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1 Mariana Magalhães – 6º Período PERIODONTIA I Prof. Marcus Guimarães DETERMINAÇÃO DO PROGNÓSTICO PERIODONTAL O que o tratamento periodontal pode fazer? - O tratamento periodontal é interceptivo - Visa eliminar/reduzir a doença - Dificilmente vai regenerar estrutura periodontal perdida - Quanto mais severa for a doença, pior o prognóstico - A condição social do paciente determina o prognóstico: Qualidade e facilidade de acesso aos serviços odontológicos É preciso entender a necessidade do paciente Às vezes a extração, é a melhor solução para o paciente. Cada caso deve ser analisado individualmente. - Vontade do paciente em manter os dentes: depende da colaboração do paciente Uma cirurgia periodontal, por exemplo, depende muito do paciente no pós-cirúrgico. Não adianta eu conseguir fazer uma técnica perfeita, se o paciente não colaborar, não fizer um bom controle de placa. - Saber classificar o tipo e a extensão da doença: diagnóstico bem feito Diagnóstico -> Prognóstico -> Plano de tratamento -> Tratamento propriamente dito Prognóstico global: - Idade do paciente: Fundamental o Padrão epidemiológico: Pacientes mais jovens podem ter gengivite, mas raramente apresentam periodontite. Pacientes com 40 anos: perda de 1/3 do suporte periodontal (padrão epidemiológico) o Segue ou foge do padrão? Vai interferir no prognóstico. RISCO x PROGNÓSTICO: Risco é a probabilidade que o indivíduo tem de adquirir uma doença em um período específico. Prognóstico é a previsão com curso, consequência e desfecho de uma doença. Sendo a terapia aplicada ou não. Classificação das doenças que acometem o periodonto: - Doenças gengivais associadas ou não a placa - Periodontite crônica - Periodontite agressiva - Periodontite como manifestação de doenças sistêmicas - Doenças periodontais necrosantes (Guna e Puna) - Abscessos do periodonto - Periodontite associada a lesões endodônticas - Deformidades mucogengivais - Trauma oclusal Em cima do diagnóstico, será estabelecido o prognóstico. Determinação do risco na terapia periodontal: - Tabagismo - Diabetes: interfere na progressão da doença e na resposta ao tratamento periodontal o Consultas médicas freqüentes o Monitoramento glicêmico - Depósito bacteriano – patogenicidade: o Amostras bacterianas: pacientes com presença de bactérias mais agressivas o Testes de suscetibilidade antibiótica - Fatores genéticos: o Determinar o histórico familiar o Determinar o genótipo IL-1 - Idade: o Tempo de exposição o Evidência de doença agressiva - Sexo: o Homem o Mulheres na pós-menopausa - osteoporose - Condição sócio-econômica: o Frequência de acesso ao tratamento o Qualidade de atendimento/tratamento - Estresse Prognóstico da DP associadas à placa: - Vontade do paciente em manter os dentes - Capacidade de controle de placa - Condição sócio-econômica: prever se o dente pode ser recuperado ou não, frente ao tratamento que o paciente pode ter acesso. Prognóstico das Doenças Periodontais: PROGNÓSTICO GLOBAL: - A dentição deve ser mantida? - O tratamento deve ser tentado? - É provável ter sucesso? - Os dentes remanescentes podem suportar as cargas aumentadas de uma prótese? Fatores a serem considerados: - Avaliação da resposta óssea passada: o O que perdeu e o que sobrou de osso? o Consigo paralisar a doença? o Pedir RX periapical de todos os dentes (avaliar o quanto de suporte ósseo foi perdido em relação à idade) o Avaliar perda óssea com a idade (o que sobrou? Altura do osso remanescente) - Perda de inserção -> Fator de severidade da doença o Profundidade de bolsa: Área de retenção de bactérias, não tem a ver com a severidade da doença. Pode haver formação de pseudobolsas. - Idade o Todos os fatores devem ser avaliados em função da idade do paciente - Número e posição dos dentes remanescentes o É suficiente para suportar uma prótese? 2 Mariana Magalhães – 6º Período - Alterações sistêmicas -> interferem no prognóstico. Favorecem mais a progressão da DP. o Diabetes descontrolada: baixa resposta ao trata- mento o Uso de medicamentos que causam xerostomia - Grau de inflamação tecidual: o Mais inflamação visível no tecido gengival -> sem doença sistêmica: Melhor prognóstico. Relação direta de causa e efeito -> organismo está tentando reagir contra as bactérias com a resposta inflamatória. Quando a causa for retirada, haverá uma regressão do caso. - Má oclusão: o Posicionamento: Pode dificultar o controle de placa o Funcional -> trauma oclusal. Cargas oclusais excessivas - Fatores ambientais: o Tabagismo o Péssimo controle de placa PROGNÓSTICO UNITÁRIO: - Mobilidade: Qual a causa? o Carga oclusal o Problema endodôntico o Doença periodontal = Pior prognóstico o A mobilidade é um determinante de função o A mobilidade pode ser fisiológica (o quanto a raiz desloca dentro do ligamento periodontal) ou patológica (mobilidade aumentada pela DP) - Lesões de furca: Associada com a gravidade da lesão o Entrada de bactérias o Dificuldade de raspagem o A anatomia da região de furca é variável, região de difícil acesso para se realizar a manutenção o Avaliar grau de envolvimento de furca (I,II,III) o Áreas mais vulneráveis a processo inflamatório o Piores lesões de furca: Lesões de trifurcação dos molares superiores são as mais difíceis de serem tratadas - Bolsas periodontais: o Verdadeiras: bolsa com perda de inserção o Quanto maior a profundidade de bolsa, pior o prognóstico - Defeitos infra-ósseos - Relação do nível ósseo remanescente - Relação do dente adjacente a áreas desdentadas - Relação morfológica da perda óssea (Morfologia do defeito) o Horizontal: sem regeneração o Vertical: variável. Dependendo da forma do defeito, pode haver uma regeneração do ligamento periodontal - Regeneração dos defeitos verticais - Classificação dos defeitos - Quanto maior o número de paredes ósseas, maior a regeneração periodontal. Perda de paredes -> perda de regeneração Enxerto em periodontia: Difícil de dar certo, pela baixa circulação sanguínea local. Prognóstico das Doenças Periodontais: PROGNÓSTICO EXCELENTE: - Nenhuma perda óssea - Condição gengival excelente - Boa cooperação do paciente - Nenhum fator sistêmico/ambiental PROGNÓSTICO BOM: - Suporte ósseo adequado - Boa estabilidade dos dentes - Possibilidade de controle dos fatores etiológicos - Boa cooperação do paciente - Fator sistêmico/ambiental ausente ou controlado PROGNÓSTICO REGULAR: - Suporte ósseo menor do que o adequado - Alguma mobilidade dental - Possibilidade de controle dos fatores etiológicos - Lesões de furca classe I - Cooperação aceitável do paciente - Fator sistêmico/ambiental limitados PROGNÓSTICO RUIM: - Perda óssea moderada para avançada - Mobilidade dental - Dificuldade de controle de placa - Lesões de furca classe I e II - Cooperação duvidosa do paciente - Fator sistêmico/ambiental presente PROGNÓSTICO DESFAVORÁVEL: - Perda óssea avançada - Mobilidade dental generalizada - Áreas de difícil acesso para limpeza - Lesões de furca classe II e III - Cooperação duvidosa do paciente - Fatores sistêmicos/ambientais não controlados Plano de tratamento periodontal: - Estabelecer condições para o controle deplaca - Evitar a perda de inserção periodontal - Sonho da periodontia: Regenerar o tecido periodontal Cirurgia periodontal: - Raspagem e alisamento radicular eficaz - Restabelecer um contorno gengival adequado - Regenerar o ligamento periodontal Fases do tratamento periodontal: TERAPIA CAUSAL: - Adequação do meio/controle do biofilme - Instrução e motivação - Raspagem e alisamento radicular - Remoção dos fatores retentivos de placa - Controle químico da placa TERAPIA CORRETIVA – CIRURGIAS: - Faz parte do tratamento. Feita quando a causal não teve resultado - Gengivectomia - Cirurgias a retalho - Cirurgias ósseas - Cirurgias mucogengivais TERAPIA DE SUPORTE: - Manutenção - Mantém a saúde periodontal - Mantém níveis de inserção - Evita a recidiva da DP - Reduz a incidência de cárie - Reduz a mortalidade dental - Frequência de 3 a 6 meses São tratáveis 3 Mariana Magalhães – 6º Período Prof. Rafael Paschoal EMERGÊNCIAS EM PERIODONTIA GENGIVITE ULCERATIVA NECROSANTE (GUN) Alterações: - Úlceras (perda do epitélio e exposição do conjuntivo) - Secreção purulenta - Sangramento - Edema Características clínicas: - Início súbito dos sintomas - Pode causar destruição tecidual, envolvendo o aparelho de inserção periodontal – periodontite ulcerativa necro- sante (PUN). [Área de osso exposta com necrose superficial] - Lesões características são depressões (ulcerações) semelhantes a crateras na crista das papilas interden- tárias, estendendo-se para a gengiva marginal. Perda de epitélio - Raramente as lesões estendem-se para a gengiva inserida e mucosa oral. - A superfície das depressões é recoberta por epitélio necrosante pseudomembranoso acinzentado, demarcado do restante da mucosa gengival por uma região de eritema linear. Região bem demarcada entre tecido sadio e lesão. - Hemorragia gengival espontânea ou sangramento intenso após mínima estimulação. - Odor fétido - Lesões extremamente sintomáticas (causa muita dor) - Paciente relata sensação de gosto metálico (alteração do paladar) - Linfoadenopatia local e febre podem estar presentes (comprometimento sistêmico) - Nas áreas onde aparecem as primeiras lesões, em geral há sinais de gengivite crônica preexistente - Condição debilitante e de rápida destruição (dificuldade de alimentar) - Condição atualmente rara, ocorrendo particularmente em adultos jovens - Ligeiramente mais frequente entre indivíduos infectados pelo HIV. Diagnóstico: - Não possui uma causa específica - O diagnóstico é baseado no quadro clínico, não há necessidade de exames - A histopatologia não é patognomônica. A biópsia não é indicada em área altamente infectada - Diagnóstico diferencial: o Gengivoestomatite herpética o Periodontite crônica (perda de inserção, bolsa, é mais lenta) o Estomatite aftosa (mais delimitada, lesões únicas) o Leucemia aguda (apenas sangramento). Hemograma. Etiologia: - Papel das bactérias: o Fusobactérias espiroquetas – Muito frequente - Papel da resposta do hospedeiro o Comprometimento do sistema imune - Fatores predisponentes locais: gengivite preexistente, lesões da gengiva e tabagismo - Fatores predisponentes sistêmicos: deficiência nutricional e doenças debilitantes - Fatores psicossomáticos (muito associada ao stress) Tratamento: - Tratamento da DOR! - Adequação do meio bucal - O tratamento inicial tem como meta a redução da carga bacteriana e a remoção do tecido necrótico para que o reparo e a regeneração da barreira de tecido normal sejam estabelecidos. o Remover infecção -> promover cicatrização - Isolamento relativo, aplicação de anestésico tópico e remoção de pseudomembrana não aderida com bolinha de algodão umedecida com água morna - Remoção do cálculo superficial o Redução da carga bacteriana -> melhora resposta - A raspagem subgengival e a curetagem são contra indicadas nesse momento inicial - Procedimentos não emergenciais devem ser adiados até que o paciente esteja livre dos sintomas por 4 semanas o Aguardar cicatrização/renovação do epitélio - Evitar tabaco, álcool e condimentos (7 a 10 dias) o Pode agravar feridas - Prescrição de clorexidina 0,12% 2x ao dia e/ou peróxido de hidrogênio 3% com água morna a cada 2 horas o A clorexidina é muito reativa e pode causar alteração de paladar. Avisar paciente o Bochecho 20 a 30minutos após a escovação - Prescrição de analgésico o Dipirona / Paracetamol - Evitar exercícios físicos e exposição prolongada ao sol o Paciente apresenta comprometimento sistêmico - Paciente com complicações sistêmicas: prescrição de antibiótico - Não prescrever anti-inflamatório: Baixa resposta imune GENGIVOESTOMATITE HERPÉTICA PRIMÁRIA - Lesões ulceradas semelhante à afta, bem delimitada, única (recorrente) ou múltipla, afeta mais de um tipo de mucosa, causa sangramento e edema Características clínicas: - Ocorre com maior freqüência em crianças com menos de seis anos, mas também é vista em adolescentes e adultos - Envolvimento difuso, eritematoso e brilhante da gengiva e da mucosa oral, com graus variáveis de edema e sangramento. 4 Mariana Magalhães – 6º Período - O estágio inicial caracteriza-se pela presença de vesículas. Vesículas que se rompem, forma lesão ulcerada. DD para afta - Após 24 horas, as vesículas rompem-se e formam pequenas úlceras dolorosas com um halo formado pela margem elevada e avermelhada - A evolução clínica da doença se limita de sete a dez dias - Adenite cervical, astenia e febre são achados comuns. Paciente fica prostrado. Diagnóstico: - Baseado na história do paciente e nos achados clínicos - Cultura viral e testes imunológicos (não é usual) - Diagnóstico diferencial: o GUN: Vesícula/ Tipo – localização das lesões o Estomatite aftosa recorrente: vesícula Etiologia: - Virus do herpes simples tipo 1 (HSV-1) Tratamento: - Controle do biofilme - Bochecho com Clorexidina 0,12% 2x ao dia - Prescrição de analgésico - Terapia antiviral: Aciclovir 200mg o Ajuda na resposta o 4x ao dia durante 5 dias o Iniciar tratamento até 3º dia de surgimento das lesões o 800mg/dia: Dose máxima - Informar ao paciente sobre o caráter contagioso da doença o Muito importante! Evitar transmissão o Separar garfo, faca, copo, prato durante fase ativa - O tratamento periodontal deve ser adiado até a resolução dos sintomas agudos o Tratamento eletivo deve ser adiado - Encaminhamento médico se não houver resolução do quadro em 2 semanas - Não prescrever anti-inflamatório PERICORONARITE: Características clínicas: - Ocorre com maior freqüência na região do terceiro molar mandibular. Muito associada ao siso - O envolvimento inflamatório agudo pode ser exacerbado por trauma, oclusão ou corpo estranho o Desgaste seletivo no antagonista - Lesão vermelha, com aumento de volume, supurativa e sintomática - Linfadenite, trismo, febre e astenia podem estar presentes - Pode evoluir para um abscesso Diagnóstico: - É baseado em achados clínicos Etiologia: - Acúmulo e crescimento bacteriano no espaço entre a coroa do dente e o capuz pericoronário Tratamento: - Irrigação suave com água morna - Avaliação da oclusão - Prescrição de clorexidina 0,12% 2x ao dia e/ou peróxido de hidrogênio 3% com água morna acada 2 horas - Prescrição de analgésico - Paciente com complicações sistêmicas: Prescrição de antibiótico - Não prescrever anti-inflamatório ABSCESSO PERIODONTAL: Características clínicas: - Inflamação purulenta localizada nos tecidos perio- dontais o Profundidade de sondagem alterada - Abscesso periodontal, abscesso gengival e abscesso pericoronal - Tumefação ovóide, lisa, edematosa, avermelhada e sintomática - Bolsa periodontal, mobilidade, exsudação e sensibilidade à percussão - Febre e linfoadenopatia podem estar presentes Diagnóstico: - É baseado em achados clínicos - Diagnóstico diferencial: o Abscesso pulpar: bolsa e vitalidade pulpar Etiologia: - Aumento do número e virulência das bactérias presentes, falta de drenagem espontânea (morfologia tortuosa e profunda da bolsa, resíduos ou epitélio adaptado bloqueando o orifício da bolsa) o Alteração de etiologia das bactérias Tratamento: - Drenagem mediante afastamento da bolsa ou incisão o Presença de ponto de flutuação ou não altera o tipo de drenagem - Raspagem e alisamento radicular: lesão pequena e de fácil acesso - Prescrição de antibiótico: celulite (processo difuso), bolsa profunda inacessível, febre, linfadenopatia e paciente imunocomprometido - Prescrição de clorexidina 0,12% 2x ao dia - Bochecho com água morna e sal - Prescrição de analgésico
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