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Brasília-DF. SiStemaS GeodéSicoS de PoSicionamento Elaboração Erison Rosa de Oliveira Barros Produção Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração Sumário APRESENTAÇÃO ................................................................................................................................. 4 ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA .................................................................... 5 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 7 UNIDADE I SISTEMAS GEODÉSICOS DE REFERÊNCIA ............................................................................................... 9 CAPÍTULO 1 HISTÓRIA DA GEODÉSIA ........................................................................................................... 9 UNIDADE II SISTEMAS GEODÉSICOS DE REFERÊNCIA .............................................................................................. 13 CAPÍTULO 1 INTRODUÇÕES A TOPOGRAFIA E A GEODÉSIA ........................................................................ 13 CAPÍTULO 2 PRINCÍPIOS TEÓRICOS .......................................................................................................... 21 UNIDADE III FUNDAMENTOS DE SISTEMA DE POSICIONAMENTO GPS/GNSS .......................................................... 48 CAPÍTULO 1 CONCEITOS DE GNSS ............................................................................................................ 48 CAPÍTULO 2 FUNCIONAMENTO DO SISTEMA GPS/GNSS .............................................................................. 59 CAPÍTULO 3 MÉTODOS DE POSICIONAMENTO GPS/GNSS .......................................................................... 66 REFERÊNCIAS .................................................................................................................................. 79 4 Apresentação Caro aluno A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da Educação a Distância – EaD. Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo. Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira. Conselho Editorial 5 Organização do Caderno de Estudos e Pesquisa Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam a tornar sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta, para aprofundar os estudos com leituras e pesquisas complementares. A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de Estudos e Pesquisa. Provocação Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor conteudista. Para refletir Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões. Sugestão de estudo complementar Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo, discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso. Praticando Sugestão de atividades, no decorrer das leituras, com o objetivo didático de fortalecer o processo de aprendizagem do aluno. Atenção Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a síntese/conclusão do assunto abordado. 6 Saiba mais Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões sobre o assunto abordado. Sintetizando Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos. Exercício de fixação Atividades que buscam reforçar a assimilação e fixação dos períodos que o autor/ conteudista achar mais relevante em relação a aprendizagem de seu módulo (não há registro de menção). Avaliação Final Questionário com 10 questões objetivas, baseadas nos objetivos do curso, que visam verificar a aprendizagem do curso (há registro de menção). É a única atividade do curso que vale nota, ou seja, é a atividade que o aluno fará para saber se pode ou não receber a certificação. Para (não) finalizar Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado. 7 Introdução Considerando todos os avanços tecnológicos que serão abordados a seguir, é possível entender a condição de perplexidade de nossos ancestrais, desde o começo dos dias, diante da complexidade do mundo a sua volta. Pode-se, também, intuir de que maneira surgiu no homem a necessidade de conhecer o mundo (sua forma e dimensões) habitado, que hoje é possível conhecer tão bem. O simples deslocamento de um ponto a outro na superfície do planeta, já justifica a necessidade de se conhecer, de alguma forma, as características físicas do mundo. É fácil imaginar alguns questionamentos que surgiram nas metas dos ancestrais do homem, como, por exemplo: como orientar os deslocamentos? Como levantar terrenos? Como demarcá-los e desenhá-los? Como medir áreas? E os instrumentos, como construí-los? A preocupação desta obra foi apresentar tópicos fundamentais para a utilização do sistema GPS/ GNSS e também tentar auxiliar na escolha de receptores GPS adequados para diversas aplicações. Uma vez que a determinação de posições com determinado grau de confiança, numa grade de referência, é o problema fundamental que um Sistema de Informação Geográfica (SIG) enfrenta e o principal objetivo da Geodesia. Objetivos » Promover o conhecimento básico necessário para compreensão e utilização dos sistemas GPS/GNSS nas aplicações em geoprocessamento. » Analisar a necessidade da escolha de que tipo de levantamento topográfico ou geodésico e indispensável para aplicações em geoprocessamento. » Compreender todo o processo de medição e georreferenciamento e monitoramento de fenômenos, feições geográficas artificias com o uso adequado das tecnologias de Posicionamento GPS/GNSS. 9 UNIDADE I SISTEMAS GEODÉSICOS DE REFERÊNCIA CAPÍTULO 1 História da Geodésia Os seres humanos preocupam-se, por séculos, com a Terra sobre na qual vive. Em passado remoto, esta preocupação se limitava a mapear a vizinhança imediata de nossas casas; com o tempo, foi se tornando útil, e mesmo necessário, localizar e mapear outras regiões, para fins de rotas comerciais e de exploração. Finalmente, com o aumento da capacidade de se transportar a grandes distâncias, surgiu o interesse em se estabelecer a forma, o tamanho e composição detodo o planeta. Os gregos dos períodos arcaico e clássico tiveram ideias variadas quanto à forma e tamanho da Terra. Homero sugeriu uma forma de um disco plano; Pitágoras e Aristóteles advogavam uma forma esférica. Pitágoras era um matemático que considerava a esfera a figura geométrica mais perfeita, sendo para ele, portanto, natural que os deuses dessem esta forma ao mundo. Já Anaximenes acreditava que a Terra tinha uma forma retangular. A ideia de uma Terra esférica foi predominante entre os Gregos. A tarefa seguinte e que ocupou muitas mentes foi a de determinar seu tamanho. Platão estimou a circunferência da Terra como sendo de umas 40.000 milhas. Arquimedes estimou em 30.000 milhas. Estes valores, contudo, não passavam muito do campo da mera especulação. Coube a Eratóstenes, no século II A.C, determinar o tamanho da Terra usando medidas objetivas. Ele notou que no dia do solstício de verão os raios solares atingiam o fundo de um poço em Siena (atual Assuan, no Egito) ao meio dia. Ver Figura 1. No mesmo instante, contudo, o Sol não estava exatamente no zênite na cidade de Alexandria, a norte de Siena; o Sol projetava uma sombra tal que ele pode determinar o ângulo de incidência de seus raios: 7° 12’, correspondendo a 1/50 de um círculo. Conhecido o arco de circunferência entre as duas cidades, ou seja, a distância entre elas, Eratóstenes pode então estimar a circunferência do globo. Como a distância era de umas 500 milhas (na direção norte-sul), o Terra deveria ter 50 x 500 = 25.000 milhas de circunferência. Este é um valor bastante próximo do raio equatorial terrestre (24.901 milhas, valor adotado no World Geodetic System) 10 UNIDADE I │ SISTEMAS GEODÉSICOS DE REFERÊNCIA Figura 1. O arco medido por Eratóstenes. Fonte: SEEBER, 2003 A precisão de medida de Eratóstenes é incrível considerando-se todas as aproximações embutidas no seu cálculo. Siena na verdade não está exatamente no trópico de Câncer (ou seja, os raios solares não são estritamente perpendiculares à superfície no solstício de verão), sua distância a Alexandria é de 453 milhas (ao invés de 500 milhas) e as duas cidades não estão alinhadas na direção norte-sul. Outro Grego antigo a estimar o tamanho do globo foi Posidonius. Ele utilizou uma estrela que era circumpolar quando vista da cidade de Rodes, tangenciando o horizonte no instante da culminação inferior. Esta mesma estrela teve então sua altura medida em Alexandria e, conhecida, a distância entre as duas cidades, foi possível a Posidonius determinar um valor de 24.000 milhas para a circunferência da Terra. Outro filósofo grego revisou o método de Posidonius e encontrou um valor substancialmente menor: 18.000 milhas. Este valor foi o adotado por Ptolomeu, cujo trabalho e modelo de cosmos foi adotado na Europa ao longo da Idade Média. Foi possivelmente graças a esta subestimativa da circunferência do globo que Cristóvão Colombo foi levado a crer que o Extremo Oriente estaria a apenas umas 3 ou 4 mil milhas a oeste da Europa. Somente no século 15 que o valor aceito por Ptolomeu foi revisado pelo cartógrafo finlandês Mercator. O advento do telescópio, de tabelas logarítmicas e do método da triangulação foram contribuições do século 17 à ciência da Geodésia. Nesta época, o Francês Picard fez medidas de arcos que podem ser consideradas modernas. Ele mediu uma linha de base usando traves de madeira e um telescópio para medir ângulos. Cassini posteriormente extendeu o método de Picard, fazendo medidas de linhas de base maiores e tanto a sul quanto a norte de Paris. Quando computou o comprimento das linhas de base equivalentes a um ângulo de 1°, ele Cassini notou que estas eram maiores na direção sul do que no norte. Tal resultado foi o primeiro indício de um desvio da forma da Terra com relação a uma esfera. 11 SISTEMAS GEODÉSICOS DE REFERÊNCIA │ UNIDADE I Conceitos Introdutórios Como foi visto o homem sempre necessitou conhecer o meio em que vive, por questões de sobrevivência, orientação, segurança, guerras, navegação, construção etc. No princípio a representação do espaço baseava-se na observação e descrição do meio. Cabe salientar que alguns historiadores dizem que o homem já fazia mapas antes mesmo de desenvolver a escrita. Com o tempo surgiram técnicas e equipamentos de medição que facilitaram a obtenção de dados para posterior representação. A Topografia e Geodésia foram ferramentas utilizadas para realizar estas medições. No Brasil e países de origem latina e hispânica, Geodésia e Topografia, são consideradas separadamente. Alguns autores as distinguem considerando tanto a precisão dos levantamentos quanto à dimensão do alcance de seus levantamentos. Já nos Países onde a língua oficial é alemã, como a Áustria, a Alemanha e a Suíça, a terminologia Topografia não existe, mas apenas a Geodésia e esta é dividida em três categorias como descritas acima: Medição Terrestre, Medição de Terras e Medições especiais, classificando-as em Geodésia Superior e Geodésia Inferior segundo o Geodesista alemão Helmert. A medição da terra abrangeria a área da Geodésia Superior e a Medição de Terras e as Medições Especiais abrangeria a área da Geodésia Inferior. Nesta classificação a Topografia estudada e aplicada no Brasil se enquadraria na Geodésia Inferior. Ressalta-se aqui que a Topografia limita sua área de atuação no sentido local, enquanto que a Geodésia Superior abrange dimensões maiores como global, continental e regional. Sua precisão poderá ser classificada entre baixa, média, alta e altíssima, exigindo estas duas últimas um conhecimento mais abrangente e uma habilidade e qualidade maior do Profissional. A questão até onde o plano topográfico poderá ser considerado é pertinente. Algumas literaturas brasileiras mencionam os seguintes raios: 30 km e 20 km (SEIXAS, 1981; ESPARTEL, 1975) e 5 Km (MOESER et al., 2000). Os equipamentos utilizados para a medição de distância também são importantes para a definição deste comprimento. Será abordado o procedimento matemático para se determinar o comprimento e seu respectivo efeito sobre as coordenadas planimétricas e o cálculo matemático para se determinar o efeito deste na altimetria, quando estipulados diferentes comprimentos e assim raios de circunferências na consideração plana da Terra. As atividades geodésicas têm experimentado uma verdadeira revolução com o advento do Sistema de Posicionamento Global (GPS), hoje denominado de Sistema Global de Navegação por Satélite. A capacidade que este sistema possui de permitir a determinação de posições, estáticas ou cinemáticas, aliando rapidez e precisão muito superiores aos métodos clássicos de levantamento, provocou a necessidade de revisão das características do SGB que veremos a seguir seu conceito, assim como a implantação da Rede Brasileira de Monitoramento Contínuo (RBMC). Com o seu funcionamento, os usuários de informações do IBGE passarão a contar com uma infraestrutura ativa e compatível com os métodos atuais de posicionamento baseados no GPS. Entretanto, a componente altimétrica do SGB ainda não está totalmente contemplada, em virtude de desconhecermos com suficiente precisão a forma real da Terra (geóide). Com isto, há a necessidade de concentrarem-se esforços nas atividades de nivelamento geodésico, de maregrafia e de gravimetria, que levarão a um maior conhecimento do geóide, com todas as suas anomalias, segundo a escala dos geodesistas. Será possível, então, o uso da ferramenta GPS em um espectro mais amplo de aplicações onde se busca 12 UNIDADE I │ SISTEMAS GEODÉSICOS DE REFERÊNCIA preferencialmente a determinação dos valores de altitude. A geodesia busca determinar, também, o seu campo externo de gravidade. Em suas aplicações considera a curvaturada Terra na busca do melhor referencial de pontos de coordenadas conhecidas, permitindo a melhor definição da superfície terrestre e do seu campo de gravidade. A geodesia pode ser subdividida em: Geodésia Geométrica: ocupa-se na localização precisa de pontos sobre a superfície terrestre a partir de medições angulares e de distâncias em grandes extensões de terra, proporcionando o estabelecimento de uma rede de pontos fundamentais que serve de base para levantamentos topográficos; Geodésia Física: desenvolve estudos sobre o desvio da vertical e de anomalias da gravidade terrestre, possibilitando a determinação da figura geométrica que melhor corresponda à superfície terrestre; Geodésia Celeste (forma alternativa: Geodésia por Satélite): proporciona o posicionamento de pontos sobre a superfície terrestre a partir de medidas efetuadas por estrelas ou satélites artificiais, permitindo o desenvolvimento de sistemas de posicionamento terrestre. Atualmente, a utilização de satélites artificiais vem tornando essa área bastante conhecida, por meio do Sistema de Posicionamento Global (NAVSTAR/GPS), que é um sistema de rádio-navegação por satélite que permite o posicionamento de pontos em terra, mar ou ar. 13 UNIDADE II SISTEMAS GEODÉSICOS DE REFERÊNCIA CAPÍTULO 1 Introduções a Topografia e a Geodésia Mesmo considerando todos os avanços tecnológicos que hoje vivenciamos, é possível entender a condição de perplexidade de nossos ancestrais, desde o começo dos dias, diante da complexidade do mundo a sua volta. Podemos, também, intuir de que maneira surgiu no homem a necessidade de conhecer o mundo (sua forma e dimensões) que ele habitava que hoje é possível conhecer tão bem. O simples deslocamento de um ponto a outro na superfície de nosso planeta, já justifica a necessidade de se conhecer, de alguma forma, as características físicas do mundo. É fácil imaginarmos alguns questionamentos que surgiram nas metas de nossos ancestrais, como, por exemplo: como orientar os deslocamentos? Como levantar terrenos? Como demarcá-los e desenhá-los? Como medir áreas? E os instrumentos, como construí-los? Diante da necessidade de estudos e invenções, nasceu uma grande ciência a qual foi denominada Agrimensura. Em função da grandiosidade dos campos de aplicação (atualmente), costuma-se dividi-la segundo a aplicabilidade, em Geodésia e Topografia. Fundamentos de Topografia Etimologicamente a palavra TOPOS, em grego, significa lugar e GRAPHEN descrição, assim, de uma forma bastante simples, Topografia significa descrição do lugar. A seguir são apresentadas algumas de suas definições: “A Topografia tem por objetivo o estudo dos instrumentos e métodos utilizados para obter a representação gráfica de uma porção do terreno sobre uma superfície plana” DOUBEK (1989). “A Topografia tem por finalidade determinar o contorno, dimensão e posição relativa de uma porção limitada da superfície terrestre, sem levar em conta a curvatura resultante da esfericidade terrestre” ESPARTEL (1987). O objetivo principal é efetuar o levantamento (executar medições de ângulos, distâncias e desníveis) que permita representar uma porção da superfície terrestre em uma escala adequada. Às operações efetuadas em campo, com o objetivo de coletar dados para a posterior representação, denomina-se 14 UNIDADE II │ SISTEMAS GEODÉSICOS DE REFERÊNCIA de levantamento topográfico. A Topografia pode ser entendida como parte da Geodésia, ciência que tem por objetivo determinar a forma e dimensões da Terra. Na Topografia trabalha-se com medidas (lineares e angulares) realizadas sobre a superfície da Terra e a partir destas medidas são calculados áreas, volumes, coordenadas etc. Além disto, estas grandezas poderão ser representadas de forma gráfica através de mapas ou plantas. Para tanto é necessário um sólido conhecimento sobre instrumentação, técnicas de medição, métodos de cálculo e estimativa de precisão (KAHMEN; FAIG, 1988). De acordo com WOLF (1977), o trabalho prático da Topografia pode ser dividido em cinco etapas: 1. Tomada de decisão, onde se relacionam os métodos de levantamento, equipamentos, posições ou pontos a serem levantados etc. 2. Trabalho de campo ou aquisição de dados: fazer as medições e gravar os dados. 3. Cálculos ou processamento: elaboração dos cálculos baseados nas medidas obtidas para a determinação de coordenadas, volumes etc. 4. Mapeamento ou representação: produzir o mapa ou carta a partir dos dados medidos e calculados. 5. Locação. De acordo com a NBR 13133 (ABNT, 1991, p. 3), Norma Brasileira para execução de Levantamento Topográfico, o levantamento topográfico é definido por: Conjunto de métodos e processos que, através de medições de ângulos horizontais e verticais, de distâncias horizontais, verticais e inclinadas, com instrumental adequado à exatidão pretendida, primordialmente, implanta e materializa pontos de apoio no terreno, determinando suas coordenadas topográficas. A estes pontos se relacionam os pontos de detalhe visando a sua exata representação planimétrica numa escala pré-determinada e à sua representação altimétrica por intermédio de curvas de nível, com equidistância também pré-determinada e/ou pontos cotados. Classicamente a Topografia é dividida em Topometria e Topologia. A Topologia tem por objetivo o estudo das formas exteriores do terreno e das leis que regem o seu modelado. A Topometria estuda os processos clássicos de medição de distâncias, ângulos e desníveis, cujo objetivo é a determinação de posições relativas de pontos. Pode ser dividida em planimetria e altimetria. Tradicionalmente o levantamento topográfico pode ser divido em duas partes: o levantamento planimétrico, onde se procura determinar a posição planimétrica dos pontos (coordenadas X e Y) e o levantamento altimétrico, onde o objetivo é determinar a cota ou altitude de um ponto (coordenada Z). 15 SISTEMAS GEODÉSICOS DE REFERÊNCIA │ UNIDADE II Em diversos trabalhos a Topografia está presente na etapa de planejamento e projeto, fornecendo informações sobre o terreno; na execução e acompanhamento da obra, realizando locações e fazendo verificações métricas; e finalmente, no monitoramento da obra após a sua execução, para determinar, por exemplo, deslocamentos de estruturas. Fundamentos de Geodésia Em um trabalho publicado em 1880, sobre “As teorias matemáticas e físicas da geodesia superior”, o cientista alemão F. R. Helmert definiu a Geodesia como: “a ciência da medição e representação da superfície da Terra”. Passado mais de um século, esta definição, à qual se acrescenta a determinação do campo de gravidade externo da Terra e a determinação da superfície do fundo dos oceanos, continua sendo adotada pela Federação Internacional dos Geômetras – FIG. Com o desenvolvimento da exploração espacial, a geodesia em colaboração com outras ciências passa a ser também aplicada na determinação da superfície de outros corpos celestes (Lua, planetas), passando a se chamar selenodésia, quando aplicada ao estudo da Lua, e geodésia planetária, quando aplicada ao estudo de outros planetas (exceção da Terra). Com o desenvolvimento da exploração espacial, a geodésia em colaboração com outras ciências passa a ser também aplicada na determinação da superfície de outros corpos celestes (Lua, planetas), passando a se chamar selenodésia, quando aplicada ao estudo da Lua, e geodésia planetária, quando aplicada ao estudo de outros planetas (exceção da Terra). A geodésia pode ser dividida em: Geodésia global, que é responsável pela determinação dos parâmetros definidores da forma e das dimensões da Terra e do seu campo de gravidade externo; e Geodésia aplicada, que trata da determinação de uma porção da superfície daTerra, por meio das coordenadas de um número adequado de pontos de controle, necessários à elaboração do mapeamento sistemático do País. A geodésia aplicada adota os parâmetros determinados na geodésia global. Atingir os objetivos da geodésia, tanto de cunho científico (determinação da forma e das dimensões da Terra) quanto prático (com vistas ao mapeamento de uma determinada porção da superfície terrestre), significa localizar precisamente pontos sobre a superfície da Terra e chegar ao conhecimento detalhado de seu campo de gravidade. A hipótese do Plano Topográfico Da relação entre a terra plana e esférica, surge a definição do campo topográfico. O campo topográfico é a área limitada da superfície terrestre que pode ser representada topograficamente, isto é, tal que seja desconsiderado a curvatura da terra, supondo-a esférica. O limite da grandeza 16 UNIDADE II │ SISTEMAS GEODÉSICOS DE REFERÊNCIA desta área, de forma que se possa considerar a terra como plana em determinada faixa de sua superfície, é função da precisão exigida para sua representação. Considerando um plano tangente em ponto médio da porção considerada. Denominando de erro de esfericidade, o erro cometido ao substituir o arco pela tangente em uma extensão da superfície terrestre, tem--se (figura 2). Figura 2. Influência da curvatura terrestre nas medições topográficas. Fonte: ESPARTEL, 1987 Erro de esfericidade (e) Pelo triângulo ABC, tem-se: 2 - Considerando a circunferência terrestre, tem-se: Para exemplificar, considere os seguintes valores: Raio da terra – 6.367.000 m; e α = 0°30’. 17 SISTEMAS GEODÉSICOS DE REFERÊNCIA │ UNIDADE II Para estes valores, tem-se a seguinte solução: Este valor pode ser considerado muito baixo em operações topográficas correntes, em faceta precisão dos instrumentos utilizados. Pode-se afirmar que a área limite de até – 55 km de raio é satisfatória para limitar o campo topográfico. Acima deste valor, deve fazer considerações à precisão imposta ao trabalho. Fundamentos de Cartografia Uma vez que o produto final da operação de receptores de sinal GPS é coordenado, cabe ao operador possuir o conhecimento básico dos elementos de Cartografia envolvidos, para que possa fazer uma leitura correta do dado gerado, bem como, avaliar se a informação que está sendo fornecida pelo aparelho supre suas necessidades. Cada um dos tópicos aqui apresentados não tem a intenção de abordar a plenitude do conhecimento existente sobre a referida área. No entanto, acredita-se que o texto apresentado irá proporcionar o conhecimento básico necessário para a manipulação adequada da tecnologia de Posicionamento Global. A Cartografia trata de representar na forma de mapas e plantas o conhecimento humano sobre a superfície do planeta. Uma vez que estas representações se dão em elementos planos (mapas e cartas), o homem criou metodologias e conceitos para transcrever aquilo que observamos em uma superfície não plana (a Terra), para estes documentos. Introdução a Cartografia O objeto da Cartografia consiste em reunir e analisar dados das diversas regiões da terra, e representar graficamente em escala reduzida, os elementos da configuração que possam ser claramente visíveis. Para pôr em evidência a configuração da superfície terrestre, o instrumento principal do cartógrafo é o mapa. Mas, outras representações, tais como modelos de relevo, globos, fotografias aéreas, imagens de satélite e cartogramas, são assuntos próprios para serem tratados em Cartografia. Define-se um mapa como uma representação convencional da configuração da superfície da terra. Toda a representação está numa proporção definida com o objeto representado. Esta proporção é chamada de escala. Ou ainda, pode-se definir um mapa como um desenho seletivo, convencionado e generalizado de uma região com grande área, comumente da superfície terrestre, como se fosse vista de cima e numa escala muito reduzida. A maioria dos mapas recebe inscrições, isto é, são dados nomes as feições representadas, e são relacionados a um sistema de coordenadas. Em geral, os mapas têm as seguintes finalidades: » obter informações sobre a distribuição espacial dos fenômenos; » como solos, precipitação, uso da terra, densidade demográfica etc.; 18 UNIDADE II │ SISTEMAS GEODÉSICOS DE REFERÊNCIA » discernir relações espaciais entre os vários fenômenos; » coletar, por meio de medições, dados necessários às análises geográficas, propiciando informações para a descrição e análises estatísticas. Atualmente, outros produtos são considerados valiosos em Cartografia, tais como: » Globo - representação cartográfica sobre uma superfície esférica, em escala pequena, dos aspectos naturais e artificiais de uma figura planetária, com finalidade cultural e ilustrativa. » Mapa - representação no plano, geralmente em escala pequena, dos aspectos geográficos, naturais, culturais e artificiais de uma área tomada na superfície de uma figura planetária, delimitada por elementos físicos, político-administrativos, destinada aos mais variados usos, temáticos, culturais e ilustrativos. » Carta - representação no plano, em escala média ou grande, dos aspectos artificiais e naturais de uma área tomada de uma superfície planetária, subdividida em folhas delimitadas por linhas convencionais (paralelos e meridianos) com a finalidade de possibilitar a avaliação de pormenores, com grau de precisão compatível com a escala. » Planta - é um caso particular de carta. A representação se restringe a uma área muito limitada e a escala é grande, consequentemente o número de detalhes é bem maior. » Fotografia Aérea - são produtos obtidos ao nível suborbital, muito utilizados para elaboração e ou atualização de documentos cartográficos de média a grande escala. » Mosaico - é o conjunto de fotos de uma determinada área, recortadas e montadas técnica e artisticamente, de forma a dar a impressão que todo o conjunto é uma única fotografia. » Ortofotocarta - é uma fotografia resultante da transformação de uma foto original, que é uma perspectiva central do terreno, em uma projeção ortogonal sobre um plano, complementada por símbolos, linhas e quadriculagem, com ou sem legenda, podendo conter informações planimétricas. » Fotoíndice - montagem por superposição das fotografias, geralmente em escala reduzida. Normalmente a escala do fotoíndice é reduzida de 3 a 4 vezes em relação a escala de vôo. » Imagem de Satélite - são produtos obtidos ao nível orbital, muito utilizados para elaboração e ou atualização de documentos cartográficos em escalas variadas. » Carta-Imagem - são imagens de satélite montadas no formato de folhas de carta, onde informações de coordenadas e toponímia é acrescentada sobre a imagem. 19 SISTEMAS GEODÉSICOS DE REFERÊNCIA │ UNIDADE II » Atlas - Uma coleção de mapas comumente publicados em uma linguagem com as mesmas convenções e projeções, mas não necessariamente na mesma escala é chamada de “Atlas”. Um tipo de Atlas que merece destaque é o escolar. Estes Atlas apresentam uma grande diversidade de mapas; aspectos geológicos, geomorfológicos, solos, climáticos, políticos, estrutura viária e econômicos etc. Este tipo de Atlas tem três funções básicas: fonte de informação, fornece as configurações geográficas e estimular o interesse dos alunos. Princípios de cartografia A representação de um elipsoide numa superfície plana é o objetivo e o problema fundamental da cartografia. Este problema torna-se complexo, pois o elipsoide (ou uma superfície esférica) não é planificável. Assim, não é possível transportar detalhes duma superfície de referência tridimensional para o plano sem que os elementos geométricos (comprimentos, áreas, ângulos) que os descrevemsofram deformações. Encontrar o melhor método de transformação quer através de eliminação de algumas deformações quer por meio da manutenção de outras, dentro de limites aceitáveis, será aqui focado. De acordo com o método selecionado existem: a. Cartas onde as distâncias são preservadas (equidistantes): esta condição não pode ser conseguida para todo o papel, somente ao longo de direções particulares. Isto significa que ao longo de determinadas linhas a relação (escala) entre distâncias medidas no papel e as distâncias medidas na superfície de referência é preservada. b. Cartas onde as áreas são preservadas (equivalentes ou equal-área): esta condição pode ser conseguida para todo o papel. Isto significa que a relação entre a área medida no papel e a área medida na superfície de referência é preservada. No entanto, são introduzidas deformações linear e angulares que geram (criam) (produzem) alterações de forma. c. Cartas onde os ângulos são preservados (cartas conformes): isto também pode ser conseguido para todo o papel. Significa que o ângulo medido entre duas geodésicas transformadas para o papel é igual ao ângulo entre as duas direções correspondentes na superfície de referência (elipsoide ou esfera). d. Cartas onde a escala, num ponto, é a mesma em todas as direções (cartas ortomórficas): e. Os ângulos em torno desse ponto são preservados e as formas de figuras de pequenas dimensões não são alteradas em toda a representação. f. Cartas onde nenhum dos elementos acima descritos é rigorosamente preservado, mas onde as deformações estão dentro de uma determinada tolerância (cartas afiláticas ou não ortomórficas). 20 UNIDADE II │ SISTEMAS GEODÉSICOS DE REFERÊNCIA Três quantidades permitem a avaliação da deformação, e consequentemente o cálculo das correções correspondentes. São designadas por “expressões da deformação linear, areal e angular” e são dadas respectivamente por: Onde dl”, dS” e α” são os elementos geométricos pertencentes ao plano e dl, dS e α são os elementos geométricos correspondentes no elipsoide. Os elementos linear e areal têm que ser infinitesimais de modo a que o tamanho das deformações seja rapidamente identificável. A escolha de um sistema cartográfico depende do objetivo para o qual a carta está a ser produzida. Se uma carta é para ser usada em navegação, ela deve ser conforme. Os ângulos no papel (por exemplo os ângulos entre rotas marcadas no papel e os meridianos) reproduzirão, sem variações, a direção do ângulo vetor. O procedimento, através do qual é estabelecida a relação entre pontos no elipsóide e no plano cartográfico, pode ser: a. Geométrico: que consiste no estabelecimento de uma relação projetiva entre eles através de construções geométricas apropriadas seguidas de relações analíticas (em geral trigonometria); b. Analítico: consiste no estabelecimento de uma ligação analítica não projetiva entre os pontos. É necessário escrever um sistema de equações que relacione as coordenada geográficas dos pontos sobre o elipsoide às coordenadas planas no plano cartográfico referidas a um sistema de eixos apropriado. O primeiro método da construção de cartas é designado por “projeção” e o segundo por “representação”. Estes dois métodos não são incompatíveis, cada sistema pode ser articulado através de um arranjo de equações e sistemas projetivos apropriados que podem corresponder a variados sistemas analíticos, mesmo se por vezes são aproximados. Na cartografia moderna é preferível construir cartas pelas “representações”. Existem sistemas mistos, onde alguns elementos da rede de trabalho são transformados com um sistema e outros elementos com outro sistema. Sistemas deste tipo são designados por “projeções ou representações modificadas” e são usadas na construção de cartas com características particulares a atribuir ao produto final que não foi criado numa projeção ou representação pura. 21 CAPÍTULO 2 Princípios Teóricos Apesar de se assumir que a forma da Terra é redonda, em estudos onde se exige precisão de posicionamento, como é o caso da maioria das representações da superfície terrestre em mapas e cartas, deve-se considerar mais cuidadosamente as pequenas diferenciações da sua forma. No século XVII, Isaac Newton demonstrou que não sendo a Terra um corpo rígido e estando animada de um movimento de rotação, ela não deveria possuir uma forma esférica e sim, a de um elipsoide de revolução, sendo achatada nos polos. Por meio de triangulações geodésicas, pôde-se verificar que a Terra não possuía uma forma elipsoidal perfeita, mas sim a de um geoide, que não pode ser descrita de forma matemática simples, mas que pode ser determinados a partir de medidas da aceleração da gravidade nos mais diversos pontos da superfície da Terra. Numa primeira aproximação, o geoide seria a forma que a Terra teria se sua superfície fosse completamente coberta com água, pois está se molda de acordo com a aceleração da gravidade em cada ponto. Com o lançamento de satélites artificiais foi possível determinar com melhor precisão o geóide, por meio das anomalias observadas no movimento destes satélites e provocadas pela distribuição não uniforme da massa terrestre. O geoide difere muito pouco das formas elipsoidal e esférica, quando se considera que o valor do raio terrestre é muito maior do que a diferença entre o geoide e estas duas formas. Por isto, pode-se sem muito erro dizer que a Terra é praticamente esférica. A forma da Terra, girando em torno de seu eixo e movendo-se dentro do Sistema Solar do qual faz parte, é resultado da interação de forças internas e externas tais como: gravidade, força centrífuga, constituição diferente dos materiais que a formam etc. As forças tectônicas, por exemplo, são forças internas que provocam modificações na superfície do globo terrestre tais como: dobramentos, falhamentos, terremotos, surgimento de vulcões. A ação dessas forças produz sobre a superfície terrestre uma série de irregularidades como: montanhas, vales, planaltos, etc. que formam a superfície topográfica da Terra. Essas irregularidades são muito pequenas se comparadas ao tamanho e volume total da Terra, entretanto, essa superfície aparente é de grande importância para o topógrafo, geodesista, etc., pois é sobre essa superfície que são realizadas as medições e os estudos para as diversas finalidades. Devido a esses acidentes e irregularidades, a superfície da Terra não tem uma forma simples que possa ser expressa em termos matemáticos. A fim de simplificar o cálculo de coordenadas da superfície terrestre, foram adotadas algumas superfícies matemáticas simples que se aproximam em maior ou menor grau do real. Uma primeira aproximação seria uma esfera. Porém, a esfera seria suficientemente aproximada para solucionar com a precisão requerida, alguns problemas como, por exemplo: cálculos astronômicos, navegação e solução de cálculos geodésicos usando a trigonometria esférica. Entretanto, a Terra não é exatamente uma esfera, sendo achatada nos pólos e abaloada próximo ao Equador. 22 UNIDADE II │ SISTEMAS GEODÉSICOS DE REFERÊNCIA Segundo GAUSS (1777-1855), a forma do planeta, em uma definição mais rudimentar, é representada pela superfície delimitada pelo nível médio dos mares, não perturbados por ventos e correntezas, já que estes, ocupam aproximadamente 72% da superfície do planeta. Esta superfície é denominada geóide, o qual é definido como o sólido formado pelo nível médio dos mares supostamente prolongado por sob os continentes. Posteriormente vamos apresentar com maior detalhamento a forma e dimensão da terra e suas superfícies de representação e de cálculo. Tamanho e Forma da Terra Como foi visto anteriormente a Geodésia consiste na determinaçãodo tamanho e da forma da Terra, bem como dos parâmetros definidores do campo da gravidade. Pode-se acrescentar também “as variações temporais” dos elementos citados (GEMAEL, 1999, p. 16). Quando se trata da figura da Terra, esta normalmente é considerada como sendo um corpo rígido e as perturbações temporais do tamanho e forma são tratadas separadamente (VANICEK; KRAKIWSKY, 1986, p. 97). A irregularidade da superfície terrestre (Figura 3) traz muitas dificuldades na realização de cálculos matemáticos sobre tal superfície. Figura 3. Superfície física da Terra Figura adaptada e disponível em: <http:// http://fisicaatmosferica.blogspot.com.br/2009/08/voce-ja-viu-somente-superficie- fisica.html>. Acessado em: 22 jul. 2013. Para fins práticos torna-se necessário encontrar um modelo representativo da superfície física da Terra (SMITH, 1996, p.27). Existem diferentes tipos de modelos usados na Geodésia para representar física e matematicamente a superfície terrestre. Um modelo com significado físico é o geoide, (Figura 2) cuja superfície é a equipotencial “que mais se aproxima do nível médio dos mares” (GEMAEL, 1999, p. 87). A adoção do geoide como superfície matemática de referência esbarra no conhecimento limitado do campo da gravidade terrestre. Além disso, o equacionamento matemático do geoide é complexo, o que o distancia de um uso mais prático como referência geométrica. Logo, 23 SISTEMAS GEODÉSICOS DE REFERÊNCIA │ UNIDADE II não é conveniente para servir como superfície de referência para as chamadas redes geodésicas horizontais (VANICEK; KRAKIWSKY,1986, p. 106). Figura 4. Geoide Figura adaptada e disponível em: <http:// http://profnicesio.blogspot.com.br/2011/04/uma-nova-visao-da-terra.html>. Acessado em: 22 jul. 2013. Um modelo matematicamente viável, do ponto de vista geométrico, é o elipsoide de revolução ou biaxial, que fica definido por apenas dois parâmetros, usualmente o semieixo maior a e o achatamento f dado por (VANICEK; KRAKIWSKY, 1986, p. 110): com b sendo o semieixo menor do elipsoide de revolução. O elipsoide também pode ser definido pelo semieixo maior (a) e semieixo menor (b) ou ainda pelo semieixo maior (a) e a excentricidade (e). Figura 5. Elipsoide de Revolução Fonte: IBGE, 1998 24 UNIDADE II │ SISTEMAS GEODÉSICOS DE REFERÊNCIA O problema de encontrar o elipsoide com melhor ajuste à Terra envolveu cientistas por séculos na pesquisa de parâmetros cada vez mais refinados. Na Tabela 1 encontram-se os parâmetros de alguns elipsoides biaxiais. Tabela 1. Elipsoides Biaxiais A evolução da Geodésia Espacial proporcionou uma evolução no estabelecimento dos modelos representativos da Terra, possibilitando uma associação entre os parâmetros geométricos e os parâmetros físicos do campo gravitacional terrestre. (Figura 6) Figura 6. Evolução das Superfícies de Referencia Fonte: IBGE, 1998 Uma solução está no modelo chamado de Terra Normal, que é um elipsoide de revolução ao qual se atribui a mesma massa da Terra incluindo a massa da atmosfera, a mesma velocidade de rotação da Terra real, além de sua superfície ser equipotencial (GEMAEL, 1999, p. 77). Logo, os elipsoides de revolução baseados em observações de satélites são definidos por parâmetros geométricos e por parâmetros físicos, como o semieixo maior (a), constante gravitacional geocêntrica (GM), velocidade angular (ω) e fator dinâmico de forma (J2) o qual pode ser convertido no achatamento do elipsoide. 25 SISTEMAS GEODÉSICOS DE REFERÊNCIA │ UNIDADE II Sistema Referência Os sistemas de referência são utilizados para descrever as posições de objetos. Quando é necessário identificar a posição de uma determinada informação na superfície da Terra são utilizados os Sistemas de Referência Terrestres ou Geodésicos. Estes por sua vez, estão associados a uma superfície que mais se aproxima da forma da Terra, e sobre a qual são desenvolvidos todos os cálculos das suas coordenadas. As coordenadas podem ser apresentadas em diversas formas: em uma superfície esférica recebem a denominação de coordenadas geodésicas e em uma superfície plana recebem a denominação da projeção às quais estão associadas, como por exemplo, as coordenadas planas UTM. Sistema Geodésico de Referência Um Sistema Geodésico de Referência (SGR), do ponto de vista prático, permite que se faça a localização espacial de qualquer feição sobre a superfície terrestre. O SGR é definido a partir da adoção de um elipsoide de referência, posicionado e orientado em relação à superfície terrestre. A evolução tecnológica propiciou o melhoramento dos diversos SGRs existentes, tanto no aspecto de definição quanto no de realização do sistema (a definição do SGR caracteriza-se por um conjunto de convenções junto a um elipsoide ajustado às dimensões da Terra e devidamente orientado, já por realização entende-se um conjunto de pontos implantados sobre a superfície física da Terra com coordenadas conhecidas). Sob este ponto de vista, tanto as instituições e empresas voltadas à produção cartográfica quanto os usuários de dados georreferenciados utilizam informações baseadas nos diferentes sistemas de referência e suas realizações que coexistem no Brasil. Logo, é de extrema importância o conhecimento das características e restrições de cada um destes sistemas. Sistemas Coordenados e Superfícies Utilizados em Geodésia As coordenadas referidas aos Sistemas de Referência Geodésicos são normalmente apresentadas em três formas: cartesianas, geodésicas (ou elipsoidais) e planas. Sistemas de Coordenadas Cartesianas Um sistema coordenado cartesiano no espaço 3-D é caracterizado por um conjunto de três retas (x, y e z), denominados de eixos coordenados, mutuamente perpendiculares. Ele associado a um Sistema de Referência Geodésico, recebe a denominação de Sistema Cartesiano Geodésico(CG) de modo que: » o eixo X coincidente ao plano equatorial, positivo na direção de longitude 0°; » o eixo Y coincidente ao plano equatorial, positivo na direção de longitude 90°; » o eixo Z é paralelo ao eixo de rotação da Terra e positivo na direção norte. » origem: 26 UNIDADE II │ SISTEMAS GEODÉSICOS DE REFERÊNCIA Se está localizada no centro de massas da Terra (geocêntro), as coordenadas são denominadas de geocêntricas, usualmente utilizadas no posicionamento a satélites, como é o caso do WGS84 (vide figura 7). Figura 7. Coordenadas cartesianas geocêntricas (X, Y, Z) Fonte: SEEBER, 2003 Sistema de Coordenadas Geodésicas Independentemente do método utilizado para se representar ou projetar uma determinada superfície no plano, deve-se adotar uma superfície que sirva de referência, garantindo uma concordância das coordenadas na superfície esférica da Terra. Com este propósito, deve-se escolher uma figura geométrica regular, muito próxima da forma e dimensões da Terra, a qual permite, mediante a um sistema coordenado, posicionar espacialmente as diferentes entidades topográficas. Esta figura recebe à denominação de elipsoide e as coordenadas referidas a ele são denominadas de latitude e longitude geodésicas. » A latitude geodésica é o ângulo contado sobre o meridiano que passa por P, compreendido entre a normal passante por P e o plano equatorial. » A longitude geodésica é o angulo contado sobre o plano equatorial, compreendido entre o meridiano de Greenwich e o ponto P. » A altitude elipsoidal corresponde à distância de P à superfície do elipsoide medida sobre a sua normal (vide figura 8). 27 SISTEMAS GEODÉSICOS DE REFERÊNCIA │ UNIDADE II Figura 8. Latitude (ϕ) e longitude (λ) geodésicas Fonte: SEEBER, 2003 Os sistemas coordenados curvilíneos também podem ser representados no espaço 3-D por meio do sistema cartesiano. O conjunto de formulações quefazem a associação entre estes dois sistemas (geodésico e cartesiano) constam na Resolução da Presidência da República no 23 de 21/02/89. As superfícies mais utilizadas em geodésia como referência das altitudes são o geoide e o elipsoide. Define-se por geóide a superfície equipotencial a qual se aproxima melhor do nível médio dos mares, estendida aos continentes e por elipsoide a superfície matemática (representada por uma elípse bi-axial de revolução – elipsoide), sobre a qual estão referidos todos os cálculos geodésicos. Por questões de conveniência matemática e de facilidades de representação, utiliza-se em algumas situações, a esfera como uma aproximação do elipsoide. Recebem a denominação de altitudes elipsoidais aquelas altitudes referidas ao elipsóide. Um exemplo na obtenção destas altitudes é por meio do GPS. As altitudes ortométricas são obtidas por nivelamento geométrico e são referidas ao geoide. A separação entre as duas superfícies é conhecida por ondulação geoidal as quais podem ser obtidas por meio de mapas de ondulação geoidais (na forma analítica ou analógica). A importância dessa entidade reside no fato de que o sistema de altitudes utilizado no Brasil se refere ao geoide, cabendo portanto a necessidade do seu conhecimento para redução das altitudes obtidas por GPS (vide figura 9). Figura 9. Figura c. superfícies do elipsoide e geoide Fonte: SEEBER, 2003 28 UNIDADE II │ SISTEMAS GEODÉSICOS DE REFERÊNCIA Sistema de Referência Geodésico As coordenadas referidas a um determinado Sistema de Referência Geodésico podem ser representadas no plano por meio das componentes Norte e Leste e são o tipo de coordenadas regularmente encontrado em mapas. Para representar as feições de uma superfície curva em plana são necessárias formulações matemáticas chamadas de Projeções. Diferentes projeções poderão ser utilizadas na confecção de mapas, no Brasil a projeção mais utilizada é a Universal Transversa de Mercator UTM. Sistema de Referência Clássicos Historicamente, antes das técnicas espaciais de posicionamento, os referenciais geodésicos, conhecidos pela denominação de “datum astro-geodésico horizontal” – DGH, eram obtidos através das seguintes etapas: 1. Escolha de um sólido geométrico (elipsoide de revolução), cujos parâmetros definidores são o achatamento (f) e semieixo maior (a). Este sólido por sua vez, representará de uma maneira aproximada as dimensões da Terra, no qual serão desenvolvidos os cálculos geodésicos. 2. Definição do posicionamento e orientação do referencial, feita através de 6 parâmetros topocêntricos: as coordenadas do ponto origem (2), a orientação (1- azimute inicial), a separação geoide-elipsoide (ondulação geoidal) e as componentes do desvio da vertical (meridiana e primeiro vertical). Estas informações têm por objetivo, assegurar uma boa adaptação entre a superfície do elipsoide ao geoide na região onde o referencial será desenvolvido. Sendo assim, o centro do elipsóide não está localizada no geocêntro (centro da Terra). 3. A realização (ou materialização) do referencial é feita através do cálculo de coordenadas dos pontos a partir de observações geodésicas de distâncias, ângulos e azimutes, ou seja, observações de origem terrestre Os itens 1 e 2 abordam os aspectos definidores do sistema, enquanto o item 3 aborda o aspecto prático na sua obtenção. Deste modo, as coordenadas geodésicas estão sempre associadas a um determinado referencial, mas não o definem. O conjunto de pontos ou estações terrestres formam as chamadas redes geodésicas, as quais vêm a representar a superfície física da Terra na forma pontual [CASTAÑEDA, 1986]. O posicionamento 3D de um ponto estabelecido por métodos e procedimentos da Geodésia Clássica (triangulação, poligonação e trilateração) é incompleta, na medida em que as redes verticais e horizontais caminham separadamente. No caso de redes horizontais, algumas de suas estações não possuem altitudes, ou as altitudes são determinadas por procedimentos menos precisos. Um exemplo de DGH em uso no Brasil é o SAD69. 29 SISTEMAS GEODÉSICOS DE REFERÊNCIA │ UNIDADE II O procedimento clássico de definição da situação espacial de um elipsoide de referência corresponde à antiga técnica de posicionamento astronômico, na qual arbitra-se que a normal ao elipsóide e a vertical no ponto origem são coincidentes, bem como as superfícies geoide e elipsoide, induzindo assim, a coincidência das coordenadas geodésicas e astronômicas. O mesmo pode ser dito para os azimutes geodésico e astronômico (∝0e A0). Nestas condições caracteriza-se a situação espacial do datum da seguinte forma: Sistema de Referência Terrestres Os Sistemas de Referência Terrestres, concebidos na era da Geodésia Espacial, possuem características diferentes dos referenciais (ex: DGH) relatados anteriormente, mas a sua essência é a mesma no sentido de possuir uma parte definidora, e atrelada a ela, uma materialização. As etapas necessárias na obtenção destes sistemas terrestres são: 1. Adoção de uma plataforma de referência que venha a representar a forma e dimensões da Terra em caráter global. Estas plataformas de referência, os chamados Sistemas Geodésicos de Referência – SGR, conforme abordado anteriormente, estão fundamentados em um CTS (espaço abstrato), sendo, portanto, geocêntricos. Eles são derivados de extensas observações do campo gravitacional terrestre a partir de observações a satélites, fornecendo assim, o fundamento preciso para a organização de toda informação pertinente à Terra. Eles são definidos por modelos, parâmetros e constantes (ex.: um sistema de coordenadas cartesianas geocêntrico - CTS e constantes do GRS80). De tempos em tempos é adotado um novo SGR pela International Union of Geodesy and Geophysics - IUGG, sendo este baseado nas últimas informações coletadas sobre o campo gravitacional terrestre. Atualmente o SGR adotado pela IUGG é o GRS80. Além das constantes geométricas definidoras, os SGR modernos passam a ser definidos também por constantes físicas. Considerando a Terra um corpo com rotação e massa, a melhor aproximação física é definida através de quatro parâmetros, sendo eles: raio equatorial (o equivalente ao semieixo maior do elipsoide de referência), constante gravitacional geocêntrica GM (com ou sem atmosfera), o harmônico zonal de segunda ordem do potencial gravitacional da Terra (J2), ou o achatamento terrestre (f) e a velocidade de rotação da Terra (ω). Estas constantes estão implicitamente relacionadas às órbitas dos satélites, que por sua vez são usadas para definir as coordenadas de pontos na superfície da Terra. 2. A materialização de um sistema de referência terrestre geocêntrico é dada da mesma forma que um DGH, ou seja, através das redes geodésicas. Entretanto, os métodos e procedimentos utilizados no estabelecimento de coordenadas são as técnicas espaciais de posicionamento, como por exemplo o VLBI (Very Long Baseline Interferometry), SLR (Satelite Laser Range) e o GPS. Estas técnicas possuem duas vantagens perante as outras terrestres. A primeira consiste no posicionamento 3D de uma estação geodésica, e a segunda é a alta precisão fornecida às coordenadas, surgindo como consequência 30 UNIDADE II │ SISTEMAS GEODÉSICOS DE REFERÊNCIA uma quarta componente, associada à época de obtenção das coordenadas. Sendo assim, as coordenadas das estações que compõem a materialização de um sistema de referência terrestre geocêntrico, possuem quatro componentes, três de definição espacial e uma de definição temporal, eventualmente, as velocidades vêm a descrever as variações dos valores das coordenadas com o tempo. Um exemplo prático de sistema de referência terrestre geocêntrico é o IERS Terrrestrial ReferenceSystem (ITRS), o qual é realizado anualmente através do IERS Terrestrial Reference Frame (ITRF), uma rede de estações fiduciais implantadas por todo mundo, nas quais estão instalados sistemas de medidas SLR, LLR, VLBI e GPS. Materialização de um Sistema de Referência O processo de estimativa das coordenadas dos pontos físicos com respeito à definição de um determinado referencial é acompanhado pelo cálculo de uma rede que relaciona os pontos levantados. O resultado, estabelecido através de um ajustamento de observações, é um conjunto de valores de coordenadas para as estações que constituem a materialização do SGR. Usualmente, é comum adotar uma única denominação para definição e materialização do sistema, como é o caso do SAD69 que será comentado posteriormente. Deste modo, vários ajustamentos de redes geodésicas podem ser realizadas em um mesmo referencial definido com diferentes injunções, ou os mesmos dados podem ser ajustados com respeito a várias definições. Sistemas Geodésico Brasileiro Define-se por Sistema Geodésico Brasileiro - SGB - o conjunto de pontos geodésicos implantados na porção da superfície terrestre delimitada pelas fronteiras do país. Em outras palavras é o sistema ao qual estão referidas todas as informações espaciais no Brasil. O estabelecimento do Sistema Geodésico Brasileiro (SGB) foi iniciado na década de 1940. O SGB caracteriza-se pelo conjunto de estações que representam o controle horizontal e vertical necessários à localização e representação cartográfica no território brasileiro, seu estabelecimento e manutenção são atribuições do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) através de seu Departamento de Geodésia (IBGE, 2000, p. 5). A materialização do Sistema Geodésico Brasileiro dá-se por meio das Redes Geodésicas Brasileiras (RGB): Rede Horizontal, Rede Vertical e Rede Tridimensional (Rede Nacional GPS, Rede Brasileira de Monitoramento Contínuo - RBMC), que são formadas pelos conjuntos de estações e coordenadas geodésicas. Sistema com Datum Córrego Alegre O Sistema com Datum Córrego Alegre, oficialmente adotado pelo Brasil da década de 1950 até a década de 70, foi definido a partir de um ajustamento, pelo método dos correlatos ou equações de condição, da Rede Horizontal do SGB. Na definição deste sistema adotou-se como superfície de referência o Elipsoide Internacional de Hayford de 1924, com semieixo maior a= 6 378 388 m e achatamento f= 1/297 (IBGE, 1996, p. 4). Como ponto origem foi escolhido o vértice Córrego Alegre, no qual o 31 SISTEMAS GEODÉSICOS DE REFERÊNCIA │ UNIDADE II posicionamento e a orientação do elipsoide de referência foram feitos astronomicamente. Neste vértice adotaram-se valores nulos para as componentes do desvio da vertical e para a ondulação geoidal, com isso aplicando-se as equações (2) e (3) apresentadas no item 2.1 verifica-se que as coordenadas geodésicas (φ, λ) do ponto ficam iguais às suas coordenadas astronômicas (φA, λA): Latitude φ = φA = 19º 50’ 14,91” S e Longitude λ = λA = 48º 57’ 41,98” W, a altitude ortométrica do vértice Córrego Alegre é 683,81 m (IBGE, 1996, p. 4). O sistema Córrego Alegre é de grande importância, pois ainda existe no país um grande número de documentos cartográficos e coordenadas referidas a ele. A Tabela 2 mostra o quantitativo das cartas do mapeamento sistemático produzidas neste sistema (IBGE, 2000, p. 24): Tabela 2. Quantidade de cartas em Córrego Alegre Fonte: IBGE, 2000, p. 24 Apesar do Sistema Córrego Alegre não ser mais o sistema de referência oficial no Brasil, estas cartas vem sendo atualizadas e novos produtos vêm sendo gerados com base neste sistema. Além disso, o apoio terrestre e sua densificação, utilizados para a geração das cartas indicadas na Tabela 1, também são utilizados para a geração de produtos em escalas maiores. A realização do Sistema Córrego Alegre de precisão compatível com as técnicas e equipamentos da época, aliada à menor precisão da densificação do apoio terrestre, faz com que os produtos gerados com base neste sistema, principalmente os em escalas grandes, percam em qualidade quando comparados aos produtos gerados com base em sistemas de referência e tecnologias mais atuais. Salienta-se que historicamente existiu um sistema de referência provisório entre Córrego Alegre e SAD 69, que foi o Astro Datum Chuá e que algumas cartas foram editadas neste sistema. Na época foram estabelecidas estações gravimétricas na região do vértice Córrego Alegre objetivando o melhor conhecimento do geoide na região e a adoção de um novo ponto origem. Como resultado destas pesquisas, foi escolhido um novo Datum, o vértice Chuá, e através de um novo ajustamento foi definido o novo sistema dereferência, denominado de Astro Datum Chuá. Este sistema tinha como ponto origem o vértice Chuá, como elipsoide de referência o de Hayford e foi estabelecido com o propósito de ser um ensaio ou referência para a definição do SAD 69 (IBGE, 2001d). A resolução PR número 22, de 21 de julho de 1983, traz os parâmetros de transformação entre os sistemas Córrego Alegre e SAD 69. Estes parâmetros consistem em três translações, que do Sistema Córrego Alegre para o SAD 69 são: Translação em X(∆X) = -138,70 m 32 UNIDADE II │ SISTEMAS GEODÉSICOS DE REFERÊNCIA Translação em Y(∆Y) = 164,40 m Translação em Z(∆Z) = 34,40 m Esta mesma resolução traz como modelo matemático, para a transformação de coordenadas entre sistemas geodésicos de referência, as equações diferenciais simplificadas de Molodensky, cujo modelo matemático que não será explorado nesta apostila. O Datum Sul Americano de 1969 (SAD 69) A utilização do SAD 69 como sistema de referência único para a América do Sul foi recomendada em 1969 devido à aprovação do relatório final do Grupo de Trabalho sobre o Datum Sul Americano, pelo Comitê de Geodésia reunido na XI Consultoria Pan-americana sobre Cartografia, em Washington, EUA (CASTAÑEDA, 1986, p. 68). O Projeto do Datum Sul Americano subdividiu-se em duas etapas (FISCHER, 1973, p. 6): a. estabelecimento de um sistema geodésico cujo elipsoide apresentasse boa adaptação regional ao geoide; b. ajustamento de uma rede planimétrica de âmbito continental referenciada ao sistema definido. Atualmente a Rede Horizontal do SGB é composta por mais de 5.000 estações cujas coordenadas geodésicas estão referidas ao SAD 69, que foi oficialmente adotado no Brasil no final da década de 70 (IBGE, 2000, p. 5). Na definição do sistema adotou-se como modelo geométrico da Terra o Elipsoide de Referência Internacional de 1967, recomendado pela Associação Internacional de Geodésia (International Association of Geodesy- IAG), definido pelos parâmetros (IBGE, 1998, p. 3): a. semieixo maior a= 6 378 160,000 m; b. com o achatamento (1/298,247167427) aproximado para o valor f= 1/298,25. A definição da origem e a orientação do elipsoide de referência foram feitas de forma a minimizar as diferenças em relação ao geoide no continente sul-americano (IBGE, 2000, p. 5). Como ponto origem adotou-se o vértice de triangulação Chuá, cujas coordenadas astronômicas e geodésicas são apresentadas na Tabela 3: Tabela 3. Coordenadas do Vértice Chúa Fonte: FISCHER, 1973, p. 6 33 SISTEMAS GEODÉSICOS DE REFERÊNCIA │ UNIDADE II No vértice Chuá foram determinadas as componentes do desvio da vertical e estabeleceu-se valor nulo paraa ondulação geoidal. Os valores das componentes do desvio da vertical são (OLIVEIRA, 1998, p. 41): a. componente meridiana ξ= 0,31”; b. componente primeiro vertical η= -3,52”. As coordenadas do vértice foram determinadas astronomicamente e com o conhecimento dos valores das componentes do desvio da vertical. O primeiro ajuste realizado em ambientecomputacional, para o estabelecimento do SAD 69, foi feito pelo Defense Mapping Agency (DMA) por meio do sistema computacional Horizontal Adjustment by Variation of Coordinates (HAVOC). A rede geodésica brasileira foi dividida em 10 áreas de ajuste, que foram processadas em blocos separados em conseqüência das limitações computacionais da época (IBGE, 1996, p. 5). Numa segunda etapa, os dados de novos levantamentos geodésicos, provenientes da densificação da Rede Horizontal, foram ajustados no programa Users System for Horizontal Evaluation and Reduction (USHER). Neste caso eram consideradas fixas as coordenadas das estações já existentes (COSTA, S.M.A, 1999, p. 2). Este procedimento insere distorções nas coordenadas das estações uma vez que os erros sistemáticos são propagados por meio dos diversos ajustes. Basicamente, as distorções existentes na rede clássica ocorreram devido a três principais causas (IBGE, 1996, p. 6): fraca geometria das redes clássicas; ausência de um modelo geoidal preciso para a redução das observações geodésicas ao elipsoide; e métodos de ajustamento aplicados. Na década de 1970, iniciou-se no Brasil o uso dos sistemas de posicionamento por satélites através do sistema TRANSIT. Foram realizadas observações Doppler em estações da rede geodésica de alta precisão com a finalidade de estimar parâmetros de transformação entre o SAD 69 e o NSWC 9Z2 (sistema associado às efemérides precisas do sistema TRANSIT) (CASTAÑEDA, 1986, p. 36). Posteriormente foram estabelecidas estações na região amazônica onde não era possível a prática dos procedimentos clássicos. De uma forma bem abrangente, a realização do SGB, até o início da década de 1990, foi obtida pelos procedimentos clássicos de triangulação e poligonação, tendo como observações básicas: direções horizontais, ângulos verticais, distâncias e valores astronômicos – coordenadas e azimutes (OLIVEIRA, 1998, p. 44); além de pontos estabelecidos com o sistema TRANSIT. Finalmente, em 1991 o IBGE adotou o GPS em seus trabalhos geodésicos (COSTA, S.M.A, 1999, p. 2). A partir de 1994, com uma efetiva aplicação do GPS, começaram a ser implantadas redes estaduais de alta precisão, vinculadas ao SAD 69, com precisões relativas das linhas de base entre 1 e 3 ppm (partes por milhão). Um exemplo é a Rede Geodésica GPS de Alta Precisão do Estado do Paraná. Esta rede foi implantada através de um convênio de cooperação técnica entre o IBGE e o IAP (Instituto Ambiental do Paraná) com os objetivos de: suprir as deficiências da Rede Geodésica Fundamental ou de Primeira Ordem; estabelecer uma rede de referência para posicionamento relativo com GPS e referenciar os trabalhos realizados no Paraná de maneira única e precisa. Um dos benefícios alcançados com a rede é o de proporcionar melhor atendimento aos diferentes usuários da Cartografia, da Geodésia e do Sensoriamento Remoto, nos mais variados setores de atividade, tanto do Serviço Público, como da iniciativa privada. Na área do Serviço Público, a rede passou a atender 34 UNIDADE II │ SISTEMAS GEODÉSICOS DE REFERÊNCIA aos interesses e necessidades de uma série de instituições, como: SEMA, COPEL, SANEPAR, IBGE, INCRA e prefeituras municipais (PARANÁ, 1996, p. 2). A implantação da rede deu-se no período de fevereiro de 1994 a setembro de 1995 e é constituída por 20 estações implantadas de forma a garantir cobertura de todo o território paranaense. A distribuição dos vértices possibilita que qualquer região do Paraná conta com um vértice a uma distância inferior a 60 km de abrangência (PARANÁ, 1996, p. 3). Esta rede é extensivamente aplicada no Estado para a geração de produtos cartográficos, incluindo os cadastrais e em SIG (FREITAS; DALAZOANA, 2000, não paginado), vinculados principalmente à realização inicial do SAD 69. Posição e Orientação do Elipsoide de Referência A posição e a orientação do elipsoide adotado como o de referência pode ser com relação à Terra como um todo, geralmente estes elipsoides são geocêntricos, ou seja, o seu centro geométrico é definido como coincidente com o centro de massa da Terra para uma dada época. Existe, entretanto, uma outra família de elipsoides cujo propósito não é representar a Terra como um todo e sim se ajustar a uma certa região, como por exemplo, a um país, grupo de países ou continente. Devido a isto o elipsoide não é geocêntrico. Neste caso, o posicionamento e a orientação são feitos por meio de seis parâmetros topocêntricos: as coordenadas de um ponto origem, orientação (azimute inicial), separação geoide-elipsoide (ondulação geoidal), e as componentes do desvio da vertical (componente meridiana ξ e componente primeiro vertical η) (COSTA, S.M.A, 1999, p. 17). No Sistema Córrego Alegre a orientação do elipsoide deu-se de maneira totalmente arbitrária, ou seja, estabelecendo-se valores nulos para a ondulação geoidal e para as componentes do desvio da vertical no Datum, pois na época era a única forma de realização possível na prática. As coordenadas do vértice Córrego Alegre foram determinadas astronomicamente e estas coordenadas astronômicas foram transformadas em coordenadas geodésicas através das seguintes equaçõe s (GEMAEL, 1999, p.19): 35 SISTEMAS GEODÉSICOS DE REFERÊNCIA │ UNIDADE II Conhecida como equação de Laplace e por meio da qual é possível transformar um azimute astronômico em geodésico. Com a imposição do valor nulo para as componentes do desvio da vertical no Datum, as coordenadas geodésicas deste vértice ficaram iguais às suas coordenadas astronômicas. Devido à orientação arbitrária, existia uma boa adaptação elipsoide geoide na região de Minas Gerais e São Paulo, porém à medida que se caminhava para o Norte ou para o Sul, distanciando-se da origem, as discrepâncias ficavam bastante evidenciadas. No SAD 69 a orientação do elipsoide deu-se de forma parcialmente arbitrária, determinando-se os valores das componentes do desvio da vertical e estabelecendo-se valor nulo para a ondulação geoidal no Datum (vértice Chuá). Por meio de uma determinação astronômica em Chuá e conhecendo-se os valores das componentes ξ e η foi possível calcular as coordenadas geodésicas do vértice por meio das equações (2) e (3), apresentadas anteriormente. Neste caso procurou-se posicionar e orientar o elipsoide de forma a obter uma boa adaptação entre a superfície do elipsoide e o geoide na América do Sul e, principalmente, de forma a obter um melhor ajustamento entre as altitudes elipsóidicas e ortométricas nas bordas oceânicas. Coordenadas Geodésicas de um Ponto O elipsoide devidamente ajustado às dimensões da Terra e orientado torna-se um referencial adequado para a atribuição de coordenadas a pontos sobre a superfície física da Terra. As coordenadas de um ponto P, referidas ao elipsoide, são ditas coordenadas geodésicas: latitude (φP), longitude (λP) e altitude geométrica ou elipsoidal (hP). Porém, um terno cartesiano pode ser associado ao elipsoide, como mostra a Figura 10, logo o ponto P também pode ser definido por suas coordenadas cartesianas XP, YP e ZP. Figura 10. Coordenadas Geodésicas e Cartesianas de um Ponto sobre a Superfície física da Terra. Fonte: SEEBER, 2003A transformação, das coordenadas geodésicas para coordenadas cartesianas, é imediata e dada pela seguinte formulação (IBGE, 1998, p. 18): 36 UNIDADE II │ SISTEMAS GEODÉSICOS DE REFERÊNCIA Adoção de um Sistema de Referência Geocêntrico para América do Sul A adoção de um referencial geocêntrico no Brasil objetiva o atendimento dos padrões globais de posicionamento espacial na superfície terrestre. Com isso, fica garantida a manutenção da qualidade dos levantamentos GPS realizados em território nacional, uma vez que manter o seu referenciamento ao SAD69 implicariaem degradação de precisão. Outro fator determinante diz respeito à necessidade de se buscar uma compatibilidade com os demais países sul-americanos, adotando-se no continente um referencial geodésico único para as atividades cartográficas, o mesmo que se buscou fazer na década de 1970 com o SAD69. Até o advento da Geodésia por satélites, nas décadas de 1960 e 1970, a diferença entre os centros dos elipsoides de referência, adotados nos mais diversos SGRs nacionais, e o centro de massa da Terra não era realmente conhecida. Devido a isto, eram determinadas orientações locais para cada sistema geodésico de referência. Esta era a única forma de realização possível na prática e foi válida para vários sistemas de referência nacionais que foram desenvolvidos nesta mesma época em todo o mundo. No final da década de 80 e na década de 90, o uso crescente do GPS e as distorções causadas na materialização dos sistemas de referência nacionais evidenciaram as inconsistências existentes entre estes e os sistemas de referência internacionais (sistemas baseados na adoção de elipsoides geocêntricos) (OSG, 2000). Além disto, as demais técnicas de posicionamento geodésico atingiram um alto grau de precisão o que tornou necessária a adoção de sistemas de referência que possibilitem um georeferenciamento global, de forma a compatibilizar e promover a integração das informações internacionalmente e que considerem a variação temporal das coordenadas de acordo com a dinâmica terrestre, de forma a tomar vantagem da alta precisão oferecida pelos atuais sistemas de posicionamento global. Desta maneira, um sistema geodésico de referência moderno deve ser definido com base na adoção de um elipsoide de revolução cuja origem coincida com o centro de massas da Terra e deve ser materializado através de uma rede de estações com coordenadas geodésicas tridimensionais conhecidas. Atualmente, o modelo geométrico de referência recomendado pela Associação Internacional de Geodésia (IAG) é o GRS80 (Geodetic Reference System, 1980) e o referencial mais preciso é o ITRS [IERS (International Earth Rotation Service) Terrestrial Reference System] cuja materialização é chamada de ITRF [IERS (International Earth Rotation Service) Terrestrial Reference Frame]. O ITRS é materializado periodicamente devido à variação temporal das coordenadas das estações, com isso sua denominação vem sempre acompanhada do ano em que foi estabelecido (IBGE, 2000, p. 10). Um dos critérios de escolha do novo referencial era que a sua existência/manutenção não dependesse simplesmente de uma única técnica de posicionamento, como é o caso do WGS84, dependente somente do GPS. Além disso, o novo referencial deveria atender às precisões para a Geodésia, e não somente para a Cartografia. Esses fatos levaram a opção pela adoção do SIRGAS. (Figura 11) 37 SISTEMAS GEODÉSICOS DE REFERÊNCIA │ UNIDADE II Figura 11 - Diferenças na definição dos referenciais: local - SAD69 e geocêntricos (WGS84, ITRFyy e SIRGAS). Fonte: Fonte: SEEBER, 2003 Tendo em vista os aspectos evidenciados acima, muitos países já adotaram sistemas de referência geocêntricos, como por exemplo: Austrália, Estados Unidos, Canadá, países da Europa, África do Sul, Nova Zelândia (OSG, 2000) e Argentina. Neste sentido, o projeto SIRGAS (Sistema de Referência Geocêntrico para a América do Sul) foi criado na Conferência Internacional para Definição de um Datum Geocêntrico para a América do Sul, realizada em outubro de 1993 em Assunção, Paraguai, e teve estabelecidos os seguintes objetivos (IBGE, 1997, p. 1): a. definir um sistema de referência geocêntrico para a América do Sul; b. estabelecer e manter uma rede de referência; c. definir e estabelecer um datum geocêntrico. Com vistas a atender os objetivos acima foram adotadas, durante a conferência, as seguintes definições: a. sistema de referência SIRGAS: Materialização do International Terrestrial Reference System (ITRS) na América do Sul via estações GPS, propiciando uma rede continental vinculada a um International Terrestrial Reference Frame (ITRF) em dada época; b. modelo geométrico geocêntrico: eixos coordenados baseados no ITRS e parâmetros do elipsoide GRS80. A realização inicial do sistema SIRGAS é composta por 58 estações distribuídas pelo continente Sul Americano, conforme mostra a Figura 12, onze destas estações estão localizadas no Brasil, sendo que nove delas coincidem com estações da RBMC (Rede Brasileira de Monitoramento Contínuo). 38 UNIDADE II │ SISTEMAS GEODÉSICOS DE REFERÊNCIA As coordenadas das estações SIRGAS foram determinadas através de uma campanha GPS realizada no período de 26 de maio a 4 de junho de 1995 e referidas ao ITRF94, época 1995,4 (IBGE, 2000, p. 10). Figura 12. Rede Sirgas 1995 FONTE: IBGE, 2000, p. 11 NOTA: os diferentes símbolos representam os vários receptores GPS utilizados durante a campanha SIRGAS de 1995. No período de 10 a 19 de maio de 2000 foi realizada a campanha SIRGAS 2000, tendo em vista a manutenção do SIRGAS como “referencial geodésico capaz de atender aos padrões atuais de posicionamento”, além de atender à componente altimétrica do SIRGAS. Esta componente altimétrica surgiu visando a definição e implantação de um sistema altimétrico único para a América do Sul. Na campanha de 2000 foram reocupadas as estações da campanha de 1995, ocupadas estações próximas aos marégrafos que definem o referencial altimétrico em cada país e ocupadas estações altimétricas próximas às fronteiras entre os países. Esta nova campanha é composta por 184 estações situadas na América do Sul, América Central e América do Norte (IBGE, 2001a) conforme mostra a Figura 13. De acordo com resolução tomada durante o IAG Symposium on Vertical Reference Systems, Cartagena 2001, o Sistema SIRGAS passou a ser denominado Sistema de Referência Geocêntrico para as Américas. 39 SISTEMAS GEODÉSICOS DE REFERÊNCIA │ UNIDADE II Figura 13. Rede Sirgas 1995 Fonte: Fonte: IBGE, 2001 Segundo FORTES (2000), a rede SIRGAS constitui-se numa das redes geodésicas continentais mais precisas do mundo. O WGS 84 (G873) possui características muito próximas ao SIRGAS, podendo ambos, para efeitos práticos da Cartografia, serem considerados como equivalentes, o que não é válido quando se trata de fins científicos. O WGS 84 já sofreu duas atualizações, desde o estabelecimento do sistema GPS, nessas atualizações o objetivo foi aproximá-lo ao ITRF, por ser este último o mais preciso. Para fins cartográficos, a realização atual do WGS 84 pode ser considerada coincidente com as realizações do ITRS, uma vez que a diferença entre coordenadas de um ponto referidas aos dois sistemas está estimada em algo menor do que cinco centímetros. Tendo em vista que o SIRGAS constitui uma densificação do ITRF94 na América do Sul, a mesma coincidência com o WGS 84 pode ser assumida, conforme o exposto anteriormente (IBGE,2000, p.12). A adoção do SIRGAS segue uma tendência atual tendo em vista as potencialidades do GPS e facilidades para os usuários, pois com um sistema geocêntrico as coordenadas obtidas com GPS relativamente a esta rede podem ser aplicadas diretamente a todos os levantamentos, evitando a necessidade de transformações e integração entre os dois referenciais (FREITAS; DALAZOANA, 2000, não paginado). A densificação da Rede SIRGAS é feita a partir da integração das redes geodésicas individuais dos países da América do Sul à Rede de Referência SIRGAS. Esta integração é importante para a verificação das distorções locais. A integração das redes nacionais com o SIRGAS vem sendo feita na Colômbia com o projeto MAGNA (Marco Geocêntrico de Referência Nacional) e na Argentina com o projeto POSGAR (POSiciones Geodésicas ARgentinas).
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