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Apostila Zoologia

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Sistemática, anatomia, fisiologia e ecologia de peixes
Chapter · August 2015
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Alexandre Peressin
Universidade Federal de Lavras (UFLA)
14 PUBLICATIONS   30 CITATIONS   
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Thiago Teixeira Silva
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Tópicos de Manejo e 
Conservação da Ictiofauna 
para o Setor Elétrico 
1 
Companhia Energética de Minas Gerais - Cemig 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Tópicos de Manejo e Conservação da Ictiofauna 
para o Setor Elétrico 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1ª edição 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Belo Horizonte 
 
Cemig 
 
2015 
2 
ISBN: 978-85-87929-58-7 
Copyright: Companhia Energética de Minas Gerais - Cemig 
Presidência: Mauro Borges Lemos 
Diretoria de Geração e Transmissão: Franklin Moreira Gonçalves 
Superintendente de Gestão Ambiental da Geração e Transmissão: Enio Marcus Brandão 
Fonseca 
Gerente de Estudos e Manejo da Ictiofauna e Programas Especiais: Newton Jose Schmidt Prado 
 
Organizadores: 
Cintia Veloso Gandini 
Raquel Coelho Loures 
 
Coordenação de Edição: 
Daniella Delbem de Amorim 
 
 
Endereço: 
Cemig – Companhia Energética de Minas Gerais 
Superintendência de Gestão Ambiental da Geração e Transmissão 
Av. Barbacena, 1.200 – 13º A1 
30.190-131 Belo Horizonte (Minas Gerais) / Brasil 
 
 
 
 
C737 Companhia Energética de Minas Gerais. 
 Tópicos de manejo e conservação da Ictiofauna para o setor 
 Elétrico / Organizadores: Cintia Veloso Gandini, Raquel Coelho 
 Loures. – Belo Horizonte: Cemig, 2015. 
 
243p.: il.; color. 
ISBN: 
 
 1. Peixes – Aspectos ambientais. 2. Usinas hidrelétricas – 
Segurança ambiental. I. Companhia Energética de Minas 
Gerais. II. Gandini, Cintia Veloso. III. Loures, Raquel Coelho. IV. 
Título. 
 
 CDD: 590 
 597.5 
 620 
 
 
Tópicos de Manejo e Conservação da Ictiofauna para o Setor Elétrico 
 11 
 
CAPITULO 11 
SISTEMÁTICA, ANATOMIA, FISIOLOGIA E ECOLOGIA DE PEIXES 
 
 Alexandre Peressin 
Thiago Teixeira Silva 
 
 
 
Atualmente, existem mais de 50 mil espécies de animais vertebrados. Destes, 28 mil são 
peixes que habitam desde lagos tropicais, onde a temperatura pode ultrapassar os 36oC, até 
mares polares onde a água está sempre próxima do ponto de congelamento. 
Das 28 mil espécies de peixes existentes, cerca de 15 mil são descritas para ambientes de 
água doce, sendo mais de 6 mil encontradas na região neotropical (América do Sul). A fauna 
de peixes de água doce da América do Sul é a mais rica do mundo e apresenta uma grande 
diversidade biológica e adaptativa. No Brasil, há aproximadamente 2500 espécies de água 
doce. Minas Gerais abriga um pouco mais de 350 espécies, o que representa quase 12% do 
total registrado no Brasil. 
Peixes ocorrem em dois tipos principais de ambientes: a) lóticos – aqueles que 
apresentam fluxo de água, como riachos, cabeceiras e calhas dos rios; b) lênticos – aqueles 
com nenhum ou pequeno fluxo de água, como lagoas, lagos e reservatórios. Alguns peixes 
vivem em lagoas rasas, com menos de 50 cm de profundidade e outros nas fossas abissais do 
oceano, a mais de 2.000 metros abaixo da superfície. Algumas espécies de peixes atingem sua 
maturidade sexual com menos de 2 cm de comprimento e outros, como o tubarão baleia, 
podem atingir mais de 10 m. Esta grande variedade de modos de vida implica em uma grande 
variação anatômica e fisiológica entre as espécies. Será objetivo desta apostila, abordar 
apenas espécies de peixes de água doce, que habitam rios e lagos da região tropical brasileira. 
 
1. Sistemática 
 
Sistemática é a ciência que trata da classificação dos seres vivos, organizando-os em: 
Reino, Filo, Classe, Ordem, Família, Gênero e Espécie. Os peixes pertencem ao Reino Animalia, 
Filo Chordata e Sub-filo Vertebrata e estão divididos em dois Infrafilos: Agnatha e 
Gnathostomata. 
 
Peressin A. & Silva T. T. (2015) Sistemática, anatomia, fisiologia e ecologia de peixes. In: Gandini C. V. & Loures R. C. (orgs.) 
Tópicos de Manejo e Conservação da Ictiofauna para o Setor Elétrico. Belo Horizonte: Companhia Energética de Minas 
Gerais, pp. 11 – 33. 
 
Tópicos de Manejo e Conservação da Ictiofauna para o Setor Elétrico 
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Agnatha (Figura 1): são os vertebrados mais primitivos, desprovidos de mandíbulas e 
maxilas e, por isso, sua boca é circular. Possuem o corpo alongado, cilíndrico e sem 
escamas. São ectoparasitas de peixes ou necrófagos. Seus representantes são 
popularmente chamados de lampréias e bruxas (também conhecidas como feiticeiras). As 
lampréias (classe Petromyzontidae) são tanto de água doce quanto de água salgada, 
porém não ocorrem no Brasil. Já as bruxas (classe Myxini) são exclusivamente marinhas. 
Ambas ocorrem apenas em regiões temperadas. Não há nenhum registro de exploração 
econômica destas espécies. 
 
 
Figura 1 – Exemplo de peixe do infrafilo Agnatha. 
 
Gnathostomata: são vertebrados que possuem mandíbulas. Os peixes deste infrafilo 
estão classificados em duas classes: Chondrichthes e Osteichthyes (ou Teleostomi). 
A classe Chondrichthyes (Figura 2) é composta por mais de 800 espécies. Sua 
principal característica é o esqueleto cartilaginoso, sem ossos verdadeiros. Tubarões (ou 
cações) raias e quimeras são os representantes mais conhecidos desta classe. A maioria 
das espécies é marinha, mas existem espécies dulcícolas (de água doce), inclusive no 
Brasil. As raias de água doce que ocorrem no Brasil costumam causar acidentes devido ao 
ferrão que possuem na cauda. Apesar de várias espécies de Chondrichthyes serem 
explorados pela pesca comercial, com a finalidade de abate para o consumo humano ou 
de uso como ornamentais, não existe cultivo destas espécies. 
 
Tópicos de Manejo e Conservação da Ictiofauna para o Setor Elétrico 
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Figura 2 – Exemplo de peixe da classe Chondrichthyes. 
 
A classe Osteichthyes (Figura 3) é composta pelo maior número de espécies, cerca de 
21 mil. Ao contrário da classe anterior, os Osteichthyes possuem o esqueleto formado por 
ossos. Dentre estas espécies encontram-se os peixes mais intensamente pescados e 
aqueles cultivados para fins de alimentação humana, pesca esportiva, ornamentação e 
outras finalidades. Estes peixes são dominantes desde o período Cretáceo, compreendido 
entre 145 a 65 milhões de anos atrás. 
 
 
Figura 3 – Exemplo de peixe da classe Osteichthyes. 
 
A classe Osteichthyes é dividida em duas subclasses: 
· Sarcopterygii: peixes que possuem nadadeiras carnosas (lobadas), representados 
pelos peixes pulmonados (Dipnoi – Pirambóia) e Celacantos (Coelacanthini). Há 
poucas espécies existentes deste grupo, que é filogeneticamente o mais próximodos 
vertebrados tetrápodas. 
· Actinopterygii: peixes ósseos com nadadeiras sustentadas por filamentos rígidos. Esse 
grupo possui 5 infraclasses. Quatro delas são representadas por apenas algumas 
poucas espécies: os Branchiopterygii (Polipterus) os Chondrostei (Esturjões), os 
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Ginglymodi (Gars) e Halecomorphi (Amnias). A outra é a infraclasse Teleostei, 
responsável por cerca de 23 das 28 mil espécies de peixes descritas em todo o mundo. 
Dentro da infraclasse Teleostei, estão os Ostariophysi. É a superordem com maior 
número de espécies nos rios do mundo. Possuem 27% do total de espécies de peixes e mais 
de 60% dos peixes de água doce. O nome se refere aos pequenos ossos (ostar = pequeno 
osso) que conectam a bexiga natatória (physa = bexiga) ao ouvido interno. Dessa forma, a 
bexiga natatória é utilizada como um amplificador e os pequenos ossos como condutores 
(sistema conhecido como aparelho de Weber). Esse aparelho incrementa a audição nesses 
peixes. É um grupo muito diverso, com mais de 6500 espécies, incluindo os bagres, as carpas, 
os barbos, os peixes elétricos, tuviras e os characiformes (ordem que engloba muitos dos 
peixes com escamas conhecidos no Brasil). Quase todas as espécies capturadas em 
monitoramentos nas áreas de influência de usinas hidrelétricas, resgatadas em drenagens 
e/ou envolvidas em acidentes no Brasil (Pimelodus maculatus – mandi; Prochilodus sp – 
curimba; Salminus sp – dourado; Pinirampus pirinampu – barbado; Leporinus sp – piau, 
piapara; Wertheimeria maculata – roncador; Franciscodoras marmoratus – serrudo; e outros) 
pertencem a esse grupo. 
 A partir de agora, vamos estudar a anatomia e a fisiologia dos peixes da infraclasse 
Teleostei e, em alguns casos, citaremos peculiaridades dos demais. Começaremos pelas 
características externas. 
 
2. Anatomia e Fisiologia 
 
Formato do Corpo: quando pedimos a uma criança para que desenhe rapidamente um 
peixe, o resultado é quase sempre um animal fusiforme (cilíndrico ou alongado) visto de 
perfil. Se perguntarmos a esta mesma criança se todos os peixes que conhece se parecem 
com o desenho, possivelmente a resposta será um sim, seguido de uma série de observações 
relativas às espécies que possuem outro formato. Caso façamos a mesma solicitação a um 
aquarista ou um produtor de peixes ornamentais, provavelmente não teremos nenhum 
desenho, pois estas pessoas estão acostumadas a ver peixes com os mais diversos formatos, e 
esta variação morfológica é uma das características de um peixe ornamental. 
Diversas espécies comerciais possuem o formato "padrão" fusiforme, sendo a altura do corpo 
maior que sua largura e o comprimento maior que ambas. Este formato reduz a resistência da 
água ao movimento do peixe, permitindo uma redução do gasto de energia para o 
deslocamento e possibilitando a natação em alta velocidade. O atum, o marlim e 
determinadas espécies de tubarões são bons exemplos desta situação. Dentre as espécies 
comerciais podemos observar este formato nas carpas, na truta, no salmão, na matrinxã e 
mesmo em alguns peixes ornamentais como os barbos, os labeos e as botias. Apesar de este 
formato ser o que produz menor resistência ao movimento, nem todos os peixes necessitam 
Tópicos de Manejo e Conservação da Ictiofauna para o Setor Elétrico 
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de nadar velozmente ou vencer fortes correntezas, por isso muitas espécies, a partir do 
processo evolutivo, hoje possuem outros formatos mais adequados a certos nichos. O 
extremo oposto ao formato fusiforme é uma forma esférica ou cúbica. Estas formas 
apresentam grande resistência ao deslocamento e por isso as espécies que as possuem são 
peixes que nadam lentamente, como por exemplo o baiacu e o peixe cofre, que são peixes 
marinhos. Estas espécies possuem estruturas especiais para defesa e são muito apreciadas 
como peixes ornamentais. 
Existem peixes que possuem o corpo achatado lateralmente e, de perfil, apresentam um 
formato arredondado. Algumas espécies criadas para abate, como o tambaqui e o pacu, 
possuem esse formato e por isso são conhecidas como peixes redondos. Mas nenhuma outra 
espécie merece tanto este nome como o acará-disco. Alguns exemplares de acará-disco 
parecem ter sido feitos com um compasso. Dentre os peixes marinhos, também, 
encontramos espécies com este formato como, por exemplo, o peixe-lua. 
Outro formato incomum é o das enguias, das moréias e do mussum. Estes peixes são 
alongados e seu comprimento excede em muitas vezes sua altura, com isso assemelham-se a 
uma cobra. Os bagres possuem um formato semelhante ao fusiforme, porém, possuem a 
largura maior que a altura do corpo. Assim, sua seção reta tem um aspecto comprimido no 
sentido dorso ventral. Mesmo nas espécies que possuem formatos exóticos como o acará-
disco, o cavalo marinho e o linguado, as larvas nascem com formato fusiforme e à medida que 
se transformam em alevinos e juvenis vão passando por sucessivas mudanças. No caso do 
linguado, que vive apoiado lateralmente no fundo, essa metamorfose é tão complexa que o 
adulto possui um lado do corpo que fica em contato com o fundo do mar e outro onde ficam 
os dois olhos, sendo que o peixe nada de lado. 
 
Coloração: a coloração dos peixes pode ser bastante variada dada a presença de 
cromatóforos, células que contêm pigmentos. Estão presentes na pele (derme), tanto por 
fora como por baixo das escamas. Os pigmentos podem ser da cor preta (melanina), amarela, 
alaranjada ou vermelha (carotenóides), e as células podem conter combinações destes 
pigmentos, que resultam em outras cores como o marrom e o verde. 
Os pigmentos têm a função de proteger o peixe da ação dos raios solares, uma função 
tão importante que já nos primeiros dias de vida aparece a coloração escura. Em diversas 
espécies a cor muda durante o crescimento e é uma indicação da maturidade sexual. Além 
dos pigmentos, os peixes possuem cristais que refletem a luz em diferentes comprimentos de 
ondas (cores). A cor é refletida pelos cristais em função da sua largura e da profundidade em 
que se encontram na derme. Estes cristais também são responsáveis pelo aspecto prateado 
de muitos peixes. 
Na maioria dos peixes, a intensidade da cor varia com a intensidade de luz na água. 
Algumas espécies, como salmões e ciclídeos (carás, tucunarés e tilápias), tem sua cor alterada 
Tópicos de Manejo e Conservação da Ictiofauna para o Setor Elétrico 
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em função do período reprodutivo. Para que as mudanças na coloração ocorram, algumas 
regiões concentram os pigmentos dos cromatóforos, enquanto em outras estes pigmentos se 
espalham. A coloração também pode ser modificada pela ingestão de substâncias 
pigmentárias, como os carotenóides. Outros fatores que produzem alterações na coloração 
são o estresse e determinadas doenças. As modificações na coloração provocadas pelo 
estresse são em geral passageiras. 
 
Pele: a pele (epiderme) dos peixes é lisa e contínua, recobrindo o peixe completamente, 
inclusive nos olhos. Ao longo do corpo do peixe, percebe-se uma seqüência de poros que 
formam a linha lateral. Esses poros se comunicam com um canal longitudinal que fica abaixo 
das escamas no qual existem células mecanorreceptoras, que permitem ao peixe perceber 
mudanças na pressão ou ondulações provocadas por presas e predadores. 
A pele dos peixes apresenta um grande número de glândulas mucosas. O muco secretado 
permite a redução da resistência da água ao movimento de natação, mas serve, 
principalmente, como proteção. O muco protege o peixe da infestação por fungos e parasitas. 
Esse fato é facilmente observado nas pisciculturas. Quando se realiza qualquermanejo que 
retire o muco, nos dias seguintes pode-se observar o surgimento de peixes com infestações 
fúngicas, problema que é agravado mais ainda no inverno. Os peixes são animais 
ectotérmicos, o que significa que a velocidade de suas reações metabólicas é reduzida em 
quase 10% a cada redução de 1 grau na temperatura da água. Com isso, a produção de muco 
no inverno é mais lenta e o peixe fica mais susceptível aos fungos e parasitas. 
 
Escamas (Figura 4): as escamas são estruturas ósseas de origem mesodérmica, possuindo 
diferentes formatos. Nas escamas da linha lateral, observa-se uma abertura. Na maioria das 
espécies, as escamas estão imbricadas, formando uma estrutura semelhante a um telhado 
com telhas de barro. Em algumas espécies podem ser separadas ou mesmo ausentes. Em 
alguns peixes há placas ósseas, como nos cascudos. Apesar de os peixes poderem repor 
rapidamente as escamas perdidas por acidente, as escamas são permanentes e se 
desenvolvem durante toda a fase de crescimento do peixe. Quando o peixe habita uma região 
onde ocorre uma estação fria bem definida, pode-se observar nas escamas que os anéis 
formados durante a estação fria são mais densos e mais opacos. Estes anéis podem servir 
para indicar a idade do animal. 
 
Tópicos de Manejo e Conservação da Ictiofauna para o Setor Elétrico 
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Figura 4 – Escama de peixe ósseo mostrando anéis de crescimento. 
 
Esqueleto e Musculatura (Figura 5): o esqueleto dos peixes pode ser formado por 
cartilagens, mas na maioria das espécies (Osteichthyes) é formado por ossos. O esqueleto 
compreende o crânio, a mandíbula, a coluna vertebral, as costelas, a cintura peitoral e os 
pterigióforos, que sustentam os raios das nadadeiras. A coluna vertebral é muito flexível, 
porém, sua ligação com o crânio é feita por uma articulação dupla, que impede o peixe de 
virar sua cabeça. Na cabeça do peixe encontramos o opérculo, que é o osso que protege a 
cavidade branquial e que possui funções relacionadas a deglutição e respiração. Podemos 
destacar os ossos intramusculares que são espinhas em forma de Y. Os músculos dos peixes 
são segmentares (miômeros) e localizados entre as vértebras e na cabeça. Entre os grupos de 
miômeros são encontrados tabiques (membranas) de tecido conjuntivo. 
 
 
Figura 5 – Esqueleto de peixe ósseo visto ao raio X. 
 
Nadadeiras (Figura 6): as nadadeiras dos peixes são expansões membranosas da pele e, 
possivelmente, têm sua origem evolutiva nas dobras dos tegumentos dos cordados 
primitivos. Possuem raios ósseos recobertos por uma membrana e podem variar em formato, 
coloração, tamanho e posição. 
 
Tópicos de Manejo e Conservação da Ictiofauna para o Setor Elétrico 
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Figura 6 – Anatomia externa de peixe ósseo. 
As nadadeiras pares mais próximas ao crânio, situadas na lateral do corpo, são as 
nadadeiras peitorais. O par seguinte é o das nadadeiras pélvicas, que podem estar próximas 
às brânquias, no abdômen ou mesmo ausentes. Próximo ao ânus existe uma pequena 
nadadeira chamada nadadeira anal, que nos peixes machos da família Poecilidae (guarus, 
guppys, molinésias, espadas e platis) é modificada em um órgão copulador, denominado 
gonopódio. Sobre o dorso dos peixes existe uma nadadeira denominada nadadeira dorsal. 
Esta pode ser única, dupla, múltipla ou contínua e em algumas espécies é ausente. Em alguns 
peixes, como no caso da tilápia, os primeiros raios desta nadadeira são rígidos, pontiagudos e 
salientes, constituindo um elemento de defesa. Nesta espécie e em outros ciclídeos, a 
nadadeira dorsal do macho é pontiaguda e maior do que a da fêmea. Diferentemente das 
demais, a nadadeira adiposa não possui raios, sendo de aspecto carnoso. Esta nadadeira não 
está presente na maioria das espécies e é considerada primitiva. A nadadeira caudal 
apresenta três tipos básicos: 
Heterocerca: o tipo heterocerca é observado em tubarões e em alguns peixes ósseos 
como o esturjão. Nessa nadadeira, as vértebras do final da coluna apresentam inflexão 
Tópicos de Manejo e Conservação da Ictiofauna para o Setor Elétrico 
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para a parte superior da nadadeira, que pode ser bifurcada ou ter o aspecto de uma 
foice. Uma variação do tipo heterocerca é observada no celacanto. Nesta espécie, a 
inflexão é reduzida e a nadadeira é lobada. Este tipo é conhecido como heterocerca 
abreviada. 
Dificerca: o tipo dificerca é característico dos peixes pulmonados, como a pirambóia, e 
tem como característica possuir dois lobos iguais e as vértebras presentes até a 
extremidade da nadadeira em posição mediana. 
Homocerca: o tipo mais comum nos peixes teleósteos é a nadadeira caudal 
homocerca, na qual as vértebras terminam no pedúnculo caudal. O formato da 
nadadeira é bastante variado, mas o mais comum é o de leque. 
Quando os peixes nadam para frente, em grande velocidade, apenas a nadadeira caudal 
é utilizada no movimento, mas é a movimentação das demais nadadeiras que permitem as 
manobras mais complexas como desviar de obstáculos ou nadar para trás. Além de serem 
utilizadas na natação as nadadeiras podem servir para apoiar o peixe no substrato, para 
cortejar a fêmea e para movimentar a água ao redor dos ovos. Estas funções ocorrem apenas 
em um reduzido número de espécies. 
 
Aparelho Digestivo: nos peixes, o aparelho digestivo é composto pela boca, dentes, 
faringe, rastros branquiais, esôfago, estômago, intestino e glândulas anexas. Veremos a seguir 
cada um deles. 
Boca: a boca possui diversos formatos e estes estão relacionados ao hábito alimentar 
e, mais precisamente, à forma de apreensão do alimento. Em geral, a boca é terminal 
e sua abertura pode ser à frente ou um pouco acima ou abaixo da linha mediana. Este 
padrão é comum aos peixes que se alimentam na coluna d'água. Peixes que se 
alimentam na superfície possuem a boca voltada para cima como no caso do 
tambaqui e do pacu. Em algumas espécies a boca é praticamente dorsal, como é o 
caso do betta e do aruanã. Em peixes que se alimentam no fundo podemos observar a 
boca ventral, presente nos cascudos, ou com estrutura protáctil, como na carpa e no 
curimba. Quando fechada, a boca protáctil fica em posição mediana, mas, ao abrir, ela 
forma um tubo voltado para baixo e que auxilia na sucção de detritos e outros 
alimentos presentes no sedimento. 
Dentes: em geral, os dentes dos peixes são cônicos, podendo ter apenas uma cúspide 
ou várias. Algumas espécies possuem placas ásperas que são formadas por inúmeros 
dentes filiformes (estes dentes formam a “lixa” dos bagres e mandis). Também são 
comuns espécies desprovidas de dentes maxilares e/ou de dentes mandibulares. Na 
carpa, por exemplo, ocorrem dentes faríngeos que não têm função de apreensão do 
alimento, mas sim de trituração. Nos peixes, a língua é totalmente presa ao assoalho 
Tópicos de Manejo e Conservação da Ictiofauna para o Setor Elétrico 
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da cavidade bucal e não tem função de deglutição, como em outros animais, mas no 
caso de algumas espécies ela possui uma aspereza que auxilia a manter capturadas as 
presas vivas. O pirarucu é um exemplo disto, sua língua óssea e áspera é inclusive 
comercializada como lixa. Na cavidade bucal existem glândulas mucosas, porém, as 
salivares, que são comuns aos mamíferos, não são observadas. O processo de ingestão 
de alimentos por um peixe tem duas etapas. Na primeira, o animal fecha a boca e abre 
o opérculo, permitindo a saída da água. O alimento é então retido pelos rastros 
branquiais. O alimento é deglutido na segunda etapa, indo para o esôfago. Neste 
processo, o peixe ingere água que depois é eliminada pelo processo de excreção. 
Rastros (Figura 7): rastros são estruturas ósseas, presentesnos lados da faringe, que 
se prolongam do arco branquial. Este por sua vez é o osso que sustenta os filamentos 
branquiais, que são a parte avermelhada da brânquia e possuem função respiratória. 
Os rastros branquiais variam em número e em formato. Seu conjunto forma uma 
malha que retém o alimento impedindo que ele retorne ao meio, juntamente com a 
água expelida. A malha formada pelos rastros branquiais determina o tamanho 
mínimo das partículas ingeridas. Peixes com rastros finos e abundantes podem filtrar e 
ingerir plâncton de origem animal ou mesmo o fitoplâncton em casos mais 
específicos. Peixes carnívoros possuem rastros mais largos e em menor número, pois 
retém partículas de alimento maiores. 
 
 
Figura 7 – Arcos branquiais de peixe ósseo. 
 
Esôfago e Estômago: o esôfago é curto e se comunica com o estômago, que por sua 
vez pode ter diversos formatos ou mesmo estar ausente. Na carpa comum não há 
uma porção do tubo digestivo com as características de um estômago, mas as células 
secretoras de ácido clorídrico e de pepsina, que normalmente ficam no estômago, 
estão presentes em diversas partes do intestino delgado. Nos peixes carnívoros, o 
estômago é relativamente grande, enquanto que nos onívoros e nos herbívoros é 
menos evidente. O estômago é delimitado pela válvula pilórica, que marca o início do 
intestino delgado. Nessa região, a maioria dos peixes possuem estruturas 
denominadas cecos pilóricos, que têm por finalidade melhorar o processo de digestão 
Tópicos de Manejo e Conservação da Ictiofauna para o Setor Elétrico 
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através do aumento do tempo de permanência do alimento. Os cecos são projeções 
do intestino delgado em forma de sacos e seu número é bastante variável. 
Intestino e Glândulas Anexas: associados ao intestino delgado existem os seguintes 
órgãos: fígado, vesícula biliar e pâncreas. O fígado dos peixes é geralmente grande e sua 
função está relacionada à produção de bile e aos ciclos de ácidos graxos (gorduras). Associado 
ao fígado está uma pequena vesícula biliar que se liga ao intestino pelo ducto biliar, por onde 
passa a bile. O pâncreas é difuso, mas apresenta as mesmas funções do pâncreas humano, 
que é a secreção de enzimas (tripsina e quimotripsina) e de hormônios. O intestino grosso 
não é muito característico nos peixes, assim as funções de recuperação dos sais biliares são 
feitas em diversos locais do intestino delgado. O intestino termina em um ânus. O tamanho 
do intestino varia entre espécies e tem relação com o habito alimentar. Em carnívoros, 
especialmente os piscívoros, o intestino normalmente mede aproximadamente o mesmo 
comprimento do corpo de peixe. Nos herbívoros e detritívoros, o intestino pode ultrapassar 
em 20 vezes o comprimento do corpo. 
Aparelho Respiratório (Figura 8): Os peixes respiram por meio de brânquias localizadas 
em uma câmara comum, denominada câmara branquial. Nos peixes ósseos, as brânquias são 
protegidas pelos opérculos, e nos peixes cartilaginosos ocorrem as fendas branquiais. Além 
destas estruturas existem, na cavidade bucal, valvas orais passivas. A respiração nos peixes 
cartilaginosos ocorre da seguinte forma: a água entra pela boca e o peixe, ao fechá-la e 
levantar o assoalho da cavidade bucal, força a água a passar pelas brânquias e sair pelas 
fendas brânquias. Com os peixes ósseos é diferente: depois que a água entra pela boca, eles 
fecham as valvas orais e a cavidade bucal é contraída, forçando a água a passar pelas 
brânquias e a sair pelos opérculos, que possuem membranas para evitar o refluxo da água. 
Como os filamentos branquiais são muito irrigados e com paredes finas, ocorre a troca 
gasosa. O oxigênio da água entra na circulação e o gás carbônico vai para o meio externo. 
Como estes processos ocorrem em função da diferença de concentração entre o plasma 
sanguíneo e a água, baixas concentrações de oxigênio dissolvido ou altas concentrações de 
gás carbônico reduzem este processo. Os peixes possuem um mecanismo de contracorrente 
para aumentar a eficiência das trocas gasosas, assim o sangue dos filamentos circula no 
sentido oposto ao da água. Durante a respiração, o peixe não ingere água, mas diversos 
nutrientes e substâncias tóxicas são assimiladas diretamente pelas brânquias. Dentre elas 
alguns minerais como o cálcio, o fósforo e o alumínio e substâncias tóxicas como a amônia. 
Como o processo de respiração está intimamente relacionado à integridade das brânquias, 
qualquer lesão nestas reduz a eficiência respiratória. São comuns lesões causadas por 
substâncias tóxicas, deformações devido à deficiência de vitamina C e/ou de cálcio e 
obstruções causadas por material em suspensão. Diversos parasitas também causam lesões 
mecânicas nas brânquias, por nelas se alojarem. 
 
Tópicos de Manejo e Conservação da Ictiofauna para o Setor Elétrico 
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Figura 8 – Foto mostrando a brânquia (Br), coração (co) e bexiga natatória (bn) de peixe ósseo. 
 
A bexiga natatória não faz parte do aparelho respiratório da maioria das espécies de 
peixes, sua função é hidrostática. O volume de gases pode ser rapidamente ajustado e 
permite ao peixe flutuar ou afundar com mais facilidade e se ajustar às diferenças de pressão 
ao nadar em profundidades distintas. A bexiga natatória é intensamente vascularizada em 
alguns peixes, tendo função semelhante ao pulmão em peixes como a pirambóia. Com isso, 
esta espécie pode permanecer respirando fora d'água por longo período. Graus de 
vascularização intermediários existem em outras espécies e são importantes durante 
situações de hipóxia (falta de oxigênio), pois permitem que o peixe utilize o oxigênio 
atmosférico. A bexiga natatória pode ser ligada ou não à faringe pelo ducto pneumático. Em 
alguns peixes, chamados fisóstomos, há conexão da bexiga natatória com o esôfago. Assim, o 
peixe infla e esvazia sua bexiga com rapidez, pois pode engolir ar para inflar a bexiga e 
posteriormente expelir rapidamente este ar. Nos peixes fisóclistos, o enchimento e 
esvaziamento são feitos pela corrente sanguínea, o que torna o processo mais demorado. 
Esta diferença na condição fisiológica influencia a susceptibilidade dos peixes à operação de 
usinas: na passagem por turbinas, principalmente considerando peixes oriundos de 
montante, o tempo de esvaziamento da bexiga é crucial, já que a descompressão provocada 
pela passagem pela turbina causa expansão do ar presente na bexiga natatória que, se não 
for expulso a tempo, pode causar eversão de órgãos, rompimento da bexiga e morte do 
peixe. Assim, peixes fisóclistos são mais vulneráveis à passagem por turbinas. No entanto, 
considerando peixes oriundos do canal de fuga, a maior resistência ao trauma por pressão 
pode permitir ao peixe se aproximar mais perto da turbina, o que aumenta a chance de 
choque mecânico. 
 
Aparelho Circulatório (Figura 9): o coração dos peixes é bastante simples e possui apenas 
duas câmaras, um átrio (aurícula) e um ventrículo. O coração está situado logo abaixo da 
faringe e das brânquias, próximo à inserção da nadadeira peitoral. O sangue chega ao coração 
pelo seio venoso, deste vai para o átrio para depois ir para o ventrículo. Esta última cavidade 
possui sua parede muscular muito mais espessa que as demais. Entre estas câmaras ocorrem 
Tópicos de Manejo e Conservação da Ictiofauna para o Setor Elétrico 
 23 
 
válvulas que impedem o refluxo do sangue. Os batimentos do ventrículo (contrações) 
expelem o sangue para o cone arterial e deste para a artéria aorta ventral, que se divide em 
quatro pares de artérias branquiais aferente. Cada artéria branquial aferente distribui o 
sangue para capilares que irão irrigar uma das oito brânquias do peixe. Após passar pelabrânquia, o sangue oxigenado segue por capilares até a artéria branquial aferente, que o 
conduz à artéria aorta dorsal que distribui o sangue para todo o corpo. Através das veias 
cardinais anteriores e posteriores e da veia hepática, o sangue desoxigenado retorna ao 
coração. Pode-se perceber, então, que no coração dos peixes passa apenas sangue 
desoxigenado. O sangue dos peixes contém hemácias (eritrócitos) arredondadas, com a 
presença de núcleo e de vários tipos de leucócitos. Estas células são produzidas no baço. O 
volume de sangue em peixes é pequeno quando comparamos com o dos mamíferos. O 
sangue, além de gases, transporta hormônios, nutrientes, anticorpos e substâncias 
metabólicas. 
 
 
Figura 9 – Sistema circulatório dos peixes. 
 
Aparelho Excretor (Figura 9): os peixes possuem um par de rins, do tipo mesonefro, 
escuros e filiformes (alongados), situados no dorso da cavidade celomática (abdômen), acima 
da bexiga natatória, onde os metabólitos presentes no sangue são filtrados. A urina é 
eliminada na água através do seio urogenital. O nitrogênio proveniente do metabolismo 
protéico é eliminado na urina sob as formas de amônia e/ou uréia, mas a maior parte deste 
nitrogênio é eliminado sob a forma de amônia pelas brânquias. Em algumas espécies, o ducto 
urinário e o reprodutor não se encontram associados nos machos, apenas nas fêmeas, sendo 
este um caráter que ajuda na distinção dos sexos. Uma importante função do sistema 
excretor em peixes é a osmorregulação. Os peixes de água doce (dulcícolas) vivem em um 
meio no qual a concentração de sais (concentração iônica) é muito inferior (meio hipotônico) 
à do sangue e, por isso, absorvem involuntariamente grandes quantidades de água pelas 
brânquias e pela membrana da boca e da faringe. Também ocorre perda de sais pelas fezes, 
Tópicos de Manejo e Conservação da Ictiofauna para o Setor Elétrico 
 24 
 
urina e brânquias. Para manter seu equilíbrio osmótico, estes peixes produzem uma grande 
quantidade de urina. A urina dos peixes dulcícolas é muito diluída e seu volume pode ser até 
dez vezes superior ao produzido por um peixe marinho de mesmo tamanho, nos quais o 
problema é justamente o oposto. 
Aparelho Reprodutor: o aparelho reprodutor é composto pelas gônadas (testículos e 
ovários) e pelos ductos por onde passam os gametas. As gônadas são formadas após o 
nascimento dos peixes e têm a mesma origem celular. Este fato permite que sejam feitos 
processos de inversão sexual em diversas espécies de peixes. Nos machos, pode ser verificada 
a presença de um par de testículos cuja coloração e formato variam durante seu ciclo 
reprodutivo. Os testículos podem ser ambos funcionais, ou em algumas espécies, um pode 
ser atrofiado. Nas fêmeas, a gônada pode variar de um pequeno filamento translúcido, em 
peixes imaturos, até atingir 25% do peso do peixe quando maduras, dependendo da espécie. 
 
3. Ecologia e comportamento 
 
A diversidade de padrões ecológicos de peixes é fabulosa, por isso iremos nos concentrar 
no hábitat, reprodução e alimentação de peixes de água doce e, principalmente, nas espécies 
mais vulneráveis à operação de usinas. 
Habitat: raízes, troncos, gramíneas e macrófitas submersas são ótimos refúgios, 
especialmente para espécies de pequeno porte ou juvenis. É comum capturar peixes 
pequenos em “peneiradas” na vegetação submersa. Tuviras (ou sarapós) são frequentemente 
vistas paradas em partes vegetais durante o dia. Raízes e troncos são especialmente 
importantes para peixes de riachos, predominantemente de pequeno porte. Além disso, 
abrigam muitos invertebrados que servem como alimento. Além das margens, matacões e 
blocos de rochas presentes no canal do rio também servem como substrato para o 
crescimento de macrófitas que, por sua vez, fornecem abrigo aos peixes. Mandis e outros 
bagres vivem em tocas formados pelas pedras do fundo do rio, inclusive lutando por elas. 
Estes mesmos peixes e os mussuns também são conhecidos por viverem em tocas na margem 
dos rios. Outros peixes se enterram na areia (pacamã) ou na lama (bagres africanos). Já 
muitos pequenos e grandes Characiformes, como pacus, dourados, lambaris, piracanjubas e 
piabas são nadadores ativos da coluna d’água, que podem inclusive formar cardumes mistos. 
Por isso a importância da heterogeneidade ambiental e preservação das características 
originais do rio: cada elemento do canal do rio serve de abrigo, local de desova ou 
alimentação para espécies diferentes. Assim, a redução do número de habitats disponíveis 
também reduz a quantidade de espécies que o local pode abrigar. 
 
Tópicos de Manejo e Conservação da Ictiofauna para o Setor Elétrico 
 25 
 
Alimentação: talvez a característica mais marcante da ictiofauna brasileira quanto a dieta 
seja o oportunismo: aproveitam o(s) recurso(s) com maior energia, quantidade e facilidade de 
obtenção num dado momento. No entanto, isso não significa que não exista nenhuma 
preferência: um bom pescador saberia que uma determinada isca funciona melhor para 
determinada espécie do que para outras. Mas significa que há capacidade de consumir 
grande espectro de itens alimentares dependendo da disponibilidade, o que facilita a 
sobrevivência em um ambiente altamente sazonal e variável como rios neotropicais. Pacus, 
tambaquis e matrinxãs entram nas matas alagadas durante a estação das cheias e consomem 
enorme quantidade de frutos e sementes, entre elas as castanhas. As cheias também são 
boas oportunidades para herbívoros, como os ximburés (também conhecidos como 
campineiros, taguaras ou piavas) Schizodon spp, que aproveitam o alagamento da vegetação 
para se alimentar de capim. Mas embora preferencialmente herbívoros, os ximburés podem 
consumir invertebrados também. A baixa no nível dos rios e consequente aumento na 
transparência facilita a alimentação de piscívoros como o dourado. Mandis e pacus-caranha 
podem consumir grandes quantidades de grãos como soja e milho acumulados em rios 
próximos a plantações ou portos fluviais. Doradideos (armado, abotoado, roncador, roque-
roque) podem se alimentar basicamente de qualquer material orgânico de origem antrópica 
descartado, incluindo cascas de frutas. Piranhas e pirambebas (Pygocentrus spp e Serrasalmus 
spp) se alimentam de pedaços de peixes e nadadeiras. Contudo, frutos e vegetais já foram 
encontrados em seus estômagos. Tal ingestão de vegetais pode ser acidental – durante a 
captura de presas escondidas na vegetação - ou não. Candirus se alimentam de restos e 
carcaças de animais. Este hábito necrófago inclui um peixe em evidencia ultimamente: a 
piracatinga (Calophisus ornatus) que tem sido pescada com uso de carne de jacaré e boto, 
levando a caça destas espécies. O tricomicterídeo Paravandelia oxyptera parasita brânquias 
de peixes se alimentado de sangue. A lepidofagia (ato de se alimentar de escamas de outros 
peixes) é praticada por certas espécies do gênero Roeboides e Odontostilbe. Aruanãs 
(Osteoglossum spp) saltam para capturar insetos fora da água e Gymnotiformes como o 
poraquê (Electrophorus electrus) e as tuviras (Gymnotus spp) produzem descargas elétricas 
para comunicação e/ou paralisação de presas. Nos grandes lagos africanos, há peixes 
especializados em retirar filhotes guardados na boca das mães e pais. Cascudos raspam o 
perifíton (camada de algas) aderido em troncos e pedras. Os panaques, tipo diferenciado de 
cascudo vivente na Amazônia, comem pedaços da madeira. Curimbas e saguirus comem 
basicamente detrito - restos de material orgânico, animal ou vegetal, em diferentes estágios 
de decomposição, depositado no fundo do rio. O dourado, a cachorra e grandes bagres como 
a piraíba, o jau, surubim e o pintado comem quaseexclusivamente peixe. Sarapós e tuviras 
consomem principalmente insetos. Lambaris, mandi-amarelo, pacu-caranha, piracanjubas, 
matrinxãs, armados, piaus, piaparas e muitos outros podem consumir basicamente qualquer 
tipo de alimento, vegetal ou animal. Em geral, entre os itens mais consumidos estão o próprio 
detrito - presente em diferentes quantidades na dieta de muitas espécies, peixe, insetos e 
outros invertebrados, como crustáceos, moluscos e vermes. Algas e material de origem 
vegetal também são comuns. 
Tópicos de Manejo e Conservação da Ictiofauna para o Setor Elétrico 
 26 
 
 Reprodução: em peixes ciclídeos (Tucunarés, Tilápias e Carás), peixes extremamente 
diversos nos grandes lagos africanos, mas também presentes no Brasil, é comum que os 
machos se tornem mais coloridos e desenvolvam estruturas diferenciadas durante o período 
reprodutivo. Os salmões do Pacífico (Oncorrhynchus spp), por exemplo, mudam sua coloração 
e morfologia das maxilas ao longo do amadurecimento das gônadas. Nos Cyprinodontifprmes 
poecilídeos (lebistes, guarus, barrigudinhos, molinésias, espadas e platis) há fecundação 
interna, como nos cangatis (Auchenipteridae). Nestes últimos, a fêmea pode inclusive 
armazenar esperma do macho para fecundações posteriores. No caso dos 
Cyprinodontiformes e ciclídeos, há dimorfismo sexual (diferenças morfológicas entre macho e 
fêmea). Os Cyprinodontiformes não desovam, são vivíparos. Nos ciclídeos, assim como nas 
traíras (Hoplias spp), no pirarucu (Arapaima gigas) e pacamã (Lophiosilurus alexandrii), há 
cuidado parental. Estas espécies fazem ninhos onde são depositados os ovos e que são 
vigiados por um dos pais ou por ambos. Centrarchídeos (Black bass) depositam seus ovos em 
galhadas submersas. Nestas espécies, é comum o territorialismo: não permitem aproximação 
da área onde está o ninho, sendo espécies bastante agressivas que atacam quem se aproxime 
dos ovos ou juvenis. Algumas piranhas e carpas depositam seus ovos em raízes de macrófitas 
flutuantes (aguapé, alface d’água e outras). Alguns cascudos (Loricariidae) podem carregar 
seus ovos aderidos em folhas ou no próprio corpo. Estas espécies que apresentam cuidado 
parental tendem a produzir ovos maiores, em menor quantidade e com múltiplos eventos de 
desova ao longo do ano. Os peixes migradores neotropicais (peixes de piracema) e alguns 
outros não migradores como os saguirus, por sua vez, apresentam comportamento diferente: 
desovam dezenas a centenas de milhares de ovos pequenos que não são guardados por 
nenhum dos pais. Estes ovos são carreados pela corrente e se desenvolvem em locais 
diversos, que podem ser o canal do próprio rio, corpo do lago ou lagoas marginais. A desova 
destas espécies pode ocorrer em um (desova total) ou mais (desova parcelada) eventos de 
desova, quase sempre concentradas na estação chuvosa. 
 
A piracema (Figura 10): para que ocorra a desova, é necessário que os óvulos estejam 
amadurecidos. O amadurecimento começa com a diferenciação de uma célula chamada 
ovogônia, que se desenvolve passando por diversas fases, aumentando de tamanho. A 
ovogônia recebe uma substância proveniente do fígado, importante para nutrir o embrião e a 
larva. Essa substância tem o nome de vitelo. Também o núcleo desta célula sofre 
transformações e migra para a periferia, onde existe um orifício chamado micrópila, pelo qual 
o espermatozóide penetra para realizar a fecundação. Processo semelhante ocorre nos 
machos, nos quais as espermatogônias amadurecem e se transformam em espermatozóides. 
Para que estes processos ocorram, é necessária a interferência de diversos hormônios. Os 
estímulos ambientais decorrentes da alteração na duração do dia (fotoperíodo) e da variação 
de temperatura estimulam o hipotálamo de algumas espécies a liberar hormônios que atuam 
sobre a hipófise. A hipófise, então, produz os chamados hormônios gonadotrópicos, que 
atuam sobre ovários e testículos, promovendo respectivamente a maturação dos óvulos e 
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 27 
 
espermatozóides. Em cativeiro, com água parada, as espécies que realizam piracema têm o 
desenvolvimento dos óvulos paralisado na fase anterior à maturação final. Quando a 
maturação final ou a reprodução não ocorre, os óvulos são reabsorvidos. O processo em que 
o óvulo é destruído por enzimas é chamado de atresia folicular. Quando ele começa, mesmo 
ocorrendo uma desova, a porcentagem de fecundação será muito baixa. Dizemos que os ovos 
estavam passados, ou mais propriamente, atrésicos. O acúmulo de ácido lático representa um 
estímulo vital para maturação. Após a maturação, a desova ocorre da mesma forma que para 
as espécies ovíparas que desovam em água parada. Por este motivo, a construção de 
barramentos nos rios pode causar o gradual desaparecimento de diversas espécies como o 
pacu, os curimbas, os piaus, os dourados, piracanjubas, matrinxas, pintados, cacharas e jaús. 
 
 
Figura 10 – Fenômeno da Piracema 
 
4. Principais espécies de peixes envolvidas em acidentes ambientais 
 
a) Nome Popular: curimatã, curimatá-pacu, curimbatá, curimba 
Nome Científico: Prochilodus sp. 
Ordem/Família: Characiformes/Prochilodontidae 
 
 
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 28 
 
 
Distribuição Geográfica: bacias Amazônica e Araguaia-Tocantins (P. nigricans), Prata (P. 
lineatus,), São Francisco (P. argenteus e P. costatus) e Doce (P. vimboides). Também foram 
introduzidas nos açudes do Nordeste. Hoje, existe conhecimento da presença das espécies do 
rio São Francisco nos rios Doce e Jequitinhonha, devido a introduções artificiais. 
Descrição: peixes de escamas. A principal característica da família é a boca protrátil, em 
forma de ventosa, com lábios carnosos sobre os quais estão implantados numerosos dentes 
diminutos dispostos em fileiras. As escamas são ásperas e a coloração é prateada. A altura do 
corpo e o comprimento variam com a espécie. Pode alcançar de 30 a 80 cm de comprimento 
total e 15 kg de peso, dependendo da espécie. 
Ecologia: espécies detritívoras alimentam-se de matéria orgânica e microorganismos 
associados à lama do fundo de lagos e margens de rios. Realizam longas migrações 
reprodutivas. São capturadas em grandes cardumes, sendo espécies importantes 
comercialmente, principalmente para as populações de baixa renda. Embora o valor 
comercial da carne seja baixo, o grande volume de capturas torna a espécie importante na 
pesca. Na bacia do Prata, o curimba representa mais de 50% da biomassa total de peixes que 
vivem no rio. 
 
b) Nome Popular: mandi; mandi – amarelo; mandi-guaçu 
Nome Científico: Pimelodus sp. 
Ordem/Família: Siluriformes/Pimelodidae 
 
 
 
Distribuição Geográfica: o mandi-amarelo (Pimelodus maculatus), espécie de ampla 
distribuição geográfica e de grandes variações cromáticas e até estruturais (Santos, 1954), 
pode ser encontrado na Amazônia, Guianas, Venezuela, Peru, Bolívia, Paraguai, Argentina, 
Bacia do Paraná, do Prata, Rio Uruguai e Rio Iguaçu (Godoy, 1987). 
Descrição: peixe de médio porte, alcançando cerca de 50 cm de comprimento e peso de 
até 3 kg. O corpo é alto e a cabeça é curta e baixa, com a boca terminal e a fenda bucal 
ampla, não possuindo dentes no palato. Os barbilhões maxilares são longos, alcançando a 
Tópicos de Manejo e Conservação da Ictiofauna para o Setor Elétrico 
 29 
 
região do pedúnculo caudal. O dorso é castanho escuro, com 3 a 4 séries longitudinais de 
manchas negras sobre o flanco. As nadadeiras possuem manchas negras e pequenas. 
Ecologia: de hábito alimentar onívoro com tendência à ictiofagia (Basile-Martins 1978; 
Souza 1982;Menin & Mimura 1991), o mandi-amarelo apresenta ampla plasticidade da dieta, 
podendo comer praticamente qualquer matéria de origem orgânica, desde frutos e sementes 
até peixe. Há uma tendência de a espécie se tornar piscívora com o crescimento, passando a 
consumir principalmente peixes a partir dos 25 cm de tamanho (Lima-Junior & Goitein 2003). 
Como na maioria dos peixes de couro, habita o fundo dos ambientes aquáticos. É geralmente 
considerado um peixe de piracema, fazendo a migração reprodutiva rio acima para a desova, 
que ocorre com a elevação do nível das águas em razão das chuvas. No entanto, esta 
condição migratória é controversa, pois a espécie também é abundante em cascatas de 
reservatórios, o que seria incompatível com a migração reprodutiva. Especula-se que a 
espécie seria migradora opcional ou que as populações originalmente conteriam os dois 
fenótipos (migrador e não migrador), que por sua vez seriam selecionados de acordo com 
ambiente. O comprimento médio na primeira maturação sexual varia de 12,5 a 18 cm para 
machos e 12 a 19 cm para as fêmeas. É uma espécie abundante e importante na pesca 
comercial (Lolis et al. 1996), com boa aceitação pelo mercado consumidor (Souza & Torres 
1984). É também a espécie mais comum em resgates durante paradas de máquina em usinas 
da Cemig. A presença de três ferrões, um na nadadeira dorsal e outros dois nas nadadeiras 
peitorais pode causar acidentes dolorosos e recomendam cuidado no manuseio dos 
indivíduos. 
 
c) Nome Popular: piapara 
Nome Científico: Leporinus sp. 
Ordem/Família: Characiformes/Anostomidae 
 
 
 
Distribuição Geográfica: bacias Amazônica e Araguaia-Tocantins, Prata e São Francisco. 
Descrição: peixe de médio porte, alcançando cerca de 50 cm de comprimento e podendo 
atingir o peso de até 6 kg. Na bacia do Prata estão presentes L. obtusidens e L. piavussu. Em 
Leporinus piavussu a boca é terminal, enquanto em Leporinus obtusidens esta é subinferior. 
Possui seis dentes incisiviformes inclinados para frente, tanto na maxila superior quanto na 
Tópicos de Manejo e Conservação da Ictiofauna para o Setor Elétrico 
 30 
 
inferior. O corpo é alongado e comprimido lateralmente, sendo o dorso castanho-escuro e o 
abdome amarelo. As escamas do tronco são castanho-escuras na base, dando o seu conjunto 
a impressão de listras longitudinais interrompidas. Possui três manchas negras ovais ou 
alongadas verticalmente, não bem delimitadas, sobre a linha lateral. As nadadeiras peitorais, 
pélvicas e anal são amarelas. Sua coloração varia conforme a transparência da água do rio. 
Observamos que com transparência maior, as piaparas tendem a ter cores mais fortes. 
Ecologia: possui hábito alimentar onívoro alimentando-se de insetos, vegetais, peixes e 
eventualmente de moluscos. Possui importância comercial na pesca de diversas bacias, tendo 
carne apreciada pelo mercado. É um peixe de piracema, vivendo no canal dos rios. 
 
d) Nome Popular: dourado 
Nome Científico: Salminus sp. 
Ordem/Família: Characiformes/Characidae 
 
 
 
Distribuição Geográfica: bacias do Prata (S. brasiliensis) e São Francisco (S. franciscanus). 
Descrição: é o maior dos peixes de escama da bacia do Prata, podendo atingir mais de um 
metro de comprimento e 30 kg de peso. O corpo é alto e as escamas são relativamente 
pequenas. A boca possui duas séries de dentes, tanto no pré-maxilar, quanto no dentário. A 
séria externa é composta de dentes cônicos muito maiores que os da interna. O dorso é 
castanho escuro. Na região central, as escamas dorsais apresentam uma mancha, formando, 
em conjunto, estrias longitudinais. O abdome e a região inferior do corpo são amarelo-vivos, 
com uma listra negra sobre os raios caudais medianos. A nadadeira anal é áspera nos machos, 
devido a inúmeras espículas que aparecem entre os raios na época da reprodução. 
Ecologia: é um peixe de piracema, reproduzindo-se normalmente de novembro a janeiro. 
No rio São Francisco, a jusante de Três Marias, o período com maior intensidade reprodutiva 
seria de dezembro a março (Andrade et al. 2008). O macho atinge a maturidade sexual com 
dois anos de idade, enquanto a fêmea alcança aos três anos. O hábito alimentar piscívoro 
desta espécie já está estabelecido em alevinos de 8 cm de comprimento, sendo o adulto um 
piscívoro exclusivo, engolindo a presa inteira. Sua carne é muito apreciada pelo mercado, 
Tópicos de Manejo e Conservação da Ictiofauna para o Setor Elétrico 
 31 
 
sendo considerada uma das melhores entre peixes de água doce. Pela qualidade da carne 
tamanho, é um dos eixes mais procurados por pescadores. 
 
e) Nome popular: barbado 
Nome Científico: Pinirampus pirinampu 
Ordem/Família: Siluriformes/Pimelodidae 
 
 
 
Distribuição Geográfica: bacia do Prata, incluindo os rios Grande e Paranaíba. 
Descrição: peixe de grande porte, alcançando cerca de 60 cm de comprimento e 10 Kg de 
peso. O dorso é verde-claro e o ventre esbranquiçado. A nadadeira dorsal é longa com um 
acúleo flexível e seis raios, a adiposa é muito longa e a anal possui onze raios. O peso médio 
gira em torno de 3 a 5 kg. 
Ecologia: o período reprodutivo coincide com a enchente de rios. É um peixe muito voraz 
e pode atacar peixes presos em malhadeiras. É oportunista e tem dieta variada. O local mais 
provável para a sua captura é no leito de rios de médio e grande porte. É bastante procurado 
por pescadores profissionais, que utilizam principalmente espinhéis iscados com peixe em sua 
captura. Esta espécie merece atenção especial durante as paradas de máquinas pois tem 
aumentado a sua abundância em muitos reservatórios da bacia do Paraná e se mostra 
extremamente frágil e sensível ao estresse por manuseio e confinamento, ao contrário do 
mandi que é uma espécie bastante resistente. Durante os resgates de peixes deve-se dar 
prioridade a esta espécie sob o risco de ocorrerem mortandades. 
 
f) Nome popular: corvina 
Nome Científico: Plagioscion squamosissimus 
Ordem/Família: Perciformes/Sciaenidae 
 
Tópicos de Manejo e Conservação da Ictiofauna para o Setor Elétrico 
 32 
 
 
Distribuição Geográfica: nativa da bacia Amazônica, hoje atinge os reservatórios da bacia 
do Prata chegando aos rios Grande e Paranaíba. 
Descrição: corpo alto, boca terminal, pré-maxilar e dentário com várias séries de dentes. 
Corpo prateado, nadadeiras claras. 
Ecologia: esta espécie se reproduz em ambientes lênticos sendo uma das espécies 
exóticas que mais impactam a comunidade de peixes nativa de diversos reservatórios da 
Cemig. Seu hábito alimentar é piscívoro, mas a espécie também pode utilizar outros itens 
alimentares como crustáceos e insetos. Em muitos casos, camarões de água doce são seu 
alimento principal. Entre todas as espécies citadas, é a única que apresenta condição 
fisóclista. É bastante procurada por pescadores em reservatórios e sua carne possui boa 
aceitação. 
 
5. Bibliografia sugerida 
 
Andrade Neto F.R. (2008) Migração e conservação do dourado (Salminus franciscanus, Lima & 
Britski 2007) em um trecho do rio São Francisco. Dissertação de mestrado, Programa de 
Pós-Graduação em Ecologia, Conservação e Manejo de Vida Silvestre, Universidade 
Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, Brasil. 
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Drummond D.M., Martins C.S., Machado A.B.M., Sebaio F.A. & Antonini Y. (2005) 
Biodiversidade em Minas Gerais: um atlas para a sua conservação. Belo Horizonte, 
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