc.) para realizar o contraditório (sua defesa)
A interceptação telefônica é apenas para crimes de reclusão, fins de investigação criminal ou quando não se consegue provas por outros meios. É uma maneira devasta de violação do direito à privacidade. O fornecimento das gravações caracteriza-se como crime, porem, se a pessoa que recebeu a gravação não cumprir com o dever de sigilo, não há crime (ex: jornalista). Dizem os tribunais que a descoberta de outro crime durante uma interceptação legal faz-se válida. Grampo é crime. A gravação clandestina pode ser utilizada em juízo, quando se faz parte dela (ex: estou sendo ameaçada por telefone e passo a gravar tais conversas). Pode haver a decretação de interceptação de dados (internet).
A inviolabilidade de correspondência não é absoluta. Exemplo: art. 41, LEP. Direito a privacidade x direito a segurança.
Sigilo bancário e fiscal: aquele diz respeito à manutenção da conta bancária, enquanto este informa a quantia gasta com os tributos. Ambos só podem ser quebrados por via judicial e a única maneira lícita e extrajudicial de quebrá-los é através das CPI’s.
Direito à igualdade
Igualdade é o mesmo que isonomia (principio da isonomia). Está vinculado a ideia de justiça. “O principio da igualdade determina que seja dado tratamento igual, aos que se encontram em situação equivalente, e que sejam tratados de maneira desigual os desiguais, na medida de suas desigualdades. Obriga tanto o legislador quanto o aplicador da lei”. O princípio da isonomia não veda tratamento discriminatório entre indivíduos, desde que haja razoabilidade para a discriminação. 
Existe a igualdade formal – todos são iguais perante a lei, sem distinções. As primeiras constituições do Estado de Direito adotaram tal igualdade. São os direitos de 1ª geração, havendo a não atuação do estado – e a igualdade material – igualdade real perante os bens mínimos da vida, são os direitos de 2ª geração, atuação positiva do Estado, os Estados de Bem Estar Social. A igualdade material busca diminuir as desigualdades para que as pessoas tenham um mínimo de vida digna; buscam garantir igualdade ou uma menor desigualdade.
11.3.1. Igualdade perante a lei: tratar os iguais de maneira igual e os desiguais de maneira desigual, na medida de suas desigualdades. Buscando sempre reduzir essa desigualdade para se alcançar a igualdade real. (Igualdade perante a lei: dirige-se aos interpretes e aplicadores da lei, impedindo que ao concretizar um comando jurídico eles dispensem tratamento distinto a quem a lei considerou igual. Igualdade na lei: o destinatário é o legislador, que não pode valer-se da lei para estabelecer tratamento discriminatório entre pessoas que mereçam idêntico tratamento).
11.3.2. Igualdade entre homens e mulheres: existem desigualdades e discriminações previstas na própria constituição, mas que buscam alcançar a maior igualdade entre eles possível. Exemplo: aposentadoria (por conta da dupla jornada da mulher, elas se aposentam mais cedo que os homens); auxilio a maternidade (é um beneficio da criança e não da mulher), alistamento militar (a mulher possui “menos condições físicas” que o homem para a prática militar). A Constituição fala, no art. 5º, I, que homens e mulheres são iguais perante a lei, mas isso nos termos da Constituição. A mulher se aposenta mais cedo, tem licença maternidade maior, não tem que prestar serviço militar obrigatório, entre outras distinções que a lei faz. Toda discriminação da Constituição em relação a homem ou mulher é possível desde que haja uma razoabilidade. Buscando dessa forma, diminuir, da melhor forma possível as desigualdades existentes entre ambos. Ex: concurso para agente carcerário feminino, para trabalhar em penitenciária exclusivamente feminina, essa discriminação é razoável.
11.3.3. Igualdade jurisdicional: manifesta-se pela proibição do juiz fazer distinção entre situações iguais ao aplicar a lei, assim como pela interdição do legislador editar leis que possibilitem tratamento desigual a situações desiguais, ou tratamento igual a situações desiguais por parte da justiça. Por este princípio, é proibido o juízo ou o tribunal de exceção designação de juiz para julgar um caso determinado, com o afastamento do juiz que deveria julgá-lo sem qualquer justificativa legal (art. 5º, LXXIV,CF). É a igualdade que todos devem ter no tratamento pelo poder judiciário. Isso deve ser entendido sob dois aspectos: 
O legislador não pode fazer leis que possibilitem tratamento diferenciado das partes pelo juiz. 
O juiz não pode dar tratamento diferenciado a casos iguais que sejam levados ao seu julgamento.
Principio do juiz natural: aquele pré-estabelecido pela lei que tenha competência para julgar.
Existe um sistema constitucional de recursos destinado a fazer com que as decisões judiciais sejam uniformizadas. Se houver duas decisões diferentes a casos semelhantes, haveria uma sensação de injustiça.
11.3.4. Igualdade sem distinção de qualquer natureza: a Constituição Federal proíbe qualquer tipo de descriminação, salvo aquelas nela previstas. Em determinados casos, pode a descriminação estar presente em uma legislação infraconstitucional, desde que a medida discriminatória seja razoavelmente prevista (princípio da razoabilidade). A isonomia não pode ser pleiteada (requerida) se o benefício é ilegalmente previsto pela lei (não vale buscar igualdade na ilegalidade). Se o benefício é legal, deve ser dado a todos. Caso o benefício legal seja dado apenas a alguns, pode-se pleitear a extensão deste benefício para a parte do grupo que se encontra na situação anterior dos atuais beneficiados. Se uma lei que venha a ser aplicada, trouxer malefícios para uma parte do grupo isonômico e para a outra não o trouxer, podem os prejudicados pleitear ação de inconstitucionalidade na via de exceção, alegando que tal lei fere o princípio da isonomia (igualdade).
11.4. 	Liberdade de ação geral 
A Constituição costuma regulamentar o Direito de liberdade sempre fazendo a seguinte afirmação, constante no art. 5º, II: “II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei”. Enquanto para a administração pública só é permitido fazer aquilo que a lei manda, aos particulares é permitido fazer tudo que a lei não proíbe. 
11.5. 	Liberdade da pessoa física
11.5.1. 	Liberdade de locomoção: é a liberdade de ir, vir e permanecer. A lei cria requisitos para a entrada e permanência de pessoas no território nacional, mas isso só diz respeito aos estrangeiros.
11.5.2. 	Liberdade de circulação: é a liberdade que têm as pessoas de circularem pelas vias públicas, obedecendo às regras de circulação estabelecidas pelo poder público para o uso das mesmas. Essas vias públicas são criadas para possibilitar às pessoas o exercício de seu Direito de locomoção. Em contraprestação, as pessoas devem respeitar as normas que regulamentam as vias. A instituição do pedágio é permitida pela Constituição, desde que não seja irregular, ou não siga às formalidades legais. A instituição de pedágios está prevista no art. 150, V.
11.5.3. 	Liberdade do pensamento: se manifesta sob três liberdades, fundamentalmente:
11.5.3.1. 	Liberdade de opinião: é a liberdade de não expressar o pensamento, guardando-o em sigilo.

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