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Assistência ao Trabalho de Parto

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XXV MED UEA 
GINECOLOGIA & OBSTETRÍCIA 
Assistência ao Trabalho de Parto 
Prof. Fernandes, transcrição por Alcemir Jr. 
1. INTRODUÇÃO 
Assistência ao trabalho de parto não diz respeito a mecanismos, mas sim de características clínicas. Quando uma 
paciente chega na maternidade, como diagnosticar um trabalho de parto e quando internar? O que é necessário ficar 
atento desde o trabalho de parto até o puerpério? A assistência ao parto deve abranger todos tempos do trabalho de 
parto1 para assegurar o bem-estar do binômio mãe -feto. 
 
2. DIAGNÓSTICO DO TRABALHO DE PARTO 
Antes de qualquer procedimento, é preciso dar o diagnóstico do trabalho de parto no momento em que a gestante 
dá entrada na maternidade, visto que é impossível internar toda e qualquer gestante que apresente dor, dada a grande 
demanda e falta de recursos suficientes, como leitos. Logo, é preciso realizar uma triagem para definir qual a paciente 
que já está apta a ficar em regime de internação na maternidade. 
“Não é apenas chegar e dizer – olha, estourou a bolsa, mas você não está com dilatação, vá para casa – tem que 
ter bom senso” 
Em um trabalho de parto franco é necessário a presença de: 
• Contrações uterinas: contrações uterinas regulares com duas ou mais contrações entre três a cinco 
minutos com duração de pelo menos 40 a 50 segundos. Devem eficazes na dilatação do colo2. Se as 
contrações forem de baixa intensidade o colo não irá dilatar – essas contrações fracas, de baixa 
intensidade e menos frequentes acontecem a partir do sétimo mês e são chamadas de contrações de 
Braxton Hicks3. 
• Dilatação do colo uterino: três ou mais centímetros de dilatação; 
 
 
1 O trabalho de parto é dividido em dilatação, expulsão, dequitação e quarto período (puerpério imediato, período de 
Greenberg, primeira hora pós-parto). 
2 A contrações tem o objetivo de dilatar o colo, impulsionar o objeto a passar pelo trajeto. 
3 Professor diz que as contrações de Braxton Hicks são para a paciente ir se acostumando para quando chegar na hora do parto. 
O parto deve ser dividido em períodos clínicos, pois em cada período possui características especiais que devem 
ser observadas em sua assistência. Não confundir períodos clínicos com mecanismos de parto: o primeiro estuda 
as alterações maternas que ocorrem durante o trabalho de parto, medidas de diagnóstico e conduta em cada fase 
do parto; o segundo estuda os fenômenos mecânicos do nascimento. 
 
• Perdas vaginas: perda de tampão mucoso – Dr. estou com dor, minha barriga endurece e saiu catarro 
ontem; Dr. eu vim aqui porque está sangrando; Dr. não estou com contração, não tenho dilatação, mas 
estou perdendo água, molha o chão, pinga, escorre pela minha perna. Provavelmente essas pacientes 
tenham tido uma rotura de membrana amniótica4. É exceção da situação. Paciente com perda de líquido 
ou rotura de membrana estando ou não com dilatação e/ou contração não irá embora, fica internada. 
Essa barreia amniótica protegia o feto do contato com a flora vaginal, sem essa proteção, a flora vaginal 
pode ascender e infectar material placentário, o feto e mãe. Quando mais tempo passar com a bolsa rota, 
maior risco de infecção. 
 
3. PERÍODOS CLÍNICOS DO PARTO 
 
É composto por dilatação, expulsão, secundamento, primeira hora pós-parto. 
• DILATAÇÃO: 
Com o tempo as contrações de Braxton Hicks ficam mais fortes. O parto tem início com o início da dilatação uterina. 
Conforme se tem força contrátil empurrando o feto contra o colo uterino, este começa a se dilatar, sendo um dos 
objetivos da contração. No primeiro tempo do trabalho de parto, ocorre inicialmente esvaecimento/ apagamento do 
colo uterino. O colo de útero tem a conformação de um cilindro, portanto, possui comprimento e diâmetro. Na base 
desse cilindro, seria o local de ocorrência da dilatação do colo uterino. Sendo assim, o esvaecimento/apagamento se 
refere à diminuição do comprimento do colo uterino e a dilatação somente tem início após o colo ser apagado. Essas 
condições se dão de forma distinta na primípara e na multípara. 
Exemplo: ocorre inicialmente o esvaecimento e enquanto o feto desce, o comprimento diminui, mas não dilata. 
Primeiro esvaece e depois dilata. Isso só acontece em gestantes primíparas - que estão experimentando o parto pela 
primeira vez. 
DILATAÇÃO EM PRIMÍPARA x DILATAÇÃO EM MULTÍPARA 
Dilatação em primípara – A gestante primípara possui maior comprimento de colo, que vai diminuindo com a 
evolução do trabalho de parto até sumir, o denominado apagamento do colo. Após ocorrer o apagamento, inicia-se a 
dilatação deste. Portanto, o tempo de esvaecimento e dilatação é sempre maior na primípara – o comprimento diminui 
e depois ocorre a dilatação. Primeiro apaga – esvaecer – para depois dilatar. 
Dilatação em multípara – Na gestante multípara, muitas vezes, ao se realizar o toque, identifica-se uma dilatação 
que, na verdade, representa uma frouxidão do colo e não uma dilatação propriamente dita, chamada dilatação 
residual, que ocorre devido às gestações anteriores. Conforme ocorre o esvaecimento na gestante multípara, o colo 
 
4 Barreira que protege o feto da vagina – na vagina temos a flora vaginal que pode ascender e infectar material placentário, o 
feto e a mãe. 
já está sofrendo dilatação simultaneamente. É importante não generalizar a afirmação de que partos de multíparas 
são sempre facilitados e de duração mais rápida, visto que há exceções. 
Uma situação importante na faze da dilatação que precisamos saber é: Se hoje temos uma crise com relação a 
internação hospitalar, internar uma paciente fora do trabalho de parto ocupa leitos e traz ansiedade e estresse tanto 
para a equipe médica, hospitalar e com a família. [?] 
FASE LATÊNCIA X FASE ATIVA 
É importante internar a paciente na fase ativa – paciente inicia partograma e trabalho de parto na faze ativa. Qual 
a diferença entre fase de latência e fase ativa? 
a) A fase de latência é onde se tem muito 
tempo e pouca mudança do colo uterino – 
pouca dilatação, ou quase nada. 
b) Fase ativa do parto é aquele momento em 
que em pouco tempo há a presença de 
dilatação de colo – Examinei a paciente às 
16h, estava com três centímetros. 18hs fui 
tocar novamente e estava com 6 cm, 8cm, 
segue para a sala de parto. Isso se chama 
progressão do parto, ele estava evoluindo 
com o passar das horas. 
A dilatação possui três estágios. Ocorre inicialmente uma aceleração da dilatação, posteriormente, depara-se com 
um platô, denominado inclinação máxima ou aceleração máxima e, após o nascimento do feto, ocorre uma 
desaceleração e o colo começa a se fechar. Figura 1. 
O que é necessário aprender na fase de dilatação é que existe a fase de latência e faze ativa. A dilatação é o início 
do trabalho de parto e vai até – mais ou menos – 10 cm, onde se inicia a faze de expulsão. 
 
• EXPULSÃO: 
Já está dizendo. Período onde está sendo expulso o objeto, o feto está se expondo. Essa expulsão começa com a 
dilatação completa do colo e o com o feto a ganhando o trajeto mole – primeiro colo do útero, depois períneo, e por 
último a vagina, para então se expor. É na expulsão que o feto vai realizar os movimentos acessórios5. São duas 
situações que andam juntas – a biofísica e a clínica. 
Essa expulsão vai estar relacionada com a contratilidade. A paciente pode estar com dilatação completa, mas se 
o útero não estiver contraindo corretamente, o bebê não irá sair. As vezes temos uma dilatação de 5 ou 6 cm, mas o 
 
5 Deflexão, rotação externa, flexão lateralizada; 
parto dura horas e não evolui, énecessário fazer alguma coisa – por isso que o partograma foi criado, para justamente 
sinalizar para o médico o momento exato de agir – p. ex. utilizar ocitocinas, ou manobras – e caso ainda assim não 
evolua, seguir para a intervenção cirúrgica, ou seja, cesariana. 
O parto humanizado é trazer algum familiar para perto da paciente naquele momento. Antigamente a paciente 
ficava só, o bebê ia por berçário e ela ficava sozinha no leito. Com o tempo essa situação foi se modificando. 
Atualmente, o parceiro pode estar do lado da paciente, mas é ela quem decide quem vai estar lá. A paciente escolhe a 
forma como o parto pode acontecer 
O período expulsivo começa com a dilatação completa do colo e expulsão do concepto e termina quando o cordão 
é clampeado e cortado. Começa então a dequitação. 
 
• DEQUITAÇÃO: 
 É a expulsão da placenta. Dequitadura, delivramento, decedura, secundamento, são sinônimos. Acontece 
logo após a expulsão do feto – que ocupava toda aquela capacidade uterina, na hora que o feto sai, o útero murcha e 
a placenta descola. A dequitação acontece de duas maneiras: Baudelocque-Schulze e Baudelocque-Duncan. Para 
saber o que é um ou o outro, é necessário saber como é a placenta. Observe a imagem: 
 
 
 
 
 
 
 
BAUDELOCQUE-SCHULZE – se a placenta estava inserida no fundo de útero, quando chegar ao lado de fora, a 
face fetal envolve a face materna (A), expondo a face repleta de vasos e sangue – como se fosse uma bolsa. 
BAUDELOCQUE-DUNCAN – a placenta está aderida das faces posteriores e laterais do útero. Quando ocorre 
o descolamento, primeiro vem a face carnosa para depois vir as membranas. E como o sangue não tem como ficar 
acumulado na bolsa, vai sair e se expor. Ducan tem sangramento do cão - the devil’s bleeding. 
A face fetal (A) é a face brilhosa, vasos proeminentes, face de contato com o feto. Observar o cordão 
umbilical na imagem. A face materna (B) é mais carnosa – estava aclopada no endométrio uterino, formando o 
que se chama de caduca uterina. No momento que descola não há mais passagem de nutrientes. É importante nas 
situações de descolamento de placenta, onde se tem que agir rápido, pois o feto fica sem oxigênio. Quando o feto 
nasce, dependendo de onde a placenta esteja inserida é que saberemos os tipos de dequitação. 
 
 
 
 
 
 
 
A placenta é retirada através da manobra de Jacob – se a placenta saiu, coloca ela na mão e faça movimento 
rotatórios, não importando o sentido – quantas vezes forem necessárias – até a placenta seja completamente expulsa, 
não importando o sentido. Quando se pega o bolsão placentário, não se deve puxá-lo, pois as membranas são muito 
finas e, se forem puxadas, irão se romper e permanecer no interior da cavidade uterina, invalidando todo o 
procedimento de dequitação. Se, na permanência de restos placentários no útero, não for feita curetagem, a paciente 
pode retornar com sangramento ou até mesmo quadro de infecção no local. 
Nos casos de cesárea, a paciente pode evoluir com sangramento e drenagem de secreção através da ferida 
operatória, além de distúrbio de coagulação, que pode evoluir facilmente para CIVD. Na manobra de Jacobs, roda-se 
a bolsa placentária, não importando o sentido, até que ela seja completamente expulsa. 
 
• PRIMEIRA HORA PÓS-PARTO 
 
 A primeira hora do pós-parto é a mais importante. É onde pode acontecer as grandes hemorragias. Aquele 
útero que não contrai como deveria – depois que o feto sai, o útero deve contrair para fazer a biotamponagem – é 
necessário revisar canal do parto porque pode ter havido laceração na passagem do feto e está sangrando, podendo 
evoluir para choque hipovolêmico se não for logo resolvido. Nesse período podemos ter também a inversão uterina 
– placenta não se descola e o útero sai junto, causando uma inversão do endométrio. 
GRANGES HEMORRAGIAS PÓS-PARTO 
 A atenção deve ser concentrada na regra dos quatro T´s – equivale ao ABCDE no trauma – Tono, Trauma, 
Tecido e Trombina. Sendo atonia uterina, restos placentários e tecido placentário, trauma e coagulopatias as 
principais. 
a) ATONIA UTERINA 
Como causa de hemorragia pós-parto, a principal causa é a atonia uterina. Acontece em cerca de 70% dos 
casos. O útero não contrai – que pode ser por uma gravidez gemelar ou uso indiscriminado da ocitocina. O útero entra 
em fadiga, não contrai, aí então que é necessário utilizar de alguns artifícios para diminuir esse sangramento. 
 
Figura 2 - Baudelocque-Schulze e Baudelocque-Duncan, respectivamente 
b) RESTOS PLACENTÁRIOS E TECIDO PLACENTÁRIO 
A segunda causa é a restos placentários e tecido placentário6. A placenta pode se descolar entre 5 a 10 
minutos e pode ser evidenciada por USG do abdome. Ao ocorrer a dequitação, 
deve-se introduzir a mão pela vagina até a cavidade do útero, empurrar o órgão 
inferiormente com a outra mão, e realizar uma espécie de curetagem com as 
mãos - que pode ser apenas com dois dedos, com gaze envolvida nos dedos, 
entre outras variações, sendo importante que seja realizada. 
 Esse é um procedimento doloroso e incômodo para a paciente, no 
entanto, caso seja realizada, o risco de a paciente voltar ao médico com 
presença de restos de placenta é mínimo. Deve-se realizar esse procedimento 
de forma rápida e dinâmica, pois, o colo do útero inicia o processo de 
desaceleração da dilatação após o nascimento do bebê. 
É importante logo após o parto o útero contrair. Na área em que a 
placenta estava aclopada vai virar uma ferida, vai sangrar. É necessário ter uma 
hemostasia e essa vai acontecer através do fenômeno chamado biotampanagem uterina – temos o endométrio e os 
vasos sangrando, na hora que o útero contrai, esses vasos são colabados, fazendo biotamponagem. É fisiológico por 
ação da ocitocina, endógena ou exógena. Não espera endogenamente, bastar administrar ocitocina. A ocitocina está 
para a obstetrícia assim como os antibióticos estão para a DIP e assim como os anti-inflamatórios estão para a 
reumatologia. 
Em alguns interiores onde não tem uterotônicos (ocitocina, methergin, misoprostol), vai ser necessário realizar 
massagem uterina – punho cerrado dentro da vagina e por cima, bimanualmente, aperta o útero e contrai contra o 
punho. Isso é chamado de contração bimanual. 
Nos casos em que mesmo a utilização do uterotônico não determina contração uterina, deve-se realizar 
laparotomia para fazer um tipo de procedimento cirúrgico denominado B-Lynch, no qual se amarra o órgão. Caso esse 
procedimento ainda não seja suficiente, realiza-se ligadura das artérias uterinas ou hipogástrica, optando por 
Histerectomia em último caso. Se o trabalho de parto for conduzido de maneira correta, essas situações não ocorrem. 
”Na hora do parto, saiu a cabeça do bebê, tirou o bebê, clampeou o cordão, sentou, pede para a enfermeira 
administrar 10UI de ocitocina” – Segundo a OMS e o que é preconizado no Suporte Avançado em Obstetrícia (EUA), 
que logo após o clampeamento se faça 10UI de ocitocina. 
[O professor não segue o que a OMS ou o Suporte preconiza. Ele espera a placenta sair para administrar a 
ocitocina, enquanto já faz a curetagem, tirando todo o resto de placenta. Usa a ocitocina para evitar a atonia, 
curetagem para evitar restos placentários. Faz soro e olha se tem alguma laceração que haja necessidade de ponto. ] 
 
6 Lembram de quando foi falado sobre como tirar a placenta? Não puxar? Deixar se descolar sozinha? 
 Acabou de sair um menino, tenho certeza que a minha mão é muito menor do que o tamanho de qualquer 
bebê, inclusive prematuro. Não irá machucar além do que já machucou, mas é desconfortável sim. É um mal necessário. 
Porque se não fizer nesse momento em que o coloainda está dilatado, irei fazer somente lá no centro cirúrgico, sob 
anestesia, curetagem, mais tempo no hospital e com risco de infecção. Então é melhor pedir para a paciente segurar 
mais um pouco e ter calma. Na hora que é feito essa curetagem, o sangramento diminui em 70%. 
 Ao final, se em até 1h a paciente tiver um sangramento, tem que revisar tudo novamente. 
c) TRAUMA 
 Laceração do colo, da vagina, por exemplo. Em relação ao parto humanizado, a episiotomia é colocada como 
um trauma mecânico desumano. O que é humano? Deixar ela se rasgar totalmente? Claro que a episiotomia tem as 
suas indicações. 
d) TROMBOCITPENIA 
 Difícil acontecer. É sempre importante olhar o caderno da gestante em busca de coagulopatias, problema é 
quando o caderno da gestante em branco, que você só vai saber na hora do parto. 
 
4. RECEPÇÃO NA MATERNIDADE 
 
Quando a paciente chega à maternidade, a primeira medida que deve ser realizada é a coleta de anamnese 
adequada e, para tal, deve-se pedir o cartão de pré-natal da mesma. Questiona-se o porquê de ela ter procurado a 
maternidade, definindo suas queixas. Realiza-se então o exame físico, que consta de toque ginecológico, ausculta fetal 
(BCF), altura uterina, palpação obstétrica. Se a paciente estiver dentro dos parâmetros para o trabalho de parto – 
contrações, dilatação, perdas vaginais – ela será internada. 
É importante saber que a gestante pode chegar à maternidade em qualquer período da gestação, ou seja, 
primeiro, segundo ou terceiro trimestres. No primeiro trimestre, a queixa mais comum seria sangramento, que pode 
ocorrer em virtude da implantação, de ameaça de abortamento, esforços intensos, como andar de moto, etc. 
Portanto, inicialmente, realiza-se o toque ginecológico, com o objetivo de identificar se o colo está pérvio e, se o 
sangramento for evidenciado, deve-se solicitar USG para verificar o estado de implantação do embrião. Nos casos de 
sangramento de 2º ou 3º trimestres, devem-se afastar patologias, como descolamento prematuro de placenta e 
placenta baixa, ou definir se a paciente está entrando em trabalho de parto, visto que esta pode expressar muco 
sanguinolento no momento do parto, cuja dilatação será identificada ao toque. 
Antigamente, realizavam-se tricotomia e enteróclise/enema, o que não é mais feito atualmente. A 
enteróclise/enema era realizada em pacientes que iniciavam o trabalho de parto, fazendo-se lavagem intestinal para 
evitar que a paciente defecasse no momento do parto. No entanto, foi definido em portaria que essa é uma situação 
constrangedora e não deve mais ser realizada – Situação constrangedora é defecar na hora do parto, fere qualquer 
situação de humanização, mas são escolhas, né? 
5. MEDIDAS DURANTE O PRÉ-PARTO 
 
• Alimentação: Antigamente, mantinha-se a paciente em jejum a partir do momento que ela iniciava o 
trabalho de parto. No entanto, atualmente, libera-se dieta líquida adocicada em pouca quantidade. No 
caso de paciente com indicação de cirurgia, a dieta é zero, de forma a evitar os riscos de broncoaspiração. 
• Higiene: A paciente pode e deve realizar sua higiene pessoal; 
• Posição no leito: A melhor posição no leito é a ortostática, ou seja, na beira do leito. No início do trabalho 
de parto – fase ativa – a paciente pode caminhar, andar, fazer agachamentos. Exercícios são para 
justamente para facilitar a descida do feto; 
• Amniotomia: Não se faz mais. A bolsa tem que estourar sozinha; 
• Vigilância da vitalidade fetal: Essa medida é realizada desde o início do pré-natal e durante todo o parto 
até a saída do feto, sendo composta da ausculta fetal; 
• Acompanhante: O posicionamento deste é de suma importância, devendo realizar acompanhamento 
desde o pré-natal até o puerpério, sem atrapalhar ou questionar qualquer conduta ou procedimento 
médico. Tanto o acompanhante quanto a gestante devem entender que o processo de parto é doloroso 
– A lei 11.108 de 2005 permite a paciente a escolha de um acompanhante, parceiro ou qualquer outra 
pessoa; 
• Período expulsivo: Durante o período expulsivo, pode-se realizar bloqueio de pudendo, que é realizado 
com uso de anestesia locorregional guiada pelo dedo na espinha ciática e agulha de raquidiana. 
• Sensação de plenitude retal: Muitas vezes, a paciente sente vontade de defecar durante o trabalho de 
parto, no entanto, ela não pode de forma alguma ir ao banheiro, devendo realizar suas necessidades no 
local em que estiver, pois, pode não se tratar de fezes, mas da saída fetal. Quando o feto está passando 
pela topografia do reto, a gestante tem a sensação de plenitude retal. 
 
6. CUIDADOS COM O PERÍNEO 
 
Na hora que o bebê está nascendo, colocar uma compressa segurando 
o períneo para que ele não rasgue. Episiotomia somente se necessário – as 
escolhas francesas costumam dizer que a episiotomia mediana é mais 
anatômica, menos sangrante. Fistula reto-vaginal é a complicação a longo prazo 
de uma laceração de terceiro grau, podendo comprometer o esfíncter – Dr. Está 
saindo fezes / defecando da / pela vagina. 
Para se afastar do perigo de fistulas, é recomendado fazer episiotomia médio lateral – nem lateral, nem 
mediano. Cortou, faz a rafia em seguida, porque temos musculaturas importantes nessa região7– se não for feito 
adequadamente podemos ter as distopias, prolapso, frouxidão. 
 
7 Levantador do ânus, músculos do períneo; 
Depois de clampear, cortar o cordão e liberar o bebê para os cuidados do neoonatologista, fazer assistência à 
dequitação, revisar a placenta8, anexos e canal do parto. 
 
7. ASSISTÊNCIA NA PÓS-EXPULSÃO FETAL 
Refere-se aos cuidados do 4º período do parto e contam com: 
• Uso de uterotônico para evitar atonia uterina; 
• Realização de curetagem para retirada de restos placentários; 
• Revisão de trajeto do parto para identificar lacerações para realizar rafias hemostáticas; 
• Passagem Povidine tópico local; 
Prescrição para parto vaginal simples 
• Dieta Livre; 
• SG 500 ml + ampola de Ocitocina 5UI 10 gotas/min 
• Drogas específicas – Apenas em situações especiais, como cardiopatia, infecção, remédios já em uso contínuo, 
anemia (Sulfato Ferroso), etc. 
• Outras drogas – Analgesia com Dipirona 40 gotas VO de 6/6h; Paciente hipertensiva ou diabética ou HIV+: 
continuar os anti-hipertensivos ou antidiabéticos ou antiretrovirais em uso. 
• Cuidados com o sangramento – Deve-se deixar observação que, na vigência de sangramento, a plantonista 
deve ser avisada. 
• Sinais vitais e cuidados gerais – Temperatura, pressão, etc. 
 
 
8. CESARIANA 
 A Cesariana deve ser realizada somente em situações que consistem em reduzir tanto morbidade quanto 
mortalidade fetal e materna, sendo este o principal objetivo. Esse procedimento necessita não somente dos cuidados 
do obstetra, como do auxílio do anestesista e de enfermeiros. No Brasil, preconizam-se as diretrizes da Federação 
Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, também preconizadas pela Federação Internacional de Ginecologia e 
Obstetrícia, que afirmam que a cesárea é definida por critérios clínicos e obstétricos e não pela paciente, ou seja, esta 
não possui autonomia em sua decisão. Uma indicação de cesárea, por exemplo, é a baixa quantidade de líquido 
amniótico na cavidade uterina, que pode levar à asfixia do feto e consequente óbito do mesmo. 
 Como todo procedimento cirúrgico demanda, devem-se realizar os cuidados de assepsia e antissepsia. A 
incisão realizada é denominada Pfannenstiel9 e, a partir desta, ganham-se os planos, que se dispõem-se em pele, TCS, 
aponeurose muscular, musculatura, peritônios parietal e visceral e útero. Ao se atingir o útero, realiza-se a8 Para saber se não ficou restos de placenta dentro do útero; 
9 É uma incisão transversal abaixo do umbigo, permitindo acesso ao abdome e, principalmente, à pelve 
histerostomia, ou seja, abertura do órgão para retirada do feto. Com a mão em alavanca, puxa-se o bebê e este começa 
a sair. Realiza-se então clampeamento do cordão e libera o neonato para os cuidados neonatais. Faz-se então a 
dequitação, sendo que a cesariana permite o privilégio de se realizar a curetagem in loco, devido à exposição do útero, 
permitindo retirar todo tecido membranoso do local. 
Feito isso, inicia-se a histerorrafia, abrangendo-se serosa e miométrio e se deixando o endométrio livre, com 
o objetivo de não deixar cicatriz, evitando atrair intercorrências para uma futura gestação. Cesária Light – algumas 
escolas não fecham alguns planos como o peritônio visceral, parietal, TCS, musculatura – fecha apenas o útero, 
aponeurose e pele. Há um risco nessa modalidade. Na hora que o efeito anestésico e das drogas hipotensoras 
terminam, se não for feito uma adequada hemostasia, os vasos expostos irão sangrar e fazer hematoma, sendo 
necessário reabrir a paciente para retirar esse hematoma. Professor não fecha o peritônio parietal e visceral se não 
estiver sangrando. 
 A aponeurose deve estar bem aproximada e fechada. Pode utilizar fios inabsorvíveis do tipo pro vicryl, 
prolene, cromado. Multifilamentar há riscos de infecção. Não pode fechar com catgut simples pelo tempo curto de 
duração. Sutura de pele em paciente hígida, ausência de doenças crônicas – hipertensão e diabetes – pode fazer sutura 
intradérmica. 
Descrição cirúrgica 
• Antissepsia + Assepsia; 
• Realização da incisão de Pfannenstil; 
• Abertura de planos abdominais: TCS, aponeurose e retos abdominais, peritoniostomia tanto parietal 
quanto visceral. 
• Histerostomia segmentar, transversa e aciforme – É importante que seja feita com cuidado, evitando-
se lesar partes do feto, que está bem aderido ao tecido do órgão. Corta-se e, ao aparecer o miométrio, 
utiliza-se piça Kelly para continuar a abertura. 
• Aspiração do líquido amniótico - Melhor realizada com compressa devido à grande quantidade de 
líquido. 
• Clampeamento do cordão 
• Cuidados com o RN 
• Dequitação e revisão da cavidade uterina 
• Histerorrafia e cuidados hemostáticos - Quando se está realizando a rafia, faz-se chuleio cruzado, que, 
por ser cruzado, permite hemostasia, pois, colaba os vasos. Não pode deixar nada sangrando dentro 
da cavidade para não fazer hematoma e ter que reabrir. 
• Fechamento dos planos e pele. 
 
 
 
9. CUIDADOS PÓS-OPERATÓRIOS 
 
• ANTIBIOTICOTERAPIA PROFILÁTICA – 2g após cortar o cordão umbilical, mais 1g EV de 6/6h por 24 horas – 
geralmente cefalotina. Essa é uma cirurgia potencialmente infectada, pois, o feto tem contato com a vagina 
inferiormente e, ao se fazer o toque, carreia-se bactéria para o local, sendo necessária antibioticoterapia 
profilática. Na maioria das vezes é feita pelo anestesista. Nas pacientes que tiveram rotura prematura de 
membranas, pode-se já ter uma infecção estabelecida e, nesses casos, realiza- antibioticoterapia com dois ou 
mais antibióticos. 
• TRAMAL se necessário, depende da dor da paciente. A dor depois do efeito dos anestésicos impede de exercer 
as atividades. 
• SONDAGEM VESICAL se necessário. O bexigoma pode interferir na contração uterina, se for o caso, passar 
uma sonda de alívio. 
• ALIMENTAÇÃO somente após a recuperação anestésica. Iniciar aos poucos – mingau, por exemplo. 
• DEAMBULAÇÃO PRECOCE – para evitar trombose venosa profunda, principalmente em pacientes com história 
de trombose. Entãoo rumbora mana, andar? 
• AMAMENTAÇÃO PRECE 
• RETIRAR OS PONTOS entre 7 a 10 dias; 
 
PRESCRIÇÃO 
1) Dieta zero até recuperação anestésica; 
2) Hidratação venosa com pelo menos 2000 ml de SF; 
3) Antibioticoterapia profilática; se bolsa rota, antibioticoterapia combinada com 2 antibióticos; 
4) Drogas específicas – Se houver necessidade – hipertensão, diabtes; 
5) Analgesia EV – Variando desde Dipirona até Tramadol; 
6) Cuidados com sangramento; 
7) Sinais vitais e cuidados gerais; 
Em nenhum momento foi falado sobre anti-inflamatório10. A inflamação que estimula o reparo tecidual, e a 
administração de anti-inflamatórios vai atrasar a recuperação dos danos teciduais durante o parto, e causar muita dor. 
Se o problema é a dor, utiliza-se analgésico – da dipirona ao tramadol, quiçá morfina. 
 
 
 
10 Agem evitando formação de colágeno, recrutamento de fibroblastos, liberação de citocinas, prostaglandinas, e toda a cascata 
de interação entre inflamação e cicatrização

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