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CALDEIRAS INDUSTRIAIS ENG07764-APICAÇÕES INDUSTRIAIS DO CALOR Prof. Pedro Melo – Notas de aula 2 I - VAPOR 1 - Considerações Iniciais. Os vapores, do ponto de vista termodinâmico, podem ser definidos como sendo “fluidos compressíveis que apresentam características próprias e obedecem a equações especiais pelo simples fato de se encontrarem em temperaturas inferiores àquelas correspondentes aos seus pontos críticos”. Chama-se temperatura crítica àquela acima da qual um aumento de compressão, por maior que seja, não consegue liquefazer um fluido a partir do estado gasoso. A temperatura crítica do vapor d’água é de 374,15 0C (≈705,5 0F), enquanto que a temperatura crítica dos gases em geral é bem menor, como por exemplo, a do gás carbônico é 31 0C (≈ 87,8 0F). Portanto, a diferença entre vapor e gás é que, um vapor sempre é um fluido compressível cuja temperatura crítica é superior à temperatura ordinária do fluido e, um gás é um fluido compressível cuja temperatura crítica é inferior à temperatura ordinária do mesmo fluido. A importância do vapor d’água como veículo na geração de energia elétrica e/ou distribuição da energia térmica no meio industrial decorre do fato de que a água foi, e ainda é, um recurso abundante na natureza e, principalmente, pela suas características básicas tais como entelpia elevada se comparada com outros fluidos térmicos usados nas indústrias, como mostra o quadro abaixo. Tabela 1: Entalpia da água. Temperatura de Saturação (oC) Pressão (atm) Entalpia de Vaporização (Kcal/Kg) Entalpia Total (Kcal/Kg) 99,09 1 539,6 649,0 216,23 22 447,7 747,7 253,48 43 405,3 771,8 302,71 91 330,4 815,0 374,15 (Tc) 225,6 (Pc) 0,0 500,4 Nota: Pc e Tc representam a pressão crítica e temperatura crítica, respectivamente. Tabela 2: Entalpia do Dowtherm A. Temperatura de Saturação (oC) Pressão (atm) Entalpia de Vaporização (Kcal/Kg Entalpia Total (Kcal/Kg) 216,0 0,4 75,0 164,0 254,0 1,0 71,4 179,0 303,0 2,7 65,9 201,0 Comparando os quadros acima verificamos que, além da entalpia, há uma diferença notável da pressão para uma mesma temperatura de saturação de ambos os fluidos. Por isso, são usadas centrais termoelétricas binárias ou ainda os aquecimentos industriais para altas temperaturas empregam-se fluidos térmicos tipo dowtherm. Em outras palavras, podemos dizer que a preferência pelo vapor como fluido de trabalho é justificado ENG07764-APICAÇÕES INDUSTRIAIS DO CALOR Prof. Pedro Melo – Notas de aula 3 pelo seu alto calor específico, aliado à ampla disponibilidade de água no meio industrial. Atualmente o vapor é utilizado em larga escala, tanto para serviços de aquecimento, quanto para serviços de acionamento mecânico. Sua aplicação é bastante abrangente, atendendo necessidades diversas na indústria de alimentos, bebidas, papel, têxtil, metalúrgica, química, etc. Dependendo da sua aplicação, o vapor poder ser saturado ou superaquecido. A maioria dos processos industriais envolve o emprego de vapores saturados enquanto que em serviços de acionamento mecânicos empregam vapor superaquecido e pressões de trabalho elevadas, podendo alcançar valores super críticos. O uso da água como fluido para transporte de energia tem muitas justificativas, entre as quais se incluem: a) O vapor cede calor a temperatura constante, esta propriedade é muito importante nos processos industriais onde o controle da temperatura necessário (a temperatura é mantida pelo controle da pressão). O vapor pode ceder aproximadamente 80% do seu calor sem variação de temperatura (calor latente). b) O vapor apresenta elevadas condições entálpicas, isto é, grandes quantidades de calor podem ser conduzidas por tubulações de pequeno diâmetro. c) O vapor é gerado a partir da água que é abundante e de custo relativamente baixo. d) O vapor é limpo, inodoro, insípido. Não contaminando os produtos durante o processo produtivo, não afeta a higiene do ambiente e não é inflamável. e) O vapor pode ser empregado repetidas vezes (processo cíclico). f) O vapor pode ser usado para produção de energia (vapor superaquecido) e depois para aquecimento (vapor saturado). 2 - Fundamentos para Geração de Vapor1. O processo de geração de vapor consiste na transformação da água líquida em vapor pela aplicação de calor, em equipamentos especialmente projetados para este fim. Os gráficos abaixo ilustram as várias etapas de transformação de água em vapor, em diferentes pressões. 1 STEAM GENERATION . Power - June 1964. ENG07764-APICAÇÕES INDUSTRIAIS DO CALOR Prof. Pedro Melo – Notas de aula 4 Fig. 1 . I - Diagramas T x H para Vapor d’água. a) - Saturação Quando a água está evaporando, a água e o vapor gerado têm a mesma temperatura (estão em equilíbrio termodinâmico), e esta temperatura de equilíbrio é chamada temperatura de saturação. Para cada pressão de evaporação existe somente uma temperatura de saturação e vice versa. O calor usado para transformação da água do estado líquido para o estado vapor (Btu/lb ou Kcal/Kg) é a entalpia de evaporação. A entalpia do vapor saturado é a entalpia do líquido saturado mais a entalpia de evaporação; que é, o calor total adicionado para transformar a água a 32 oF em vapor saturado. b) - Vapor Úmido É todo o vapor que mantêm em suspensão uma certa quantidade de fluido, geralmente na forma de pequenas gotículas que são arrastadas pelo fluxo de vapor. c) - Vapor Superaquecido É aquele cuja temperatura de saturação foi ultrapassada e, neste caso, suas propriedades tendem a se aproximar às dos gases perfeitos, quanto maior for o grau de superaquecimento. d) - Ponto Crítico Os gráficos acima mostram que existe um ponto onde toda a água passa para o estado vapor sem passar por um patamar de evaporação, denominado ponto critico, que é característico de cada substância. Para a água a temperatura crítica é 705,4oF (374,15 oC), a pressão crítica é 3206,2 psia (225,65 kg/cm2) e o volume crítico é de 0,035 m3/kg. e) - Tabelas de Vapor (Steam Tables) São tabelas que contêm um grande número de dados termodinâmicos da água, vapor saturado e vapor superaquecido, ordenados em ordem crescente de temperatura e / ou pressão, como mostra o Apêndice A. f) - Gráfico de Mollier ENG07764-APICAÇÕES INDUSTRIAIS DO CALOR Prof. Pedro Melo – Notas de aula 5 As propriedades da água e do vapor também podem ser obtidas de gráficos, como o de Mollier (HxS), os quais apresentam a vantagem de se poder visualizar os processos cíclicos, quando traçados sobre o gráfico, como pode ser visto abaixo. Fig. 2 . I - Diagrama de Mollier2. g) Outros Gráficos3 2 BABCOCK & WILCOX. Steam its Generation and Use 3 VAN WYLEN, G. J. - Fundamentos Da Termodinâmica Clássica. ENG07764-APICAÇÕES INDUSTRIAIS DO CALOR Prof. Pedro Melo – Notas de aula 6 As propriedades termodinâmicas do vapor d‘água também podem ser representadas em outros diagramas do tipo T x V ou T x S mostrados nas figuras a seguir: Fig.3.I - Diagramas T x V e T x S ENG07764-APICAÇÕES INDUSTRIAIS DO CALOR Prof. Pedro Melo – Notas de aula 7 II - GERADORES DE VAPOR 1 - Considerações Iniciais As propriedades do vapor d’água são conhecidas desde 150 AC, quando Heros da Alexandria, em seu tratado Pneumática, refere-se ao uso do vapor para elevar a água acima do nível natural. Historicamente, os primeiros tratados sobre geração de vapor começaram aparecer à partir do século XVI, sendo que em 1680 o francês Denis Papin inventou um gerador de vapor de alta pressão, para fins culinários, o qual possuía uma válvula de segurançapara evitar explosões. Esta válvula é a primeira que foi usada para esta finalidade, ou seja, evitar explosões. Comercialmente, as primeiras máquinas de gerar vapor surgiram no início do século XVIII, e tiveram uma evolução bastante grande durante o século XIX, por questões de segurança e em virtude do surgimento de novos materiais de construção. No meio industrial, as unidades geradoras de vapor são denominadas por caldeiras simplesmente. 2 - Componentes Principais dos Geradores de Vapor A estrutura dos geradores de vapor é bastante diversificada e a sua construção deve obedecer as normas ou códigos vigentes no país, de forma a aproveitar melhor a energia proveniente da queima do combustível. As unidades modernas, de maior capacidade, são equipadas com os seguintes componentes: a) Fornalha b) Caldeira c) Superaquecedor d) Economizador e) Aquecedor de ar a) - Fornalha A fornalha compreende o local onde se desenvolve a queima do combustível com a liberação de calor será usado na geração do vapor d’água. As temperaturas no interior da câmara de combustão variam na faixa de 900 a 1400o C. A fornalha é o componente da unidade geradora de vapor destinada a converter a energia química do combustível em energia térmica. De acordo com o tipo e com a qualidade do combustível, os projetos têm se alternado entre fornalhas para queima em suspensão, queima em grelha, ou queima em leito fluidizado. As fornalhas que queimam em suspensão têm aplicações mais abrangentes, principalmente por permitirem a queima de óleo, carvão pulverizado, ou mesmo gás natural. Serragem, casca de arroz e outros resíduos industriais também vem sendo empregados nesse tipo de fornalha. As fornalhas adaptadas com grelhas ou leito fluidizados têm aplicações restritas a unidades de pequeno ou médio porte e são, projetadas para consumo de combustíveis sólidos. Os queimadores, também denominados de misturadores, são equipamentos compactos e estrategicamente instalados na fornalha, destinados a promover a combustão de óleo, gás, carvão pulverizado e outros combustíveis convencionais. b) - Caldeira ENG07764-APICAÇÕES INDUSTRIAIS DO CALOR Prof. Pedro Melo – Notas de aula 8 Compreende as partes onde ocorre a mudança de fase da água do estado líquido para o vapor. As paredes d’água e o tambor de vapor fazem parte da caldeira. As paredes d’água se constituem de diversos tubos dispostos lado a lado, revestindo as paredes da fornalha. A água circula livremente por diferença de densidade e o vapor formado é acumulado na parte superior do tambor separador. O vapor é saturado e daí é encaminhado aos superaquecedores. A pressão é regulada por pressostatos ligados ao sistema de combustão. c) - Superaquecedor Consiste de um ou mais feixes tubulares, destinados a aumentar a temperatura do vapor gerado na caldeira. Nas unidades de maior porte os superaquecedores são projetados para absorver tanto a energia proveniente da radiação quanto ao da convecção. Os superaquecedores são responsáveis pelo grau de superaquecimento do vapor, o que propicia aumento do rendimento termodinâmico do ciclo (eleva a temperatura da fonte quente) e evitar que ocorra umidade excessiva nos estágios finais de turbinas condensantes. A umidade do vapor máxima permitida em turbinas é de 12 a 15%, para evitar que ocorra erosão severa nas palhetas. O grau de superaquecimento do vapor (rendimento do ciclo) é limitado em face de problemas de materiais, e este impasse é contornado com o emprego de ciclos com reaquecimento do vapor. d) - Economizador Pré-aquece a água de alimentação e é normalmente instalado após os super aquecedores. É o método mais antigo de recuperação de calor dos gases de combustão de uma caldeira. Além de aumentar o rendimento da unidade, seu uso minimiza o choque térmico entre a água de alimentação e a já existente no tambor. A temperatura relativamente baixa dos gases e o seu baixo coeficiente de película exigirão grandes superfícies para transferências de calor, sendo por esta razão indicado o uso de tubos aletados. e) - Aquecedor de Ar Aproveita o calor residual dos gases de combustão, pré-aquecendo o ar utilizado na queima do combustível. A temperatura final dos gases encaminhados para a chaminé é fator determinante do real aproveitamento térmico das unidades geradoras de vapor, e seu valor pode variar entre 120 e 300 oC, dependendo da instalação e do tipo de combustível queimado. Os principais tipos de aquecedores são os tubulares e os regenerativos (rotativos). As principais vantagens do uso de aquecedores de ar são: ♦ Aumento de eficiência da combustão pela possibilidade de redução do excesso de ar; ♦ Maiores temperaturas na fornalha possibilitando a utilização de maiores taxas de transmissão de calor nesta região; ♦ Para caldeiras que queimam carvão, possibilidade de uso do ar pré-aquecido para secagem do carvão durante a pulverização. As principais desvantagens do uso de pré-aquecedores de ar são: • A ignição de depósitos dos produtos de combustão no pré-aquecedor podem causar sérios danos; • Necessidades de grandes espaços para a instalação e suporte para grandes pesos destes acessórios; • Aumento na perda de carga nos fluxos de ar e de gases, implicam em aumento na potência para a tiragem; ENG07764-APICAÇÕES INDUSTRIAIS DO CALOR Prof. Pedro Melo – Notas de aula 9 A maior parcela de energia é absorvida nas superfícies expostas diretamente na câmara de combustão, onde é predominante a troca de calor por radiação. Em unidades bem dimensionadas, as paredes d’água representam menos de 10% da superfície total e são capazes de absorver até 50% da energia liberada na combustão. Nas partes posteriores da caldeira, os gases de combustão fornecem calor por convecção e por radiação gasosa. É importante que os componentes sejam instalados em contracorrente, pois esta disposição garante maior eficiência e o emprego de menores superfícies de aquecimento. A figura abaixo mostra um desenho esquemático dos principais componentes de um gerador de vapor. (1) - TAMBOR DE VAPOR. (2) - TAMBOR DE LAMA. (3) - FEIXE TUBULAR. (4) - FORNALHA. (5) - SUPERAQUECEDOR. (6) - ECONOMIZADOR. (7) - PRÉ-AQUECEDOR DE AR. (8) - CHAMINÉ. Fig. 1. II - Principais Componentes de um Gerador de Vapor. 3 - Classificação das Caldeiras. 4 8 5 3 1 VAPOR SUPERAQUECIDO VAPOR SATURADO ÁGUA DE ALIMENTAÇÃO AR MAÇARICOS 2 6 7 ENG07764-APICAÇÕES INDUSTRIAIS DO CALOR Prof. Pedro Melo – Notas de aula 10 As caldeiras podem ser classificadas basicamente segundo a pressão de operação e quanto à circulação da água em relação aos tubos da caldeira. 3.1 - Quanto à Pressão de Operação Este critério não é muito usual, porém alguns autores o adotam, e os equipamentos são classificados em caldeiras de: - Baixa Pressão: até 100 psig (≅ 7 kg/cm2). - Média Pressão: 100 a 600 psig (≅ 7 a 40 kg/cm2). - Alta pressão: mais de 600 psig (≅ 40 kg/cm2). 3.2 - Quanto à Circulação da Água 3.2.1 - Caldeiras Flamotubulares (Firetube Boilers) As caldeiras flamotubulares são também conhecidas como: Fogo Tubulares, Tubos de Fogo ou Fumotubular, e são construídas de forma que a água circule ao redor de diversos tubos, montados entre espelhos, na forma de um único feixe tubular. Os gases de combustão circulam por dentro dos tubos, em duas ou mais passagens, em direção a chaminé, por onde são lançados ao meio ambiente. A primeira passagem ocorre geralmente na própria fornalha, onde é predominante a troca de calor por radiação. A segunda passagem ocorre por dentro dos tubos, onde a troca de calor se desenvolve por ação combinada de convecção e radiação gasosa. Para aplicações industriais, que são mais usuais,é utilizada a concepção horizontal, as quais habitualmente estão limitadas em vazão até 15 ton/h, pressões de até 14 kgf/cm2 e taxa evaporativa de 30 a 40 kg/m2 h. As unidades construídas com fornalha externa, podem queimar praticamente qualquer tipo de combustível, as demais queimam usualmente óleo ou gás natural. As unidades marítimas ou para locomotivas possuem incorporado um superaquecedor Modernamente, as caldeiras fogo tubulares para aplicações industriais, são apresentadas em unidades compactas, prontas para funcionar, bastando ligar a energia elétrica, água e óleo. 3.2.2 - Caldeiras Aquotubulares (Watertube Boilers) ENG07764-APICAÇÕES INDUSTRIAIS DO CALOR Prof. Pedro Melo – Notas de aula 11 Também denominadas de Tubos D’água ou Aquatubulares, são construídas de forma que a água circule por dentro de diversos tubos de pequeno diâmetro e dispostos na forma de paredes d’água ou de feixe tubulares. A figura mostra uma caldeira aquotubular de dois tambores, construída com paredes d’água e feixe tubular. As paredes d’água são localizadas na câmara de combustão, onde é predominante a troca de calor por radiação. Os feixes tubulares são suportados por tambores e localizados na parte posterior da caldeira, onde a troca de calor se desenvolve por convecção e por radiação gasosa. Observa-se que os tubos são suportados pelos próprios tambores da caldeira, portanto possuem plena liberdade de expansão e de contração. Os tambores são instalados em zonas protegidas da radiação e, até mesmo, fora da zona de circulação rápida dos gases de combustão (a velocidade dos gases varia entre 5 e 30 m/s). O número de tambores é variável. As primeiras unidades eram conhecidas por caldeiras Stirling e foram idealizadas com vários tambores, de modo a manter um grande volume de água disponível para utilização. Por motivos de segurança, a idéia evoluiu para caldeiras de três, dois ou apenas um tambor. A opção por um único tambor é comum em unidades de grande pressão. Os tubos são geralmente curvados e montados de modo a garantir uma circulação eficiente da água. As caldeiras aquotubulares de tubos curvados permitem maior versatilidade de projeto. Unidos a tambores por solda ou por expansão de suas extremidades (mandrilagem), os tubos curvados possibilitam a construção de unidades mais compactas, com maior capacidade de produção e maior pressão de vapor. A opção por feixe de tubos reto é uma característica de projetos das caldeiras mais antigas. Apesar de limitadas em sua capacidade de geração de vapor e de apresentarem menor rendimento térmico, as caldeiras aquotubulares de tubos retos têm a vantagem de apresentarem menores gastos com manutenção e de exigirem menor rigor no tratamento químico da água. O tratamento químico da água é indispensável para garantir durabilidade e segurança do equipamento. Toda a caldeira dispõe de dispositivos de drenagem para eliminação sistemática de sulfatos, carbonatos, silicatos, lodo e sólidos em suspensão. A ocorrência de incrustação nas superfícies de aquecimento aumenta a resistência à transferência de ENG07764-APICAÇÕES INDUSTRIAIS DO CALOR Prof. Pedro Melo – Notas de aula 12 calor. Além de isolante térmico, as incrustações têm coeficiente de dilatação diferente do metal base, e por isso, a ocorrência de incrustação generalizada aumenta os riscos de explosão quando fissuras na incrustação deixa exposta a superfície do metal superaquecida que entrará em contato com a água provocando altas taxas de evaporação. O controle permanente da temperatura dos gases de combustão serve como um bom indicativo da ocorrência de incrustações nas caldeiras. A separação do vapor ocorre no tambor principal. O vapor deve deixar o tambor, sempre que possível, com título igual ou próximo de 1. A obtenção de vapor de boa qualidade vai depender da carga da caldeira, pressão de trabalho e dispositivos auxiliares instalados no tambor separador. Os dispositivos de separação são também chamados de purificadores de vapor e são construídos de modo que o vapor tenha passagem forçada através de placas corrugadas, placas perfuradas ou pequenos ciclones distribuídos ao longo de todo o tambor principal da caldeira. As paredes d’água tem circulação independente, podendo os tubos serem apoiados na própria parede da fornalha, e espaçamento variável entre eles. A produção de vapor por unidade de superfície de aquecimento é bastante variável e vai depender do tipo de fornalha e do tipo de combustível empregado. Caldeiras de porte maior, em média, apresentam valores na ordem de 200 kg/m2 h. Caldeiras aquotubulares de maior porte são sempre montadas em campo e normalmente suspensas, a partir de uma estrutura principal, de modo a permitir livre dilatação térmica, durante o processo de aquecimento. As de menor porte são entregues pré-montadas pelo próprio fabricante. A água de alimentação é forçada por bombas centrífugas de alta pressão e, necessariamente, com vazão sempre superior à capacidade de produção de vapor da caldeira. O volume de água no seu interior deve ser controlado de modo que a bomba seja ativada sempre que baixar o nível d’água no interior do tambor separador. Uma eventual falta de água provocará superaquecimento localizado dos tubos, seguida de explosão. As caldeiras aquotubulares podem ser construídas para atender, especificamente, determinadas faixas de produção ou de pressão de vapor. ENG07764-APICAÇÕES INDUSTRIAIS DO CALOR Prof. Pedro Melo – Notas de aula 13 3.2.2.1 - Circulação Natural As caldeiras aquotubulares de circulação natural são geralmente construídas com paredes d’água e feixes tubulares. A circulação natural é a característica principal da maioria das caldeiras aquotubulares, e sua abrangência é limitada nas unidades de grande porte (até 160 bar), a partir deste valor a circulação natural fica prejudicada pela pequena diferença entre os pesos específicos do líquido e do vapor. As figuras abaixo mostram diferentes concepções de caldeiras aquotubulares de circulação natural, onde pode-se observar, claramente, o sentido de circulação seguido pela água em ebulição. O vapor, mais leve, sobe na forma de bolhas pelos tubos mais quentes e se acomoda no tambor superior. O vazio deixado pelo vapor é ocupado pelo líquido, que desce pelas partes mais frias, ou por tubos localizados externamente ao corpo principal da caldeira. 3.2.2.2 - Circulação Assistida As caldeiras aquotubulares de circulação são geralmente construídas com paredes d’água e um único tambor separador. São também conhecidas por caldeiras de circulação auxiliada ou de circulação acelerada. O princípio de funcionamento é o mesmo, com a diferença de que a água do tambor é continuamente movimentada por bombas de recirculação. São bombas de alta vazão e pequeno salto de pressão, especialmente projetadas para operarem com água quente. ENG07764-APICAÇÕES INDUSTRIAIS DO CALOR Prof. Pedro Melo – Notas de aula 14 As caldeiras de circulação assistida são projetadas para operarem desde a pressão zero até valores próximos da pressão crítica da água. As primeiras unidades receberam a denominação de caldeiras La Mont e foram construídas para atenderem à usinas termoeléctrica de médio e grande porte. A nível comercial, pequenas unidades também são disponíveis. Além de apresentarem alta eficiência térmica, elas tem a vantagem de atingir rapidamente a condição de regime permanente. As bombas de recirculação eliminam os problemas oriundos da recirculação natural, dispensando a instalação de tubos de grande diâmetro. Tubos de diâmetro reduzido proporcionam economia de material e eficiente troca de calor com os gases de combustão. Para evitar eventuais problemas de cavitação elas são montadas na base da caldeira, abaixo do tambor separador.Fig. II - Caldeira de Circulação Assistida 3.2.2.3 - Circulação Forçada As primeiras unidades receberam a denominação de caldeiras Benson, em homenagem ao inventor deste tipo de caldeiras, e foram construídas para atenderem às usinas termoelétricas de grande porte. Caldeiras Benson, Besler e Sulzer são os principais exemplos de caldeiras aquotubulares de passe forçado. Tais caldeiras exigem um sistema de controle muito sensível. A temperatura do vapor na saída dos superaquecedores varia rapidamente com a oscilação do fluxo de água. Existem ainda as caldeiras Velox e Eckrohr Kessel, que são deste tipo. As caldeiras de circulação forçada são também conhecidas por caldeiras de passe forçado e foram originalmente desenvolvidas para atenderem usinas termoelétricas de alta potência. Não há recirculação de água. Independente da recirculação natural, a água é forçada a fluir, numa única passagem pela tubulação, por ação da própria bomba de alimentação. As caldeiras de passe forçado dispensam a instalação de tubos de grande diâmetro e não há inconveniente com a inclinação do feixe tubular ou com o sentido do fluxo da água. Não há tambor separador. Pressões inferiores à pressão crítica, entretanto, sugerem a instalação de cilindros separadores, localizados em pontos intermediários do ÁGUA CALOR BOMBA DE RECIRCULAÇÃO BOMBA DE ALIMENTAÇÃO VAPOR ENG07764-APICAÇÕES INDUSTRIAIS DO CALOR Prof. Pedro Melo – Notas de aula 15 circuito de água, para permitir a extração de impurezas, de modo a minimizar a presença de sílica e outras substâncias sólidas no vapor que deixa a caldeira. Este tipo de caldeira é constituido basicamente de: a - gerador primério (Radiação). b - superaquecedor. c - gerador secundário. e - economizador. Fig. II - Caldeira de Circulação Forçada As vantagens oferecidas são: - Não apresentam limites de pressão e de capacidade. - Aplicável para pressão supercrítica. - Dispensa tubos recirculadores e bomba de recirculação. - Elimina o custo do tambor. O limite de aplicação é superior a 80 atm, pois para pressões mais baixas a grande proporção entre volume de vapor / volume de água, faz com que se tenha um pequeno coeficiente de troca, arriscando uma elevação anormal da temperatura do metal dos tubos (oxidação do metal). 3.3 - Outras Classificações 3.3.1 - Caldeiras de Tubos Curvos e Caldeiras de Tubos Retos Alguns autores, além da classificação anterior, adotam ainda o critério de cassificação que leva em conta a geometria (traçado) dos tubos da parede d’água, em caldeiras de tubos retos e caldeiras de tubos curvos, como mostra a figura abaixo. ÁGUA CALOR BOMBA DE ALIMENTAÇÃO VAPOR SAT. ENG07764-APICAÇÕES INDUSTRIAIS DO CALOR Prof. Pedro Melo – Notas de aula 16 ENG07764-APICAÇÕES INDUSTRIAIS DO CALOR Prof. Pedro Melo – Notas de aula 17 3.3.2 - Caldeiras tipo A, tipo D e tipo O Esta classificação deve-se a disposição dos tambores (balões), que de acordo com a posição relativa que guardam entre si, lembram as letras A, D e O, como mostra as figuras a seguir: 3.3.3 - Caldeiras de Recuperação Aproveitam como fonte de energia outras que não são os combustíveis naturais, como os gases quentes de processos, em indústrias químicas, metalúrgicas, petroquímicas, etc. Os principais tipos são as caldeiras de recuperação em ciclos combinados, por exemplo, nas turbinas a gás ou motores Diesel de embarcações. Ou nas caldeiras de recuperação de calor de produtos químicos em fábrica de celulose, onde além do calor, são recuperados produtos químicos contidos no combustível líquido empregado (licor), caldeira de recuperação no processo de síntese da amônia e outros. I - VAPOR Fig. II - Caldeira de Circulação Forçada
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