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1 PRIMEIRA AVALIAÇÃO PRESENCIAL – 2019.1 DISCIPLINA: EDUCAÇÃO E TRABALHO Prof. Dr. Dalton Alves Profª. Drª Fátima Chaves Profª. Ms. Roberta Guimarães Prof. Dr. Robert Lee Segal Nome: Matrícula: Polo: QUESTÕES OBJETIVAS: QUESTÃO (01) = [1.0 Pontos – 0,25 cada alternativa] Vimos que as mudanças provocadas pela Revolução Industrial após o Século XVIII trouxeram inegáveis e bem-vindas melhorias para o conjunto da sociedade, dentre elas o acesso dos trabalhadores à educação escolar, porém, a situação trabalhista e a educação para os trabalhadores não foram tão vantajosas conforme fora prometido. Assinale (V) Verdadeiro ou (F) Falso nas alternativas a seguir que concordem com esta afirmativa: 1. [ ] A Revolução Industrial gerou principalmente o desemprego, vez que uma máquina poderia exercer a função de muitos trabalhadores; 2. [ ] A escola limitou para os trabalhadores o domínio dos conhecimentos teóricos complexos; 3. [ ] A contribuição mais significativa e vantajosa foi a de liberar os trabalhadores das atividades pesadas, pois agora estas seriam feitas pelas máquinas, sobrando mais tempo livre para se dedicarem a outras coias; 4. [ ] Foi organizada um tipo de escola para a classe trabalhadora, por quem não é trabalhador, mas dele precisa. GABARITO: V, V, F, V QUESTÃO (02) = [1.5 Pontos – 0,30 cada alternativa] O papel e as condições da escola pública para todos que surge na passagem do Período Moderno para a Época Contemporânea tem como fundamento o princípio da dualidade educacional. UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO 2 Marque (C) Certo ou (E) Errado para as alternativas a seguir que definam o conceito de Dualidade Educacional: a. ( )A dualidade educacional se caracteriza pela oferta de um tipo de escolarização de excelência para as classes ricas e dirigentes, com enfoque no desenvolvimento intelectual; b. ( )Se caracteriza por uma escolarização minimalista destinada às classes pobres e subalternas c. ( )Ela se concretizou pela oferta de escolas de formação profissional e escolas de formação acadêmica para o atendimento de populações com diferentes origens e destinação social; d. ( )Significa que desde o início a educação requerida, pensada e oferecida à classe trabalhadora é concebida como uma educação para a formação humana, do ser humano que há no trabalhador; e. ( )A dualidade educacional se funda na ideia de que se deve fazer participar do benefício das “luzes” o simples e morigerado morador dos campos e o trabalhador da industria e que, por isto, seria realmente vergonhoso só cuidar da educação da classe nobre, confortada e rica. GABARITO: C, C, C, E, E QUESTÃO (03) = [1.5 Ponto – 0,30 cada alternativa] (...) Aí está a contradição que se insere na essência do capitalismo: o trabalhador não pode ter meio de produção, não pode deter o saber, mas, sem o saber, ele também não pode produzir, porque para transformar a matéria precisa dominar algum tipo de saber. Sim, é preciso, mas "em doses homeopáticas", apenas aquele mínimo para poder operar a produção. É difícil fixar limite, daí por que a escola entra nesse processo contraditório: ela é reivindicada pelas massas trabalhadoras, mas as camadas dominantes relutam em expandi-la. (SAVIANI, Texto 09, p. 09, grifos nossos). O que o professor Saviani está dizendo nesta citação é que apesar dos limites da escola como veículo de transformação social, dado aos seus condicionamentos sociais, políticos, econômicos e ideológicos, as contradições apontadas dão margem para ações rumo à conquista de uma escola emancipadora... Mas, como isto é possível? Assinale (V) Verdadeiro ou (F) Falso para as alternativas a seguir que respondam a esta questão: 1. [ ] à medida que se lute por melhores condições de trabalho dos profissionais da educação, dos professores e dos alunos que atuam na escola; 2. [ ] ao se conseguir melhorar a qualidade do ensino e da aprendizagem, com professores bem formados, escolas bem equipadas; 3. [ ] com didáticas e metodologias de ensino que despertem nos estudantes o gosto e o hábito pelo estudo sistemátizado, teórico, a partir da sua realidade social concreta; 3 4. [ ] se a regra é manter o acesso ao saber elaborado para os trabalhadores sob certos limites, vez que “é difícil fixar estes limites”, então, o caminho é forçar a escola a ultrapassá-lo e desenvolver o saber tanto quanto possível para além dos limites desejados e impostos; 5. [ ] à medida que se conquistar uma formação mais humanista e menos voltada simplesmentes para atender aos interesses do mercado, e sim, com vistas à formar o cidadão emancipado. GABARITO: Todas as Alternativas são (V) Verdadeiras. QUESTÕES DISSERTATIVAS Orientações: Procure responder às questões dissertativas usando suas próprias palavras, com criatividade e demonstrando coerência expositiva e argumentativa ao redigir, escreva fazendo sempre uma introdução, desenvolvimento e conclusão. Lembre-se, não basta afirmar ou apenas enunciar a ideia correspondente ao que se pede em cada questão, é preciso explicá-la adequadamente. Bom Trabalho! QUESTÃO 04 = [2.0 Pontos] Considerando os temas da UNIDADE I, Item 01: “A gênese do processo de trabalho como princípio ontológico da existência humana”; e o Item 02: “A conversão do processo de trabalho em atividade de exploração do homem sobre o homem – trabalho alienado”, RESPONDA: A partir do sentido originário do processo de trabalho, da concepção ontocriativa, confronte isto com a experiência atual de trabalho e analise se a vivência que se tem do trabalho na atualidade corresponde àquilo que deveria ser no seu sentido ontológico. Justifique. (Mínimo de 15 linhas) GABARITO: Conteúdo relacionado aos Itens 01 e 02 da UNIDADE I: A partir do sentido originário do processo de trabalho, da concepção ontocriativa, confrontada com a experiência atual de trabalho, pode-se dizer que a vivência que se tem do trabalho na atualidade NÃO corresponde àquilo que deveria ser no seu sentido ontológico. Para responder a esta questão deve-se relacionar o conceito de trabalho nos dois sentidos conforme é feito nos Itens 1 e 2 da Unidade I, qual seja, o trabalho no sentido ontológico, ontocriativo e a noção de trabalho como alienação, exploração – o trabalho apenas como emprego. Neste aspecto, o processo de trabalho é algo que vai além de ser a fonte de toda riqueza financeira e a base da economia, vai além da noção de trabalho como “emprego” e apenas uma atividade de produção de mercadorias. O trabalho “é a condição básica e fundamental de toda a vida humana” (ENGELS, Texto 02, p.04; ALVES, Unidade I, Item 01, p. 04; FRIGOTTO, Texto 01, p.399). O trabalho é uma ação humana pela 4 qual esta espécie animal fabrica instrumentos, máquinas, equipamentos e cria técnicas (habilidades/saber fazer) para extrair da natureza tudo aquilo de que necessita para viver. Todo tipo de trabalho é uma ação de “trans-forma-ação” (ação de modificar a forma natural de algo), ação de criação. Daí que podemos afirmar que o trabalho é o processo pelo qual o homem ser-biológico/natural se transforma em homem ser- social/cultural. O processo de trabalho, assim, é o meio pelo qual o animal humano se torna propriamente ser-humano. Ele transcende o seu padrão natural herdado da natureza e o transforma em algo “imprevisto” pela natureza, o ser-social, donde irá surgir a Sociedade” (ALVES, Unidade I, Item 01, p. 05). A isto se dá o nome de concepção “ontocriativa” do trabalho ou de sentido“ontológico” do trabalho. Se entende, assim, o papel do processo de trabalho na produção da existência humana e social como “este processo de criação de si, de autoprodução do próprio ser, da sua essência” (Idem, p. 06). “Trata-se do trabalho como princípio ontológico de formação do Ser/Essência do Homem em seu processo de humanização” (Idem, p. 07). Todavia, hoje, na sociedade atual, capitalista, é praticamente impossível vivenciar esta experiência da importância do trabalho em nossas vidas, como uma atividade ontocriativa da nossa existência humana. O critério para compreender isto é analisar se o ser humano que vive do trabalho exerce com dignidade o trabalho que executa, se o seu trabalho lhe traz dignidade. Em outros termos, se o trabalho que executa é por obrigação, por necessidade, e se não importa o tipo de trabalho que exerça, mas sim o que importa for apenas o salário que irá ganhar em troca desse trabalho; se o produto do trabalho ao final não é seu, nem são suas as ferramentas, máquinas de trabalho, se ele não tem direito a decidir sobre a sua jornada de trabalho etc, e sim, se tudo isto é de um outro que não ele, isto é, se ele trabalha para produzir para esse outro que não ele, lhe importando apenas o salário, então, esta sua atividade humana de produção, o seu trabalho, foi reduzido a uma atividade de produção de mercadorias e não mais é uma produção da própria subsistência, este trabalho reduziu-se a um “EMPREGO”, trata-se de um “trabalho alienado”, baseado na venda da força de trabalho do homem que trabalha a um outro que o contrata para o exercício de determinada função por um salário. Neste segundo sentido, considera-se que este tipo de trabalho não dignifica o homem, pois ele não o faz por escolha e sim por obrigação, por necessidade, bem como porque deve trabalhar além do tempo necessário para a produção da sua subsistência, vez que trabalha para atender aos interesses de um outro, daquele que o contratou. Ao se organizar o processo de produção não mais como uma atividade de produção de subsistência para si, para a satisfação de uma carência sua, e sim, quando se passa a trabalhar para um “outro” e para a satisfação das carências deste “outro”, que não ele mesmo, o trabalhador, esta sua atividade deixa de corresponder àquilo que deveria ser no seu sentido ontológico, para se converter em atividade de alienação e de exploração do ser humano que trabalha. E é este último caso a condição da classe trabalhadora na atualidade. QUESTÃO 05 = [2.0 Pontos] (Tema trabalhado na AD1) A partir do que foi estudado no Item 03, da UNIDADE I, com o título: “Do processo de trabalho à origem da educação e ao surgimento da escola (“Scholé)”, em SAVIANI – Vídeo 02, Textos: 07 e 08, faça o que se pede: Se quando usamos o termo “educação” nem sempre queremos fazer referência à ideia de “escola”, por outro lado, o termo “escola” sempre remete à alguma ideia de “educação”, portanto, a escola implica necessariamente numa modalidade específica de educação. Considerando estas ideias, redija um texto dissertativo sobre qual é a especificidade educacional da escola com base em sa origem histórica. (Mínimo de 15 linhas) 5 GABARITO: Delimitar qual seja a especificidade educacional da escola exige que recuperemos qual é a sua origem histórica, isto é, quando e por quê surgiu a escola? Com qual finalidade? A escola surge em determinado momento histórico e social, após a invenção da escrita, por volta de 3.000 a.C., como uma modalidade específica de educação diferenciada da educação em geral pela qual passavam as gerações anteriores e a sua origem está associada ao surgimento da propriedade privada dos meios de produção, que possibilitou aos proprietários privados terem mais tempo livre para se dedicarem a outras coisas, vez que estavam livres do trabalho produtivo, agora realizado por outros seres humanos escravizados. Dentre as muitas coisas as quais os proprietários passaram a se dedicar em seu tempo livre irá surgir a Scholé (lugar do ócio). Mas, o “ócio”, neste caso, não era um lugar de não se fazer nada, ao contrário, era o lugar para onde eram enviadas as crianças que não precisavam trabalhar na produção para viver, os filhos dos proprietários. Lá eles aprendiam e dominavam os conhecimentos e técnicas necessários para dirigirem os trabalhos da mente, os quais exigiam esforço mental e intelectual. Não se exerciam atividades manuais produtivas, consideradas indignas do homem livre, vez que eram atividades próprias de escravos ou serviçais. As demais crianças, filhas dos não-proprietários, estavam impedidas de frequentar a Scholé, restrita aos nobres e aristocratas, mas também passavam por um processo de educação pelo qual aprendiam e dominavam os conhecimentos e técnicas necessários para dirigirem os trabalhos das mãos, os quais exigiam esforço físico e manual, para o trabalho produtivo que deveriam exercer a serviço dos nobres e proprietários. Então, como se pode ver, a Escola nasce como uma instituição social marcada pela divisão de classe entre proprietários e não-proprietários; e por uma divisão entre trabalho intelectual e trabalho manual. Trata-se, desde o princípio, de se oferecer pela escola uma modalidade de educação diferenciada para as elites econômicas, apartada da educação em geral pela qual passava o restante, os pobres, escravos ou serviçais. E esta tem sido a marca congênita da escola até os dias atuais, a qual ainda espelha esta dinâmica de uma educação diferenciada para as elites econômicas, destinada à formação intelectual elevada dos membros desta classe social para ocupar os cargos de direção das empresas e da sociedade. E, por outro lado, continua-se a oferecer uma educação minimalista para os não-proprietários, que agora não são mais os escravos e nem os servos da Idade Média, e sim, são os trabalhadores assalariados. Apesar de no mundo antigo e medieval os escravos e os servos não terem direito de frequentar a escola e agora, no capitalismo, os trabalhadores assalariados terem este direito e aparentemente, ou perante a lei, terem os mesmos direitos à uma educação plena e de qualidade e tendo o Estado a obrigação de garantir esta formação para todos, até para esses cidadãos trabalhadores, na realidade a educação pública, para os trabalhadores, é do mesmo tipo de antes, pois, ela está mais voltada para a formação manual e prática, com poucos estímulos para o desenvolvimento do pensamento. Agora, assim como antes, a classe-que-vive-do-trabalho, a classe trabalhadora, está destinada ao trabalho produtivo, em grande parte manual, e que pouco exige da sua capacidade intelectual. Se a Scholé, da antiguidade, criou a divisão entre trabalho intelectual e trabalho manual, a Escola, de hoje, mantem na essência esta regra, salvo as devidas proporções. QUESTÃO 06 = [2.0 Pontos] Segundo Saviani, VÍDEO 02, 3ª. parte ss: “Sobre a generalização da escola (Scholé) para todos”; e nos Textos 07 e 08, bem como no texto da UNIDADE II = “A escola como nova modalidade principal de educação para todos”: Atualmente a educação escolar é tão natural e óbvia que muitos não têm a noção de que nem sempre ela foi uma necessidade para todos da sociedade. Explique, então, quando e por quê a escola se tornou a modalidade principal de educação para todos. (Mínimo de 15 linhas) 6 GABARITO: No Período Moderno, entre os séculos XVI e XIX, principalmente após a Revolução Industrial, surge a necessidade de capacitar técnica e cientificamente a mão-de-obra que deveria realizar os trabalhos na indústria, vez que as máquinas tinham engastadas nelas fundamentos dos conhecimentos científicos, sobretudo, da física e da matemática. Mas, estes conhecimentos não eram passíveis de serem desenvolvidos espontaneamente,precisavam de ser apreendidos de forma sistemática. A exigência de dar acesso aos conhecimentos intelectuais e teóricos surge com força e determinação levando o sistema burguês de produção, que ficou conhecido como modo de produção capitalista (o qual não vamos explicitar aqui neste momento, mas apenas indicar, dado os limites deste texto), levou-os a colocar a necessidade da escolarização dessa mão-de-obra para atender aos seus objetivos na produção. E a Scholé, que antes era uma modalidade restrita de educação apenas aos nobres e aristocratas (Ver Item 03, da Unidade I), se generaliza e torna-se com o passar do tempo na modalidade principal de educação de toda a sociedade, consubstanciada na bandeira empunhada pela burguesia em sua fase revolucionária da “luta pela escola pública para todos”, inclusive para os trabalhadores. Segundo Dermeval Saviani é nesse período histórico, Período Moderno, que a escola se torna uma necessidade geral convertendo-se na modalidade principal de educação para todos e isto irá ocorrer com mais força, sobretudo, depois da Revolução Industrial e da Revolução Francesa, também conhecidas como Revoluções Burguesas. O surgimento da indústria no Século XVIII, a expulsão dos camponeses de suas terras, o crescimento das cidades, a vida urbana, a invenção da imprensa, dentre outros fatores, são algumas das causas da necessidade de as pessoas dominarem os códigos escritos desenvolvidos pela escola. Após a Revolução Francesa e a instituição da República como forma de governo, centrada na observância da Lei escrita (Constituição), no direito positivo, nos contratos de trabalho, casamento civil etc. evidenciou o problema do analfabetismo. Como cobrar a observância da Lei se as pessoas não sabem ler e escrever? (SAVIANI, 1994, p. 05). E mais ainda: o domínio dos códigos escritos e a importância da alfabetização ligam-se à nova relação que se estabelecerá entre Ciência e Técnica, onde a Ciência pura tornar-se-á ciência aplicada à produção – tecnologia – e colocará a exigência de um domínio teórico, por mínimo que seja, dos fundamentos científicos dos instrumentos e técnicas necessários à indústria. E uma vez que são os trabalhadores quem deveriam operar tais maquinários, precisavam dar aos trabalhadores algum domínio do saber científico engendrado nas técnicas e máquinas da indústria. É assim que irá surgir como uma necessidade objetiva o problema do acesso dos trabalhadores à Scholé, local por excelência do desenvolvimento e acesso aos conhecimentos científicos e teóricos.
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