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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Centro de Engenharias Programa de Graduação em Engenharia de Petróleo ENGENHARIA DE RESERVATÓRIOS -Estudo de caso, análise de produtividade e Ajuste de Histórico do Campo de Namorado, Bacia de Campos- Natan Battisti 2 PELOTAS – RS 2016 Natan Battisti ENGENHARIA DE RESERVATÓRIOS -Estudo de caso, análise de produtividade e Ajuste de Histórico do Campo de Namorado, Bacia de Campos- Orientador: Professor Dr. Valmir Francisco Risso PELOTAS – RS 2016 3 Sumário 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 16 1.1 Motivação ...................................................................................................................... 18 2 OBJETIVO ........................................................................................................................... 19 2.1 Objetivo Geral ................................................................................................................ 19 2.2 Objetivos Específicos ...................................................................................................... 19 3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................................. 20 3.1 Engenharia de Reservatórios ......................................................................................... 20 3.2 Simulação numérica de Reservatórios ........................................................................... 20 3.3 Propriedades de Rocha .................................................................................................. 22 3.3.1 Porosidade ................................................................................................................ 22 3.3.2 Compressibilidade da Rocha ..................................................................................... 23 3.3.3 Permeabilidade ......................................................................................................... 24 3.3.4 Saturação .................................................................................................................. 25 3.3.5 Pressão Capilar .......................................................................................................... 25 3.3.6 Molhabilidade ........................................................................................................... 27 3.4 Propriedades de Fluido .................................................................................................. 27 3.4.1 Condições Standard .................................................................................................. 27 3.4.2 Viscosidade ............................................................................................................... 28 3.4.3 Fator Volume-Formação do Gás (Bg) ........................................................................ 28 3.4.4 Fator Volume-Formação do Óleo (Bo) ...................................................................... 28 3.4.5 Razão Solubilidade (Rs) ............................................................................................. 29 3.4.6 Pressão de Bolha (Pb) ............................................................................................... 30 3.4.7 Dados PVT ................................................................................................................. 30 3.5 Ajuste de Histórico ......................................................................................................... 30 3.5.1 Função Objetivo (FO) ................................................................................................ 32 3.5.2 Tipos de Ajuste de Histórico...................................................................................... 33 4 4 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................................... 34 4.1 Hooke-Jeeves ................................................................................................................. 34 5 METODOLOGIA .................................................................................................................. 37 5.1 Cálculos base para o projeto .......................................................................................... 38 5.1.1 Pressão Capilar e função J de Leverett ...................................................................... 38 5.1.2 Compressibilidade média .......................................................................................... 38 5.1.3 Permeabilidade relativa ............................................................................................ 38 5.1.3.1 Permeabilidade relativa a água ......................................................................... 39 5.1.3.2 Permeabilidade relativa ao gás ......................................................................... 39 5.1.4 Dados PVT ................................................................................................................. 39 5.2 Criação do Modelo do Reservatório ............................................................................... 40 5.3 Ajuste de Histórico ......................................................................................................... 41 5.3.1 Método Hooke-Jeeves .............................................................................................. 41 6 APLICAÇÃO ........................................................................................................................ 42 6.1 J de Leverett ................................................................................................................... 42 6.2 Compressibilidade .......................................................................................................... 43 6.3 Permeabilidade relativa ................................................................................................. 44 6.3.1 Permeabilidade relativa a água ................................................................................. 44 6.3.2 Permeabilidade relativa ao gás ................................................................................. 44 6.4 PVT ................................................................................................................................. 45 6.5 Modelo criado no Builder ............................................................................................... 47 6.5.1 I/O Control ................................................................................................................. 47 6.5.2 Reservoir.................................................................................................................... 47 6.5.3 Components .............................................................................................................. 47 6.5.4 Rock-Fluid Properties................................................................................................. 50 6.5.5 Initial Conditions ....................................................................................................... 51 6.5.6 Numerical Control ..................................................................................................... 52 6.5.7 Wells & Recurrent Data ............................................................................................. 52 6.6 Ajuste de Histórico .........................................................................................................52 6.7 Hooke-Jeeves ................................................................................................................. 56 5 6.8 Ajuste de histórico do campo e de Poço......................................................................... 61 6.9 Previsão futura ............................................................................................................... 61 7 RESULTADOS E DISCUSSÕES .............................................................................................. 62 7.1 Ajuste do Campo ............................................................................................................ 62 7.2 Ajuste do Poço ............................................................................................................... 64 7.3 Previsão futura ............................................................................................................... 65 8 CONCLUSÕES ..................................................................................................................... 68 9 PRÓXIMAS ETAPAS ............................................................................................................ 69 10 BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................... 70 11 ANEXOS ........................................................................................................................ 73 6 Lista de Figuras Figura 3-1: Porosidade vista tridimensionalmente (Adaptado: Hook, 2003). .... 23 Figura 3-2: Tabela de compressibilidade pela porosidade (Adaptado de Hall, 1953). ............................................................................................................... 24 Figura 3-3: Curvas de Pc extraídas de diversas amostras (Adaptado de Rosa et al, 2006). .......................................................................................................... 26 Figura 3-4: Curvas de Pc tratadas com a equação J de Leverett (Adaptado de Rosa et al, 2006). ............................................................................................. 27 Figura 3-5: Gráfico de Bo (Adaptado de Rosa et al, 2006). ............................. 29 Figura 3-6: Disposição da análise de um problema inverso (Adaptado de Almeida, 2014). ................................................................................................ 31 Figura 3-7: Representação do ajuste de histórico (Adaptado de Moura Filho, 2006). ............................................................................................................... 31 Figura 3-8: Imagem que sintetiza o processo de Ajuste de Histórico (Adaptado de Hajizadeh, 2010). ........................................................................................ 32 Figura 3-9: Diferença entre métodos gradientes (esquerda) e Hooke-Jeeves (direita). ............................................................................................................ 33 Figura 5-1: Suíte de softwares CMG (Adaptado de CMG). .............................. 37 Figura 5-2: Interface inicial. .............................................................................. 40 Figura 7-1: Gráfico de pressão histórico e simulado. ....................................... 63 Figura 7-2: Gráfico comparativo entre produção simulada e a vista no histórico. ......................................................................................................................... 63 Figura 7-3: Gráfico de injeção comparando histórico e simulado. .................... 64 7 Figura 7-4: Poço ajustado. ............................................................................... 65 Figura 7-5: Comparativo das pressões. ........................................................... 66 Figura 7-6: Comparativo das produções. ......................................................... 67 8 Lista de Tabelas Tabela 6-1:Tabela de compressibilidade das amostras. .................................. 43 Tabela 6-2: Compressibilidade média. ............................................................. 43 Tabela 3: Chute inicial HJ................................................................................. 56 Tabela 4: Chute inicial HJ com a avaliação da sensibilidade local. .................. 57 Tabela 5: Legenda passo a passo de HJ. ........................................................ 58 Tabela 6: Tabela já disposta com o 1° mínimo local. ....................................... 59 Tabela 7: Tabela com o segundo chute e chegada ao mínimo local 79. .......... 60 Tabela 8: Último chute tabela HJ. .................................................................... 61 Tabela 9: Valores dos multiplicadores e valor DWOC com os valores médios das normalizações. ................................................................................................. 62 Tabela 10: Valores de Np, Gp e pressão comparativos. .................................. 65 Tabela 11: Tabela de normalizações. .............................................................. 73 9 Lista de Equações Equação 3-1: Porosidade. ................................................................................ 22 Equação 3-2: Equação de Darçy para fluidos em meios porosos. ................... 25 Equação 3-3: Saturação de fluidos. ................................................................. 25 Equação 3-4: Equação do fator volume formação de um gás. ......................... 28 Equação 3-5: Equação da Razão de Solubilidade. .......................................... 29 Equação 3-6: Equação da Função Objetivo. .................................................... 32 Equação 5-1: Equação J de Leverett. .............................................................. 38 Equação 5-2: Equação da nova saturação de água. ........................................ 39 Equação 5-3: Equação do afastamento entre histórico (hi) e simulado (si). .... 41 10 Nomenclatura ANP Agência Nacional do Petróleo Qg Vazão de gás Qo Vazão de petróleo Qwi Vazão de água em poços injetores Qw Vazão de água em poços produtores VPL Valor Presente Líquido MQ Mapa de Qualidade CMG Computer ModelingGroup Np Produção acumulada de óleo Gp Produção acumulada de gás Wp Produção acumulada de água °API Grau do óleo segundo a American Petroleum Institute MQ Mapa de Qualidade Nx Número de blocos na direção x Ny Número de blocos na direção y Nz Número de blocos na direção z Kh: Permeabilidade horizontal média Ø Porosidade So Saturação de óleo Sw Saturação de água H Espessura de cada célula do grid N Número de camadas Vf Volume do fluido Vp Volume poroso GT Government take Krg Permeabilidade relativa do gás Krog Permeabilidade relativa óleo-gás SL Saturação de líquido Sw Saturação de água 11 Krw Permeabilidade relativa da água Wcut Produção de água para determinado tempo. Krow Permeabilidade relativa óleo-água TIR Taxa interna de retorno TMA Taxa média de atratividade PIS Programa de integração social COFINS Contribuição para o financiamento da seguridade social IR Imposto de renda CS Contribuição social E&P Exploração & Produção IMEX Simulador do tipo Black Oil K Permeabilidade (mD) TE Tentativa e Erro HJ Hooke-Jeeves GNGauss-Newton 12 Glossário Propriedades Estáticas: entende-se estas como propriedades iniciais do reservatório, como porosidade, permeabilidade, volume in situ, saturação de fluídos e etc. Aquífero: é uma formação geológica que possui a capacidade de armazenar água. Pode ser entendido como um reservatório onde a saturação de água é de 100%. Atua, principalmente, na tentativa de manutenção de pressão do reservatório através do fluxo de água para o interior desse. Black-oil: óleo que apresenta pequeno encolhimento quando submetido a pressões cada vez menores que sua pressão de bolha. Isso ocorre devido ao grande espaçamento presente entre suas linhas de qualidade próximas ao ponto de bolha. Compressibilidade (c): é definida como a razão entre a variação fracional do volume e a variação de pressão. Drawdown: representa a queda de pressão observada conforme são produzidos hidrocarbonetos (óleo e/ou gás) do reservatório. Explotação: é o ato de explorar economicamente uma região dotada de reservas de petróleo. Fator de compressibilidade (Z): é a razão entre o volume ocupado por certa massa de gás, considerado como gás real, a uma dada pressão e temperatura e, a mesma massa de gás, considerado como gás ideal, na mesma pressão e temperatura. Fator de recuperação (FR): é a fração do volume de hidrocarbonetos in- place que pode ser recuperada. Fator volume-formação total (Bt): pode ser definido como a razão entre o volume de fluidos (óleo + gás dissolvido + gás livre), expresso nas condições de P e T nas quais está submetido, e o volume de óleo, em condições padrão. Gás retrógrado: é um gás contido em um reservatório onde sua temperatura é maior que a crítica do gás e menor que sua cricondentérmica. Ou seja, ao efetuar um processo de descompressão isotérmico, evidencia-se a formação de líquido a partir de somente gás no início. Gás seco: é um gás contido em um reservatório onde sua temperatura é maior do que sua cricondentérmica. Ou seja, não importa quão intensa seja a descompressão isotérmica do gás, ele nunca gerará líquido sob qualquer hipótese. 13 Gás úmido: é um tipo de gás que, depois de extraído do reservatório, pode gerar líquido no vaso separador. Grau API (ºAPI): é uma escala para medição da densidade dos líquidos provenientes do petróleo. Foi criada pelo American Petroleum Institute e, apresenta a particularidade de que quanto mais pesado for o óleo (quantos maior for a densidade), menor será o seu valor. Índice de produtividade (IP): é a razão entre a vazão de produção e a queda de pressão observada no reservatório (Pe – Pwf). Migração: processo que a mistura de subsuperfície está sujeita, onde é deslocada desde sua zona de geração até a rocha reservatório, ao longo das trapas e canais permeáveis presentes. Net pay: compreende as seções do reservatório que estão saturadas de petróleo e/ou gás. Net-to-gross : é a fração de areia presente em todo o reservatório. Óleo volátil: tipo de óleo que apresenta elevado encolhimento quanto sua pressão diminui a partir do ponto de bolha. Isso ocorre, pois suas linhas de qualidade estão bem juntas próximo desse ponto e bem espaçadas a menores pressões. Permeabilidade (k): característica da formação que informa a capacidade dessa no escoamento de fluidos em seu interior. Na engenharia de petróleo, geralmente, é expressa em unidades Darcy (d e md). Permeabilidade absoluta (ka): característica particular da formação no sentido de escoamentos de fluidos. Também, é expressa em unidades Darcy geralmente. Permeabilidade efetiva (kef): é definida como a capacidade com a qual uma fase tem de escoar na presença de outras, de acordo com o meio em questão bem como as características das fases presentes. Também, é expressa em unidades Darcy geralmente. Permeabilidade relativa (kr): é um valor de permeabilidade adimensional, calculado pela razão entre a permeabilidade efetiva e a absoluta. Ponto crítico: é a condição na qual não se distingue a transição entre a fase gasosa e a líquida. Porosidade primária: é a porosidade que foi desenvolvida na deposição de sedimentos. Porosidade secundária: é a porosidade resultante de processos geológicos subsequentes a conversão de sedimentos em rochas. 14 RAO: significa razão água-óleo e é definida como a razão entre a vazão de água e a vazão de óleo que é produzida. Reserva: é a diferença entre o volume de hidrocarboneto recuperável e o volume de hidrocarboneto produzido de fato, sendo expressa em condições padrão (standard). RGO: significa razão gás-óleo e é definida como a razão entre vazão de gás e a vazão de óleo. Rocha reservatório ou zona de produção: formação permeável, situada na região subterrânea (subsuperfície), que abriga certa quantidade de hidrocarbonetos, que apresenta valor econômico que justifique sua exploração e capacidade de explotação de acordo com a tecnologia vigente. Saturação de água (Sw): é a fração do volume poroso que é preenchida com água. Saturação de água conata (Swi): é a fração do volume poroso, preenchida com água, que não pode ser retirada do reservatório. Saturação de gás (Sg): é a fração do volume poroso que é preenchida por gás. Saturação de óleo (So): é a fração do volume poroso que é preenchida por óleo. Saturação de óleo residual (Sor): é a fração do volume poroso, preenchida com óleo, que não pode ser retirada do reservatório. Trapas ou armadilhas: composição de rochas que apresentam a finalidade de acumular os hidrocarbonetos, ou seja, são uma espécie de “barreira” ao fluxo dos hidrocarbonetos ao longo da formação. Podem ser estruturais e/ou estratigráficas. Transmissibilidade (Tf): é a capacidade que uma rocha possui em transmitir um fluido qualquer. Vazão (q): é a quantidade, em unidades de volume, que atravessa uma seção reta por unidade de tempo. 15 Resumo A tomada de decisão é, para profissionais e executivos da área de óleo e gás, uma das tarefas mais cruciais de sua profissão. Ambientar-se com o risco é uma obrigação, e procurar modos de minimizá-los uma difícil tarefa. Atualmente com o cenário voltado para unconventional plays ou os convencionais desafiadores como o Pré-Sal brasileiro, predizer com o máximo de precisão possível quanto, quando e como se dará a produção de hidrocarbonetos se faz imprescindível. Para tanto, buscando maiores certezas, ou pelo menos a diminuições das incertezas, a Engenharia de Petróleo, mais precisamente no setor de Engenharia de Reservatório tem se alicerçado em meios tecnológicos a fim de prever a produção de hidrocarbonetos. Neste ponto o Ajuste de Histórico se faz muito importante, pois com os primeiros registros diretos da integração rocha, fluido e poço que aparecem em superfície são usados para embasar ou rever a estratégia inicial criada ainda no plano de desenvolvimento inicial do ativo. A técnica proposta por Hooke-Jeeves busca fazer isso de modo direto, não gradiente e de forma rápida e é explicitado no presente trabalho. Palavras-chave: Engenharia de Reservatórios, Ajuste de Histórico, Hooke- Jeeves. 16 1 INTRODUÇÃO Definitivamente, a decisão de investir na exploração de um ativo de petróleo não é tarefa fácil. Isto até para grandes conhecedores das incertezas dispostas sobre um projeto de exploração e desenvolvimento. Quando se fala em incerteza, atribui-se, e muito, aos desafios que se dá em retirar hidrocarbonetos de formações geológicas formadas há milhões deanos e que estão hoje há quilômetros de distância da superfície. Porém, não apenas estas incertezas deflagram a dificuldade de uma campanha exploratória bem- sucedida. Desde a avaliação preliminar de um ativo, até a fase final de fechamento dos poços, passa-se genericamente mais de 30 anos. Com um projeto avançando mais de três décadas, certamente incertezas políticas, econômicas e dos rumos que o mercado de energia mundial toma afetam e devem ser levados em conta sempre no projeto de desenvolvimento de um ativo. Buscando uma solidez e uma previsibilidade de riscos e retorno assentados sobre determinado projeto, a área de Engenharia de Reservatórios tende a ser a definidora sobre o desenvolvimento ou não de determinado ativo em exploração. Isto pois, cabe ao Engenheiro de Reservatório a difícil tarefa de conciliar parâmetros técnicos desenvolvido pela geologia aos desafios econômicos e de exploração do ativo. De acordo com Costa (2012) o principal objetivo da engenharia de reservatórios se trata de fornecer subsídios que permitam prever o desempenho e comportamento de reservatórios de petróleo, provendo informações desde sua descoberta até o seu abandono. Com isto, conforme explica Almeida (2014) pode-se destacar que a engenharia de reservatórios tem dois aspectos como principais objetivos, o de gerenciar a produção e o de prever o desempenho de campos petrolíferos, indicando métodos e meios que permitam o incremento da recuperação final de petróleo do reservatório. Para tanto, a área especializada em Engenharia de Reservatórios tem buscado cada vez mais o auxílio da tecnologia, a fim de 17 desenvolver ferramentas e técnicas que permitam ao Engenheiro de Reservatórios definir de forma rápida e precisa os rumos do desenvolvimento, ou não, de determinado ativo. Alicerçando a tomada de decisão de responsabilidade da equipe de Engenharia de Reservatórios, o uso de um modelo numérico que simula o comportamento do fluxo em meios poroso tem há muito, um papel decisivo na avaliação do potencial explotatório de determinado reservatório. Embasado de dados prévios e de incertezas relacionadas principalmente as condições rocha- fluido, define-se que determinado reservatório possui inicialmente condições de ser desenvolvido. Definida a estratégia de produção pretende-se que o reservatório em produção traga respostas condizentes aquelas dadas previamente pelo modelo numérico criado. Porém, como resultado das incertezas tidas na construção do modelo numérico do reservatório tem-se na prática a visualização de fenômenos previstos. Cita-se como exemplo variação da produção de fluido entre o que havia sido simulado e o que é visto em campo. Nesta parte, se faz fundamental a inserção de técnicas como a de ajuste de histórico, seja ela nas suas mais variadas disposições. O ajuste de histórico compreende técnicas com a finalidade de calibrar o modelo numérico empregado ao reservatório defasado com dados extraídos no acompanhamento da produção atualizados. De acordo com Almeida (2014) o processo de ajuste de histórico é baseado em sucessivas modificações dos principais atributos incertos que caracterizam o reservatório, de distintas maneiras até que se minimizem as diferenças verificadas entre os valores encontrados no histórico de produção com os resultados obtidos através das substituições aplicadas ao modelo numérico de simulação. No princípio do uso de ajuste de histórico para reservatórios de petróleo, utilizou-se do método amplamente difundido de tentativa e erro (TE). O método baseava-se na escolha de certos atributos a serem variados individualmente. Com a alta demanda da indústria, otimizações do modelo inicial de ajuste de 18 histórico foram surgindo, dentre aqueles que se destacam cita-se o método de ajuste de histórico por Hooke e Jeeves que será amplamente fundamentado neste trabalho, visto que este método foi o que fora escolhido para a calibração inicial do presente projeto. 1.1 Motivação Como descrito acima, o uso de mecanismos como ajuste de histórico se faz fundamental para o gerenciamento e otimização da estratégia de produção de determinado reservatório. Neste contexto, o uso do método de calibragem por Hooke-Jeeves se mostra interessante e com vasta aplicabilidade. Sendo assim, utilizando deste método busca-se formas de otimizar estratégias de explotação gerando assim ganhos de parâmetros técnicos do desenvolvimento da produção e por sua vez financeiros, muito importantes para aquele que financia o desenvolvimento do projeto. 19 2 OBJETIVO 2.1 Objetivo Geral No presente trabalho estipula-se como objetivo criar o modelo do reservatório bem como definir uma breve estratégia de explotação para o projeto através de dados do Campo de Namorado, Bacia de Campos disponibilizados pelo Coordenador do Projeto, Professor Dr. Valmir F. Risso. Após este, realizaremos o processo de ajuste de histórico proposto pelo método de Hooke-Jeeves, a fim de se ter um modelo numérico do reservatório calibrado e assim ser possível extrapolarmos uma previsão de produção futura para o reservatório estudado. 2.2 Objetivos Específicos Para realização deste trabalho fora necessário abranger conhecimentos com ferramentas computacionais, bem como de um aprofundamento na parte bibliográfica. Para tanto, inúmeras fases deste projeto acabaram se tornando objetivos específicos fundamentais para a realização do objetivo geral acima supracitado. Destacam-se: Aprendizagem acerca do simulador da suíte da CMG software. Elaboração de planilhas de cálculo para parâmetro rocha-fluido com o Excel. Entendimento de relatórios de campo. Entendimento das variáveis incertas de um reservatório e seu impacto no mesmo. 20 3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Nesta seção busca-se introduzir os principais conceitos que são costumeiramente abordados em projetos de construção e simulação de reservatórios, ajuste de histórico, e gerenciamento de campos produtores de petróleo. 3.1 Engenharia de Reservatórios Segundo Guimarães (2005) os principais objetivos da engenharia de reservatórios são o desenvolvimento e o gerenciamento de campos de petróleo, buscando sempre uma eficiente recuperação de óleo e gás através elaboração de uma estratégia de drenagem que respeite os limites físicos e econômicos dos campos. Levando em conta, como cita Tewari et al (2014), todas as incertezas que estão presentes no reservatório estudado. 3.2 Simulação numérica de Reservatórios O estudo do comportamento dos fluidos em reservatórios sempre foi objeto de interesse na indústria petrolífera. Com o passar dos anos, entender cenários desafiadores há quilômetros de profundidade, com características fluido- formação cada vez mais heterogêneas o advento de mecanismos computacionais que visassem a simulação numérica dos processos em subsuperfície tornou-se imprescindível. Com o constante progresso da indústria de petróleo e os altos investimentos na área de E&P, os antigos métodos e até hoje muito utilizados se tornaram obsoletos, dando espaço para novas técnicas, que buscassem com certo custo, recuperar mais petróleo e por fim gerar mais lucros às empresas detentoras. Neste cenário, a Engenharia de Reservatório inovou ao criar, através de métodos computacionais, formas parciais de divisão do reservatório em 21 blocos menores, em que o refino de dados, com mensuração de propriedades de fluxo e caracterização de atributos geológicos eram mais importantes.Segundo Almeida (2014) no mercado de petróleo já se dispõe de um certo portfólio de simuladores de fluxo. Segundo Risso (2007) os simuladores de fluxo de fluidos em reservatórios são programas de computador para a resolução de equações de fluxo de massa e calor em meios porosos, que obedecem a determinadas condições iniciais e de contorno. O número e tipo de equações que serão resolvidas pelo simulador são função de características geológicas do reservatório, características do fluido, processo de recuperação, do tempo e capacidade computacional disponíveis e dos recursos financeiros disponíveis. Segundo Schiozer (2015), o modelo de simulação é resultado do Modelo Físico (característica do reservatório), Modelo Matemático (representação matemática dos fenômenos físicos), Modelo Numérico (solução aproximada do modelo matemático) e Modelo Computacional (modelo numérico tranposto para linguagem do software). Ainda de acordo com Risso (2007), estudos de simulação são muito úteis mesmo antes do início da produção onde reservatórios em estágio inicial de desenvolvimento pode-se utilizar a simulação de reservatórios para realizar estudos de sensibilidade que serão importantes para o planejamento de estratégias de desenvolvimento. Cottini-Loureiro et al (2005) afirma que a simulação de reservatórios é reconhecida como uma das ferramentas mais importantes e mais confiáveis para a definição e trabalho com MQ por Varredura. 22 3.3 Propriedades de Rocha Deste ponto em diante discutiremos propriedades físicas da rocha reservatório para o melhor entendimento de como estas propriedades afetarão direta e indiretamente no modelo numérico do reservatório. 3.3.1 Porosidade É definida especificamente como a porcentagem do volume total de rocha que não é ocupada por sólidos. Equação 3-1: Porosidade. ∅ = 𝑉𝑝 𝑉𝑡 𝑉𝑝 = Volume de Poros 𝑉𝑡 = Volume Total da Rocha A porosidade efetiva, que é a razão entre o volume de poros conectados pelo volume total do reservatório, é a mais importante para o estudo de reservatórios, pois indica quanto de fluido pode estar contido no reservatório. 23 Figura 3-1: Porosidade vista tridimensionalmente (Adaptado: Hook, 2003). 3.3.2 Compressibilidade da Rocha Em síntese utiliza-se um valor para a compressibilidade de rochas, o qual é denominado compressibilidade total da rocha, porém esta propriedade é subdividida entre compressibilidade da matriz, dos poros e da rocha como um todo. Na análise íntegra da rocha, compressibilidade é definida por Rosa et al (2006) como a variação fracional do volume total da rocha com a variação unitária de pressão. 24 Figura 3-2: Tabela de compressibilidade pela porosidade (Adaptado de Hall, 1953). 3.3.3 Permeabilidade Rosa et al. (2006) define como sendo a permeabilidade de um meio poroso a sua capacidade de se deixar atravessar por fluidos. Em síntese, a permeabilidade é uma medida da condutividade de fluidos de um material. Por analogia com condutores elétricos, a permeabilidade representa o inverso da resistência que o material oferece ao fluxo de fluidos. Definida por Darcy, o cálculo da permeabilidade propõe que a vazão (q) através de um meio poroso é proporcional à área aberta ao fluxo (A) e ao direcional de pressão (p), e inversamente proporcional ao comprimento (L) e à viscosidade (μ). 25 Equação 3-2: Equação de Darçy para fluidos em meios porosos. 𝑞 = 𝑘. 𝐴. ∆𝑝 𝐿. 𝜇 Para fluxos multifásicos, a permeabilidade pode ser calculada em relação a cada fase, sendo chamada de permeabilidade efetiva (ko, kg e kw). A razão entre a permeabilidade efetiva de cada fluido e a permeabilidade absoluta do reservatório é chamada de permeabilidade relativa (kro, krg e krw). Em medidas de permeabilidade laboratorial alguns parâmetros podem afetar os valores obtidos para a permeabilidade absoluta de certo material. Um deles é conhecido como efeito Klinkenberg. Este efeito causa medidas de permeabilidades maiores do que o esperado devido ao escorregamento do gás utilizado para as medidas. 3.3.4 Saturação De acordo com Rosa et al (2003), define-se saturação do referido fluido, o volume que o mesmo ocupa dividido pelo volumo poroso total assim como pode- se ver na equação abaixo. Equação 3-3: Saturação de fluidos. 𝑆𝑓 = 𝑉𝑓 𝑉𝑝 𝑉𝑓 = Volume do fluido 𝑉𝑝 = Volume poroso 3.3.5 Pressão Capilar De acordo com Rosa et al (2006) a pressão capilar (Pc) é a diferença de pressão existente entre dois fluidos imiscíveis em contato entre si bem como a capacidade de um atuar sobre outro, succionando ou repelindo. 26 Muitas vezes em um projeto em desenvolvimento, algumas amostras de Pc são extraídas de diferentes pontos do reservatório. Com o intuito de se utilizar uma única curva de pressão capilar para o modelo de entrada de reservatório utiliza-se o artifício chamado de J de Leverett que serve basicamente como uma equação que transpõe diversas Pc em uma curva apenas como pode-se ver abaixo. Figura 3-3: Curvas de Pc extraídas de diversas amostras (Adaptado de Rosa et al, 2006). Aqui, curvas já tratadas pela equação de Leverett. 27 Figura 3-4: Curvas de Pc tratadas com a equação J de Leverett (Adaptado de Rosa et al, 2006). 3.3.6 Molhabilidade A molhabilidade é genericamente definida como a tendência de um fluido aderir a uma superfície sólida na presença de outra imiscível. Em termos de engenharia de reservatórios, a fase líquida representa os fluidos óleo, gás e água e a parte sólida a face dos grãos da rocha. Neste ponto é interessante que dependendo do material formador das rochas, a molhabilidade será invertida aos fluidos. 3.4 Propriedades de Fluido 3.4.1 Condições Standard Condição pré-determinada conhecida para determinada operação. 28 3.4.2 Viscosidade A viscosidade de um fluido é a propriedade que reflete a resistência do mesmo a fluir. Sua medida mais comum é em centipoise (cp). 3.4.3 Fator Volume-Formação do Gás (Bg) De acordo com Rosa et al (2006) define-se fator volume-formação de um gás a relação entre o volume que ele ocupa em uma determinada condição de temperatura e pressão e o volume por ele ocupado nas condições standard. Equação 3-4: Equação do fator volume formação de um gás. 𝐵𝑔 = 𝑉 𝑉𝑖 𝑉 = volume ocupado. 𝑉𝑖 = volume ocupado pelo fluido em condições standard. 3.4.4 Fator Volume-Formação do Óleo (Bo) Por definição, Rosa et al (2006) define que o (Bo) é a razão entre o volume que a fase líquida (óleo mais gás dissolvido) ocupa em condições de pressão e temperatura quaisquer e o volume do que permanece como fase líquida quando a mistura alcança as condições-standard. Deve ser lembrado que, por definição, essa parte que permanece líquida quando a mistura é levada para as condições- standard ou padrão chama-se óleo. 29 Figura 3-5: Gráfico de Bo (Adaptado de Rosa et al, 2006). 𝐵𝑜 = 𝑉𝑜 + 𝑉𝑔 𝑑𝑖𝑠𝑠𝑜𝑙𝑣𝑖𝑑𝑜 (𝑃, 𝑇) 𝑉 𝑑𝑒 ó𝑙𝑒𝑜 𝑛𝑜 𝑡𝑎𝑛𝑞𝑢𝑒 𝑉𝑜 = volume de óleo 𝑉𝑔 = volume de gás dissolvido no óleo. O modelo de como se dá a liberação do gás dissolvido no óleo em condições PVT de reservatório pode ser mensurada de duas formas diferentes, a liberação flash e a liberação diferencial. A liberação flash consiste em retirar o elemento externo (em muitos casos Hg). No caso da liberação diferencial a medida que o gás é liberado da célula PVT o mesmo é retirado e mensurado.3.4.5 Razão Solubilidade (Rs) Entende-se por razão de solubilidade o parâmetro que exprime a quantidade de gás presente dissolvido no óleo em condições de reservatório. Equação 3-5: Equação da Razão de Solubilidade. 𝑅𝑠 = 𝑉𝑔 𝑑𝑖𝑠𝑠𝑜𝑙𝑣𝑖𝑑𝑜 𝑉 ó𝑙𝑒𝑜 𝑛𝑜 𝑡𝑎𝑛𝑞𝑢𝑒 30 3.4.6 Pressão de Bolha (Pb) De acordo com Rosa et al (2006) o conceito de pressão de bolha está associado a razão gás/óleo, a densidade do gás produzido, ao grau API do óleo e a temperatura do reservatório. A alteração dessas propriedades gera uma queda na pressão que ao atingir a pressão de bolha o gás começa a desprender- se da solução, diminuindo os níveis de recuperação de óleo. Avaliando do ponto de vista técnico-econômico, o engenheiro de reservatórios deve se precaver para que a pressão do reservatório não ultrapasse a Pressão de Bolha. 3.4.7 Dados PVT Entende-se por PVT condições variáveis de Pressão, Volume e Temperatura. 3.5 Ajuste de Histórico De acordo com Abdollahzadeh et al (2012) o processo de ajuste de histórico da produção de um reservatório é um problema de análise inversa. O mesmo pensamento é difundido por Almeida (2014) que ainda define que a metodologia de ajuste de histórico se trata de um processo iterativo no qual são aplicadas alterações sucessivas aos atributos considerados incertos que compõem o modelo de simulação. Segundo Hajizadeh (2010), além das dificuldades tidas pelo ajuste de histórico possuir um elevado custo computacional, o mesmo é um problema inverso e que não possui solução única. 31 Figura 3-6: Disposição da análise de um problema inverso (Adaptado de Almeida, 2014). Ainda segundo Almeida (2014), o Ajuste do Histórico é feito a maneira de se ter maior confiabilidade no modelo numérico de simulação. Geralmente o modelo é calibrado utilizando dados de produção e decaimento da pressão no reservatório. Dessa forma, consegue-se trabalhar com um modelo de maior confiabilidade prevendo assim um atualizado cronograma de trabalho. Figura 3-7: Representação do ajuste de histórico (Adaptado de Moura Filho, 2006). 32 3.5.1 Função Objetivo (FO) Para a realização do Ajuste do Histórico necessita definir primeiramente a função objetivo a ser analisada e calibrada. Como descrito acima, produção de óleo, gás e água bem como o decaimento da pressão do reservatório são objetos constantes como FO. Equação 3-6: Equação da Função Objetivo. 𝐹𝑂 = (𝑆𝑖𝑚 − 𝐻𝑖𝑠)2 𝑆𝑖𝑚 = simulado 𝐻𝑖𝑠 = histórico Figura 3-8: Imagem que sintetiza o processo de Ajuste de Histórico (Adaptado de Hajizadeh, 2010). 33 3.5.2 Tipos de Ajuste de Histórico Basicamente utiliza-se de 3 tipos de ajuste de histórico. O tradicional de tentativa e erro, o da busca exploratória proposto por Hooke-Jeeves e o de ajuste sob Incerteza. Porém, existe uma gama de outros métodos além daqueles em que é feito a junção de 2 ou mais métodos em um. Isto se faz importante no ajuste de histórico pois, segundo Tomomi (2000), para que o Engenheiro de Reservatórios possa tomar a correta decisão é necessário criar múltiplos cenários iniciais e finais na realização de um ajuste de histórico. Figura 3-9: Diferença entre métodos gradientes (esquerda) e Hooke-Jeeves (direita). 34 4 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA A presente seção busca trazer conclusões de trabalhos feitos anteriormente que estão correlatos a etapas descritas neste trabalho, e que de certa forma serviram como base para a construção de nosso estudo. 4.1 Hooke-Jeeves Hartsock et al (1971) utilizaram a técnica desenvolvida por Hooke-Jeeves na tentativa de diminuir os custos no desenvolvimento de um projeto de E&P bem como definir o melhor arranjo de perfurações dos poços em função do tempo. Shum et al (1976) em estudos acerca de cronograma de abertura de poços de petróleo e de estimulação por vapor (push-pull steam stimulation) comparou o método de Hooke-Jeeves e o Complex Method e notou-se, na ocasião, que HJ possuía problemas de otimização quando comparado ao Complex Method. Silva et al (2006) define o método de Hooke-Jeeves como passível de ser utilizado em estudos de ajuste de histórico e que o mesmo pode ser otimizado utilizando superfícies de resposta que integrem otimizações globais e locais. Emerick et al (2007) em um trabalho acerca de otimização de poços inteligentes citou como vantagem do HJ neste tipo de projeto, como o mesmo conseguindo trabalhar com modelo binário e de multi posições para válvulas de fundo (down hole) coisa que modelos gradientes como de Gauss-Newton não conseguem. De acordo com Souza (2007), esse método de busca local consiste em intercalar sequências de buscas exploratórias, onde a direção de descida é estabelecida e busca-se pela melhor direção no espaço. Quando uma busca exploratória não consegue achar pontos melhores que o atual ao visitar todos os 35 pontos vizinhos, um mínimo local foi encontrado e o algoritmo de busca local chega ao fim. De acordo com Tseng & Sheu (2007), o porquê de eles utilizarem HJ se deve ao fato do método ser de fácil manejo com programa de diferenças finitas bem como por não usar equações derivativas fazendo com que a convergência seja rápida de se obter. Silveira et al (2009) utilizaram HJ em um reservatório localizado no Rio Grande do Norte, onde haviam 2 poços, ambos verticais e um com problemas mecânicos. Os mesmos foram otimizados para analisar melhor momento de abertura e fechamento dos mesmos. Ao final, fora comparado o VPL de cada um e notou-se uma significativa melhora. Segundo Asadollahi et al (2009) o processo de ajuste de histórico proposto por Hooke-Jeeves difere dos demais por não necessitar informações derivadas, mas sim tão somente daquelas abordadas pelo próprio método. Ainda segundo Asadollahi et al (2009), o método pode ser dividido em duas partes. A primeira que o algoritmo começa com uma busca exploratória que com a otimização vai mudando as variáveis sequencialmente. Na segunda parte, as variáveis utilizadas na otimização são variadas segundo um padrão de acordo com a busca exploratória anterior. Nesta pesquisa visando otimizar uma estratégia de VPL, os autores compararam HJ com alguns outros métodos HJ fora aquele que teve a melhor performance. Conforme Echeverría et al (2009), em casos que recursos computacionais robustos não podem ser aplicados, o método HJ se enquadra com um dos mais eficientes. Rwechungura et al (2011) classifica o método de Hooke-Jeeves como não gradiente e o compara em partes com o método gradiente de Gauss-Newton para processos de otimização. 36 Gao et al (2015) em um estudo acerca de ajuste de histórico em reservatórios complexos do ponto de vista geológico testou um modelo híbrido entre Hooke-Jeeves e Gauss-Newton e a resposta foi muito positiva quando comparada a modelos simples tanto de HJ como GN. 37 5 METODOLOGIA Neste trabalho partiu-se do conhecimento prévio do projeto em que estávamos inseridos e com uma revisão a bibliografia. Na parte prática foram usados 2 softwares computacionais. Excel CMG O Excel fora usado principalmente como ferramenta de cálculo. O mesmo foi utilizado para a geração das curvas de Pc e posteriormente do J de Leverett, também foram calculados a compressibilidade média da rocha, bem como as curvas de permeabilidade relativa óleo-água e óleo-gás. Ainda, foram calculadosos dados PVT a serem inseridos no pré-processador do CMG. O CMG foi o simulador de fluxo utilizado, contando com o seu pré- processador Builder, com o simulador IMEX (modelo Black-oil) e com os pós- processadores Results3D e Graph fez-se a análise e exportação dos dados de NP para cálculos que fossem necessários. Figura 5-1: Suíte de softwares CMG (Adaptado de CMG). 38 5.1 Cálculos base para o projeto 5.1.1 Pressão Capilar e função J de Leverett Foram-nos disponibilizadas para execução deste projeto 8 amostras extraídas do Campo de Namorado, Bacia de Campos. A partir delas, utilizando a equação base do J de Leverett calculou-se a curva de pressão geral a ser utilizada no simulador de fluxo. Equação 5-1: Equação J de Leverett. A equação J de Leverett relaciona as propriedades da pressão capilar (pc), saturação de água (Sw), porosidade (Ø), permeabilidade (k), tensão superficial (σ) e cosseno do ângulo de contanto (θ). 5.1.2 Compressibilidade média Cálculo da compressibilidade de 6 amostras. 5.1.3 Permeabilidade relativa Como explicitado acima, haviam várias amostras e todas com suas respectivas propriedades do ambiente em que tinham sido retiradas. Para tanto, nesta etapa buscou-se a realização de uma série de cálculos que viabilizassem a obtenção de uma curva para a permeabilidade relativa ao gás e uma permeabilidade relativa ao óleo. 39 5.1.3.1 Permeabilidade relativa a água Para se trabalhar em uniformemente com as permeabilidades relativas, antes teve-se que transportas as curvas de saturação de água dos valores originais para valores de 0 a 1 através da equação abaixo. Equação 5-2: Equação da nova saturação de água. 𝑆𝑤 ∗= 𝑆𝑤 − 𝑆𝑤𝑖 100 − 𝑆𝑤𝑖 Em que Sw* é a nova saturação, Sw é a saturação atual, Swi é a saturação inicial da amostra. Após isso foram calculadas as curvas padrão para cada amostra, extrapolados para demais valores hipotéticos de saturação de água para assim gerar as curvas de Krw e Krow requeridas pelo simulador. 5.1.3.2 Permeabilidade relativa ao gás Para o gás, foram trabalhadas 3 amostras. Fez-se a mesma redução de saturação de gás como havia sido mostrado acima para a água sendo habilitada a confecção dos gráficos de Krg e Krog com saturação de gás inicial de 4%. 5.1.4 Dados PVT Para obtermos dados referentes ao PVT a ser inserido no Builder, pré- processador do CMG, recebemos os dados do Campo de Namorado em 3 relatórios da Empresa Petrobras, datados do ano de 1986 e destes foram extraídos e tratados alguns dados. Nota-se que nesta etapa haviam alguns dados nas planilhas rasurados ou que não haviam sido mensurados em campo, para tanto teve de se extrapolar e interpolar entre valores para efeito de normatização das tabelas das 3 amostras. 40 5.2 Criação do Modelo do Reservatório Após o estágio de tratamento dos dados, começou-se a importar os dados para o pré-processador do Grupo CMG, Builder versão 2015 disponibilizada para este projeto. O mesmo foi feito em etapas como pode se notar abaixo. I/O Control: na parte são colocados alguns valores de entrada e saída, as condições iniciais do simulador, a unidade, o tipo de simulador utilizado, o tipo de porosidade e a data de início. Figura 5-2: Interface inicial. Após isso adentra-se na parte de importação dos mapas fornecidos. Reservoir: Nesta fase, são definidas as características geométricas como criação de grid. Além destes se define propriedades do reservatório (Porosidade, Permeabilidade, Netpay entre outros). Components: define-se condições de fluido como por exemplo PVT. Rock-Fluid Properties: inclui-se os dados e tabelas que foram criados acima como Krog, Krg, Krw, Krow e Pc. 41 Initial Conditions: condições iniciais para efeitos de simulação. Numerical Control: Nesta seção o programa define valores relacionados ao tempo de simulação e outros dados tomados como padrão. Wells & Recurrent Data: define-se número e tipo de poço além de suas condições de operação e restrição. 5.3 Ajuste de Histórico A última etapa do presente trabalho fora fazer o Ajuste de Histórico pelo método de Hooke-Jeeves. O ajuste de histórico foi feito analisando o afastamento de dados de Pressão, Np e Wp entre os modelos simulados e aqueles fornecidos pelo histórico do Campo de Namorado pela equação base abaixo. Equação 5-3: Equação do afastamento entre histórico (hi) e simulado (si). 5.3.1 Método Hooke-Jeeves Acima, podemos ver mais sobre as aplicações deste método. Neste projeto, o mesmo fora utilizado de forma diferente a aquela vista até o momento na literatura. Foi-se trabalhado com 3 propriedades variando, porosidade, permeabilidade vertical (permk) e contato óleo-água (dwoc), ou seja, necessitou- se criar artifícios de trabalho 2D para uma projeção de iteração entre propriedades 3D. 42 6 APLICAÇÃO Nesta seção, buscamos apresentar de que forma a metodologia descrita acima fora empregada. Após este, buscamos demonstrar os resultados obtidos bem como discuti-los. 6.1 J de Leverett Figure 6-1: Pc para todas as amostras. Figure 6-2: Pc média. 43 Figure 6-3: J médio de Leverett. 6.2 Compressibilidade Tabela 6-1: Tabela de compressibilidade das amostras. Como compressibilidade média obtivemos: Tabela 6-1: Compressibilidade média. Prof média poço Pressão Média Porosidade Permeabilidade Comp rocha *10^-6 psi Comp rocha *10^-6 kgf/cm² 3014 6600 31,9 226 3 42,6 3047,9 6600 30,46 272 6,18 87,756 3048,68 6600 32,1 185 3,58 50,836 3087,8 6600 35,8 631 4,04 57,368 3092, 29 6600 30 289 0,94 13,348 3092,29 6600 29,6 205 5,08 72,136 Comp. Med *10^-6 kgf/cm² 54,00733333 44 6.3 Permeabilidade relativa 6.3.1 Permeabilidade relativa a água Nesta etapa fora feito o tratamento de dados para 5 amostras para que pudéssemos chegar ao final com a curva geral para o reservatório de Krow e Krw. Figure 6-4: Permeabilidade relativa óleo água 6.3.2 Permeabilidade relativa ao gás Para a permeabilidade relativa óleo gás fez-se o mesmo tratamento que para permeabilidade relativa óleo água, porém agora com 3 amostras apenas. 45 Figure 6-5: Curvas de Krog e Krg. 6.4 PVT A tabela PVT gerada pode ser vista abaixo. A mesma foi elaborada consoante o apoio de alguns membros de projetos parecidos com este, os quais estavam dispostos nas mesmas tarefas. 46 Pressão (kgf/cm2 abs)MÉDIA BO MÉDIA Rs MÉDIA Bg MÉDIA VISC. ÓLEOVISC. GÁS 1,03 1,062 0 1,380547604 5,56 8 16,03 1,162218159 20,00677447 0,0797228 3,393472649 0,0115 18,31 1,164995152 20,73334562 0,069435419 3,343417201 0,0115 21,03 1,168443597 21,66057386 0,060129869 3,288496725 0,0115 21,27 1,168460572 21,66494219 0,059425156 3,288185254 0,0115 22,03 1,16862239 21,70629174 0,05729678 3,285095102 0,0115 22,36 1,168650028 21,71468406 0,056418525 3,284598959 0,0115 30,92 1,186448523 27,12225231 0,040288229 3,005115066 0,0115 31,03 1,186450541 27,1228851 0,040139864 3,005079918 0,011525104 31,22 1,186458481 27,12555596 0,039886106 3,004977034 0,0116 39,99 1,203084608 32,71702757 0,030840447 2,792714068 0,0118 41,03 1,203255968 32,77542833 0,029585749 2,791093048 0,011805805 46,39 1,211923175 36,02242662 0,025600573 2,713036492 0,01196 51,03 1,217446915 38,09674346 0,02325841 2,6610898 0,012359829 52,83 1,21855919 38,54177275 0,0229164 2,649417461 0,01242 56,03 1,221776071 39,83580166 0,021947521 2,615156063 0,01255696661,03 1,227606938 42,14223172 0,020366568 2,566683753 0,012891356 69,03 1,237587366 46,04290185 0,01769057 2,480899852 0,01334 79,76 1,24712851 49,76577515 0,015114807 2,378104294 0,0138 81,03 1,2472 49,79366667 0,015095333 2,377333333 0,013814475 91,03 1,256733278 53,67323164 0,013646634 2,304583412 0,014711933 92,09 1,256876794 53,73065564 0,013629654 2,303565578 0,01472 106,03 1,278980776 62,55961157 0,011053419 2,140584207 0,015785151 116 1,290121865 66,98550392 0,010000179 2,079693164 0,01633 121,03 1,292261538 67,83671795 0,009803759 2,071333333 0,016571882 131,03 1,302352542 71,96806752 0,009070586 1,993918156 0,017527904 136,89 1,307269434 74,04183664 0,008789954 1,954811475 0,01771 150,98 1,330436093 83,8219824 0,007491052 1,789849285 0,01863 151,03 1,330436258 83,8220518 0,007491043 1,789848143 0,018630051 156,03 1,332072308 84,51286923 0,007399653 1,771282473 0,01913544 161,03 1,334507633 85,49855717 0,007293095 1,755570075 0,01963092 171,03 1,348242244 90,98666649 0,00678769 1,695893232 0,020621905 175 1,350599873 91,94257558 0,006654198 1,693910658 0,0207 181,03 1,354756349 93,63845801 0,00642408 1,689782041 0,02089815 201,03 1,383693508 105,382094 0,00576143 1,644363837 0,023077959 206,03 1,389365498 107,6423215 0,00561624 1,625775963 0,023165698 211,03 1,394016497 109,40168 0,00547806 1,608127777 0,023229719 211,41 1,394026041 109,57496 0,005467831 1,606803659 0,02323 212,09 1,39405347 109,88504 0,005449619 1,604440115 0,023237499 214,03 1,394228751 110,76968 0,005398311 1,597738483 0,023298533 225 1,398582897 115,772 0,005125138 1,560950104 0,0245 231,03 1,399091888 118,52168 0,004986237 1,541484987 0,024933218 241,03 1,399679203 123,08168 0,004771493 1,510297844 0,026124658 248,67 1,411805058 127,107274 0,004619286 1,487330737 0,026493705 250 1,412600915 127,722 0,004593758 1,483404764 0,0265 261,03 1,418906126 132,820066 0,004392263 1,451628387 0,02771894 271,03 1,424167457 137,442066 0,004224023 1,423959076 0,028720855 275 1,426136188 139,277 0,004160689 1,413256472 0,0288 281,03 1,428995987 142,064066 0,00406798 1,397292391 0,029246747 291,03 1,433391718 146,686066 0,003922862 1,371558203 0,030475393 300 1,43696646 150,832 0,003801077 1,349216099 0,031 301,03 1,437354648 151,308066 0,003787567 1,346693493 0,03100613 321,03 1,44398211 160,552066 0,003542727 1,299350552 0,033317414 325 1,445091733 162,387 0,003497779 1,290304666 0,0334 331,03 1,44664664 165,174066 0,003431609 1,276774172 0,033867053 341,03 1,448878371 169,796066 0,00332713 1,254869749 0,035151547 350 1,450512005 173,942 0,003238588 1,235761198 0,0357 361,03 1,452043432 179,040066 0,003135857 1,212924662 0,036018926 47 Figure 6-6: PVT. 6.5 Modelo criado no Builder 6.5.1 I/O Control Definiu-se aqui a data de início do projeto, o simulador Black-oil Imex para o projeto, o sistema de unidades a ser adotado que foi o MODSI, além do tipo de porosidade que em nosso caso é única, ou seja, single porosity. 6.5.2 Reservoir Nesta fase, importou-se os dados fornecidos de topo para que fosse criado em primeiro passo o grid do reservatório. Grid: 74 blocos em x, 49 em y, 6 em z. Tamanho bloco em x:106 metros Tamanho bloco em y: 80 metros Número de blocos: 21756 Importou-se dados de espessura divididas pelas camadas em z (6). Importou-se dados de porosidade, permeabilidade e net pay. Figure 6-7: Reservatório exemplificando o net pay importado nesta fase do projeto. 6.5.3 Components Foi importado os dados de PVT, bem como Rs, Bg, Bo, temperatura e etc. 48 Figure 6-8: Dados gerais. 49 Figure 6-9: Tabela PVT. Figure 6-10: Gráfico Razão solubilidade por pressão. Figure 6-11: Gráfico Bg por pressão. 0 36 72 107 143 179 Rs (m 3/m 3) 1,06 1,14 1,22 1,30 1,37 1,45 Bo 1 73 145 217 289 361 P ((kg/cm2)) Rs vs P Bo vs P 0,00 0,28 0,55 0,83 1,11 1,38 Bg (m 3/m 3) 1 73 145 217 289 361 P ((kg/cm2)) Bg vs P 50 Figure 6-12: Gráfico de viscosidade pela pressão. 6.5.4 Rock-Fluid Properties Inputs de dados de permeabilidade e outros que sejam de interação rocha- fluido. Figure 6-13: Tabela de inserção de permeabilidade relativas. 1,2 2,1 3,0 3,8 4,7 5,6 Vis o ( cp ) 0,0115 0,0164 0,0213 0,0262 0,0311 0,0360 Vis g ( cp ) 1 73 145 217 289 361 P ((kg/cm2)) Viso vs P Visg vs P 51 Figure 6-14: Tabela de escolha de qual molhabilidade tem a rocha. 6.5.5 Initial Conditions Figure 6-15: Tabela das condições iniciais do reservatório como ponto de bolha, profundidade etc. 52 6.5.6 Numerical Control Nesta fase aplicamos apenas condições para o modelo simular. 6.5.7 Wells & Recurrent Data Foram colocados 27 poços ao total, sendo 17 produtores e 10 injetores. Figure 6-16: Local de criação de poços e colocação das propriedades e comandos que cada um deve obedecer. 6.6 Ajuste de Histórico Com o histórico da produção do campo, analisamos o modelo criado e gerido nas etapas anteriores para posterior processo de ajuste. Nesta etapa foram incluídos os comandos ALTER para todos os poços com os valores de vazão de produção e injeção de líquido, em cada tempo de projeto válido no modelo simulado (time). O comando ALTER ajusta a primeira propriedade divulgada após a abertura do poço, como queremos ajustar STL (produção de líquidos), este comando apareceu logo após o nome do poço no modelo simulado. 53 Figure 6-17: Np, Wp, Wip, Gp e Pressão na estratégia original. Abaixo faremos a análise da estratégia 1 com os dados de produção passada para que se tivesse embasamento sobre o quão calibrado estava o modelo prévio criado. 54 Figure 6-18: Comparação pressão do campo estratégia 1 e histórico do campo. Figure 6-18: Comparação injeção campo simulado e histórico. 55 Figure 6-19: Produção simulada e histórico antes do ajuste. Tendo em vista o quão desajustado estava o modelo inicial do projeto, as seguintes especificações foram feitas. Início Histórico: 1991/5/28 Recompletar o Poço 'Well-1011' com 914 dias de produção. 38 31 3 1. OPEN FLOW-TO 'SURFACE' 38 31 2 1. OPEN FLOW-TO 1 38 31 1 1. OPEN FLOW-TO 2 REFLAYER 39 30 1 1. OPEN FLOW-TO 1 40 29 1 1. OPEN FLOW-TO 4 41 28 1 1. OPEN FLOW-TO 5 42 27 1 1. OPEN FLOW-TO 6 Recompletar o Poço 'Well-1013' com 975 dias de produção. 39 24 1 1. OPEN FLOW-TO 'SURFACE' REFLAYER 39 24 2 1. OPEN FLOW-TO 1 39 24 3 1. OPEN FLOW-TO 2 56 38 25 1 1. OPEN FLOW-TO 1 37 26 1 1. OPEN FLOW-TO 4 36 27 1 1. OPEN FLOW-TO 5 Fechar o poço 'Well-1017' no tempo zero (poço sempre fechado) Fechar o poço 'Well-1014' com 6454 dias de produção. Fechar o poço 'Well-1010' com 3440 dias de produção. Volume in place o Óleo: 0.41444E+07 m³ o Água: 0.59627E+07 m³ o Gás: 0.45412E+09 m³ Após isto, decidiu-se que as propriedades que pelo nível de incerteza aplicado ao projeto que seriam as variáveis. Foram elas: POROSIDADE (usar o MOD) = 0.70 A 1.30 PERMEABILIDADE VERTICAL (K) (Usar o MOD) = 0.50 A 1.50 CONTATO ÓLEO-ÁGUA = 3050 A 3150 6.7 Hooke-Jeeves Nesta etapa, teve-se de criar uma tabela que auxiliasse a tomada de decisão para o chute inicial dos valores e o caminhamento das mudanças das propriedades como requereo método de ajuste de histórico por Hooke-Jeeves. A elaboração da planilha contou com a colaboração de outros membros que se debruçaram em projetos concomitantes a este. Com a tabela feita, dá-se o início a fase 1 proposta por Hooke-Jeeves a qual com um ‘’chute’’ se inicia o processo. Tabela 2: Chute inicial HJ. DWOC POR PERMK 3061,11 0,9 0,833333333 57 Estes valores foram colocados no modelo de simulação (.dat). DWOC como é discreto devia ser trocado pelo anterior, enquanto os dados de porosidade e permeabilidade eram multiplicadores dos valores de origem. Após simulado retira-se o valor de Pressão, Qo, Qw, exporta-se os dados e se calcula o afastamento de acordo com a Equação 5-3. Após calculado, admensionalizou-se os valores e se fez uma média simples. Como os números são adimensionalizados, varia a interpretação de um número tendo só ele à julgar do que quando e tem mais números no mesmo cálculo. Tabela 3: Chute inicial HJ com a avaliação da sensibilidade local. 0,700 0,767 0,833 0,900 0,967 1,033 1,100 1,167 1,233 1,300 3050 2 3061,111 4 1 5 3072,222 3 3083,333 3094,444 3105,556 3116,667 3127,778 3138,889 3150 0,7 0,767 0,833 0,9 0,967 1,033 1,1 1,167 1,233 1,3 0,5 0,611111 0,722222 6 0,833333 4 1 2 3 5 0,944444 7 1,055556 1,166667 1,277778 1,388889 1,5 0,5 0,611111 0,722222 0,833333333 0,944444 1,055556 1,166667 1,277778 1,388889 1,5 3050 2 3061,111 6 1 4 5 7 3072,222 3 3083,333 3094,444 3105,556 3116,667 3127,778 3138,889 3150 Contato óleo-água Hooke&Jeeves Porosidade Contato óleo-água Hooke&Jeeves Porosidade PERM K Hooke&Jeeves Permeabilidade HORIZONTAL K 58 A sequência de cada trabalho pode ser melhor entendida pela tabela abaixo. Tabela 4: Legenda passo a passo de HJ. A ideia de se trabalhar como estas 3 tabelas é simular um cubo de 3 propriedades que variam uma de cada vez enquanto outras duas permanecem estáticas. Tal método, apesar de difícil visualização em tabelas 2D, se faz eficaz na aplicação de Hooke-Jeeves. Neste primeiro chute, foram feitas 27 simulações para que se chegasse a um mínimo local que pode ser visto abaixo. Chute Sensibilidade local Caminho Mínimo Local Mínimo Global Não simulado Células que mudaram de direção após Legenda 59 Tabela 5: Tabela já disposta com o 1° mínimo local. Como havia sido definido fazermos 100 simulações entre as 1000 combinações disponíveis prosseguiu-se para novos chutes com fim de chegarmos a um mínimo global, ou seja, mínimos locais que convergissem. Contudo, foram dados mais 2 chutes e encontrados 2 novos mínimos locais que não convergiram para o mesmo ponto, não tendo assim este projeto chegado a um mínimo global. 0,700 0,767 0,833 0,900 0,967 1,033 1,100 1,167 1,233 1,300 3050 2 3061,111 4 1 5 3072,222 3 25 3083,333 3094,444 3105,556 3116,667 3127,778 3138,889 3150 0,7 0,767 0,833 0,9 0,967 1,033 1,1 1,167 1,233 1,3 0,5 25 0,611111 0,722222 6 0,833333 4 1 2 3 5 0,944444 7 1,055556 1,166667 1,277778 1,388889 1,5 0,5 0,611111 0,722222 0,833333333 0,944444 1,055556 1,166667 1,277778 1,388889 1,5 3050 2 3061,111 6 1 4 5 7 3072,222 25 3 3083,333 3094,444 3105,556 3116,667 3127,778 3138,889 3150 Contato óleo-água Hooke&Jeeves Porosidade Contato óleo-água Hooke&Jeeves Porosidade PERM K Hooke&Jeeves Permeabilidade HORIZONTAL K 60 Tabela 6: Tabela com o segundo chute e chegada ao mínimo local 79. Posterior a este fizemos mais um chute chegando a mais um mínimo local. Contudo, como pode-se ver não foi encontrado um mínimo global satisfatório, o que pode ser explicado pelo número de simulações estipulado como máximo para este projeto de 100, enquanto que o número de possibilidades era de 1000. 0,700 0,767 0,833 0,900 0,967 1,033 1,100 1,167 1,233 1,300 3050 31 3061,111 79 29 28 30 3072,222 32 3083,333 3094,444 3105,556 3116,667 3127,778 3138,889 3150 0,7 0,767 0,833 0,9 0,967 1,033 1,1 1,167 1,233 1,3 0,5 79 0,611111 0,722222 0,833333 0,944444 1,055556 1,166667 1,277778 33 1,388889 29 28 31 32 30 1,5 34 0,5 0,611111 0,722222 0,833333333 0,944444 1,055556 1,166667 1,277778 1,388889 1,5 3050 31 3061,111 79 33 28 29 30 34 3072,222 32 3083,333 3094,444 3105,556 3116,667 3127,778 3138,889 3150 Contato óleo-água Hooke&Jeeves Porosidade Contato óleo-água Hooke&Jeeves Porosidade PERM K Hooke&Jeeves Permeabilidade HORIZONTAL K 61 Tabela 7: Último chute tabela HJ. 6.8 Ajuste de histórico do campo e de Poço Com os dados supracitados fez-se o ajuste do campo e analisou-se os resultados. Também se fez o mesmo para o pior poço ajustado ao final do ajuste do campo. 6.9 Previsão futura Fora feita a previsão futura para 30 anos utilizando como valor de BHP máximo para cada poço o BHP final do tempo de simulação inicial. 0,700 0,767 0,833 0,900 0,967 1,033 1,100 1,167 1,233 1,300 3050 3061,111 3072,222 3083,333 3094,444 3105,556 3116,667 3127,778 3138,889 98 86 3150 0,7 0,767 0,833 0,9 0,967 1,033 1,1 1,167 1,233 1,3 0,5 0,611111 0,722222 0,833333 0,944444 1,055556 1,166667 1,277778 1,388889 98 86 1,5 0,5 0,611111 0,722222 0,833333333 0,944444 1,055556 1,166667 1,277778 1,388889 1,5 3050 3061,111 3072,222 3083,333 3094,444 3105,556 3116,667 3127,778 3138,889 86 98 3150 Contato óleo-água Hooke&Jeeves Porosidade Contato óleo-água Hooke&Jeeves Porosidade PERM K Hooke&Jeeves Permeabilidade HORIZONTAL K 62 7 RESULTADOS E DISCUSSÕES Ao final do processo de simulação por Hooke-Jeeves notou-se que não se chegou a um mínimo global, mas sim dois locais. Ao total foram necessários 3 chutes, sendo que para o último não houve mínimo local considerável dentro das 100 simulações que o trabalho objetivou fazer, porém foi utilizada a simulação de menor afastamento dentre aquelas para a sequência dos trabalhos. Abaixo a tabela com os valores simulados e as respectivas coordenadas dos mínimos locais. Tabela 8: Valores dos multiplicadores e valor DWOC com os valores médios das normalizações. A simulação 25 foi a de melhor retrospecto dentre os ajustes locais considerados e por isto utilizou-se dela para fazer o ajuste do campo. 7.1 Ajuste do Campo No gráfico de pressão comparada abaixo nota-se que a partir do quinto ano de produção as pressões estão bem ajustadas, porém nos 5 primeiros anos não se conseguiu ajustar melhor a variação de pressão tida em nosso reservatório. O mesmo serve para o gráfico de produção comparada que pode ser visto mais abaixo, onde nota-se que a partir do quinto ano a produção é muito bem ajustada, o que não ocorre para os 5 anos iniciais de desenvolvimento do projeto. Normalização FO Contao óleo-água Porosidade Permeabilidade Óleo Água Pressão Final 25 3072,22 0,9 0,5 428415,9728 22139804,22 2271,9505 0,19645132 79 3061,11 1,03 0,5 680849,8608 19007522,03 2682,32062 0,217365507 86 3138,9 0,7 1,39 2231669,068 51832642,43 2096,93528 0,338682699 Multiplicadores Afastamento 63 Figura 7-1: Gráfico de pressão histórico e simulado. Figura 7-2: Gráfico comparativo entre produção simulada e a vista no histórico. 64 Figura 7-3: Gráfico de injeção comparando histórico e simulado. Já para a injeção o gráfico se mostrou bem ajustado desde o início do projeto.7.2 Ajuste do Poço Outro objetivo do presente trabalho era realizar o ajuste do pior poço que destoasse dos demais quanto alguma FO, Pressão, Qo, Qw. Porém o que se viu é que não houveram poços que destoassem em muito do histórico. Contudo, por variações em termos de produção de petróleo, o poço 3 foi escolhido para ser feito o ajuste. Foram feitas algumas modificações por tentativa e erro, na região próxima do poço com cerca de 500 metros de raio, onde foi modificada um pouco questão de porosidade e permeabilidade pois se notava que a geologia local favorecia tal entendimento. Buscou-se como se vê abaixo as melhores formas de ajustar o poço, o que se conseguiu, contudo, foi ajustar sensivelmente o poço. Um pico de produção 65 no início do projeto é visto no histórico, porém não foi observado na simulação ajustada. Figura 7-4: Poço ajustado. Abaixo temos os valores de finais dado para o menor afastamento do campo, da simulação 25, e para o poço em comparação ao histórico obtido. Tabela 9: Valores de Np, Gp e pressão comparativos. Np (m³) Wp (m³) Gp (m³) Hístórico 4144400,00 5962700,00 454120000,00 Ajustado Campo 4150350,00 6975280,00 454774000,00 Ajustado Poço 4184790,00 6990250,00 458458000,00 7.3 Previsão futura A previsão futura foi feita para a estratégia do ajuste do poço. Foram gerados os mapas de pressão e vazão de óleo como pode se observar abaixo. Os dados de BHP de cada poço foram salvos da última data do histórico e o uso 66 do comando TARGET BHP foi utilizado. Após, foram colocados mais 20 anos de produção. O gráfico comparativo de pressão entre os 3 mínimos locais e os valores fornecidos pelo Orientador do Projeto, Professor Valmir Francisco Risso para o histórico de pressão pode ser visto abaixo. Figura 7-5: Comparativo das pressões. Abaixo, temos as curvas de pressões para os 3 mínimos locais encontrados e para os valores multiplicadores de permeabilidade vertical, porosidade e o valor fixo de DWOC cedidos pelo Orientador do Projeto. A análise final da como resposta que as simulações 25 e 79 possuíram valores parecidos com o valor correto para ajuste de histórico deste reservatório, o que mostra que o método empregado estava correto. Não ter fechado os valores em 100% se deve ao fato de termos simulado apenas 10% do total de simulações possíveis. 67 Figura 7-6: Comparativo das produções. 68 8 CONCLUSÕES Neste trabalho, pôde-se notar que o método de Hooke-Jeeves é de fato preciso no ajuste de histórico. Apesar de trabalhoso o mesmo se mostrou capaz de com 3 atributos incertos, e variáveis, equiparar valores obtidos em dados de históricos auxiliando assim na calibragem do modelo numérico de reservatórios para a predição de produção futura. Cabe ressaltar que o ajuste feito no poço 3, embora tenha dado efeito positivo na sua melhora e ajuste singular, desajustou o modelo do campo, o que deve ser sempre monitorado e por fim evitado. Portanto, se faz necessária sempre a avaliação de mais de um atributo quando do processo de ajuste de histórico, seja ele por qual método for, pois a possiblidade de ajustar uma variável e desajustar outras é comum de ocorrer visto que grande parte dessas variáveis possuem, no reservatório, ligação entre si. Ao final vemos o quão singular são os processos de ajuste de histórico e calibragem do modelo a fim de serem feitas previsões futuras para um reservatório petrolífero, tema este que deve ser estudado a fundo e sempre alicerçado de conhecimentos da geologia local bem como da engenharia econômica empregada ao desenvolvimento de determinado ativo, de modo a estimar o tempo restante de projeto explotatórios bem como a sua viabilidade econômica. 69 9 PRÓXIMAS ETAPAS Avaliar HJ para as 1000 simulações possíveis. Criar um algoritmo a fim de se trabalhar com mais variáveis incertas. Utilizar o Ajuste de Histórico em outros reservatórios que tenham dados disponíveis. 70 10 BIBLIOGRAFIA Abdollahzadeh, A., Reynolds, A., Christie, M. A., & Corne, D. (2012, January 1). A Parallel GA-EDA Hybrid Algorithm for History-Matching. Society of Petroleum Engineers. doi:10.2118/153750-MS Almeida, F. L. R., Davolio, A., & Schiozer, D. J. (2014, October 27). A New Approach to Perform a Probabilistic and Multi-objective History Matching. Society of Petroleum Engineers. doi:10.2118/170623-MS Almeida, Forlan La Rosa. Avaliação da integração da sísmica 4D (TIME LAPSE) ao processo de ajuste de histórico: estudo comparativo. Pelotas: Engenharia de Petróleo, Universidade Federal de Pelotas, 2014. 159 pp. Dissertação (Bacharelado em Engenharia de Petróleo), UFPel, 2014. Asadollahi, M., Naevdal, G., Markovinovic, R., & Shafieirad, A. (2009, January 1). A Workflow for Efficient Initialization of Local-Search Iterative Methods for Waterflooding Optimization. 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