B i a n c a L o u v a i n S A S O C I I I | 1 O que é? A epidemiologia descritiva estuda a variabilidade da frequência das doenças ao nível coletivo, em função de variáveis ligadas ao tempo, ao espaço ambientais e populacionais e à pessoa. Refere-se às circunstâncias em que as doenças e agravos à saúde ocorrem nas coletividades. A epidemiologia descritiva objetiva responder onde, quando e sobre quem ocorre determinado agravo à saúde. Sendo assim, ela é capaz de delinear o perfil epidemiológico das populações e possibilita intervenções de saúde coletiva. Para descrever uma situação/saúde de uma população é necessário levar em consideração a pessoa, o lugar e suas variáveis e o tempo e suas possibilidades. Para analisar são necessários três elementos: 1. Quem – está relacionado à pessoa (idade, sexo, escola, etc. Grupos mais vulneráveis) 2. Onde – está relacionado ao lugar (características climáticas, urbano, rural, migração) 3. Quando – intervalo de tempo e estação do ano. A partir de estudos descritivos, as informações produzidas rotineiramente pelos serviços de vigilância e expressas em boletins devem orientar ações de assistência, prevenção e controle de doenças. • Idade: doenças crônicas não-transmissíveis têm a frequência aumentada com a idade. • Sexo: homens morrem em média mais cedo do que mulheres. • Cor: anemia falciforme é mais frequente em negros. Esses estudos podem fornecer inúmeras informações para indicar ou apontar os riscos a que as pessoas estão expostas, monitorar a saúde de populações determinadas, prever a ocorrência de eventos, ajudar no planejamento de saúde e avaliar o impacto das intervenções. Em epidemiologia, os conceitos utilizados de variáveis relacionadas com o tempo são: intervalo de tempo, intervalo cronológico e período. Questões básicas a serem feitas para epidemiologia: • Quais pessoas foram atingidas pelo dano? • Em qual local as pessoas foram atingidas? • Em que época as pessoas foram atingidas? Através das informações obtidas através do estudo epidemiológico é possível: • Indicar riscos a uma população • Oferecer indicações para a formulação de hipóteses etiológicas • Acompanhar a disseminação de agravos à saúde A análise espacial da saúde é o estudo quantitativo das distribuições geográficas das doenças pela: • Visualização (mapeamento) • Análise exploratória de dados • Modelagem (testa hipóteses e estima relações entre ocorrencia e variáveis ambientais) A vigilância epidemiológica permite o acompanhamento temporal das doenças, podendo caracterizar a evolução ao longo do tempo, prever uma ocorrência futura e avaliar uma intervenção. Ou seja, a epidemiologia fornece informações para busca etiológica, previsão e consequente prevenção da doença. Tendência secular – utilizada para designar as mudanças da incidência de determinada doença ao longo de considerável tempo. As variações podem ser: • Cíclicas – doenças com um período maior que um ano. Ex: sarampo em populações suscetíveis. • Sazonais – variação na frequência que coincide com estações do ano. Ex: doenças respiratórias no inverno. • Irregulares – alterações inusitadas na frequência. Ex: epidemias Epidemia é uma elevação exagerada e temporária na ocorrência de uma doença (acima do esperado) e endemia é a presença de uma doença em uma população dentro do limite esperado. Dessa forma, como determinar uma epidemia? Através do diagrama de controle. B i a n c a L o u v a i n S A S O C I I I | 2 Pandemia – ampla distribuição de uma doença, atingindo nações e continentes. Surto – ocorrência epidêmica atingindo uma pequena área geográfica. Classificação quanto à velocidade: • Epidemia explosiva (maciça) – rápida progressão atingindo o pico de ocorrência em um curto período de tempo, declinando logo a seguir; comunidade altamente suscetível. Ex: intoxicação alimentar. • Epidemia lenta – velocidade da etapa inicial é bem mais lenta; agentes com baixa resistência ao meio exterior, populações mais resistentes. Ex: AIDS (fase inicial), dengue. Quanto ao mecanismo de transmissão: • Epidemia por fonte comum – fonte única de contaminação. Ex: infecção alimentar. • Epidemia progressiva ou propagada – transmissão pessoa-pessoa ou por vetores. Ex: dengue, AIDS e sarampo. Esses dados podem ser obtidos: • Rotineira – atestados de óbito, prontuários médicos, notificação de doenças e exames laboratoriais; • Periódica – de tempo em tempo; • Ocasional – executado por acaso. Fontes oficiais: SIM; SISVAN; SINASC; SIABS; DATASUS. Medidas de freqüência de doença esclarecem que o principal objetivo da epidemiologia é medir a frequência com que ocorrem os problemas de saúde em populações humanas e que para isso é utilizado medidas de incidência e prevalência. Incidência – se refere à frequência com que surgem novos casos de uma doença num intervalo de tempo. Há variações de incidências sendo elas: mortalidades, letalidades e etc. É necessária informação em 2 momentos no tempo. Fração ou proporção de um grupo de pessoas inicialmente livres da condição de interesse e que a desenvolvem durante um determinado período de tempo. Ex1: frequência de morte por infarto é uma incidência. Ex2: 1,8 milhões de novas infecções pelo HIV em 2017. Prevalência – se refere ao número de casos existentes de uma doença em um dado momento. A prevalência é uma medida estática, os indivíduos são observados uma única vez. Ex: 36,9 milhões pessoas no mundo vivendo com HIV. É uma fotografia, uma impressão para determinado dia. Que tipos de dados podem ser úteis? • Óbitos; • Casos de doenças ou agravos – crise de sífilis; • Dados sobre prestação de serviços da saúde – através do prontuário é possível saber se foi uma situação que poderia ter sido evitada com o aumento na atenção primária, por exemplo. • Distribuição da população relativos à renda, escolaridade. Essas informações ocorrem de forma contínua (notificações de plantão) ou ocasional (gestor que faz levantamentos de determinados casos segundo o seu interesse) e são feitas pela Vigitel (site) ou PNAD, por exemplo. Idade, hábitos cotidianos, lazer... São alguma das informações colhidas. Esses dados podem ser consultados nos setores de saúde ou pelo IBGE. Morbidade: doenças e agravos. O coeficiente de mortalidade específica o número de óbitos obtido por uma causa específica em determinado local e período. Com esse número é possível saber o risco de uma pessoa morrer pela causa selecionada. Tempo zero – início do período de observação no qual o indivíduo pode adoecer; pode variar de um indivíduo para o outro. B i a n c a L o u v a i n S A S O C I I I | 3 Risco – probabilidade de um indivíduo adoecer durante um intervalo de tempo determinado A incidência pode ser calculada com uma população aberta ou fechada: • Fechada – não há incorporação de membros novos ao longo do tempo e os integrantes a deixam devido à morte. O tamanho diminui sistematicamente ao longo do tempo. Definimos uma proporção, com relação direta com o risco → chamamos de incidência acumulada. • Aberta – adição ou perda de membros ao longo do tempo em decorrência da natalidade, imigração, emigração ou morte. Definimos uma taxa → chamamos de taxa de incidência. Quanto mais elevada a incidência ou a duração de uma doença, maior tende a ser a prevalência: • Se 2 doenças tem a mesma incidência, terá maior prevalência aquela de maior duração. • Se 2 doenças tem a mesma duração, terá maior prevalência aquela de maior incidência. → Medidas de frequência, indicadores e sistema de informação Natalidade é estudo que relaciona a ocorrência