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Crédito Rural

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Crédito Rural
DAS CÉDULAS DE CRÉDITO RURAL
A lei regula quatro modalidades de cédula de crédito rural:
Cédula Rural Pignoratícia;
Cédula Rural Hipotecária;
Cédula Rural Pignoratícia e Hipotecária;
Nota de Crédito Rural.
Dessas quatro modalidades, as três primeiras gozam de garantia real, de bens móveis ou imóveis. Só a Nota de Crédito Rural tem apenas garantia fidejussória. 
Declara a lei que “a cédula de crédito rural é um título civil, líquido e certo, exigível pela soma dele constante ou do endosso, além dos juros, da comissão de fiscalização, se houver, e demais despesas que o credor fizer para segurança, regularidade e realização do seu direito creditório”. 
CÉDULA RURAL PIGNORATÍCIA
Uma característica especial da Cédula Rural Pignoratícia é a de que os bens dados em garantia, ao contrário do penhor comum, em que há sempre a tradição da cousa para o credor, continuam na posse do devedor ou da pessoa que ofereceu a garantia, que responderá pela guarda dos bens como fiel depositário. 
Se os bens dados em penhor pertencerem a terceiros, para garantir dívida assumida pelo emitente da cédula, este responderá solidariamente com o proprietário dos bens pela guarda e conservação dos mesmos. E os bens apenhados não poderão, antes da liquidação da cédula, ser removidos da propriedade nessa mencionada, sob qualquer pretexto e para onde quer que seja, a não ser com o consentimento, dado por escrito, do credor pignoratício. 
CÉDULA RURAL HIPOTECÁRIA
A garantia oferecida pelo devedor será, assim, um imóvel, nesse compreendidas também construções, respectivos terrenos, maquinismos, instalações e benfeitorias nele existentes. Nessas condições, ao ser emitida a Cédula Rural Hipotecária devem nela ser descritos não apenas o imóvel sobre que se constitui cedularmente o direito real como as “benfeitorias”, consideradas como tais as construções com os respectivos terrenos, maquinismos e instalações. 
A lei determina, ainda, que “incorporaram-se à hipoteca constituída as máquinas, aparelhos, instalações e construções, adquiridos ou executados com o crédito, assim como quaisquer outras benfeitorias acrescidas aos imóveis na vigência da cédula, as quais, uma vez realizadas, não poderão ser retiradas, alteradas ou destruídas, sem o consentimento do credor, por escrito. 
Podem ser objeto de hipoteca cedular imóveis rurais e urbanos. 
Está regulada no Decreto-Lei nº 167, em seus artigos 20 a 24. 
O direito de exigir reforço da garantia. Autoriza-se esta faculdade quando se verificar a baixa dos produtos no mercado, a deterioração das coisas, ou sua diminuição e depreciação. 
A art. 65 do Decreto nº 167 assegura o direito: “Se baixar no mercado o valor dos bens da garantia ou se verificar qualquer ocorrência que determine diminuição ou depreciação da garantia constituída, o emitente reforçará essa garantia dentro do prazo de 15 dias da notificação que o credor lhe fizer, por carta enviada pelo correio sob registro ou pelo oficial do Registro de Títulos e Documentos da Comarca.”
O reforço, no entanto, não se tornará obrigatório com o simples procedimento da notificação. O pedido em tal sentido nem sempre expressa o realismo da situação fática, e poderá representar uma simples manobra para caracterizar a inadimplência e o vencimento automático da dívida.
Ao bem já gravado por uma hipoteca constituída nos termos do art. 1.476 do Código Civil é possível acrescentar outras, mesmo cedulares: “O dono do imóvel hipotecado pode constituir outra hipoteca sobre ele, mediante novo título, em favor do mesmo, ou de outro credor”. 
Daí que nenhum impedimento surge para a formação da hipoteca mediante cédula rural, sem qualquer necessidade de consentimento do primeiro credor, mas consignando-se no documento a constituição da primeira. É o que vem ordenado no parágrafo único, art. 21, do Decreto-Lei nº 167. Configura-se crime de estelionato a omissão de tal elemento, punível com as mesmas penas previstas no art. 171 do Código Penal. 
Duas hipotecas cedulares são viáveis se obtido o consentimento do titular da primeira e se for consignado na última a existência da anterior. 
CÉDULA RURAL PIGNORATÍCIA E HIPOTECÁRIA
Uma mesma cédula poderá conter garantias de bens móveis e imóveis. Naturalmente, o credor ficará mais garantido com a Cédula Rural Pignoratícia e Hipotecária, pois se avolumam os bens oferecidos em garantia real dando, assim, maior segurança quanto ao recebimento das importâncias mutuadas.
NOTA DE CRÉDITO RURAL
A Nota de Crédito Rural é uma cédula rural em que não há garantia real; a sua emissão e utilização depende apenas do crédito pessoal do emitente, aproximando-se, nesse aspecto, dos títulos de crédito próprios, em que apenas a confiança é levada em consideração para a sua aceitação. 
A nota de crédito rural terá o prazo mínimo de 3 meses e o prazo máximo de 3 anos. 
NOTA PROMISSÓRIA RURAL
Diz respeito a contrato de compra e venda a prazo de bens agrícolas. Constitui-se um título líquido e certo, ensejando ação de execução, e classifica-se como título civil, e não comercial, embora se destine a uma função econômica-financeira no âmbito do comércio. 
De fato, estatui o art. 42 do Decreto-Lei nº 167 que, “nas vendas a prazo de bens de natureza agrícola, quando efetuadas diretamente por produtores rurais ou por suas cooperativas; no recebimento, pelas cooperativas, de produtos da mesma natureza entregues pelos seus cooperados, e nas entregas de bens de produção ou de consumo, feitas pelas cooperativas aos seus associados, poderá ser utilizada, como título de crédito, a Nota Promissória Rural, nos termos deste Decreto-Lei.”
Em face desse dispositivo legal, entende-se que, havendo uma venda a prazo, de bens de natureza agrícola, extrativa ou pastoril, efetuada diretamente por produtores rurais, o comprador poderá emitir uma Nota Promissória Rural para que o produtor, descontando-a, haja imediatamente a importância da venda, que só lhe seria paga decorrido o prazo ajustado. Procurou, assim, o legislador facilitar as atividades do produtor agrícola, pastoril ou de bens de natureza extrativa, permitindo que o comprador lhe forneça um documento capaz de ser descontado, como título de crédito, de importância representativa daquela venda. 
DUPLICATA RURAL 
Como a nota promissória rural, é a duplicata rural um título de crédito rural utilizado na compra e venda de bens agropecuários por produtores rurais e cooperativas agrícolas. 
Constitui um título de crédito líquido e certo, específico, formal, confessório e causal, de emissão exclusiva do produtor rural ou cooperativa rural, levado ao aceite do comprador de bens de natureza agrícola, extrativa ou pastoril. 
Enquanto a nota promissória rural é de emissão pura e simples do comprador no ato típico da venda, a duplicata rural é emitida pelo vendedor, devendo dela constar as assinaturas do vendedor e, ao seu tempo, do comprador. 
O procedimento judicial para a cobrança é o processo de execução. 
CÉDULA DE PRODUTO RURAL
A cédula de produto rural é um título circulatório, uma promessa de que se entregará o produto (unicamente produtos rurais) a determinada pessoa. Pode vir acompanhada de uma garantia, de cunho real. 
Representa o título um compromisso, pois, de entregar uma mercadoria futura, que ainda não existe, e que se formará da cultura a que se dedica o produtor rural.

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