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Hidatiose – e. granulosus O gênero Echinococcus pertence ao filo Plathyhelminthes, classe Cestoda, família Taeniidae, sendo conhecidas quatro espécies, cujo estágio larval pode parasitar humanos: Echinococcus grantdlosus: a forma larval, hidátide ou cisto hidático apresenta-se com uma só cavidade, responsável pela hidatidose cística ou unilocular. Tem como hospedeiros definitivos cães domésticos e canídeos silvestres e como hospedeiros intermediários ovinos, bovinos, suínos, caprinos, bubalinos, cervídeos, camelídeos e, acidentalmente, o homem. MORFOLOGIA E. granulosus durante seu desenvolvimento apresenta-se em três diferentes formas: parasito adulto, presente no intestino delgado de cães; ovos eliminados com as fezes dos cães e a forma larval, conhecida como cisto hidático ou hidátide, presente nas vísceras dos hospedeiros intermediários, principalmente ovinos e bovinos. • Adultos: É um cestódeo muito pequeno, medindo de 4 a 6mm de comprimento. O escólex é globos ou piriforme, com quatro ventosas e um rostro armado com 30 a 40 acúleos ou ganchos dispostos em duas fileiras. O colo, região de crescimento do cestódeo, é curto, seguindo-se pelo estróbilo constituído por três a quatro proglotes. A primeira proglote é imatura, com órgãos genitais ainda não totalmente desenvolvidos. A segunda é madura, com órgãos genitais masculinos, órgãos genitais e poro genital, localizado a margem da proglote, onde abre-se a vagina e a bolsa do cirrus. Na terceira proglote, que corresponde a 1/3 ou metade do estróbilo, encontra-se o útero, ocupando todo o espaço da proglote, contendo no seu interior 500 a 800 ovos. A - rostro armado; V - ventosas; Pj - proglote jovem; Pm - proglote madura; Pg - proglote grávida; • Ovos: Os ovos, ligeiramente esféricos, medem 32pm de diâmetro e são constituídos por uma membrana externa, denominada embrióforo, contendo no seu interior a oncosfera ou embrião hexacanto, onde estão presentes seis ganchos ou acúleos. • Cisto Hidático: forma arredondada, com dimensões variadas, dependendo da idade do cisto e do tecido onde este está localizado. Em infecções recentes mede cerca de 1mm, porém, meses depois, pode medir vários centímetros (2-5cm). Possui no seu interior líquido cristalino, parede interna sintetiza o líquido hidático, revestimento externo composto por camada proteica. O cisto hidático é formado por três membranas e outras estruturas, iniciando-se pela parte externa: - membrana adventícia: geralmente é espessa, constituída por tecido fibroso, resultante de uma reação do hospedeiro à presença da larva e seus metabólitos. - membrana anista ou hialina: formada pela membrana germinativa, tem um aspecto hialino e homogêneo (semelhante a albumina de ovo cozido), constituída, principalmente, por proteínas e mucopolissacarídeos. A espessura aumenta com a idade do cisto e geralmente atinge 0,5mm. - membrana germinativa ou proligera: é a membrana mais interna, mede aproximadamente 10mm de espessura, com a superfície rugosa, onde são visualizadas inúmeras microvilosidades e vesículas prolígeras. E o elemento fundamental do cisto, pois a partir dela serão formados todos os demais componentes do cisto (membrana anista, vesículas prolígeras e protoescóleces). CICLO BIOLoGICO Os ovos eliminados com as fezes dos cães, isoladamente ou dentro das proglotes grávidas, chegam ao meio ambiente, contaminando as pastagens peridomicílio e o domicílio. Esses ovos, quando eliminados, já são infectantes, permanecendo viáveis por vários meses em locais úmidos e sombrios, mas são rapidamente destruídos em locais secos e com grande incidência de luz solar. Os ovos são ingeridos junto ao alimento e, no estômago, o embrióforo é semidigerido pela ação do suco gástrico. No duodeno, em contato com a bile, liberam a oncosfera ou embrião hexacanto, que através de seus ganchos penetra na mucosa intestinal, alcançando a circulação sanguínea venosa, chegando ao fígado e aos pulmões e, mais raramente, a outros órgãos. Após seis meses da ingestão do ovo, o cisto hidático estará maduro, permanecendo viável por vários anos no hospedeiro intermediário. Nos hospedeiros definitivos, a infecção ocorre através da ingestão de vísceras, principalmente de ovinos e bovinos com cisto hidático fértil, ou seja, cistos contendo protoescóleces. Estes ao chegarem no intestino, sob ação principalmente da bile, evaginam-se e fixam-se na mucosa, atingindo a maturidade em dois meses, quando proglotes grávidas e ovos começam a aparecer nas fezes. Os parasitos adultos vivem aproximadamente quatro meses e, por- tanto, se não houver reinfecção, o cão ficará curado desta parasitose. 1 - cão parasitado por vermes adultos; 2 - ovos eliminados para o meio exterior contaminando pastos, alimentos ou mãos de criança; 3 - ovino (hospedeiro norma4 ingerindo ovos; 4 - desenvolvimento do cisto hidático nas vísceras (fígado e pulmões) do ovino, que serão ingeridas por cães; 5 - criança (hospedeiro acidental) ingerindo ovos. TRANSMISSAO Os cães adquirem a infecção (equinococose) ao serem alimentados com vísceras dos hospedeiros intermediários contendo cistos hidáticos férteis. Já os hospedeiros intermediários, adquirem a infecção (hidatidose) ao ingerirem ovos eliminados no ambiente pelos cães parasitados. Nos humanos, a infecção muitas vezes ocorre na infância devido ao contato mais próximo das crianças com os cães, que quando infectados apresentam uma grande quantidade de ovos aderidos no pelo, principalmente na região perianal. PATOGENIA E SINTOMAS Como a evolução dos cistos é lenta, as lesões e os sintomas desencadeados podem levar anos para serem percebidos, ocorrendo somente quando o cisto já atinge grandes dimensões. Cistos pequenos, bem encapsulados e calcificados, podem permanecer assintomáticos por anos ou toda vida do hospedeiro. A patogenia da hidatidose humana dependerá dos órgãos atingidos, locais, tamanhos e número de cistos. No fígado e pulmões, no caso de um único cisto, desde que não atinja grandes dimensões e não ocorram rupturas, pode não apresentar sintomas. Entretanto, no cérebro, pode ser de curso grave, caso não seja diagnosticado e tratado rapidamente. A hidatidose pode ocorrer em vários órgãos e tecidos, com patogenia e sintomas decorrentes das alterações nas suas funções vitais, seja através de mecanismos irritativos, mecânicos e/ou alérgicos. Hidatidose hepática: o fígado geralmente é o órgão primário da infecção. O embrião através da circulação atinge o fígado, onde pode ficar retido nos capilares sinusais, causando uma reação inflamatória com a presença de infiltrado de eosinófilos e células mononucleares. Os sintomas são distúrbios gástricos, sensação de plenitude pós-prandial e, em caso mais graves, pode ocorrer congestão porta e estase biliar, com icterícia e ascite. Hidatidose pulmonar: o pulmão é o segundo órgão mais afetado pela hidatidose. O parênquima pulmonar oferece pouca resistência ao crescimento do cisto, que pode atingir grandes dimensões, comprimindo brônquios e alvéolos. As manifestações mais relatadas são cansaço ao esforço físico, dispneia e tosse com expectoração. E. multiloculares: raro o comprometimento extra-hepático; imita neoplasia: crescimento progressivo; disseminação a distancia ou metástase; hepatomegalia. E. Vogeli e E. oligarthus: hidatidose policistica com hepatomegalia; formação de massa tumoral irregular; formação de grandes cistos; pode comprometer: fígado, pulmões, pleura. DIAGNOSTICO Clínico: as manifestações clínicas, quando presentes, são geralmente causadas pelo crescimento expressivo do cisto, que leva a compressão e aderência do órgão parasitado e das estruturasadjacentes. Nos exames físicos, dependendo do tamanho e da localização do cisto, podem ser detectadas massas palpáveis, semelhantes a tumores. Em áreas endêmicas, estes achados associados a manifestações hepáticas e pulmonares crônicas são sugestivos de hidatidose. Laboratorial: as avaliações laboratoriais são utilizadas tanto no diagnóstico primário da hidatidose, como no acompanhamento após o tratamento cirúrgico elou medicamentoso. As técnicas de imunodiagnóstico de imunodifusão arco 5, hemaglutinação, imunofluorescência e ELISA são utilizadas na busca de anticorpos específicos a proteínas do líquido hidático. Métodos de Imagem: a radiografia foi, e continua sendo, amplamente utilizada como auxiliar no diagnóstico da hidatidose. TRATAMENTO O tratamento da hidatidose é realizado através de medicamentos, cirurgia e PAIR (Punção, Aspiração, Injeção e Reaspiração do cisto). Tratamento Medicamentoso: a administração de fármacos é utilizada como primeira conduta no tratamento da hidatidose e como auxiliar nos tratamentos cirúrgicos e da PAIR. No tratamento da hidatidose o albendazol pode ser administrado de forma contínua. Tratamento Cirúrgico: é método mais utilizados no tratamento da hidatidose no Brasil. É recomendado em casos de localizações acessíveis e cistos volumosos, sendo necessário a dessensibilização prévia do paciente para evitar processos alérgicos ou anafiláticos. PROFILAXIA • conscientizar a população rural sobre esta parasitose, vias de transmissão e as medidas de controle, salientando que esta orientação deve iniciar já com as crianças em idade escolar; • não alimentar cães com vísceras cruas de ovinos, bovinos e suínos (no caso de utilizá-las na alimentação dos cães, estas devem ser bem cozidas); • incinerar as vísceras parasitadas dos animais abatidos; • tratar periodicamente, com anti-helmínticos, todos os cães da propriedade; • ter cuidados com higiene pessoal, lavando as mãos antes de ingerir alimentos e depois de contato com cães; • impedir o acesso de cães em hortas e reservatórios de água; • lavar frutas e verduras com água corrente; evitar contato direto com cães não-tratados.
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