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MORMO (zoonose) Doença piogranulomatosa; caracterizada por lesões respiratórias, linfáticas e cutâneas em equídeos. Antigamente era considerada uma doença exótica, portanto, não havia controle e profilaxia; todavia, houve disseminação da doença no território, necessitando assim de medidas. ETIOLOGIA GÊNERO: Burkholderiaceae FAMÍLIA: Burkholderia mallei Trata-se de uma infecção bacteriana, causada pela bactéria B. Mallei que é um coco bacilo GRAM NEGATIVO, sem flagelos (imóvel). Fatores de virulência: intracelular facultativo, presença de lipopolissacarídeos e endotoxinas na parede celular, que produzem exotoxinas. A cápsula polissacarídica é essencial à virulência em algumas espécies. EPIDEMIOLOGIA Equídeos são mais suscetíveis, todavia, ovinos, caprinos, cães, gatos e humanos também podem ser infectados. Muares e asininos são mais predispostos que equinos, possivelmente por maior negligenciação no manejo e sanidade desses animais. Locais de aglomeração (hipismo,por exemplo) são fatores de risco para a disseminação da doença. Ainda, condições impróprias de higiene em criatórios de animais, bem como presença de parasitismo, são fatores de risco. A transmissão ocorre principalmente por via digestiva (equídeos), mas via respiratória também. Secreções de animais doentes (principalmente subclínica) eliminam a bactéria constantemente em secreções nasais purulentas, por aerossóis, lesões cutâneas e linfáticas. A disseminação da bactéria no ambiente ocorre por alimento, água, fômites e utensílios contaminados e compartilhados coletivamente. A morbidade da doença é variável, todavia, a letalidade é bastante significativa; principalmente em animais velhos/idosos. Animais convalescentes (em processo de recuperação gradual), podem se tornar portadores e perpetuam a doença. PATOGENIA O microrganismo penetra principalmente por via oral, via alimentos e água contaminados. A bactéria chega aos linfonodos, dissemina-se via linfática e circulatória, causando septicemia. Vários órgãos do corpo ficam inflamados com lesões piogranulomatosa/ purulenta. Infecção por via oral pode causar também úlceras bucais. Em equídeos, as manifestações clínicas ocorrem muito no aparelho respiratório. Lesões cutâneas e secreções respiratórias, supuração e rompimento de abcessos cutâneos são potentes disseminadores do microrganismo. Em alguns casos pode haver cura do quadro agudo, que persiste manifestando-se de forma crônica, que permanecerão disseminando o microrganismo no plantel. Muitos podem ser infectados e não manifestarem clinicamente a doença, permanecendo infectando o plantel. Em animais sobreviventes (manifestação aguda), observa-se cicatrizes em formato de estrela em mucosa oral e nasal ou na pele. CLÍNICA Os sinais clínicos de mormo não são específicos, portanto é difícil diagnosticas apenas com exame clínico. O período de incubação é variável, podendo durar poucas semanas ou meses. A doença pode desenvolver-se de forma aguda, hiperaguda e crônica. Hiperaguda: incomum; animal morre em até 72 horas após manifestações de sinais clínicos. Aguda: animais evoluem a óbito em 2 semanas ou mais após manifestações clínicas. Crônica: animais que evoluem para manifestação crônica podem permanecer infectando o plantel por vários anos; pode manifestar de forma assintomática ou com sinais mais brandos (febre, inapetência, infecções respiratórias). Muares e asininos geralmente apresentam manifestações hiperaguda e aguda da doença, comumente letais (pode evoluir para crônica). Apresenta-se de forma mais grave em muares. O mormo pode se manifestar de 3 formas, que podem ocorrer de forma associada ou separada. CUTÂNEA: múltiplos abcessos e úlceras na pele; podem drenar secreções serosas e purulentas, resultando em áreas alopécicas. Pode-se observar em alguns animais, cicatrizes em formato de estrela. Lesões em forma de rosário, devido à linfangite, onde os vasos linfáticos ficam enfartados. PULMONAR: febre, tosse, respiração ruidosa, inapetência, dispneia, emagrecimento e queda progressiva na força de trabalho. Alta letalidade em equídeos está relacionada ao desenvolvimento pulmonar da doença. NASAL: animais manifestam secreção nasal purulenta e espessa, podendo haver estrias de sangue. Secreção ocular purulenta, linfadenite e dispneia. Pode haver formação de ulceras. Sinais de intenso processo inflamatório no local, com pus, hemorragias e necrose de mucosas e septo nasal (podendo causar perfuração). Obs.: podem haver edema na região de abdome e prepúcio. DIAGNÓSTICO O diagnóstico clínico-epidemiológico não é eficiente, deve ser associado à técnicas laboratoriais de confirmação. NÃO EXISTEM TESTES CONFIRMATÓRIOS, SOMENTE COMPLEMENTARES. Testes de triagem – fixação do complemento e ELISA. Complementares – western blotting (WB) e teste da maleína. Obs.: em animais menores de 6 meses é feito o teste da maleína. FIXAÇÃO DO COMPLEMENTO: método de rotina e triagem; alta sensibilidade e boa especificidade. Deve ser realizado em laboratório oficial e cadastrado; e a coleta feita por médico veterinário cadastrado no INDEA. Obs.: se teste do animal for positivo em fixação do complemento e houver sintomas, deve haver sacrifício de animais adultos. Testes inconclusivos devem ser realizados pelo método da maleinização. ELISA: sensibilidade semelhante à fixação do complemento. Boa especificidade. WESTERN BLOTTING: alta sensibilidade e especificidade. Detecta proteínas do patógeno, baseado na ligação de anticorpos específicos em proteínas imobilizadas dobre a membrana. Detecta situações crônicas e sem sinais aparentes. TESTE DA MALEINIZAÇÃO: teste confirmatório. Alta especificidade (poucas reações falso-positivas) e baixa sensibilidade (risco de falsos- negativos). Somente é realizado por médicos veterinários oficiais do estado ou do serviço de defesa sanitária (MAPA). Realizado principalmente em equídeos positivos em fixação do complemento, sem manifestações clínicas. O princípio do teste é baseado na estimulação de células de memória (linfócitos T), que resultarão em hipersensibilidade local quando aplicado o antígeno. O antígeno da maleína é composto de PPD (composto proteico purificado) de Burkholderia mallei inativado pelo calor. O teste é realizado com a aplicação intradérmica de 0,1 ml de PPD de B. Mallei na pálpebra inferior; em 48 horas realiza-se a leitura do teste. POSITIVO: aumento da temperatura, edema na região de aplicação, fotossensibilidade e conjuntivite com ou sem secreção purulenta. NEGATIVO: sem manifestação significativa; recebe certificado por 120 dias, não podendo realizar o teste novamente nesse período. Obs.: somente 1 prova de maleinização é necessária para determinar animal positivo ou negativo. PROFILAXIA E CONTROLE MEDIDAS GERAIS: evitar aglomeração de animais, uso de cochos e bebedouros coletivos e treinamento excessivo de animais, principalmente idosos ou malnutridos. Alimentação e higiene adequada. Quarentena para animais recém inseridos no plantel ou que retornaram de competições ou exposições. Desinfecção das instalações e utensílios (hipoclorito, iodo). Emissão de GTA. MEDIDAS ESPECÍFICAS: realização periódica de testes de rotina e confirmatórios, para transporte dos animais; ainda, erradicação dos focos da doença. NÃO HÁ VACINA e NÃO HÁ TRATAMENTO. Interdição de propriedades com focospositivos e sacrifício imediato em animais positivos. Emissão de GTA somente para animais negativados nos testes. Obs.: antigamente, não havia obrigatoriedade de diagnóstico e sacrifício; no entanto, com a ocorrência de novos surtos, foi preciso estabelecer métodos de controle.
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