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Teoria do Crime

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ANOTAÇÕES DE DIREITO PENAL - 2° BIMESTRE
Teoria do crime:
“É a parte da ciência do direito penal que se ocupa de explicar o que é o crime em geral, isto é, quais as suas características essenciais. Essa explicação não é apenas um mero discorrer sobre o delito com interesse puramente especulativo, mas atende à função essencialmente prática, consistente na facilitação da averiguação da presença ou ausência de delito em cada caso concreto” (Zaffaroni) 
Para entender a teoria do crime, primeiro deve-se entender o conceito de crime.
Crime: 
Conceito de crime no aspecto formal: “Crime é o fato humano contrário à lei”; “É qualquer ação legalmente punível”; “É toda ação ou omissão proibida pela lei sob ameaça de pena”.
Conceito de crime no aspecto material: “Crime é a conduta humana que lesa ou expõe a perigo um bem jurídico protegido pela lei”
Conceito analítico de crime: Estabelece os elementos estruturais do crime, adotando um conceito tripartido de crime:
	FATO TÍPICO + ILÍCITO (ANTIJURÍDICO) + CULPÁVEL
Conduta = revela o crime no mundo exterior. É a ação propriamente dita ou a omissão (comportamento humano de fazer ou não fazer). Comportamento que faz o crime existir.
Tipicidade = adequação perfeita entre o fato (conduta humana praticada) e a descrição contida na lei. É um molde perfeito criado pela lei, que descreve o crime e todos os seus elementos. Se a conduta se encaixa perfeitamente nesse molde, ela está tipificada como crime.
	Tipo = fórmula que pertence à lei. Conduta humana prevista na norma penal. É o próprio artigo da lei.
Tipicidade = Pertence à conduta. É a qualidade que se dá ao fato. É a adequação da conduta ao tipo.
Adequação típica = enquadramento do fato ocorrido concretamente ao tipo legal. Existem dois tipos de adequação típica:
Adequação típica de subordinação imediata = quando o fato se amolda ao tipo legal sem a necessidade de qualquer outra norma. O ajuste do fato à lei incriminadora se dá de forma direta.
	Ex: homicídio simples consumado, tipificado no art. 121, caput, CP.
Adequação típica de subordinação mediata = para adequar o fato ao tipo utiliza-se uma norma de extensão, sem a qual é impossível enquadrar a conduta. O ajuste do fato à lei se dá de forma indireta.
Ex: homicídio com participação de outra pessoa no crime. Para enquadrar a conduta é necessário o art. 121, caput, CP e art. 29, CP.
Ilicitude/Antijuricidade = é a contradição entre uma conduta e o ordenamento jurídico (conduta ilegal; proibida; contrária à lei).A ilicitude é sempre objetiva, pois independe da culpabilidade do agente. Entretanto, existem causas legais e supralegais que excluem a ilicitude do ordenamento jurídico.
Causas legais = aquelas previstas em lei, como por exemplo o Estado de necessidade, legítima defesa, estrito cumprimento do dever legal e o exercício regular do direito.
Causas supralegais = não está prevista em lei, entretanto, ao considerarmos que o consentimento exclui a ilicitude do fato ao tratar de interesse jurídico livremente disponível e justificável. Tratando-se de menores de idade, o responsável legal pode decidir por eles, como por exemplo a colocação de brincos em bebês.
Culpabilidade = terceiro elemento do crime. É o juízo de reprovação de determinada conduta. É a possibilidade de se declarar culpado do autor de um fato típico e ilícito.
	Requisitos:
Imputabilidade = trata-se da capacidade ou aptidão para ser culpável. Considera- se inimputáveis os maiores de 18 anos com problemas mentais e os menores de 18 anos.
Potencial consciência sobre a ilicitude do fato = a consciência da ilicitude baseia-se no conhecimento das circunstâncias mencionadas. Por isso, ao conhecimento da realização do tipo deve-se acrescentar o conhecimento da antijuricidade. 
Para que se averigue que determinada conduta seja enquadrada como crime e passível de reprovação, faz-se necessário observar se o agente possuía consciência sobre a ilicitude do fato, ou seja, se ele não agiu sobre a hipótese do erro de proibição (art. 21, CP).	Comment by Ana Júlia Ferraro: "Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um terço".
Exigibilidade da conduta diversa = é a possibilidade que tinha o agente de, no momento da ação ou da omissão, agir de acordo com o direito, considerando-se sua particular condição de pessoa humana. 
É a situação onde o agente possuía a oportunidade de não violar o direito, ou não cometer determinado delito.
Do Crime:
Teoria do fato punível:
Determina elementos necessários à construção de um sistema propiciador de segurança jurídica.
Direito penal do fato:
O autor deve ser punido pelo que fez. Punido pela conduta praticada.
Direito penal do autor:
Aplicação da pena em razão do “ser” daquele que o pratica, e não em razão do ato praticado. A personalidade do autor é criminalizada, não sua conduta.
O direito brasileiro adota a teoria do direito penal do fato para a caracterização do crime, e para estabelecer a sanção, regime de cumprimento...adota a teoria do direito penal do autor.
Em sintese, no sistema judiciário brasileiro ocorre o seguinte:
Para responsabilizar alguém penalmente pela prática de uma conduta criminosa, não interessa o histórico ou antecedente do investigado/suspeito. Para haver punição deve-se comprovar que a conduta criminosa foi praticada pela pessoa = DIREITO PENAL DO FATO.
Para a fixação da pena, espécie de pena, regime de cumprimento, etc, que é um momento posterior à responsabilização penal (imputação), leva-se em consideração o grau de culpabilidade, os antecedentes, consequências do crime, etc = DIREITO PENAL DO AUTOR.
Divisão dos crimes:
Crimes/Delitos = os crimes sujeitam seus autores às penas de reclusão e detenção; cominam-se penas privativas de liberdade, isolada, alternativa ou cumulativamente com multa
Contravenções = implicam no máximo em prisão simples; admite-se a possibilidade de fixação unicamente de multa (o que não ocorre com os crimes).
	
Segue abaixo quadro comparativo de outras distinções entre crimes e contravenções penais:
No Brasil, adota-se a divisão dicotômica, ou seja, não há todas essas diferenças entre crime e contravenção. A única diferença é quantitativa, sendo a contravenção um crime menor e menos grave que o crime/delito.
Qualificação legal e doutrinária dos crimes
Qualificação é o nome dado ao fato ou à infração penal pela doutrina ou pela lei. A qualificação legal é aquela em que o nome do delito é atribuído pela lei, como por exemplo o homicídio, que está definido no art.121, CP. A qualificação doutrinária é o nome dado pelos estudiosos do direito, e algumas dessas qualificações que serão estudadas abaixo:
Qualificação do fato = é o nome do tipo penal dado pelo legislador, como por exemplo “lesão corporal”.
Qualificação da infração = é o nome que recebe a modalidade a que pertence o fato: crime ou contravenção. A “lesão corporal” é qualificada como crime, o porte de arma branca, contravenção.
Crimes comuns = são aqueles que podem ser praticados por qualquer pessoa.
O tipo penal não exige, em relação ao sujeito ativo, nenhuma condição especial. Ex: furto, homicídio, crimes contra a honra…
Crimes próprios/especiais = são aqueles que seu tipo legal é constituído de elementos incomuns, não habitualmente encontrados nos delitos em geral. O crime é denominado especial porque na constelação das infrações criminais existem aqueles que se destacam dos demais por uma particular característica de teor político ou militar. São figuras delituosas que necessitam de “ambiente” próprio para que possam florescer. Diferentes dos crimes que brotam em “ambiente” natural, comum, vulgar. Em outras palavras, são crimes que exigem uma situação fática ou jurídica diferenciada por parte do sujeito ativo. Ex: crimes militares, peculato…	Comment by Ana Júlia Ferraro: Crime de Peculato significa subtrair bens alheios com objetivo de obter bens financeirosem função da ocupação do seu cargo. Implica, também, na permissão de que outro funcionário público ou terceiros cometam o crime e não sejam denunciados por isso. Esses bens podem ser da Administração Pública ou de terceiros, mas sempre ocorrido devido ao fato de a pessoa ocupar o cargo público.Assemelha-se muito ao furto, porém é cometido contra a Administração Pública.Arts. 312 e 313 do CP.
Crimes de mão própria/de atuação pessoal/conduta infungível = são aqueles que somente podem ser praticados pela pessoa expressamente indicada no CP. Tais crimes não admitem coautoria, mas somente a participação, eis que a lei não permite delegar a execução do crime a terceira pessoa. Ex: falso testemunho, prevaricação…
Crimes de dano/lesão = a sua consumação somente se produz com a efetiva lesão do bem jurídico. Trata-se da ocorrência de um prejuízo efetivo e perceptível pelos sentidos humanos. Ex: homicído, lesão corporal, dano…
Crimes de perigo = são aqueles que se consumam com a mera exposição do bem jurídico penalmente tutelado a uma situação de perigo, ou seja, basta a probabilidade de dano. 
Crimes materiais/causais = são aqueles em que o tipo penal aloja em seu interior uma conduta e um resultado naturalístico, sendo a ocorrência desse último necessária para a consumação. Ex: homicídio - a conduta é “matar alguém”, e o resultado naturalístico ocorre com o falecimento da vítima, operando-se com ele a consumação.
Crimes formais/de consumação antecipada/de resultado cortado = são aqueles nos quais o tipo penal contém em seu bojo uma conduta e um resultado naturalístico, mas este último é desnecessário para a consumação.O crime é consumado com a mera prática da conduta.Ex: crime de ameaça - a vítima pode até sentir-se amedrontada com a promessa de mal injusto e grave, mas isso não é necessário para a consumação do crime.	Comment by Ana Júlia Ferraro: Art. 147 - Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou qualquer outro meio simbólico, de causar-lhe mal injusto e grave:Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. A pessoa não precisa sentir medo do mal injusto e grave, basta que o autor tenha praticado a conduta de ameaçar
Crimes de mera conduta/simples atividade = é aquele em que a ação ou a omissão bastam para constituir o elemento material (objetivo) da figura típica penal. São aqueles em que o tipo penal se limita a descrever a conduta, ou seja, não contém o resultado naturalístico. Ex: ato obsceno - a simples prática do ato obsceno já consuma o crime, não é necessário o resultado dessa ação.	Comment by Ana Júlia Ferraro: Art. 233 - Praticar ato obsceno em lugar público, ou aberto ou exposto ao público:Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.Obs: basta que haja a conotação sexual no ato em questão para que seja consumado. Não exige nenhuma finalidade especial do agente, não precisa ter intenção de ofender, basta o dolo de praticar o ato.
Crimes comissivos/de ação = são praticados mediante uma conduta positiva, um fazer. A maioria dos crimes se enquadra nessa categoria. Ex: roubo, estupro…
Crimes omissivos = são cometidos por meio de uma conduta negativa, de uma inação, de um não fazer. Subdividem-se em:
Crimes omissivos próprios/puros = a omissão está contida no tipo penal, ou seja, a descrição da conduta prevê a realização da conduta por meio de uma conduta negativa. Nesses casos, o omitente não responde pelo resultado naturalístico eventualmente produzido, mas somente pela sua omissão. Ex: omissão de socorro - a conduta omissiva está descrita na lei “deixar de prestar” (seja também na variante “não pedir”); Os crimes omissivos são unissubsistentes, isto é, compostos por um único ato.	Comment by Ana Júlia Ferraro: Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública:Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. Parágrafo único - A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta lesão corporal de natureza grave, e triplicada, se resulta a morte.
Crimes omissivos impróprios/comissivos por omissão = o tipo penal aloja, em sua descrição uma ação, uma conduta positiva, mas a omissão do agente, que descumpre seu dever jurídico de agir, acarreta a produção do resultado naturalístico e sua consequente responsabilização penal. Ex: a mãe tem o dever jurídico de cuidar do filho. Se ela deixa de alimentá-lo, por exemplo, e a criança morre ela responderá por crime de homicídio. Nota-se que a morte da criança não ocorreu por uma ação, e sim por uma omissão da mãe.
Crimes de conduta mista = são aqueles em que o tipo penal é composto de duas fase distintas, uma inicial e positiva, e outra final e omissiva. Ex: crime de apropriação de coisa achada - inicialmente, o agente encontra uma coisa perdida e dela se apropria (conduta positiva). Depois, deixa de restituí-la a quem de direito ou de entregá-la à autoridade competente (conduta negativa).	Comment by Ana Júlia Ferraro: Art. 169, § único, II. Quem acha coisa alheia perdida e dela se apropria, total ou parcialmente, deixando de restituí-la ao dono ou legítimo possuidor ou de entregá-la à autoridade competente, dentro no prazo de 15 (quinze) dias.
Crimes instantâneos = aqueles que se exaurem com o resultado. Se consumam imediatamente, sem prolongação. Ex: homicídio, roubo, furto...
Crimes permanentes = aqueles cuja consumação se prolonga no tempo. A consumação continua ocorrendo enquanto perdurar determinada situação. São identificados por verbos que permitem uma constância, como portar, manter, privar...Ex: sequestro (privar a liberdade de alguém)
Crimes continuados = previsto no art.71, CP. Constituídos por duas ou mais violações jurídicas da mesma espécie. Quando o agente pratica dois ou mais crimes da mesma espécie, supõe-se que os crimes subsequentes são uma continuação do primeiro.	Comment by Ana Júlia Ferraro: Art. 71 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devem os subseqüentes ser havidos como continuação do primeiro, aplica-se-lhe a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois terços.
Crimes progressivos = quando um tipo contém outro, de modo que sua realização não ocorre senão passando-se pela realização do que ele contém. Ex: crime de homicídio - primeiro o agente pratica lesão corporal e depois causa a morte da vítima (consumação do homicídio).
Crimes unilaterais = podem ser praticados por um único indivíduo. 
Crimes bilaterais = exigem o encontro/participação de duas pessoas. Ex: bigamia
Crimes profissionais = qualquer delito praticado por aquele que exerce uma profissão, utilizando-se dela para a prática da atividade ilícita. “Viver do crime”. Ex: aborto praticado por médicos em clínicas clandestinas.
Crimes exauridos = quando um crime, após a consumação, é levado a outras consequências lesivas. O agente, mesmo após atingir o resultado pretendido, continua a agredir o bem jurídico. Ex: extorsão - consuma-se com o constrangimento da vítima, porém o exaurimento se dá quando o agente obtém a vantagem econômica pretendida.	Comment by Ana Júlia Ferraro: Art. 158 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o intuito de obter para si ou para outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar de fazer alguma coisa:Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
Crime de ação múltipla = o tipo contém várias modalidades de conduta delituosa, as quais, praticadas pelo agente, constituem fases do mesmo crime. Ex: art. 122, CP - pode ser consumado induzindo, instigando ou prestando auxílio ao suicida.	Comment by Ana Júlia Ferraro: Art. 122 - Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-lhe auxílio para que o faça:Pena - reclusão, de dois a seis anos, se o suicídiose consuma; ou reclusão, de um a três anos, se da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave.
Sujeitos do Delito
São as pessoas ou entes relacionados à prática e aos efeitos da empreitada criminosa. Dividem-se em sujeito ativo a passivo:
Sujeito ativo = pessoa que realiza direta ou indiretamente a conduta criminosa, seja isoladamente, seja em concurso.
O autor e coautor realizam o crime de forma direta, ao passo que o partícipe e o autor mediato o fazem indiretamente.
O sujeito ativo pode receber várias denominações, dependendo do momento processual, com por exemplo agente (geral), indiciado (no inquérito policial), réu (após o recebimento da inicial acusatória)...
A regra é que somente o ser humano pode ser sujeito ativo de infrações penais, mas também se discute a possibilidade de responsabilidade penal da pessoa jurídica.
Pessoa Jurídica como sujeito ativo de crimes
A teoria mais aceita no direito é a da realidade, que sustenta que a pessoa jurídica é um ente autônomo e distinto de seus membros, dotada de vontade própria.
Existem duas correntes, uma que afirma a impossibilidade da pessoa jurídica ser sujeito ativo, com os seguintes argumentos:
A pessoa jurídica não tem vontade própria, portanto, não pode praticar condutas.
Não é dotada de consciência própria para entender o caráter intimidativo da pena.
Não é imputável, pois só o ser humano adquire capacidade de entender o caráter ilícito de um fato e determinar-se de acordo com esse entendimento.
A pessoa jurídica tem sua atuação vinculada com seu estatuto social, não contendo nele a prática de crimes.
Não se pode aplicar pena privativa de liberdade, característica indissociável do Direito Penal.
A segunda corrente apoia a possibilidade da pessoa jurídica ser sujeito ativo de crimes:
A pessoa jurídica constitui-se em ente autônomo, dotado de consciência e vontade, razão pela qual pode realizar condutas e assimilar a natureza intimidatória da pena.
Deve responder pelos seus atos, adaptando-se o juízo de culpabilidade e suas características.
Assim como o estatuto social da empresa não contém a prática de crimes, não contém a realização de atos ilícitos, o que não os impede de serem realizados.
O direito penal não se limita a pena de prisão. Ao contrário, cada vez mais a pena privativa de liberdade deve ser entendida como medida excepcional (ultima ratio), preferindo-se a aplicação de penas alternativas.
Com a opção pela segunda corrente, a Constituição Federal admitiu a responsabilidade penal da pessoa jurídica nos crimes contra à ordem econômica e financeira, contra a economia popular e contra o meio ambiente, autorizando o legislador a cominar penas compatíveis com sua natureza, independentemente da responsabilidade individual dos seus dirigentes.
Capacidade especial do sujeito ativo = há crimes que podem ser cometidos por qualquer pessoa imputável. Outros exigem determinada posição jurídica ou de fato do agente. Ex: funcionário público - condição jurídica do sujeito ativo de peculato
Sujeito passivo = é o titular do bem jurídico protegido pelo tipo penal incriminador, que foi violado. Pode ser denominado vítima ou ofendido, e divide-se em duas espécies:
Sujeito passivo constante/mediato/geral = é o Estado, pois a ele pertence o direito público subjetivo de exigir o cumprimento da legislação penal. Atua como sujeito passivo em todos os crimes, pois qualquer violação da lei penal transgride interesse a ele reservado pelo ordenamento jurídico.
Sujeito passivo eventual/imediato/particular = é o titular do bem jurídico tutelado pela lei penal.
Pessoa Jurídica como sujeito passivo de crimes contra a honra
O Código Penal Brasileiro tipifica delitos que ofendem a honra pessoal, os quais são eles: calúnia, injúria e difamação. A honra é também protegida pela Constituição Federal em seu artigo 5º, inciso X.
Considerando que não só uma pessoa física possui uma imagem que pode ser denegrida, mas como também a imagem de uma pessoa jurídica, surge a indagação de uma empresa figurar no polo passivo de um crime contra a honra.
A pessoa jurídica pode constar como sujeito passivo do crime de calúnia e do crime de difamação, neste indistintamente e naquele sob condicionantes. Na calúnia, pelo que está consolidado em nossa legislação vigente, admite-se apenas quando a imputação for de fato definido como crime ambiental, nos parâmetros da Lei 9.605/98 (Lei de Crimes Ambientais). Já na difamação, a pessoa jurídica, por possuir inequívoca honra objetiva, estando sujeita a danos e abalos em sua reputação, pode figurar sem ressalvas como sujeito passivo do delito em tela.
A pessoa jurídica, por não possuir a chamada honra subjetiva, patrimônio exclusivo da pessoa física, não pode ser sujeito passivo do crime de injúria, visto que este visa agredir justamente a esse viés da honra pessoal, ou seja, ao sentimento pessoal do indivíduo, ao conceito que tem de si.
Conflito aparente de normas:
Trata-se da situação que ocorre quando, ao mesmo fato, parecem ser aplicáveis duas ou mais normas, formando um conflito apenas aparente. O conflito aparente de normas surge no universo da aplicação da lei penal, quando esta entra em confronto com outros dispositivos penais, ilusoriamente aplicáveis ao mesmo caso.
O direito estabelece alguns mecanismos para resolver esses conflitos para a aplicação da lei penal:
Critério da especialidade = A lei especial afasta a aplicação da lei geral. Para identificar a lei especial, leva-se em consideração a existência de uma particular condição, que lhe imprima severidade menor ou maior em relação à outra. Em outras palavras, a norma especial deve conter todos os elementos da norma geral e algumas outras particularidades típicas dessa norma, constituindo uma subclasse agravada ou atenuada. Ex: o crime de infanticídio é especial em relação ao homicídio. 
Critério da subsidiariedade = Uma norma é considerada subsidiária a outra quando a conduta nela prevista integra o tipo da principal, sendo assim, a lei principal afasta a aplicação da lei secundária. Pode ser explícita ou implícita:
Subsidiariedade explícita = quando a própria lei indica subordina sua aplicação à não aplicação da outra, de maior gravidade punitiva. Ex: exposição a perigo (“se o fato não constitui crime mais grave”).
Subsidiariedade implícita = quando o fato incriminado em uma norma entra como elemento componente ou agravante especial de outra norma. Ex: omissão de socorro em relação ao homicídio culposo qualificado.
Critério da consunção/absorção = quando o fato previsto por uma lei o está previsto em outra de maior amplitude, aplica-se a última. Em outra palavras, quando a infração prevista na primeira norma constituir simples fase de realização da segunda infração, estabelecida em dispositivo diverso, deve-se aplicar apenas a última. Ex: crimes progressivos - violação de domicílio com a finalidade de praticar furto a uma residência. A violação é uma mera fase de execução do delito patrimonial.
Critério da alternatividade = não configura um conflito aparente de normas, vez que se caracteriza quando a norma penal prevê vários fatos alternativamente, como modalidade de um mesmo crime. Ex: a conjunção carnal permite o enquadramento nos delitos de estupro, violação sexual mediante fraude ou assédio sexual. Eleito o estupro, os delitos de violação sexual mediante fraude e assédio sexual estão automaticamente excluídos.
	IMPORTANTE:
Autor = quem pratica o crime
Co-autores = quando o crime é praticado por mais de uma pessoa (tem mais de um autor). Podem ter o mesmo tipo de envolvimento (Ex: todos atiraram na vítima) ou participações diferentes (Ex: um planejou e o outro executou) no crime.
Partícipe = quem ajuda. Ex: mesmo sabendo das intenções do autor ele leva a vítima ao local para que o autor possa matá-la
Relembrando: Crime = Fato típico + Ilicitude + Culpabilidade
Elementos do fato típico
Conduta
Resultado
Relação de causalidade
Tipicidade 
1 - CONDUTA
Teorias sobre a condutaTeoria Causal - naturalista da ação (Clássica):
Essa teoria foi criada por Von Liszt no fim do século XIX, e foi inspirada no jusnaturalismo e no desenvolvimento científico da época.
Desse modo, o delito considerado como uma conduta punível era aquele em que a ordem jurídica associa a pena como legítima consequência do fato. O conteúdo do fato era preenchido pela vontade humana (afastando os casos independentes de vontade), ilicitude (fato contrário ao direito) e culpabilidade (ato doloso ou culposo praticado por um imputável).
Assim ficou delineada a teoria causal, demonstrando que a infração penal era uma conduta culpável, contrária ao direito e sancionada com uma pena.
Associando as lições de Beling, Raderuch e Liszt, tem-se o conceito analítico de crime: fato típico, antijurídico e culpável.
Para que o fato se tornasse típico seria necessária uma ação ou omissão voluntária e consciente que produzisse movimentos corpóreos. Essa movimentação natural do corpo geraria um resultado, que, se fosse lesivo a um bem jurídico penal, iria se encaixar no tipo penal (modelo de conduta proibida), e assim, estaria formado o fato típico.
A partir disso, analisava-se a ilicitude do fato típico. Em caso positivo, verificava - se se o agente agiu com dolo ou culpa. Preenchidos os três elementos, emerge o crime e a sua consequência seria a aplicação de uma pena.
Teoria Finalista da ação:
Se fortaleceu e tornou-se conhecida através de Hans Welzel, filósofo que subtraiu da culpabilidade o aspecto subjetivo do crime (dolo e culpa), e o acrescentou ao tipo penal. Tal teoria tem como preceito fundamental o estudo do crime como atividade humana.
A teoria consiste em determinar a ação como uma conduta final, ou seja, qualquer pessoa ao agir tem uma finalidade. Qualquer pessoa ao praticar uma ação consegue prever suas consequências, devido ao seu saber causal. É essa noção que distingue as ações humanas das ações naturais.
Sendo assim, a vontade humana (responsável por caracterizar o dolo e a culpa) é o primeiro passo do criminoso. Ou seja, a finalidade/intenção do autor deve ser observada para que a conduta possa ser imputada.
A ação ou omissão combinada com o dolo ou com a culpa são elementos fundamentais para a composição da conduta.
Realizada a conduta, atinge-se determinado resultado, constituindo-se um fato. Esse fato pode ser típico ou não. Constituindo fato típico, resta ainda analisar a ilicitude e a culpabilidade para saber se há crime. Não constituindo fato típico, cessa-se a ideia de ter havido uma infração penal. No entanto, nas duas hipóteses, a conduta humana tinha uma finalidade.
Nessa teoria a culpabilidade perdeu seu traço psicológico, mas não perdeu completamente seu valor. Ela continua como juízo de reprovação social, voltado ao autor do fato, desde que seja imputável, tenha agido com consciência potencial de ilicitude, podendo atuar conforme o direito.
Os causalistas tinham noção apenas do dolo “mau” (normativo), ou seja, quem agisse com dolo, automaticamente, estaria atuando com consciência da ilicitude, com o conhecimento de fazer algo errado.
Wezel demonstra o dolo natural, aquele em que o agente tem a vontade de preencher os elementos do tipo penal, mas não possui necessariamente a consciência de que age ilicitamente. Portanto, a vontade de cometer um fato típico não traz, necessariamente, a consciência da ilicitude.
Teoria Social da ação:
Formulada por Eberhard Schmidt, e depois desenvolvida por Wessels e Jescheck. Tal teoria é uma mistura de pensamentos da teoria finalista e causalista.
De acordo com essa teoria, a finalidade do agente somente teria sentido, para efeito de tipificação, se fosse considerada socialmente relevante.
Só considera relevante ações/condutas que atinjam terceiros ou que possuam cunho social.
O maior obstáculo dessa teoria é referente à valoração do que seria socialmente relevante. Quem iria afirmar e comprovar isso? Tal conceito seria injustificável para a teoria do crime, que busca segurança para a tipificação de uma conduta.
Teoria Funcionalista da ação:
Teoria criada por Claus Roxin e continuada por Gunther Jakoes. O funciconalismo não tem como finalidade quebrar a estrutura conceitual analítica do delito. O crime continua a ser um fato típico, antijurídico e culpável, mas pretende fornecer novos conceitos a cada uma dessas categorias, a ponto de funcionalizar a estrutura do delito, aprimorando-a para servir à legitimação da pena, sempre na perspectiva da política criminal ou de um sistema de normas:
Funcionalismo teleológico = altera-se o conceito de conduta, que passa a ser “Conduta é comportamento humano voluntário, causador de relevante e intolerável lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado pela norma penal”.
Funcionalismo sistêmico = define conduta penalmente relevante separando a ação da omissão. Ação é a causação inevitável do resultado e a omissão é a não evitação evitável de um resultado. Sendo assim, “Conduta é comportamento humano voluntário causador de um resultado evitável, violador do sistema frustrando as expectativas normativas”.
Teoria Neokantista da ação:
Trata-se de uma segunda fase do causalismo, criada por Mezger e Frank. Constrói a ideia de que a culpabilidade possui outros fatores, além do dolo e da culpa, constituídos pela valoração de quem analisa o fato. Essa valoração é dada pelo Estado- juiz, que censurará ou não o fato típico e antijurídico praticado, ou não, pelo agente. 	Comment by Ana Júlia Ferraro: Omissão
Ao invés de utilizar o termo ação, preferem adotar o termo “comportamento”, para abranger também a omissão.
Para os pensadores dessa corrente, a conduta é um comportamento (ação ou omissão) voluntário que produz uma modificação no mundo exterior perceptível pelos sentidos. 
Deixou de considerar a culpabilidade integralmente psicológica (deixou de ser constituída apenas de dolo e culpa). Incluí-se uma parte normativa - juízo de valor - em relação ao autor do fato típico e antijurídico. Diz -se que a culpabilidade passou a ser psicológico-normativa ou somente normativa.
Teoria Constitucional: 
O princípio da dignidade humana e todos os demais princípios específicos dele derivados dão conteúdo à norma penal.
O fato típico será, por conseguinte, resultante da somatória dos seguintes fatores: subsunção formal (era o que bastava para a teoria naturalista ou causal) + dolo ou culpa (a teoria finalista só chegava até esse segundo requisito) + conteúdo material de crime (que é muito mais do que apenas a inadequação social da teoria social da ação).
Formas de conduta
A conduta pode se exteriorizar por ação ou omissão:
Ação ou comissão = movimento corporal exterior. Uma postura positiva, um fazer. O agente comete o delito por fazer algo que a lei proíbe. 
Omissão = é a conduta de não fazer aquilo que podia e deveria ter feito. Comportamento negativo, abstenção de movimento, não fazer. Omissão penalmente relevante é aquela que:
 tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância;
 de outra forma assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; 
com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado.
A omissão pode dar origem a duas espécies de crimes:
Omissivos próprios ou puros = o tipo penal já tipifica a omissão.É o simples comportamento, a pessoa não responde pelo resultado, pois não tinha dever de agir. Ex: omissão de socorro - ocorre um acidente e o acidentado morre. Se alguém passou pelo local e não o ajudou, a pessoa responde pela omissão de socorro, e não pela morte da vítima.
Omissivos impróprios ou comissivos por omissão = a pessoa tem o dever de agir, mesmo que o crime não esteja tipificado. Nesse crime o agente têm o dever de agir, e se não o faz, respondem pelo resultado do acontecimento. Ex: salva vidas que vê uma pessoa se afogando e não faz nada para ajudar. Se a pessoa morrer ele responde por homicídio.
2- RESULTADO
É a consequência provocada pela conduta do agente. É a modificação no mundo exterior provocada pelo comportamento humano voluntário.Ex: para o homicídio é a morte da vítima.
Resultado jurídico/normativo = é a lesão ou exposição a perigo de lesão do bem jurídico protegido pela lei penal. É, simplesmente, a violação da lei penal, mediante a agressão do valor ou interesse por ela tutelado.
Resultado naturalístico/material = é a modificação no mundo exterior provocada pela conduta do agente.
OBS: A lei prevê crimes que não possuem modificação no mundo exterior, como por exemplo a injúria oral, o ato obsceno...Portanto, para evitar incompatibilidade entre os dispositivos, deve-se adotar o conceito jurídico normativo de resultado. 
Segundo Damásio, o resultado pode ser físico (dano), fisiológico (lesão, morte) ou psicológico (temor no crime de ameaça).
Espécies de resultado
Jurídico/normativo = é a lesão ou exposição a perigo de lesão do bem jurídico protegido pela lei penal. Todo crime tem um resultado jurídico, porque sempre agride um bem jurídico tutelado. Sem resultado jurídico não existe crime. 
Erro da execução = quando, por acidente ou erro no uso dos meio de execução, o agente, em vez de atingir a pessoa que pretendia ofender, atinge pessoa diversa.
Resultado diverso do pretendido = quando, por acidente ou erro na execução do crime, sobrevém resultado diverso do esperado, o agente responde por culpa, se o fato é previsto como crime culposo.
Naturalístico/material = é a modificação do mundo exterior provocada pela conduta do agente. Nem todo crime possuí resultado naturalístico. Ex: perda patrimonial nos casos de furto.
Crimes materiais = a consumação só ocorre com a produção do resultado naturalístico. Ex: o homicídio só se consuma com a morte.
Crimes formais = consuma-se independentemente da produção do resultado naturalístico. O resultado naturalístico é dispensável. 
Crimes de mera conduta = não admite resultado naturalístico.
Caso fortuito e força maior
Não há fato típico na ocorrência de resultado lesivo em decorrência de caso fortuito e força maior.
3- CAUSALIDADE (nexo causal)
Prevista no art. 13 do CP : “O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido”.
É o vínculo formado entre a conduta praticada pelo autor e o resultado por ele produzido.
Tem pertinência somente aos crimes materiais, pois nesse tipo de delito há a descrição de uma conduta e um resultado naturalístico, exigindo a produção deste último para a consumação.
Concausas:
A palavra concausa diz respeito à concorrência de causas, ou seja, há mais de uma causa contribuindo para o resultado final.
Concausa preexistente = existe anteriormente à prática da conduta. O resultado naturalístico teria ocorrido mesmo sem o comportamento ilícito do agente. Ex: uma pessoa dispara tiros contra outra, atingindo-a em regiões vitais. Entretanto, o exame necroscópico conclui que a morte foi provocada pelo envenenamento que outra pessoa efetuou anteriormente.
Concausa concomitante = ocorrem simultaneamente à prática da conduta, ao mesmo tempo em que o agente realiza o fato criminoso. Ex: uma pessoa dispara arma de fogo contra outra ao mesmo tempo que o teto do local desaba sobre a cabeça da vítima.
Concausa superveniente = se concretiza após a conduta ser praticada pelo agente, Ex: uma pessoa envenena outra, mas antes que a vítima morra, outra pessoa atira nela.
Superveniência de causa relativamente independente = disciplinada no art. 13,§1,CP. Exclui as causas preexistentes ou concomitantes. Quando ocorrem, só haverá duas alternativas: ou são absolutamente independentes e excluem a relação causal ou são relativamente independentes e se aliam à conduta, não excluindo o nexo de causalidade.	Comment by Ana Júlia Ferraro: Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido.§ 1º - A superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação quando, por si só, produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou.
4- TIPICIDADE
É a adequação do fato típico ao tipo penal. É a correspondência exata entre o fato e a descrição da lei.
Tipicidade indireta = nem sempre a adequação do fato penal se opera de forma direta, sendo necessário à tipicidade que se complete o tipo penal com outras normas, contidas na parte geral dos códigos. 
Espécies de tipos penais
Tipo fundamental = retrata a forma mais simples da conduta criminosa. Situado no caput do artigo. Contém apenas os componentes essenciais do crime. Ex: homicídio simples - caput art.121, CP.
Tipo derivado = se estrutura com base no tipo fundamental, a ele se somando circunstâncias que aumentam ou diminuem a pena. Dividem -se em qualificados (qualificadoras) ou circunstanciados (causas de aumento da pena) e privilegiados (causas de diminuição da pena).
Tipo permissivo/justificador = não descrevem fatos criminosos, e sim as hipóteses que eles podem ser praticados. Descrevem as causas de exclusão da ilicitude.
Tipo incriminador = descreve condutas proibidas. Todo fato enquadrável em um tipo incriminador será ilícito, salvo se também enquadrar em algum tipo permissivo.
Tipo normal = prevê elementos de ordem objetiva.
Tipo anormal = prevê elementos de ordem objetiva e subjetiva.
Tipo fechado = possui descrição minuciosa da conduta criminosa. Ex: furto	Comment by Ana Júlia Ferraro: Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel:Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Tipo aberto = não possui descrição minuciosa da conduta criminosa. Cabe ao judiciário, na análise do caso concreto, complementar a tipicidade mediante juízo de valor. 
Crime Doloso	Comment by Ana Júlia Ferraro: Art. 18 - Diz-se o crime:Crime doloso I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo;
Na ótica causalista, dolo “é a vontade consciente de praticar a conduta típica, acompanhada da consciência de que se realiza um ato ilícito”, e funciona como elemento da culpabilidade.
De acordo com a concepção adotada pelo direito penal brasileiro (concepção finalista), dolo é a “vontade e consciência de realizar os elementos do tipo incriminador”, que integra a conduta. É o elemento psicológico do tipo penal, implícito e inerente a todo crime doloso.
Abrange o objetivo do sujeito, os meios que emprega para isso e as consequências secundárias que estão necessariamente vinculadas com o emprego dos meios.
Teorias do dolo
Teoria da representação = Nessa teoria, o autor consegue prever o resultado, e mesmo assim pratica a conduta. Não importa se o agente quis o não o resultado, importa apenas que ele pode prever o que iria acontecer se ele agisse daquela forma.
Essa teoria não é adotada pelo nosso sistema, pois confunde dolo com culpa consciente.
Teoria da vontade = Dolo é a vontade consciente de querer praticar a infração penal.
Teoria do assentimento = Complementa a teoria da vontade, pois há dolo não somente quando o agente quer o resultado, mas também quando realiza a conduta assumindo o risco de produzi-lo.
Elementos do dolo
O dolo é composto por consciência (elemento intelectual) e vontade (elemento volitivo): 
Elemento intelectual/cognitivo = consiste no conhecimento de todos os contornos típicos de sua conduta, cabendo destacar que “é desnecessário o conhecimento da configuração típica, sendo suficiente o conhecimento das circunstâncias de fato necessárias à composição da figura típica”.
Elemento volitivo = é o que controla o comportamento e permite a tomada de atitudes pelo indivíduo e o controle de impulsos. Conforme ensina Eugênio Raul Zaffaroni e José Henrique Pierangeli, “a vontade implica sempre uma finalidade, porque não se concebe que haja vontade de nada ou vontade para nada; a vontade sempre é vontade de algo, isto é, a vontade sempre tem um conteúdo, que é uma finalidade”
Espécies de dolo
Dolo direto = Trata-se da vontade consciente do agente dirigidaespecificamente à produção do resultado típico, abrangendo os meios utilizados para tanto. Pode ser de primeiro grau ou de segundo grau:
Dolo direto de primeiro grau = a vontade do sujeito se adapta de modo perfeito ao resultado. Ex: Se o agente quer matar, valendo-se do uso de veneno, tem dolo direto para homicídio qualificado.
Dolo direto de segundo grau = também é chamado de dolo de consequências necessárias. É a intenção do agente, dirigida à produção de um resultado, não obstante, no emprego dos meios utilizados para obtê-lo, estejam incluídos outras consequências, outros efeitos colaterais praticamente certos. Ex: Situação na qual o agente, desejando matar determinada pessoa que está em ambiente público, usa de explosivo que, ao detonar, certamente matará outras pessoas que ali também se encontram. Nesse caso, embora o agente não quisesse atingir outras vítimas, esse resultado era absolutamente esperado na explosão do artefato.
Dolo eventual = É a vontade do agente dirigida a um resultado determinado, porém vislumbrando a possibilidade de ocorrência de um segundo resultado, não desejado, mas admitido, unido ao primeiro. Por isso a lei utiliza o termo “assumir o risco de produzi-lo”. Ex: “A” está desferindo tiros contra um muro, no quintal da sua residência (resultado pretendido: dar disparos contra o muro para treinar), vislumbrando, no entanto, a possibilidade de os tiros vararem o obstáculo, atingindo terceiros que passam por detrás. Ainda assim, desprezando o segundo resultado (ferimento de alguém), continua a sua conduta. Caso atinja, mortalmente, um passante, responderá por homicídio doloso (dolo eventual).
Dolo de dano/lesão = se dá quando o agente quer ou assume o risco de lesionar um bem jurídico penalmente tutelado. 
Dolo de perigo = ocorre quando o agente quer ou assume o risco de expor a perigo de lesão um bem jurídico tutelado penalmente.
Dolo genérico = vontade de praticar a conduta típica, sem qualquer finalidade especial. Ex: crime de homicídio, em que é suficiente a vontade de matar alguém, sem importar o motivo para configurar o crime.
Dolo específico = a vontade é acrescida de uma finalidade especial. Ex: injúria - não basta atribuir qualidade negativa à vítima, exige a finalidade de macular a honra subjetiva da pessoa ofendida.
Dolo normativo = é aquele que porta a consciência da antijuricidade.
Dolo natural = é a simples vontade de fazer alguma coisa, não contendo a consciência da ilicitude.
Dolo geral = ocorre quando o agente, com a intenção de praticar determinado crime, realiza certa conduta capaz de produzir o resultado e, logo depois, na crença de que o evento já se produziu,empreende nova ação, sendo que esta causa o resultado. Ex: o sujeito apunhala a vítima e, acreditando que já se encontra morta, joga-a nas águas de um rio, vindo a falecer cm conseqüência de asfixia por afogamento. Responde por homicídio doloso.
Nos tipos normais, compostos apenas de elementos objetivos (descritivos), basta o dolo, ou seja, a vontade de realizar a conduta típica ou voluntariamente consentir que ele se realize. Basta pois, que o agente tenha conhecimento dos elementos objetivos (verbo, sujeito passivo...). Existem porém tipos constituídos também por elementos normativos e deve o agente também ter consciência deles.
Crime Culposo	Comment by Ana Júlia Ferraro: Art. 18 - Diz-se o crime: Crime culposoII - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia.
Culpa trata-se do “comportamento voluntário desatencioso, voltado a um determinado objetivo, lícito ou ilícito, embora produza resultado ilícito, não desejado, mas previsível, que podia ter sido evitado”.
O dolo é regra, a culpa é exceção. Para que o autor seja julgado por crime culposo, é necessário que no tipo penal tenha a culpa expressamente delineada.
Elementos do crime culposo
Conduta humana voluntária = realização voluntária de uma conduta de fazer ou não fazer. O agente não pretende praticar um crime nem expor interesses jurídicos de terceiros a perigo de dano. Falta, porém, com o dever de diligência exigido pela norma Esse fato inicial pode constituir infração penal.
Inobservância do cuidado objetivo = O dever objetivo do cuidado consiste em reconhecer o perigo pro bem jurídico tutelado e se preocupar com as possíveis consequências que uma conduta descuidada pode produzir nele. O essencial no tipo de injusto culposo não é a simples causação do resultado, mas sim a forma como a ação se realiza. Por isso, a observância do dever objetivo de cuidado, é o elemento fundamental do tipo de injusto culposo e a análise desse dever é preliminar ao exame de culpa.
Princípio da confiança consiste no fato de confiarmos que as outras pessoas também vão seguir as mesmas regras de dever de cuidado objetivo e todos estaremos seguros.
Previsibilidade objetiva = O resultado deve ser objetivamente previsível. A previsibilidade objetiva é um juízo objetivo sobre a possibilidade de produzir um resultado típico, elaborado com base no conhecimento da perigosidade da conduta.
Assim, quando o agente tem conhecimento da perigosidade da conduta, acredita que pode dominar o curso causal para alcançar um fim lícito, mas não adota as medidas de cuidado objetivo adequadas para isso, ele atua de maneira culposa, apesar de conhecer a previsibilidade objetiva do resultado. Nesse caso, ele agiu com culpa consciente.
Por outro lado, quando o agente não tem o conhecimento da perigosidade da conduta, apesar de ser possível chegar a essa conclusão se prestar o mínimo de atenção, e não toma as medidas de cuidado necessárias, o agente agiu com culpa inconsciente, ou seja, sem a previsibilidade subjetiva do resultado.
A previsibilidade é um dado objetivo e por isso o fato de o agente não prever o dano ou o perigo da sua ação, quando é objetivamente previsível, não afasta a culpabilidade do agente, já que a culpa reside exatamente nessa falta de prever o que era previsível.
Ausência de previsão = É necessário que o sujeito não tenha previsto o resultado. Se o previu, estamos no terreno do dolo (salvo exceção, como é o caso da culpa consciente). Culpa é a imprevisão do previsível.
A produção de um resultado e nexo causal = É indispensável que o resultado seja consequência da inobservância do cuidado devido, que a ausência de cuidado seja causa do resultado, ou de acordo com a teoria da imputação objetiva, que o resultado típico seja a realização do risco proibido criado pela conduta do autor. Quando o resultado for inevitável, ainda que o agente tome as medidas necessárias para tentar evitar o resultado, a tipicidade é excluída.
Tipicidade = Nos crimes culposos a ação não está descrita como nos crimes dolosos. São normalmente tipos abertos que necessitam de complementação de uma norma de caráter geral, que se encontra fora do tipo.A tipicidade nos crimes culposos determina-se através da comparação entre a conduta do agente e o comportamento previsível. É típica a ação que provocou o resultado quando se observa que não atendeu o agente ao cuidado e à atenção adequados às circunstâncias.
Modalidades de culpa
Imprudência: É o comportamento sem cautela, realizado com precipitação ou com insensatez. Essa modalidade de culpa seria a culpa no sentido ativo, ou seja, o agente faz algo, produz alguma coisa, embora de maneira descuidada e infringindo o dever de cuidado objetivo.
Negligência: É a forma passiva de culpa, ou seja, o agente assume uma atitude passiva, inerte, omissiva, material e psiquicamente, por conta de seu descuido ou desatenção. Graças à sua inação, infringe o dever de cuidado objetivo e poder dar causa a um resultado danoso involuntário.
Imperícia: Trata-se de prudência no campo técnico, pressupondo uma arte, um ofício ou uma profissão. Consiste na incapacidade ou falta de conhecimento necessário para o exercício de determinado mister, que exige especialização.
Espécies de culpa
Culpa consciente ou com representação = é a culpa sem previsão do resultado. O agente não tem previsão doresultado, mas a mera previsibilidade, ou seja, a possibilidade de prever. O agente nunca almejou o resultado, nem o previu. Mas a sua condição exigia que o tivesse feito.
Culpa inconsciente ou sem representação = ocorre quando o agente prevê que sua conduta pode levar a certo resultado lesivo, embora acredite, firmamente, que tal evento não se realizará, confiando na sua atuação (vontade e capacidade) para impedir o resultado.
Culpa própria = é a que se verifica quando o agente não quer o resultado nem assume o risco de produzi-lo. É a culpa propriamente dita.
Culpa imprópria = ocorre quando o agente deseja atingir determinado resultado, embora o faça porque está envolvido pelo erro (falsa percepção da realidade) inescusável (não há justificativa para a conduta, pois, com maior prudência, teria sido evitada).
Culpa indireta/mediata = cuida-se da espécie que se verifica quando o agente produz o resultado naturalístico indiretamente a título de culpa. Ex: vítima que foi torturada no interior de um veículo em acostamento de uma movimentada via pública. Quando consegue fugir, busca atravessar a pista, mas morre atropelada. O agente responde pela tortura e indiretamente pelo resultado da morte.
Graus de culpa = não existem graus de culpa para configurar o crime, no contexto do direito penal, pouco importando se a culpa é levíssima, leve ou grave. É imperioso conferir, nas hipóteses de delito culposo, todos os elementos da estrutura da culpa. Se estiverem completos, há crime culposo.
Compensação de culpa = é incabível em matéria penal. A culpa do ofendido não exclui a culpa do agente: não se compensam. Só não responde o sujeito pelo resultado se a culpa for exclusiva da vítima.
Concorrência de culpa = todos que deram causa ao resultado respondem.
Crime Preterdoloso
Significa “além do dolo”. Ocorre quando a conduta dolosa acarreta a produção de um resultado mais grave do que o desejado pelo agente.
O propósito do autor era praticar um crime doloso, mas, por culpa, sobreveio resultado mais gravoso.
É uma figura híbrida, já que há dolo antecedente e culpa no consequente (nessa respectiva ordem). É a combinação do dolo e da culpa.
Crime Consumado
Segundo dispõe o artigo 14, I, do CP, diz-se consumado o crime quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal.	Comment by Ana Júlia Ferraro: Art. 14 - Diz-se o crime:I - consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal;
É o tipo penal integralmente realizado, ou seja, quando o tipo concreto se enquadra no tipo abstrato.
Crimes culposos = se consumam com a produção do resultado naturalístico.
Crimes de mera conduta = a consumação se dá com a simples ação.
Crimes formais = a consumação ocorre com a simples atividade, independentemente da produção do resultado descrito no tipo.
Crimes permanentes = a consumação se dá no tempo desde o instante em que se reúnem os seus elementos até que cesse o comportamento do agente.
Crimes omissivos próprios = consuma-se no instante da conduta.
Crimes omissivos impróprios = consumação se dá com a produção do resultado.
Crimes qualificados pelo resultado = a consumação ocorre no instante da produção do evento

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