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que fizeram. Epidemiologia: Dados da OMS e da American Diabetes Association confirmam que a diabetes é uma doença metabólica com elevada prevalência em todo o mundo (1 a cada 17 pessoas no mundo possuem uma forma da doença). São cerca de 16 milhões somente nos EUA e 2150 novos casos registrados por dia. No Brasil a prevalência de diabetes tipo 2 é maior em idoso, o que comprova que a população está envelhecendo sem qualidade de vida – doentes. Definição: O diabetes mellitus caracteriza-se principalmente pela incapacidade do hormônio insulina em exercer seus efeitos, seja pela sua ausência total ou parcial e/ou resistência periférica a este. Esta incapacidade produz uma série de distúrbios no metabolismo das proteínas, carboidratos e lipídios. A diabetes pode ser classificada em pelo menos 3 formas: − Tipo I ou insulinodependente (acomete 5 – 10% da população), entretanto é mais severa. − Tipo II ou não-insulinodependente (acomete 90 – 95%). − Diabetes gestacional. Diabetes Tipo I: Neste tipo o indivíduo não produz insulina, desta forma não ocorre a regulação da produção de glucagon. Os níveis plasmáticos de glicose aumentam, já que sem insulina o transportador GLUT4 não transportará glicose para dentro da célula. O aumento de glucagon dispara a glicogenólise e a gliconeogênese, já que o organismo entende que, devido a presença de glucagon, precisa produzir mais glicose. Os níveis de glicose sobem muitíssimo, aumentando a possibilidade de glicozilação do fibrinogênio (sustância cicatrizadora) ou do cristalino (proteína presente nos olhos), o que consequentemente aumenta os riscos de necessidade de amputação de membros, cegueira, etc. Devido ao desvio do oxaloacetato do CK para a gliconeogênese, ocorre o acúmulo de acetil-CoA, devido ao aumento oxidação de ácidos graxos, e a produção de corpos cetônicos também aumenta. Outro mecanismo para este aumento é que, em altos níveis de glucagon, a lipase hormônio sensível é ativada e se inicia a realização de lipólise, processo pelo qual se obtém ácidos graxos, que serão convertidos em acetil- CoA. Como o metabolismo do paciente encontra-se muito debilitado e lento, nem todo o acetil-CoA será absorvido pelo CK, sendo convertido em α-cetoácidos, gerando a cetoacidose diabética (principal causa de óbito em pacientes portadores de DM T1). 52 Causas da doença: − Fatores genéticos: 30 a 50% dos gêmeos idênticos e 3 a 6% dos parentes de 10 grau de pacientes com DM T1 desenvolvem a doença, comparados a 0,4% dos indivíduos da população geral. − Fatores ambientais: ▪ Distúrbios auto-imunes (infecções virais). Ex: citomegalovírus, herpes tipo i, vírus da caxumba e rubéola. Nestes casos o sistema imune tende a destruir células produtoras de insulina do pâncreas. 95% dos casos. ▪ Idiopático: sem causa conhecida. 5% dos casos. Efeitos da Diabetes Mellitus Tipo 1 utilização de ácidos graxos e corpos cetônicos. utilização de glicose pelos tecidos periféricos (músculo e adipócito). gliconeogênese (degradação de proteínas e aumenta o aporte de alanina). Perda de massa muscular. reserva de lipídeos. Perda de tecido adiposo. síntese hepática de glicose por precursores aminoácidos, já que não há insulina para impedir a síntese de glucagon e gera uma hiperglicemia mesmo em jejum. expressão da lipase lipoproteína, devido ausência de insulina, impedindo a entrada de lipoproteínas nos adipócitos. Acarretando uma hipertrigliceridemia. DM T1 insulina glucagon glicogenólise glicose gliconeogênese lipólise acetil-CoA α-cetoácidos 53 Diabetes Tipo II: Este tipo de diabetes acomete cerca de 90-95% dos casos, geralmente está acompanhada ao sedentarismo e atinge pessoas acima de 40 anos e obesos, além de negros e índios. No organismo destes pacientes a insulina é produzida, mas por algum motivo (serão discutidos em breve) o corpo não a reconhece. Assim, o transporte de glicose para os tecidos dependentes de insulina fica diminuído e consequentemente a produção de glicose-6-fosfato também. Isso ocorre devido a incapacidade da insulina em ativar o IRS-1, que acarreta a diminuição na translocação do GLUT4 para membrana celular, logo não entra glicose no interior celular. Além de diminuir a atividade da glicocinase, que acarreta diminuição na secreção de insulina pela célula β do pâncreas, perdendo a capacidade de liberação rápida de insulina. A diminuição da captação da glicose pode ocorrer devido a diminuição da afinidade da insulina pelos receptores ou pela diminuição em número dos mesmos. Assim, o tecido (músculo ou tecido adiposo – tecidos insulina dependentes) se torna resistente a insulina e para chegar ao nível normal de glicose intracelular, será necessário muito mais insulina do que antes. Causas da doença: − Fatores genéticos: ▪ Pacientes com defeitos genéticos nas células β: podendo causar anormalidades da pró insulina; mutações das cadeias da insulina, baixa afinidade pelo receptor e resistencia a proteólise; defeito na síntese da glicocinase. ▪ Pacientes com defeitos genéticos na ação periférica da insulina: diminuição da expressão de GLUT4. • Síndrome tipo A: anormalidade no receptor (receptor sem afinidade pela insulina e não vice- versa). • Síndrome tipo B: anticorpos contra receptor. • Síndrome tipo C: transdução de sinal pós-retículo. − Fatores relacionados a obesidade: mais de 80% dos diabéticos tipo 2 são obesos, porém ser obeso não significa necessariamente ter diabetes, significa possuir um alto risco. O aumento da massa de tecido adiposo é geralmente acompanhado de um aumento da resistência à insulina. Quanto maior o IMC, maior o risco de desenvolvimento da doença. Quando o indivíduo engorda, a quantidade de tecido adiposo aumenta e a de massa muscular é mantida. Com o aumento do tecido adiposo, aumentam também os adipócitos. Adipócitos grandes tendem a disparar um processo inflamatório. Produzem a proteína MCP-1 e TNF-α (fator de necrose tumoral-alfa). 54 A presença de TNF- α inibe a PPAR e a entrada de glicose na célula. A PPAR é a responsável por estimular a conversão de AGL em TG (armazenamento), sem ela começa a ocorrer lipólise. OBS: em obesos o aumento do TNF-α causa o aumento da resistência à insulina, já que os AGL’s causam a mote das células β pancreáticas. − Fatores relacionados a idade: quando mais velho o indivíduo, menor tende a ficar a expressão de GLUT4. Esse é um processo natural do organismo, porém pode desencadear a diabetes tipo 2, já que a glicose não entrará na célula, aumentando suas concentrações plasmáticas. Efeitos da diminuição da ação da insulina: − Diminui a entrada de glicose no adipócito. − Diminui a síntese de TG. − Aumenta a lipólise (exacerbada). − Diminui a atividade da lipase lipoproteica (responsável por fazer a remoção dos triacilgliceróis presentes nas lipoproteínas VLDL e quilomícrons), aumentando a lipemia. − Diminuição da síntese de glicogênio muscular: não entra glicose na célula, logo não forma glicogênio. O tratamento ajuda a aumentar os níveis de glicogênio em indivíduos doentes, mas não normaliza. 55 − O aumento do ácido graxo no sangue faz com que o músculo o utilize. Diminuindo, assim, a oxidação de glicose (inibição da piruvato desidrogenase), devido ao aumento de acetil-CoA na mitocôndria. Há ainda um aumento na produção hepática de glicose (gliconeogênese). Assim, ocorre uma hiperglicemia devido a glicose que não foi usada pelo músculo e mais a que foi produzida pela gliconeogênese. Mecanismos de resistência à insulina: Hoje tem-se dois