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Dezembro de 2002, UFRGS, Porto Alegre - RS CARGA E DESCARGA DE UM CAPACITOR EM SÉRIE Bruna Pontes Cechinel Universidade Tecnológica Federal do Paraná – UTFPR –Medianeira – Brasil bpcechinel@gmail.com Objetivo Em laboratório foi feito o experimento montando um circuito RC em série onde foram obtidos os valores experimentais. Esses dados foram analisados com o auxílio do software SciDAVis (Scientific Data Analysis and Visualization), onde foram gerados os gráficos que, juntamente com o desvio percentual, serviram para análise comparativa entre os valores experimentais e teóricos, que se mostraram satisfatórios principalmente com base nos gráficos apresentados. Palavras-chave: Capacitor; Carga; Descarga. 1 Referencial teórico 1.1 Circuito RC Segundo Halliday (2013), um circuito RC é aquele que possui componentes resistivos e capacitivos. Na figura 1, quando o circuito for completado, (chave for fechada em a), cargas começam a se mover (surge uma corrente) no circuito, essa corrente acumula uma carga cada vez maior nas placas do capacitor e estabelece uma diferença de potencial entre elas dada por: (1) Figura 1 - Circuito RC Fonte: Ebah (2019) Além disso, a corrente passa pelo resistor, fornecendo a seguinte relação: (2) Aplicando a Lei de Kirchhoff para tensão (LKT) no circuito, temos: (3) como : (4) Quando a diferença de potencial nas placas do capacitor se iguala a diferença de potencial da fonte, o circuito entra em equilíbrio e a corrente para de circular, desse modo o processo de carga do capacitor se encerra. Para iniciar o processo de descarga a chave é trocada para a posição b, assim o capacitor passa a fornecer as cargas acumuladas em suas placas para o circuito, formando uma corrente com sentido inverso ao anterior. Ao aplicar a lei de Kirchhoff nessas condições teremos: 1.2 Equações lineares de 1a ordem Conforme Zill (2016), a forma de uma equação diferencial linear de primeira ordem é dada por: (5) Quando dividia a equação (5) por , tem-se sua forma padrão: (6) Depois de identificado , calcula-se o fator de integração (FI): (7) Multiplicado (6) ambos os lados da equação por (7), o lado esquerdo da equação será, automaticamente, a derivada do produto de e : (8) 1.3 Resolução da equação diferencial 1.3.1 Carga do capacitor Ao ligar a chave no terminal a do circuito, se estabelece uma corrente inicial. Porém, conforme o capacitor carrega, a corrente no resistor diminui até atingir zero. Nesse momento, o capacitor está totalmente carregado. A resolução será iniciada com (4), que na forma padrão fica: (9) O próximo passo é identificar e calcular o fator integrante (FI): Fator integrante: Multiplica-se toda a equação pelo FI e integram-se ambos os lados: como (10) Assim, a equação para a carga é (10), no entanto algumas considerações ainda podem ser feitas. O processo de carga se inicia em e com logo em , assim: portanto, (11) Ao assumir como a carga total que pode ser armazenada pelo capacitor, dada por , a equação pode ser reescrita da seguinte forma: (12) 1.3.2 Descarga do capacitor Para descarga, a chave do circuito é ligada no terminal b, e a corrente no resistor vai diminuindo. Quando o capacitor está totalmente descarregado, a corrente no resistor é zero. Como a chave está em b, será utilizado (6), que na forma padrão fica: (13) O próximo passo é identificar e calcular o fator integrante (FI): Fator integrante: . Multiplica-se toda a equação pelo FI e integram-se ambos os lados: (14) Em é o momento em que o capacitor começa a fornecer carga ao circuito, assim a carga envolvida é a carga total do capacitor ou , logo , assim: (15) 2 Confecção Para esse experimento foram utilizados os seguintes materiais: Fonte de tensão; Multímetro; Resistor; Capacitor; Cronômetro; Cabos; Protoboard. Primeiramente, com o auxílio do multímetro, mediu-se a resistência R do resistor e a capacitância C do capacitor. Após a obtenção desses dados, montou-se na protoboard um circuito com a resistência R e capacitor C, completamente descarregado, em série, alimentados por uma fonte. Em seguida, foi conectado um multímetro em paralelo com o resistor e outro em paralelo com o capacitor. A escala do multímetro deve ser a mais próxima e, necessariamente, maior que o valor da tensão da fonte escolhida. Figura 2 – Circuito RC Fonte: Autoria própria (2019) Figura 3 – Circuito RC com o multímetro Fonte: Autoria própria (2019) 3 Funcionamento No instante em que o circuito foi ligado, o cronômetro foi acionado, anotou-se o tempo, na tabela 1, que o capacitor mudava sua tensão, com um intervalo de 0,5 volts. Após o capacitor estar totalmente carregado, a fonte de tensão foi substituída por um curto e o capacitor começou a fornecer carga para o circuito. Logo, os valores da tensão do capacitor e seu respectivo tempo de descarga foram anotados na tabela 2. Para tornar possível a comparação entre os valores experimentais e os teóricos utilizou-se a diferença de potencial entre as placas do capacitor dado por , obtendo as seguintes equações para a fase de carga e de descarga: Para a carga foi substituído a equação (12) na equação (1), logo: (16) Para a descarga foi substituído a equação (15) na equação (1): (17) Sendo V o valor da tensão, R o valor da resistência e C o valor da capacitância, que foram medidos anteriormente com o multímetro: Através dos tempos obtidos em laboratório foi calculado também o desvio percentual, que é dado pela fórmula: (18) Com esses valores aplicados nas equações (16) e (17), foram determinados os valores de carga (tabela 1) e descarga (tabela 2) teóricos. O gráfico da figura 4 representa a tensão experimental e teórica, em função do tempo, para a carregar o capacitor. Já o gráfico da figura 5 para a descarga, também da tensão em função do tempo. Tabela 1 – Valores para carga do capacitor. Tempo (s) VC experimental (V) VC teórico (V) Desvio percentual (D%) 0 0,0 0,00 0,00% 1 0,5 0,20 61,2% 5 1,0 0,93 7,04% 7 1,5 1,27 15,07% 11 2,0 1,92 4,04% 14 2,5 2,37 5,30% 18 3,0 2,92 2,62% 22 3,5 3,43 2,02% 27 4,0 4,00 0,11% 32 4,5 4,52 0,46% 38 5,0 5,07 1,40% 45 5,5 5,63 2,29% 52 6,0 6,10 1,73% 62 6,5 6,67 2,63% 74 7,0 7,21 2,96% 91 7,5 7,76 3,50% 116 8,0 8,28 3,53% Média do desvio percentual (D%) 6,82% Fonte: Autoria própria (2019) Figura 2 – Carga experimental e teórica no decorrer do tempo. Fonte: Autoria própria (2019) Tabela 2 – Valores para descarga do capacitor. Tempo (s) VC experimental (V) VC teórico (V) Desvio percentual (D%) 0 8,0 8,00 0,00% 7 7,5 7,73 3,01% 10 7,0 7,26 3,71% 13 6,5 6,78 4,30% 17 6,0 6,17 2,83% 23 5,5 5,38 2,18% 25 5,0 5,22 4,40% 33 4,5 4,35 3,35% 37 4,0 3,87 3,26% 45 3,5 3,34 4,57% 54 3,0 2,76 8,00% 56 2,5 2,66 6,40% 63 2,0 2,27 13,50% 87 1,5 1,36 9,34% 102 1,0 0,98 2,00% 157 0,5 0,30 41,30% Média do desvio percentual (D%) 7,01% Fonte: Autoria própria (2019) Figura 3 – Descarga experimental e teórica no decorrer do tempo. Fonte: Autoria própria (2019) Observando os resultados obtidos, percebe-se que o experimento foi satisfatório considerando que seu desvio percentual e os valores teóricos e experimentais ficaram relativamente próximos um dos outros. Também pode-se observar nas tabelas de dados que, na maioria delas, os maiores erros ocorreram nos extremos. Há diversos fatores que podem ter ocasionado os grandes desvios percentuais obtidos, alguns deles são:erro do instrumento, erro humano na hora de marcar o tempo e a capacitância indicada podendo apresentar variação devido ao uso intensivo do capacitor. 4 Bibliografia BOYLESTAD, Robert L. Introdução a Análise de Circuitos. 10ª ed. São Paulo: Prentice Hall, 2004. Tradução da edição original em inglês. Faculdade de Ciências Integrada do Pontal (FaCIP-UFU). Carga e Descarga de um Capacitor. Uberlândia. 2015. Disponível em: <http://www.facip.ufu.br/sites/facip.ufu.br/files/Anexos/Bookpage/fe3-06-carga-e-descarga-de-um-capacitor.pdf>. Acessado em: 6 jun 2019. Faculdade de Engenharia de Guaratinguetá (FEG-Unesp). Carga e Descarga de Capacitor. Guaratinguetá. 2014. Disponível em: <https://www.feg.unesp.br/Home/PaginasPessoais/zacharias/cargac.pdf>. Acessado em: 6 jun 2019. HALLIDAY, David; RESNICK, Robert; WALKER, Jearl. Fundamentos de Física: Eletromagnetismo. 9ª ed. Rio de Janeiro: LTC, 2013. 3 v. Tradução e revisão técnica: Ronaldo Sérgio de Biasi. ZILL, Dennis G. Equações Diferenciais: Com aplicações em modelagem. 3ª ed. São Paulo: Cengage Learning, 2016. Tradução da 10ª edição norte-americana. Instituto de Física da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (IF-UFRGS). Circuito RC (série). Porto Alegre. 2013. Disponível em: <http://www.if.ufrgs.br/fis182/labs/lab6.pdf>. Acessado em: 7 jun 2019. Estudos qualitativos com o apoio de grupos focados 10
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