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Alberto Alvarães SISTEMAS, ORGANIZAÇÃO E MÉTODOS visão sistêmica e metodologia prática para a organização empresarial Rio de Janeiro Alberto Carlos Teixeira Alvarães 2012 Copyright© Alberto Alvarães, 2012 Todos os direitos reservados Diagramação, capa e projeto gráfico Alberto Alvarães Revisão técnica Alexandra Rocha Fotografias Acervo pessoal de Alberto Alvarães DADOS INTERNACIONAIS PARA CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP) José Carlos dos Santos Macedo - Bibliotecário CRB7 n. 3575 2012 Este é um livro de livre reprodução e distribuição, desde que sejam mantidas todas as referências de autoria e citação da fonte original no site www.albertoalvaraes.adm.br. Os infratores serão processados na forma da lei. A469s Ebook Alvarães, Alberto, 1964- Sistemas, organização e métodos : visão sistêmica e metodologia prática para organização empresarial / Alberto Alvarães. – Rio de Janeiro : A. Alvarães, 2012. 104p. : il. Formato PDF. ISBN 978-85-907694-2-2 1. Organização e métodos. 2. Planejamento empresarial. 3. Sistemas de informação gerencial. 4. Livros eletrônicos. I. Título CDD- 658.4 O Prof. Alberto Alvarães é Bacharel em Administração, Mestre em Educação e pós-graduado em Filosofia, em Pedagogia Empresarial e em Docência do Ensino Superior. Atua como consultor empresarial há mais de 15 anos e, como docente, há mais de 20 anos. Atualmente é professor titular do curso de Administração da Uniabeu, professor do ensino técnico em Gestão Empresarial da FAETEC e coordenador dos MBA em Gestão de Negócios da Uniabeu e da pós-graduação de Gestão Empresarial da SBAC. Como pesquisador, dedica-se ao estudo de práticas pedagógicas do ensino superior e técnico e ao estudo do imaginário mitológico e inconsciente coletivo do aluno do curso superior e as suas possíveis influências no processo cognitivo. A Alexandra, pela compreensão, tolerância e apoio que somente um amor verdadeiro pode justificar. PREFÁCIO Nessas quase três décadas nas quais desempenho atividades em sistemas empresariais desenvolvendo métodos e estruturas de organização, sempre me afligiu a ausência de literaturas que o gestor ou o analista pudesse utilizar para um aprendizado rápido e prático. Essa aflição aumentou ainda mais quando também me tornei docente na área de gestão empresarial. Não obstante os excelentes autores de O&M (Organizações & Métodos) ou OSM (Organização, Sistemas e Métodos) que tanto contribuíram e contribuem para a formação de gestores empresarias e que foram modelos para mim desde os meus tempos de estudante, penso que faltava uma literatura complementar que pudesse ser uma espécie de guia prático em OSM tanto para estudantes quanto para gestores. Uma obra na área que fosse prática, mas ao mesmo tempo sem abrir mão da importância da fundamentação teórica. Esta é exatamente a minha proposta neste livro. A partir dele será possível, primeiramente, fazer uma clara diferenciação desses três elementos (sistemas, organização e métodos) e de como eles se inter-relacionam. Paralela a este estudo, toda a abordagem é voltada para situações do dia-a-dia empresarial incluindo ferramentas práticas presentes na área on-line desse livro, prontas para serem utilizadas. A primeira versão deste livro foi lançada de forma impressa em 2007 e, desde então, adotada por instituições de ensino superior que apostaram nesta nova forma de ensinar OSM. Anos depois, aproveitando a grande facilidade que temos de movimentação de material e conhecimento por meio da internet, veio a oportunidade de compartilhar esse conhecimento de forma gratuita, uma colaboração e uma forma de saldar a minha dívida com grandes mestres que tive e que nunca negaram em compartilhar os seus conhecimentos comigo de forma gratuita, espontânea e prazerosa. Em meio a uma época em que ainda vemos alguns professores dando maus exemplos fornecendo cópias não autorizadas de material intelectual de grande valor e com direitos reservados, enchendo as suas famosas “pastas” nas copiadoras de instituições de ensino que compactuam com esta ação criminosa, acredito que este seja um pequeno passo para que estes que assim procedem, tomem a iniciativa de exercitar a sua capacidade de pesquisador e criar seus próprios materiais de ensino, completos, não apostilas ou simples exercícios, mas que possam produzir livros e compartilhar o seu conhecimento também, de forma a estimular a capacidade analítica e as competências necessárias ao administrador. Desta forma não teremos repetidores de conteúdos, mas formadores que irão debater sobre aquilo em se debruçaram em suas pesquisas, pois a arte da docência quando desvinculada da pesquisa sempre será incompleta. Por fim, em relação ao conteúdo técnico que apresento neste livro, espero, com esta pequena colaboração, prover estudantes e profissionais, de conhecimentos e meios que venham a facilitar a análise, a decisão e a implantação de ações que aumentem a produtividade, eficiência e eficácia empresarial. Muito sucesso para você! Alberto Alvarães Verão de 2011 COMO USAR ESSE LIVRO Este livro está dividido em quatro capítulos. Os três primeiros tratam, cada um, dos elementos aqui abordados: sistemas, organização e métodos. O quarto capítulo apresenta diversas ferramentas úteis ao profissional de OSM. Portanto, o aprendizado seqüencial deve ser desenvolvido nos três primeiros capítulos e o quarto será utilizado na medida em que o estudo avança e a necessidade de conhecimento das ferramentas for surgindo. O diagrama em blocos, ao lado, ilustra essa seqüência de estudo. Ao final de cada capítulo há uma série de questões e exercícios práticos. Na área on-line do livro (www.albertoalvaraes.adm.br) é possível encontrar algumas dessas ferramentas que podem ser utilizadas livremente, desde que sejam preservadas as indicações de autoria. Além dessas ferramentas, nesta área também há indicações de alguns softwares interessantes para o administrador na área de sistemas, organização e métodos além de vídeos e materiais diversos para um maior aprofundamento nos diversos temas abordados. Durante a leitura, serão encontrados alguns textos sinalizados por pequenas figuras. Cada uma destas figuras indicará o tipo de conteúdo do texto. � Explicações diversas, reflexões ou definições de termos. � Referência a alguma ferramenta explorada no capítulo 4. Bom aprendizado e sucesso! C A P ÍT U LO 4 FE R R A M EN T A S CAPÍTULO 2 ORGANIZAÇÃO CAPÍTULO 3 MÉTODOS CAPÍTULO 1 SISTEMAS SUMÁRIO SISTEMAS............................................................................................................................ 13 Sistemas Administrativos ................................................................................................... 13 Conceitos Básicos .................................................................................13 O sistema administrativo e as funções administrativas ...........................14Os componentes de um sistema administrativo....................................14 Classificação de sistemas ......................................................................15 Sistemas de gestão empresarial............................................................16 Tipos de sistemas de gestão empresarial..............................................17 Sistemas de Informação Gerenciais .................................................................................... 18 Conceitos Básicos .................................................................................18 O processo de análise de problema e tomada de decisões gerenciais ..19 Níveis de tomadas de decisões empresariais ........................................27 Os Sistemas de Informação Gerenciais nas empresas ..........................29 Questões finais ................................................................................................................. 31 Exercícios práticos............................................................................................................. 31 ORGANIZAÇÃO..................................................................................................................... 33 Organização: estrutura e recursos ...................................................................................... 33 Estrutura organizacional .................................................................................................... 33 Características da estrutura organizacional ...........................................34 Análise organizacional e escolha da estrutura mais adequada ..............39 Recursos empresariais ....................................................................................................... 40 Recursos financeiros .............................................................................41 Recursos humanos ...............................................................................42 Recursos materiais................................................................................43 Influências na estrutura organizacional............................................................................... 45 Nível de centralização dos gestores e dos órgãos .................................45 Fatores Humanos..................................................................................45 Níveis organizacionais em função do tamanho da organização.............46 Fatores ambientais externos.................................................................47 Fatores estratégicos..............................................................................47 Questões finais ................................................................................................................. 48 Exercícios práticos............................................................................................................. 48 MÉTODOS............................................................................................................................ 51 Método x metodologia ....................................................................................................... 51 Finalidades do método..........................................................................52 Processos ......................................................................................................................... 53 Conceitos básicos..................................................................................53 Processos empresariais ou processos intraorganizacionais ................................................... 54 Representação gráfica de processos ................................................................................... 54 Levantamento, análise e otimização de processos.......................................................................... 54 Levantamento de processos .................................................................54 Análise de processos.............................................................................55 Otimização de processos.......................................................................56 Reengenharia.................................................................................................................... 57 Questões finais ................................................................................................................. 58 Exercícios práticos............................................................................................................. 58 FERRAMENTAS..................................................................................................................... 61 Matriz de Ajuda à Decisão (MAD) ........................................................................................61 Análise de Riscos ...............................................................................................................63 Análise de Problemas e Causas (APC)..................................................................................64 Análise de Stakeholders......................................................................................................66 Análise de Cenários............................................................................................................66 Levantamento de Funções Organizacionais (LFO).................................................................67 Diagramas.........................................................................................................................69 Diagrama em blocos simples................................................................ 69 Organograma....................................................................................... 70 Funcionograma .................................................................................... 75 Diagrama de Fluxo de Dados (DFD)..................................................... 76 Fluxograma .......................................................................................... 78 Cronograma ......................................................................................... 82 Brainstorming ....................................................................................................................85 Benchmarking....................................................................................................................86 Considerações básicas a respeito do benchmarking ............................. 86 Tipos de benchmarking........................................................................ 87 Etapas do benchmarking...................................................................... 87 Entrevistas ........................................................................................................................89 Questionários ....................................................................................................................90 Observações......................................................................................................................92 Formulários .......................................................................................................................93 O projeto do formulário........................................................................ 95 Levantamentos históricos .................................................................................................100 Manuais Administrativos ...................................................................................................100 Conteúdo de um manual administrativo............................................. 101 Tipos de manuais administrativos ...................................................... 101 Referencias Bibliográficas .................................................................................................10313 CAPÍTULO 1 SISTEMAS Que importância há no estudo de sistemas? Quando os administradores executam as funções elementares de planejar, organizar, dirigir e controlar, fazem isso sobre conjuntos denominados sistemas. Se não for possível entender a respeito daquilo que se está trabalhando, suas características e suas particularidades, certamente não será possível ao administrador atuar com todo o seu potencial, tomar decisões assertivas, entender o contexto e a empresa como um todo, como um grande sistema. Sistemas Administrativos Conceitos Básicos Sistema é um conjunto de elementos que são interdependentes e que, juntos, possuem um determinado objetivo. Pode-se fazer uma analogia de um sistema com um conjunto de engrenagens. As engrenagens de uma máquina dependem umas das outras. Se uma dessas engrenagens quebrar, todas param ou trabalham precariamente. Ainda nessa analogia, é sabido que um conjunto de engrenagens dentro de uma máquina é projetado e construído para atender a uma determinada necessidade, para atender a um determinado objetivo final. O conjunto de engrenagens de um relógio, por exemplo, tem como objetivo final apresentar o horário atualizado; um conjunto de engrenagens de um forno industrial de padarias tem como objetivo final assar pães. Antes de um estudo mais aprofundado acerca de sistemas administrativos, torna-se útil uma análise comparativa com conceitos de outros tipos de sistemas para consolidar o exato entendimento do que é um sistema administrativo. Em um primeiro exemplo de sistema, pode-se recorrer ao conceito do sistema nervoso como sendo um conjunto de estruturas nas quais numerosos neurônios, através de seus prolongamentos, estabelecem entre si relações topográficas e, graças à possibilidade de transmissão do impulso de um ao outro, estabelece no organismo uma rede pela qual as informações são transmitidas rapidamente sob a forma de impulsos nervosos1. Em um segundo exemplo, um sistema judiciário pode ser conceituado como um complexo de estruturas, de procedimentos e de funções mediante o qual o sistema político (do qual o sistema judiciário é na realidade um subsistema) satisfaz uma das necessidades essenciais para a sua sobrevivência: a adjudicação das controvérsias pela aplicação concreta das normas reconhecidas pela sociedade.2 A partir desses exemplos, é possível constatar que o conceito de sistema pressupõe um conjunto de elementos como os neurônios (do sistema nervoso) ou as estruturas, procedimentos e funções (do sistema judiciário). Outro pressuposto é de que esses elementos devem ser interdependentes como são os elementos desses sistemas exemplos e que, por sua vez, possuem também objetivos bem definidos. Reflexões a respeito desses exemplos remetem ao conceito básico de sistemas já conceituado anteriormente. Encerrando o desenvolvimento da conceituação geral de sistema, pode-se dizer também que um sistema é conjunto de elementos, concretos ou abstratos, relacionados entre si; conjunto de unidades organizadas de determinada forma para alcançar um fim; qualquer conjunto natural de partes interdependentes3, ou, ainda, entender que sistema é o conjunto de coisas que ordenadamente entrelaçadas contribuem para determinado fim; trata-se, portanto de um todo coerente cujos diferentes elementos são interdependentes e constituem uma unidade completa4. � Interdependência: estado ou qualidade de duas pessoas ou coisas ligadas entre si por uma recíproca dependência, em virtude da qual realizam as mesmas finalidades pelo auxílio mútuo ou coadjuvação recíproca. Objetivo: aquilo que se pretende alcançar quando se realiza uma ação; alvo; fim; propósito. Sistemas, Organização & Métodos Alberto Alvarães 14 Figura 1-1 – Um sistema administrativo e seus elementos com funções administrativas que, conjuntamente, possuem um determinado objetivo. Os conceitos gerais de sistema estudados até aqui e a identificação de seus componentes com a utilização desses exemplos, serão de relevante utilidade para o estudo de sistemas administrativos, a seguir. O sistema administrativo e as funções administrativas Um sistema administrativo é um conjunto de elementos interdependentes que possuem funções administrativas e que buscam um objetivo administrativo comum. Essas funções administrativas são o planejamento, a organização, a direção e o controle. Como conceituado por Certo5, por planejamento entende-se tudo aquilo que envolve a escolha de tarefas que devem ser desempenhadas a fim de garantir que os objetivos do sistema em questão sejam alcançados. Isto representa a definição de planos que abranjam um determinado espaço de tempo. A organização é a designação de pessoas e demais recursos para desempenhar as tarefas que foram definidas no planejamento e formalizadas nos planos. A terceira função é conceituada como direção por ser o termo mais utilizado pelos diversos autores e pesquisadores da Administração. Direção é a orientação das atividades das pessoas em direção aos objetivos do sistema. Por fim, controle é a função pela qual os administradores reúnem e comparam informações do desempenho de um sistema (que funciona sob a definição de um planejamento, de uma organização e uma direção) a fim de verificar se as tarefas estão sendo desempenhadas dentro dos parâmetros e limites esperados e corrigir as falhas e desvios detectados. Os componentes de um sistema administrativo Além dos componentes básicos de um sistema estudados até agora, existem outros componentes que fazem parte de um sistema administrativo. Certamente que estes outros componentes também se aplicam a outros tipos de sistemas, mas sendo sistemas administrativos o objeto do atual estudo, serão nestes concentradas as definições. A seguir, estão apresentados estes novos componentes e os já estudados, no sentido de consolidar ao máximo os fundamentos de sistemas administrativos. • Elemento: parte de um sistema administrativo que executa as funções de planejar, organizar, dirigir e controlar. Muitas vezes, esse elemento também é um sistema, ou, como normalmente se designa, um subsistema. A partir daí, pode-se concluir que um sistema muitas vezes é configurado por outros sistemas interdependentes. • Objetivo: é o que se espera do sistema administrativo, o ponto, o resultado que se busca. Um sistema administrativo sem objetivo é um sistema sem razão de existência. • Entradas: são os recursos que o sistema administrativo necessita para atingir os seus objetivos. • Saídas: são os recursos de entrada transformados que proporcionarão a conquista dos objetivos estabelecidos para o sistema administrativo. • Processo de transformação: é a ação de transformação dos recursos de entrada nos recursos de saída. • Ambiente do sistema: é todo o entorno do sistema, tudo aquilo que não faz parte diretamente dele, mas que o influenciam de alguma forma, positiva ou negativamente, em suas atividades. Sistemas, Organização & Métodos Capítulo 1 – Sistemas 15 ELEMENTO ELEMENTO ELEMENTO PROCESSOPROCESSO PROCESSOPROCESSO PROCESSOPROCESSO PROCESSOPROCESSO PROCESSOPROCESSO PROCESSOPROCESSO ENTRADAS SAÍDAS O B JE T IV O S SISTEMA AMBIENTE AMBIENTE Figura 1-2 – Os componentes de um sistema administrativo Classificação de sistemas Os sistemas podem ser classificados a partir de critérios diversos. Uma didática classificação é apresentada a seguir e que foi adaptada a partir da classificação de Stair6. Critério Tipos Quanto à complexidade Sistema simples: aquele que possui poucos elementos e a relação entre eles é direta e descomplicada. Sistema complexo: aquele que possui muitos elementos e as suas inter-relações são relativamente complexas Quantoà interação com o ambiente Sistema aberto: aquele cujos elementos (ou parte deles) têm interação com o ambiente. Sistema fechado: aquele cujos elementos não têm interação com o ambiente ou quando essa interação é pouco significativa. Quanto à influência das mudanças do ambiente Sistema estável: aquele cujas mudanças no ambiente resultam em nenhuma ou uma não significativa mudança no sistema. Sistema dinâmico: aquele cujos elementos sofrem muito rapidamente e se adaptam às conseqüências das mudanças ambientais. Quando ao tempo de existência Sistema permanente: aquele que perdura por um relativo longo tempo. Sistema temporário: aquele que possui um limitado e relativo curto tempo de vida. Quadro 1-1 – Classificação de sistemas: critérios e tipos Uma empresa, como um todo, pode ser um sistema simples ou complexo dependendo de seu porte ou ramo de negócio. Ainda que complexo, alguns de seus subsistemas podem ser também complexos ou serem simples. Tipicamente uma empresa é um sistema aberto, pois sofre influências de diversos fatores ambientais externos que serão abordados no capítulo 2. Quanto à influência das mudanças, esses diversos fatores exigem que as empresas sejam sistemas dinâmicos e que se adaptem rapidamente a essas influências. Por fim, quanto ao tempo de existência, são poucos os casos de empresas que são criadas para um curto tempo de vida, normalmente espera-se que elas sejam perenes. Sistemas, Organização & Métodos Alberto Alvarães 16 Sistemas de gestão empresarial Sistemas de gestão empresarial são sistemas administrativos que fazem parte de um sistema maior: uma organização, uma empresa, uma instituição. Uma empresa é um grande sistema que, como qualquer outro, possui objetivos e é formada por partes interdependentes, que, neste caso, são chamadas de sistemas de gestão empresarial. Portanto, pode-se dizer que um sistema de gestão empresarial é a designação dos sistemas administrativos de uma empresa. Para que o sistema maior (a empresa em si) possa atingir os seus objetivos, é necessário que os diversos sistemas de gestão empresarial funcionem corretamente, integrando as suas respectivas partes, atingindo seus objetivos e usando eficaz e eficientemente os seus processos. ENTRADASENTRADAS SAÍDASSAÍDAS Figura 1-3 – A empresa composta por sistemas de gestão empresarial Esses diversos sistemas de gestão empresarial estão sujeitos às influências de seu ambiente, adaptam-se a essas influências, possuem objetivos e elementos próprios que executam processos, transformando recursos de entradas em resultados de saídas. No quadro 1-2 é possível conhecer alguns exemplos desses sistemas e seus diversos componentes. Uma outra forma de se conceituar sistemas de gestão empresarial é utilizando a designação de sistemas gerenciais7. Neste enfoque, sistema gerencial pode ser entendido como um conjunto de decisões, ações, previsões e controles a serem exercidos para o gerenciamento de um sistema, com um ou vários processos, não necessariamente interdependentes, em um determinado nível hierárquico ou diferenciado, orientados segundo procedimentos e políticas previamente definidos. Este enfoque realça o papel do gestor ao se referir a decisões, ações, previsões e controles corroborando para a constatação de que o gestor passa a maior parte de seu tempo tomando decisões, agindo sobre algo, prevendo situações e controlando desvios. Sistemas, Organização & Métodos Capítulo 1 – Sistemas 17 Sistema Sistema de avaliação de desempenho de funcionários Sistema de precificação de produtos Sistema produtivo de uma fábrica de refrigerantes Objetivo Garantir que os funcionários trabalhem dentro dos padrões e requisitos definidos pela empresa Definir preços de produtos a fim de proporcionar uma adequada relação custo x benefício aos clientes Engarrafar refrigerantes para que possam ser disponibilizados para venda Elementos Avaliação de desempenho Treinamentos internos Acompanhamento diário do chefe Pesquisas de preços no mercado Levantamento de custos Cálculos de custos Máquinas de engarrafamento Manutenção dos equipamentos Estoque de produtos Entradas Pareceres dos chefes Formulário de avaliação de desempenho Reuniões de esclarecimento Valores praticados pela concorrência Valores de custos Garrafas Água Mão-de-obra direta Xarope Processos Análise dos formulários Levantamento do desempenho nos treinamentos internos. Lançamento das informações no sistema informatizado Cálculos de preços de produtos Comunicação interna dos preços Remarcação da tabela de preços Engarrafamento do refrigerante Estocagem das garrafas Limpeza de garrafas Saídas Laudos Comunicações aos chefes Reuniões com os funcionários Preços dos produtos Refrigerantes engarrafados e engradados Ambiente Condições físicas no trabalho Situações particulares dos funcionários Concorrência Limites de custos de produção Objetivos empresariais Leis reguladoras Condições climáticas no estoque Quadro 1-2 – Exemplos de alguns sistemas de gestão empresarial e seus componentes Tipos de sistemas de gestão empresarial De uma forma geral, pode-se dividir os sistemas de gestão empresarial em três tipos básicos: sistema fim, sistema de apoio (ou sistema meio) e Sistema de Informação Gerencial. Dada a importância e a maior complexidade deste último tipo, sua abordagem será mais detalhada no próximo tópico deste capítulo. Por meio do conteúdo até agora estudado, evidenciou-se que uma empresa é um grande sistema formado por elementos que também são sistemas ou subsistemas. Entretanto, alguns desses subsistemas são essenciais para que a empresa possa atingir os seus objetivos e os outros, embora também sejam importantes (pois se não fossem sequer existiriam), não interferem diretamente na consecução desses objetivos. Exemplificando com uma empresa de menor complexidade: um pequeno restaurante. Alguns de seus subsistemas são essenciais para que esta empresa atinja os seus objetivos (fornecer refeições). Pode-se citar, por exemplo, o sistema de elaboração de comida, o sistema de atendimento aos clientes, o sistema de compras de alimentos. Ao se supor que um desses sistemas não esteja em funcionamento, certamente é possível concluir que praticamente todo o restaurante estará parado. Esses são os chamados sistemas fins, ou seja, ligados diretamente à finalidade, aos objetivos da empresa. Outros subsistemas, entretanto, embora importantes, não paralisariam as atividades dessa empresa se fossem suspensos por um determinado tempo. Por exemplo, o sistema de treinamento de funcionários, o sistema contábil e o sistema de decoração da loja só prejudicariam os objetivos da empresa após um determinado tempo que fossem paralisados. Estes sistemas são chamados de sistemas de apoio. SISTEMA DE APOIO ENTRADAS SAÍDAS O B JE T IV O S SISTEMA DE APOIO SISTEMA DE APOIO SISTEMA FIM SISTEMA FIM SISTEMA FIM SISTEMA FIM Figura 1-4 – Sistemas de apoio e sistemas fim nas empresas Sistemas, Organização & Métodos Alberto Alvarães 18 Resumindo, pode-se conceituar sistemas fim como aqueles responsáveis pelas atividades principais de uma empresa, aquelas que estão diretamente relacionadas a sua atividade e sistemas de apoio como aqueles que são responsáveis pelo apoio das atividades fins. O quadro 1-3 demonstra alguns sistemas que são considerados, de uma forma geral, como sistemas fim e outros que são sistemas de apoio. Entretanto, dependendo da empresa, seu ramo de negócio e suas particularidades, alguns deles podem não estar corretamente classificados, mas certamente essa classificaçãose aplica à maioria das empresas. Sistemas fim Sistemas de apoio • Sistema de produção • Sistema de vendas • Sistema de atendimento ao cliente • Sistema de compras de matéria-prima • Sistema de recebimento de pagamentos • Sistema de entrega de mercadorias • Sistema contábil • Sistema de avaliação de desempenho dos funcionários • Sistema de conservação predial • Sistema de segurança patrimonial • Sistema de limpeza • Sistema de treinamento de funcionários Quadro 1-3 – Exemplos de sistemas fim e sistemas de apoio Sistemas de Informação Gerenciais Conceitos Básicos Sob o ponto de vista da interação entre tecnologia e pessoas, um sistema de informação pode ser conceituado como um conjunto organizado de pessoas, hardware, software, redes de computadores e recursos de dados que coleta, transforma e dissemina informações em uma organização. As pessoas recorrem a sistemas de informações para se comunicarem entre si de diversas formas com a utilização dos recursos tecnológicos8. Sob o ponto de vista da administração de empresas, alguns autores atribuem diferentes enfoques para os Sistemas de Informação Gerenciais. Por exemplo, Daft atribui a este tipo de sistema um enfoque voltado para a tecnologia conceituando que um Sistema de Informação Gerencial é um sistema por computador que proporciona informações e apoio para a tomada de decisão administrativa eficaz9. Em um enfoque mais voltado para a gestão empresarial, Oliveira apresenta que um Sistema de Informação Gerencial é o processo de transformação de dados em informações que são utilizadas na estrutura decisória da organização, proporcionando ainda a sustentação administrativa para otimizar os resultados esperados10. Apesar de esses diferentes enfoques não se contradizerem e sim se complementarem, pela especificidade do presente trabalho este tema será desenvolvido sob o enfoque da gestão empresarial, enfoque este, cujos sistemas de informações não estão necessariamente atrelados à tecnologia, mas ao processo decisório conforme o mapa conceitual apresentado na figura 1-5. Para alguns autores, a forma como o tema Sistema de Informação Gerencial será abordado neste estudo, chama-se Sistema de Informação Estratégico no qual o processamento de grupos de dados das atividades operacionais e transações gerenciais são transformados em informações estratégicas considerando o ambiente interno e/ou externo, visando auxiliar o processo de tomada de decisão11. O administrador de empresas dedica uma boa parte de sua atividade profissional fazendo análises para tomar decisões. Para que ele tome uma decisão assertiva, são necessárias informações concisas, coerentes e confiáveis. Um Sistema de Informação Gerencial é aquele que consolida dados e gera informações úteis para o administrador tomar decisões. Mas antes do prosseguimento no estudo acerca de Sistemas de Informação Gerenciais, faz-se necessário o perfeito entendimento do que são dados e informações. Dados são elementos provenientes de constatações, pesquisas, estatísticas, observações. São fatos fornecidos ou obtidos por algum meio. Informações são conclusões obtidas a partir de dados. Dados são fatos em suas formas primárias como nome de pessoas, números de horas de uma atividade, número de peças em estoque, número de pedidos de um produto ou percentual de clientes satisfeitos. Informação é um conjunto de dados organizados de tal forma que adquirem valor adicional além do valor do fato em si12. Por exemplo: Sistemas, Organização & Métodos Capítulo 1 – Sistemas 19 95% dos alunos da instituição X são mulheres 90% alunos da instituição X estão satisfeitos com os seus serviços A grande maioria das mulheres da instituição X não pretende troca-la por outra Estas afirmações são apenas dados, números obtidos a partir de uma pesquisa ou de um cadastro qualquer. Mas, a partir desses dados pode-se chegar à seguinte conclusão: As mulheres preferem a instituição X Essa nova afirmação é uma informação, uma conclusão que foi obtida a partir dos dados anteriormente apresentados. Há uma tendência de se considerar que informação é como um coletivo de dados, mas não o é. Um conjunto de dados somente irá constituir uma informação se, para o indivíduo que o recebe, possuir algum significado, o qual é determinado pelo próprio contexto em que aquela pessoa se insere. Se determinados dados não possuírem significado algum para o mesmo, simplesmente são desprezados13. Figura 1-5 – A interação de um Sistema de Informação Gerencial com o processo decisório. Desenvolvido a partir do diagrama em blocos de Oliveira (2008, p.231) Portanto, uma informação não aparece do nada, ela sempre surgirá a partir da junção, da combinação e da análise de determinados dados. E os dados, por sua vez, não terão significados relevantes se não forem transformados em informações. Em outras palavras, pode-se dizer que o dado é um elemento quantitativo e a informação é um elemento qualitativo. �Quantitativo: que indica quantidade; relativo a quantidades numéricas ou valores14. Qualitativo: relativo à qualidade; que qualifica15. Os Sistemas de Informação Gerenciais podem e afetam de inúmeras formas a produtividade e a qualidade dos serviços e produtos de uma organização específica, requerendo uma abordagem contingencial no estudo de sua implantação e na análise dos resultados esperados. Para a formação de um diagnóstico adequado, é necessário analisar o problema por dois ângulos ou perspectivas que se complementam: qual o impacto do sistema na empresa e vice-versa?16 Para um aprofundamento nessas questões, segue-se o estudo do processo de análise de problema e tomada de decisão gerencial. O processo de análise de problema e tomada de decisão gerencial O administrador, conforme já visto, dedica uma boa parte de sua atividade profissional tomando decisões que venham a resolver problemas ou a atender a uma determinada necessidade. A qualidade e assertividade dessas decisões vão determinar o desempenho das empresas. Entretanto, tomar a decisão certa não é uma tarefa fácil e reveste-se de uma complexidade e de uma ambigüidade Sistemas, Organização & Métodos Alberto Alvarães 20 que, por vezes, dificultam o trabalho do administrador. Isso não significa que o administrador deve ter medo de agir, pois uma indecisão é, por vezes, muito mais prejudicial para a organização do que uma má decisão17. TOMADA DE DECISÃO ANÁLISE Identificação do problema ou da necessidade Análise da situação atual Análise das alternativas possíveis Escolha da alternativa mais adequada Implantação da alternativa Figura 1-6 – O processo de análise de problema e tomada de decisão gerencial Para entender como um administrador toma decisões para resolver um determinado problema ou atender a uma determinada necessidade, é necessário entender como esse processo ocorre, como ocorre o processo de análise de problemas e tomada de decisão. Primeiramente é preciso conceituar, ainda que de maneira introdutória, o que é um processo: processo é a transformação de alguma coisa (entrada) em outra coisa (resultados). Em um processo de análise de problema e tomada de decisão gerencial, a entrada é o problema a ser resolvido ou a necessidade a ser atendida e a saída é a decisão tomada para resolver aquele problema ou para atender àquela necessidade. De uma forma simplificada, estaria definido assim o que é um processo de análise de problema e tomada de decisão gerencial. Entretanto, existem alguns detalhes importantes no desenrolar desse processo que serão analisados a partir do diagrama em blocos da figura 1-6 que demonstra o passo-a-passo deste processo. • 1ª Etapa: identificação do problema ou da necessidade: quando o administrador estádiante de um problema ou de uma necessidade, é necessário, antes de tomar a decisão, saber exatamente qual é esse problema ou essa necessidade (oportunidade). Os termos problema e oportunidade podem ser diferenciados da seguinte forma: um problema ocorre quando o desempenho organizacional não é satisfatório, colocando em perigo a capacidade da organização de alcançar seus objetivos oportunidade é uma situação pela qual a organização pode superar as metas estabelecidas18. No presente estudo, o termo oportunidade será considerado como sinônimo de necessidade uma vez que, ao surgir uma oportunidade, segue-se a necessidade de aproveitá-la. Ao saber qual é exatamente o problema ou qual é a necessidade, o administrador não correrá o risco de trabalhar de forma dispersa, concentrando-se naquilo que deve ser resolvido ou atendido. Outro fator importante nessa identificação é a reflexão e constatação de que aquilo que está apresentado como problema é realmente um problema ou que aquela necessidade é realmente uma necessidade. Embora pareça algo contraditório, não são raras as situações empresariais em que alguém aponta um problema que, na realidade, não existe, seja porque esse suposto problema é algo dentro dos parâmetros de normalidade, seja porque ele é O que é um problema? Problema é o desvio de uma normalidade levando-se em consideração os limites desta, ou seja, a determinação do que é normal ou não. Só é possível considerar algo como um problema a partir do momento em que essa situação extrapole os limites toleráveis. Portanto, qualquer fato só poderá ser julgado como problemático ou não se houver parâmetros limitadores de referência. Um exemplo disso é a análise da temperatura de uma sala. Se for definido que nesta sala a temperatura deverá estar entre 20ºC e 23ºC, só é possível considerar que há um problema na climatização da sala se esses limites forem extrapolados. 20ºC 23ºC problema problema 20ºC 23ºC problema problema Figura 1-7 – Exemplo de explicação gráfica do conceito de problema O que é um sintoma? Sintoma é a manifestação de um problema. No exemplo anterior, a sensação de calor ou de frio é o sintoma de um problema com a temperatura da sala. Em outro exemplo, na área de saúde, a febre de uma pessoa não é um problema, é um sintoma de algum problema que provavelmente está ocorrendo com ela. O que é uma causa? Na seqüência de exemplos anteriores, há uma causa para que os respectivos sintomas se manifestem. No exemplo da temperatura da sala poderá ser um defeito no aparelho de ar- condicionado. No exemplo da febre pode ser uma infecção. � Sistemas, Organização & Métodos Capítulo 1 – Sistemas 21 conseqüência de um outro problema que, se resolvido, estará resolvendo, também, o problema em referência. Nesta etapa da análise de problema e tomada de decisão, o administrador deverá refletir acerca das seguintes perguntas-chave: o Qual é exatamente o problema/a necessidade? Ao ser precisamente identificado, o problema (ou a necessidade) orientará de forma objetiva as ações que buscam os resultados esperados. Uma queda no faturamento de uma empresa provavelmente não é um problema. A queda no volume de vendas, este sim, provavelmente é o problema que, como conseqüência, diminui o faturamento. Neste caso, a queda do faturamento é tão somente o sintoma de um problema. o Qual é o sintoma do problema/da necessidade? O sintoma, aquilo que evidencia o problema ou a necessidade, é importante para uma maior exatidão na identificação deste ou desta. As reclamações dos clientes acerca do atendimento da empresa são sintomas que devem ser cuidadosamente considerados e estudados na busca do problema que está ocasionando esta disfunção. As informações dos clientes que gostariam de consumir mais produtos da empresa são sintomas que podem evidenciar uma necessidade de aumentar a capacidade produtiva ou diminuir o preço do produto, uma oportunidade a ser aproveitada pela empresa. o Por que é um problema/uma necessidade? Um problema só pode ser considerado como tal se houver um desvio em relação aos limites pré-estabelecidos. Uma necessidade só pode ser considerada como tal se houver a possibilidade de ganhos significativos ao ser atendida. o É realmente um problema ou uma necessidade? Por vezes, um problema ou uma necessidade existe apenas sob a percepção de uma pessoa. Mas, uma análise mais aprofundada dos fatos, pode revelar que o problema ou a necessidade não existe, evitando assim desperdícios de tempo e de recursos ao se trabalhar sobre algo que na realidade não existe. As árvores doentes e o critério de doença19 Em uma determinada cidade, os moradores começaram a reparar que as árvores de suas ruas não tinham as suas folhas verdes como eram outrora quando todas eram verdes, muito verdes. Estavam doentes e com suas folhas cada vez mais amareladas. Um especialista diagnosticou que o problema era causado pela poluição, excesso de asfalto e a poluição do subsolo com produtos químicos. Sensibilizado, o governo contratou jardineiros especializados que freqüentemente adubavam a terra ao redor das árvores, limpavam-nas e monitoravam a sua evolução. Depois de dois anos, elas haviam melhorado, mas ainda possuíam cerca de um quarto de suas folhas amareladas. Por mais que se fizesse, essa quantidade de folhas amareladas persistia. Preocupado com esse problema, o governo contratou outros especialistas para analisar o que deveria fazer. Depois de várias reuniões, esses especialistas chegaram a uma brilhante solução: uma vez que parecia impossível acabar com as folhas amareladas, estabeleceram o critério de que uma árvore só poderia ser considerada com problema se um terço ou mais de suas folhas estivessem amareladas. A partir daí, todas as árvores passaram a ser consideradas sadias. Moral da história: um problema só pode ser considerado um problema quando existem referenciais para assim considerá-lo. • 2ª Etapa: análise da situação atual: uma vez identificado e constatado o problema (ou identificada a necessidade), antes de buscar qualquer alternativa para a sua solução, o administrador deverá analisar todos os dados e informações relativos a esta situação estabelecida. A partir desta análise, o administrador poderá entender melhor o que aconteceu, porque aconteceu, quando aconteceu, quem são os envolvidos e, assim, estará apto a buscar as melhores alternativas para a solução e, conseqüentemente, tomar a decisão mais apropriada para o caso. A seguir estão as perguntas-chave desta etapa, mais aplicadas à análise de um problema e menos à análise de uma necessidade: o O que ocorreu? Quais foram os fatos que ocorreram e que evidenciaram o problema ou a necessidade? As opiniões, embora devam ser respeitadas, não devem ser base para a tomada de decisão. Portanto, o administrador trabalhará neste momento com elementos comprováveis, mensuráveis e observáveis. Sua análise deverá ser baseada em fatos. o Quando ocorreu? As datas, os horários, as circunstâncias nas quais o problema ocorreu são muito importantes para a busca das causas. Um problema em uma máquina, por exemplo, pode ocorrer somente quando a temperatura está alta. Um computador, em outro exemplo, pode apresentar um problema apenas na segunda- feira, após ficar desligado por todo o final de semana. o Quem viu/constatou/foi informado a respeito do ocorrido? As pessoas envolvidas são fontes valiosas de dados e informações. Muitas vezes elas nem Entrevistas, Observações, Questionários e Levantamentos Históricos são ferramentas úteis de levantamento de dados e informações. � Sistemas, Organização & Métodos Alberto Alvarães 22 sabem disso, mas, questionadas poderão se lembrar de fatos importantes na análise do problemaou da necessidade. o O que aconteceu em paralelo? Os acontecimentos que ocorreram em paralelo ao problema também são fontes valiosas de dados, informações e conclusões. Por exemplo, se em um mesmo ambiente, uma máquina apresenta um problema e uma outra similar também apresenta o mesmo tipo de defeito em situações semelhantes, muito provavelmente existe uma causa em comum. Se uma empresa apresenta uma queda nas suas vendas, algum fator econômico ou social ocorrido em paralelo pode estar colaborando para isso. o Onde aconteceu? O local onde o problema ocorreu ou onde a necessidade se manifesta também pode ser de fundamental importância. Quando uma empresa, por exemplo, está tendo problemas no prazo de entrega de seus produtos aos clientes, ao se descobrir que este problema se manifesta apenas em uma cidade, pode estar aí uma evidência de que o problema não é a entrega, mas, por hipótese, as condições de acesso naquela cidade. Montadora de automóveis x sorvete de baunilha20 Lenda ou verdade? Essa interessante história circula na internet sem autoria. Embora não se saiba se aconteceu ou não, certamente é um bom exemplo da importância de uma correta análise do problema para uma assertiva tomada de decisão. Vale a pena ler. Se não foi, poderia perfeitamente ter sido verdade. O diretor de uma montadora de veículos recebeu a seguinte carta de um cliente: "Esta é a segunda vez que mando uma carta para vocês, e não os culpo por não me responder. Eu posso parecer louco, mas o fato é que nós temos uma tradição em nossa família, que é a de comer sorvete depois do jantar. Repetimos este hábito todas as noites, variando apenas o tipo do sorvete e eu sou o encarregado de ir comprá-lo. Recentemente comprei um carro de sua fabricação e, desde então, minhas idas à sorveteria se transformaram num problema. Sempre que eu compro sorvete de baunilha, quando volto da loja para casa, o carro não funciona. Se compro qualquer outro tipo de sorvete, o carro funciona normalmente. Os senhores devem achar que eu estou realmente louco, mas não importa o quão tola possa parecer minha reclamação. O fato é que estou muito irritado com esse carro e com essa situação." A carta gerou tantas piadas do pessoal da montadora que o presidente da empresa acabou recebendo uma cópia da reclamação. Ele resolveu levar a sério e mandou um engenheiro conversar com o autor da carta. O funcionário e o reclamante, um senhor bem- sucedido na vida e dono de vários carros, foram juntos à sorveteria no fatídico carro-problema. O engenheiro sugeriu sabor baunilha para testar a reclamação e o carro efetivamente não funcionou. O funcionário voltou nos dias seguintes, à mesma hora, e fez o mesmo trajeto, e só variou o sabor do sorvete. Mais uma vez, o carro só não pegava na volta quando o sabor escolhido era baunilha. O problema acabou virando uma obsessão para o engenheiro, que passou a fazer experiências diárias, anotando todos os detalhes possíveis e, depois de duas semanas, chegou à primeira grande descoberta: quando escolhia baunilha, o comprador gastava menos tempo, porque este tipo de sorvete estava bem na frente. Examinando o carro, o engenheiro fez nova descoberta: como o tempo de compra era muito mais reduzido no caso da baunilha, em comparação com o tempo dos outros sabores, o motor não chegava a esfriar. Com isso, os vapores de combustível não se dissipavam em um sistema que, posteriormente foi constatado como defeituoso. Isso impedia que a nova partida fosse instantânea. A partir deste episódio, a montadora mudou o sistema de alimentação de combustível e introduziu a alteração em todos os modelos a partir daquele ano. Mais do que isso, o autor da reclamação ganhou um carro novo, além da reforma do que não pegava com o sorvete de baunilha. A montadora distribuiu também um memorando interno, exigindo que seus funcionários levassem a sério até as reclamações mais estapafúrdias, "porque pode ser que uma grande inovação esteja por atrás de um sorvete de baunilha" diz a carta escrita pelo presidente. Moral da história: na análise de um problema, não despreze qualquer dado ou informação. Nas situações mais absurdas pode estar o caminho da solução. o Por que aconteceu? Como já explorado anteriormente, normalmente um problema se manifesta por um sintoma. O sucessivo questionamento dos “porquês” nos conduzirá ao problema propriamente dito. Então, se uma empresa está com a queda em seu faturamento, conforme um exemplo anterior, ao se perguntar “por que o faturamento está caindo?”, a resposta “porque as vendas diminuíram” pode evidenciar o setor de vendas como o problema. Na continuidade dos “porquês”, pode-se descobrir também a causa primeira, conceito que será explorado mais adiante. o Qual é a tendência do problema? Irá aumentar ou diminuir? Alguns problemas surgem e desaparecem. Não reaparecendo, muitas vezes não há a necessidade de se buscar soluções. Porém alguns problemas surgem sistematicamente, mas vão desaparecendo ou aumentando gradativamente. É o que se chama de tendência do problema. Um problema de falhas no processo de fabricação de uma empresa é preocupante, mas se esses índices estão diminuindo ao longo do tempo, talvez não haja a necessidade de tomadas de decisões se esses índices não chegam a ser alarmantes. Em um exemplo contrário, nos últimos anos, uma empresa apresentou um pequeníssimo índice de falhas em seu processo de fabricação. Veja como a utilização da APC ajuda o administrador nessa etapa de análise � Sistemas, Organização & Métodos Capítulo 1 – Sistemas 23 Apesar de pequenos, esses índices estão em ascensão, então talvez seja necessário uma tomada de decisão no sentido de impedir que esses cheguem a índices preocupantes, fora do que possa ser considerado como normal. o Qual é a causa primeira do problema? A seqüência dos “porquês” abordada anteriormente é importante para a busca da causa primeira, ou seja, o efeito que desencadeou o problema que, por sua vez, foi evidenciado por um sintoma. No mesmo exemplo explorado anteriormente, a diminuição do faturamento de uma empresa é o sintoma. Perguntando o porquê disto, pode-se chegar à evidência de que as vendas diminuíram. Aí pode estar o problema. Mas, ao se seguir com a pergunta “por que as vendas diminuíram?”, pode-se encontrar alguma resposta como “porque os vendedores estão desmotivados”. Talvez essa desmotivação seja a causa primeira do problema (a queda nas vendas). Na continuidade da seqüência de “porquês”, a pergunta “por que os vendedores estão desmotivados?” pode apresentar uma resposta como, por exemplo, “por que as suas comissões são baixas”. Portanto, a desmotivação é apenas uma causa, mas a causa primeira, anterior a esta causa, provavelmente são as comissões baixas. Resumindo: a seqüência de porquês, em uma análise da situação, busca causas. No sentido inverso, analisando as causas, chega-se aos efeitos (problemas e sintomas). O faturamento diminui. As vendas diminuem. Os vendedores estão desmotivados. As comissões são baixas. Por que... Por que... Por que... O que acontece se... O que acontece se... O que acontece se... EFEITOS CAUSAS SINTOMAS PROBLEMAS CAUSA PRIMEIRA CAUSAS Figura 1-8 – Relações entre causas, problemas e sintomas • 3ª etapa: análise das alternativas possíveis: a partir dos fatos colhidos na análise da situação atual, o administrador terá uma melhor definição do problema (ou da necessidade), assim como dados e informações úteis para a continuidade do processo de análise de problema e tomada de decisão. Na análise das alternativas possíveis, ele estudará quais são as melhores formas de solucionar o problema ou atender à necessidade em questão. Nesta fase, também devem serconsideradas opiniões, pois o administrador não estará trabalhando somente na análise de fatos, mas também com hipóteses. Valerá, portanto, a experiência profissional e a intuição do administrador e de outras pessoas envolvidas, contribuindo com suas percepções de situações semelhantes. Ao final desta etapa, o administrador terá desenvolvido uma proposta com alternativas que contemplarão as suas respectivas vantagens e desvantagens. Essas várias alternativas também são chamadas de cenários como uma alusão às peças teatrais nas quais, em um mesmo local, pode-se montar cenários diferentes para desenrolar uma mesma história em diferentes situações ou possibilidades. Nesta etapa, o administrador deverá se ocupar em buscar respostas para as seguintes perguntas-chave: o Quais são as alternativas possíveis (cenários) para resolver esse problema ou atender a essa necessidade? Normalmente, existe mais de uma alternativa para a solução de um mesmo problema. Isto é especialmente útil pois, em cada uma dessas alternativas, haverá vantagens e desvantagens e será necessário avaliar cada uma dessas opções para que seja escolhida a mais adequada para a situação. Um problema de espaço para o pessoal administrativo de Use a ferramenta Análise de Cenários nesta etapa do trabalho. � Saiba como o Brainstrorming pode ajudar ao administrador a buscar alternativas para solução de problemas. � Sistemas, Organização & Métodos Alberto Alvarães 24 uma empresa pode ser solucionado, por exemplo, com a construção de novas salas. Porém, essa é apenas uma das alternativas possíveis. Outra alternativa seria alterar o lay-out do mobiliário das atuais salas. Uma terceira alternativa seria alocar parte do pessoal em outro prédio. A mais adequada dessas alternativas ou cenários será definida na quarta etapa do processo de análise de problema e tomada de decisão: a escolha da alternativa mais adequada. o Quais são as vantagens e desvantagens de cada alternativa? É necessário o reconhecimento das vantagens e desvantagens de cada alternativa (cenário). Isto será essencialmente importante na etapa de escolha das alternativas, pois estas serão utilizadas na análise dos critérios. No exemplo anterior, a primeira alternativa de construir novas salas pode apresentar grandes vantagens em relação a um espaço personalizado, um ambiente com decoração nova e a possibilidade de instalações de novos recursos tecnológicos. Porém, poderão existir as desvantagens do alto custo e do barulho gerado na construção. A segunda opção da alteração do lay-out poderá ser vantajosa por ser de menor custo, mas poderá ter a desvantagem de um menor ganho de espaço. Na terceira opção, a de deslocamento de parte do pessoal para outro prédio, poderá também ser vantajosa pelo seu menor custo, mas poderá apresentar uma grande desvantagem ao aumentar a distância entre as pessoas cujas funções são relacionadas. o Quais são os recursos necessários para cada cenário? Em cada cenário, muito provavelmente, serão necessários recursos. Esses recursos serão considerados na escolha da alternativa mais adequada e podem ser divididos em categorias como custos, tempo, pessoas, espaço físico, logística e equipamentos. o A empresa poderá fornecer ou disponibilizar esses recursos? De nada adiantará apresentar uma alternativa cujos recursos não podem ser disponibilizados, fornecidos ou adquiridos pela empresa. De que adiantaria um cenário espetacular se o custo está acima das possibilidades da empresa? De que adiantaria uma alternativa enormemente criativa se não há pessoas disponíveis ou capacitadas para implantá-la? As alternativas apresentadas devem levar em consideração os limites de recursos da empresa. o Qual é o custo x benefício de cada alternativa? Cada alternativa deverá ser acompanhada de uma análise dos custos x benefícios. Não há nada complexo nessa análise, apenas um confronto entre os custos de implantação e todos os demais recursos necessários e os benefícios que trarão a respectiva alternativa. o Quais são os riscos de cada cenário? É necessário elaborar também uma análise de riscos de cada cenário, ou seja, apresentar as situações que podem ocorrer durante a implantação da alternativa. Juntamente com cada risco apresentado, deverá ser definido um conjunto de ações preventivas e corretivas de forma a prevenir que esses riscos não ocorram e, se ocorrerem, o que dever ser feito. Esses riscos certamente serão critérios para o processo de escolha da alternativa mais adequada. Em um mundo de grande competitividade, o administrador sofre cada vez mais a exigência de coragem e arrojo. Conseqüentemente isso significa correr riscos. Enquanto as análises iniciais de um problema se baseiam fortemente em fatos, à medida que se segue na direção da decisão do que fazer, é necessário ao administrador saber lidar com as incertezas que cercam essa decisão. Quem toma decisões-chave está, na verdade, assumindo um compromisso com o futuro, um futuro que é desconhecido e incerto. E esse compromisso se relaciona mais com as expectativas incertas daquilo que ainda está por vir e menos com fatos. O risco, portanto, faz parte da essência do processo decisório do administrador, fazendo com que a criação dos riscos e os riscos assumidos constituam uma característica intrínseca de quem toma as decisões21. o Qual é o tempo de implantação? Embora tempo seja um dos recursos passíveis de análise nas alternativas, pela sua importância, faz-se necessário um destaque especial ao tempo, o tempo necessário à implantação das alternativas. Este tempo para a implantação das alternativas não poderá ser tão curto de forma a não permitir essa implantação eficazmente, nem tão longo que impossibilite a obtenção dos resultados esperados em um prazo aceitável. o Quais interesses profissionais e pessoais podem ser atingidos? Apesar do presente estudo ser estritamente técnico, não é possível deixar de se considerar as influências humanas na implantação de uma alternativa. Interesses pessoais e profissionais não podem influenciar uma boa oportunidade de resolução de um problema ou o atendimento de uma determinada necessidade. Mas, se essas influências, esses interesses existem, não é prudente desprezá-los, �Stakeholder: pessoa ou instituição que está diretamente envolvida com um processo ou com um projeto. Uma Análise de Riscos bem elaborada, irá ajudar muito na tomada de decisão do administrador. � A Análise de Stakeholders ajuda ao Administrador a organizar o entendimento da influência que cada pessoa pode ter em seu trabalho. � Sistemas, Organização & Métodos Capítulo 1 – Sistemas 25 pois, dependendo de suas forças, eles podem prejudicar todo um projeto muito bem elaborado ou até mesmo impedir a sua implantação. Se a definição de uma nova estrutura de comercialização, por exemplo, acarretar na redução dos níveis hierárquicos, provavelmente os gestores podem se manifestar com alguma resistência. Em outro exemplo, se a mudança das instalações fabris de uma indústria tem como conseqüência uma menor distância entre as novas instalações e as residências dos operários, isso poderá aumentar a produtividade devido a uma maior satisfação desses. Torna-se, portanto, imprescindível em um processo de análise de problema e tomada de decisão, desenvolver uma análise dessas pessoas envolvidas, pessoas essas que são chamadas de stakeholders. O gerenciamento pró-ativo dos stakeholders aumenta a probabilidade do projeto não desviar de seu curso por causa de problemas não resolvidos dos mesmos, além disso, aumenta a capacidade das pessoas operarem em sinergia e limita interrupções durante o projeto.22 • 4ª etapa: escolha da alternativa mais adequada: após a apresentação das diversas alternativas, suas vantagens e desvantagens,custos, benefícios e interesses, é chegada a hora de decidir, escolher a melhor alternativa, aquela que será colocada em prática para resolver o problema ou atender à necessidade. Nessa etapa, o administrador deve se preocupar em buscar as respostas para as seguintes perguntas-chave: o Quais são os critérios que serão utilizados para a escolha da melhor alternativa? Ninguém poderá escolher alguma coisa sem haver pelo menos um critério de escolha. Torna- se difícil a compra de uma roupa por uma pessoa sem antes essa pessoa ter em mente se essa roupa será para o dia-a-dia, para um evento importante ou mesmo para ficar em casa. O critério, neste exemplo, o de “finalidade de uso da roupa”, influenciará diretamente na sua decisão, resultando possibilidades de decisão de compra diferentes. Da mesma forma, uma decisão empresarial requer critérios muito bem definidos, que poderão ser por custos, por tempo, por qualidade, por desempenho ou inúmeros outros critérios. Por exemplo, uma empresa poderá escolher uma alternativa para aumentar suas vendas sob o critério custo, ou seja, escolher a melhor alternativa dentre as que têm menor custo. Outra empresa poderá escolher uma alternativa para aumentar a sua reputação no mercado baseada no critério qualidade, ou seja, escolher a alternativa que melhore a qualidade de seus produtos, uma vez que é a sua reputação como empresa de qualidade que ela pretende aumentar. o Quem aprovará essa escolha? Normalmente, a escolha da alternativa requer a autorização de alguém, um gerente, o dono da empresa, o executivo principal ou o responsável pela área uma vez que, na maioria das vezes, a implantação dessa alternativa implica em investimentos, custos, alocação de recursos, alteração de objetivos e estratégias ou até mesmo a alteração do cotidiano da empresa ou de uma determinada área. o Quem mais deverá ser informado dessa decisão? Ou, em outras palavras, que stakeholders devem ser informados? Para que qualquer ação empresarial dê certo, é necessário que as pessoas envolvidas saibam o que está acontecendo, saibam qual é a sua participação, quais os efeitos daquela ação. Com isso, as pessoas estarão mais preparadas para se comprometer e não somente se envolver com o trabalho em questão. Se a alternativa escolhida para resolver um problema de desvios financeiros, por exemplo, for a implantação de um sistema informatizado, todas as pessoas que lidam com os recursos financeiros da empresa deverão ser conscientizadas da necessidade de habilidade com essa tecnologia a ser implantada. o Qual é a melhor alternativa (cenário)? Por fim, após toda essa análise, busca-se a resposta final e a mais importante: qual é a alternativa mais adequada? O Porco e a galinha23 Havia um porco e uma galinha que viviam em uma fazenda. Entediados por nada fazer ao longo de seus dias, resolveram levantar fundos para fazer uma viagem. O porco perguntou à galinha qual seria a sua sugestão. A galinha respondeu: - Ora, podemos vender ovos com lingüiça aos viajantes que passam na estrada. O porco concordou que seria uma boa idéia e começaram a agir. Reuniram-se no dia seguinte e a primeira coisa que definiram era a necessidade de matéria-prima para o novo negócio. A galinha, rapidamente disse: - Vou começar a minha parte agora mesmo! Agachou-se e dez minutos depois tinha posto ali o primeiro ovo para as omeletes. O porco que não queria decepcionar a sua amiga galinha, disse a ela: - Vou lá na oficina da fazenda providenciar a minha parte. Duas horas depois, preocupada com a demora do porco, a galinha foi até a oficina. Lá chegando se deparou com uma triste cena: o porco estava pendurado em uma corda, enforcado e ao seu lado um bilhete seu para a galinha: “cara amiga, acho que você conseguirá pelo menos um 10 Kg de lingüiça”. Moral da história: a galinha se envolveu com o problema, o porco se comprometeu com ele. A MAD é uma simples ferramenta que o administrador pode utilizar na escolha da melhor alternativa. � Sistemas, Organização & Métodos Alberto Alvarães 26 • 5ª etapa: implantação da alternativa: essa última etapa é a solução do problema ou o atendimento da necessidade em si. É o “colocar a mão na massa”. O administrador deverá fazer um planejamento dessa implantação de forma a alocar da melhor forma os recursos necessários (organização) como pessoas, equipamentos, tempo e investimento, dirigir a implantação e controlar os desvios que venham a ocorrer durante a mesma. Nesta etapa, o administrador deverá se preocupar com as seguintes questões: o Qual é o cronograma previsto da implantação? Uma implantação não poderá ser executada ao acaso. É necessário um planejamento das tarefas e recursos para cada uma delas durante esta implantação. Somente assim, o administrador poderá ter total controle da implantação ao longo do trabalho. o Qual é o tempo de cada tarefa e quem são os responsáveis por cada uma delas previstas no cronograma? Cada tarefa dentro do cronograma deve ser entendida como um elemento de extrema importância, pois será o cumprimento de todas as tarefas o que consolidará o cumprimento de todo o cronograma. o Como e por quem será feita a administração da implantação? Alguém deve ser o responsável pela implantação da alternativa. Esse responsável deverá ter habilidades e competências suficientes para gerenciar, tanto os aspectos humanos e comportamentais (conflitos, interesses, resistências, etc.) como também os aspectos técnicos (custos, alocação de recursos, logística, materiais, equipamentos, etc.). o O que fazer quando houver desvios entre o que foi previsto e o que está sendo realizado? Antecipadamente, o administrador deverá fazer um levantamento dos desvios possíveis (falta de recursos financeiros, pessoas, atrasos, etc.) e prever ações de correções. Desvios, falhas, são quase inevitáveis, mas um bom planejamento minimizará os seus impactos. Em especial, a análise de riscos desenvolvida para este cenário que está sendo implantado apontará para as ações a serem desenvolvidas nos casos de desvios. o Os resultados obtidos atendem ao problema ou à necessidade? Ao final da implantação da alternativa, o administrador deverá fazer um levantamento da eficácia de seu trabalho, ou seja, se os resultados obtidos com a alternativa escolhida resolveram o problema ou atenderam à necessidade em questão. Se não, novas ações devem ser postas em prática para garantir os resultados esperados. Muitas vezes, isso requer um novo processo de análise de problema e tomada de decisão. Esta análise final também será um importante balanço que servirá de experiência para os processos vindouros de tomada de decisão. O quadro 1-4 apresenta um resumo das diversas etapas do processo de análise de problema e tomada de decisão no qual, para cada etapa, são apresentadas as perguntas-chave e as ferramentas que podem ajudar o administrador neste trabalho. No capítulo 4, essas ferramentas são profundamente exploradas e na área on-line do livro várias delas estão disponíveis e prontas para o uso prático. Análise de problemas desde a antiguidade24 Aristóteles (384-324 a.C.) é considerado um dos maiores filósofos de todo os tempos. Dentre os seus diversos pensamentos e trabalhos, destaca-se o seu estudo ao redor das “causas” o que, séculos depois, foi referência de todas as teorias de análise de problemas e tomada de decisão. Causa é tudo aquilo que responde à pergunta “por quê?”. Segundo Aristóteles, existem quatro classificações de causas as quais pode-se adaptar para os conceitos atuais: As causas No conceito de Aristóteles Nos conceitos atuais O que é Pergunta-chave Pergunta-chave O que se busca Causa eficiente Aquilo que produziu a coisa Por que produzimos isso? Qual é a necessidade? A necessidade Causa material A matéria da qual as coisassão compostas. Por que a coisa é feita assim? O que poderá nos atender? O objeto Causa formal A estrutura interna que determina a realidade da coisa. Por que fazemos assim? Como fazer? A estratégia, a alternativa usada Causa final O escopo, o fim para o qual a coisa existe. Por que queremos isso? Para que queremos? O objetivo Quadro 1-4 – A classificação das causas a partir dos conceitos de Aristóteles Conheça mais a respeito de cronograma no capítulo 4. � Diagrama em blocos é uma ferramenta muito útil para expor idéias ou explicar sistemas. � Sistemas, Organização & Métodos Capítulo 1 – Sistemas 27 Fase Perguntas-chave Ferramentas que podem ser utilizadas Identificação do problema ou da necessidade • Qual é exatamente o problema/a necessidade? • Qual é o sintoma do problema/da necessidade? • Por que é um problema/uma necessidade? • É realmente um problema/uma necessidade? Entrevistas Observações Questionários Levantamentos históricos Análise da situação atual • O que ocorreu? • Quando ocorreu? • Quem viu/constatou/foi informado pelo ocorrido? • O que aconteceu em paralelo? • Onde aconteceu? • Por que aconteceu? • Qual é a tendência do problema? Irá aumentar ou diminuir? • Qual é a causa primeira do problema? APC Entrevistas Observações Questionários Levantamentos históricos Análise das alternativas possíveis • Quais são as alternativas possíveis (cenários) para resolver esse problema ou para atender a essa necessidade? • Quais são as vantagens e desvantagens de cada alternativa? • Quais são os recursos necessários para cada cenário? • A empresa poderá fornecer ou disponibilizar esses recursos? • Qual é o custo x benefício de cada alternativa? • Quais são os riscos de cada cenário? • Qual é o tempo de implantação? • Quais interesses profissionais e pessoais podem ser atingidos? Análise de Cenários Brainstorming Análise de Riscos Análise de Stakeholders Diagrama em blocos Escolha da alternativa mais adequada • Quais são os critérios que serão utilizados para a escolha da melhor alternativa? • Quem aprovará essa escolha? • Quem mais deverá ser informado dessa decisão? Ou em outras palavras, quais stakeholders devem ser informados? • Qual é a melhor alternativa (cenário)? MAD Análise de Stakeholders Análise de Cenários Implantação da alternativa • Qual é o cronograma previsto da implantação? • Qual é o tempo de cada tarefa e quem são os responsáveis por cada uma delas previstas do cronograma? • Como e por quem será feita a administração da implantação? • O que fazer quando houver desvios entre o que foi previsto e o que está sendo realizado? • Os resultados obtidos atendem ao problema ou à necessidade? Cronograma Análise de Riscos Quadro 1-5 – Síntese das etapas do processo de análise de problema e tomada de decisão Níveis de tomadas de decisões empresariais Os níveis de tomadas de decisões empresariais coincidem com os níveis empresariais. Isso não poderia ser diferente, pois, o que diferencia basicamente estes níveis são os diferentes domínios de prazos em suas decisões e a tipologia das decisões em si. O nível operacional da empresa se ocupa das tarefas operacionais, ou seja, aquilo que pertence à rotina empresarial. Normalmente, esse nível está mais interligado aos sistemas fins da organização. Ligadas ao dia-a-dia da empresa, as tarefas rotineiras, características deste nível, normalmente estão relacionadas às decisões que venham a resolver problemas e atender a necessidades no curto prazo. Acima do nível operacional, está o nível tático, normalmente aquele que abrange os níveis de comando médios da empresa. Esses níveis tomam decisões, normalmente no médio prazo, que venham a garantir uma segurança nas ações do nível operacional e atender aos anseios do nível estratégico e de sua visão e decisões de longo prazo. O nível estratégico é o topo do comando da empresa, no qual estão os profissionais que visualizam o futuro da empresa e, portanto, tomam decisões que terão ações e efeitos no longo prazo. Pode-se fazer uma analogia destes níveis empresariais com a seguinte situação25: vários trabalhadores estão fazendo reparos no asfalto de uma rua. Nesta rua há vários edifícios. Cada trabalhador sabe muito bem o que está fazendo em seu pedaço de rua. Uma pessoa que está no topo de um destes edifícios, na rua onde estão os trabalhadores, não consegue enxergar muito bem o que cada um destes trabalhadores está fazendo, mas possui uma visão privilegiada do todo e pode auxiliá-los para que o trabalho final seja de qualidade. Ainda que essa pessoa esteja no topo desse edifício e possa ajudar o trabalho dessas pessoas, ela não tem uma clara visão dos outros edifícios que estão a sua volta. Em cada edifício existe alguém que auxilia outros trabalhadores em outras ruas. Cada um, no topo de seu edifício, enxergará somente os seus trabalhadores, mas enxergará com certa dificuldade os outros colegas que estão nos topos dos demais prédios. Porém, alguém que passa de helicóptero sobre esses edifícios, terá dificuldades em enxergar os trabalhadores e muito menos as suas tarefas, mas poderá ter Sistemas, Organização & Métodos Alberto Alvarães 28 uma visão privilegiada de todas as pessoas que estão em cima dos edifícios e, a partir disso, poderá colaborar com eles para que trabalhem em conjunto, no mesmo ritmo, para que os resultados obtidos sejam uniformes e que, por exemplo, todas as ruas do bairro fiquem prontas no mesmo dia. O nível dos trabalhadores na rua é o nível operacional. O topo do edifício representa o nível tático e a pessoa no helicóptero é o nível estratégico. Os administradores do nível estratégico são normalmente os diretores gerais, presidentes, principais executivos da empresa. No nível tático estão os gerentes de departamentos como o de marketing, o de gestão de pessoas, o do financeiro, o de produção e outros. Abaixo do nível tático em geral estão as supervisões dos setores operacionais como atendimento ao cliente, estoque, contabilidade, vendas, etc.. Para que o administrador tome decisões em qualquer um dos níveis empresariais, é necessário que ele obtenha dados e informações. Nenhuma decisão na vida, seja profissional ou pessoal, é tomada sem o mínimo de dados e informações necessários. É necessário identificar o problema, analisar a situação atual e todas as outras etapas já estudadas no processo de análise de problema e tomada de decisão. As decisões tomadas em um determinado nível vão refletir diretamente no nível empresarial imediatamente abaixo. A exceção, claro, fica por conta do nível operacional, no qual as decisões recaem sobre as atividades do dia-a-dia. No sentido inverso, os dados e informações necessários para as decisões normalmente vêm dos níveis inferiores. Portanto, para as decisões estratégicas, o administrador necessita de dados e informações oriundos do nível tático. Para as decisões táticas, o administrador necessita de dados e informações oriundos do nível operacional. E para as decisões operacionais, o administrador necessita de dados e informações oriundos das atividades rotineiras da empresa. É claro que as decisões de qualquer um desses níveis não são tomadas apenas baseadas nos dados e informações do nível imediatamente inferior. Outros dados e informações do ambiente interno e do ambiente externo da empresa também são importantes. Além disso, há de se considerar que, por exemplo, o administrador do nível operacional irá tomar decisões em função dos dados e informações que a ele chegam, desde que essas decisões estejam de acordo com as determinações, com as decisões passadas pelos administradores do nível tático. Por exemplo, um gerente
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