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Amor, casamento, sexo e filhos Disc. Psicologia da Adolescência e Idade Adulta Prof.ª Camilla Biazus Docente Jr. Maria Silva Mudança de paradigma sobre conjugalidade Fatores que alteraram a concepção sobre relacionamentos amorosos Evolução social, emancipação feminina, a revolução sexual, aperfeiçoamento de métodos contraceptivos e as técnicas de reprodução. Podemos pensar em “ConjugalidadeS”? Século XXI Modernização dos costumes Aumento nos arranjos conjugais Casamento Menos exigências sociais para esse “ritual” Escolha feita por cada um dos membros da relação implica em compromissos mútuos relacionados à necessidades sociais, afetivas e sexuais. Mudança de posição na ordem simbólica do casamento: nem legitima o início da convivência, nem intervém depois do nascimento dos filhos; Qual critério para pensar a conjugalidade? COABITAÇÃO Instituição Social Brasil: União Estável com reconhecimento legal a partir de 1988. Atitudes liberais x Atitudes conservadoras Dimensões socioculturais e políticas Sexo, raça, idade e status socioeconômico E o que as pesquisas indicam? Casamento oficial perdeu a importância, mas o ritual e o aspecto simbólico da união continuam sendo relevantes para as mulheres (Rocha-Coutinho, 2004) Amor romântico? Séc. XVIII (valores culturais e base ideal) Homens e mulheres veem o relacionamento como fonte de realização afetiva e o cônjuge como responsável pela sua felicidade (Shames, 2000; Falcke, Diehl e Wagner, 2002) Direito Brasileiro: “fundamento básico do casamento e da vida conjugal é a afeição entre os cônjuges e a necessidade de que se perdure completa comunhão de vida” Valores tradicionais x Aspectos modernos Pesquisas no Brasil Coexistência de valores tradicionais hierarquia de poder e divisão de funções baseadas nos papéis de masculino e feminino Aspectos modernos ideologia individualista Educação e gênero Os homens geralmente são ensinados a serem fortes, corajosos, competitivos e, as mulheres, a serem passivas, afetivas e compreensivas (Siegal, 1987; Hite, 1995; Hyde, 1995) Maioria dos países ocidentais constata-se que mesmo depois do movimento feminista e da revolução sexual, persiste a educação diferenciada entre os sexos e os meios de comunicação em massa tem influência significativa nisso. Babo e Jablonski (2002) ao investigarem os relacionamentos amorosos na pós-modernidade, através dos meios de comunicação de massa, constataram que as revistas femininas e masculinas brasileiras veiculam mensagens contraditórias. Para o público feminino, enfatizam a construção de uma relação unindo sexo ao amor e, para o público masculino, destacam a variedade e a excitação em detrimento do compromisso. Contexto Brasileiro expectativas sociais mais baixas quanto ao casamento; mudanças nas relações de poder entre homem e mulher; desestabilização do modelo masculino tradicional; relações de gênero mais democráticas; flexibilização dos domínios femininos e masculinos; Outras pesquisas também têm encontrado diferenças nas visões de homens e de mulheres quanto à concepção, à construção, à manutenção ou à interrupção dos casamentos as atitudes dos homens, no discurso, são igualitárias, porém, na prática, não (Jablonski, 1995, 1998, 2005). Além da influência da mídia, verifica-se que as opiniões e atitudes dos filhos quanto a um relacionamento com papéis sexuais mais tradicionais ou mais igualitários é diretamente influenciada pelo comportamento dos pais; Quando os homens dividem o trabalho doméstico com suas esposas, há uma associação com crescente expectativa igualitária em seus filhos adultos jovens; Os porto-alegrenses ficaram acima da média das demais cidades em questões tais como: as mulheres não devem casar virgens, os homens não devem casar virgens. Também 35% dos jovens da capital gaúcha afirmaram já ter levado namorado(a) para dormir em casa, quando a média nacional foi de 23% (Zero Hora, 2000). Amor, Casamento e Sexo: Opinião de Adultos Jovens Solteiros Investigação com o objetivo conhecer a opinião de adultos jovens (homens e mulheres) sobre as características dos relacionamentos amorosos na atualidade Romantismo Família Tradicional Papéis Conjugais Permissividade Sexual Conclusões O casamento na contemporaneidade continua desejado, embora não esteja entre os principais projetos de vida dos adultos jovens solteiros Vida profissional Maior liberdade sexual Conclusões Em relação ao romantismo, constata-se que o amor é valorizado, é importante, porém não é mais percebido como eterno, total, exclusivo, único e reconhecido de imediato. Visão mais real e menos e idealizada do amor Não acreditam que o casamento pode realizar todos os seus sonhos Não acreditam que os que amam adivinham pensamentos e sentimentos do outro Não Basta Amar – Martha Medeiros- Por mais que o poder e o dinheiro tenham conquistado uma ótima posição no ranking das virtudes, o amor ainda lidera com folga. Tudo o que todos querem é amar. Encontrar alguém que faça bater forte o coração e que justifique loucuras. Que nos faça entrar em transe, cair de quatro, babar na gravata. Que nos faça revirar os olhos, rir à toa, cantarolar dentro de um ônibus lotado. Tem algum médico aí? Depois que acaba essa paixão retumbante, sobra o quê? O amor. Mas não o amor mitificado, que muitos julgam ter o poder de fazer levitar. O que sobra é o amor que todos conhecemos: o sentimento que temos por mãe, pai, irmãos, filhos e amigos. É tudo o mesmo amor, só que entre amantes existe sexo. Não existem vários tipos de amor, assim como não existem três tipos de saudade, quatro de ódio, seis espécies de inveja. O amor é único, como qualquer sentimento, seja ele destinado a familiares, ao cônjuge, ou a Deus. A diferença é que, como entre marido e mulher não há laços de sangue, a sedução tem que ser ininterrupta. Por não haver nenhuma garantia de durabilidade, qualquer alteração no tom de voz nos fragiliza, e de cobrança em cobrança acabamos por sepultar uma relação que poderia ser eterna. Casaram. Te amo para lá, te amo para cá. Lindo, mas insustentável. O sucesso de um casamento exige mais do que declarações românticas. Entre duas pessoas que resolvem dividir o mesmo teto tem que haver muito mais que amor, e às vezes nem necessita um amor tão intenso. É preciso que haja, antes de mais nada, respeito. Agressões zero. Disposição para ouvir argumentos alheios. Alguma paciência. Amor, só, não basta. Não pode haver competição. Nem comparações. Tem que ter jogo de cintura para acatar regras que não foram previamente combinadas. Tem que haver bom humor para enfrentar imprevistos, acessos de carência, infantilidades. Tem que saber relevar. Amar, só, é pouco. Tem que haver inteligência. Um cérebro programado para enfrentar tensões pré-menstruais, rejeições, demissões inesperadas, contas pra pagar. Tem que ter disciplina para educar filhos, dar exemplo, não gritar. Tem que ter um bom psiquiatra. Não adianta, apenas, amar. Entre casais que se unem visando a longevidade do matrimônio tem que haver um pouco de silêncio, amigos de infância, vida própria, independência, um tempo para cada um. Tem que haver confiança. Uma certa camaradagem: às vezes fingir que não viu, fazer de conta que não escutou. É preciso entender que união não significa, necessariamente, fusão. E que amar, solamente não basta. Entre homens e mulheres que acham que amor é só poesia tem que haver discernimento, pé no chão, racionalidade. Tem que saber que o amor pode ser bom, pode durar para sempre, mas que sozinho não dá conta do recado. O amor é grande mas não é dois. É preciso convocar uma turma desentimentos para amparar esse amor que carrega o ônus da onipotência. O amor até pode nos bastar, mas ele próprio não se basta. Conclusões No que se refere à sexualidade, entre adultos jovens, fica evidente que, tanto na opinião de homens como de mulheres, a sexualidade ainda é vista como vinculada à relação afetiva para ambos os sexos Homens Sem a necessidade de vínculo afetivo Mulheres Relacionada exclusivamente a afetividade Conclusões Quanto aos papéis que os cônjuges desempenharão no casamento, observa-se a coexistência de atitudes modernas e tradicionais; Homens: apesar de concordarem mais com os conceitos de família tradicional, nos valores referentes ao feminismo pregam que a atividade da esposa seja, principalmente, de uma profissional. Conclusões Um período ainda de transição entre velhos e novos modelos. Novos modelos que refletem o quanto, na contemporaneidade, fica difícil falar em amor, sexo e casamento A visão sistêmica de família Carter e McGoldrick (1995) desenvolveram a noção de ciclo de vida da família, dividindo-o em seis estágios, cada qual com determinados desafios e tarefas desenvolvimentais: os jovens solteiros; o novo casal; famílias com filhos pequenos; famílias com filhos adolescentes; o ninho vazio; e, finalmente, famílias no estágio tardio de vida. A visão sistêmica de família Mais os rituais familiares do que os rituais de casamento Além disso, a existência de um ritual simbolizando a escolha do(a) companheiro(a) pode fortalecer os laços emocionais do casal EU + TU = NÓS Novo núcleo familiar Aspectos intra familiares Questões relacionais Aspectos sócio culturais Aspectos demográficos Questões funcionais Satisfação Padrão de vinculação Representação de relação Redes Sociais Planejamento familiar Nascimento do filho Finanças Parentalidade “A gente ficou tentando dois anos até ela conseguir engravidar. Quando o resultado dava negativo sempre era uma tristeza, tanto é que quando a gente soube que ela tava grávida, a gente nem acreditou... Nosso bebê foi bem planejado, foi esperado por toda a família” “Não foi uma gravidez planejada. Nós estávamos noivos, íamos casar no fim deste ano quando de repente... Mas acabamos aceitando tudo muito bem”. Continuidade da relação Crise e Conflitos Afinal, o que define um relacionamento satisfatório? Qualidade da relação conjugal Processo dinâmico e interativo do casal que resulta na avaliação que cada cônjuge tem do nível de qualidade que experimenta em sua união. o contexto, os recursos pessoais dos cônjuges, e os processos adaptativos Experiências na família de origem, o nível educacional, as características de personalidade, a fase do ciclo vital em que se encontra o casal, influenciam nesse processo. Filme: Blue Valentine Filme: Blue Valentine Uma menina grita desesperada em busca da Megan. Enquanto os grilos cantam e a rua continua deserta, o pai dela, Dean (Ryan Gosling), continua dormindo em uma poltrona. Cansada de buscar sozinha, Frankie (Faith Wladyka) acorda o pai. Ele vai até o lado de fora da casa e descobre que a cadela da família fugiu. Junto com a filha, ele acorda a esposa, Cindy (Michelle Williams). Ela apronta o café da manhã e se cansa com as brincadeiras do marido, que tocava música antes de comer cereais direto da mesa. Cindy leva a menina para a escola, e a relação do casal começa a se revelar desgastada, ao mesmo tempo em que acompanhamos como Cindy e Dean se conheceram e se apaixonaram. Referências: FALCKE, Denise; ZORDAN, Eliana. Amor, casamento e sexo: opinião de adultos jovens solteiros. Arquivos brasileiros de Psicologia, v. 62, n. 2, 2010. MOSMANN, Clarisse; WAGNER, Adriana; FÉRES-CARNEIRO, Terezinha. Qualidade conjugal: mapeando conceitos. Paidéia, v. 16, n. 35, 2006. SOBREIRA LOPES, Rita de Cássia et al. Ritual de casamento e planejamento do primeiro filho. Psicologia em Estudo, v. 11, n. 1, 2006.
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