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Aula 3_CH_Atualidades_Crise da representatividade política no jundo e no Brasil

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ATUALIDADES
3
Crise da representatividade polítiCa no mundo e no Brasil
Segundo Mauro Luis Iasi, professor adjunto da Escola de Serviço Social da UFRJ, as manifestações que estouraram 
na Turquia, no Brasil, na Grécia e na Espanha, recentemente, têm como cenário comum uma crise nos modelos de 
representação política das sociedades democráticas modernas.
“É a crise de uma afirmação que foi vendida como auto evidente de que não há outra forma de represen-
tação a não ser eleger bancadas de deputados, senadores e representantes do Poder Executivo. Como se a eleição 
fosse o único ato em que a população participa do processo político“.
O ex-presidente do Uruguai, José Mujica, afirmou na 72ª Assembleia Geral da Sociedade Interamericana de 
Imprensa (SIP), realizada na Cidade do México, que existe uma brutal crise política no mundo provocada pela falta 
de liderança e encorajou os jovens universitários a refletir sobre os problemas da sociedade.
Mujica discursando sobre a crise da representação em 2015.
Hoje, a crise da representação política tem sido caracterizada como um fenômeno mundial, colocando em 
dúvida a legitimidade dos partidos políticos. Num contexto marcado pela emergência de novas formas alternativas 
de participação política, além de mudanças estruturais nas economias capitalistas, o aumento do descrédito dos 
cidadãos para com as instituições representativas se tornou uma realidade não apenas em Estados periféricos ou 
com democracias recentes. 
Segundo Mujica, “no mundo há uma brutal crise política porque esta é uma civilização cada vez mais global, 
mas não tem direção política. Está funcionando sob o impulso do mercado e isso é trágico”.
A relação entre eleitores e partidos políticos constitui um dos aspectos centrais do ideal democrático. Porém, 
desde as últimas décadas do século XX, vem se ampliando cada vez mais a compreensão de que a representação 
política se encontra diante de uma grave crise, demonstrada pelo aumento no número de eleitores que não se iden-
tificam com os partidos, altas taxas de volatilidade eleitoral, além da queda nos índices de participação eleitoral e 
a emergência de formas alternativas de ativismo político. 
Nos EUA e na Europa ocidental (onde os partidos políticos exerceram forte influência na consolidação 
democrática no decorrer do século XX), existem várias teses, amplamente disseminadas e debatidas por diversos 
especialistas, que apontam para o declínio na relação entre os cidadãos e os partidos políticos. 
4
O cientista político francês Bernard Manin argu-
menta que, por muito tempo, num passado não muito 
distante, “a representação parecia baseada numa po-
derosa e estável relação de confiança entre eleitores e 
partidos políticos, com uma vasta maioria de eleitores 
identificados e fiéis a alguns dos partidos”. Obviamen-
te, relevantes transformações ocorreram, observando-se 
atualmente uma diversificação nas formas de participa-
ção política outrora intimamente ligadas à relação entre 
os cidadãos e às agremiações partidárias, ou seja, os 
partidos políticos.
Foi a partir do século XIX, que o ideário da de-
mocracia representativa se espalhou pelo Ocidente e 
os partidos políticos, até então identificados desde a 
Renascença como facções, passaram a ser vistos como 
instituições vitais para a representação parlamentar. No 
período pós-Segunda Guerra Mundial, consolidaram-se 
os canais tradicionais de representação política por in-
termédio de organizações de trabalhadores, movimen-
tos sociais, associações civis, na qual os partidos exerce-
ram papel fundamental para a estabilidade dos regimes 
democráticos.
Segundo a cientista política Pippa Norris, da 
Universidade de Harvard, a estrutura conceitual para o 
entendimento das formas de participação política que 
foram desenvolvidas nos anos 1950 e 1960 ainda dá 
forma às nossas acepções, tendo em vista termos ainda 
o velho partido de massas como modelo de organiza-
ção partidária. Em que pese o declínio da representação 
partidária, nas sociedades pós-industriais se observa 
maior oportunidade para a diversificação do engaja-
mento político, que concilia a atividade eleitoral com 
os protestos políticos. As novas gerações se beneficiam 
também com uma vasta oferta de mecanismos, como o 
uso de novas tecnologias, por intermédio da internet, 
que possibilitam maiores condições de participação e 
redução dos custos da ação coletiva.
Um terreno comum entre todas as manifesta-
ções registradas desde 2009 é o uso intenso de mídias 
sociais – Facebook, YouTube, Twitter – como divulgado-
ras e catalisadoras dos protestos.
Relembre os principais pro-
testos ao redor do mundo 
desde 2009
Protestos pós-eleitorais no Irã
 § Onde: Teerã, Mashhad, Isfahan, Karaj, Tabriz e 
outras cidades
 § Quando: junho de 2009
 § Motivação: As eleições do Irã foram extrema-
mente disputadas entre o então presidente do 
Irã, o conservador Mahmouhd Ahmadinejad, 
e o ex-premiê moderado Mir Hossei Mousavi. 
Quando Ahmadinejad foi reeleito com 62,6% 
dos votos, Mousavi alegou fraude nas eleições e 
pediu para que uma nova votação fosse realiza-
da. Milhares de manifestantes que contestaram 
os resultados nas urnas saíram às ruas, fato sem 
precedentes no país persa desde a Revolução Is-
lâmica, em 1979.
5
 § Reivindicações: Anulação dos resultados elei-
torais e liberdade de expressão.
 § Repressão: A violenta repressão do governo 
aos protestos deixou dezenas de mortos e cen-
tenas de feridos. Em uma das manifestações 
mais emblemáticas – que ficou conhecida como 
"Sábado Negro" –, ao menos dez manifestan-
tes morreram em 20 de junho, incluindo Neda 
Agha-Soltan, uma estudante iraniana que virou 
símbolo da oposição.
 § Desfecho do movimento: Desde 2011, Mou-
savi e sua esposa estão em prisão domiciliar. Os 
protestos, conhecidos como Movimento Verde, 
foram considerados um dos precursores da Pri-
mavera Árabe, mas, sufocados com a violenta 
repressão, perderam a força dentro do Irã. Nas 
eleições presidenciais de 2013, a oposição foi 
enfraquecida pelos clérigos, que, liderados pelo 
aiatolá Ali Khamenei, mantêm a supremacia de 
seu poder sobre o presidente.
Terceiro dia de protestos reúne milhares nas ruas de Teerã, Irã (2009).
Primavera Árabe: Tunísia
 § Onde: Sidi Bouzid, Túnis, Menzel Bouzaiene, 
Kairouan, Sfax, entre outras cidades
 § Quando: dezembro de 2010
 § Motivação: Mohammed Bouazizi, um vende-
dor de frutas e vegetais na cidade de Sidi Bouzid, 
teve seus produtos confiscados por um agente 
municipal e apanhou quando tentou reagir. Ele 
então ateou fogo ao próprio corpo, desatando 
protestos na cidade no centro do país. As mani-
festações se espalharam pelo país e passaram a 
refletir uma série de descontentamentos da po-
pulação com o governo.
 § Reivindicações: Queda do governo, melhores 
condições de vida, combate à violência policial, 
mais empregos e direitos humanos.
 § Repressão: Forças de segurança da Tunísia re-
primiram os protestos com violência. Segundo a 
ONU, os protestos populares deixaram 219 mor-
tos, incluindo 72 mortos em revoltas em diversas 
prisões no país, e 510 feridos. 
 § Desfecho do movimento: O movimento na 
Tunísia desencadeou a Primavera Árabe, onda de 
protestos contra regimes autocráticos e contra as 
condições de vida da população no Oriente Mé-
dio e norte da África. O então presidente Zine El 
Abidine Ben Ali renunciou ao cargo após 23 anos 
no poder. Em 2011, eleições levaram ao poder is-
lâmicos moderados do Partido Ennahda, mas, por 
causa da influência dos salafistas radicais, novos 
protestos eclodiram no país desde então.
Manifestantes seguram bandeira da Tunísia durante protesto 
na capital Túnis (2011).
Primavera Árabe: Egito
 § Onde: Cairo, Alexandria, Suez, Mansura, Tanta, 
entre outrascidades
 § Quando: janeiro de 2011
 § Motivação: Inspirados na revolta da Tunísia, 
ativistas do Egito tomaram as ruas durante um 
feriado nacional ligado às Forças Armadas, cha-
mando a data de "Dia de Fúria". Milhares mar-
charam no centro de Cairo, capital do país, em 
direção à Praça Tahrir, que virou o epicentro da 
revolta. Logo, as manifestações se espalharam 
por todo o país.
 § Reivindicações: Queda do governo, melhores 
condições de vida, liberdade de expressão, mais 
empregos.
 § Repressão: Desde o início dos protestos, as 
forças policiais do governo de Hosni Mubarak 
reprimiram os manifestantes com canhões de 
água e bombas de gás lacrimogêneo. Depois, a 
violência saiu do controle e estima-se que os 18 
dias de manifestações e confrontos com a polí-
cia tenham deixado mais de 800 mortos e 6 mil 
feridos no país.
6
 § Desfecho do movimento: Mobilização de 
18 dias pôs fim aos 30 anos do governo de Hos-
ni Mubarak. Após um período comandado por 
uma junta militar, alvo de controversas pelo uso 
de repressão violenta, eleições levaram os par-
tidos islâmicos ao Parlamento e à presidência. 
Desde então, o país passa por uma crescente 
tensão entre islamistas e secularistas. A mais 
recente controvérsia, o decreto do presidente 
Mohammed Morsi, para garantir imunidade ju-
dicial a todas as suas decisões, provocou protes-
tos que foram fortemente reprimidos, deixando 
8 mortos e centenas de feridos em novembro. 
A medida foi revogada, mas a instabilidade no 
país, assolado por uma forte crise econômica, 
continua.
Imagem aérea mostra Praça Tahrir lotada de manifestantes (2011).
Primavera Árabe: Líbia
 § Onde: Benghazi, Trípoli, Sirte, Misrata, entre ou-
tras cidades
 § Quando: fevereiro de 2011
 § Motivação: Em 15 de fevereiro, famílias de pri-
sioneiros que foram alvo de um massacre pelas 
forças do regime de Muamar Kadafi, em 1996, 
fizeram uma manifestação pacífica pelas ruas 
de Benghazi pedindo por direitos humanos e 
democracia. A violência começou quando forças 
de segurança prenderam Fathi Terbil, um jovem 
advogado e ativista. Em questão de horas, cen-
tenas se reuniram do lado de fora da delegacia 
pedindo a libertação de Terbil. Os protestos se 
intensificaram em Benghazi e, com o estímulo 
das revoltas egípcia e tunisiana, logo se espalha-
ram pelo país e viraram uma violenta guerra civil.
 § Reivindicações: Queda do regime, direitos hu-
manos, democracia e unidade nacional.
 § Repressão: Os protestos na Líbia, que tiveram 
início pacífico, evoluíram para uma sangrenta 
guerra civil após forte repressão do governo. 
Em outubro de 2011, as primeiras estimativas 
indicavam 25 mil mortos e 4 mil desaparecidos. 
Segundo estimativas mais recentes do governo, 
porém, 4,7 mil rebeldes foram mortos e 2,1 mil 
– entre rebeldes e forças leais a Kadafi – estão 
desaparecidos. Não se sabe ao certo quantos 
soldados das forças de Kadafi foram mortos.
 § Desfecho do movimento: A guerra civil na 
Líbia culminou com a morte do líder Muamar 
Kadafi pelos opositores em outubro, depois da 
queda do regime dois meses antes. Eleições 
gerais foram realizadas em julho, mas a insegu-
rança e a disputa de poder entre os diferentes 
grupos que lutavam contra Kadafi continuam. Os 
oito meses de conflito armado deixaram seque-
las: proliferação de milícias, tráfico de armas e 
emergência de ameaças terroristas, como o ata-
que que deixou quatro mortos no consulado dos 
EUA, em Benghazi.
Forças do governo interino da Líbia comemoram a queda de Sirte (2011).
Primavera Árabe: Síria
 § Onde: Daraa, Damasco, Homs, Hama, Aleppo, 
Qusair, entre outras cidades
 § Quando: março de 2011
 § Motivação: As prisões de ao menos 15 crian-
ças por pichar grafites nos muros de uma escola 
contra o governo do presidente Bashar al-Assad 
provocaram revolta na população, que saiu às 
ruas em manifestações. Logo, os protestos se es-
palharam por províncias no centro do país até 
alcançar Damasco, capital e sede do governo 
Assad. Desde dezembro de 2011, a ONU reco-
nhece que o país está em guerra civil.
 § Reivindicações: Queda do regime, direitos hu-
manos, democracia.
 § Repressão: O aparato repressor de Assad é um 
dos mais sofisticados de todos os países da Pri-
mavera Árabe. A ONU estima que a guerra civil 
7
síria deixou ao menos 93 mil mortos e obrigou 
mais de 1,5 milhão a se refugiar em países vizi-
nhos, desestabilizando uma região já tumultua-
da. Recentemente, os EUA confirmaram o uso de 
armas químicas pelo regime de Assad.
 § Futuro do movimento: A Síria encontra-se 
atualmente em guerra civil. Apesar da pressão 
dos rebeldes contra o regime sírio com a captura 
de bases aéreas e instalações militares, as tropas 
do governo, apoiadas por combatentes do grupo 
xiita libanês Hezbollah, reconquistaram cidades 
estratégicas, como Qusair. Crucial na geopolítica 
do Oriente Médio, o conflito sírio afeta outras 
nações internamente, não só com o número de 
refugiados, mas também com os grupos favorá-
veis e contrários a Assad, que estão em confron-
to. Com a confirmação do uso de armas quími-
cas, os EUA prometeram enviar ajuda militar aos 
rebeldes, o que indica um maior envolvimento de 
outras peças no jogo geopolítico.
Imagem de vídeo publicado no YouTube que diz mostrar prostestos em 
Hama na sexta-feira (2011).
Ocupe Wall Street
 § Onde: Inicialmente, Nova York (EUA) e depois 
em cidades em cerca de 80 países
 § Quando: setembro de 2011
 § Motivação: A Adbusters, uma revista canaden-
se que prega o anticonsumismo, publicou um 
artigo afirmando que os estadunidense, inspira-
dos na revolta na Praça Tahrir, no Egito, deveriam 
realizar uma ocupação pacífica em Wall Street 
para condenar a influência das grandes corpora-
ções financeiras no governo dos EUA. No dia 17 
de setembro, centenas de manifestantes ocupa-
ram o Parque Zuccotti em oposição à ganância 
das corporações de Wall Street e à corrupção. O 
protesto, depois, ganhou o apoio de sindicatos e 
movimentos civis, espalhando-se pelo país e por 
outras cidades do mundo.
 § Reivindicações: Com o slogan "Somos os 
99%", em referência à concentração de renda 
nos EUA, manifestantes pediram o fim da influ-
ência das corporações financeiras no governo, 
do favorecimento dos ricos e melhoras no siste-
ma de saúde e de educação.
 § Repressão: Desde que as manifestações ti-
veram início, milhares de participantes foram 
detidos pela polícia em várias cidades estaduni-
denses e no resto do mundo. Houve uso de gás 
lacrimogêneo por algumas polícias e alguns ma-
nifestantes criticaram a brutalidade dos agentes 
durante as prisões.
 § Desfecho do movimento: Hoje, o movimento 
"Ocupe" se tornou um conjunto de grupos com 
objetivos semelhantes que usam um mesmo 
nome, mas não têm como função de fato ocupar 
espaços publicamente, como no início. Foi funda-
do, por exemplo, o Occupy Sandy Recovery, que 
organizou uma rede de voluntários para ajudar 
os atingidos pelo furacão que atingiu a costa les-
te dos EUA no ano passado.
Grupo Occupy Wall Street critica sistema financeiro americano (2011).
Distúrbios no Reino Unido
 § Onde: Londres, Bristol, Liverpool, Manchester, 
Birmingham, entre outras cidades
 § Quando: agosto de 2011
 § Motivação: Manifestantes saíram às ruas paci-
ficamente para protestar contra a morte de um 
residente de Tottenham, no subúrbio de Londres. 
Mark Duggan, 29 anos, foi morto por policiais de-
pois de ser abordado em um táxi por uma unida-
de que investigava crimes com armas de fogo no 
bairro. O protesto se tornou violento depois que 
garrafas de vidro foram jogadas contra carros da 
polícia e um deles foi incendiado. A tropa de cho-
que e a cavalaria foram enviadas para conter a 
8
manifestação. Logo, jovens nas ruas passaram a 
vandalizar prédios públicos, saquear lojas ea con-
frontar a polícia em várias cidades do país.
 § Reivindicações: Os distúrbios no Reino Unido 
não apresentaram demandas claras, mas foram 
reflexo do crescente desemprego, da recuperação 
lenta da economia e dos cortes orçamentários 
para setores públicos caros à juventude, como a 
educação.
 § Repressão: Foram registradas cinco mortes 
e mais de 100 feridos durante os distúrbios no 
Reino Unido. A polícia deteve mais de 2 mil ma-
nifestantes durante as cenas de caos e reforçou 
o contingente de agentes nas áreas atingidas. O 
governo também ampliou o poder da polícia, per-
mitindo o uso de balas de borracha.
 § Desfecho do movimento: Parte dos milhares 
de detidos foram processados pela Justiça britâ-
nica após os distúrbios. A polícia do Reino Unido 
também viu seus poderes ampliados, com a possi-
bilidade de decretar toques de recolher em deter-
minadas áreas para menores de 16 anos. Estocol-
mo, na Suécia, foi alvo de noites de violência em 
2013, após a morte de um imigrante pela polícia.
Polícia em meio a distúrbios em Croydon, no sul de Londres (2011)
Protestos em defesa do 
Parque Gezi, na Turquia
 § Onde: Istambul, Ancara, entre outras cidades
 § Quando: junho de 2013
 § Motivação: Manifestantes se reuniram pacifi-
camente no Parque Gezi, na Praça Taksim, Istam-
bul, para protestar contra planos do governo de 
construir uma réplica de quartéis militares oto-
manos do século XVIII e um shopping no local. 
A dura repressão policial contra a mobilização 
provocou fúria entre a população, desatando 
protestos que se tornaram um dos maiores desa-
fios ao premiê Recep Tayyip Erdogan, acusado de 
autoritarismo pelos manifestantes.
 § Reivindicações: Manutenção do Parque Gezi, 
direitos humanos, saída de Erdogan do poder.
 § Repressão: A polícia na Turquia reprimiu com 
violência as manifestações, com uso de gás lacri-
mogêneo, spray de pimenta e canhões de água. 
Cinco mortes (incluindo a de um policial) foram 
registradas desde o início dos confrontos e mi-
lhares de participantes ficaram feridos. A Praça 
Taksim chegou a ser ocupada pelos manifestan-
tes, retirados sob violenta força policial.
 § Futuro do movimento: A manifestação teve 
início pacífico e logo se tornou o maior protesto 
contra o governo Erdogan em seus dez anos no 
poder. Por causa da violenta repressão policial, 
manifestantes que queriam apenas preservar as 
árvores do Parque Gezi abraçam novas causas, 
como o direito à liberdade de expressão.
Manifestante joga uma lata de gás lacrimogêneo durante confrontos com 
a polícia na praça Taksim, Istambul (2013).
Protestos contra aumento das 
passagens de ônibus no Brasil
 § Onde: São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, 
entre outras cidades
 § Quando: junho de 2013
 § Motivação: O aumento da tarifa do transporte 
público nas principais capitais brasileiras provo-
cou protestos tímidos desde janeiro de 2013, 
mas as manifestações, paralelamente à agenda 
turca, intensificaram-se desde maio. Diversas rei-
vindicações foram agregadas ao protesto, princi-
palmente após a forte repressão policial contra 
as manifestações em São Paulo, em 13 de junho.
 § Reivindicações: Redução da tarifa das passa-
gens de ônibus e melhora na qualidade do servi-
ço de transporte público.
 § Repressão: A polícia usou gás lacrimogêneo, 
balas de borracha e cassetetes contra os ma-
nifestantes nas principais cidades do país. Em 
São Paulo, mais de 200 ficaram feridos em 13 
9
de junho, após a violenta ação policial contra os 
protestos. Centenas foram detidos durante as 
manifestações, incluindo jornalistas que realiza-
vam a cobertura do ato.
O estopim das manifestações foi o aumento da tarifa no 
transporte público.
In foco Brasil
O sistema político partidário brasileiro vivenciou pelo 
menos oito experiências distintas, desde o Império aos 
nossos dias, representando atualmente a mais longeva 
e estável da história brasileira. Apesar das frequentes 
propostas de reforma política a partir da redemocratiza-
ção, além das inúmeras críticas, sobretudo, no tocante 
à capacidade de enraizamento social das agremiações 
partidárias e à alta fragmentação no Congresso Nacio-
nal, o sistema partidário, nascido com a abertura demo-
crática, em 1985, apresentava índices razoáveis (para 
não dizer elevados) de institucionalização.
Desde 1994, a competição eleitoral nas eleições 
presidenciais se concentra em dois grupos ideológicos, 
um de centro-esquerda, outro de centro-direita (essas 
são as classificações mais adotadas para designar tais 
partidos), liderados por PT e PSDB. A inconstância elei-
toral apresenta queda constante, o comparecimento 
nas eleições é de aproximadamente 80%, os índices de 
filiação partidária representam cerca de 10% do eleito-
rado – um dos maiores do mundo, e o número efetivo 
de partidos na Câmara dos Deputados, em 2010, residia 
em torno de 11 legendas – hoje temos 35 legendas. 
Pesquisa naquele mesmo ano apontava que 46% dos 
eleitores se identificavam com os partidos políticos, dos 
quais 23% tinham preferência pelo PT, seguido pelo 
PMDB com 6% e o PSDB também com 6%.
Lista de partidos políticos de 2015 
A partir das manifestações de rua de junho de 2013, o quadro mudou consideravelmente. Houve um au-
mento crescente da insatisfação popular com a classe política e o lema “Sem partido” se propagou pelo país, com 
reflexos diretos na eleição de 2014, que representou a maior fragmentação partidária do parlamento brasileiro, 
com 28 partidos representados na Câmara dos Deputados. 
10
Pesquisas recentes do Datafolha apontam para um declínio significativo da identificação partidária, mos-
tram os partidos políticos como as organizações menos confiáveis na opinião dos brasileiros, sendo a corrupção 
uma das maiores justificativas.
No que se refere à preferência partidária, em fevereiro de 2016, 71% dos brasileiros disseram não ter sim-
patia por partido algum. 
Em meio a esta conjuntura de transformações e mudanças, a renovação das elites partidárias e a conexão 
com a juventude se tornam fundamentais para que as legendas possam se manter vivas e, consequentemente, se 
reaproximar da sociedade.
Vale lembrar que os ajustes pontuais no sistema partidário também são necessários, mas a mudança deve 
vir, sobretudo, de uma reaproximação com os cidadãos. Neste sentido, o clima de despolitização presente na atual 
política brasileira se torna altamente pernicioso e cada vez mais preocupante.
Modernização dos partidos é parte da solução
A solução para a crise de representação dos partidos ainda é um mistério para a maioria dos analistas, e poucos 
arriscam opiniões. O cientista político da FGV Octávio Amorim Neto defende, antes de tudo, uma reforma política 
– diferente da atual proposta, contudo. “Um grande acordo bem pensado no parlamento, feito com calma e com 
prudência, para criarmos um sistema eleitoral que não facilite a vida dos partidos com baixa representatividade 
social”, explica. Contudo, Amorin salienta que a mudança no sistema não altera a cultura partidária, “até porque 
a Constituição dá aos partidos o monopólio da representação”.
Já o analista político Sérgio Abranches defende uma modernização dos partidos e a utilização das redes 
sociais de modo mais funcional. “Os partidos têm se apropriado das redes sociais para manipular os eleitores e 
para fazer mensagens de ódio contra os oponentes, quando na verdade tinham de usar as redes sociais para captar 
os sentimentos dos grupos mais afins dos partidos e formar sua nova agenda.” Ele defende também o uso da rede 
para criar formas mais diretas de democracia deliberativa. “A política não se modernizou tecnologicamente, nosso 
último avanço foi a urna eletrônica. É possível fazer uma discussão séria usando as tecnologias adequadas,com 
fóruns e tomadas de decisões mais democráticas”.
História
O sistema partidário brasileiro foi marcado por uma série de interrupções e dissoluções de partidos. Confira a 
evolução:
 § Período Imperial (1822-1889)
Surgem os primeiros partidos do Brasil: o Partido Brasileiro, que cuidava dos interesses de latifundiários e co- 
merciantes locais, e o Partido Português, que defendia a recolonização do país pelos benefícios que isso traria 
à metrópole.
Depois que Dom Pedro I retorna a Portugal, surge o Partido Restaurador, que visa a volta do imperador. Co- 
nhecidos como caramurus, os restauradores faziam oposição ao Partido Liberal Exaltado, conhecido como 
Jurujuba ou Farroupilha, e ao Partido Moderado, cujos membros eram apelidados de chimangos.
O Partido Liberal Exaltado deu origem ao Partido Liberal, dos chamados luzias, que se opunham ideologica-
mente ao Partido Conservador, também conhecido como saquaremas. Esses dois partidos foram criados em 
1937 e extintos com a proclamação da República, em 1889.
11
 § República Velha (1889-1937)
A extinção dos partidos monarquistas permitiu o surgimento de partidos regionais. Quase todo estado tinha 
o seu. Os mais representativos, e que se alternaram no poder durante o período conhecido como a República 
do Café-com-Leite, eram o Partido Republicano Mineiro (PRM) e o Partido Republicano Paulista (PRP). Esses 
partidos coexistiram, durante um tempo, com partidos ideológicos, como o Partido Comunista Brasileiro (PC 
do B) e a Ação Integralista Brasileira (AIB), criados em 1922 e 1932, respectivamente. Os partidos regionais 
foram extintos pela Revolução de 30, que colocou Getúlio Vargas no poder.
 § Estado Novo (1937-1945)
Getúlio Vargas extinguiu todos os outros partidos, e um único partido de oposição se formou: a União 
Democrática Nacional (UDN), que era, a rigor, uma frente oposicionista. Nas eleições de 1945, os parti-
dos foram legalizados, e o Partido Comunista Brasileiro (PCB), então na clandestinidade, veio à tona junto 
com a UDN e os dois partidos fundados por Getúlio: o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) e o Partido Social 
Democrático (PSD).
 § Ditadura Militar (1964-1985)
O multipartidarismo existiu no Brasil durante a primeira experiência democrática do país, mas o sistema foi 
reduzido a dois partidos pelo Ato Complementar nº 4, do general Castelo Branco, em 1965: a Aliança Renova-
dora Nacional (Arena), dos militares, e o Movimento Democrático Brasileiro (MDB), uma oposição artificial.
 § Período atual (1985-)
Com o fim do bipartidarismo, o MDB deu origem ao PMDB e ao PSDB. O PT, criado em 1980, foi reconhecido 
como partido em 1982. Essas três principais forças partidárias deram origens a várias outras. Atualmente, 
existem 30 partidos no Brasil reconhecidos pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
aprofunde seus ConheCimentos
Sugestões de filmes e documentários
 § The Square (2013) – Direção: Jehane Noujaim – duração 108 minutos.
 § Tahrir: Liberation Square (2012) – Direção: Stefano Savona – duração 91 minutos. 
 § 1/2 Revolution (2011) – Direção: Omar Shargawi e Karim Rl Hakim – duração: 72 minutos.
 § Mr. Schneider Goes to Washington (2007) – Direção: Jonathan Neil Schneider – duração: 75 minutos. 
 § Michael Moore in Trumpland (2016) – Direção: Michael Moore – duração: 73 minutos. 
 § Batalha de Seattle (2008) – Direção: Stuart Townsend – duração: 111 minutos. 
 § Slacker Uprising (2008) – Direção: Michael Moore – duração: 102 minutos.
 § A Sombra de um Homem (2011) – Direção: Hanan Abdalla – duração: 15 minutos.
fontes
http://politica.estadao.com.br/blogs/legis-ativo/sobre-a-crise-da-representacao-politica/
http://exame.abril.com.br/mundo/mundo-vive-crise-politica-por-falta-de-lideranca-diz-mujica/
http://ultimosegundo.ig.com.br/mundo/2013-08-02/protestos-mundiais-refletem-crise-de-representacao-politica-dizem-espe-
cialistas.html
http://www.brasil-economia-governo.org.br/2016/02/22/como-explicar-a-atual-crise-de-representatividade/
http://www.huffpostbrasil.com/sam-jovana/a-crise-de-representatividade-pelo-pluripartidarismo_b_6235680.html
http://www.ocafezinho.com/2016/12/09/fim-do-mundo-diz-wanderley-guilherme-sobre-crise-politica-no-brasil/
http://www.gazetadopovo.com.br/vida-publica/crise-de-representacao-partidaria-e-um-problema-historico-c52qr5g4p5pif3x-
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