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SERVIÇO SOCIAL E SAUDE

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SERVIÇO SOCIAL E SAÚDE 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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SERVIÇO SOCIAL E SAÚDE 2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SERVIÇO SOCIAL 
 E SAÚDE 
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SERVIÇO SOCIAL E SAÚDE 3 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
A INSERÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL NA SAÚDE .......................................................... 4 
Limites e desafios do Serviço Social na Saúde .................................................................... 10 
Atuação profissional ............................................................................................................ 13 
Assistente social - profissional de saúde .............................................................................. 20 
Trabalhando direitos ............................................................................................................ 26 
O SERVIÇO SOCIAL NA POLITICA DE SAÚDE BRASILEIRA ........................................... 28 
REFERENCIAL .................................................................................................................... 37 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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SERVIÇO SOCIAL E SAÚDE 4 
 
 
 
A INSERÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL NA SAÚDE 
 
O Serviço Social enquanto profissão surge vinculado ao agravamento das 
mazelas sociais, assumindo a função de executor das ações socais destinadas à 
população pauperizada, que tinham por objetivo amenizar os conflitos entre a classe 
proletária e a burguesia. Sabe-se, portanto, que desde sua origem o Serviço Social 
encontra-se em meio ao antagonismo dos interesses entre as duas classes sociais 
fundamentais. 
A partir da década de 1960 iniciou-se na categoria o movimento de 
reconceituação que buscou a ruptura com a prática do Serviço Social tradicional, e 
teve como resultado a definição da direção política e ideológica da profissão, calcada 
no compromisso com a defesa de direitos da classe trabalhadora com vistas à 
construção de uma nova ordem societária. Tais preceitos foram incorporados ao 
Código de Ética Profissional em 1993. 
Na mesma época em que o Serviço Social passava por este processo de 
renovação e amadurecimento teórico, o Brasil encontrava-se em um momento de 
grande efervescência política pelo fim da ditadura militar e concomitante a 
redemocratização do país, destaca-se a força do movimento de reforma sanitária, que 
lutou pela universalização do acesso a saúde, compreendo que este era direito de 
todos e um dever do estado. 
O Serviço Social recebia as influencias dessa conjuntura de luta política, 
contudo a preocupação central da categoria nesse momento era a disputa pela nova 
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SERVIÇO SOCIAL E SAÚDE 5 
 
 
 
direção a ser dada a profissão, por esse motivo não foi identificada uma participação 
diretamente ligada ao movimento pela reforma sanitária (BRAVO; MATOS, 2009, p. 
204). 
Na década de 1980 o Serviço Social aproxima-se da tradição marxista, 
principalmente no âmbito da Universidade, e a atuação e intervenção permanecem 
até a década de 1990 com reflexos incipientes desse amadurecimento teórico-crítico, 
constatados pela desarticulação da categoria com Movimento da Reforma Sanitária e 
pouca produção em relação à demanda do Serviço Social no âmbito da Saúde 
(CFESS, 2010). 
A luta da sociedade pela garantia de direitos teve como desfecho a conquista 
da Constituição de 1988 (BRASIL, 1988), considerada um grande avanço, pois 
instaura direitos sociais e inaugura a Seguridade Social no Brasil, contemplando 
políticas universais, sendo composta através do tripé: Saúde, que se caracterizou 
enquanto política universal, não contributiva, representada pela criação do Sistema 
Único de Saúde (SUS); Previdência Social considerada uma política restrita aos 
trabalhadores contribuintes; e Assistência Social, destinada a quem dela necessitar, 
objetivando garantir segurança de sobrevivência e autonomia da população. 
Muitos foram os avanços no âmbito da política de saúde, a pauta das 
reinvindicações do movimento sanitário foi contemplada constitucionalmente, podem-
se elencar como principais conquistas: 
 
- O direito universal à Saúde e o dever do Estado, acabando com a 
discriminação existente entre segurado/não segurado, rural/urbano; 
- As ações e Serviços de Saúde passaram a ser consideradas de 
relevância pública, cabendo ao poder público sua regulamentação, fiscalização e 
controle; 
- Constituição do Sistema Único de Saúde integrando todos os serviços 
públicos em uma rede hierarquizada, regionalizada, descentralizada e de atendimento 
integral, com participação da comunidade; 
- A participação do setor privado no sistema de saúde deverá ser 
complementar, preferencialmente com as entidades filantrópicas, sendo vedada a 
destinação de recursos públicos para subvenção às instituições com fins lucrativos. 
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SERVIÇO SOCIAL E SAÚDE 6 
 
 
 
Os contratos com entidades provadas prestadoras de serviços far-se-ão mediante 
contrato de direito público, garantindo ao Estado o poder de intervir nas entidades que 
não estiverem seguindo os termos contratuais; 
- Proibição da comercialização de sangue e seus derivados (TEIXEIRA, 
1989, p. 5051). 
 
Apesar da legislação referente ao SUS ter sido aprovada em 1988, somente 
em1990 foi promulgada a Lei Orgânica da Saúde (Lei nº 8.080 de 1990) que “dispõe 
sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a 
organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras 
providências” (BRASIL, 1990, p. 1). 
Rompe-se, através da universalidade, o acesso privilegiado à saúde que passa 
a ser compreendida enquanto direito, o que viabiliza o alcance da igualdade. Por meio 
da equidade assegura-se o acesso a saúde a todo cidadão, independentemente de 
qualquer classificação, social, cultural, étnica ou religiosa. E, através da integralidade, 
reconhece-se a totalidade de cada indivíduo, e prevê que a saúde seja tratada em 
todos os níveis de atenção, sem priorização da hospitalização pela alta complexidade. 
Contudo, no contexto internacional, assistia-se a retração das conquistas 
sociais, devido a disseminação do neoliberalismo, que chega ao Brasil com a 
implantação de medidas de corte da proteção social recentemente conquistada. 
A efetivação dos avanços alçados pela Constituição Federal de 1988 é 
interrompida pela implantação do ideário Neoliberal no Brasil nos anos 1990. Neste 
período o Brasil enfrenta a crise da estagflação, o contexto é também de grandes 
mudanças no mundo do trabalho que o torna cada vez mais precário e flexibilizado, 
além do forte desemprego estrutural. 
Em 1989 o Consenso de Washington impõe uma série de medidas 
direcionadas aos países latino-americanos, para saírem da crise.A partir desse 
momento é implantado no Brasil, através do governo de Fernando Collor de Mello, o 
receituário neoliberal, associado ao discurso de modernizar o país, neste momento, 
estabelece nos país medidas de disciplina fiscal, responsabiliza o Estado pelo controle 
da dívida pública e a geração de superávit primário, assim como, o socorro aos bancos 
e aos setores produtivos quando estes se encontrarem em crise e privatização de 
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SERVIÇO SOCIAL E SAÚDE 7 
 
 
 
empresas e serviços estatais. Todas essas medidas determinam a intervenção do 
Estado para garantir o bom funcionamento do mercado (BATISTA, 1994). A 
implantação da agenda neoliberal no Brasil confronta com as garantias de direitos 
conquistados em 1988, portanto a implantação da agenda neoliberal se dá em 
detrimento da efetivação das políticas de proteção social (BEHRING; BOSCHETI, 
2008). 
Como consequência da adoção do neoliberalismo, evidencia-se uma drástica 
redução nos gastos sociais do país, que acarreta no desmantelamento da proteção 
social através de políticas focalizadas, adoção de estratégias como o 
Empreendedorismo que responsabiliza o indivíduo pela sua situação de 
vulnerabilidade, desarticulação das redes de serviços sociais, fortalecimento do estilo 
patrimonialista e clientelista na administração da política pública. 
As políticas de ajuste fiscal desenvolveram-se ao longo da década de 1990. 
Apesar do enfraquecimento das lutas sociais, evidencia-se a força do movimento 
formado majoritariamente por estudantes, que foi capaz de causar o impeachment de 
Collor, em 1992. 
As medidas iniciadas no governo Collor intensificam-se no governo de 
Fernando Henrique Cardoso, principalmente no que se refere às privatizações. 
Através do ministro Luiz 
Carlos Bresser Pereira, é criado o documento intitulado “Plano Diretor da 
Reforma do Estado” (COSTA, 2006), que propunha uma administração gerencial em 
substituição a administração publica, pois, em sua análise, esta última era responsável 
pela crise (COSTA, 2006). 
Dessa forma, assistiu-se no governo de Fernando Henrique Cardoso a 
transferência do controle estatal para a iniciativa privada, com a privatização de 
empresas estatais e transferência da responsabilidade do Estado na área social para 
a sociedade civil. 
Os postulados neoliberais na área social são basicamente os seguintes: o bem-
estar social pertence ao âmbito do privado (suas fontes “naturais” são a família, a 
comunidade e os serviços privados). Dessa forma, o Estado só deve intervir quando 
surge à necessidade de aliviar a pobreza absoluta e de produzir os serviços que o 
setor privado não pode ou não quer fazê-lo. Propondo, portanto um Estado de 
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SERVIÇO SOCIAL E SAÚDE 8 
 
 
 
beneficência pública ou assistencialista, no lugar de um Estado de Bem-Estar Social. 
Os direitos sociais e a obrigação da sociedade de garanti-los por meio da ação estatal, 
em como a universalidade, igualdade e gratuidade dos serviços sociais são abolidos 
no ideário neoliberal (SOARES, 2001, p. 44). 
 No âmbito da saúde verifica-se o incentivo, por meio de diversas ações, à 
ampliação da iniciativa privada na prestação de serviços de saúde, como: a 
transferência de funções do Ministério da Saúde para agências reguladoras e 
organizações não estatais; o rompimento com o princípio da universalidade, através 
do subfinanciamento do sistema que prevê assistência mínima aos que não podem 
pagar o acesso a saúde; e a terceirização dos serviços ambulatoriais, hospitalares e 
de apoio diagnóstico, através da contratação de prestadores privados (BRAVO; 
MATTOS, 2004). 
Agrava-se, portanto, a disputa entre o modelo de saúde privatista neoliberal – 
sustentado em uma “democracia restrita, que diminui os direitos sociais e políticos”, 
devido a medidas de contenção de gasto sociais, privatização e minimização do 
Estado – e o modelo da Reforma Sanitária – fundamentado na “democracia de 
massas, com ampla participação social” em defesa da democratização, a 
universalização e do controle social (BRAVO; PEREIRA, 2007, p.198-199). 
 O cenário em 2002, ano da eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o 
cenário econômico do Brasil era crítico, com alto índice de inflação e aumento da 
dívida externa, no campo social o país enfrentava as consequências da adoção da 
agenda neoliberal. Foi lançada grande expectativa de mudança com a eleição do 
presidente Lula, esperava-se que este implantasse uma nova agenda de governo, 
com maior participação do Estado no desenvolvimento econômico e social (BRAVO, 
2001). 
 Com histórico de militância sindicalista, Lula foi o primeiro presidente operário, 
era tido como ícone da classe trabalhadora, ao elegê-lo o povo demonstrou sua ânsia 
por mudança, sua insatisfação com o rumo conservador que país percorria até então, 
contudo, essa expectativa não foi alcançada da maneira que se previa. O primeiro 
governo de Lula é marcado pela continuidade das estratégias econômicas neoliberais, 
e o endossamento de estratégias sociais focalizadas (FAGNANI, 2011). 
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SERVIÇO SOCIAL E SAÚDE 9 
 
 
 
 No que tange a saúde, também havia expectativa de fortalecimento do projeto 
de Reforma Sanitária, porém o que se viu foi a continuidade da polarização entre 
público e privado. Desta forma, evidencia-se a convivência da inovação com a 
continuidade. Na análise de BRAVO (2001), são ressaltados como aspectos de 
inovação: 
[...] o retorno da concepção de Reforma Sanitária que, nos anos 90, foi 
totalmente abandonada; a escolha de profissionais comprometidos com a luta pela 
Reforma Sanitária para ocupar o segundo escalão do Ministério; as alterações na 
estrutura organizativa do Ministério da Saúde, sendo criadas quatro secretarias e a 
sua realização em dezembro de 2003; a participação do ministro da saúde nas 
reuniões do Conselho Nacional de Saúde e a escolha do representante da CUT para 
assumir a secretaria executiva do Conselho Nacional de Saúde (BRAVO, 2001, p.16). 
Percebe-se, a preocupação em representar o projeto da Reforma Sanitária 
através de secretarias e lideranças. Contudo, o compromisso com os princípios desse 
projeto não foram adotados, permanecendo evidente a lógica da privatização. Através 
de isenções fiscais das empresas que contratam planos de saúde para funcionários e 
das entidades filantrópicas, das propostas de prestação de serviços por Organizações 
Sociais (OS) e Organizações da Sociedade Civil Pública (OSCIPS), e gestão, pela 
Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSEH) (MOREIRA, 2013). 
Segundo Ravagnani (2013) estas prestadoras de serviços surgem a partir da 
implantação do Plano Diretor da Reforma do Estado, em 1995, com a finalidade de 
delegar ao setor privado a execução dos serviços públicos, e deixar para o Estado as 
funções de coordenar e financiar as políticas públicas. A transferência de serviços 
apresenta inconstitucionalidades, segundo a autora: No que se refere à saúde, a 
transferência de serviços encontra impedimento legal na Constituição (Art. 199) e na 
Lei Orgânica da Saúde, Lei n. 8.080/90 (Art. 24), onde é permitida a participação em 
caráter complementar, mediante contrato ou convênio, somente quando esgotada a 
capacidade e disponibilidade de atendimento pelo SUS (RAVAGNANI, 2013, p. 50), 
Dessa forma se expressa o projeto privatista, vinculando a saúde ao mercado 
e agindode forma incoerente aos dispositivos legais constitucionais. O princípio da 
universalização é trabalhado apenas no âmbito da atenção básica, sendo os serviços 
de média e alta complexidade executados majoritariamente pela iniciativa privada. 
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SERVIÇO SOCIAL E SAÚDE 10 
 
 
 
Este cenário perpetuou-se durante todo governo petista, e vem se acentuando 
com adoção de medidas neoliberais, como a terceirização dos serviços e a focalização 
das políticas as classes mais pobres. A grande ameaça que permeia a saúde pública 
é a efetivação do SUS como espaço destinado àqueles que não têm acesso ao 
sistema privado, esta segmentação contradiz todos os princípios, que a duras penas, 
foram conquistados em 1988. O desafio atual é fortalecer novamente a luta pela 
efetivação do Projeto de Reforma Sanitária, recuperando os princípios e valores que 
constituíram o SUS. 
 É fundamental evidenciar a importância de o assistente social apropriar-se das 
contradições que perpassam a política de saúde para que se engaje no processo de 
defesa do SUS, através de sua atuação nos espaços sócio-ocupacionais e como 
fomentadores do debate acerca da luta pela efetivação do direito à saúde. 
 
Limites e desafios do Serviço Social na Saúde 
 
Diante dos interesses antagônicos em relação à consolidação do SUS a 
inserção do Assistente Social na Saúde também é contraditória e apresenta diferentes 
demandas para atuação deste profissional. Segundo Iamamoto (2008) a organização 
social capitalista insere diversas armadilhas no cotidiano profissional que devem ser 
objetos de atenção. E é com essa perspectiva que o Assistente Social deve enxergar 
as contradições postas no seu cotidiano profissional. 
Segundo o documento Parâmetros para Atuação de Assistentes Sociais na 
Saúde (2010) os profissionais são direcionados pelo projeto privatista a trabalharem 
“a seleção socioeconômica dos usuários, atuação psicossocial por meio de 
aconselhamento, ação fiscalizatória aos usuários dos planos de saúde, 
assistencialismo por meio da ideologia do favor e predomínio de práticas individuais”, 
e em contrapartida, o projeto de Reforma 
Sanitária apresenta como principais demandas do serviço social na saúde 
questões como: “democratização do acesso às unidades e aos serviços de saúde; 
estratégias de aproximação das unidades de saúde com a realidade; ênfase nas 
abordagens grupais; acesso democrático às informações e estímulo à participação 
popular” (CFESS, 2010, p. 26). 
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SERVIÇO SOCIAL E SAÚDE 11 
 
 
 
No que concerne o posicionamento do Serviço Social diante das demandas 
expostas, sabe-se que há uma estreita relação entre o Projeto Ético-Político 
profissional e o de Reforma Sanitária, através da afinidade entre os princípios, aportes 
e referências teóricas e metodológicas, além da semelhança no momento histórico 
em que estes Projetos são construídos, ambos no processo de redemocratização da 
sociedade brasileira nos anos de 1980. 
Portanto para uma atuação condizente com as orientações éticas da profissão 
e que realmente alcance o cerne da problemática da saúde e o fortalecimento do 
compromisso com a classe trabalhadora, se faz necessário ser coerente com 
princípios pautados pelo Projeto de Reforma Sanitária. 
 Contudo, observam-se como limites da pratica profissional no campo da Saúde 
a forte presença da perspectiva conservadora que se manifesta na descrença da 
Saúde enquanto política pública universal, na necessidade da construção de um saber 
específico e fragmentado a exemplo da prática médica, na autorepresentação dos 
assistentes sócias enquanto sanitaristas após realizarem a formação em saúde 
pública, e na intervenção fenomenológica denominada Serviço Social Clínico 
(CFESS, 2010). 
 Além disso, muitas vezes a pratica do Serviço Social somente é considerada 
no atendimento direto ao usuário em nível de assistência, sendo desprezados nos 
cargos de gestão, assessoria e planejamento. 
As novas demandas como gestão, assessoria e a pesquisa, consideradas 
como transversal ao trabalho profissional e explicitadas na Lei de Regulamentação da 
Profissão (1993) e nas Diretrizes Curriculares da ABEPSS (1996), na maioria das 
vezes, não são assumidas como competências ou atribuições profissionais (CFESS, 
2010). 
 Para uma prática profissional coerente a categoria deve levar em conta o 
conceito ampliado de Saúde, não mais compreendida enquanto ausência de doença, 
mas sim enquanto fruto das relações sociais e destas com o meio físico, social e 
cultural. Dessa forma, o agir profissional deve superar a perspectiva biologista e 
distanciar-se de praticas paramédicas e da fragmentação do conhecimento, pois o 
trabalho com os aspectos sociais que determinam o processo saúde-doença exige o 
conhecimento e visão generalistas, que trabalhem com sujeito em sua totalidade. 
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SERVIÇO SOCIAL E SAÚDE 12 
 
 
 
 Para Bravo e Matos (2009), uma atuação competente do Serviço Social na 
Saúde pressupõe: 
• estar articulado e sintonizado ao movimento dos trabalhadores e de 
usuários que lutam pela real efetivação do SUS; 
• conhecer as condições de vida e trabalho dos usuários, bem como os 
determinantes sociais que interferem no processo saúde-doença; 
• facilitar o acesso de todo e qualquer usuário aos serviços de saúde da 
instituição e da rede de serviços e direitos sociais, bem como de forma 
compromissada e criativa não submeter à operacionalização de seu trabalho aos 
rearranjos propostos pelos governos que descaracterizam a proposta original do SUS 
de direito, ou seja, contido no projeto de Reforma Sanitária; 
• buscar a necessária atuação em equipe, tendo em vista a 
interdisciplinaridade da atenção em saúde; 
• estimular a intersetorialidade, tendo em vista realizar ações que 
fortaleçam a articulação entre as políticas de seguridade social, superando a 
fragmentação dos serviços e do atendimento às necessidades sociais; 
• tentar construir e/ou efetivar, conjuntamente com outros trabalhadores 
da saúde, espaços nas unidades que garantam a participação popular e dos 
trabalhadores de saúde nas decisões a serem tomadas; 
• elaborar e participar de projetos de educação permanente, buscar 
assessoria técnica e sistematizar o trabalho desenvolvido, bem como realizar 
investigações sobre temáticas relacionadas à saúde; 
• efetivar assessoria aos movimentos sociais e/ou aos conselhos a fim de 
potencializar a participação dos sujeitos sociais contribuindo no processo de 
democratização das políticas sociais, ampliando os canais de participação da 
população na formulação, fiscalização e gestão das políticas de saúde, visando ao 
aprofundamento dos direitos conquistados (CFESS, 2010, p.30). 
 É evidente, portanto, a importância do trabalho do Assistente Social para 
consolidação do SUS. A preocupação central do Serviço Social na saúde deve ser a 
identificação dos impasses existentes para a efetivação do projeto de reforma 
sanitária e do projeto ético político. Para Costa (2009), “o assistente social se insere, 
no interior do processo de trabalho em saúde, como agente de interação ou como um 
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SERVIÇO SOCIAL E SAÚDE 13 
 
 
 
elo orgânico entre os diversos níveis do SUS e entre este e as demais políticassociais 
setorias, o que nos leva a crer que o seu principal papel é assegurar a integralidade 
das ações”. 
 
Atuação profissional 
 
 Como política social pública, a saúde sempre representou um grande campo 
de atuação profissional para o assistente social e ao longo das décadas a participação 
dos assistentes sociais no planejamento e execução de ações na área da saúde se 
deu de forma diferenciada. Através dessa participação, inúmeras foram as 
contribuições para os diversos perfis profissionais que temos hoje em atuação dentro 
do Serviço Social na saúde. 
 Também ao longo desses anos, muitas foram as mudanças no cenário da 
categoria profissional, bem como no cenário da política de saúde, como uma política 
social pública. 
 Dentre dessa trajetória o período de 1930 a 1945 caracterizou o surgimento da 
profissão do Serviço Social no Brasil com grande influência europeia e a área da 
saúde neste momento ainda não era a que mais concentrava um maior quantitativo 
de profissionais, mesmo identificando que a formação profissional de algumas escolas 
já estavam sendo pautadas em algumas disciplinas relacionadas a saúde. Ou seja, 
apesar da saúde já estar diretamente imbricada na formação profissional do assistente 
social e algumas escolas terem surgido já motivadas por demandas do setor saúde, 
ainda nesse momento era considerada pequena a interlocução entre Serviço Social e 
saúde. 
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SERVIÇO SOCIAL E SAÚDE 14 
 
 
 
 
 A partir de 1945 o Serviço Social se espante no país e a ação profissional na 
área da saúde também se amplia. É a partir desse momento que o setor saúde 
transforma-se numa das áreas que mais absorve profissionais do Serviço Social, além 
disso, é a partir dessa década que a profissão substitui a influência européia pela norte 
americana. Essa alteração de influência traz como ponto principal na ação profissional 
a substituição do julgamento moral por uma análise de cunho psicológico da 
população-cliente. 
 Segundo Bravo e Matos (2004) o fato que motivou a ampliação do espaço 
profissional para o assistente social na área da saúde teve seu marco no novo 
conceito de saúde elaborado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), em 1948, 
quem enfocou os aspectos biopsicossociais determinando a requisição de outros 
profissionais no setor saúde dentre eles o assistente social. Esse novo conceito 
buscou já nessa época, a abordagem de conteúdos preventivistas e educativos, 
criando programas prioritários com segmentos da população em função da 
inviabilidade ainda de universalizar a atenção médica e social. 
 Com base ainda nesse novo conceito os assistentes sociais passaram a 
enfatizar nessa prática cotidiana as ações educativas com intervenção normativa no 
modo de vida da chamada “clientela”. Essa intervenção estava relacionada 
principalmente aos hábitos de higiene e saúde da população. 
 Com a consolidação da Política Nacional de Saúde ocorreu uma considerável 
ampliação dos gastos com assistência médica pela previdência social, porem essa 
assistência ainda não era universal o que gerou uma grande contradição entre a 
demanda surgida e o caráter excludente e seletivo dentro das unidades de saúde. 
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SERVIÇO SOCIAL E SAÚDE 15 
 
 
 
Nesse período os assistentes sociais passam a atuar dentro dos hospitais numa 
postura de mediador entre a instituição e a população. Para tentar viabilizar um maior 
acesso desses usuários aos serviços e benefícios os profissionais utilizavam-se de 
ações como: plantão, triagem ou seleção, encaminhamento e orientação 
previdenciária. 
 De acordo com Iamamoto e Carvalho (1982, p.75), 
 
Os benefícios passaram a ser custeados total ou parcialmente pelos próprios 
beneficiários. Na lógica da estruturação de tais serviços, não há o componente 
distributivista, mais existe a preocupação de favorecer o capital. O conceito que passa 
a reger os programas assistenciais é o de salário social indireto que incorpora ao 
salário vários serviços ao trabalhador que a “coletividade paga”, com vistas à 
utilização futura. O piso salarial é rebaixado à medida que engloba os demais 
benefícios e o trabalhador paga os serviços pelas deduções salariais direta, pela 
elevação do custo de vida, com a contribuição dos empregadores transferida para os 
preços dos produtos e através dos impostos e taxas recolhidos pelo poder público.”. 
 
 A partir de 1950 o Brasil passou a sofrer influências da “medicina integral”, a 
“medicina preventiva”, tal influência foi oriunda dos Estados Unidos. Essa proposta, 
identificada como proposta racionalizadora na saúde teve uma série de 
desdobramentos a partir da década de 60. Entre esses rebatimentos, está o 
surgimento da medicina comunitária. Porem, tais mudanças não repercutiram no 
trabalho já desenvolvido pelos assistentes sociais na saúde no Brasil, eles mantiveram 
como ponto central de sua ação os hospitais e ambulatórios. 
 Segundo Costa (1986), em meados da década de 1920 o Brasil já contava com 
centros de saúde onde os serviços básicos eram: a higiene prénatal, infantil e pré-
escolar, combate à tuberculose e verminoses e laboratório. Tais atividades tinham 
como proposta fundamental prestar esclarecimentos à população quanto à educação 
sanitária, por intermédio de educadores de higiene. Os assistentes sociais não foram 
absorvidos neste espaço, pelo menos nesse momento. Os centros de saúde 
contavam apenas com médicos, enfermeiras e visitadoras. 
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SERVIÇO SOCIAL E SAÚDE 16 
 
 
 
 Segundo Bravo (2004), apesar de um intenso trabalho realizado nos centros 
de saúde onde grande parte das atividades desenvolvidas pelas visitadoras, poderia 
ser absorvida pelos assistentes sociais, porém a exigência do momento concentrava-
se na ampliação da assistência médica hospitalar. Dessa forma, os assistentes sociais 
acabaram priorizando suas ações no nível curativo e hospitalar, de onde demandava 
um maior quantitativo de profissionais que eram estritamente necessários para lidar 
com a contradição entre demanda, exclusão e seletividade. 
 Os assistentes sociais tinham uma linha de trabalho voltada para o Serviço 
Social de Casos, era o Serviço Social Médico, tal orientação era passada pela 
Associação Americana de Hospitais e pela Associação Americana de Assistentes 
Médico-Sociais. 
 No pós-1964 o Serviço Social sofreu algumas transformações que tiveram 
rebatimento direto no trabalho do assistente social na área da saúde. No debate 
interno da profissão questionava-se a forma conservadora com que eram realizadas 
as ações na área da saúde. 
 No período de 1965 a 1975 o Serviço Social passa a receber as influências do 
processo da modernização que se operava no país no âmbito das políticas sociais. 
As ações profissionais foram sedimentadas na prática curativa, principalmente na 
assistência médica previdenciária, enfatizando as técnicas de intervenção, a 
burocratização das atividades, a psicologização das relações sociais e a concessão 
de benefícios. Até 1979 não houve grande alteração no processo organizativo do 
Serviço Social na área da saúde. 
 A década de 80 chega e com ela um dos marcos na política de saúde brasileira, 
o Movimento da Reforma Sanitária. Apesar do Movimento de Reforma Sanitária 
representar uma luta por uma saúde mais justa de acesso universal como direito social 
de todo cidadão, o Serviço Social noBrasil estava imbricado no seu próprio processo 
de renovação e esse fato acabou afastando os profissionais de outros debates de 
grande importância na construção de um cenário mais democrático no espaço 
nacional. 
 Toda discussão interna da profissão na busca de crescimento, fundamentação 
e consolidação teórica deslocou-se do cotidiano dos serviços e poucas foram as 
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SERVIÇO SOCIAL E SAÚDE 17 
 
 
 
mudanças apresentadas nas ações de intervenção. Esse é um fato que ainda hoje 
repercute na atuação do Serviço Social na área da saúde. 
 De acordo com Bravo (2004, p. 34): 
 
O processo de renovação de Serviço Social no Brasil esta articulado às 
questões colocadas pela realidade da época, mas, por ter sido um movimento de 
revisão interna, não foi realizado um nexo direto com outros debates, também 
relevantes, que buscavam a construção de práticas democráticas, como movimento 
pela reforma sanitária. Na nossa análise esses são os sinalizadores para o 
descompasso da profissão com a luta pela assistência pública na saúde. É impossível 
falar do Serviço Social sem se referenciar aos anos 80. Estes são fundamentais para 
o entendimento da profissão hoje. 
 
Bravo (2004) enfatiza ainda que no balanço geral do Serviço Social na área da 
saúde dos anos 80, mesmo com todas as lacunas no fazer profissional, observou-se 
uma mudança de posição com adoção de uma postura um pouco mais crítica dos 
profissionais com relação as atividades desenvolvidas nas unidades de saúde e tal 
reflexo pôde ser percebido nos trabalhos apresentados em Congressos da categoria 
e nos Congressos Brasileiros de Saúde Coletiva de 1985 e 1989. 
Todo histórico institucional do Serviço Social na área da saúde aliado a 
conjuntura ideológica do projeto neoliberal em implantação no país, trouxe 
consideráveis rebatimentos para o Serviço Social na área da saúde na década de 90, 
que passava a apresentar dois projetos políticos em disputa na área da saúde, o 
projeto privatista e o projeto da reforma sanitária e ambos apresentaram requisições 
diferentes para o Serviço Social. 
Segundo Bravo (2004) o projeto privatista requisitou e continua requisitando ao 
assistente social ações que seguem na contra mão da proposta da Reforma Sanitária, 
ou seja, os profissionais voltam a atuar realizando aconselhamento psicossocial, 
fiscalização de usuários, assistencialismo através da ideologia do favor e predomínio 
de abordagens individuais. Os assistentes sociais se vêem em meio a uma formação 
voltada para a equidade, justiça social e democracia, tendo que atuar em uma área, 
anteriormente marcada pela luta por equidade e universalidade no acesso e agora 
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SERVIÇO SOCIAL E SAÚDE 18 
 
 
 
transpassada por projetos diferentes, antagônicos e que disputam espaço dentro da 
política de saúde brasileira. 
 Esse cenário apresentado no início 
da década de 90 fez com que o Serviço 
Social assumisse algumas posturas 
diferenciadas dentro do cotidiano das 
unidades de saúde. Apesar das inúmeras 
publicações e discussões promovidas 
dentro dos espaços acadêmicos, a 
interlocução com o espaço prático de atuação profissional demonstrava pouca 
aproximação, o que favoreceu para que o desenvolvimento das atividades e ações 
profissionais, em muitas unidades de saúde, assumisse um caráter empírico, 
promovendo certa desqualificação da ação profissional e em muitos casos a 
dificuldade de identificação do papel profissional a ser desenvolvido pelo assistente 
social no espaço multidisciplinar da saúde. 
Os reflexos dessa dificuldade de identificação transparecem não só para os 
demais profissionais de saúde que atuam nas equipes multidisciplinares, mas também 
entre os próprios assistentes sociais, que manifestam suas incertezas com relação ao 
seu papel profissional em publicações que trazem à tona a dificuldade desses 
profissionais em entender qual o referencial teórico, metodológico e técnico deve ser 
adotado para a construção de uma atuação profissional que esteja comprometida com 
a ética e com as diretrizes de uma proposta democrática na saúde. 
As instituições demandam repostas emergenciais e a prática profissional acaba 
ganhando um caráter solidificado e enrijecido, sem uma articulação e uma avaliação 
crítica constante por parte dos próprios profissionais, para a reconstrução de suas 
práticas e a interlocução de seu fazer profissional dentro da saúde, baseado em 
referenciais teóricos não só da própria categoria, mas também do que está no pano 
de fundo da política pública de saúde brasileira, suas alterações, requisições, 
definições, etc. Segundo Iamamoto (2000: p.89): 
 
As constantes redefinições conformam mais uma “passagem da prática” do que 
uma prática cristalizada o que muitas vezes é vivido pela categoria como uma “crise 
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SERVIÇO SOCIAL E SAÚDE 19 
 
 
 
profissional”. Essa crise não é mais do que a expressão, na consciência de seus 
agentes, da temporalidade dessas práticas, da necessidade de redefinições. 
 
 Essa chamada “crise profissional” passou a ser reavaliada ao longo dos anos 
90 o que proporcionou aos dias atuais novas propostas de trabalho por parte dos 
assistentes sociais em diversas unidades de saúde. Os assistentes sociais voltaram 
a buscar qualificação profissional através dos cursos de especialização, extensão e 
supervisão. 
 No espaço da saúde em especial, os assistentes sociais têm buscado 
sobressair como profissional de saúde que tem sua formação voltada ao conceito 
ampliado de saúde, ou seja, à consciência que os fatores determinantes e 
condicionantes da saúde além de todo o escopo da política de saúde como política 
social pública, nada mais são do que instrumentos de trabalho para o assistente 
social. O conhecimento e a capacidade de manejo desses instrumentos fazem o 
diferencial para a atuação profissional do assistente social dentro de uma equipe 
multidisciplinar de saúde. 
 Como descreve Sarreta (2008), o Serviço Social se sobressai no endosso ao 
reconhecimento dos fatores determinantes e condicionantes das condições de saúde, 
para o enfrentamento das expressões da questão social. A profissão vem produzindo 
conhecimento e alternativas para enfrentar as dificuldades vivenciadas no cotidiano, 
provocando o alargamento do trabalho profissional, que, associada à produção de 
conhecimento e constante qualificação, tem ampliado a inserção do profissional na 
área da saúde. 
 O desafio atual para o Serviço Social passa pela construção de uma proposta 
crítica e criativa de trabalho que consiga conciliar o papel profissional dentro de uma 
equipe multidisciplinar, a conquista e ampliação do espaço profissional dentro das 
unidades de saúde sem perder de foco a busca constante pela consolidação da saúde 
como direito social de todo cidadão, tendo como norte o projeto ético político 
profissional e a base democrática de acesso universal igualitário, com equidade e 
justiça social proposto pela Reforma Sanitária. 
 
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SERVIÇO SOCIAL E SAÚDE 20 
 
 
 
Assistente social - profissional de saúde 
 
Um dos pontos que passaram a nortear o trabalho profissional do assistente 
social na saúde foi o Código de Ética Profissional aprovado em 1993. Tal código 
representou para aprofissão um projeto profissional, denominado pela categoria 
como projeto ético-político profissional, por ter sido construído e legitimado pelo 
debate profissional, contemplando o pluralismo como elemento fundamental tanto da 
sociedade quanto do exercício profissional. 
As proposições enunciadas no 
projeto ético-político do Serviço Social 
e materializadas no Código de Ética 
convergem e refletem o movimento de 
Reforma Sanitária Brasileira, visando 
efetivar a universalidade do acesso à 
saúde, por meio de políticas públicas 
efetivas, já que sua implementação 
destina-se a amenizar as diferenças e 
injustiças instaladas na sociedade e considerar mecanismos que permitam ampliar as 
possibilidades de acesso a bens e serviços produzidos. 
De acordo com Netto (2006), os valores, ideias, opções, éticas e políticas, que 
caracterizam o projeto ético-político do Serviço Social assinalam o compromisso com 
os interesses da classe trabalhadora brasileira, portanto, antagônico ao projeto 
defensor do neoliberalismo, que vem promovendo a redução de direitos sociais, a 
privatização do Estado, o sucateamento dos serviços públicos e a redução das 
políticas sociais. 
Ou seja, o projeto ético-político do Serviço Social tem relação direta com a 
proposta do ideário que orienta a Reforma Sanitária Brasileira e que sustenta a 
construção do Sistema Único de Saúde, que tem como referência central fortalecer a 
descentralização político-administrativa, a participação popular e a concepação 
integral de saúde, com o objetivo de superar o modelo curativo que visa atender 
exclusivamente os interesses e as demandas do mercado. 
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SERVIÇO SOCIAL E SAÚDE 21 
 
 
 
Para tanto, o movimento considera, nesse processo, as responsabilidades do 
Estado na implementação de políticas sociais e de ações intersetoriais, para o 
desenvolvimento de uma política de saúde que programe ações e medidas eficazes 
ao reduzir as desigualdades sociais na perspectiva de qualidade de vida. 
Para a implantação e desenvolvimento do Sistema Único de Saúde no país o 
papel da força de trabalho atuante nas unidades de saúde, bem como nos aparelhos 
de gestão e coordenação de programas e projetos de saúde pública, se tornou de 
grande relevância e cada profissional de saúde, com seu conhecimento técnico e 
político, passa a ter uma participação especial dentro do escopo da política de saúde 
pública no Brasil e, dentre eles, o assistente social. 
Segundo Bravo (2006), a implantação e desenvolvimento do SUS no país vem 
requerendo a atuação do assistente social no processo de (re)organização dos 
serviços, nas ações interdisciplinares e intersetoriais, no controle social, entre as 
demandas que expressam a abrangência do conceito de saúde vigente, 
especialmente nos municípios, onde se concretizam as ações e serviços de saúde, 
buscando fortalecer a perspectiva da universalização do acesso a bens e serviços 
relativos aos programas e políticas sociais. 
Visando atender as necessidades e demandas desse Sistema, a profissão vem 
produzindo conhecimentos e alternativas para enfrentar as dificuldades vivenciadas 
no cotidiano, provocando o alargamento da prática profissional, que, associado à 
produção de conhecimentos e à qualificação profissional, tem ampliado a inserção do 
assistente social na área da saúde e, ao mesmo tempo, vem legitimando o seu 
trabalho, ampliando as possibilidades de acesso e de inclusão social. 
O Serviço Social na área da saúde consegue se desatcar em relação aos 
demais profissionais de saúde por ter conhecimento teórico e técnico dos fatores 
condicionantes e determinantes da saúde da população. Dito de outra forma, ele é o 
profissional que tem em sua formação conhecimento sobre as demais políticas sociais 
públicas que precisam estar atreladas à política de saúde para dar conta de fatores 
como trabalho, renda, alimentação, moradia, educação, saneamento básico, 
assistência e o total acesso a bens e serviços essenciais à população que sofre as 
diversas expressões da questão social. 
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SERVIÇO SOCIAL E SAÚDE 22 
 
 
 
Para o reconhecimento das novas formas de produção e reprodução da 
questão social é necessário que o assistente social tenha como suporte a contribuição 
científica e o uso de teconologias em saúde que se apresentem como caminho para 
desenvolver o hábito da práxis, a leitura e a constatação empírico-teórica da realidade 
dos usuários que frenquentam diariamente as unidades de saúde pública em nosso 
país, bem como da própria sociedade. 
Dessa forma, o reconhecimento do Serviço Social como profissão da área da 
saúde vem se construindo através da inserção nas políticas e programas de saúde 
desde o seu surgimento, visto que esta relação é constitutiva na construção da 
identidade da profissão no país e fortalecida na defesa do SUS como política social 
pública que apresenta princípios semelhantes aos preconizados pelo Serviço Social. 
Este reconhecimento se deu também pelo Conselho Nacional de Saúde (CNS) 
que, através da Resolução de nº 218 de 3 de março de 1997, reafirmou o assistente 
social como profissional da saúde e delegou ao Conselho Federal de Serviço Social 
(CFESS) a sua caracterização. 
O Conselho Federal de Serviço Social, através da Resolução de nº 383 de 29 
de março de 1999, dispõe sobre as atribuições específicas do assistente social na 
área da saúde. Tal reconhecimento constitui um instrumento importante na construção 
de estratégias para o exercício profissional e na busca de alternativas visando ao 
atendimento das necessidades sociais apresentadas pelos usuários nos serviços de 
saúde. Essas atribuições ressaltam a perspectiva interdisciplinar para a atenção 
integral, juntamente com ações intersetoriais e comunitárias que se aproximem do 
cotidiano da população e ampliem o reconhecimento da realidade local e regional. 
Ao valorizar a perspectiva interdisciplinar, a fim de garantir a atenção a todas 
as necessidades da população usuária na mediação entre seus interesses e a 
prestação de serviços e, ao desenvolver as diversas atividades e ações na área da 
saúde – plantão, avaliação socioeconômica, assistência material, entrevista, trabalho 
com grupos, visitas domiciliares e outras, o Serviço Social contribui para um maior 
acesso da população ao Sistema Único de Saúde. Talvez esse seja um ponto 
demonstrado inclusive pela facilidade de acesso do usuário ao assistente social dentro 
das unidades de saúde, observado no acolhimento, na escuta diferenciada, na 
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SERVIÇO SOCIAL E SAÚDE 23 
 
 
 
divulgação e informação dos programas coordenados e desenvolvidos pelos 
profissionais de Serviço Social. 
redução do risco de doenças e de outros agravos e ao acesso universal e 
igualitário às ações e serviços para a promoção, proteção e recuperação da saúde; 
Considerando que, a partir da 8ª Conferência Nacional de Saúde, um novo conceito 
de saúde foi construído, ampliando a compreensão da relação saúde-doença, como 
decorrência das condições de vida e de trabalho; Considerando que a 10ª Conferência 
Nacional de Saúde reafirmou a necessidade de consolidar o Sistema Único de Saúde, 
com todos os seus princípios e objetivos; Considerando queas ações de saúde devem 
se dar na perspectiva interdisciplinar a fim de garantir a atenção a todas as 
necessidades da população usuária na mediação entre seus interesses e a prestação 
de serviços; Considerando que atribui-se ao assistente social, enquanto profissional 
de saúde, a intervenção junto aos fenômenos sócio-culturais e econômicos que 
reduzam a eficácia dos programas de prestação de serviços nos níveis de promoção, 
proteção e/ou recuperação da saúde; Considerando que o assistente social, em sua 
prática profissional contribui para o atendimento das demandas imediatas da 
população, além de facilitar o seu acesso às informações e ações educativas para 
que a saúde possa ser percebida como produto das condições gerais de vida e da 
dinâmica das relações sociais, econômicas e políticas do País; Considerando que, 
para a consolidação dos princípios e objetivos do Sistema Único de Saúde, é 
imprescindível a efetivação do Controle Social e o assistente social, com base no seu 
compromisso ético-político, tem focalizado suas atividades para uma ação técnico 
política que contribua para viabilizar a participação popular, a democratização das 
instituições, o fortalecimento dos Conselhos de Saúde e a ampliação dos direitos 
sociais; Considerando que o Conselho Nacional de Saúde, através da Resolução de 
nº 218 de 06 de março de 1997, reafirmou o assistente social, entre outras categorias 
de nível superior, como profissional de saúde; Considerando, ainda, que a antedita 
Resolução, em seu item II, delega aos Conselhos de Classe a caracterização como 
profissional de saúde, dentre outros, do assistente social; Considerando que o Serviço 
Social não é exclusivo da saúde, mas qualifica o profissional a atuar com competência 
nas diferentes dimensões da questão social no âmbito das políticas sociais, inclusive 
a saúde; Considerando a aprovação da presente Resolução pelo Plenário do 
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Conselho Federal de Serviço Social, em reunião ordinária realizada em 27 e 28 de 
março de 1999; Resolve: Art. 1º - Caracterizar o assistente social como profissional 
de saúde. Art. 2º - O assistente social atua no âmbito das políticas sociais e, nesta 
medida, não é um profissional exclusivamente da área da saúde, podendo estar 
inserido em outras áreas, dependendo do local onde atua e da natureza de suas 
funções. 
Outro aspecto que também pode ser observado no trabalho do assistente social 
dentro das unidades de saúde, embora esta não seja uma característica exclusiva 
deste profissional, é o desenvolvimento da capacidade de identificação das demandas 
no âmbito da saúde e de extrair destas demandas as reais necessidades sociais e de 
saúde, apontando a formulação e execução de políticas sociais, projetos e programas 
como um direito. 
Conforme já tratado, o movimento de contrareforma, que descontrói os direitos 
assegurados na legislação e reduz as políticas sociais no país, leva o Serviço Social 
a refletir e buscar novos caminhos para a conquista do direito universal e integral à 
saúde, do acesso e da qualidade do atendimento, orientado-se pelos princípios e 
diretrizes assinaladas. Ao imprimir uma postura investigativa no trabalho, o assistente 
social fortalece a atividade profissional, determinada e influenciada pela realidade 
social. Ao valorizar a atividade científica por meio da pesquisa, gera dados ligados às 
condições de vida da população, à reprodução das relações sociais e à 
implementação das políticas sociais. 
De acordo com Sarreta (2008), estes são procedimentos significativos no 
cotidiano, que se aperfeiçoam pela busca de conhecimento e de aprimoramento 
técnico-operativo e teórico-metodológico, com vistas ao fortalecimento do trabalho. 
São funções e respostas que a profissão vai desenvolvendo, em razão das 
necessidades apresentadas pela população, que acabam influenciando as demandas 
institucionais, bem como o papel da profissão na saúde, e que dá legitimidade para o 
projeto profissional, de busca da superação da situação atual. 
Sendo assim, o desempenho profissional, assim como os aportes teóricos, 
metodológicos e ideológico, está marcado pela busca de uma referência para 
subsidiar a análise da realidade, considerando a realidade brasileira e o contexto onde 
se gestam as políticas sociais no país, inclusive a saúde. Dessa forma, a 
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SERVIÇO SOCIAL E SAÚDE 25 
 
 
 
instrumentalidade construída pelo Serviço Social considera o movimento da realidade, 
dado através das condições para o desenvolvimento das capacidades profissionais. 
Para que o assistente social inserido na área da saúde consiga desenvolver 
seu trabalho voltado para a garantia de acesso aos usuários, bem como aliado a uma 
interação com os conhecimentos técnicos e teóricos dentro do espaço da saúde, 
tendo a política de saúde como seu instrumental de trabalho cotidiano, torna-se 
imprescindível o aprofundamento científico sobre os determinantes do trabalho 
profissional e dos instrumentos próprios da profissão. A busca pela autonomia no 
exercício profissional pode dimensionar o trabalho do assistente social no SUS, 
fazendo-o adotar atitudes no cotidiano para exercitar a prática contínua de 
documentação do trabalho, planejamento em equipe, visando ao desenvolvimento de 
ações e programas sempre voltados aos critérios de inclusão dos usuários no 
Sistema. 
Como diz Sarreta (2008, p. 38), a construção da práxis fundamentada a partir 
deste contato com a realidade social, suas contradições e possibilidades. Na dialética 
da práxis, o trabalho é influenciado pelo senso comum, com saber acrítico, imediatista, 
marcado pela falta de profundidade. É quando a ausência da revisão, com conteúdos 
teóricos em confronto com a prática, pode levar ao desprezo de instrumentos e 
técnicas apropriadas ao exercício profissional, produzindo um caráter assistencialista 
e empírico ao trabalho, distanciado-o dos critérios de cientificidade da ação 
profissional. 
Em tempo de desconstrução de direitos sociais, onde os relfexos da política 
neoliberal e sua sistemática de privatização dos serviços públicos vai aos poucos se 
aprofundando dentro das unidades de saúde pública no país, ao assistente social na 
área da saúde, aqui considerado como um profissional que tem o papel de trabalhar 
com os usuários o conhecimento e a consciência crítica de seus direitos como usuário 
da saúde pública, resta a busca incessante por um exercício profissional 
fundamentado na persectiva de direitos sociais coletivos, que envolvam uma 
dimensão política, ética e técnica, na busca de alternativas que contribuam com o 
processo de democratização dos serviços públicos de saúde. 
 
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SERVIÇO SOCIAL E SAÚDE 26 
 
 
 
Trabalhando direitos 
 
 Como dito, a saúde recebeu todos os 
impactos resultantes da implementação de uma 
política de corte neoliberal, que passou a conceber 
a ideia de um Estado mínimo para os pobres e 
máximo para o capital, onde as políticas sociais 
públicas poderiam ser executadas por organizações 
sociais, visando a saída “de cena” do Estado com o 
comprometimento com o cidadão na garantia de 
direitos, em geral, e da saúde como direito social, em particular. 
Conforme apontado por Behring e Boschetti (2010), no âmbito das políticas 
sociais públicas, a saúde foi a política que mais diretamente recebeu os impactosde 
uma transformação que influenciou diretamente a execução de suas atividades e da 
chamada “privatização branca”, que passou a influenciar diretamente os serviços de 
saúde, não só com o gerenciamento de unidades, mas, também, com os 
procedimentos, serviços e mão de obra qualificada em saúde. 
As unidades de saúde passaram a contar com alguns serviços executados por 
empresas terceirizadas como, por exemplo, laboratórios de análise clínicas, exames 
de imagens e até mesmo procedimentos de média complexidade7 utilizados em 
investigação diagnóstica. 
No contexto da “privatização branca” um dos fatores que acabam influenciando 
diretamente a qualidade da prestação dos serviços de saúde se dá pela terceirização 
da mão de obra qualificada. Contratos de trabalho precários, que são utilizados pelas 
organizações de saúde para suprir os quadros de profissionais que na maioria das 
unidades de saúde pública no Brasil, encontram-se defasado, seja pela ausência de 
concursos públicos, seja pelo envelhecimento do quadro. 
Em muitas unidades de saúde do país, inúmeros profissionais chegam ao seu 
tempo de aposentadoria e não há realização de concursos públicos periódicos de 
forma a repor essa força de trabalho, antes da necessidade em alta escala. Ou seja, 
as unidades vão se esvaziando e a emergência em suprir as necessidades de 
reposição de profissionais que compõem as equipes de saúde torna-se o elemento 
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SERVIÇO SOCIAL E SAÚDE 27 
 
 
 
principal para contratações temporárias de médicos, enfermeiros, psicólogos, 
assistentes sociais e tantos outros profissionais de saúde. 
Essas contratações apresentam características negativas para a continuidade 
e efetividade dos serviços, pois geralmente os contratos apresentam tempo definido 
e pré-estabelecido, baixa remuneração, nenhuma cobertura previdenciária e sem as 
prerrogativas previstas pela CLT. 
Atualmente, no Rio de Janeiro, uma das organizações que mais representa o 
quadro da terceirização de profissionais de saúde é o IABAS9, que trabalha com a 
contratação de profissionais de todas as especialidades em saúde. 
A contratação precária faz com que a rotatividade de profissionais seja um dos 
pontos mais vulneráveis na prestação do serviço. Os profissionais acabam não tendo 
um vínculo adequado com o serviço e, consequentemente, com os usuários daquele 
serviço. Os contratos acabam se tornando uma renda extra para o profissional, ou 
uma saída emergencial até que ele consiga uma oportunidade melhor de trabalho. 
Outro ponto importante é a descontinuidade de projetos e programas, que, por 
falta de profissionais ou pela rotatividade dos profissionais, são extintos ou 
interrompidos por longos períodos, o que leva à dificuldade de adesão ao tratamento 
clínico indicado, por falta de identificação e até mesmo confiança dos usuários com o 
trabalho que está sendo desenvolvido. 
Essa falta de adesão gera outro complicador para as unidades de saúde, o 
deslocamento dos usuários no espaço programático de atendimento, gerando 
superlotação de algumas unidades que acabam dispondo de mais serviços e 
especialidades de saúde. 
Em se tratando do Serviço Social, as contratações de assistentes sociais 
seguem a mesma realidade. Os profissionais que têm como foco principal nas equipes 
multidisciplinares de saúde trabalhar a questão do direito social à saúde e a 
interlocução da saúde com as demais políticas sociais públicas, acabam tornando-se 
vulneráveis a esse mesmo sucateamento que atinge os usuários que ele diariamente 
atende. 
Através da abordagem realizada, é possível identificar como esse espaço sofre 
a influência direta da terceirização de serviços e de profissionais de saúde, e de como 
essa terceirização influencia diretamente o trabalho desenvolvido pelo assistente 
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SERVIÇO SOCIAL E SAÚDE 28 
 
 
 
social e, principalmente, como essa terceirização, em um hospital universitário que 
desenvolve pesquisa e extensão, afeta diretamente o usuário e, consequentemente, 
altera e atinge o princípio fundamental da saúde pública: acesso universal e igualitário 
aos usuários dos serviços. 
 
 O SERVIÇO SOCIAL NA POLITICA DE SAÚDE BRASILEIRA 
 
No Brasil, assim como em outros países da América Latina, o Serviço Social 
teve a sua gênese vinculada a caridade e a filantropia praticadas pela Igreja Católica, 
por meio da influência do Serviço Social Europeu e Norte Americano. Segundo Silva 
e Silva (2007), a vinculação do Serviço Social com a Igreja Católica, se deu através 
de uma série de exigências societárias que requisitavam para ordem e manutenção 
do capital o desenvolvimento de uma política de assistência vinculada às 
organizações representativas do proletariado, por intermédio da moral cristã da Igreja 
Católica. 
Assim sendo, o Serviço Social é uma profissão que surgiu na sociedade para 
atender as necessidades societárias expressas pela ordem do capital. Isto é, se 
inseriu no processo das relações sociais, como auxiliar e subsidiária no controle da 
sociedade e na difusão da ideologia dominante entre a classe trabalhadora, intervindo 
na sociedade por meio de serviços sociais que criavam as condições favoráveis a 
reprodução da força de trabalho (Silva e Silva, 2007). 
Nesse sentido, Netto (2011) comenta 
que o Serviço Social tem suas conexões 
genéticas no bojo do capitalismo 
monopolista quando a relação capital x 
trabalhado intensificou suas contradições e 
aguçou a questão social. Para o citado 
autor, o capitalismo monopolista recolocou 
em patamar mais alto o sistema totalizante 
das contradições que confere à ordem 
burguesa os seus traços basilares de exploração, alienação e transitoriedade 
histórica. 
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Destarte, Bravo e Matos (2006) pontuam que o surgimento e desenvolvimento 
do Serviço Social no período de 1930 a 1960 e a ação profissional na área da saúde 
datam algumas significativas evidências. Segundo os autores a conjuntura de 1930 e 
1945 caracteriza o surgimento da profissão no Brasil e devido às exigências e 
necessidades no panorama internacional, em função do término da Segunda Guerra 
Mundial, a ação profissional na saúde também se amplia. 
 Assim, além das condições gerais que determinaram a ampliação profissional 
nesta conjuntura, o “novo” conceito de Saúde, elaborado em 1948, enfocando os 
aspectos biopsicossociais, determinou a requisição de outros profissionais para atuar 
no setor, entre eles o assistente social. Este conceito surge de organismos 
internacionais, vinculado ao agravamento das condições de saúde da população, 
principalmente dos países periféricos, e teve diversos desdobramentos. Um deles foi 
a ênfase no trabalho em equipe multidisciplinar – solução racionalizadora encontrada 
– que permitiu: suprir a falta de profissionais com a utilização de pessoal auxiliar em 
diversos níveis; ampliar a abordagem em Saúde, introduzindo conteúdos 
preventivistas e educativos; e criar programas prioritários com segmentos da 
população, dada a inviabilidade de universalizar a atenção médica e social. (BRAVO, 
MATOS, 2006, p. 28-29). 
Portanto, o trabalho do/a Assistente Social na saúde foi marcado pelo 
desenvolvimento de uma prática educativa voltada para higiene social, além de lidar 
com a contradição entre a demanda e o seu caráter excludente e seletivo. Nesse 
momento,pois, os/as Assistentes Sociais atuavam em hospitais com a função de 
colocar-se entre a instituição e a população a fim de viabilizar o acesso dos usuários 
aos serviços e benefícios, de modo que suas ações eram: plantão, triagem ou seleção, 
encaminhamento, concessão de benefícios e orientação previdenciária. 
De acordo com Lessa (2011, p. 80-81), na divisão social e técnica do trabalho 
em saúde, o Serviço Social emerge como uma profissão paramédica, isto é, 
subsidiária à ação médica num contexto de ascensão do saber clinico e do hospital 
contemporâneo. Período, portanto, “em que o hospital se volta definitivamente para a 
cura, integrando o saber médico, que passa a valorizar o meio como elemento 
fundamental da terapêutica”. 
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SERVIÇO SOCIAL E SAÚDE 30 
 
 
 
No Serviço Social norte-americano foi preponderante esta característica, pois, 
a função do assistente social era, assim, auxiliar o médico e suas atribuições, 
determinadas por este profissional. Durante esse período, a influência do serviço 
social norte-americano foi preponderante, sendo a sua função balizada pelos da 
American Association of Social Work, por sua vez articulada à American Hospital 
Association ( BEROZOVSKY, 1977, p.5 APUD LESSA, 2011, p.81) 
No Brasil, o grande salto da inserção do/a Assistente Social na área da saúde 
ocorreu na década de 1960 quando houve a unificação dos institutos de pensão (IAP), 
com a criação do Instituto Nacional de Previdência Social (INPS). Nesse momento , 
segundo Lessa (2011), se verificou o aumento dos postos de trabalho no complexo 
médico assistencial previdenciário, que passou a ser o maior empregador na área da 
saúde. 
Nos anos de 1960 alguns/ algumas Assistentes Sociais começaram a 
questionar o bloco hegemônico conservador que impulsionava o conservadorismo 
profissional. Este fato não ocorreu de forma isolada, mas com o respaldo das questões 
levantadas pelas ciências sociais e humanas na época. 
Desta forma, Bravo e Matos (2006) elucidam que a modernização 
conservadora implantada no país na década de 1960 exigiu a renovação do Serviço 
Social, face às estratégias de controle e repressão da classe trabalhadora efetivadas 
pelo Estado e pelo grande capital, bem como para o atendimento das novas 
demandas submetidas à racionalidade burocrática. 
Logo, nesse momento, o Serviço Social na saúde vai receber as influências da 
modernização que se operou no âmbito das políticas sociais, sedimentando sua ação 
na prática curativa, principalmente na assistência médica previdenciária-maior 
empregador dos profissionais. Foram enfatizadas técnicas de intervenção, a 
burocratização das atividades, a psicologização das relações sociais e a concessão 
de benefícios. (BRAVO; MATOS, 2006, p.31) 
Segundo Netto (2011), nesse período o trabalho profissional do/a Assistente 
Social foi orientado pela vertente modernizadora, de modo a trazer grandes impasses 
teóricometodológicos, ético-políticos e técnico-operativos para a produção do 
conhecimento, para a prática profissional e para a ação política da profissão, à medida 
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SERVIÇO SOCIAL E SAÚDE 31 
 
 
 
que essa vertente não possibilitava que o/a (s) profissionais rompessem com o 
conservadorismo profissional. 
Para Lessa (2011, p. 82), o serviço social se ampliou quantitativamente como 
profissão da saúde, portanto, dentro do núcleo de execução do modelo assistencial 
médico, curativo e hospitalocêntico da previdência social, que reproduzia a lógico 
burocrático-centralizada das políticas públicas à época. O profissional se posicionava 
majoritariamente, nesse contexto, como um ‘executor terminal’ de programas e 
projetos subsidiários da atenção individual-curativa, definidos pelas instâncias das 
instituições previdenciárias. 
Segundo a autora acima referida, a partir dos anos de 1970 e início dos anos 
de 1980 ocorreram profundas modificações no cenário político-sanitário brasileiro, 
com o processo de democratização política do país, a crise fiscal do Estado, a falência 
do modelo de atenção à saúde anterior (medico-privatista) e a ascensão de novos 
atores sociais no cenário político nacional. 
Bravo e Matos (2006) ressaltam que a década de 1980 foi um período de 
grande mobilização política, como também de aprofundamento da crise econômica 
que se evidenciou na ditadura militar. 
Assim, Lessa (2011) elucida que as modificações operadas entre as décadas 
de 1970 e 1980 no cenário brasileiro gerou as condições propicias para emergência 
do Movimento de Reforma Sanitária, o qual propunha mudanças no conceito de 
saúde ( determinantes sociais, históricos e econômicos), na forma de organização dos 
serviços (universalidade, equidade e descentralização) e no fazer ético-político dos 
profissionais, buscando redesenhar o processo de participação social nas decisões 
sobre o sistema de saúde. 
Nessa mesma direção, Soares (2014) comenta que com a crise do regime 
ditatorial e a mobilização dos trabalhadores da saúde, junto com demais organizações 
dos movimentos popular e sindical, em torno de um projeto de reforma sanitária, foi 
possível incorporar na Constituição Federal de 1988 um novo projeto de saúde pública 
universal e democrático, ou seja, o Sistema Único de Saúde (SUS). Sistema este que 
foi deflagrado na Constituição Federal de 1988, materializando-se através da Lei 
Orgânica da Saúde de 1990, a qual é constituída pelas leis 8080/90 e 1.142/90. A lei 
8080/90 dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da 
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SERVIÇO SOCIAL E SAÚDE 32 
 
 
 
saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes. A lei 1.142/90 
dispõe sobre a participação da comunidade na gestão do SUS e sobre as 
transferências intergovernamentais de recursos financeiros na área da saúde. 
Entretanto, é evidente que esta conquista não foi fácil, visto que, durante o 
processo que levou a ela, foi visível a polarização da discussão da saúde em dois 
blocos antagônicos: um formado pela Federação Brasileira de Hospitais (FBH) e pela 
Associação das Indústrias Farmacêuticas (internacionais), que defendia a 
privatização dos serviços de saúde, e outro denominado Plenária Nacional de Saúde, 
que defendia os ideais da Reforma Sanitária, que podem ser resumidos como : a 
democratização do acesso, a universalidade das ações e a descentralização com o 
controle social. A premissa básica é a compreensão de que a saúde é um direito de 
todos e um dever do Estado. (BRAVO, MATOS, 2006, p.33) 
Desta feita, observa-se que a criação do SUS foi uma conquista em meio à 
batalha entre dois projetos antagônicos que disputavam o mesmo espaço, além de 
possibilitar o processo de ampliação dos postos de trabalho para o/a(s) Assistentes 
Sociais e criar mecanismos para uma atuação profissional crítica, pautada em valores 
humanitários como a equidade, justiça social e igualdade. 
Destarte, Lessa (2011) explica que as interrrelações pessoais que são 
estabelecidas no campo da saúde pública mediatizam um processo político que, em 
geral, leva à suspensão da condição de cidadão dos chamados “pacientes”, e por 
esse motivo eles precisam ser objeto de reflexão do Serviço Social. 
Segundo a autora acima citada, prudente seria relativizar certas categorizações 
sobre o trabalho do Serviço Social uma vez que a humanização das relações 
interpessoais, assim como a circulaçãode conhecimentos sobre direitos 
previdenciários e trabalhistas, ajuda supletiva e de cidadania que marcam a vertente 
tradicional da profissão no campo da saúde, podem assumir dimensões políticas, 
onde o respeito à condição de sujeito dos usuários dos serviços públicos de saúde é 
o foco. 
Assim, é importante pontuarmos que as possibilidades criadas pela instauração 
do SUS para uma prática crítica do Serviço Social também advém da maturidade 
alcançada pela profissão no início dos anos de 1990 com a elaboração do seu projeto 
ético- político e do seu Código de Ética de 1993, ao passo que este tem o 
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reconhecimento da liberdade como seu valor ético central e das demandas políticas 
a ela inerentes- autonomia, emancipação e plena expansão dos indivíduos sociais, 
conforme Barroco, Terra e CFESS (2012). 
No entanto, [...] a contrarreforma interrompeu o início da implementação do 
SUS conforme seu marco legal original, posto na Constituição de 1988 e nas leis 
8080/90 e 1.142/90. De forma mais sistemática a partir do Governo Fernando 
Henrique Cardoso- FHC e, posteriormente, qualitativamente superior no Governo Lula 
e com a continuidade no de Dilma Rousseff, a contrarreforma vem sendo estruturada. 
(SOARES, 2014, p.2014) 
 Lessa ( 2011) expõe que durante toda a década de 1990 viveu-se sob forte 
tensão de projetos distintos para a saúde: de uma lado, o projeto que emergiu do 
Movimento de Reforma Sanitária, o qual propugna a construção de uma modelo de 
atenção público, universal e equânime -o SUS-, e do outro, o projeto de 
mercantilização da saúde, que devido a tensão do capital em tratar a saúde como uma 
mercadoria faz com que a política de saúde assuma nuances variadas e complexas. 
 Soares (2014) elucida que na entrada dos anos 2000 alguns elementos podem 
ser destacados , tais como o alto índice de aprovação do governo Lula, o que lhe 
conferiu grande margem de ação e legitimidade social, intenso movimento de 
transformismo das lideranças dos trabalhadores que passaram a defender projetos 
alinhados ao neoliberalismo e aos interesses econômicos do grande capital nacional 
e internacional, continuidade da política econômica conservadora, centralidade da 
política de assistência- principalmente de transferência de renda- e políticas sociais 
com enfoque assistencial, precarizado e fragmentado. 
No governo Lula se corporificou um novo projeto que se relacionou 
umbilicalmente ao projeto privatista: o projeto SUS possível, defendido pelas antigas 
lideranças do Movimento de Reforma Sanitária, flexibilizando os princípios político-
emancipatórios que orientam sua racionalidade, em nome da modernização e 
aperfeiçoamento do SUS. 
Assim, para Soares (2014, p. 208), essas atuais configurações têm impacto 
nas práticas sociais da saúde pública, incluindo as do assistente social, seja porque 
inserem novos elementos e instrumentos de gestão no espaço das unidades de 
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saúde, ou porque reiteram velhas práticas não superadas e reprodutoras do modelo 
de atenção à saúde prioritariamente assistencial, curativo e individualista. 
 Nesse sentido Lessa ( 2011) ressalta que as transformações nas últimas 
décadas têm levado a significativas mudanças na prática do/a (s) Assistentes Sociais 
na área da saúde, fazendo-os assumir novas posturas. Ou seja, 
Hoje, vive-se um momento em que novas e velhas posturas e práticas dos 
profissionais convivem cotidianamente. Muitas das atividades do serviço social 
passaram a ter novas funções dentro do sistema ( refuncionalização das tradicionais 
práticas do serviço social), colaborando para implementação do SUS. Outras ações 
tradicionais permanecem reforçando elementos do modelo anterior que ainda não foi 
superado, como a lógica hospitalocêntrica. (LESSA, 2011, p. 88) 
Logo, o trabalho do/a Assistente Social nos dias atuais tem sido marcado por 
constantes desafios, limites e algumas possibilidades para o exercício de uma prática 
crítica, ao passo que ao mesmo tempo que há uma ampliação dos espaços sócio 
ocupacionais e uma mudança significativa na concepção de saúde, a terceirização, 
privatização e as parcerias público-privadas tem tornado a saúde uma mercadoria de 
modo que flexibiliza os vínculos empregatícios e assim diminui a autonomia 
profissional das profissões. 
 
A PRÁTICA PROFISSIONAL DO ASSISTENTE SOCIAL NA ÀREA DE 
SAÚDE 
 
 A prática do Serviço Social na saúde configura-se a partir de determinações 
históricas postas pelo processo de desenvolvimento da política de saúde no país, 
subordinando-se, sobretudo, à formação socioeconômica brasileira e, por 
conseguinte, a natureza e a forma de organização da sociedade e dos serviços 
sociais. 
Nessa perspectiva, o formato e a qualidade assumida pelas ações dos 
Assistentes Sociais são dados, sobremaneira, pelas condições objetivas postas no 
campo institucional da saúde, no qual os profissionais estão inseridos. Diante dessa 
relação de determinação não somente da prática institucional, mas, principalmente, 
da política de saúde, que, por sua vez, direciona as condições de funcionamento da 
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SERVIÇO SOCIAL E SAÚDE 35 
 
 
 
instituição, o assistente social desenvolve a sua prática dentro de uma série de 
limitações e dificuldades procurando compreender as correlações de forças existentes 
no contexto institucional, e a partir daí traçar estratégias mediadoras de intervenção 
norteadas no projeto ético-político profissional. 
Desse modo, na contemporaneidade a prática profissional do Assistente Social 
se depara com crescentes desafios e dificuldades em decorrência do 
descompromisso dos gestores no tocante a efetivação dos direitos assegurados pela 
Constituição Federal de 1988, mas não efetivados na íntegra. Enquanto reflexo desse 
cenário, a política de saúde vem sendo penalizada devido aos precários investimentos 
para a sua operacionalização, situação a qual recai diretamente na saúde da 
população que passa a padecer solicitando serviços que deveriam ser fornecidos. 
Toda essa situação rebate na prática desenvolvida pelos profissionais de 
Serviço Social que, diante de todas essas dificuldades postas e impostas pela política 
de saúde, têm o desafio de criar estratégias de intervenção capazes de atender as 
necessidades apresentadas pela população usuária, ao mesmo tempo em que 
identifica as dificuldades existentes. 
 
 
 
 
 
 
 
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Acrescente em seu estudo: 
Debate: O processo de trabalho do/a assistente social 
na Saúde 
 
Assista ao vídeo através do link: 
https://www.youtube.com/watch?v=DYm91rm4muw 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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REFERENCIAL 
 
BEHRING, E. R.; BOSCHETI, I. Política Social: fundamentos e história. 4. Ed. São 
Paulo: Cortez, 2008. Biblioteca Básica de Serviço Social, v.2. 
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Diário Oficial da 
União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 5 out. 1988. Disponível em 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>

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